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HOMEOPATIA POPULAR COMUNITARIA: Iniciago a Teoria e Pratica Edna Fernandes do Amaral e Luiz Augusto Passos Culabé., Fevereiro de 2011 AGRADECIMENTOS A Populariza¢io da Homeopatia no Brasil teve seu inicio com Bento Mure que a levou até as comunidades e a colocou nas mos daqueles gue realmente tinham necessidade de se importar com a qualidade de vida € satide de todos, era uma questo de sobrevivéncia, O povo institulu @ preservou 2 homeopatia pela homeopatia popular. Apés antas crises ¢ tantas resist8ncias em sua historia, veja 0 relato neste livro de GOES, a partir das pesquisas de Madel Luz, a homeopatia se manteve € hoje floresce. Ressaltamos © papel fundamental das Sociedades Espiritas, militares, professores, religiosos e dos mascates ‘na distribulgdo das boticas homeopsticas, no Brasil.O IPESP— Institute Pastoral de Educago em Satide Popular — nascido em Cu bd, Mato Grosso, lanca desde os inicios da Pastoral da lgreja do Rosério, ro final hada de organizac3o comunitéria na luta pelo direito & satide popular como prética legitima das comunidades, A sade era entendida como campo de direitos, utilzando o conhecimento € o trabalho comunitérios de parteiras, raizeiros em busca da necesséria autonomia. No reconhecimento das praticas Populares de cuidados com a satide no fazia distingSo entre elas desde a fitoterapia (os chazinhos das mamaes e vovés) até homeopatia que despontou em nossas pesquisas na meméria doe antiges, como uma terapia de grande valor no meio popular, que foi Praticamente erradicada perante as press6es dos grandes laboratorios alopaticos @ da ago dos céticos da homeopatia. Ela resistia nos Centros espiritas, nos trabalhos isolados de pessoas que a traziam de <252, , raramente por médicos e médicas, alguns pela cultura espirita ue traziam, em agdes nos Centros de satide. Desde 1979, a organizacdo comunitéria para prestacio de servicos de orientagao e tratamentos, de promocdo da sade nos diversos Estados do Pats tem se alargado gracas aos Agentes Populares de Satide, com énfase aos Agentes de Pastoral da Saude de diversas confisses religiosas @ de terapeutas naturistas, cada vez mais dedicadoe 20 estudo e integracdo das praticas populares, entre elas, a homeopatia Popular. A criagdo da ABHP em 1986, a partir do IPESP, foi um grande Passo para que a Homeopatia no meio popular tenha avancado. Aos sécios da ABHP, devemos todo © mérito do crescimento da Homeopatia popular comunitaria, articulada com @Associaco, somos hoje mais de 1000 sécios atuando em diversas regiSes do Pals, gracas ainda a certa globalizacdo via Internet, articulamos uma grande rede ius resiste as condigées de perseguicéo que 0 Capital implanta, inclusive sobre o Estado, no pais. Nao podemos deixar de agradecer também aos tantos Brupos, assoclagBes, universidades e pessoas que tém se dedicado em divulgar a homeopatia e, inclusive ‘Contribuir para que junto ao Ministé: ioda Satde possamos hoje contar com uma portaria de inserc3o das Praticas Integrativas e Complementares de Satide no ‘SUS (PORTARIA No- 971, DE 3 DE MAIO DE 200¢ consideramos como resultado das lutas populares. Asradecemos ainda aqueles colaboradores que desde 2 primeira Edigdo contribuiram para que este instrumento de trabalho ¢ formagao pudesse ser construido e possibilitasse o acesso de tantas Pessoas 0s conhecimentos basicos da homeopatia, despertando interesse no tratamento homeopético e conseqiientemente na lute Pelo direito ao acesso da mesma nos servicos piiblicos de saiide SAUDE - BEM ESTAR OU LUTA? Prof. Dr. Luiz Augusto Passos ~ Assessor ~ABHP Para nds, 0 conceito de sade atinge desde a menor célula do corpo, até a grande organizacio da sociedade. Ora, se a sate é 0 “resultado das condigdes de organizagéo de uma determinada sociedade”, na sociedade enferma em que vivemos satide no é bem estar, SAUDE E LUTAL(Dr. José Renan Esquivel). Quando uma célula € incapaz de dar e receber, e de estabelecer continuas trocas com o meio com o qual vive, ela se deteriora, Se uma Pessoa humana se fecha no seu mundo, sem distribuir, sem intercambiar, sem se relacionar, estaré a caminho da loucura ¢ de autodestruicgo. Quando uma célula acumula em seu interior certos tipos de elementos os quais so desnecessérios a sua Sobrevivencia, ela ficaré intoxicada. Quando uma pessoa junta para si bene Gesnecessarios, destréi-se com seu egolsmo, sua vida e a dos outros, estd louca e enferma. Quando uma célula quiser manter-se inalterada, sem acolher as ransformages metabdlicas, morrerd por esclerose. Quando uma Pessoa buscar perpetuar-se, reeitando adaptar-se as transformagées ue as cercam, incapaz de recriar-se e renovar, morrerd por auséncia Ge metabolismo que carece das relagSes com 0s outros e © mundo, regredindo pela amargura de no acolher com humildade Provisoriedade do seu tempo. Quando uma célula rejeitar a morte, incapaz de aceitar a sucesso, impedird a circulacdo sanguinea e a respiracao interna das células mais novas, ela morreré necrosada, destruindo 0 tecido na qual esté, matando a vida de outras tantas. Isto que vale para o ser humano vale. Para todo o sistema social, Se um e outro rejeitar a dinémica da sucesso e quiser Preservar-se a qualquer preco, sendo incapaz de acolher a diferenca para reservar indefinidamente 0 status quo sem as necessérias adaptagdes e transformagies, levard, dentro de si, uma doenca mortal e contagiante. A doenca, na célula, constitui-se pela auséncia de trocas, na acumulacZo, na supressio do movimento ou na incapacidade de adaptar-se, de morrer para ceder espaco 3 VIDA NOVA. Da mesma forma, esta é a doenca do sistema capitalista gerador de MISERIA, de DOENCA e de MORTE, que sufoca e extermina os paises de terceivo auarto mundo. Se SAUDE € LUTA em nivel de célula, é esta mesma LUTA que precisa estar presente no sistema politico, econdmico ¢ social de nossos paises. Acreditamos que a mudanca e 0 movimento séo oportunizados pelo Ininterrupto fluxo da vida. A célula, para alimentar-se, tem antes “fome", seus pélos eletropositivos ou negativos atraem os elementos quimicos com sinais contrarios, e nela tudo é solidariedade, acolhimento da diferenga, € troce, movimento © comunhio. Esse “desequilibrio” em busca da vida, que nasce da falta das coisas, dos outros(as) acaba desdobrando-se através da cadeia do nascimento. crecimento-maturagéo-reproducdo-morte. A célula viva é carente, insatisfeita © lutadora. A célula “satisfeita” é a célula morte egoisticamente fechada em si, nada pode dar, nada Pode receber. Ela esta completamente “equilibrada”. O ser humano “satisfeito” é 0 ser humano que se nega a vida,a doacdo, a Solidariedade. Acreditamos, Por isso, que hd uma desequil ibra¢ao no organismo vivo que é condigio de vida e saide. © “equilibrio estatico” aquele da balanca, tantas vezes padrdo da “perfeicdo” dos nossos valores ocidentals a verdade, a doencae a ‘morte. A Homeopatia nos parece estabelecer 0 movimento, o fluxo, a mudanca, a sucessao e a luta. E muito mais do que uma maneira de emergar a vida, © mundo, © ser humano de buscas, sonhos, Empreendimentos, elagbes,criagBes e caréncias; a Homeopatia é un, Projeto de vida e de mundo, é método de transformacio das forcas da ‘morte em fontes de VIDA. Esta € a orientacio tedrica que elaboramos desde 0 IPESP, a partir de uma concepgao dialética de Homeopat HISTORIA GERAL DA HOMEOPATIA Para que possamos ter uma compreensio dos Principais Pensamentos que influenciaram 0 surgimento da Homeopatia, Sbresentaremos a seguir um resumo do quadro da medicina que 2 antecedeu e em que se deu o seu surgimento. 1. ARISTOTELES (384-322 ac.) Seu pensamento influenciou a concep¢io do homem como unidade. Como realidade indivisivel. Foi ele o 1° a fundamentar esse conceito. Ele utilizava dois termos: Matéria {matéria prima) e Forma (forma substancial). Toda matéria tras ima forma que é especifica e prépria da matéria que a identifice Sem que haja qualquer Separacao uma da outra. Concebia o homem como um ser que tem poténcia para “vir a ser” e, por isso, capaz de aprender. Esta potencialidade, através de mudancas, chega & expressio Por um vir a ser constante, mas no algo pronto e acabado, ao Contrério, sempre inconcluso. Neste conceito o homem nasce Sean Possibilidades de vir a se construir perfeito. Nasce so, e se ele fica enfermo, € que ocorreram situagdes exteriores, Sconémicas, culturais, politicas_ que impediram esse desenvolvimento. Resumindo, Aristételes concebia o homem como uma unidade inseparavel: matéria/forma — corpo e alma, distintos, mas interdependente. 2. HIPOCRATES (460-375 a.c.) Mristoteles possula idéias que se sustentaram através da atenta observagao da natureza. A sauide era tida por ele, como equilibrio e influenciada pelo ambiente, Considerava as doencas dentro do quadro especifico de cada Paciente, considerando-o como uma totalidade indivisivel, a enfermidade, portanto, nao é um conjunto de sintomas, é um movimento (pag. 16) fisiolégico de todo o organismo de acordo com ‘ada pessoa. Corpo e mente néo se dissociam, mas ao Contrério, so se implicam um ao outro, 0 que ocorre um, Fepercute no outro. Quando se fala em homem/mulher, fala-ce num todo. A idéia é: Curando 0 todo, curam-se as parte. Nests Farnbreensao, 0 papel do médico consistia em ajudar as forcas naturais mediante a criacao de condicdes. Atribui-se a Hipécrates, a sistematizacSo dos trés principios de cura que se mantém até os dias atuais: Contraria contrarius curantur, os contrérios s80 curados pelos ‘seus contrarios (origem da atual alopatia). Similia similibus curantur, os semelhantes so curados pelos semelhantes (base da terapéutica homeopstica) Vis naturae medicatrix, a forca curativa da propria natureza, 0 Poder do organismo de acionar seus mecanismos de defesa sem nenhum auxilio exterior. 