You are on page 1of 16

IFSP Piracicaba (Sociologia)

3ºs
Informática
Manutenção

Professor:
Bruno Lacerra
O conceito de democracia

• O termo democracia deriva da junção


dos vocábulos gregos demos (povo) e
kratos (poder). O conceito de
democracia como “poder do povo”
surgiu na Grécia antiga,
aproximadamente no século V a.C.

• O conceito de democracia assumiu


diferentes significados ao longo da
história e de acordo com o contexto.
Em algumas sociedades, a ideia de
democracia diz respeito apenas à
esfera política (votar e ser votado,
por exemplo). Em outras, aplica-se
também a áreas da vida econômica,
social e cultural. Ágora ateniense, símbolo da democracia Grega, com a Acrópole ao fundo. Neste espaço,
os cidadãos reuniam-se para tomar decisões sobre a cidade, atuan- do politicamente de
forma direta, sem representantes ou governantes.
O conceito de democracia

• A democracia não foi o sistema politico


predominante na história. Desde a sua formulação
na Grécia até o século XIX, poucos governos a
adotaram e, quando o fizeram, foi sempre em
resposta à luta dos diferentes grupos excluídos
do processo de tomada de decisão política. Foi,
portanto, sempre uma conquista dos segmentos
sociais segregados.
Expressões históricas da democracia

• Ao longo da sua trajetória, a democracia tem se apresentado de diferentes formas:

Democracia direta Democracia representativa Democracia participativa

Surgiu como forma de superação


O modelo se caracteriza pela das deficiências do sistema
Neste modelo, todos os cidadãos
representação política. representativo que, em muitos
devem intervir diretamente nas
casos, mostrou-se incapaz de
questões públicas. As deliberações coletivas não são garantir os interesses da maioria
tomadas diretamente pelos dos cidadãos.
O conceito de cidadão está associado
cidadãos, mas por pessoas eleitas
à participação, pois cada cidadão
para tal finalidade — Visa ampliar a participação social
interfere diretamente nos interesses
representantes políticos como nos assuntos públicos e reduzir a
do Estado.
prefeitos, presidente, governadores, distância entre representantes e
Na prática, o exercício da deputados, senadores e vereadores. representados.
democracia direta consiste na
A participação dos cidadãos é Baseia-se na articulação de grupos
discussão sem intermediários das
indireta, periódica, formal e se sociais em rede que, por meio
principais questões de interesse
expressa por meio das instituições de reuniões, discutem e votam
comum.
eleitorais. propostas que orientam as ações
governamentais.
Teoria democrática moderna

• Na Idade Moderna, a partir de meados do século XVI,


surgiu a ideia de autonomia do indivíduo, que deu origem
ao individualismo e ao liberalismo político.

• A concepção de democracia que evolui com base nesses


princípios assume um perfil bastante diferente daquele
desenvolvido na Grécia antiga. Se antes a democracia
estava relacionada à ideia de igualdade, em sua versão
moderna passa a vincular-se primordialmente à ideia de
liberdade.

• De acordo com os ideais liberais, o principal dilema político


fundamentava-se na limitação do poder do soberano (que
às vezes confundia-se com o próprio Estado) e na
ampliação das liberdades individuais, como o direito à
propriedade material e o de defender-se judicialmente.

• Até hoje, grande parte do debate político sobre a


democracia tem como tema a defesa ou a crítica aos ideais
liberais.
Hobbes, Locke e Rousseau
Iluminismo e Liberalismo

Thomas Hobbes John Locke Jean-Jacques Rousseau


(1588-1679) (1632-1704) (1712-1778)

