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MARINA DE ANDRADE MARCONI EVA MARIA LAKATOS FUNDAMENTOS DE METODOLOGIA CIENTIFICA 7 Edigao ‘SAO PAULO EDITORA ATLAS S.A. 2010 64 Pundomentoe de Moodolgin Cention + Marcon eLattos BUNGE, Matio. La investigacién cientifica: su estrategia y su filosofia, 5. ed. Barcelo- na: Anel, 1976, Parte I, Capitulo 1, Parte I, Capftul 9. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cientfica: para uso dos estudantes universitérios, 2, ed. S40 Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. Parte 1, jo COHEN, Morris; NAGEL, Emest. Introd Buenos Aires: Amottortu, 1971. v. 2, Capitulo GALLIANO, A. Guilherme (Org). 0 método cient Harper & Row do Brasil, 1977. Capiculo 1 GOODE, William Jj HATT, Paul K. Métodos em pesquisa social. 2. ed. Sio Paulo: Na- ional, 1968. Capitulos 1, 2, 3 e4 HEGENBERG, LeGnidas, Explicapées cientifcas: introduglo & filosofia da ciéncia 2, ed, Séo Paulo: EPU: EDUSR, 1973. Cap HIRANO, Sedi (Org. Pesquisa soci 102, 1979. Parte [, Capitulo 1. KOCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia cienifica. 3. ed. Caxias do Sul: UCS; Porto Alegre: FST, 1979, Capitulos 1 € 2. MORGENBESSER, Sidney (Org.). Filosofia da cifncia. 3, ed, Sto Paulo: Culerix, 1979. én a la ligica.y al método cientifico. 2. ed. sm 5). - teoria e pritica. Sio Paulo: rojeto e planejamento. So Poulo: T. A. Quel projeto e pl NAGEL, Ernest, La estructura de la ciencia: problemas de la légica de la investigacién cientifica. 3. ed. Buenos Aites: Paidés, 1978. Capitulo 1. ERICI, Imideo Giuseppe. Introdusdo A légica. 5. ed. So Paulo: Nobel, 1978. Parte PARDINAS, Felipe. Metodologia y eéenic Siglo Veinteuno, 1969. Capitulo 2. RUIZ, Jodo Alvaro, Metodoogiacenefca: guia para efcitncia nos eatudos. Sto Pau- de investigacién en ciencias sociales. México: Iiciagdo i légica e 4 merodologia da citncia. Sio ‘TRUJILLO FERRARI, Alfonso, Metodologia da ciéncia. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capitulo 1. 4 Métodos cientificos 4.1 Conceito de método Todas as ciéncias caracterizam-se pela utilizagao de métodes cientificos; em con- trapartida, nem todos os ramnos de estudo que empregam estes métodos sao ciéncias. Dessas afirmagGes podemos concluir que a utilizacio de métodos cientificos nao € da algada exclusiva da ciéncia, mas néo hd ciéncia sem o emprego de métodos cientificos. Assim, @ método é o conjunto das atividades sisteméticas e rack maior seguranga ¢ economia, permite alcancar 0 objetivo ~ conhecimentos validos everdadeiros ~ tragando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisdes do cientista ~ 4.2 Desenvolvimento histérico do método A preocupagio em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde 0s pr mérdios da humanidade, quando as duas principais questdes referiam-se as forgas da natureza, a cuja metcé viviam os homens, e & morte. O conhecimento mitico voltou- se & explicagao desses fenémenos, atribuindo-os a entidades de carster sobrenatural. ‘Avverdade era impregnada de nogdes supra-humanas e a explicacio fundamentava-se ‘em motivagées humanas, atribuidas a “forgas” e poténcias sobrenaturais. A medida que o conhecimento religioso se voltou, também, paras explicacéo dos fendmenos da natureza e do caréter transcendental da morte, como fundamento de suas concepg6es, a verade revestiu-se de carster dogs ida divindade. E @ tentativa de explicar os aconteciment 0s deuses -, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspiragao divine, © cardter sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicagbes sobre o homem ¢ o universo, d uma aceitagdo sem critica dos mesmos, des- locando o foco das atengées para a explicagao da natureza da divindade, 66 Fundamenios Ge MetdslosisCleetfcn Marcon! e Lakatos © conhecimento filoséfico, por seu lado, volta-se para a investigegdo racional na tentativa de captar a esséncia imutével do real, através da compreensdo da forma € das leis da natureza ‘O senso comum, aliado & explicacao retigiosa ¢ ao conhecimentofiloséfico, orien- tou as preocupagées do homem com o universo, Somente no século XVI ¢ que se ini- ‘iow uma linha de pensamento que propunha encontrar um conhecimento embasado ‘em maiores garantias, na procura do real, Nao se buscam mais as causas absolutas ou f natureza intima das coisas; a0 contrério, procura-se compreender as relagées entre las, assim como a explicaco dos acontecimentos, através da observagao cientifica aliada a0 raciocinio. ‘Com 0 passar do tempo, muitas modificagSes foram feitas nos métodos exis- tentes, inclusive surgiram outros novos. Estudaremos mais adiante esses métodos. No momento, 0 que nos interessa é 0 conceico moderno de método (independente do tipo). Para tal, consideramas, como Bunge, que o método cientfico ¢ a teoria da {nvvestigagio. Esta alcanga seus cbjetivos, de forma cientifica, quando cumpre ou se prope a cumprit as seguintes etapas: +a) descobrimento do problema ot lacuna num conjunto de conhecimentos. Se o problema no estiver enunciado com clareza, passa-se & etapa seguin- te; se 0 estiver, passa-se & subsequente; b) eolocacao precisa do problema, ow ainda a