3. GALENO (138— 201 d.c.) Galeno celebrizou-se por conceber que o melhor médico é também um filésofo. Trouxe avancos decisivos na medicina, descrevendo dissecagées de macacos e, portanto, estabelecendo uma preciosa diferenciac3o entre misculos, sistema nervoso, 0 coragio como Bomba, todo o sistema Circulatério. Desenvolvia a pratica da cura pelos contrérios, (0 contrario cura 0 contrério). Baseando suas teorias na existéncia de 4 liquidos orgénicos: sangue, biles, linfa (gua do corpo) e fleuma que de alguma maneira val ter correspondéncia nos quatro elementos, fogo, terra, ar e dgua. 4. PARACELSO (1493 - 1591). Médico e Alquimista, ligado a magia e religio. Rompeu com a tradicdo Galénica ao defender o principio: IGUAL CURANDO. IGUAL (Similia similibus curantur: 0 semelhante cura-se pelo semelhante). Sua obra tem significado mais pelas contribuicées filoséficas, éticas e politicas. Dizia que 0 organismo é capaz de oferecer reagdes naturais e Principios estranhos a ele. Por exemplo, os depurativos. © organismo reage a substancia estranha. Os conhecimentos sobre drogas eram precérios, por esta razo resolveu buscar a semelhanca da aparéncia dos medicamentos © as enfermidades chamando de “principio da sinalizacio”, na verdade por analogia. Segundo este, 0 aspecto do remédio indica sua utilidade para determinadas enfermidades, por exemplo, a Quelidonia (Chelidonium majus) de cor semelhante a da bilis se icado para afeccdes hepaticas. As nozes cortadas assemelham-se a um cérebro, logo curaria problemas de Cérebro. Feijées, por sua forma, Para os rins. Apolou o uso na medicina do enxofre, merctrio e sal, bem como de metais (ferro, antiménio), minerais e venenos Para feconstituir a sadde. Utilizou doses minimas que poderiam curd. las, uma vez que seriam capazes de provocé-las. 5. VAN HELMONT (1578-1644) Pesquisou as obras de Paracelso ajudando a consolidar suas idéias, Dizia “NAO EXISTE DOENGA E SIM DOENTES” (doencas isoladas Ngo existem). Ele aceitava quatro fontes de medicamentos: medicamentos populares (e ervas), medicamentos quimicos, os Arcanos de Paracelso e medicamentos especificos (relagao remédio/doenca). 6. SAO TOMAS DE AQUINO (1224 - 1274) Retomou as Podemos distinguir uma da outra, mas no separé-las. Nao se Pode curar somente 0 fisico. Toda a doenca ou malestar Emocional tem também uma expresso material, bio-fsiol6gica, 7. JOHN DEE (inicio do Séc. XVII) Representando o movimento Rosa Cruz, (inicio do Século XVII ) pregava a busca da sabedoria e da verdade, divulgando Pensamentos de natureza politica, espiritual e medicinal inter. relacionados. 8, MECANICISMO (Pés-DESCARTES) Final do Séc. XVII, Para Descartes 0 corpo humano é como uma maquina perfeita, A doenca, como um mau funcionamento dos mecanismos desta maquina, e, a sade, 6 0 bom funcionamento mecanico das partes. Essa teoria é auxiliada pelos avancados das pesquisas da época. Comesaram pesquisando as “partes maiores” do ser humano, depois avancaram para os tecidos até chegar 3s cédulas A mesma tendéncia busca, hoje, explicagSes de tudo nas moléculas e gens. O mecanicismo cresceu até a reacio de Hahnemann, que buscou apoio nos pensadores animistas, para formular o Vitalismo da homeopatia. S.VITALISMO (Stahl 1660 - 1734) Este defendia a existéncia de uma alma racional que administrava 0 corpo e tinha poder lucrativo. A Doenca podia ser vendida pelo esforgo da alma, que utilizava o principio vital que era uma forca a favor da vida, para restaurar, nos érgaos, o vigor © a harmonia normais. Atualmente, a Homeopatia defende a idéla de uma energia vital, influenciada pelas recentes descobertas da Fisica, no comeco do século. 10. HAHNEMANN (1755 - 1843) Christian Friedrich Samuel Hahnemann, nasceu no dia 10 de Abril de 1755, na cidade de Meissen, Alemanha (Oriental, Alta Saxnia). Recebeu este nome em honra a Cristo, por serem seus als cristdos luteranos, ao Rei Frederico Il, da Prissia e a Samuel, © Ultimo juiz da biblia, cujo nome significa “Deus me ouviy”, Iniciou seus estudos de medicina aos 20 anos em Leipzig, onde S¢ Sustentava fazendo tradugSes do inglés e ensinando alemao € francés a um jovem grego, Em 1777 foi para Viena, onde estudou no Hospital de Leopoldstadt “Irmaos da Caridade” sob a orientacao do clinico Transilvania, Slebenburger, em (pg. 19)| Hermanstald, onde ficou por um ano enove meses. Tendo este governadior uing rica biblioteca, nomeou Hahnemann para gerencia-la, ampliou seus conhecimentos de linguas dominando perfeitamente o Brego, 'atim sirio, érabe, hebreu, inglés, francés, espanhol, italiano, um Pouco de caldeu além do alemao. fim ,1779 foi para Erlangem onde fez seu doutorado em Medicina. Defendia sua tese foi para Dessau. Em 1782 se casou e foi para a cidade de Gomuer, onde exerceu a medicina como médico residente e atuou, como encarregado do governo, na fiscalizagdo © supervisio dos farmacéuticos, fermaciag e laborat6rios quimicos. Publicou sua primeira obra médica sobre o tratamento das doencas escrofulosas, onde critica a terapéutica de seu tempo e dedica grande espaco a higiene geral. Em 1784 foi para Dresdem, um grande centro politico e cultural da época, onde havia uma biblioteca de 140,000 volumes, éspecializada em obras historicas antigas, uma das mais rica da Alemanha. Ai conheceu Lavoisier. 4 SSSTTESESEETITS = = POCCeesIsTTES Desgostoso com as incertezas da sua arte, Por nao encontrar Principios que guiassem a administrac3o dos remédios, abandonou na clinica em 1789 e passou a dedicar a traducdes de obras estrangeiras. Traduzindo a “Matéria Médica” de Cullen, ‘em 1790, chamou-lhe a atencao, a afirmacdo: “Um doente de ser tratado com o medicamento capaz de produzir no corpo so, um conjunto de sintomas e sinais semelhante aos que ele apresenta”. Esta passagem que Hahnemann traduzia, falava do tratamento das febres palustres pela quina. Nao se dando por satisfeito com as explicacdes do escritor, da ac3o da quina nesse caso, e pensando que a quina, como outros febrifugos, tal como © arsénico, podia talvez curar a febre por ser capaz de produzir febre, resolveu verificar a,sua suspeita. Tomou, ele préprio, varias doses de quina. A cada dose que tomou experimentou um verdadeiro acesso de febre intermitente, semelhante aos das febres palustres. Impressionado, passou a colecionar as observacées da aco das drogas em outros homens sao e em si. Reconheceu que os efeitos ou sintomas produzidos pelas drogas que tomava, correspondiam estritamente com os sintomas das moléstias que as drogas curavam. Até ao final de sua vida Hahnemann experimentaria os efeitos de mais de cem drogas em homens sos, constituindo, com essas praticas, o principal fundamento da terapéutica em homeopatia, isto é, curar o semelhante. Em 1790 formulou a lei da experimentacao no homem séo e em 1796, com ensaios sobre um novo principio para averiguar o poder curativo nos medicamentos, descobriu a homeopatia como arte divina. Ele atribuia que seria um enviado de Deus, atribuindo suas descobertas, a Deus, em seus escritos. Em 1796, publicou no Jornal de seu amigo Hufeland, professor de medicina em Jena (Alemanha) uma monografia intitulads “Ensaio sobre um novo principio para achar as virtudes de um medicamento com um golpe de vista sobre os principios Seguidos até hoje”. Em 1797, publica nesse mesmo jornal médico, um caso de cura com Veratrum album, a primeira Publicacdo de um caso em que se faz referéncia ao medicamento homeopaticamente usado. Ainda neste periodo, em Konigslutter, Hahnemann enfrentou com sucesso uma epidemia de variola, utilizando Belladona, fato que © jogou contra os médicos locais que incitaram os farmacéuticos a 0 atacarem, pelo fato de preparay seus medicamentos, ao invés de fazé-los através de farmacéuticos, Tal episédio faz com que deixe a cidade em 1799, com sus familia, indo para Hamburgo. Nesta época publicou “tlementos de Medicina” de Brown, traduzindo e comentado por ele. Traduziu o Thesaurus Medicaminum, uma colegio de prescri¢ées médicas, com comentarios dele. Em Torgal, onde provavelmente viveu por seis anos desde 1805, Publicou varias obras, dentre elas: um artigo publicado no jornal de Hufeland, onde chegou a colocar o principio Similia similibuss Curantur, como base cardeal da terapéutica, sob o titulo “indicagdes do emprego homeopatico dos medicamentos de Pratica ordindria”, empregando ele pela primeira vez a palavra homeopatia, para nomear 0 seu novo método de curar; ¢ uma ‘monografia intitulada “Ensaio sobre um novo vista principio para achar as virtudes de um medicamento com um golpe de vista Sobre 0s principios, seguidos até hoje”, e a primeira edicdo do Organon, que intitula de “Organon da Medicina Racional’, em 3810. A partir da 2# Edicdo, em 1819, foi mudado para “Organon da arte de Curar’. Nesta obra Hahnemann discute seus fundamentos cientficose filos6ficos; dé regras para o exame dos doentes, para a experiéncia dos medicamentos no corpo S30, Para escolha dos remédios segundo 0 principio similia similibue Curantur, constituindo um guia para quem quisesse iniciar no {ovo sistema médico, Porém, ja em 1801, defendera a reducao. de doses como forma de tratamento. Suas conferéncias Proporcionam-the a conquista de muitos discipulos. Constituida a Homeopatia, a partir de 1811 Hahnemann Publicou as suas demais obras: de 1811 a 1821 foram seis volumes de sua “Matéria Médica Pura”, e de 1828 » 1839: “Tratado das Moléstias Crénicas”, em quatro volumes, 44 idoso, em 1832, viu a fundacao do Hospital Homeopitico, bem como o seu fechamento apés uma série de problemas Houve um movimento de médicos interessados em destrui-lo e destruir homeopatia como terapéutica, em 1842. Em 1835, depois de realizar um segundo casamento (enviuvara cinco anos antes), foi viver em Paris, onde passou os iltimos anos de