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GEstratési ia Ungua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 014, alunos!! Espero que esteja tudo bem com vocés! Hoje a nossa aula é muito especial, mais do que isso, é fundamental para a sua preparacdo. Podemos dizer que, em 100% dos certames, pelo menos uma quest&o sobre Pontuagao iré aparecer! A préxima aula seré uma revisdo geral com questdes FCC! Aguardem!! Vamos para a aula! “O mestre disse a um dos seus alunos: tu queres saber em que consiste 0 conhecimento? Consiste em ter consciéncia tanto de conhecer uma coisa quanto de ndo a conhecer. Este é 0 conhecimento”. Conficio Prof? Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 INTRODUGAO Queridos alunos, vamos iniciar agora 0 estudo de um contetido da Lingua Portuguesa que é de extrema importéncia, sabem por qué? Vamos ver... - Saber pontuar com adequac&o um texto escrito far com que vocé seja fiel ndo so as regras da gramatica normativa (o que é bem importante para os concurseiros!), mas fara com que seu texto seja o mais fiel possivel ao texto falado quando transcrito para a escrita! Isso se d4 porque a pontuagSo séo sinais graficos empreaados na lingua escrita a fim de tentar recuperar recursos especificos da fala, tais como: entonacdo, jogo de siléncio, pausas, expressées faciais, hesitacées, gestos etc. - Em concursos em que questées discursivas sdo cobradas, saber usar os sinais de pontuag&o é crucial! O texto deve ser coeso e coerente e um uso falho dos sinais de pontuagéo deixa a desejar nesse quesito e pode até arruinar 0 seu texto! - TODAS as bancas trazem questdes sobre pontuacao. - Nada como um texto bem pontuado para garantir ritmo e evitar ambiguidades (aquele duplo sentido indesejado que algumas frases assumem por conta de problemas de coesdo, como ma pontuagéo ou falta dela). Vejamos exemplos disso: Vocé viu o professor Jonas? Vocé viu o professor, Jonas? www.estrategiaconcursos.com.br 2de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneuns or Analista e Técnico Judiciario Teoria e Questes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Na segunda frase, a virgula esta isolando 0 vocativo Jonas, alterando completamente o sentido. Na primeira frase, o professor chama-se Jonas, na segunda, é para Jonas que o locutor pergunta onde est o professor. O mesmo vai acontecer na segunda frase a seguir, com o vocativo minha mae: Por favor, ouga minha mae. Por favor, ouca, minha mae. A virgula tem o poder de mudar o sentido de uma frase! Relembrando... VOCATIVO: palavra ou expressdo usada para invocar, chamar o interlocutor. O texto que segue ¢ de um autor desconhecido. Trata, de forma bem humorada, 0 quanto uma pontuacio diferente pode modificar 0 sentido de um mesmo texto. Leia “Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena. Escreveu assim: Deixo meus bens & minha irmé n&o a meu sobrinho jamais seré paga a conta do alfaiate nada dou aos pobres. Morreu antes de fazer a pontuacéio. A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro os possiveis contemplados. 1) O sobrinho fez a seguinte pontuacdo: Deixo meus bens & minha irma? Nao! A meu sobrinho. Jamais sera paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres. 2) A irma chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 3de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 Deixo meus bens & minha irma. Nao a meu sobrinho. Jamais seré paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres. 3) 0 alfaiate pediu cépia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele: Deixo meus bens minha irm&? Nao! A meu sobrinho? Jamais! Seré paga a conta do alfaiate. Nada dou aos pobres. 4) Ai, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretagao: Deixo meus bens & minha irm&? Nao! A meu sobrinho? Jamais! Seré paga a conta do alfaiate? Nada! Dou aos pobres. Assim é a vida. Nés € que colocamos a pontuagio. E isso faz a diferenca.” ty * INDO mais fundo Vamos seguir com os nossos estudos trabalhando cada um dos sinais de pontuacéio, como usa-los e como eles so cobrados nas provas. Ee Ponto (.) Caracteriza-se por indicar uma pausa maior no discurso, pautando-se pelas seguintes finalidades: a) Indicar o final de uma frase declarativa. Exemplo: Fiz todo o trabalho. b) Separar periodos entre si Exemplo: Levantei cedo. Fiz o café bem rapido. c) __ Nas abreviaturas. Prof® Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 4de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Sean Analista e Técnico Judicidrio Teoria Questdes Comentadas Prof Rafaela Freitas - Aula 06 Exemplo: Av. (avenida), V.Ex.@ (vossa exeléncia) obs. (observasao), Rev.mo (reverendissimo). Os simbolos referentes as unidades do sistema métrico decimal e aos elementos quimicos nfo sé. acompanhados~ do_ponto-final. Exemplos: Kg, m, cm, Hg, Au, K, Pb, dentre outros. be Dois pontos (:) Usamos os dois pontos para: a) _ Iniciar a fala de um personagem. Exemplo: Entdo o homem respondeu: - Parta agora! b) Antes de apostos ou oragdes apositivas, enumeragdes e sequéncia de palavras que explicam, resumem ideias anteriores. Exemplo: O material necessdrio é: lapis, borracha, caneta com corpo transparente. Relembrando... APOSTO é um termo ou expressdo que se une a outro para explicd-lo ou especificd-lo. ) Antes de citag&o para reportar um discurso alheio. Exemplo: Como ja dizia Vinicius de Moraes: “Que 0 amor nao seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.” d) — Demarcar uma explicag&o ou sequéncia. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br Sde90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Exemplo: Eram muitos os requisitos para o pleito daquela vaga de emprego: possuir um ano de experiéncia no cargo, ter habilitacéo e disponibilidade de hordrio. FIQUE atento! © estudo da sintaxe e da morfologia da Lingua Portuguesa é a base para se compreender de maneira completa e satisfatéria a pontuagao. Vale dar uma olhada novamente, alunos, para lembrar com mais detalhes certos conteidos como, 0 que & um aposto, vocative, oragées coordenadas, oragdes subordinadas ete. PARA AJUDAR, no final desta aula, vocés podem encontrar um quadro com 0 resumo das oragées coordenadas e subordinadas. Néo deixem de consultar! 3. Reticén: S (2) Usamos reticéncias para: a) _ Indica duivida ou hesitagao do falante. Exemplo: Sabe... é... eu queria te dizer que... esquece. b) __Interrupc&o de uma frase deixada gramaticalmente incompleta. Exemplo: Agora no posso te ajudar, quem sabe mais tarde... Nesse caso, é como se ficasse algo por dizer propositalmente, até mesmo para evitar a repetic&o. A frase ficaria completa se continuasse assim: eu possa te ajudar. ) 0 fim de uma frase gramaticalmente completa com a intengéo de sugerir prolongamento de ideia. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 6de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 : “Sua tez, alva e pura como um foco de algodao, tingia-se na face duns longes cor-de-rosa...” Cecilia Meireles O prolongamento de ideia que se dé é poder-se imaginar a face rosada, por estar envergonhada. E deixar algo por imaginar ao invés de dizer! Assim: Estou téo nervosa que na hora que eu te encontrar... (fica na imaginacao!). d) __Indicar supress&o de palavra(s) numa frase transcrita. Este € um recurso comum, quando o texto transcrito é muito longo e deseja-se diminuf- lo. Exemplo: “Quando penso em vocé (...) menos a felicidade.” (Canteiros ~ Raimundo Fagner) 4. Ponto e virgula (; ): Costumamos dizer que representa uma pausa maior que a virgula e um pouco menor que o ponto-final, sem, contudo, encerrar 0 perfodo. O ponto e virgula € usado para a) Separar oraées em periodos muito extensos, principalmente se em uma delas ja houver a presenca da virgula. Exempl : Dos mais de cem funcionarios daquela empresa, apenas uma pequena porcentagem nao concordou com as recentes decisdes; o restante, todos aderiram as novas ideias. b) _ Separar oragées coordenadas assindéticas (que nao séo ligadas por conjungae) que exprimam relagées de sentido entre si Exemplo: As queimadas destruiram a vegetacéio; todos os animais silvestres foram mortos. Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 7de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 c) Substituir, de modo facultative (ou seja, apenas se vocé quiser), a virgula em oragées coordenadas sindéticas adversativas. Exemplo: Nao concordava com as opinides dos colegas; contudo, respeitava-as. d) Separar oragées coordenadas sindéticas conclusivas, sendo que as conjung@es se encontram pospostas ao verbo. Exemplo: A familia era responsdvel pela garota; precisava, portanto, de protegé-la em todas as circunstancias. e) Separar itens de uma enumeracao e artigos relacionados a decretos, sentengas, peticdes, dentre outros. Exempl Art. 5°. Todos s&o iguais perante a lei, sem distingéo de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade do direito a vida, 4 liberdade, & igualdade, & seguranca e 4 propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigagdes, nos termos desta Constituigéo; II - ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei; III - ninguém sera submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - livre a manifestagSo do pensamento, sendo vedado 0 anonimato; Ll Constituicao Federal de 1988. 