recolocagao de um velho pro- ‘lema, a luz de novos conhecimentos (empicicos ou teéricos, substantivos ou metodoidgicos); © procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes a0 problema {por exemplo, dados empiricos, teoris, aparelhos de medicéo, técnicas de caleulo ou de medicéo). Ou sefa, exame do conhecido para tentar resolver yblema com auxilio dos meios identificados. passa-se para a etapa seguinte; em caso con- trario, ©) invengio de novas ideias (hipéteses, teorias ou técnicas) ou produgio de novos dados empfticos que prometam resolver o problema; 1) obtencio de uma solugao (exata ou aproximada) do problema com aux: io do instrumental conceit 0 disponivel; ® investigagdo das consequéncias da solugéo obtida. Em se tratando de uma teorla, é a busca de prognésticos que possam ser feitos com seu au Xilio. Em se tratando de novos dados, é o exame das consequéncias que possam ter para as teorias relevantes; ) prova (comprovacio) da solugio: confronto da solugdo coma to das teorias ¢ da informagio emnpirica pertinente. Se o resultado é rio, a pesquisa é dada como conclufda, até novo aviso. Do contr: se para a etapa seguintes erodoe lenifcoe 67 1D correcéo das hipéteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtengio da solugao incorreta. Esse é, naturalmente, o comeco de um novo ciclo de investigacao” (Bunge, 1980:25). ‘As etapas assim se apresentam, de forma esquemética: r { Problema ou lacuna Explicagio Nao explicagio Colaboragii precisa do problema oc Procura de conhecimento ou instrumentos relevantes ‘Tentativa de solugio Satifatéria Tne Invencio de novas ideias ou produeio de novos dados empiricos ‘Obtengéo de uma solugéo ‘Saisfatéria Nao satisfatria Concluséo a de novo ciclo (66 Pundafsentie de Metedoopl Gentflen + Marcon alate: 4.3 Método indutivo 4.3.1 Caracterizagdo Indugéo é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados parti- culares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade gerel ot universal, nko contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusdes cujo contetdo & muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam. Uma caracteristica que néo pode deixar de ser assinalada é que o argumento indutivo, da mesma forma que o dedutivo, fundamenta-se em premissas. Mas, se nos dedutivos, premissas verdadeiras levam inevitavelmente & conclusio verdadei- ra, nos indutivos, conduzem apenas a conclusées provavels ou, no dizer de Cervo e Bervian (1978:25), “pode-se afirmar que as premissas de um argumento indutivo correto sustentam ou atribuem certa verossimilhanca & sua conclusdo. Assim, quando as premissas so verdadeiras, o melhor que se pode dizer & que a sua conelusio 6, provavelmente, verdadei Bxemplos: 0 corvo 1 & negro. Ocorvo 2 é negro. O convo 3 é negro Ocowon énegto. (Code) coro & negro. Cobre condus energia, Zinco conduz energia. Gobalto conduz energia Logo, (todo) metal conduz energia. ‘Analisando os dois exemplos, podemos tirar uma série de conclusoes respeitan- tes 20 método indutivo: 2) de premissas que encerram informagbes acerca de casos ou acontecimen- tos observados, passa-se para uma conclusio que contém informagses so- bre casos ou acontecimentos nao observades; ') passa-se pelo raciocinio, dos indicios percebidos, a uma realidade deseo nhecida por eles revelada; ©) 0 caminho de passagem vai do especial a0 mais geral, dos individuos as es- péties, das espécies ao género, dos fatos as leis ou das leis especiais as leis mais gerais: esodor Centar 69 €) a extensio dos antecedentes é menor do que a da conclusio, que ¢ gene- ralizada pelo universalizante “todo”, a0 passo que os antecedentes enume- ram apenas “alguns” casos verificados; ©) quando descoberta uma relaco constante entre duas propriedades ou dois fendmenos, passa-se dessa descoberta & afirmagio de uma telacio essen- al e, em consequéncia, universal ¢ necesséria, entre essas propriedades cou fenémenos. 1.3.2 Leis, regras e fases do método indutivo Devemos considerer trés elementos fundamentais para toda indugdo, isto é, a \dugdo realiza-se em tr8s etapas (ses): @) observagio dos fenémenos ~ nessa e1apa observamos os fatos ou fend- menos € 05 analisamos, com a finalidade de descobrir as causes de sua manifestagao; b) descoberta da relacio entre eles — na segunda etapa procurames, por rermédio da comparacdo, aproximar os fatos ou fendmenos, com fina- idade de descobric a relagio constante existente entre eles; ©) generalizagio da relagdo — nesta iiltima etapa generelizamos a relagio encontrada na precedente, entre os fenémenos e fatos semelhantes, muitos das quas ainda ndo observaros (e muitos inclusive inobservaveis) Portanto, como primeiro passo, observamos atentamente certos fatos ou fendme- nos. Passamos, a seguit,& classificagio, isto &, agrupamento dos fatos ou fenémenos da mesma espécie, segundo a relagao constante que se nota entre eles. Finalmente, chegamos a uma classifieagdo, fruto da generalizagSo da relagio observada. xemplo: observo que Pedro, José, Joo etc. sio mortais; verifico a relaglo entre ser homem e ser mortal; generalizo dizendo que todos os homens so mottais: Pedro, José, Joio . . . so mortais. Ora, Pedro, José, Joao Logo, (todos) os homens so mortais. ou, © homem Pedro é mortal. O homem José é morta. O homem Joo é mortal. ‘fo homens. (Todo) laomem ¢ mortal. 