sua vida, vendo crescer o prestigio da nova Medicina, a Partir da reforma que promovera. Ainda perfeitamente hicido aos 88 anos, o mestre faleceu no dia 2 de julho de 1843, sendo enterrado no Cemitério de Montmartre. Em junho de 1900, os seus restos mortais foram levados pelos membros do Congreso internacional de Homeopatia, para o monumento erigido pelos seus discipulos no rio de Pére Lachaise. No mesmo dia no Scott Circle de Washington, 0 presidente dos Estados Unidos da América, Mackinley, inaugurou a estétua levantada a Hahnemann, que Custou 70 mil délares aos médicos homeopatas americanos. Q dia 02 de julho de 1843 marcou apenas o fim da existéncia terrena de Samuel Hahnemann, pois 0 seu importante legado sobrevive aos tempos, proporcionando as pessoas uma opcio de cura: a Homeopatia. AHISTORIA DA HOMEOPATIA NO BRASIL A sociéloga Dr? Madel Luz* ’ divide a histéria social da homeopatia no Brasil em seis periodos: 1- 0 periodo da Implantacdo (1840 - 1859); 2- Periodo de Expansdo e resisténcia (1860 - 1882); 3- Periodo de Resistencia (1882 - 1900); 4- Periodo Aureo (1900 - 1930); 5- 0 De académico da Homeopatia (1930 - 1970); 6- A retomada social da homeopatia (1970 em diante). No entanto, tendo como objetivo compreender a relagso entre 3 medicina homeopética, seu ensino-aprendizagem, e, sua utilizagao pelas classes populares; tomaremos como, aporte a < LUZ, Madel, T. “A Arte de Curar versus a Ciéncia das Doencas. A histéria Social da Homeopatia no Brasil”, Dynamis Editoral, Séo Paulo, 1996 Classificacao de LUZ, acima descrita, e a discuss3o de BOURDIEU sobre 0 conceito de campo?, dividiremos a historia social da Homeopatia no Brasil em cinco periodos: 1- A implantagao da homeopatia no Brasil, 1840 - 1859; 2- Medicina homeopatica: expansao e resisténcia, 1860_ 1900; 3- A homeopatia e os surtos epidémicos, 1900 - 1930; 4- 0 siléncio da homeopatia, 1930 1965; 5- A retomada da homeopatia como medicina altern: pela classe média urbana a partir de 1965, 1A implantagao da homeopatia no Brasil, 1840 ~ 1859, A homeopatia chega ao Brasil em 1840, através do médico francés Benoit Mure ou Bento Mure, como ficou conhecido, Antes comerciante, torna-se médico tardiamente, apés contraiy uma tuberculose. Tratado por Hahnemann, em Paris, converte- se a Homeopatia. O médico vem ao nosso pais, instalando-se em Santa Cataria, para fundar uma comunidade social produtiva, com base no ideério do socialista Fourier. Com o fracasso da experiéncia muda-se para o Rio de Janeiro e funda o In Escola Homeopatico do Brasil. Este instituto tinha por fin, Beneralizar e popularizar a homeopatia, defender os principios da teoria de Hahnemann, fornecer medicamentos homeopaticos as farmacias secundérias e favorecer por todos os meios 2 transformacio da medicina. A proposta de ensino da ———— * “um espago onde se manifestam relacées de poder. Estrutura-se a partic da GistribuigSo desigual de um quantum (capita socal), que determina a posi¢io. ‘Que um agente especifico ocupa em seu meio”. (pg. 24) homeopatia era teérico-prético, composta tanto de uma abordagem filoséfica, quanto da terapéutica homeopa 'a sempre esteve ligada as classes dominantes, e Politicamente conservadora, perseguia, implacavelmente, toda € qualquer forma diferente ou alternativa de pensamento, e, sobretudo todas as formas de socialismo. Também Hahnemann, saido de meio popular, e em decorréncia de suas idéias e do Projeto terapéutico que desenvolveu, havia sido perseguido durante toda sua vida em seu pais, sendo obrigado a viver em Paris, nos ultimos dez anos de sua vida. A perseguic3o & homeopatia aconteceu também no Brasil. A medicina procurou cercear o espaco de praticas e saberes concorrentes, através do bloqueio da oficializaggo do ensino da homeopatia; pelo impedimento da criacéo das Faculdades Homeopiticas ou da inclusdo de cadeira de homeopatia nos curriculos dos cursos de medicina entéo existentes; pelo impedimento da prética homeopatica por médicos homeopatas, incluindo a repressio Policial, ou, ainda, através de legislaco e de normas obtidas entre a Corte e a Camara Legislativa. Acrescenta-se a isso, campanha publicitaria em jornais e revistas e teses académicas que aumentam em numero entre 1841 e 1855, um ano apés a chegada do Dr. Mure ao pais. Mure, integrante do movimento anarquista, formava homeopatas de origens sociais diferenciadas, e o conhecimento destes nao era obtido em Academias. Segundo LUZ, Mure era anarquista; mas, enquanto médico era homeopata ortodoxo, inclusive nas descrigdes de matérias médicas por ele feitas no Brasil, e, educador partidério da doutrina pedagogica de Jacotot? Para que, além de outras teorias, diz: “Todos tem a faculdades de instruirem-se a si mesmos’. Através de Mure, a doutrina de Jacotot influenciou a pratica da homeopatia no Brasil, ainda hoje, muitos homeopatas mesmo os médicos, os farmacéuticos, entre outros, so autodidatas, em relacio 2 Homeopatia. Grandes nomes relacionados 2 homeopatia no mundo como, por exemplo, George Vithoulkas, vencedor inclusive do Prémio Nobel por seus trabalhos realizados nesta rea, séo autodidatas. Na realidade a homeopatia para Mure, em decorréncia de sua militancia politica, era mais do que um projeto para a medicina, era parte integrante e fundamental de um projeto de sociedade. Para os homeopatas médicos, a formacdo de “praticos em Homeopatia”, como eram denominados os homeopatas-nao médicos, era uma estratégia de legitimacao e de sobrevivén: da homeopatia no Brasil. J4 que neste periodo a homeopatia ndo se legaliza, mas se legitima, junto a sociedade, sendo a formac3o de leigos “suportada” e até incentivada em determinados periodos hist6ricos, desde que estes nao concorressem, segundo > LARRAYO, Francisco. “Histéria Geral da Pedagogia”. Editora Mestre Jou, S3o Paulo, 1973. (pg. 26) farta documentacao em LUZ, com os médicos, disputando status ou “clientes”, Dr. Mure consegue “converter” alguns médicos que fundam o Instituto-Escola de Homeopatia, que tinha por objetivo: a formagéo de homeopatas médicos e os nio-médicos, que acabam no séo reconhecidos por aqueles, terminando por dividir 0 grupo. O grupo dissidente liderado por Mure desejava fazer da homeopatia a medicina dos pobres, tanto do ponto de vista do atendimento, quanto do ponto de vista do exercicio da manipulacdo. A este fato os médicos homeopatas reagem desconsiderando, inclusive, a capacidade e competéncia de Mure enquanto médico. A discérdia entre os homeopatas muito desgosta o Dr. Mure, que termina por ir embora do pais em 1848, morrendo em 1858, na cidade de Cairo, no Egito. Os homeopatas respondem a repressio utilizando como estratégia 4 instalaco de consultérios gratuitos, em varios Povoados do Império, entregues a médicos convertidos. A pratica e o ensino da homeopatia séo defendidos de maneira informal abdicando 0 ensino oficial realizado nas academias. A socializagdo do saber homeopatico passa a ser utilizada como forma de combater o saber oficial, e formar homeopatas nio ™médicos em um curto espaco de tempo. Esta estratégia exaspera 0s médicos e seus aliados que, em 1846, haviam iniciado uma Brande campanha contra a homeopatia e seus adeptos. As acusagées feitas m_respeito, principalmente, aos Femédios homeopaticos considerados indcuos. Aintoleréncia da elite com relacao aos setores dominados trazia mais adeptos a homeopatia e a confianca dos homeopatas na terapéutica que utilizavam, “converte” alopatas e intelectuais que passam a ter conviccao da eficiéncia da homeopatia. A luta entre homeopatia e a medicina oficial deve-se neste periodo muito mais 8 conquista de espacos de poder, do que a uma disputa tedrica e cientifica. E caracteriza como bloqueio epistemolégico o desconhecimento dos alopatas a respeito da homeopatia. Esta disputa por espaco de poder é reproduzida na relagéo entre homeopatas médicos e leigos, através da interdig&o da pratica dos leigos pelos médicos, que acusam os segundos de “charlatanismo e curandeirismo”. Mas, se para Mure a consolidacao da homeopatia estava vinculada & socializacdo do conhecimento homeopitico e ao atendimento dos pobres (GOES, 2002:27) para os homeopatas dissidentes, estava vinculada aos especialistas que passavam pela Faculdade de Medi 2- Medicina homeopitit xpansio e resisténcia, 1860 - 1900. Continua a luta dos médicos homeopatas pela legalizacio da homeopatia. Utilizam como estratégia 8 publicaco de curas realizadas em pessoas importantes. E como este periodo foi entrecortado de epidemias como célera e febre amarela, a comparacao entre o nimero de dbitos dos tratados pela homeopatia, contra o ntimero de dbitos dos tratados pela alopatia, este consideravelmente superior, favorece os homeopatas. Em 1873, durante o surto, a Santa Casa de Misericérdia, criou uma enfermaria homeopatica. Em 1877 0 Dr. Maximiano chama atenc3o para os consecutivos surtos epidémicos decorrentes das precérias condicdes de higiene das populagdes das cidades, e prontifica-se para receitar gratuitamente aos comandantes dos navios, bem como, desinfeté-los, a fim de eliminar a febre amarela. Entre 1878 e 1879 os alertas se repetiram. Também durante a Guerra do Paraguai os homeopatas oferecem ao governo seus préstimos que foram aceitos. Os homeopatas lutavam pelo espaco piblico. E durante os surtos e epidemias conseguiram algumas vitorias significativas. Nesta época surgem farmécias, consultérios e hospitais homeopaticos. Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB) é fundado a partir do Instituto Hahnemanniano Fluminense (IHF), em 17 de agosto de 1880, passa a desenvolver varias atividades importantes na formacdo de homeopatas médicos. Em 1880, é fundado um consultério homeopatico na Santa Casa de Misericordia que funciona até maio de 1883 quando hé mudancas na casa. 3- A homeopatia e os surtos epidémicos, 1900 - 1930. Avirada do século encontra o movimento homeopitico médico estagnado, contudo no final do ano de 1900 0 movimento toma forca, a fim de combater um surto epidémico de pestes bubénica no Rio de Janeiro. Os médicos homeopatas, que sempre Prestaram servico no curso das epidemias, dessa vez, entram em confronto com o diretor da Satide Publica e séo multados. Chegam air para a cadeia, por nao registrarem os casos de peste bubénica. Oswaldo Cruz assume a diregao da Satide Publica e intima Dias da Cruz e Farias Jtinior por ocultarem casos de variola. Ao que os homeopatas respondem explicando os principios da homeopatia, e porque no podiam notificar os casos de variola, uma vez que nao tratava “a doenca” e sim “o doente” como um todo. Quando em 1904 o governo, na figura de Oswaldo Cruz, impde a obrigatoriedade da vacinacdo, acontece a famosa “revolta da vacina”, da qual participaram varios homeopatas médicos ao lado da populacdo. Segundo LUZ, apesar dos problemas que tiveram com Oswaldo Cruz, os homeopatas Teconheciam a importéncia do trabalho de saneamento desenvolvido pelo higienialista. Em 1911, uma nova Faculdade de Medicina Homeopaticas também ligada ao IHB é fundada, e a anterior é fechada. Os alopatas sentem-se incomodados com a faculdade comecam a atacé-la através de boatos e acusacdes de charlatanismo e envenenamento. Paralelamente a criacio da faculdade é fundado um hospital homeopitico ligado ao IHB, que além de ser um espaco de ensino e pesquisa, tinha também como objetivo prestar assisténcia médica aos pobres e indigentes. Eo Periodo aureo da homeopatia académica, o IHB chega a conseguir titulo de utilidade publica. Neste periodo. A Propaganda homeopitica atingiu as elites e as camadas populares, mas 0 tratamento homeopitico no seguia as orientagdes do IHB. Também, neste periodo (Gées, 2002: 28) a homeopatia recebe a contribuico dos espiritas em seus centros, onde o atendimento homeopitico é estendido aos pobres e desassistidos da populacao urbana. Esta vinculac3o entre homeopatia e espiritismo € apontada por varios autores, como um dos fatores responsaveis pela sobrevivéncia do exercicio da homeopatia no pais. Vale ressaltar, entretanto, que tanto o atendimento concebido aos pobres no hospital homeopatico, quanto nos Centros Espiritas, eram realizados a partir de uma concep¢ao de “caridade crista", e no na perspectiva de socializaggo de um saber médico-cientifico como advogava Mure. Ao término deste periodo, a homeopatia conquistou os espagos de producéo/reproducao do saber de intervencao de praticas terapéuticas e se expandiu do corpo social que recebe atencao médica. 4-0 silencio da homeopatia 1930-1965 Os avancos da homeopatia ndo continuaram nestas décadas. Na faculdade homeopatica os alunos no se inscreviam nas cadeiras de homeopatia, em consequéncia das discordancias que havia entre os préprios homeopatas de correntes diferentes e do oferecimento de outras cadeiras alopaticas. ‘Os homeopatas perdem progressivamente o controle da direcao da faculdade homeopatica, enquanto o hospital continuou sob o controle dos homeopatas. Este foi um dos principais motivos da tensdo entre as duas instituigdes, que integram o IHB. O hospital passa a sofrer pressdes cada vez maiores, através da instaurac3o de Comissées de Inquérito. Em 1927, os homeopatas reformularam os estatutos da faculdade e permitem que alopatas cheguem a direco, ndo conseguindo mais unir as diretorias do hospital e da faculdade. As farmécias homeopaticas encontram-se abandonadas e 0s homeopatas sdo frequentemente acusados de envenenamento. (GOES, 2002: 30). A campanha contra a homeopatia é grande através da imprensa. Em 22 de abril de 1937 a Academia Nacional de Medicina toma providéncias para punir os curandeiros. Os homeopatas médicos eram conhecidos como os “curandeiros de beca”. Para LUZ a dureza com que a homeopatia foi tratada no final da década de trinta esta relacionada as transformagées ocorridas, neste periodo, no campo de saber e das instituicbes médicas, como: perda do poder das Academias Tradicionais, a ascens3o da medicina de especialidades e 0 incremento das industrias farmacéuticas. Nesta conjuntura nao ha mais espaco para a homeopatia, nao hé nem o que combater, o saber homeopatico considerado “anacrénico” e ultrapassado pelas novas tecnologias de massa. Da segunda metade dos anos trinta para frente o pélo irradiador da homeopatia médica, desloca-se para o sul com a fundacao da Associagéo Paulista de Homeopatia em 1936, e da Liga Homeopitica do Rio Grande do Sul. O IHB se esvazia, e 0 ensino de cadeiras de Homeopatia torna-se facultativo no final da década de trinta. O hospital homeopatico foi fechado e o atendimento homeopatico passa a ser realizado em ambulatérios. Em 1948, a faculdade homeopatica torna-se auténoma e passa a chamar-se Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, tornando-se, definitivamente, uma faculdade alopatica, com algumas cadeiras eletivas de homeopatia. Nos anos 40-60, a homeopatia expande-se como forma Social de Atencao Médica. Apesar de suas sucessivas derrotas no terreno académico, a homeopatia caminhava, para sua legitimac3o institucional, se considerarmos sua insercdo nos servicos publicos de satide. A homeopatia se faz presente em consultérios e hospitais nas décadas de 40 e 50, seja através dos convénios com entidades ligadas a previdéncia social, como os sindicatos, caixas e institutos, seja através de subvencdes ptiblicas ainda que modesta, seja através das contribuicées de sécios, simpatizantes e generosos doadores. (GOES, 2002:31) Na regio sul, regio de origem do ento presidente do pais, Getillio Vargas, as Ligas Homeopaticas foram muito importantes para a ampliacao e legitimacdo da homeopatia. Esta tendéncia esteve presente também no Rio de Janeiro e em Sao Paulo. Segundo GOES*, a pesquisadora da Universidade Federal Fluminense Madel Luz considera estratégia de legislac3o da homeopatia passava pela expansdo nos érgios piblicos, sobretudo previdencidrios de um lado e como atengao médica social, valida para trabalhadores e integrantes, por outro. sonho dos homeopatas da época era estender a homeopatia como medicina social a todas as camadas desprovidas de tengo médica nas cidades brasileiras. Para isso, entretanto, se fazia necessdrio um grande néimero de médicos, mas, em todo 0 pafs era pouquissimo 0 nlimero de médicos declaradamente homeopatas. A homeopatia apresenta-se mais uma socialista, mas numa perspectiva crist de paz e caridade, em que os médicos devem atender aos pobres das favelas. Deve-se lembrar a grande influéncia que teve o espiritismo Kardecista sobre os médicos homeopatas nesse periodo, 4 w2, Op. Cit. 254, apud Gées, Rosangela C. 2002:32. proveniente do inicio do século, mantendo-se com bastante estabilidade, apesar das mudancas ideolégicas da medicina neste periodo. A homeopatia era utilizada nos Centros Espiritas, onde era receitada por médicos e leigos. 5- A retomada da homeopatia como medicina alternati classe média urbana a partir de 1965. Aa pela LUZ utiliza a classificaggo de Loyola, para conceituar os pobres da Homeopatia. Esta classificacao incluiu a classe média urbana, formada de professores, funcionérios publicos, comerciantes e militares, que aderiram a esta terapéutica e passam aos filhos e netos sua crenca, através dos remédios. A classe média urbana costuma fazer caridade junto a desempregados, aposentados e favelados, que séo basicamente os pobres da homeopatia. Aautoria afirma que é esta homeopatia, a dos médicos espiritas e do publico espiritualista, popularmente utilizada_ num sincretismo médico de alopatia, homeopatia, fitoterapia e religido, que levaram a homeopatia a ser tradicionalmente utilizada nos meios populares, estando hoje profundamente arraigada & cultura, sobretudo na pequena classe média das cidades brasileiras. Esta é uma das hipéteses explicativas do ressurgimento da homeopatia popular no pais. Em 1965 tivemos a regulamentaco das farmécias e laboratérios homeopaticos. A regulamenta¢ao dispde sobre: a manipulacao, o receitudrio, a industrializagao e venda de farmacos homeopaticos, bem como sobre 0 estoque minimo necessério de medicamentos, em 1966. E 0 reconhecimento, parcial, pela Associagao Médica Brasileira, da homeopatia enquanto especialidade médica, em 1979. A partir da década de setenta, a homeopatia alcancou grande sucesso em termos de sua oficializago e de sua aceitacao por amplas camadas da sociedade, em decorréncia do quadro cultural da época no Brasil e no mundo, e dos movimentos de contracultura que caracterizaram o final dos anos sessenta. Estes movimentos tinham como bandeira _estratégias diversificadas de consumo, destacadamente no se refere a vestuario, lazer, turismo, esporte. No caso especifico da relacao satide/doenca, incluia a doacio de varios elementos culturalmente significativos e complexos, tais como: o regime alimentar, os lazeres, as concep¢des e representagdes sobre o corpo, religido, estratégias de consumo, fizeram florescer um conjunto de sistemas terapéuticos e de praticas de medicacao, em geral, de automedicaco, paralelas ou opostas, & medicina oficial, entre eles, a homeopatia. Estes sistemas terapéuticos tinham uma posi¢do antitecnolégica, em relacao a saiide e nesta perspectiva pregavam uma volta ao naturalismo. (GOES, 2001: 33), © sucesso obtido pelas terapéuticas no invasivas e os medicamentos oriundos de produtos naturais nio podem, entretanto ser explicado apenas por um movimento juvenil contestatério, que jé teria passado. Segundo a autora, 0 fato deste sucesso perdurar indica pelo menos um mal estar cultural na sociedade face & medicina, Este abalo atinge a cosmoviséo de uma medicina cientifica moderna, sua concepgio tecnicista e atomizante do