Os homens, quando em estado de


natureza (isto é, compartilhando O poder soberano deve A desigualdade causada pela existência da
do direito de agir como desejam, em permanecer nas mãos dos propriedade privada seria a causadora de
razão de não haver limitação legal cidadãos, que são os melhores todos os males que assolam o ser humano.
contrária a isso), tendem a agir pela juízes de seus próprios interesses.
força e pela violência para conseguir Cabe ao governante retribuir a Diante disso, em um contrato social que
o que desejam — o que acaba delegação de poderes, garantindo visasse melhor convivência entre os
provocando a guerra de todos a todos os direitos individuais: indivíduos seria preciso definir a questão da
contra todos. Por isso, para segurança jurídica e propriedade igualdade e do comprometimento entre
disciplinarem a si mesmos e privada. todos. Se a vontade individual é particular, a
garantirem seu bem-estar, seria do cidadão (que vive em sociedade e
Para Locke, o princípio da tem consciência disso) deve ser coletiva,
necessário firmar um contrato maioria é fundamental para o devendo haver interesse no bem comum.
social, regulado por uma autoridade funcionamento das instituições A participação política é, então, ato de
soberana (monarca). políticas democráticas e das leis: deliberação pública, que organiza a vontade
devem valer para todos. Por geral e traduz os elementos comuns a todas
Esse poder absoluto, no isso, a elaboração das leis deve as vontades individuais. Este seria, portanto,
entanto, não se justifica pelas estar a cargo de representantes o núcleo do conceito de democracia.
teorias do direito divino dos reis, escolhidos pelo povo, que
mas sim pela transferência dos O autor afirma que a democracia só pode
exerceriam o papel de legisladores
direitos dos no interesse da maioria: o regime existir se for diretamente exercida
indivíduos ao soberano. É em nome político proposto por Locke pelos cidadãos, sem representação
desse contrato social que o poder é, portanto, uma democracia política, pois a vontade geral não pode ser
deve ser exercido, e não para a representativa. representada, mas exercida diretamente.
realização da vontade pessoal do
governante. Liberalismo / Contratualismo Contrato Social
Leviatã
Montesquieu e os três poderes
• Partindo do princípio de que era necessário um controle externo
para que os sistemas políticos funcionassem bem,
Montesquieu (1689-1755) defendeu a criação de regras que
estabelecessem limites aos detentores do poder, de forma a
manter a democracia política e a liberdade dos indivíduos. Por
isso propôs a divisão da esfera administrativa em três poderes
ou funções independentes entre si: o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário.

• Caberiam ao Poder Legislativo as funções de fiscalizar o Poder


Executivo, elaborar e votar leis de interesse público nas
instâncias relativas (municipal, estadual e federal) e, em
situações específicas, julgar autoridades como o presidente da
República ou os próprios membros da assembleia.

• O Executivo seria o poder do Estado, que, nos moldes da


constituição de um país, teria por atribuição governar a nação
e administrar os interesses públicos.

• O Judiciário seria exercido pelos juízes, cujas capacidade e


prerrogativa de julgar estariam baseadas nas regras
constitucionais e nas leis criadas pelo Poder Legislativo.
Marx e Engels

• Karl Marx e Friedrich Engels acreditavam


que um governo democrático era
inviável numa sociedade capitalista,
diante das limitações impostas pelas
relações de exploração e dominação
entre classes. Para alcançá-lo seria
necessário, portanto, mudar as próprias
bases da sociedade.

• Para eles, os princípios que protegem a


liberdade dos indivíduos e defendem o
direito à propriedade tratam os
indivíduos como iguais apenas
formalmente. Sendo assim, as
democracias liberais seriam limitadas
pela prevalência das desigualdades de
classe, tornando restritas as opções
políticas. Nas pa- lavras de Marx, na
democracia liberal, o capital governa.
Teoria democrática contemporânea
• Ao partir do século XIX, a teoria democrática foi desenvolvida a
partir do confronto entre pelo menos duas expressivas doutrinas
políticas: o liberalismo e o socialismo.

• O liberalismo defende a limitação dos poderes


governamentais, buscando a proteção dos direitos
econômicos, políticos, religiosos e intelectuais dos indivíduos.
Para os liberais, a liberdade depende da menor interferência
possível do Estado e das leis.

• Para a doutrina socialista, o sufrágio universal é apenas o início


do processo de democratização do Estado, enquanto para o
liberalismo é o ponto de chegada.