5. Ponto de errogac&o ( ? ) Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br Bde 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Utilizado no final das frases interrogativas diretas, pode indicar também outros sentimentos por parte do emissor, tais como: surpresa, indignag&o ou revelando uma expectativa diante de um determinado contexto linguistico. Exemplos: © qué? Nao trouxe a encomenda que Ihe pedi? Aqui, ndo se espera uma resposta para a pergunta. Quem perguntou jd sabe a resposta e se apresenta com indignacao através da pergunta Por que n&o compareceu a festa de aniversério? Aqui sim é uma pergunta direta e espera-se uma resposta. 6. Ponto de exclamacio ( Usado nas seguintes circunsténcias: a) Depois de frases que retratem ordem, indiquem espanto, admiracgo, surpresa, dentre outros sentimentos. Exemplos: Nossa! Nao esperava vé-lo aqui. Tenha confianga! Obterds um étimo resultado. b) Apés interjeigdes e vocativos. Exemplos: Ah! Nao me venha com este discurso futil. (ah = vocativo) Ja sei! Foi vocé, garotinho esperto! (garotinho esperto = vocativo) c) Diante de frases que exprimam desejo. Exemplos: Guarda-me, Senhor! Que Deus 0 abencoe! Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 9de 90 25, Soi Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Estrategia Anais e Teen lute Teoria e Questes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 - Quando sentido proferide pelo discurso prescindir ao mesmo tempo de interrogagao e exclamagao, poderdo ser utilizados ambos os sinais. Ex.: Eu, falar com ele?! Nem pensar. d) Quando se desejar enfatizar ainda mais o sentimento expresso em alguma palavra do texto, haveré a possibilidade de repetir o ponto de exclamagao. Exemplo: Nao!!! Ja disse que nao irei. 7. Travessao ( - ) Atribui-se a este sinal a fungdo de: a) Indicar a fala de um determinado personagem ou a mudanga de interlocutor nos didlogos: Exemplo: - Quando voltards para cd? Seu amigo respondeu: - Nao sei, por enquanto prefiro ficar por aqui, pois estou investindo muito na minha vida profissional. b) Enfatizar uma palavra, frase ou expresso. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 : Era somente este 0 objetivo de Carlos - concluir sua graduagao e seguir carreira militar. c) Separar oragdes intercaladas em substituiggo & virgula ou aos parénteses. Exemplo: Sao Paulo ~ considerada a maior metrépole brasileira ~ enfrenta problemas de naturezas distintas. 8. Aspas(“ “) Hoje em dia, as aspas tém sido muito usadas. Veja em quais situacées: a) _Isolar palavras ou expressdes que fogem a norma padr&o, como girias, estrangeirismos, palavrées, neologismos, arcaismos e expressées populares. Exemplos: um prazer ouvir os “causos” mineiros. (variag&o regional da fala) Conversando com o meu superior, dei a ele um “feedback” do servigo a mim requerido. (estrangeirismo) Ah, isso ja é uma quest&o de “queréncia"! (dialeto caipira, neologismo) b) __ Indicar uma citag&o textual. Exemplo: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, as pressas, bufando, com todo sangue na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eca de Queirés) FIQUE jatento! Se, dentro de um trecho ja destacado por aspas, se fizer necessério a utilizag&o de novas aspas, estas ser&o simples (* ). Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 Em caso de redacdo: O uso mais comum das aspas em redacdo é em citagées. As bancas de correc&o valorizam bastante esse recurso, pois mostra conhecimento de mundo por parte do candidato e capacidade de dialogar com outras 4reas do conhecimento. Um texto que traz uma citagéio inteligente e coerente com 0 tema fica mais interessante e valorizado. Cuidado apenas com as girias, estrangeirismos, palavrdes, neologismos, arcaismos e expressées populares, nao as utilizem em redagdes. Expressées assim no s&o bem-vindas em um texto dissertativo argumentativo. Deixei 0 mais legal e 0 que mais cai em provas de concurso para 0 final! Sim, as virgulas, que tantos alunos temem! Vamos vencer esse desafio? 9. Virgula (, ) O sinal de pontuag&o com maior ntimero de erros e também que vai te garantir a chance de ganhar aqueles pontinhos importantissimos é a VIRGULA. Sim, pois cai sempre nas provas! E usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oracao, no formam uma unidade sintatica. Por exemplo: Adelaide, esposa de Jodo, foi a ganhadora tnica da Sena. Rofaela www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judiciério Teoria e Questdes Comentadas Prof® Rafaela Freitas ~ Aula 06 A unidade sintatica formada neste exemplo é Adelaide foi a ganhadora da Sena. O sintagma entre as virgulas apenas adiciona informacéo @ unidade sintatica Entdo, entre termos da oracdo, ndo se pode separa-los por meio de virgula! podemos concluir que, quando ha uma relagdo sintatica Frome nota! NAO se separam por virgula: a) predicado de sujeito; b) objeto de verbo; c) adjunto adnominal de nome; d) complemento nominal de nome; €) predicativo do objeto do objeto; f) oragSo principal da subordinada substantiva (desde que esta n4o seja apositiva nem apareca na ordem inversa). A virgula no interior da oragdo E utilizada nas seguintes situagdes: a) Separar o vocativo. Exemplos: Maria, traga-me uma xicara de café. A educagéo, meus amigos, é fundamental para o progresso do pais. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 b) _ Separar apostos. Exemplo: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem. c) _ Separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado. Exemplos: Chegando de viagem, procurarei por vocé. As pessoas, muitas vezes, so falsas. d) — Separar elementos de uma enumeracéo. Exemplo: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras. e) __Isolar express6es de carter explicativo ou corretivo. Exemplo: Amanha, ou melhor, depois de amanh&, podemos nos encontrar para acertar a viagem. f) Separar conjuncées intercaladas. Exemplo: Nao havia, porém, motivo para tanta raiva g) __ Separar 0 complemento pleondstico antecipado Exemplo: A mim, nada me importa. h) __Isolar o nome de lugar na indicago de datas. Exemplo: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001. i) Separar termos coordenados assindéticos. Exemplo: “Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso) j) _ Marcar a omissao de um termo (normalmente o verbo). Exemplo: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissao do verbo preferir) Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 k) Termos coordenados ligados pelas conjungdes e, ou, nem dispensam o uso da virgula. Exemplos: Conversaram sobre futebol, religido e politica. Nao se falavam nem se olhavam Ainda nao me decidi se viajarei para Bahia ou Ceara. Entretanto, se essas conjungdes aparecerem repetidas, com a finalidade de dar énfase, o uso da virgula passa a ser obrigatério Exemplo: Nao fui nem ao velério, nem ao enterro, nem & missa de sétimo dia A virgula entre oragées E utilizada nas seguintes situagdes: a) Separar as oracées subordinadas adjetivas explicativas. Exemplo: Meu pai, de quem guardo amargas lembrangas, mora no Rio de Janeiro. b) Separar as oragdes coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as iniciadas pela conjuncdo e). Exemplos: Acordei, tomei meu banho, comi algo e sai para o trabalho. Estudou muito, mas nao foi aprovade no exame. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 ATENCAO! Ha trés casos em que se usa a virgula antes da conjungéo 1) quando as oracdes coordenadas tiverem sujeitos diferentes. Exemplo: Os ricos esto cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres. (ricos 0 sujeito de uma oracdio e pobres da outra). 2) quando a conjunc&o e vier repetida com a finalidade de dar énfase (polissindeto). Exemplo: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria. 3) quando a conjuncSoeassumir valores distintos da adiga0 (adversidade, consequéncia, por exemple). Exemplo: Coitada! Estudou muito, e ainda assim no foi aprovada. c) Separar oragdes subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas & oragdo principal. Exemplo: "No momento em que o tigre se langava, curvou-se ainda mais; € fugindo com o corpo apresentou 0 gancho." (O selvagem - José de Alencar) d) _ Separar as oragées intercaladas. Exemplo: "- Senhor, disse 0 velho, tenho grandes contentamentos em estar plantando..." e) Separar as oragdes substantivas antepostas a principal. Exemplo: Quanto custa viver, realmente no sei. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 Agora vai um dica perigosa! Rsrs! Sempre que vocé tiver diivida em uma questdo discursiva, recomenda-se, como bom senso, nao usar a virgula, pois néo usa-la caracteriza um pecado menor do que 0 uso indevido. Se vocé nao usar a virgula onde ela é necessdria, pode ter ser considerado esquecimento, porém coloc4-la a mais € considerado desvio das normas da gramatica. A partir daqui, eu proponho uma lista de exercicios para fixar as regras, compreender e praticar 0 contetido dado. Antes disso, deixo um texto sobre virgulas para demonstrar o tamanho da importancia delas. Bons estudos! O USO BEM HUMORADO DA VIRGULA Virgula pode ser uma pausa... ou nao. Nao, espere. No espere. Ela pode sumir com seu dinheiro. 23,4. 