homem e da doenca, baseadas na fisica newtoniana e na visio dualista (corpo/alma) do ser humano herdada de Descartes. Visio que tende reduzir 0 ser humano a um conjunto de érgio, tecidos, fluidos, molécula €, mais recentemente, a um conjunto de genes, um conjunto objetivavel pela investigacao, mas que nao pode ser apreendido pelo homem em sua totalidade em seu sentir, enquanto sujeito. Durante milénios 0 processo da arte de curar e o conhecer do adoecer humano estavam integrados, formavam uma unidade. Uma ciéncia das doencas dissociada da arte de curar no tem mais trés séculos. Juntamente com a arte de curar desapareceram da ciéncia médica categorias como cura e satide, refugadas para a pratica de charlatdes. Mas se desapareceu 0 desejo de curar que havia no médico, ndo desapareceu 0 desejo de ser curado nos individuos em nossa sociedade. O médico que ‘no cura é, para o doente, um feiticeiro incompetente ou pior, um charlatéo. Assim como aquele que cura sem ser médico, para ‘© médico, é um feiticeiro e/ou um charlatao. Portanto, ao lado de uma homeopatia mais ou menos oficial, sempre houve uma homeopatia popular, realizada por pessoas nao técnicas, por raz6es religiosas ou de solidariedade. © IPESP retoma, no Brasil, estas praticas, intercambiando conhecimentos, forma de uso, procurando aproximé-las sistematizando-as e enriquecendo-as. Ela adquire, assim, contetidos, métodos, procedimentos, objetivos, relacdes e significados que Ihe conferem uma face distinta, prépria das praticas populares. (GOES: 2002: 34). 6-A (re) descoberta da homeopatia Popular numa perspectiva organizativa e comunitéria pelo IPESP — Instituto Pastoral de Educacdo em satide Popular e ABHP — Associacdo Brasileira de Homeopatia Popular (1984 a 2007)' A homeopatia entrou aos poucos no projeto de Educacao Popular desenvolvido desde a Pastoral da Satide da Igreja do Rosdrio em 1981-1987, e foi assumida pelo IPESP (1987-1996) e, posteriormente pela ABHP - Associacdo Brasileira de Homeopatia Popular (1996 a 2007). A Pastoral da satide, integrada por pessoas leigas - nao médicas - ouvindo a meméria popular do uso da Homeopatia, passa a estudar e aplicar a homeopatia em algumas pessoas observando seus resultados e assim comprovando 0 que a populacao de diversas maneiras dizia acerca do valor do. tratamento homeopitico. Comprovada na pratica do grupo a eficdcia, vantagens e compreensao da homeopatia, o passo seguinte, foi descobrir uma maneira de popularizd-la, agora de uma forma mais elaborada e torna-la acessivel 8 populacdo como forma de tratamento de doencas e recuperaco da saiide. Deveria ainda constituir-se numa proposta que englobasse desde a prevencao e promogao da satide até a organizacdo das comunidades na luta Por seus direitos. O projeto foi levado adiante pelo IPESP — Instituto Pastoral de Educacdo em Satide Popular, que passa entéo a oferecer cursos de formac3o para liderancas comunitdrias acerca da teoria e pratica da homeopatia, j4 naquele momento chamada de homeopatia popular pelo grupo. Liderancas de diversos grupos e Pastorais passaram pelos cursos € tornavam-se agentes multiplicadores da homeopatia popular em suas regides e Estados. Assim em 1996 a homeopatia popular organizada e exercida como forma de tratamento e organizacao comunitéria pelos direitos a satide (direito de todos e dever 0 estado) ja se encontrava organizada em 14 Estados Brasileiros, numa demanda sempre crescente. 7 - Da demanda & construgo de um espaco de exercicio de cidadania OIPESP de 1987 a 1996 tornou-se elo importante na articulacao entre os educadores populares que utilizavam a homeopatia popular, e, que nela buscavam uma metodologia que viesse a contribuir no trabalho junto as comunidades na concretizacao de formas alternativas de tratamento e garantia dos direitos 4 satide individual e coletiva. Demandava-se ento a criacdo de um espaco de articulacao e representatividade dessas liderancas, especialmente frente a crescente dificuldade no enfrentamento, mais uma vez na histéria da Homeopatia, com a classe médica homeopata, que passava a emitir pareceres sobre os trabalhos populares como “pratica ilegal de medicina” e, portanto, perigosa para a populacdo. A critica inicial j4 estava sendo acompanhada de algumas pressées ora explicitas; por meio de solicitag&o @ vigilancia sanitéria para fiscalizasse as acées da Pastoral da Satide como no caso de Toledo-PR, Ji- Parand-RO; ora com dendncias @ policia (Espirito Santo); ora com atitudes ameagadoras por meio de telefonemas anénimos (Sao Gabriel D‘Oeste-MS).. Em Agosto de 1996 realizou- em Cuiabé —MT 0 12 Congresso Brasileiro de Homeopatia Popular, com presenca de mais de 300 Educadores da Homeopatia Popular, onde foi decidido e criada a Associago Brasileira de Homeopatia Popular que tinha seus principios terico-politico-metodolégicos expressos no Texto Base especialmente elaborado para o congresso e que, portanto dava continuidade aos trabalhos, até aquele momento, realizados pelo IPESP. IPESP/ABHP caminham lado a lado até que a ABHP ganhasse autonomia. Dessa maneira a ABHP constituiu-se, desde seu inicio, num espaco democratico de exercicio de cidadania. Os educadores populares presentes no 12 Congresso, registraram-se como sécios fundadores da Associago, garantindo assim, meios e instrumentos técnicos legalmente constituidos para o enfrentamento de seus opositores, para dar continuidade & realizaco do projeto de construcao de uma sociedade que se paute pela justica, igualdade e solidariedade, sem discriminag3o de direitos, dos quais, a vida dependa. O estatuto social da ABHP se constituiu assim no instrumento legal de luta pela garantia de direitos, especialmente o d a satide por todos os seus meios: praticas oficiais e ndo-oficiais (alternativas ou paralelas) em didlogo e complementaridade. Na continuidade desse processo, o grupo foi se afirmando, buscando mecanismos de efetivacdo da Associacao. Os debates ocorriam nas Assembleias Gerais Ordinarias, em Seminarios com presenca de educadores de diversos Estados ~ pratica existente muito antes da criagao da Associaco. Assim, em Assembleia, foi definida sua misao: Proporcionar aos/as Agentes Populares, pratico (a)s e Simpatizantes da HOMEOPATIA POPULAR, um espaco democritico de formagéo de educadores populares em satide, visando um apoio ‘miituo @ socializagao do conhecimento técnico e do conhecimento produzido no meio popular, que venham implementar 0 estabelecimento de novas relacdes do homem e da mulher, com eles mesmos, com seus semelhantes e com a natureza, gerando mudancas substanciais na sociedade (Ata da 2* Assembléia Geral, 1998). AABHP se define, como um espaco de didlogo entre técnicos e néo-técnicos, entre profissionais e nao-profissionais, em vista de uma nova concepgao de ciéncia e conhecimento que emerge na sociedade contemporanea, proporcionando uma conexo, troca e producdo de saberes conceituados por muitos como uma sintese entre o saber cientifico e o saber popular, a servico dos mais pobres. A partir do 2° Congresso Brasileiro de Homeopatia Popular, realizado em agosto de 2007 passaram a integrar a Associacao, 1.165 sécios, oriundos de 19 Estados da Federacao, e de outros paises (Africa, Paraguai, Bolivia, Colombia, Austria e Portugal). Existem ainda educadores populares que trabalham com a homeopatia popular que tiveram sua it jativa na ABHP, porém nao filiados. Esses sécios e educadores, em sua maioria, sio representantes de movimentos populares, associacSes de mulheres, de trabalhadores, de pastorais da igreja catdlica e de outras confissées cristés ou nao cristés, que desenvolvem em suas regides, trabalhos de homeopatia popular. Os trabalhos de educagdo em satide nao se restringem a homeopatia popular, eles integram diversas outras praticas alternativase complementares de tratamento, recuperac3o e promocao da satide, tais como a Fitoterapia, Do-In, Massagem, Alimentacao alternativa, Shiatzu, Florais de Bach. 8 - As atividades da Associacao, segundo Texto base 1! (2007) compéem-se de: a) cursos intensivos para educadores_ populares (multiplicadores); cursos para educadores populares de base, realizados em parceria com os educadores populares multiplicadores em suas regides/estados; b) articulagdo dos sécios; por meio de assembléias anuais, encontros regionais; visitas e comunicagdes online e diretas, por meio, especialmente, do boletim informativo “O Semelhante”; ©) produgdo de subsidios em linguagem popular (livros de contetidos bisicos e avancados de homeopatia); boletim informativo/formativo “O Semelhante”, apostilas especificas para cada curso ou seminario; d) articulagao com entidades e grupos do movimento popular, com 6rgaos publicos afins, para debates de temas de interesse social; de formacao de liderancas (educadores populares) defesa da cidadania, e do direito junto as politicas publicas, especialmente da Satide e da Educacao. 