• Alguns dos principais teóricos do socialismo, como Antonio


Gramsci e Rosa Luxemburgo, afirmam que o aprofundamento
do processo de democratização, na perspectiva das doutrinas
socialistas, ocorre por meio da crítica à democracia e pela
ampliação da participação popular e do controle do poder por
meio dos chamados conselhos operários. Com isso, a regulação
da democracia passaria a acontecer nos próprios locais de
produção, tendo como protagonista o trabalhador real, não o
cidadão abstrato da democracia formal.
Cidadania e direitos humanos

• Analisando a história de seu país, o sociólogo


britânico Thomas Humphrey Marshall percebeu a
ocorrência de três ondas sucessivas de
consolidação de direitos. A partir delas, Marshall
estabeleceu uma divisão dos direitos de cidadania
em três categorias:
- Direitos civis – garantia das liberdades
individuais, tais como a possibilidade de pensar e
se expressar de maneira autônoma, liberdade de
ir e vir, de poder constituir associação coletiva e
firmar contratos comerciais, entre outros.
- Direitos políticos – estabelece a possibilidade
de participação dos indivíduos nas diversas
relações de poder presentes em uma sociedade,
em especial a escolha de representantes, a
candidatura a qualquer tipo de cargo elegível e a
manifestação em relação a possíveis
transformações a serem realizadas.
Cidadania e direitos humanos
- Direitos sociais – vistos como essenciais
para a construção de uma vida digna a
partir de padrões de bem-estar
coletivamente estabelecidos, como
emprego, educação, saúde, lazer e
moradia.

• O conceito de cidadania está em


permanente construção, pois a
humanidade está sempre em luta por mais
direitos, maior liberdade e melhores
garantias individuais e coletivas.

• A divisão entre direitos civis, políticos e


sociais não nos deve levar a perder de
vista uma característica intrínseca aos
direitos humanos, que é sua
indivisibilidade. Isto é, os direitos não
podem ser exercidos de maneira parcial ou
fragmentada.
Direitos humanos

• A ideia de direitos humanos consolidou-se após a


Segunda Guerra Mundial, diante das barbaridades e
dos efeitos destrutivos produzidos pelo conflito.

• A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi


aprovada em 10 de dezembro de 1948 pela ONU,
com o objetivo de proporcionar o diálogo entre os
países e impedir conflitos entre eles por questões
políticas, econômicas ou culturais, além de proteger
indivíduos e coletividades humanas em situação de
vulnerabilidade.

• Os direitos humanos são valores universais e


inegociáveis, que visam o respeito mútuo em
detrimen- to dos privilégios restritos a determinados
grupos. Por isso, não devem ser pensados como
benefícios particulares ou privilégios de grupos
elitizados.
Direitos humanos

• A simples declaração de um direito não


faz com que ele seja necessariamente
implementado na práti- ca, mas abre
espaço para sua reivindicação. Neste
sentido, uma das contribuições básicas
dos direitos humanos é o fato de
estabelecerem que a injustiça e a
desigualdade são intoleráveis.

• É preciso perceber que os indivíduos


não são apenas beneficiários no
processo histórico de afirmação dos
direitos humanos, mas também seus
autores e os responsáveis por reivindicar
sua garantia. Todas as conquistas
relacionadas aos direitos humanos são
resultado de processos históricos, fruto
das mobilizações e demandas da
população.
Democracia, cidadania e direitos
humanos no Brasil
• O sistema político brasileiro
preenche, formalmente, os requisitos
mínimos de uma poliarquia, ou seja,
sistema democrático em que o poder
é atribuído com base em eleições
livres e em que há ampla parti-
cipação política e concorrência pelos
cargos eletivos. Esse sistema implica
disputa pelo poder, tolerância à
diversidade de opiniões e oposição
política.

• No entanto, o que se percebe é que


essa estrutura formal não garante a
democratização dos recursos
socialmente produzidos, como os
bens, os direitos e os serviços básicos
proporcionados pelo Estado.
Democracia, cidadania e direitos
humanos no Brasil

• Sendo assim, destaca-se que a


questão democrática vai além do
estabelecimento das regras
formais que caracterizam a
democracia como regime. É
necessário ampliar a cidadania
para reduzir a distância entre as
esferas formal e real.

• Para que essa correspondência


entre a cidadania formal e a
cidadania real seja estabelecida, é
necessária uma constante luta
para a implementação dos
direitos, por meio tanto de ações
da sociedade civil quanto de
políticas públicas.
OBRIGADO!
Prof. Bruno Lacerra
2021

You might also like