2,34. Pode ser autoritaria. Aceito, obrigado. Aceito obrigado. Pode criar herdis. Isso sé, ele resolve. Isso sé ele resolve. E vilées. Esse, juiz, é corrupto. ® Rafa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Esse juiz € corrupto. Ela pode ser a soluciio. Vamos perder, nada foi resolvido. Vamos perder nada, foi resolvido. A virgula muda uma opiniao. Nao queremos saber. Nao, queremos saber. Uma virgula muda tudo. QUESTGES COMENTADAS Caipiradas A gente que vive na cidade procurou sempre adotar modos de ser, pensar e agir que Ihe pareciam os mais civilizados, os que permitem ver logo que uma pessoa esté acostumada com o que é prescrito de maneira tiranica pelas modas - moda na roupa, na etiqueta, na escolha dos objetos, na comida, na danga, nos espetaculos, na girla. A moda logo passa; por Isso, a gente da cidade deve e pode mudar, trocar de objetos e costumes, estar em dia. Como consequéncia, se entra em contato com um grupo ou uma pessoa que néo mudaram tanto assim; que usam roupa como a de dez anos atrés e respondem a um cumprimento com certa férmula desusada; que n&o sabem qual € 0 cantor da moda nem o novo jeito de namorar; quando entra em contato com gente assim, o citadino diz que ela € caipira, querendo dizer que é atrasada e portanto meio ridicula. Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toncunees Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas - Aula 06 Diz, ou dizia; porque hoje a mudanga é téo répida que o termo esté saindo das expressées de todo dia e serve mais para designar certas sobrevivéncias teimosas ou alteradas do passado: miisicas caipiras, festas caipiras, danas caipiras, por exemplo. Que, aliés, na maioria das vezes, conhecemos néo praticadas por caipiras, mas por gente que finge de caipira e usa a realidade do seu mundo como um produto comercial pitoresco. Nem podia ser de outro modo, porque 0 mundo em geral esté mudando depressa demais, e nada pode ficar parado. Hoje, creio que néo se pode falar mais de criatividade cultural no universo do caipira, porque ele quase acabou. © que hé & impulso adquirido, resto, repetico - ou parddia e imitacéo deformada, mais ou menos parecida. Hé, registre-se, iniciativas culturais com o fito de fixar 0 que sobra de auténtico no mundo caipira. E 0 caso do disco Caipira. Raizes e frutos, do selo Eldorado, gravado em 1980, que seré altamente apreciado por quantos se interessem por essa cultura t&o especial, e J quase extinta. (Adaptado de Antonio Candido, Recortes) 01. (TRT/162 REGIAO - FCC) Ha justificativa para esta seguinte alterag&io de pontuag&o, proposta para o segmento final do primeiro paragrafo: (A) 0 citadino diz que ela é caipira querendo dizer que é atrasada; e portant, meio ridicula. (B) 0 citadino diz que ela é caipira, querendo dizer, que é atrasada, e, portanto, meio ridicula. (C) © citadino diz que ela € caipira, querendo dizer que é atrasada e, portanto, meio ridicula. (D) 0 citadino diz: que ela € caipira, querendo dizer: que é atrasada, e portanto meio ridicula. (E) © citadino diz que ela é caipira querendo dizer: que é atrasada, e portanto, meio ridicula. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Comentério: 0 trecho final do primeiro parégrafo é: “quando entra em contato com gente assim, o citadino diz que ela é caipira, querendo dizer que é atrasada e portanto meio ridicula.”. A nica possibilidade de reescrita é a da alternativa C, colocando o “portanto” entre virgulas, j4 que é uma conjungéo intercalada. Para usar os dois pontos seria necessério fazer assim: O citadino diz: “ela é caipira", querendo dizer: “ela é atrasada” e portanto meio ridicula. Usando as aspas para marcar as falas e tirando a conjungao que. GABARITO: C Leia: Nao hé hoje no mundo, em qualquer dominio de atividade artistica, um artista cuja arte contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razéo vem de que o tipo de Carlito é uma dessas criagées que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a gente. Como os heréis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de mamulengos. Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Néo saiu completo e definitivo da cabega de Chaplin: foi uma criag&o em que o artista procedeu por uma sucessdo de tentativas erradas. Chaplin observava sobre o piiblico 0 efeito de cada detalhe. Um dos tracos mais caracteristicos da pessoa fisica de Carlito foi achado casual. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O piblico riu: estava fixado o andar habitual de Carlito, O vestudrio da personagem - fraquezinho humoristico, calgas_lambazonas, _botinas escarrapachadas, cartolinha - também se fixou pelo consenso do publico. Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a classica cartolinha, o publico nao achou graca: estava desapontado. Chaplin Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 20de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 eliminou imediatamente a variante. Sentiu com o piiblico que ela destruia a unidade fisica do tipo. Podia ser jocosa também, mas néo era mais Carlito. Note-se que essa indumentédria, que vem dos primeiros filmes do artista, ndo contém nada de especialmente extravagante. Agrada por n&o sei qué de elegante que hd no seu ridiculo de miséria. Pode-se dizer que Carlito possui 0 dandismo do grotesco. Nao seré exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para a realizagio da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de humor que séo O garoto, Em busca do ouro e O circo. Isto por si sé atestaria em Chaplin um extraordindrio discernimento psicolégico. Nao obstante, se néo houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado por esse processo de criagao 4 vulgaridade dos artistas mediocres que condescendem com o facil gosto do publico. Aqui é que comega a genialidade de Chaplin. Descendo até o publico, néo sé néo se vulgarizou, mas ao contrario ganhou maior forca de emogao e de poesia. A sua originalidade extremou-se. Ele soube Isolar em seus dados pessoals, em sua inteligéncia e em sua sensibilidade de excecéo, os elementos de irredutivel humanidade. Como se diz em linguagem matemética, pés em evidéncia o fator comum de todas as expresses humanas. (Adaptado de: Manuel Bandeira. "O heroismo de Carlito”.Crénicas da provincia do 2. ed. Siio Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20) Bra: 02. (SEFAZ-PE - 2014 - Auditor Fiscal do Tesouro Estadual - FCC) Atente para as afirmacées sobre pontuagao feitas abaixo a partir de segmentos transcritos do texto. I. ... seria levado por esse proceso de criag&o 4 vulgaridade dos artistas mediocres que condescendem com o facil gosto do publico. Uma virgula poderia ser colocada imediatamente depois de mediocres, sem alteracéio do sentido da frase. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 21de 90 faEstratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCURSOS Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Il. O vestudrio da personagem - fraquezinho humoristico, calcas lambazonas, botinas escarrapachadas, cartolinha - também se fixou pelo consenso do publico. Os travessées poderiam ser substituidos por parénteses, sem prejuizo para a clareza e a correcdo. II. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. A colocagao de virgulas para isolar 0 segmento certa vez implicaria prejuizo para a clareza e a correcdo. Esté correto o que se afirma APENAS em (A) le Il (8) (CL. (D) Tel. (2) mL. Comentério: apenas a II esté correta. Vamos ver o problema das outras: I. ... seria levado por esse proceso de criago a vulgaridade dos artistas mediocres que condescendem com o facil gosto do publico. Uma virgula poderia ser colocada imediatamente depois de mediocres, sem alteracéo do sentido da frase. - No. Se for colocada uma virgula apés mediocres, a oragéo a seguir deixa de ser restritiva e passa a ser explicativa, alterando 0 sentido. III. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. A colocagéo de virgulas para isolar o segmento certa vez implicaria prejuizo para a clareza e a corregéo. - Nao. Isolar certa vez com virgulas nao altera a corregdo e nem a clareza da frase, deveria ter sido feito por ser um adjunto adverbial que, antecipado ou intercalado, deve ser isolado por virgulas. GABARITO: B Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 22de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 A cultura brasileira em tempos de utopia Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as utopias e os projets politicos que marcaram o debate nacional. Na década de 1950, emergiu a valorizagéo da cultura popular, que tentava conciliar aspectos da tradic&o com temas e formas de expresso modernas. No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rie, 40 graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes populares, denunciando a exclus&o social. Na literatura, Guimarées Rosa publicou Grande sert&o: veredas (1956) e Jodo Cabral de Melo Neto escreveu 0 poema Morte e vida Severina - ambos assimilando tragos da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita. Na misica popular, a Bossa Nova, langada em 1959 por Tom Jobim e Joao Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a musica passional e a interpretagéo dramatica que se dava aos sambas-canges e aos boleros que dominavam as radios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das cangées, dos arranjos instrumentals e da vocalizag&o, para melhor expressar o “Brasil moderno”. Jé a primeira metade da década de 1960 fol marcada pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. J4 ndo se tratava mais de buscar apenas uma expresso moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e denunciar 0 subdesenvolvimento do pais. Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da Unido Nacional dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na cang&o engajada, base da moderna musica popular brasileira, a MPB. (Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLACA, Mariana. Historia para o ensino médio. So Paulo: Atual, 2013, p. 738) Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 03. (TRT 12 - 2014 - Analista Judiciério - FCC) A pontuacao esta plenamente adequada na seguinte frase: (A) Ficam claras no texto, as contribuigdes que a cultura e a politica déo uma a outra, pelas quais, toda manifestaco artistica pode também, ser vista como manifestagao histérica. (8) Houve um momento, agudo na nossa histéria, em que por razdes politicas, artistas foram levados a criacio de obras que se pretendiam engajadas, em determinadas lutas de classe. (C) Além da dramaticidade prépria de certos géneros musicais a Bossa Nova repudiava também, a interpretac&o excessivamente exaltada, de alguns cantores. (D) Assim como Joao Cabral, Guimaraes Rosa também adotou, em seus textos primorosos uma articulag&o entre elementos da cultura popular, e da cultura classica ou erudita. (E) Inspirados no jazz, segundo afirmam alguns criticos musicais, Tom Jobim e Joao Gilberto criaram e difundiram, ao longo dos anos 60, 0 ritmo e as, cangBes da ent&o chamada Bossa Nova. Comentério: as alternativas A, B, C e D apresentam problemas no uso das virgulas. Marquei em vermelho as virgulas que foram usadas erradas e em verde as que eu coloquei. (A) Ficam claras no texto, as contribuigées que a cultura e a politica dao uma a outra, pelas quails, toda manifestacao artistica pode, também, ser vista como manifestagao histérica. (8) Houve um momento, agudo na nossa histéria, em que, por razdes politicas, artistas foram levados & criagéo de obras que se pretendiam engajadas, em determinadas lutas de classe. (C) Além da dramaticidade prépria de certos géneros musicais, a Bossa Nova repudiava, também, a interpretagdo excessivamente exaltada, de alguns cantores. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 (D) Assim como Jodo Cabral, Guimar&es Rosa também adotou, em seus textos primorosos, uma articulagao entre elementos da cultura popular, e da cultura cldssica ou erudita. GABARITO: E DEPOIMENTO Fernando Morais (jornalista) © que mais me surpreendia, na Ouro Preto da infancia, nao era o ouro dos altares das igrejas. Nem o casario portugués recortado contra a montanha. Isso eu tinha de sobra na minha prépria cidade, Mariana, a uma légua dali. 0 espantoso em Ouro Preto era o Grande Hotel - um prédio limpo, reto, liso, um monélito branco que contrastava com o barroco sem violenté-lo. Era “o Hotel do Niemeyer”, diziam. Deslumbrado com a construcéo, eu acreditava que seu criador (que supunha chamar-se “Nei Maia") fosse mineiro - um marianense, quem sabe? A suspeita aumentou quando, ainda de calcas curtas, mudei-me para Belo Horizonte. Era tanto Niemeyer que ele s6 podia mesmo ser mineiro. No bairro de Santo Anténio ficava 0 Colégio Estadual (a caixa d’égua era o lapis, 0 prédio das classes tinha a forma de uma régua, 0 auditério era um mata- borréo). Numa das pontas da vetusta Praga da Liberdade, Niemeyer fez pousar suavemente uma escultura de vinte andares de discos brancos superpostos, um edificio de apartamentos cujo nome no me vem a meméria. E, claro, tinha a Pampulha: 0 cassino, a casa do baile, mas principalmente a igreje. Com © tempo cresceram as calcas e a barba, e sai batendo perna pelo mundo. E nao parei de ver Niemeyer. Vi na Franga, na Italia, em Israel, na Argélia, nos Estados Unidos, na Alemanha. Tanto Niemeyer espalhado pelo planeta aumentou minha confusdo sobre sua verdadeira origem. E hoje, quase meio século depois do alumbramento produzido pela viséo do “Hotel do Nei Maia”, continuo sem saber onde ele nasceu. Mesmo tendo visto um papel que Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneuns or Analista e Técnico Judiciario Teoria e Questes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 prova que foi na Rua Passos Manuel numero 26, no Rio de Janeiro, estou convencido de que la pode ter nascido o corpo dele. A alma de Oscar Niemeyer, nao tenham diividas, é mineira. (Adaptado de: MORAIS, Fernando. Depoimento. In: SCHARLACH, Cecilia (coord.). Niemeyer 90 anos: poemas testemunhos cartas. Séo Paulo: Fundaco Memorial da América Latina, 1998. p. 29) 04. (TRF/1 - 2014 - Analista Judicidrio - Apoio - FCC) No ultimo pardgrafo, as aspas sdo utilizadas para destacar 0 (A) nome indevido que na infancia o jornalista atribula ao criador do prédio (B) apelido com que o arquiteto era conhecido em sua terra de origem. (C) modo correto de se pronunciar o sobrenome do arquiteto. (D) titulo do papel que prova o local de nascimento do jornalista. (E) jeito correto de escrever o nome do hotel cinquenta anos antes. Comentario: com a leitura atenta do texto, néo sé do Ultimo paragrafo, podemos perceber que a aspas foram usadas (também no primeiro pardgrafo) para marcar a forma errada como o jornalista se referia, na infancia, a Niemeyer. GABARITO: A QUANDO A CRASE MUDA O SENTIDO Muitos deixariam de ver a crase como bicho-papao se pensassem nela como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases. Luiz Costa Pereira Junior © emprego da crase costuma desconcertar muita gente. A ponto de ter gerado um balaio de frases inflamadas ou espirituosas de uma turma renomada. O poeta Ferreira Gullar, por exemplo, é autor da sentenga “A crase Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 nao foi feita para humilhar ninguém”, marco da tolerdncia gramatical ao acento gréfico. O escritor Moacyr Scliar discorda, em uma deliciosa crénica “Tropecando nos acentos”, afirma que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas; e o humorista Millér Fernandes, de forma irénica e jocosa, é taxativo: “ela ndo existe no Brasil”. © assunto é téo candente que, em 2005, 0 deputado Jodo Herrmann Neto propés abolir esse acento do portugués do Brasil por meio do projeto de lei 5.154, pois 0 considerava “sinal obsoleto, que o povo jé fez morrer". Bombardeado, na ocasigo, por gramaticos e linguistas que o acusavam de querer abolir um fato sintdético como quem revoga a lei da gravidade, Herrmann logo desistiu do projeto. A grande utilidade do acento de crase no a, entretanto, que faz com que seja descabida a proposta de sua exting&o por decreto ou falta de uso, é: crase 6, antes de mais nada, um imperativo de clareza. N&o raro, 2 ambiguidade se dissolve com a crase - em outras, sé 0 contexto resolve o impasse. Exemplos de casos em que a crase retira a divida de sentido de uma frase, lembrados por Celso Pedro Luft no hoje classico Decifrando a crase: cheirar a gasolina X cheirar & gasolina; a moca correu as cortinas X a moga correu as cortinas; 0 homem pinta a maquina X o homem pinta & maquina; referia-se a outra mulher X referia-se & outra mulher. O contexto até se encarregaria, diz o autor, de esclarecer a mensagem; um usuario do idioma mais atento intui um acento necessério, garantido pelo contexto em que a mensagem se insere. A falta de clareza, por vezes, ocorre na fala, ndo tanto na escrita. Exemplos de duvida fonética, sugeridos por Francisco Platéo Savioli: “A noite chegou”, “ela cheira a rosa"; “a policia recebeu a bala”. Sem o sinal diacritico, construgdes como essas serdo sempre ambiguas. Nesse sentido, a crase pode ser antes um problema de leitura do que prioritariamente de escrita. (Adaptado de: PEREIRA Jr., Luiz Costa. Revista Lingua portuguesa, ano 4, n. 48. Séo Paulo: Segmento, outubro de 2009. p. 36-38) Rafaela Fi www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 05. (TRF/1 - 2014 - Analista Judiciario - Apoio - FCC) A melhor explicag&o para o uso da virgula, na frase do ultimo paragrafo “Nesse sentido, a crase pode ser antes um problema de leitura do que prioritariamente de escrita”, é: (A) “As oragdes coordenadas aditivas ligadas pela conjungéo e devem ser separadas por virgula se os sujeitos forem diferentes. Se o sujeito for o mesmo, no ha o uso da virgula, presume-se”. (B) “As oragées adverbiais, desenvolvidas ou reduzidas, podem iniciar o periodo, findd-lo ou interpor-se na orac&o principal. Quase sempre aparecem separadas ou isoladas por virgula”. (C) “O vocativo é um termo relacionado com a fungéio fética da linguagem; como regra, isola-se por virgula”. (D) “A datagéio que se segue a nomes de documentos, periddicos, atos normativos, locais etc., como regra geral, separa-se ou isola-se por virgula”. (E) “E comum vir isolado por virgula 0 vocdbulo ou expressdo com valor retificativo ou explanatério, embora, as vezes, possa aparecer sem esse sinal de pontuacao”. Comentério: A expressdo “nesse sentido” & explanatéria, explicativa, por tanto pode ser separada por virgula GABARITO: E Leia: Anténio Vieira é, desde 0 século XVII, um modelo de nosso idioma, a ponto de Fernando Pessoa, na Mensagem, chamé-lo de “Imperador da lingua portuguesa”. Em uma de suas principais obras, 0 Serm&o da Sexagésima, ensina como deve ser o estilo de um texto: “aprendamos do céu o estilo da disposicéo, e também o das palavras. Como h&o de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas so muito distintas e muito claras. Assim ha de ser o estilo da pregag&o, muito distinto e Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 