70 Fundanents de MeroologleClentiien + Marcon Lakatos Para que nfo se cometam equivocos facilmente evitéveis, impéem-se trés etapas que orientam o traballo de indueio: a) « 2 de que é verdadeiramente essencial a relagéo que se pretende ‘generalizar ~ evita confusdo entre o acidental ¢ 0 essencial; b) assegurar-se de que sejam idénticos os fenémenos ou fatos dos quais se pretende generalizar uma relagio ~ evita aproximagées entre fendmenos € fatos diferentes, cuja semelhanga é acidentals ©) nao perder de vista 0 aspecto quantitativo dos fatos ou fenémenos ~ im- pée-se esta regra, jé que a ciéncia ¢ primordialmente quantitativa, motivo pelo qual é possfvel um tratamento objetivo, matematico e estaistico, ‘As etapas (fases) e as regras do método indutivo repousam em “leis” (determi- nismo) observadas na natureza, segundo as quais: a) “nas mesmas circunsténcias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos"; jue é verdade de muitas partes suficientemente enumeradas de um su- Jjeito, é verdade para todo esse sujeito universal” (Nérici, 1978:72). ‘uma observagio: 0 “determinismo” da natureza, muito mais obser- vével no dominio das ciéncias fisicas e quimicas do que no das biolégicas e, princi- palmente, sociais e psicoldgicas, é um problema propriamente filoséfico, mais espe- cificamente, da filosofia das ciéncias, pois, no dizer de Jolivet (1979:89), trata-se de justificar o princfpio do determinismo, sobre o qual se Fundamenta a inducéo. A utilizagdo da indugdo leva & formulagéo de duas perguntas: 2) Qual a justficativa para as inferéncias indutivas? A resposta é: temos expectativas e acreditamos que exista certa regularidade nas coisas, e, por ‘este motivo, 0 futuro serd como 0 passado. b) Qual a justficativa para a crenca de que o futuro seré como o passa- 0? So, principalmente, as cbservagées feitas no passado. xemplo: se 0 sol vem “nascendo” hé milh6es de anos, pressupde-se que “nascerd” ama- nha, Portanto, as observagSes repetidas, feitas no passado, geram em nés fa expeciativa de certa regularidade no mundo, no que se tefere 2 fatos f fendmenos, Por este motivo, analisando-se varios casos singulares do mesmo género, estendem-se a todos (do mesmo género) as conclusées baseadas nas observacées dos primeiros, através da “constancia das leis da natureza” ou do “principio do deterministn Para Jolivet (197989), “o problema da indugo cienifca é apenas um caso par- ticular do problema geral do conhecimento abstato, lei ciantifica nao & mai do que um fato geral, abstraido da experiéncia sens 43.3 Formas de indugao ‘A indugéo apresenta duas formas: 8) Completa ou formal, estabelecida por Aristételes, Bla nfo se induz de alguns casos, mas de todos, sendo que cada um dos elementos infeiores é comprovado pela exper : as faculdades sensi € téctil séo organica exteriores visual, ai logo, toda faculdade sensitiva exterior é Segunda, terga, quarta, quinta, sexta, sdbado e domingo tém 24 horas. Ora, segunda, tera, quarta, quinta, sexta, sébado e domingo séo dias da semana Logo, todos os dias da semana tém 24 horas. Como esta espécie de indugao nao leva a novos conhecimentos, é est no passando de um processo de colecionar coisas j& conhecidas e, por 10, nao tem influéncia (importineia) para o progresso da ciéncia. b) Incompleta ou cientifica, criada por Galileu ¢ aperfeicoada por Francis Bacon. Nao deriva de seus elementos inferiores, enumerados ou provados pela experiéncia, mas permite induair, de alguns casos adequadamente ob- servados (Sob citcunstancias diferentes, sob varios pontos etc), e 8s vezes de uma sé observacio, aquilo que se pode dizer (afirmar ou negar) dos res- tantes da mesma categoria, Portanto, a induslo cientifica fundamenta-se na cause ou na lei que rege 0 fendmeno ou fato, constatada em um nimero significativo de casos (um ou mais) mas no em todos. Mercirio, Venus, Terra, Marte, Jipiter, Saturno, Urano, Necuno e Pluto nao tém brilho prépro. Ora, Merciitio, Venus, Terra, Marte, Jipiter, Saturno, Urano, Netuno e Plu- ‘do so planetas. Logo, todos os planetas nao tém britho proprio. Referente 20 aspecto do mérodo uum 86, Cohen e registram uma indagagio de ca de por que, maitas, 1do de casos verificados (observados, analisados) se apresenta insuficiente para estabelecer uma adequada generalizacio (Por exemplo, que todos 0s corvos so negros), quando, em outras ocasides, pow 05 casos (e até um) slo suficientes para as que certos tipos de fungos so venenosos)? “Por que em alguns casos € sufi lum s6 exemplo para realizar ume inducdo perfeita, enquanto em outros, mi de exemplos coincidentes, acerca dos quais nfo se conhece ou se presume uma s6 excegao, contribuem muito pouco para estabelecer uma proposigéo universal?” Os ivo, de necessitar de muitos eas "72 pundamentos Ge Mendologa Clesfien * Marconi takator anutores respondem a esta indagagio assinalando que, “se bem que nunca testar completamente segutos de que um caso verificado