9 - Raz6es que sustentam a pratica da Homeopat ‘ABHP Popular na De maneira geral as ages dos educadores populares, sécios e/ou articulados com a ABHP, segundo depoimentos, relatérios realizados nos cursos de extensio, e Texto Base 1I(2007), se destinam a grupos dos quais participam ou aqueles com os quais estabelecem parcerias além da prépria comunidade de competéncia e outras solicitantes: comunidades necessitadas; pessoas indistintamente que procuram orientacdes e tratamentos diferenciados; grupos organizados que querem ampliar conhecimentos, trocar experiéncias e articular-se como Pastoral da Satide e da crianga; Sindicato de Trabalhadores Rurais; associagdes de mulheres; associages de moradores; movimento popular de satide (MOPS); organizaces nao- governamentais (ONGs); movimento por cidadania ou direitos humanos; Comissdo Pastoral da Terra (CPT); Igrejas evangélicas; organizacées espiritas e outras formas religiosas. A diversidade de atuades, de motivacdes e de crencas é acolhida, nesse grupo, como enriquecimento para as trocas de experiéncias e celebracdes. O que pode ser muito importante no perfil da Associagao é 0 fato de a homeopatia nao estar voltada para si mesma, de ser um meio, isto 6, meio de organizacao popular da luta por cidadania, satide e vida. Com base em documentos internos da Associagdo e, especialmente no seminario Homeopatia popular tecendo rede de Educa¢do Popular (2006), os educadores populares ligados Associacdo definem as raz6es que sustentam suas praticase com base nelas compreendemos que se trata de uma expresséo significativa do todo. As razdes segundo eles sao: [...] a descoberta que sempre hé algo mais a fazer pela vida, a fé, a solidariedade, a politica, a caridade, a compaixao, a realizacao pessoal de ver 0 outro sair do sofrimento; 0 reconhecimento pelo trabalho realizado, a reciprocidade, a re- elaboragéo permanente do conhecimento; 0 desejo de mudanca de vida, a justica, a procura individual pela sade plena sua e de sua familia que se desdobra no social; a busca da melhoria da qualidade de vida; a descoberta de um novo sentido de vida. (Texto Base I, 2007: 11). A Associagdo Brasileira de Homeopatia Popular se define como uma homeopatia popular comunitéria, quer por sua origem popular, suas causas politicas de conquista de autonomia, emancipacio, a atuacdo participativa dos seus membros, a prética solidéria que cultiva, a criagdo compartilhada na produgéo da saide, a educaco adquirida pelas trocas de conhecimento e recursos, 0 reconhecimento das pessoas em suas semelhancas e suas diferengas, que anima e sustenta todas as suas relagées. Razdes, estas, que no esgotam as possibilidades de outras motivagées individuais e coletivas nas diversas regides do Pais; e ainda quando estas mesmas acima sejam referenciais para todos e todas, elas adquirem sentidos préprios em cada lugar, tempo, tecida pelas pessoas, umaauma, que juntas, fazem a identidade de teia da ABHP. FONTES DE MATERIAS PRIMAS PARA PRODUCAO DE MEDICAMENTOS HOMEOPATICOS ‘A homeopatia é uma forma de tratamento de pessoas que se apresentam doente, através dos recursos existentes na natureza que nos cerca, e a partir do nosso préprio corpo e do corpo de animais. ‘A homeopatia se serve do mundo animal, mineral e vegetal, assim como transforma venenos, substancia como pus, sangue, agentes produtores de doencas como microorganismos (bacilos, bactérias, fungos etc..); Estafilococos, Estreptococos, Escherichia coli, Gardnerella, Clostridium, Bacilo de Hansen, Tuberculinas, como agentes de defesa, controle e curativos. Parte, por vezes, da urina contaminada, da carne apodrecida , assim como de érgios de animais sadios de tecidos similares (homélogos) como ovinos, suinos, caprinos, bovinos, e outros para auxiliar no estimulo, correcgo de func3o, por exemplo do pancreas, rins, intestinos, cristalino, figado, ossos, medula éssea, tecido sinovial ou capsular, etc., como agentes curadores (terapéuticos). Os estudos sobre semelhanca de drgios, tecidos e a producao deles, que circulam nas farmacias no Brasil, séo originariamente de grandes laboratdrios da Inglaterra, Franca © vegetal pode ser empregado inteiro ou em pedacos, podendo ser fresco (alcoolaturas) ou secos (tinturas). Ex.: Camomila, Arnica, Caléndula. Cantharis Tarentula spanica q | Aurum metalicum, Honey Bee Ae Apis Mellifera Calcaria carbénica Ostra Blata orientalis A ye Apert Chamomilla 4+ © animal também pode ser empregado inteiro, como a aranha, ou suas partes ou produtos: glandulas, secregdes, venenos. Séo homeopatias que partem de animais a Apis meliifica (abelha), Aurelia aurita (Medusa dos mar) ou Psorinum (veneno da vesicula da sarna). Os animais e suas partes podem ser usados secos ou dissecados. As substancias minerais podem ser utilizadas em seu estado natural ou através de seus produtos quimicos. Ex.: Natrum muriaticum (sal tirado do mar sem aditivos). A natureza toda é a principal fonte de recursos da homeopatia. Para que os recursos naturais se tornem homeopatias, precisam sofrer um processo de transformacées que explicaremos depois. Por isso, um chd, uma raiz, uma folha, 0 barro, o sal do mar, nao sao por si mesmo homeopatias. Consideram-se homeopatias apenas os recursos naturais sofreram dois processos: 1. Diluigao. 2. jinamizacao. Também nao sao “homeopatias”, os produtos, ainda que naturais distribuidos em farmdcias homeopaticas, como: dleo de alho, prépolis, espirulina, elixir, remédios da flora, mas que nao sofreram o processo acima, diluigo e dinamizagGo. A Diluigao e a dinamizagio serio detalhados logo a seguir quando trataremos do processo de manipulacao. TRATAMENTO PELA HOMEOPATIA Edna Fernandes do Amaral Luiz Augusto Passos Na homeopatia, rigorosamente, no existem doencas e sim doentes. Em geral, costuma-se dizer entre nés: “Fulano estd doente, porque tem laringite”. Porém, na homeopatia, diriamos: “Fulano tem laringite, porque esté doente”. Nao tratamos um pedaco do doente, uma parte, ou uma doenga, mas a ele como pessoa, em sua totalidade, lugar, tempo, condigées e relacées que estabelece consigo, com os outros(as) e com o mundo. As especializagées médicas acostumaram-se a tratar um dente, 0 olho, o eczema, ou aquele joelho. A pessoa doente quando procura um tratamento médico convencional, se tornam aos olhos de alguns destes profissionais apenas uma gastrite, um cAncer, um reumatismo a ser tratado... e todos serao tratados do mesmo jeito, pois o que se trata é um “quadro”. Na homeopatia procura-se compreender a satide como uma expresso da totalidade do organismo de uma pessoa particular, e, por isso, tratando-a como totalidade, atinge-se, também, a parte afetada, de modo que a satide ¢ recuperada impedindo, assim, a reincidéncia, isto é, o retorno dos mesmos sintomas a da mesma doenga naquela pessoa. Cada pessoa é um universo individualizado. Madre Tereza de Caculta dizia que falavam que ela tinha salvado milhdes de pessoas. Ela dizia, que sO tratava uma pessoa, cada vez. Pessoa alguma é igual. Nunca se pode tratar a “mesma doenga” em duas pessoas diferentes, de maneira igual, até porque, Maria faz e vive sua doenca, reumatismo vivido por Jodo é sé dele. Havera sintomas particulares, situagées em que, as dores, surgem ou desaparecem com intensidade ou rapidez diferente. Dor com sensagdes préprias e em locals distintos, se pronunciam em horérios determinados, aumentam ou diminuem de maneira desigual, o que recomendaria uma homeopatia com as mesmas caracteristicas dos sintomas e variagdes acima descritas. Portanto, provavelmente, homeopatias diferentes tratardo o reumatismo de Joo e de Maria. Mesmo quando os quadros de enfermidade fossem quase 0 mesmo, no diagnéstico médico convencional, essas pessoas se escutadas, sairio com homeopatia diferentes. A homeopatia é, também, um sistema de tratamento personalizado. Entendemos que, no mundo material, existem plantas cujas propriedades quimicas tém caracteristicas comuns com determinadas pessoas: seus sonhos, seus comportamentos, seus desejos, seus temores, suas aversdes. Sabemos também, por exemplo, e mais do que nunca hoje, pela experiéncia de dependentes quimicos, que alguns miligramas de determinados alcaldides e téxicos presentes no mundo vegetal, produz herdis loucos, covardes, alienados, santos e maniacos. Tais propriedades e caracteristicas afloram nas homeopatias a cada momento novo de diluicao e dinamizagao: A intoxicagéo de BELLADONA produz o exaltado, do ACONITUM 0 maniaco desconfiado. A PLATINA 0 reizinho de um planeta sé dele, o LICOPODIUM produziria 0 orgulhoso ditador, a PULSATILLA a fraqueza, a IGNATIA AMARA os desgostos abafados pela comida. E til, por isso, buscar compreender as aspiracées, os desejos, as aversées, a personalidade, as caracteristicas do agi de uma pessoa, seus hordrios de melhora e piora, seu universo interior, e procurar as homeopatias que mais se “parecem” (semethante) com seu perfil e temperamento. Neste sentido a Homeopatia oferece um tratamento completo e integral, valorizando muito mais a dimensao psicolégica, os sentidos e os sentimentos, que acompanham sempre a enfermidade de cada pessoa doente. E, por isso, ainda que ela nao seja curada, por vezes de doencas incurdveis, elas sero novas pessoas do ponto de vista emocional e afetivo. ‘A Homeopatia pode, por causa disso, e sem qualquer outro método que se lhe compare, tratar sintomas afetivos, distirbios de comportamento na esfera intelectual, psiquica. E, portanto, PSICOTERAPICA. Tratar exclusivamente a doenca fisica é, no minimo, uma limitago condenada ao fracasso, na grande maioria das vezes. E, também, necessério dizer que s6 possivel tratar pessoas de modo individualizado e personalizado, porque a Homeopatia possui recursos curativos de efeitos gerais, isto é, as homeopatias que, uma vez tomadas e, com afinidade com a pessoa que tomou, circula no organismo, de maneira a atuar regulando as funcdes do corpo, desenvolvendo a satide a mente e fortificando as emogies e os estados afetivos que poder curar enfermidades porque o bem-estar psiquico, toda medicina sabe disso, & capaz de mobilizar as defesas organicas, aumentar a imunidade, e estimular defesas organicas que haviam sucumbido a enfermidade. Tal recurso nao existe nas drogas convencionais da farmacologia, onde cada medicacao tem acao restrita em campo limitado. Por isso, a dosagem tem de ser exata, dado que usada em “pequenas quantidades”, por vezes causa efeitos ndo desejados, expressos nas bulas dos medicamentos. Usada em maior quantidade do que aquele organismos pode suportar, produz alteragées e efeitos colaterais, dado que também a concepcao de pessoas se reduz a sua massa, isto € ao seu peso, idade, estado de satide, semre