muito claro. E nem por isso temais que pareca o estilo baixo; as estrelas so muito distintas, e muito claras e altissimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto; téo claro que o entendam os que nao sabem, e téo alto que tenham muito que entender nele os que sabem. O riistico acha documentos nas estrelas para sua lavoura, e 0 mareante para sua navegacdo, e o matemético para as suas observacdes e para os seus juizos. De maneira que 0 ristico e 0 mareante, que ndo sabem ler nem escrever, entendem as estrelas, @ 0 matemético que tem lido quantos escreveram nao alcanga a entender quanto nelas ha.” Vieira mostra com as estrelas 0 que sejam a disting&o e a clareza. N&o séo discordantes, como muitos de nés pensamos: uma e outra concorrem para 0 mesmo fim. Nada mais adequado que, ao tratar de tais virtudes do discurso, fizesse uso de comparacio. Este procedimento Quintiliano, no século II d.C., jd considerava dos mais aptos para conferir clareza, uma vez que estabelece similaridades entre algo jé sabido pelo leitor e aquilo que se Ihe quer elucidar. Aqui, compara 0 bom discurso ao céu, que é de todos conhecido. (Tales Ben Daud, inédito) 06. (TRF/4 - 2014 - Analista Judiciério - Apoio - FCC) Quanto a pontuacéo, atente para as afirmagdes abaixo: I. No segmento Nao s&o discordantes, como muitos de nés pensamos: uma e outra concorrem..., 08 dois-pontos introduzem uma oposigéo ao que vinha sendo dito na frase. Il. Mantendo-se a correcdo e, em linhas gerais, o sentido original, a virgula imediatamente apés "disposicéo", em Aprenda- mos do céu 0 estilo da disposico, e também o das palavras, nao pode ser suprimida. III. No segmento ... e 0 mareante para sua navegagéo... uma virgula poderia ser acrescentada imediatamente apés “mareante”, uma vez que ali se subentende a expressdo “acha documentos”. Esta correto o que consta APENAS em (A) I. Rafaela Fi www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 90 faEstratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCURSOS Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof® Rafaela Freitas ~ Aula 06 (8) We Il. (C) Te Ill. (D)Tell. (E) UL. Comentério: Vamos analisar cada assertiva: I. No segmento Nao s&o discordantes, como muitos de nés pensamos: uma e outra concorrem..., os dois-pontos introduzem uma oposigéo ao que vinha sendo dito na frase. ~ Nao, os dois pontos introduzem a explicagao do que foi falado anteriormente: a distingo e a clareza n3o séo discordantes. IL Mantendo-se a corregéo e, em linhas gerais, 0 sentido original, @ virgula imediatamente apés "disposigéo", em Aprendamos do céu o estilo da disposicéo, e também o das palavras, néo pode ser suprimide. - Sim. A virgula nao pode ser suprimida, pois isola uma informagao diferente, que funciona como aposto. II. No segmento ... e 0 mareante para sua navegacéo... uma virgula poderia ser acrescentada imediatamente apés "mareante", uma vez que ali se subentende @ expresséo “acha documentos’. - Sim. “O riistico acha documentos nas estrelas para sua lavoura, e 0 mareante (acha documentos) para sua navegacao”. GABARITO: B Vaidade do humanismo A vaidade, desde sua etimologia latina vanitas, aponta para o vazio, para © sentimento que habita 0 vao. Mas é possivel tratar dela com mais condescendéncia do que os moralistas rigorosos que costumam condené-la inapelavelmente. Pode-se compreendé-la como uma contingéncia humana que talvez seja preciso antes reconhecer com naturalidade do que descartar como um vicio abomindvel. Como se sabe, a vaidade esté em todos nés em graus e Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 90 [Estrategia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 com naturezas diferentes, e hé uma vaidade que devemos aceitar: aquela que corresponde n&o a um mérito abstrato da pessoa, a um dom da natureza que nos tornasse filhos prediletos do céu, mas a algum trabalho que efetivamente tenhamos realizado, a uma razéo objetiva que enraiza a vaidade no mesmo ch&o que foi marcado pelo nosso melhor esforco, pelo nosso trabalho de humanistas. Ne condigo de humanistas, temos interesse pelo estudo das formagées sociais, dos direitos constituidos e do papel dos individuos, pela liberdade do pensamento filosofico que se pensa a si mesmo para pensar 0 mundo, pela arte literéria que projeta e dé forma em linguagem simbélica aos desejos mais intimos; por todas as formas, enfim, de conhecimento que ainda tomam o homem como medida das coisas. Talvez nosso principal desafio, neste tempo de vertiginoso avanco tecnolégico, esteja em fazer da tecnologia uma aliada preciosa em nossa busca do conhecimento real, da beleza consistente e de um mundo mais justo - todas estas dimensées de maior peso do que qualquer virtualidade. O grande professor e intelectual palestino Edward Said, num livro cujo titulo j4 é inspirag&o para uma plataforma de trabalho - Humanismo e critica demoerética - afirma a certa altura: “como humanistas, é da linguagem que partimos”; "o ato de ler é 0 ato de colocar-se na posig&o do autor, para quem escrever & uma série de decisées e escolhas expressas em palavras”. Nesse sentido, toda leitura é 0 compartilhamento do sujeito leitor com o sujeito escritor - compartilhamento justificado néo necessariamente por adeséo a um ponto de vista, mas pelo interesse no reconhecimento e na avaliacao do ponto de vista do outro. Que seja este um nosso compromisso fundamental. Que seja esta a nossa vaidade de humanistas. (Derval Mendes Sapucaia, inédito) 07. (TRF/4 - 2014 - Analista Judiciario - Apoio - FCC) Quanto 4 pontuacéo, a frase inteiramente correta é: (A) Para Edward Said, a linguagem, é 0 terreno de onde partem os humanistas uma vez que, € nela, que se estabelecem no apenas as relaées Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 31de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 de sentido, mas também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as escolhas produzidas pelo escritor. (B) Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde partem os humanistas uma vez que é nela, que se estabelecem ndo apenas as relagdes de sentido, mas também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar, as escolhas produzidas pelo escritor. (C) Para Edward Said, @ linguagem, € 0 terreno de onde partem os humanistas, uma vez que é nela que se estabelecem, ndo apenas as relagdes de sentido, mas também 0 desafio de o leitor divisar e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor (D) Para Edward Said a linguagem é o terreno, de onde partem os humanistas, uma vez que € nela que se estabelecem ndo apenas as relagdes de sentido mas, também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor. (E) Para Edward Said, a linguagem é © terreno de onde partem os humanistas, uma vez que € nela que se estabelecem ndo apenas as relacdes de sentido, mas também 0 desafio de o leitor divisar e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor. Comentério: vamos analisar cada alternativa: A - Para Edward Said, a linguagem, é 0 terreno de onde partem os humanistas, uma vez que, é nela, que se estabelecem nao apenas as relagdes de sentido, mas também o desafio de o leitor divisar e compartilhar, as escolhas produzidas pelo escritor. B - Para Edward Said, a linguagem é 0 terreno de onde partem os humanistas, uma vez que é nela, que se estabelecem n&o apenas as relagdes de sentido, mas também o desafio, de o leitor divisar e compartilhar, as escolhas produzidas pelo escritor. C - Para Edward Said, a linguagem, € 0 terreno de onde partem os humanistas, uma vez que é nela que se estabelecem, no apenas as relagées Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 32de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 de sentido, mas também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor. D - Para Edward Said, a linguagem é 0 terreno, de onde partem os humanistas, uma vez que é nela que se estabelecem ndo apenas as relagdes de sentido, mas, também, o desafio de o leitor divisar, e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor. E - Para Edward Said, a linguagem é o terreno de onde partem os humanistas, uma vez que é nela que se estabelecem nao apenas as relacdes de sentido, mas também o desafio de o leitor divisar e compartilhar as escolhas produzidas pelo escritor. CORRETA Cuidado! Nao se separa com virgulas sujeito do predicado, nem o verbo do complemento. GABARITO: E Da uti jade dos prefa Li outro dia em algum lugar que os prefacios s&o textos intiteis, j4 que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com 0 compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questo. Garantido 0 tom elogioso, o prefacio ainda aponta caracteristicas evidentes do texto que vird, que 0 leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefacio adianta elementos da historia a ser narrada (quando se trata de ficcéo), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvides (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que Inutil, 0 prefécio seria um estraga-prazeres. Pois vou na contramao dessa critica mal-humorada aos prefécios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - 0 que no justifica a generalizac&o devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que II, a melhor coisa era o prefacio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que 0 do autor da obra, fosse pela consisténcia das idelas defendidas, muito mais sélidas do que as expostas no texto Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneuns or Analista e Técnico Judiciario Teoria e Questes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 principal. Hé casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefacio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessério. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que 0 amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observagao de Machado de Assis: quando o prefacio e 0 texto principal so ruins, o primeiro sempre teré sobre 0 segundo a vantagem de ser bem mais curto. Hé muito tempo me deparei com o prefacio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moga como se fosse uma Cecilia Meireles (que, aliés, além de grande escritora era também linda). Nao havia duvida: 0 poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando 0 poder de sedug&o da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moga que o prefacio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginac&o de um grande génio postico. (Aderbal Siqueira Justo, inédito) 08. (TRF/16 - 2014 - Analista Judiciério - contabilidade - FCC) Quanto & pontuagao, a frase inteiramente correta é: (A) Jé pela ma fama adquirida j4 por preconceito, sempre haveré por parte de certos leitores, alguma relutancia diante da leitura de um prefacio. (8) O autor do texto nao hesita honestamente, de recorrer a experiéncias pessoais, para demonstrar sua tese, favorével em boa parte a existéncia mesma dos prefacios. (C) A escritora Cecilia Meireles tao talentosa quanto bonita, é citada no texto como parametro de exceléncia, na comparagéo com uma jovem, bela e pouco inspirada poetisa. (D) Muita gente acabaré por confessar tal como fez o autor, que um prefacio pode prender nossa ateng&o, com muito mais forca, do que o texto principal de uma obra. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 34de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Sean Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 (E) © autor conclui, néo sem razéo, que as bibliografias que indicam apenas o prefécio de uma obra permitem deduzir, néo ha diivida, que o restante do livro nao importa muito. Comentério: vamos analisar cada uma das alternativas, mascando em vermelho os erros: (A) J4 pela mé fama adquirida, j4 por preconceito, sempre haveré, por parte de certos leitores, alguma reluténcia diante da leitura de um prefacio. (8) O autor do texto no hesita, honestamente, de recorrer a experiéncias pessoais, para demonstrar sua tese, favordével em boa parte 4 existéncia mesma dos prefacios. (C) A escritora Cecilia Meireles, to talentosa quanto bonita, é citada no texto como parémetro de exceléncia, na comparagéo com uma jovem, bela e pouco inspirada, poetisa. (D) Muita gente acabaré por confessar, tal como fez o autor, que um prefacio pode prender nossa atengo, com muito mais forca, do que o texto principal de uma obra. (E) O autor conclui, néo sem raz&o, que as bibliografias que indicam apenas o prefacio de uma obra permitem deduzir, no ha divida, que o restante do livro n&o importa muito. CORRETA. GABARITO: E 09. (TRT/16° - 2014 - Analista Judicidrio - Area Judicidria - FCC) Seria sem ddvida ingenuidade esperar que a industria farmacéutica se entregasse de corpo e alma & resolug&o do problema. Seu compromisso primordial é com seus acionistas - e essa é a regra do jogo. Isso ndo significa, contudo, que no possam fazer parte do esforco. Afirma-se com correg&o sobre aspecto do trecho acima: (A) Se, em vez de resolugéo do problema, houvesse "resolver o problema", seria correto manter o acento indicativo da crase - "se entregasse [...] resolver 0 problema". Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 (B) A palavra primordial esta corretamente empregada, assim como esta em "E primordial para o setor, sem duivida alguma, as mudangas relativas & rea de recursos humanos". (C) Justifica-se 0 uso do sinal de pontuag&o, na linha 2 do trecho acima, assim: "No é raro 0 emprego de um sé travessdo para indicar que a parte final de um enunciado constitui um comentario marginal, de reduzida forca para o desenvolvimento do raciocinio". (D) A substituigéo da conjungao contudo por "ainda que" néo altera a relag&o que originalmente esta estabelecida entre as frases do texto. (E) A substituigéo da forma verbal possam fazer por "possa fazer" estaria correta e adequada ao contexto. Comentério: embora esta quest&o traga conteudos diferentes do que estamos estudando, é legal aproveitar o que ela traz sobre o uso do travessao. Esse sinal de pontuagéo ndo é usado apenas para marcar a troca de interlocutor em um dialog, mas também para introduzir um comentario sobre 0 que esta sendo dito. De qualquer forma, a alternativa C esté errada, pois coloca que o travesso Unico destaca comentério marginal e de menor importancia pra o desenvolvimento do raciocinio, 0 que é um erro. O travess&o Unico pode vir marcando, separando um comentario néo necessariamente de menor relevancia. A resposta correta para esta questao é a alternativa E (trabalharemos verbo em uma outra oportunidade) GABARITO: E 10. (TRT/16° - 2014 - Analista Judicidrio - Area Judiciaria - FCC) Também seria desejavel envolver com maior intensidade universidades e laboratérios publicos (onde os hd, como é 0 caso do Brasil). A redacéo alternativa & frase acima, que se apresenta clara, correta e fiel as ideias nela expostas, Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 (A) Igualmente desejavel seriam universidades e laboratérios piblicos que se envolvessem mais intensamente, pois no caso do Brasil eles tém presenca. (B) Da mesma maneira, seria desejével que fossem envolvidos mais intensamente universidades e laboratérios publicos, em lugares, como o Brasil, em que eles existem. (C) Em lugares em que estes existem (sendo 0 Brasil um caso de ter universidades e laboratérios piblicos), seria também desejével seu intenso envolvimento. (D) Inclui-se no raciocinio que é desejével ter-se envolvimento de maior intensidade, de universidades e laboratérios aonde se encontram, como o caso do Brasil. (E) Equivalentemente, seria envolvimento desejével e intenso o das universidades e laboratérios publicos (em que, como o caso do Brasil, eles existem). Comentério: analisando cada alternativa: (A) Igualmente desejavel seriam universidades e laborat6rios publicos que se envolvessem mais intensamente, pois no caso do Brasil eles tém presenca. - ERRADA. 0 verbo “seriam” deveria estar no singular. O texto original no disse que as universidades e laboratérios publicos tém presenga. (8) Da mesma maneira, seria desejével que fossem envolvidos mais intensamente universidades e laboratorios publicos, em lugares, como o Brasil, em que eles existem. - CORRETA. (©) Em lugares em que estes existem (sendo 0 Brasil um caso de ter universidades e laboratérios publicos), seria também desejével seu intenso envolvimento. - ERRADA. O pronome “estes” e a oracdo “seu intenso envolvimento” ficaram sem referente. (D) Inclui-se no raciocinio que & desejével ter-se envolvimento de (em) maior intensidade, (esta virgula esté separando complemento nominal) de universidades e laboratérios aonde (onde - lugar aparado) se encontram, como 0 caso do Brasil. - ERRADO - TETXO INCOERENTE. Prof® Rafaela Freitas WWww.estrategiaconcursos.com.br 37 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 (E) Equivalentemente, seria envolvimento desejével e intenso o das universidades e laboratérios publicos (em que, como o caso do Brasil, eles existem). - Nao. A ondem esta invertida e a sequéncia ficou truncada. GABARITO: B Blogs e Colunistas Sérgio Rodrigues Sobre palavras Nossa lingua escrita e falada numa abordagem irreverente 02/02/2012 Consultério "No aguardo’, isso esta certo? *Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam, sete ou oito terminam dizendo ‘no aguardo de um retorno’! Ou outra frase parecida com esta, mas sempre incluindo a palavra ‘aguardo’. Isso esta certo? Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que n&o é verbo? Gostaria de conhecer suas consideragées a respeito.” (Virgilio Mendes Neto) Virgilio tem raz&io: uma praga de “no aguardo” anda infestando nossa lingua. Convém tomar cuidado, nem que seja por educacéo: antes de entrarmos nos aspectos propriamente linguisticos da questo, vale refletir por um minuto sobre 0 que ha de rude numa férmula de comunicag&o que poderia ser traduzida mais ou menos assim: “Estou aqui esperando, vé se responde logo!”. (Onde tera ido parar um cliché consagrado da polidez como “Agradeco antecipadamente sua resposta”? Resposta possivel: foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais do tempo das cartas manuscritas, porque 0 meio digital privilegia as mensagens diretas e no tem tempo a perder com hipocrisias. O que equivale a dizer que, sendo o meio a Mensagem, como ensinou o teérico da comunicagéo Marshall McLuhan, a internet € casca-grossa por natureza. Seré mesmo?) Quanto & questo da Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 existéncia, bem, 0 substantivo “aguardo” existe acima de qualquer diivida. 