seja urna amostra ide todos os casos possiveis, em algumas circunstancias a probabilidade seja verdade é muito alta, Tal acontece quando 0 objeto de investigagio é homosé reo em certos aspectos importantes. Porém, em tais ocasibes, toma-se desnecessario repetir um grande mimero de vezes o experimento confirmatdrio de generalizagzo, pols, seo caso verificado é representativo de todos os casos possvels, codos eles so {gualmente bons. Dois casos que néo diferem em sua natureza representativa contam simplesmente como um s6 caso". Regras de indugio incompleta: 2) 0 casos particulares devem ser provados e experimentados na quantidade suficiente (e necessérla) para que possamos dizer (ou negar) tudo o que sexé legitimamente aficmado sobre a espécie, género, categoria ete b) com a finalidade de poder afirmar, com certeza, que a propria natureza ida coisa (fato ou fendmeno) & que provoca a sua propriedade (ou aco), fal de grande quantidade de observagies e experiéncias, é também ne ‘eseirio analisar (e destacat) a possbilidade de variagbes provocadas por ‘circunstancias acidentais. Se, depots disso, a propriedade, a agio, 0 fato ou 0 fendmeno continuarem a se manifestar da mesma forma, é evidente ou, melhor dizendo, é muito provavel que a sua causa seja a propria natureza da coisa (Fato ob fendmenco), Pata Souza et al. (1976:64), a forca indutiva dos argumentos por enumeragao tem como justificativa os seguintes principios. a) quanto maior a amostra, maior a forga indutiva do argumento; ') quanto mais representativa a amostra, maior a forga indutiva do argu- mento.” Sendo a amostra fator importante para a forga indutiva do argumento, devemos cexaminar alguns casos em que problemas de amostra interferem na legitimidade da inferéncia: ite: ocorre a faldcia da amostra insuficiente quando @ a) Amostra insui ‘feita a partic de dados insuficientes para sustentar generalizagio essa generalizacio. Bxemples: geralmente, preconcei 50s ou de nacionalidade desenvolvem-se (em pessoas predispostas) a partir da observagao de um fu alguns casos desfavordveis, a partic dos quais se fazer amplas genera” TizagGes, abrangendo todos os elementos de uma categoria. Bm tum pee: no vilarejo do Estado de So Paulo, de 150 moradores, em determinado dno, duas pessoas motreram: uma, atropelada por wma carrosa puxada & Metodos Clee 73 burro e a outra, p da populacio que om alunos dos colégios de Joso Pessoa: 40 foram pesqlcades, de dln escola, apresentaram quociente aca Pela amostra insuficiente néo se pode: See Sato Pessoa possuem um Qt ene 90110, 9) Amostra fendenciose: a falécia da estaticatendenciosa ovorre a geerlzato dav se Basel ma amos ao represses entativa (1978:83) cita o famoso exemplo da prévia elei Digest, em 1936, quando Landon c Roose mncia dos EUA. A revista distribuiu cerca de der n. indagando da preferéneiaeletoral, erecebeu de vole, is mikes e duzentas ecinguenta mil A amostn got a 08 objetivos, mas os resultados foram deca’ toral, desvios ocorreram na pesquisa, amb den squss, ambos causais pela clase socioceondee ¢2 dos ivesigados as pata 0 eno das papel erm setindy dels eénizas ede propio de aiomavel, da mesma fa ea sma nova “seleao” se processou entre os que develveram @ : abonader) ¢08 que no a devolveram. ba case sosioeundtnes eres amostra era mais favordvel a Landon. Pu 4.4 Método dedutivo 4.4.1 Argumentos dedutivas e indutivos Dois exemplos server para i eet para tlustrar a diferenga entre argumentos dedutivos e Dedutivo: Todo mamifero tem um coragao. Indutivo: ‘Todos os cies que foram observados tinh Logo, todos as cées tém um coragéo, ‘Segundo Salmon (1978:30-31), as di as dans caractersticas bles ge di ‘argumentos dedutivos dos indutivos sdo: ete 74 Pundeeecor de etd larcont e Lakatos DEDUTIVOs INDUTIVOs I. Se todas as premissas 1. Se todas as premissas s80 so verdadeiras, @ con verdadeiras, a concluséo ‘lusiio deve ser verda- & provavelmente verda- deira, deira, mas nao necessa- riamente verdadeira, A conclusio encerra in: formagao que nao esta- va, nem implicitamente, nas premissas. Tl, Toda a informagdo ou contetido fatual da con- clusio j4 estava, pelo ‘menos implicitamente, nas premissas, Caracteristiea I. No argumento dedutivo, para que a conclusze “todos os cfes tm um coracéo” fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou ‘nem todos 06 ces so mamiferos ou nem todos os mamiferos tém um coragéo. Por ‘outro lado, no argumento indutivo & possivel que a premissa seja verdadeira e a con- lusio falsa: 0 fato de nao se ter, até o presente, encontrado um céo sem coragio, niio € garantia de que todos os cées tém um coragéo. Caracteristica HI. Quando a concluséo do argumento dedutivo afirma que todos os cées tém um coragiio, estd dizendo alguma coisa que, na verdade, jé tinha sido dita nas premissas; portanto, como todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia de modo explicito a informagio jf contida nas premissas. Dessa forma, se a conclu: s4o, a rigor, nfo diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira se as premissas ‘© forem. Por sua ver, no argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos ces 4é observados, ao passo que a conelusdo diz respeito a ees ainda nao observados; portanto, a conclusdo enuncia algo ndo contido na premissa. E por este motivo que ‘aconcluso pode ser falsa ~ pois pode ser falso o conteiido adicional que encerra -, mesmo que a premissa seja verdadeira, 0s dois tipos de argumentos tm finalidades diversas - 0 dedutivo tem 0 pro- pésito de explicar 0 contetido das premissas; o indutivo tem 0 designio de ampliar © alcance dos conhecimentos. Analisando isso sob outro enfoque, ditiamos que o3 argumentos dedutivos ou estfo corretos ou incorretos, ou as premissas sustentam de modo completo a conclusio ou, quando a forma é logicamente incorreta, nao a sustentam de forma alguma; portanto, no ha graduagies intermedidtias. Contra- riamente, os argumentos indutivos admitem diferentes graus de forga, dependendo ‘dade das premissas de sustentarem a concluséo, Resumindo, os argu- mentos indutivos aumentam o conteiido das premissas, com sacrificio da preciso, ‘a0 passo que os argumentos dedutivos sacrificam a ampliagéo do conteiido para atingir a “certeza”. 0s exemplos inicialmente citados mostram as caracteristcas € a diferenga entre (0 argumentos dedutivos e indutivos, mas no expressam sua real importncia para wdeodoe Cintces 75 a cigncia, Dois exemplos, também tomados de Salmon, ilustram sua aplicagio signi- fcativa para o conhecimento cientifico. A relagio entre a evidéncia observacional e a generalizacio cientifica € de tipo indutivo, As vétias observagées destinadas a determinar a posigéo do planeta Marte serviram de evidéncia para a primeira lei de Kepler, segunda a qual a érbita de Marte eliptica. A lei zefere-se & posigéo do planeta, observada ou néo, isto é ‘0 movimento passado era eliptico, o futuro também o seré, assim como o é quan. do o planeta nao pode ser observado, em decorréncia de condigies atmosféricas adiversas. A lei ~ concluséo ~ tem contetido muito mais amplo do que as premissas = enunciados que descrevem as posigSes observadas. Por sua vez, os argumentos matemaéticos sio dedutivos. Na geometria eu do plano, 0s teoremas so todos demonstrados a partir de axiomas e postulados; apesar do contetido dos teoremas jé estar fixado neles, esse contetido esté longe de ser Obvio, 4.4.2 Argumentos condicionais Dentre as diferentes formas de argumentos dedutivos, que 0 estudante pode a chamada “afirmagio do antecedente” “negagdo do consequente (modus tolls). O primeiro tem a seguinte forma: Se p, entio g. 5 ra, p. Endo, ¢. Denomina-se “afirmagdo do antecedente”, porque a primeira premissa é um cenunciado condicional, sendo que a segunda coloca o antecedente desse mesmo con- icional; 2 conclusao é o consequente da primeira premissa. Exenaplos: Se José tirar nota inferior aS, seré reprovado, José trou nota inferior a S. ‘José serd reprovado. Se uma crianga for frustrada em seus esforcos para conseguir algo, entdo rea- gird através da agressio. Ora, esta crianga sofrew aio. Entio, reagiré com agressio. 78 Pundamestos de Metotaogi s+ Marcon tataoe Nem sempre os argumentos so colocados na forma-padréo, mas podem ser re duridos a ela. Exemplo: Esta sociedade apresenta um sistema de castas? Apresentard riamente especializados, hierarquicamente sobre- se opuser, ao mesmo tempo, as misturas de sangue, as conquistas de posico e as mudancas de oficio. Como tudo isso aparece nesta sociedade, a resposta é “sim". Ou: Se uma sociedade for dividida em grupos hereditariamente especializados, hierarquicamente sobrepostos e mutuamente opostos; se s¢ opuser, a0 ‘mesmo tempo, as misturas de sangue, as conquistas de posigao e as rus dangas de oficio, entdo a sociedade vera um sistema de castas. (Ora, esta sociedade apresenta tais caracteristicas. Entdo, € uma sociedade de castas. © segundo tipo de argumento condicional valido tem a seguinte forma: Se p, entio ¢. Ora, no q. Entéo, ndo p. ‘A denominagio de “negacio do consequente”, para este tipo, deriva do fato de {que a primeira premissa € um condicional, sendo a segunda uma negacio do conse- ‘quente desse mesmo condicional. Exemplos: Se a dgua ferver, entio a temperatura alcanga 100°, A temperatura no aleangou 100®. Entio, a égua nao ferverd Se José for bem nos exames, entio tinha conhecimento das matérias, Ora José nao tinha nenhum conhecimento das matérias. Entéo, José ndo foi bem nos exames. Salmon (1978:42) cita um exemplo tirado da peca de Shakespeare, Julius Cae- + que ndo apresenta a forma:padréo e omite uma premissa; contudo, torna-se fécil lentificé-la: le ndo tomaria a coroa. Logo, é certo que ele ndo era ambicioso, ou Se César fosse ambicioso, entio teria tomado a coraa. ra, ele néo tomou a coroa. Entdo, César no era ambicioso, 4.5 Método hipotético-dedutivo Para Karl R, Popper, o método cientifico parte de um problema (P,), 20 qual se oferece uma espécie de solugéo proviséria, uma teoria-tentativa (IT), passando-se depois a criticar a solugao, com vista &eliminacto do erro (BE) e, tal como no caso da dlialética, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a noves problemas (P). Posteriormente, diz 0 autor, “condensei o exposto no seguinte esqitemta: PEE errr eee Here G.) Bu gostaria de resumir este esquema, dize mina com problemas” (1977:140-141). J tinha es tentado desenvolver a tese de que o método cientifico consiste na escolha de pro- Dlemas interessantes e de nossas permanentes tentaivas experiments € provisérias de solucioné-tos® (1975:14) que a ciéneia comega ¢ ter- em outro lugar: “eu tenho 4.5.1 Etapas do método hipotético-dedutivo segundo Popper © esquema apresentado por Popper no item anterior poderd ser expresso da seguinte maneira: EXPECTATIVAS ou | ‘CONHECIMENTO /PROBLEMA| ene FALSEAMENTO PREVIO Portanto, Popper defende estes momentos no processo investigatério: problema, que surge, em geral, de conflitos ante expectativas € eorias exis tentes; solugio proposta consistindo numa conjectura (nova teoria); dedugao de consequéncias na forma de proposigées passivels de teste; testes de falseamento: tentativas de refutacao, entre outros meios, pela ob- servagdio € experimentacéo, 78 Fundanentor de Metoaloia Canticn + Macon lakaot Se a hipdtese ndo supera os testes, estard falseada, refutada, e exige nova re- formulagéo do problema e da hipdtese, que, se superar os testes rigorosos, estar corroborada, confirmada provisoriamente, néo defi duti Einstein vem em auxflio desta cara‘ Popper nestes termos: “na medida em qi lidade, ele tem que ser falsedvel; na medida em que nao é fal realidade” (Popper, 1975a : 346). De forma completa, a proposi¢io de Popper permite a seguinte esquematizagao: ace, Conrado ou blame se refere & rea. 1, no se refere & Conjecras, Slugs ou Hips Conequtncns seve Enuncinoe dedsaiee “Tenia de alee sagem ‘alc dos Resadce ‘Avan dae Confers, Saloon Hips alu Conoborago si) tao reg) estos Ch ” A observacéo nfo é feita no vécuo. Tem papel decisivo na ciéncia, Mas toda obser- é ima hipétese, enfim, algo tesrico. A observagio rio de selesdo as “expectativas inatas”, $4 pode ita a partir de alguma coisa anterior. Esta coisa anterior € nosso conhecimento ‘révio on nossas expectativas. Qualquer observagao, escreve Popper, “é uma ativida- decom wm objetivo (encontrar ou verificar alguma regularidade que foi pelo menos Sogamente vislumbrada); trata-se de uma arividade norteada pelos problemas e pelo contexta de expectativas Chorizonte de expectativas’”. “Néo hé experiéncia passiva. ‘Néo esiste outra forma de percepgo que nao seja no contexto de interesses e expec- tativas,e, portanto, de regularidades € leis. Essas reflexes levaram-me & suposigao de que a conjectura ou hipétese precede a observacio ou percepeo; temos expecta- tivas inatas, na forma de expectativas latentes, que hio de ser ativadas por estimulos 05 quais reagimos, vie de regra, enquanto nos empenhamos nz exploragéo ativa, ‘Tudo aprendizado € uma modificagao de elgum conhecimento anterior” (1977:58 Podemos dizer que o homem & programado geneticamente ¢ possui 0 que se chama imprintagfo, Os filhotes dos animais possuem um mecanismo inato para che- gar a conclusées inabaliveis, A tartaruguinha, 20 sair do ovo, corte para o mar, sem suém té-la advertide do perige que a ameaca se nao mergulhar imediatamente na ‘animal, quando nasce no mato, sem ninguém té-lo ensinedo, corre e procura 0 lugar apropriado da mée para alimentar-se; o recém-nascido tem expectativas de arinho e de alimento. Os processos de aprendizagem, pode dizer-se sempre, consis- sm na formacio de expectativas através de tentativas e erros (1977:50). Concluindo, nascemos com expectativas e, no contexto dessas expectativas, & se dd a observagao, quando alguma coisa inesperada acontece, quando algurna expectativa é frustrada, quando alguma teoria cai em dificuldades. Portanto, a ob- servaco néo & o ponto de partida da pesquisa, mas um problema, O erescimento do conhecimento marcha de vethos problemas pata novos por intermédio de conjecturas ce refutagées. 45.1.1 Problema A primeira etapa do métado proposto por Popper é 0 surgimento do problema. Nosso conhecimento consiste no conjunto de expectativas que formam como que uma moldura. A quebra desta provoca uma dificuldade: o problema que vai desenca- dear a pesquisa. Toda investigacdo nasce de algum problema tebrico/pratieo sentido. Bete dird o que ¢ relevante ov te observar, os dados que devem ser selecions- dos. Esta selegdo exige uma hipétese, conjectura ¢/ou suposicéo, que servird de guia 40 pesquisador. “Met ponto de vista é de (..) que a ciéncia parte de problemas; que tativas que fazemos para compreender o mundo "que consiste em grande parte de expectativas ou teorias, e tambéin em parte em conhecimento derivado da observacio ~ embora ache que nao existe conhecimento derivado da observacao pura, sem mescla de teorias € expectativas)” (5.4180). 