calculados como um média geral para todo mundo. LEIS E PRINCIPIOS DA HOMEOPATIA SEGUNDO HAHNEMANN E SUA APLICACAO NO MEIO POPULAR Edna F. Amaral A homeopatia Hahnemann nao se encaixa nos parametros da ciéncia contempordnea. Na Homeopatia, a viséo holistica, a criatividade e a identificacao do homem com anatureza e com 0 préprio homem/mulher séo consideracées indispensaveii O adoecimento das pessoas impede a forca, a capacidade de luta, e a comunicacao entre todos e todas. As pessoas ficam diminuidas no apenas nas forcas biolgicas e corporais, mas afeta seus desejos, diminui sua expresso, mergulha por vezes no isolamento e na depressdo, na desesperanca. A partir do entendimento acima expresso da acéo da Homeopatia, podemos estabelecer, ou restabelecer, as relagdes entre as pessoas, organizar e/ou revitalizar as comunidades e grupos na busca de garantia dos seus direitos; oportunizar a troca e democratizacio do saber e, principalmente, garantir a solidariedade entre as pessoas e garantir a VIDA tao desejada e sonhada por DEUS para todas as pessoas. “Eu vim para que todos tenham Vida, e Vida em Abundancia” ~Jo. 10:10b Para que a Homeopatia estimular as pessoas para realizarem a transformagdo das pessoas e do mundo, temos que compreendé-la através de suas leis fundamentais e fazer com que todas as pessoas de nossa comunidade também possam conhecer e fazer uso da mesma, na garantia esperancosa e ativa de sua vida e satide, pessoal e coletiva. ‘Ao conhecer as leis e principios da Homeopatia adquirimos uma ferramenta muito importante para atuar no meio popular dado que estas pessoas sofrem impactos das condicdes sociais, privagdes, angustias e auséncia de meios para agirem contra as injusticas, bem como, aproveitando a sabedoria do povo, é necessério aprimorar nossos prdprios conhecimentos de agentes, educadores e educadoras, e humanizar uns aos outros na comunho com nosso meio econémico, cultural e politico. ‘Apresentamos a seguir as cinco leis basicas que fundamentam a homeopatia. Sao elas: 1. LEI DA SEMELHANGA 2. EXPERIMENTACAO DO HOMEM SADIO 3. PEQUENAS DOSES 4. DILUICAO E DINAMIZACAO 5. INDIVIDUALIZACAO Primeira lei da Homeopatia: LEI DA SEMELHANCA Pode-se formular esta lei assim: “os semelhantes curam semelhantes”. Veja nao fala os iguais curam os iguais. Por isso a homeopatia nao funciona de maneira igual como popularmente se diz, usar veneno de cobra com veneno de cobra, embora isso seja também um pouco mais complicado do que se costuma entender. Como funciona a homeopatia: semelhante que cura semelhante? Da seguinte maneira: “A substancia que for capaz de provocar ‘em uma pessoa sadia, sensivel, um conjunto de sintomas de uma doenga - que ela nao tem -, sera também capaz de curar uma pessoa doente que se apresentar sintomas parecidos com aqueles provocados por aquela substancia. Ou seja, os sintomas apresentados naquela na pessoa sadia que tomou repetidamente doses, daquela planta diluida e dinamizada sera capaz de curar o doente que apresentar uma doenca com aqueles mesmo sintomas daquela planta. Vamos esclarecer: 1. Quem toma café em excesso fica exaltado, com idéias répidas e sem sono. Quando uma pessoa tiver insénia porque seus pensamentos atropelam a ponto de nao poder dormir, o remédio a ministrar sera algumas doses de homeopatia de COFFEA, (café cru, verde, diluido e dinamizado) e a pessoa comesaré a dormir, calmamente, um sono reparador e sem agitacao. Portanto, légica do tratamento pela semelhanga: se 0 café tira o sono, ele tem também o poder de provocé-lo. 2. Uma pessoa envenenada pelo Arsénico tem as visceras queimadas, feridas brotam na pele, sente fraqueza extrema, dores no corpo todo, sentimento de abandono, solidao, medo da morte, disenteria acida queimante, olhos vermelhos, gases _internos, inchamento, calor no ventre, extrema agitacao fisica e outros sintomas mais. Se vocé encontrar uma pessoa que, naturalmente, n’o tomou ARSENICO mas que apresente estes sintomas, bastaria ministrar-Ihe algumas doses de homeopatia de ARSENICO e a pessoa se restabeleceria vencendo os sintomas um a um fisicos, que desapareciam com rapidez, e sobretudo comecando pelo medo de estar sé, de morrer que acompanham o Arsénico. Esse é também o jeito de escolher homeopatias que ird usar. Exemplo, diante de uma tosse. O que sera que pode provocar esta tosse? Sera, também, 0 que poderd cura-la. 3. Mais um exemplo: Uma picada de abelha produz dor ardente, localizada, com vermelhidéo intensa (presenca da histamina) com inchamento (edema) acentuado. Ora, quando alguma pessoa tiver pintinhas vermelhas, quentes, semelhantes é ferroadas de abelhas com inchamento e dores intensas, por exemplo, durante (0 Sarampo, ou na garganta na laringite, o medicamento é a APIS MELLIFICA — isto 6, a abelha, 0 animalzinho mesmo, preparada como homeopatia: isto é, diluida e dinamizada. 4, Uma mordida de serpente venenosa causa além da dor, cegueira, delirios, destruicao dos tecidos afetados pelo veneno, destruic3o do figado, extremo cansado e as vezes com sangue saindo pelos poros e hemorragia incontrolavel. Tal conjunto de sintomas podem ser controlados pela homeopatia LACHESIS ou Bothrops (Jararaca), medicages estas obtidas pela diluicdo e dinamizagao do veneno de serpentes. Podemos formular esta lei assim: ‘Qualquer substncia que em grau de intoxicacao produz em | uma pessoa sadia, certo conjunto de sintomas, sera capaz de | curar estes mesmos sintomas sempre que estes estiverem | presentes numa pessoa doente. ‘SIMULACAO DA ACAO DA HOMEOPATIA NO CORPO DA PESSOA SEGUNDO A LEI DA SEMELHANCA. ‘A Homeopatia no substitui 0 corpo para acabar com a doenca, ao contrario, toda a cura é a ajuda ao corpo biolégico, sensivel, pensante e misterioso de uma pessoa para que ela venca a enfermidade, e se cure. A homeopatia vai estimular 0 mecanismo de defesa do organismo que nao é apenas e somente bioldgico, é emocional, afetivo, pensantes e misterioso, que “aumenta artificialmente” os sintomas da doenca, para que o préprio corpo lute contra 0 0 que agride 0 corpo, o agressor, a enfermidade, tudo que produz e mantém a enfermidade. Para a homeopatia classica é a pessoa que faz a sua doenca! € também ela que faz a sua cura! E, portanto, aumentando o poder de luta do corpo e do sistema imunol6gico, 0 desejo de viver, de vencer o que esté matando ‘aos poucos uma vida, que faré uma pessoa decidir ficar sa. Vejamos os esquemas abai) Antes do tratamento homeopatico: a doenca se apresenta mais forte e a reacao do organismo menor e fraca. DOENCA -> <- REACAO DO CORPO. Durante o tratamento homeopatico: a homeopatia a ser indicada, deve corresponder ao conjunto (totalidade) dos sintomas que a pessoa doente apresenta (principio da semelhanca). Dessa forma a Homeopatia, através de sua forca energética, produziré uma resposta (uma reacao) do sistema imunol6gico da pessoa. O aumento dos sintomas, é obtido pelo uso da Homeopatia, e é “funcional” e “simulado” ( é artificial), mas a reacSo do organismo ¢ real. (pag. 43) Doenga induzida pela Homeopatia de semelhanca DOENCA ANTERIOR -> <- REACAO. ANTERIOR Reacao dinamica do sistema imunolégico. ‘Apés © tratamento homeop: Homeopatia, ocorreré o aumento dos sintomas da doenca, provocados artificialmente por ela, que apresenta caracteristicas semelhantes aos da pessoa em tratamento, emitindo, assim, um sinal de alerta ao mecanismo de defesa do corpo, que reagira, mobilizando recursos, juntando-os e ampliando-os para vencer adoenca. Tendo ocorrido real defesa organica, o estimulo energético conferido através da Homeopatia pode ser retirado (gradativamente) deixando que o organismo, agora, se encarregue de vencer a doencae restabelecer a satide. DOENGA ANTERIOR -> <- SISTEMA DE DEFESA (pag. 46) Segunda lei da Homeopatia: EXPERIMENTACAO NO HOMEM SAI A homeopatia, ainda que possa tratar com a mesma eficiéncia os animais, sua experimentacao é feita na pessoa humana. O animal nao pode exprimir os efeitos morais, ment e psiquicos da homeopatia em experiéncia. A doenca nao é apenas uma reacao fisica, ela se manifesta no campo da emo¢ao, da sensibilidade, da meméria, dos sentimentos, das sensacdes. A semelhanca que buscamos na indicagjo de uma homeopatia é, por um lado, aquela que cobre a totalidade dos sintomas da doenga, por outro lado, aquela que mais se assemelhe a pessoa. Por isso toda experimentacao deve ser feita ‘em pessoas, no dizer do Hahnemann “no homem sadio”, que € sensivel aquela homeopatia experimentada, para que se possa ‘observar os sintomas fisicos, psiquicos, e emocionais. E esse 0 Conjunto de sintomas observados, expressos anotados e divulgados que vao constituir o contetido do que é chamado MATERIA MEDICA HOMEOPATICA. Hahnemann experimentou sessenta e um medicamentos em si, nos seus familiares, amigos e admiradores. Por outro lado, 6 evidente que alguns téxicos._e venenos _ingeridos involuntariamente ou por vezes por pessoas que se suicidam, so conhecidos, sem necessidade de experimentacio. Podemos formular esta segunda lei assim: A homeopatia reproduz artificialmente no homem sadio, sintomas que ele poderd curar numa pessoa doente. Exemplos: 1. Vejamos. Ao tomar Camomila em excesso, 0 que Ocorre com criancinhas pequenas, nas quais as maes utilizam doses fortes de Cha de camomila para que os. bebés se acalmem e durmam. A criancinha teré choro convulsivo, gritante e irritante, sofrera agitac3o e insénia, sentimento de estar morrendo, super- sensibilidade as dores, agressividade. vontade de vingar-se, sensibilidade demasiada as dores, desespero, diarréia com gases, inchamento do figado, suores (pdg. 45)| com abundancia. O mesmo ocorreria se fosse administrada para experimentacso Na pessoa sadia, a Chamomilla C30 com doses repetidas. Tais sintomas, por isso, poderao ser Controlados por uma enfermidade com este perfil de sintomas de Camomila, se a pessoa tomasse algumas doses de Chamomilla C30. Terceira lei da Homeopatia: PEQUENAS DOSES. Aterceira lei da Homeopatia é a maneira habitual de se tratar através de doses muito diluidas, ou seja, através de diluicées infinitesimais. 