0 dicionario da Academia das Ciéncias de Lisboa néo o reconhece, mas isso se explica: estamos diante de um regionalismo brasileiro, um termo que tem vigéncia restrita ao territério nacional. Desde que foi dicionarizado pela primeira vez, por Candido de Figueiredo, em 1899, nao faltam lexicégrafos para Ihe conferir “foros de cidade”, como diria Machado de Assis. Trata-se de um vocabulo formado por derivagdo regressiva a partir do verbo aguardar. Tal processo, que jé era comum no latim, é 0 mesmo por meio do qual, por exemplo, do verbo fabricar se extraiu o substantivo fabrica. 11. (AL-PE - 2014 - Analista Legislativo - Direito Constitucional, Administrativo e Eleitoral - FCC) Acerca da pontuacdo empregada, é correto o seguinte comentério: (A) As aspas em “foros de cidade” assinalam que a expresso é usada por outros, que nao o autor, diferentemente das aspas em “no aguardo”. (B) Em Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que nao é verbo?, seria mais apropriado um ponto de exclamac&o, considerado 0 contetido da frase. (C) Considerado 0 contetido do texto, os parénteses que acolhem o segundo paragrafo da resposta justificam-se pelo cardter menos central das informag&es e comentarios que contém. (D) Na primeira linha do texto citado e nas trés primeiras do texto de Sérgio Rodrigues, dado o sentido do que vem em seguida, os dois-pontos poderiam ser substituidos por “porque”. (E) Em foi aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais, a apresentag’o de compulsoriamente entre virgulas alteraria o sentido original, tornando prescindivel a presenga desse advérbio na frase. Comentério: Tanto “foros da cidade” quanto "no aguardo” so expresso que todos usam, por isso, estarem entre aspas (Alternative A esté ERRADA). O ponto de interrogago pode perfeitamente ser usado na frase "Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que no é verbo?”, porque, de fato, é uma indagagéo Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 39de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 feita acerca do uso da lingua (Alternativa B esté errada). Na primeira linha do texto citado e na primeira linha do texto de Sérgio, os dois pontos podem ser substituidos por porque, uma vez que introduz uma explicac3o do que foi falado anteriormente. Jé 0 terceiro uso dos dois pontos, na segunda linha do texto de Sérgio, n&o pode ser substituido por porque, jé que o que vem a seguir n3o é uma explicago do por que deve-se tomar cuidado, mas estd dizendo qual cuidado deve ser tomado (Alternativa D esta errada). A palavra compulsoriamente pode ser colocada entre virgulas, pois 6 um adjunto adverbial e, sendo pequeno, pode ou nfo vir entre virgula sem que o sentido seja alterado (Alternativa E estd errada). GABARITO: C Leia: Toda conversa sobre Graciliano Ramos esbarra no cineasta Nelson Pereira dos Santos. E 0 inverso é mais do que verdadeiro. Tem sido assim desde 1963, quando Pereira levou ao cinema um dos classicos do autor, Vidas Secas (1938). Quebrou na ocasiao uma lei antiga: a de que livro bom rende filme ruim. Vinte anos depois, repetiu a faganha, novamente com Ramos, ao adaptar 0 livro Memérias do Carcere (1953). S&o os filmes mais famosos de Pereira, e, assim como as obras que |hes serviram de base, representam dois marcos da cultura brasileira no século 20. Além das transposigées das duas obras de Graciliano para o cinema, Pereira adaptou escritores como Nelson Rodrigues e Guimaraes Rosa. E o unico cineasta a integrar a Academia Brasileira de Letras. Graciliano e Pereira tinham amigos em comum e frequentavam os mesmos ambientes, mas nunca chegaram a se falar. O cineasta viu o autor uma Unica vez, em 1952, num almogo em homenagem a Jorge Amado, mas ficou t&o encabulado diante do idolo que nao teve coragem de puxar conversa. O contato mais intenso ocorreu por meio de carta. Pereira pretendia levar 4 Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 tela o livro S80 Bernardo (1934), de Graciliano. Queria autorizagéo do autor para mudar o destino de Madalena, que se mata no fim do romance. Nelson ficara encantado com a personagem e imaginava um desfecho positive para ela. Mas Graciliano n&o gostou da ideia. A relagéo artistica comecaria de fato uma década depois, com o escritor j4 morto. "Queria fazer um filme sobre a seca. Criel uma histéria original, mas era muito superficial. Entéo me lembrei de Vidas Secas”. Durante as filmas12gtr32gens, 0 mais dificil, diz, foi lidar com os bichos: papagaio, gado e, especialmente, a cachorra que "interpretava" Baleia. A cena em que Baleia morre 6 um dos momentos mais impressionantes da literatura e do cinema nacional. (Adaptado de: ALMEIDA, Marco Rodrigo. Fotha de S.Paulo, 26/06/2013) 12. (SABESP - 2014 - Técnico em Gestdo - Informatica - FCC) Considere as afirmativas abaixo. I. Na frase Sao os filmes mais famosos de Pereira, e, assim como as obras que Ihes serviram de base, representam dois marcos da cultura brasileira no século 20 (30 paragrafo), 0 segmento grifado pode ser corretamente substituido por “serviram de base a elas”. I. No segmento a cachorra que "interpretava" Baleia (ultimo paragrafo), 0 uso das aspas justifica-se por se tratar da transcrigio exata das palavras de Nelson Pereira dos Santos. III, Mantém-se a correc&o gramatical do segmento A relag&o artistica comegaria de fato uma década depois (\iltimo paragrafo) substituindo-se o verbo grifado por comegou. Estd correto o que se afirma APENAS em (A) IL. (8) Le Il. (C) C) ell. (D) WI. (E)lelll. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 90 GE tratégia Ungua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 Comentério: observe que nem sempre a FCC traz questdes exclusivamente de pontuagéo, ela mistura contetidos. Nesta questéo temos pontuago, verbo e pronome. Vamos analisar cada uma das afirmativas: I. Na frase Séo os filmes mais famosos de Pereira, e, assim como as obras que Ihes serviram de base, representam dois marcos da cultura brasileira no século 20 (30 parégrafo), 0 segmento grifado pode ser corretamente substituido por "serviram de base a elas”. — Nao. A substitui¢ao ideal seria aquela em que o pronome elas estivesse no masculino (eles), concordando com filmes. As obras serviram de base para os filmes. II. No segmento a cachorra que “interpretava" Baleia (ultimo parégrafo), 0 uso das aspas justifica-se por se tratar da transcrigéo exata das palavras de Nelson Pereira dos Santos. - Nao. A palavra “interpretava” est4 entre aspas para mostrar que a palavra esté sendo usada de maneira figurada. Um animal nao sabe interpretar. III. Mantém-se a corregdo gramatical do segmento A relacdo artistica comegaria de fato uma década depois (tltimo paragrafo) substituindo-se 0 verbo grifado por comegou. - Sim, pois trata-se de tempo passado, pretérito perfeito. GABARITO: D Prof? Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 42de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 Lei. Menino do mato Eu queria usar palavras de ave para escrever. Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem nomeagéo. Ali a gente brincava de brincar com palavras tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra! A Mae que ouvira a brincadeira falou: J& vem vocé com suas visées! Porque formigas nem tém joelhos ajoelhdveis e nem hd pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginagao. O menino tinha no olhar um siléncio de chéo e na sua voz uma candura de Fontes. O Pai achava que a gente queria desver 0 mundo para encontrar nas palavras novas coisas de ver assim: eu via a manh& pousada sobre as margens do rio do mesmo modo que uma garca aberta na solidao de uma pedra. Eram novidades que os meninos criavam com as suas palavras. Assim Bernardo emendou nova criag&o: Eu hoje vi um sapo com olhar de érvore. Entéo era preciso desver 0 mundo para sair daquele lugar imensamente e sem lado. A gente queria encontrar imagens de aves abencoadas pela inocéncia. O que a gente aprendia naquele lugar era sé ignorancias para a gente bem entender a voz das aguas e dos caracéis. A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias. Porque a gente também sabia que s6 os absurdos enriquecem a poesia. (BARROS, Manoel de, Menino do Mato, em Poesia Completa, Si0 Paulo, Leya, 2013, p. 417-8.) Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Toneunses Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas — Aula 06 13. (TRF - 32 REGIAO - 2013 - Analista Judiciario - Informatica — FCC) Considere as frases abaixo. I. No verso O que a gente aprendia naquele lugar era s6 ignorancias, 0 verbo destacado pode ser flexionado no plural, sem prejuizo para a correcio e © sentido original. II. Em seguida ao termo voz, no verso e na sua voz uma candura de Fontes, pode-se acrescentar uma virgula, sem prejuizo para a correcdo e o sentido original. II]. Sem que nenhuma outra alterag&o seja feita, no verso e nem hd pedras de sacristias por aqui, 0 verbo pode ser substituido por existe, mantendo-se a corregdo e o sentido original. Estd correto o que se afirma APENAS em (A) Ile IL. (8) le Ill. (Ou. (D) UI ()lell Comentério: questéo que mistura contetidos, comum nas privas da FCC. Vejamos cada afirmacéo para chegarmos a um gabarito: I. No verso O que a gente aprendia naquele lugar era sé ignorancias, 0 verbo destacado pode ser flexionado no plural, sem prejulzo para a correg&o e 0 sentido original. - Sim, 0 verbo faria concordancia com ignorancias. II, Em seguida ao termo voz, no verso e na sue voz uma candura de Fontes, pode-se acrescentar uma virgula, sem prejuizo para a corregéo e 0 sentido original. - Sim. A virgula estaria marcando a supress&o do verbo ter: na sua voz tinha uma candura. Lingua Portuguesa p/ TRT-15 Todos os cargos Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas - Aula 01 Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 III. Sem que nenhuma outra alteragdo seja feita, no verso e nem hd pedras de sacristias por aqui, 0 verbo pode ser substituido por existe, mantendo-se a corregdo e o sentido original. - Nao, 0 verbo deveria ser flexionado no plural, GABARITO: E 14. (TRF - 38 REGIAO - 2013 - Analista Judicidrio - Informatica — FCC) Em uma redacéo em prosa, para um segmento do poema, a pontuacdo se mantém correta em: (A) A Mae, que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Jé vem vocé com suas visdes!” Porque formigas nem tém joelhos ajoelhdveis, nem ha pedras de sacristias por aqui: “Isso é traquinagem da sua imaginacao”. (B) A Mae que tinha ouvido a brincadeira, falou: - Jé vem vocé com suas vis6es! Porque formigas nem tém joelhos ajoelhaveis, nem ha pedras de sacristias por aqui: - Isso traquinagem da sua imaginacdo. (C) A Mae, que tinha ouvido a brincadeira falou: “Ja vern vocé com suas visdes!, porque formigas, nem tém joelhos ajoelhaveis, nem ha pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginacao”. (D) A Mae que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Jé vem, vocé com suas visdes!"; porque formigas nem tém joelhos ajoelhdveis e nem ha pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginagao. (E) A Mae que, tinha ouvido a brincadeira, falou: “J4 vem vocé com suas visdes!” Porque formigas, nem tém joelhos ajoelhaveis, nem ha pedras de sacristias por aqui. “Isso, é traquinagem da sua imaginacéio”. Comentério: B - A Me, (faltou virgula para isolar ora¢do intercalada) que tinha ouvido a brincadeira, falou: - Jé vem vocé com suas vis6es! Porque formigas nem tém joelhos ajoelhdvels, nem hé pedras de sacristias por aqui: - Isso é traquinagem da sua imaginagao. - as falas iniciadas por travessao deve iniciar Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judiciério Teoria e Questées Comentadas Prof® Rafaela Freitas ~ Aula 06 um novo paragrafo. - ATENCAO: para usar o travess&o para iniciar uma fala, é preciso fazer um novo paragrafo. C - A Me, que tinha ouvido a brincadeira, (faltou virgula para isolar oracao intercalada) falou: “Jé vem vocé com suas visées!," (faltou aspas) porque formigas, nem tém joelhos ajoelhaveis, nem hé pedras de sacristias por aqui." (faltou aspas) Isso é traquinagem da sua imaginacéo”. D - A Me, (faltou virgula para isolar oracao intercalada) que tinha ouvido a brincadeira, falou: "Jé vem, vocé com suas visées!"; (no se justifica 0 uso do ponto e virgula) porque formigas nem tém joelhos ajoelhdveis e nem hd pedras de sacristias por aqui. “Isso é traquinagem da sua imaginacéo” (faltou aspas) E- A Mée, que, (tirar virgula depois de QUE e colocar antes) tinha ouvido a brincadeira, falou: “Jé vem vocé com suas visées!" Porque formigas, (ndo separa-se sujeito de predicado) nem tém joelhos ajoelhaveis, nem ha pedras de sacristias por aqui. “Isso, (ndo separa-se sujeito de predicativo) é traquinagem da sua imaginagao”. GABARITO: A Leia: A dor, juntamente com a morte, & sem ddvida a experiéncia humana mais bem repartida: nenhum privilegiado reivindica ignoréncia em relagao a ela ou se vangloria de conhecé-la melhor que qualquer outro. Violéncia nascida no préprio 4mago do individuo, ela dilacera sua presenca e o esgota, dissolve-o no abismo que nele se abriu, esmaga-o no sentimento de um imediato sem nenhuma perspectiva. Rompe-se a evidéncia da relago do individuo consigo e com 0 mundo. A dor quebra a unidade vivida do homem, transparente para si mesmo enquanto goza de boa satide, confiante em seus recursos, esquecido do enraizamento fisico de sua existéncia, desde que nenhum obstéculo se interponha entre seus projetos e 0 mundo, De fato, na vida cotidiana o corpo se faz invisivel, flexivel; sua espessura é apagada pelas ritualidades socials e Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) Eevee Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questées Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 pela repeti¢éo incansdvel de situagdes préximas umas das outras. Alids, esseocultar 0 corpo da atengéo do individuo leva René Leriche a definir a saude como “a vida no siléncio dos érgaos”. Georges Canguilhem acrescenta que ela é um estado de “inconsciéncia em que 0 sujeito é de seu corpo”. (Adaptado de: BRETON, David Le. Antropologia da Dor, Sao Paulo, Editora Fap- Unifesp, 2013, p. 25-6) 15. (TRF - 34 REGIAO - 2013 - Analista Judiciario - Informatica — FCC) Considere as frases abaixo. 1. Ao se suprimirem as virgulas do trecho A dor, juntamente com a morte, é sem duivida a experiéncia humana..., 0 verbo deveré ser flexionado no plural. Il. Na frase Georges Canguilhem acrescenta que ela é um estado de “inconsciéncia em que o sujeito é de seu corpo", pode-se acrescentar uma virgula imediatamente apés inconsciéncia, sem prejuizo para a correcao. III. Na frase De fato, na vida cotidiana o corpo se faz invisivel, flexivel; sua espessura é apagada pelas ritualidades sociais..., 0 ponto e virgula pode ser substituido, sem prejuizo para a correo € o sentido original, por dois- pontos. Esta correto o que se afirma APENAS em (A) IL. (8) Te Il. (C) Nell. (D)Ien. (1. Comentario: a afirmativa II é a unica correta. Veja as outras: I. Ao se suprimirem as virgulas do trecho A dor, juntamente com a morte, é sem divida a experiéncia humana..., 0 verbo deveré ser flexionado no plural. - Informagao errada. As virgulas nao podem ser suprimidas, pois separam um adjunto adverbial. O verbo sé iria para o plural se toda a Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) TONCUR SOT Analista e Técnico Judiciaério Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas ~ Aula 06 estrutura mudasse: a dor e a morte sao sem diivida a experiéncia humana. III. Na frase De fato, na vida cotidiana o corpo se faz invisivel, flexivel; sua espessura & apagada pelas ritualidades sociais..., 0 ponto e virgula pode ser substituido, sem prejuizo para a corregao e o sentido original, por dois- pontos. - Nesta frase, o ponto e virgula estd sendo usado para separar eragées coordenadas assindéticas, fungde que os dois pontos néo possui. Afirmacao errada. GABARITO: A Viagens Viagens de aviéo e de metré podem guardar certa semelhanga. Entre nuvens carregadas, ou tendo o azul como horizonte infinito, 0 passageiro ndo sente que esté em percurso; no interior dos tuinels, diante das velozes e uniformes paredes de concreto, 0 passageiro tampouco sabe da viagem. Em ambos os casos, val de um ponto a outro como se alguém o levantasse de um lugar para pé-lo em outro, mais adiante. Nesses casos, praticamente se impée uma viagem interior. As nuvens, 0 azul ou 0 concreto escuro hipnotizam-nos, deixam-nos a sés com nossas imagens e nossos pensamentos, que também sabem mover-se com rapidez. Confesso que gosto desses momentos que, sendo velozes, sao, paradoxalmente, de letargia: os olhos abertos veem para dentro, nosso cinema interior se abre para uma profuso de cenas vividas ou de expectativas abertas. Em tais viagens, estamos surpreendentemente sds - uma experiéncia rara em nossos dias, concordam? Que ninguém se socorra do celular ou de qualquer engenhoca eletrénica, por favor: que enfrente o vital desafio de um coléquio consigo mesmo, de uma viagem em que somos a0 mesmo tempo passageiros e condutores, roteiristas do nosso trajeto, produtores do nosso sentido. N&o é pouco: nesses minutos de intima peregrinag&o, 0 Unico compromisso é 0 de nao resistir 4 subita Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 90 Estratégia Lingua Portuguesa p/ TRT-14 (RO/AC) caurvered Analista e Técnico Judicidrio Teoria e Questdes Comentadas Prof? Rafaela Freitas - Aula 06 liberdade que nossa imaginagéo ganhou. Chegando 4 nossa estagéo ou ao nosso aeroporto, retomaremos a rotina e nos curvaremos 4 fatalidade de que as obrigagées mundanas rejam o nosso destino. Navegar é preciso, viver néo & preciso, diziam os antigos marinheiros. E verdade: hé viagens em que 0 menos importante é chegar. (Ulisses Rebonato, inédito) 16. (METRO-SP - 2014 - Analista Desenvolvimento Gestao Jiinior - Administragéo de Empresas - FCC) Atente para as seguintes frases: I. Numa viagem de metré, sentimos que o préprio tempo parece acelerar. II. Ele prefere evitar o metré, por conta de sua tendéncia claustrofébica. IIL. Ele optou pelo horario do metré, que Ihe parece mais conveniente. A supressao da(s) virgula(s) altera o sentido do que esta APENAS em: (A) Le IL. (8) Ne Il. (C) Le lll. (D) . (E) U1. Comentario: O uso da virgula é facultativo nas frases I e II. Na II, se ela for suprimida, a oracéo “que lhe parece mais conveniente” deixa de ser explicativa e passa a ser restritiva, alterando assim o sentido do periodo, GABARITO: E Leia: A guerra dos dez anos comegou quando um fazendeiro cubano, Carlos Manuel de Céspedes, e duzentos homens mal armados tomaram a cidade de Santiago e proclamaram a independéncia do pais em relagao 4 metrépole espanhola. Mas a Espanha reagiu. Quatro anos depois, Céspedes foi deposto por um tribunal cubano e, em marco de 1874, foi capturado e fuzilado por soldados espanhéis. Prof Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 90

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