80 Fondass ia Cietiea + Marco 4.5.1.2’ Conjecturas Conjectura é uma solugio proposta em forma de proposi&o passivel de teste, direto ou indireto, nas suas consequéncias, sempre dedutivamente: "Se . .. ento, ‘Verificando-se que o antecedente (“se”) é verdadeiro, também o ser forgosamente 0 ‘consequente (“ento"), isto porque o antecedente consiste numa lei geral e 0 conse- quente é deduzido dela, Eeemplo: se ~ sempre que ~ um fio é levado a suportar um peso que excede Aquele que caracteriza a sua resistencia & ruptura, ele se romperd (lei peso para esse fio é de um quilo e a ele foram presos dots quilos (con- is). Deduzimos: este fio se romperd (enunciado singular) (1975a:62) A conjectura é langada para explicar ou prever aquilo que despertou nossa cutio- sidade intelectual ou dificuldade teérica e/ou prética. No oceano dos fatos, 36 aquele que langa a rede das conjecturas poderd pescar alguma coisa As duas condigBes essenciais do emunciado-conjectura (hipéteses) sto a “eompa- ibilidade” com o conhecimento existente e a “falseabilidade”. 4.5.1.3 Tentativa de falseamento Nesta terceira etapa do método hipotético-dedutivo, realizam-se os testes que de falseamento, de eliminagao de ertos. Um dos meios de ‘inico, é a observacio e experimentacdo. Consiste em falsear, isto ar falsas as consequéncias deducidas ou derivaveis da hipécese, mediante o ‘modus tollens ou seja, “se p, entdo q, ora ndo q, entéo nao p", ou seja, seq é deduzfvel de p, mas q & falso, logicamente, p é also. Quanto mais falsedvel for uma conjectura, mais cientifica serd, e ser mais fal- sedvel quanto mais informativa e maior conteido empfrico tiver. Eremplo: choverd” ¢ uma conjectura que informa muito pouco (quando, como, onde et por conseguinte, dificil de falsear, mas também sem maior importancia. Nao é facil: te informativas sao as que intereseam & ciéncia, "Ever supesigdes que de fato estamos em contato com are ‘Aindugo ent a odo cust, confirma, verfca a hip dos os casos concretos afirmativos possiveis. Popper, ao contririo, procura evidéncias empitias para tomn‘la alsa, para derrubéla E claro que todos os casos positives coletos nao confirmardo, como quer a indo; por, um tnio caso negativo possivel. Se a conjectura resistr a testes severos, estaré “corzoborada” a, como querem os indutivistas. Mésdoe Ciences 81 0 termo “corroboragao” 6 o correto. Confirmar uma hipétese é utdpico, pois te- nos de acumular todos os casos positivos presentes, passados e futuros. Coisa im- |. No encanto, diremos que a no descoberta de caso concreto negativo corro- oranda hipérse, 0 que, como afftma Popper, no excede oni , porquanto superot todos os testes, porém, nfo defi pois poderé surgir um fato que a invalide, como tem acontecido com muitas leis ¢ teorias na histéria da ciéncia, ‘Toda hipdtese é vélida conquanto nfo se recuse a submeter-se ao teste em- ico ¢ intersubjetivo de falseamento. Intersubjetivo, defende Popper, porque a ividade nao existe: “Direi que a objetividade dos enunciados cientificos esta no fato de que podem ser testados intersubjetivamente”, isto é, por meio da critica 1975a:44-45), 5.2 O método hipotético-dedutivo segundo Bunge Para Bunge (1974a:72), as etapas desse método séo: a) Colocagao do problema: + reconhecimento dos fatos — exame, classificagio preliminar e selegio dos fatos que, com maior probabilidade, so relevantes no que respeita a algum aspecto; + descoberta do problema ~ encontro de lacunas ou incoeréncias no s2- ber existente; + formulagao do problema - colocagao de uma Guestfo que tenha al ma probabilidade de ser correta; em outras palavras, redugo do proble- ‘ma a um niicleo significativo, com probabilidades de ser colucionado ¢ de apresentar-se frutifero, com 0 auxilio do conhécimento dispontvel. ¥) Construgéo de um modelo tebrico: + selegio dos fatores pertinentes — invengfo de suposiqées plausiveis que se relacionem a variveis supostamente pertinente weno das hipéteses centrais e das suposigles auxiliares ~ pro- posta de um conjunto de suposigées que sejam concementes a supostos as varidveis (por exemplo, enunciado de lets que se espera possam amoldar-se aos fatos ou fenémenos observades). ©) Dedugio de consequéncias particulares: + procura de suportes racionais ~ deducéo de consequéncias particule res que, no mesmo campo, ou campos contiguos, possam ter sido veri- ficadas; stetaior + procura de suportes empiricos ~ tendo em vista as verificagées disp. niveis ou concebiveis, elaboragao de predigées ou retrodigées, tendo pot base © modelo tedrico e dados empiticos. 4) Teste das hipsteses: + esbogo da prova ~ planejamento dos meios para por & prova as pre {es € retrodigdes; determinacio tanto das observagées, medi perimentos quanto das demais operagées instrumentais; + execugio da prova - realizagéo das operacées planejadas e nova coleta de dados; + elaboragéo dos dados ~ procedimentos de io e outros, referentes aos dados empiricos col ificagio, andlise, redae dos; + inferéncia da conclusio ~ & luz do modelo te6rico, interpretacko dos dados jéelaborados. ©) Adigdo ou introdugao das conclusdes na teoria: + comparacdo das conclusdes com as predigées € retrodigdes - con- ‘waste dos resultados da prova com as consequéncias deduzidas do mo- elo tedrico, precisando o grau em que este pode, agora, ser considera. do confirmado ou ndo (inferéncia provavel + reajuste do modelo — caso necessério, event modelo; + sugestdes para trabalhos posteriores ~ caso o modelo nao tenha sido ‘onfirmado, procura dos erros ou na teoria ou nos procedimentos emy ricos; caso contrério — confirmacio -, exame de possiveis extensdes ou desdobramentos, inclusive em outras éreas do saber. corregao ou reajuste do 4.6 Método dialético 4.6.1 As leis da dialética Os diferentes autores que interpretaram adialética ista no esto de acor- do quanto ao nimero de leis fundamentais do método dialtico: alguns apontam trés quatro. Quanto & denos estas também ‘variam, Numa tentativa de unificagao, diriamos que as quatro leis fundamentais so: a) agHo reeiproca, unidade polar ou “tudo se relac ) mudanca dialética, negacio da negacéo ou “tudo se © passagem da quantidade & qualidade ou mudanga qu 4) interpenetracio dos contrérios, contradic ou luta dos contrétios. MésotoeCeniioos 83 46.1.1 Ago reciproca dda metafisica, que concebe 0 mundo como um conjunto de coisas ica 0 compreende como um conjunto de processos. Para Engels Gr: 79:214), a dialética € a “gran idamental segundo a qual 0 mundo néo deve ser considerado como um complexo de coisas acabadas, mas como uum complexo de processos em que as coisas, na aparéncia estéveis, do mesmo modo ‘que 03 seus reflexos intelectuais no nosso eétebro, as ideias, passam por uma mu- danga ininierrupta de devir e decadéncia, em que, finalmente, apesar de todos 03 Jnsucessos aparentes e retrocessos momentaneos, uim desenvolvimento progressive acaba por se fazer hoje’. Portanto, para a dialética, as coisas nao so analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento: nenhuma coisa esté “acabada”, encontrande-se sempre em vias dese transformar, desenvolver; 0 fim de um processo & sempre o comeso de outro. Por outro lado, as coisas néo existem isoladas, destacadas uma das outras e inde- pendentes, mas como um todo unido, coerente. Tanto a natureza quanto a sociedade sto compostas de objetos e fenémenos organicamente ligados entre si, dependendo tuns dos outros e, ao mesmo tempo, condicionando-se reciprocamente. In: Politzer et a., s.d.:37) refere-se a esta incerdependéncia e ago reci- ptoca, indicando ser por esse motivo “que o método dialético considera que nenhum fendmeno da natureza pode ser compreendido, quando encarado isoladamente, fora 3s fendmenos circundantes; porque, qualquer fendmeno, néo importa em que do- rminio da nacureza, pode ser convertido num contrassenso quando considerado fora das condigées que 0 cercam, quando destacado destas condigées; a0 contrétio, qual- quer fendmeno pode ser compreendido ¢ explicado, quando considerado do ponto de vista de sua ligagio indissolivel com os fenémenos que o radeiam, quando conside- rado tal como ele é, condicionado pelos fendmenos que o circundam”, Politzer etal. (5.d.:38-39) citam dois exemplos préticos, referentes & primeira lei do método dialético. Determinada mola de metal no pode ser considerada & parte do universo que a rodeia. Foi produzida pelo homem (Sociedade) com metal extraf- do da terra (natureza). Mesmo em repouso, a mola nao se apresenta independente do ambiente: atuam sobre ela a gravidade, 0 calot, a oxidacéo ete., condigdes que podem modificé-a, tanto em sua posigo quanto em sua natuteza (ferrugem). Se tum pedaco de chumbo for suspenso na mola, exercerd sobre ela determinada forga, distendendo.a até seu ponto de resistincia: 0 peso age sobre a mola, que também todo, em que ha interacdo e conexao reci- formada por moléculas ligadas entre si por uma forca de atragao de além de certo peso, nao podendo distender-se mais, a mola se quebra, ‘0 rompimento da ligaco entre determinadas moléculas. Portanto, endida, a distendida e a rompida apresentam, de cada vez, um tipo nte de ligagoes entre as moléculas. Por sua ver, se a mola for aquecida, haverd ‘modificagao de outro tipo entre as moléculas (dilatagio). “Diremos que, em sua natureza € em suas deformagies diversas, 2 mola se constitut por interapto dos milhées de moléculas de que se compe. Mas a propria interacfo esté condicionada age sobre o peso; mola e peso formam_ roca, A mola io ambiente: a mola e 9 ‘meio que a rodeia formam um todo; ha entre eles ago recfproca.” © segundo exemplo enfoca a planta, que fixa 0 oxigénio do ar, mas também interfere no gés carbdnico e no vapor d’dgua, ¢ essa interagéo modifica, ao mesmo tempo, a planta e oar. Além disso, utilizando a energia fornecida pela luz solar, opera uma sintese de matérias orgénicas, desenvolvendo-se. Ora, esse processo de desen- volvimento transforma, também, o solo. Fortanto, a planta nfo existe a ndo ser em uunidade e aco reciproca com 0 meio ambiente, Em restimo, todos os aspectos da realidade (da natureza ou da sociedade) pren. dem-se por lagos necessirios e reciprocos. Essa lei leva & necessidade de avaliar uma sitwagdo, um acontecimento, uma tarefa, uma coisa, do ponto de vista das condigées ‘que 08 determinam e, assim, os explicam. 46.1.2 Mudanca ‘Todas as coisas todo 0 movimento reflexos no cérebro (ideias). Se rodas as se desenvolvem, significa que constituem processos, e toda exti tum processo, como jé vimos. Esta lei é verdadeira para Porém, 20 unificar-se, 0 movimento absoluto coincide com o repouso abs ‘Todo movimento, transformagdo ou desenvolvimento opero-

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