0 medicamento age menos por sua massa, ou seja, pela quantidade, do que por sua presenca suave e ‘molecular, até a “marca” de uma presenca de sua identidade nas diluig6es onde no mais exista matéria da qual partiu. Hahnemann observou em suas experiéncias, que a ac3o das homeopatias independia da quantidade de massa e, quantos mais dilufa a substancia, dinamizando-a, mais ela liberava sua Poténcia curativa e um perfil psiquico mais decisivo na cura das enfermidades. Quanto mais diluida, cada vez existiré. menos substancia original. A saber, na 12 vez em que se dilui pela escala de um por cento (1%) inexistiria, ordinariamente, uma sé molécula sequer, presente naquele frasco de homeopatia, daquela substancia da qual se partiu. Nele havera apenas agua e dlcool; e, contudo, a aco desta substancia da qual partimos inicialmente estaré “presente” com suas caracteristicas, de maneira ativa, e com efeitos muitas vezes ampliados espetacularmente. Vejamos este proceso, acompanhando a exposi¢o da proxima lei. Quarta lei da Homeopati DILUICAO E DINAMINAZACAO DILUICAO: E 0 proceso de dissolver em etapas as substancias que dario origem a homeopatia. Cada vez que diluimos uma homeopatia, a substancia presente na Tintura Mae (T.M.) vai desaparecendo, entretanto a sua energia é preservada através da dinamizacao. A diluicao é feita quando acrescentamos Sgua e alcool a cada processo de forma que a tintura mie s6 é utilizada na primeira diluigao. E importante garantir a presenca da dgua no processo de diluigéo homeopstica, inclusive na preparac3o da T.M. e das matrizes. Isto porque sabemos que a agua — assim como lactoses, frutoses, acticares, tanto quanto os alcodis que veicula através da hidroxila, ou oxidrila (02) e a presenca do alcool 6 imprescindivel para a conservacao. 0 alcool 100% ou absoluto — nao deve ser usado seja para a fitoterapia, nem mesmo para acoolaturas (com plantas verdes), nem para Tinturas-Mae (T.M.) Pois, ele queima muitas substdncias curativas, sensiveis 3 sua corrosao. Se.a escala for decimal, a mistura consiste em diluir 01 (uma) parte da TM, em 09 (nove) partes iguais da mistura de dlcool ¢ agua. Sea escala for centesimal, a mistura consiste em diluir 01 (uma) parte da TM em 99 (noventa e nove) partes da mistura de dlcool e agua. DINAMIZACAO: Eo processo de bater a diluicio acima, na palma da mao (sucussées), ou contra um anteparo semi-rigido (livro, Pano grosso por sobre uma mesa) garantindo um angulo de 90° do braco com o corpo, durante a movimentac3o com forca, por no minimo, cem (100) vezes ritmadas e consecutivas. Assim se da o processo da técnica de DINAMIZACAO em escala CENTESIMAL Hahnemaniana progressiva, 5. INDIVIDUALIZACAO_ Certa pessoa com dor reumatica no braco direito nao conseg. resultados favordveis com indicagdes homeopaticas, até o dia em que percebeu que tals dores, pioravam a noite, & melhoravam com o banho frio. Ora, a maior parte dos reumatismos agrava, em contato com uma umidade (gua), e, sobretudo, se for égua fria. De todas as indicagdes reumaticas Para o braco, sé LEDUM PALUSTRE apresenta melhoria de reumatismos pela agua fria. A pessoa tomando LEDUM CH9 cessaram de imediato as dores, ficou curada do reumatismo . Estas variagdes acima sao caracteristicas naturais das substancias, por exemplo, uma crise de figado que agrava antes da menstruacio, é dor de LACHESIS, se piora durante a menstruacdo é de NUX VOMICA, se piorar a menstruacao ser coberta por GRAPHITES. Dores que pioram com o barulho e a luz so de BELLADONA, se piorarem ao barbear-se trata-se de CARBO ANIMALIS, se for em alguém deprimido, choroso ao ouvir musica sera de NATRUM CARBONICUM, se piorar sendo consolado, trata-se do NATRUM MURIATICUM, se a depressio for a noite dé-se CHAMOMILLA, se melhorar fazendo-lhe companhia, use o BISMUTHUM, se piorar Com 0 repouso trata-se da ARNICA ou CYCLAMEN. Nao é o farmacéutico, nem 0 homeopata que inventou isso, é a natureza mesma que apresenta, ao ser transformado em homeopatia, estas variacdes. Estes “detalhes” indicam que cada pessoa é tinica, com reacdes Préprias, particulares e individualizadas. Se todos os sintomas expressos por uma pessoa doente sao importantes, mais importante ainda € © modo como estes sintomas se apresentam, isso é 0 que chamamos de modalidades, ou seja, 0 modo ou a forma como a pessoa sente e vive sua doenca, ‘modos estes que manifestar-se-do nas condigées de: 1) Agravamento ou melhora dos sintomas (agrava pensando em seus males, melhora comendo, agrava deitado...); 2) Variaciio de sintomas conforme o tempo. (agrava as trés horas da madrugada, melhora com a curva solar); 3) Sensibilidade ao clima (amido, seco, frio...); 4) Sintomas que variam com posi¢go (sentado, em Pé, curvado, estirado, de brucos); 5) Variagdes que ocorrem pela mudanga de espaco ou lugar (ao ar livre, perto do mar, na montanha, no quarto quente, na sombra); 6) Sensacdes Particulares (de formigas andando na pele, agulhas quentes, de Belo, frio no olho, dorméncia,); 7) Agravagées ou melhoras pelo movimento lento, forte ou pelo repouso, etc.; INDIVIDUALIZACAO é 0 processo que ocorre quando relacionamos as modalidades dos sintomas da pessoa com a Homeopatia, estabelecendo ligacdes e nexos com a forma especifica da pessoa fazer ou sentir a sua enfermidade. Personalizaco ¢ 0 ideal na homeopatia. Ela ocorre quando buscamos a Homeopatia semelhante a pessoa - 0 seu similimum: (do latim: “o mais semelhante”), considerada sua “homeopatia de fundo”, a homeopatia “sésia” da pessoa. Este é 0 ideal da Homeopatia. £ dificil chegar-se a ela. Chega-se mais facilmente a homeopatias préximas, que cobrem bem parte dos sintomas e ajudam muito. CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA HOMEOPATIA Externalizago: J4 esclarecemos que em homeopatia, no se diz: “Fulano estd doente, porque tem uma hepatite’. Diz-se: “Fulano tem uma hepatite, porque esté doente”. Por isso, no tratamento homeopatico, trata-se o doente, nao a doenca. A homeopatia, em contato com o organismo com o doente, restabelece as reagdes a satide, afloramos sintomas de dentro para fora, no organismo, como se estivessem eliminando desequilibrios e impurezas, superando a doenca. Muitas vezes, encontramos sintomas a revelia do organismo (dor, febre, reacdes alérgicas, tose...) que so sinais de sua eficdcia na luta de defesa da vida, e que, no entanto, séo abafados por drogas convencionais, tornando o organismo sadio em um organismo doente. Com isso, queremos dizer que, um organismo sadio é aquele que apresenta reacGes (febre, dor...), porque tem forca para lutar contra a doenga. Por exemplo: se alguém esta doente e comeca um tratamento homeopatico, imediatamente o organismo estabelece processos de luta contra a enfermidade e estimula o metabolismo, a troca de energias. Isto poderé ser observado e sentido nas reacdes apresentadas pela pessoa doente como sinais, os quais so chamados de EXTERNALIZACAO DA DOENCA ou EXONERACAO. Considerando, pois, como agravamento homeopético o meio pelo qual o organismo é “encorajado” pelo medicamento a “confessar” ‘trazer a luz os problemas profundamente arraigados ou as tendéncias malignas que o oprimiam. Sabemos que o medicamento homeopatico estimula o mecanismo de defesa do enfermo de modo: que em pessoas enfermas, 0 agravamento no pode ser considerado prejudicial, embora precise ser acompanhado, qual a capacidade da economia interna trabalhar essa exoneracdo. (Veja simulacao na pagina 43). Homeopatia de fundo ou de terreno: sio homeopatias que correspondem ao “similimum” da pessoa tratada. Nesse caso é considerado 0 miasma (propensdes ou disposicées trazidas de Rascimento), as constituigées (biotipo), portanto, utilizadas nos tratamentos de pessoas com manifestagdes de doencas crénicas. Homeopatias constitucionais: Sdo aquelas que correspondem aos bidtipos ou constituigSes bio-fisicas. Na homeopatia podem ser consideradas as seguintes constituigSes: Constituico carbdnica; constituicao Fosférica (phosphorica); constituigo fluérica; no caso do Sulphur consideram-se os tipos sulphuricos (sulfiricos) gordo e os sulphuricos magros. Homeopatias antidotas ou homeodoto: “Toda homeopatia é antidoto dela mesma”. Isso € possivel de ser afirmado pelo principio da semelhanga, Toda vez que uma homeopatia promover reagées exacerbadas ou indesejadas (patogenesia ou externalizaco) podemos utilizar a mesma homeopatia em lui¢o mais baixa para amenizar os efeitos (reagdes). Isso porque um antidoto homeopatico deve corresponder ao quadro de sintomas apresentados pela pessoa, e esse caso, a mesma homeopatia em poténcia mais baixa ou outra Poténcia que apresente quadro de sintomas similar. Homeodoto é termo mais correto para o “antidoto” homeopatico. Nao esquecer que isso se deve a que a mesma, por exemplo, planta, é causa e é cura dos mesmos sintomas; encontram-se nela a origem mais préxima de uma doenca ou a sua extingdo. Patogenesia: (Pathos em grego: doenca ou sofrimento, Genesia (de ascimento, ou origem) Surgimento de um conjunto de sintomas apresentados pela pessoa que faz uma experimentacdo homeopitica, geralmente uma pessoa sadia e necessariamente sensivel 4 substancia experimentada. A patogenesia corresponde a uma “doenca artificial” ue a0 ser retirado 0 estimulo, por exemplo, quando se cessa de tomar uma homeopatia, seus sintomas desaparecem. Policrestos: So homeopatias que apresentam um quadro sintomatico abrangente de totalidade, ela “mexe” dos pensamentos, desejos,

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