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Faculdade de Integração do Sertão - FIS

O TESTE DA CASA – ÁRVORE –


PESSOA (HTP)

AUTOR: John N. Buck, dos E.U.A.


Foi apresentado em 1946 e publicado em 1964. Revisado por W. L.
Warren.
Tradução de Renato Cury Tardivo (2003).
As inicias se referem nos termos em Inglês: house-tree-
person.
1- INTRODUÇÃO

• Por mais de 50 anos, os clínicos têm usado a técnica


projetiva de desenho de Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-
Person, H-T-P) para obter informação sobre como uma
pessoa experimenta a sua individualidade em relação aos
outros e ao ambiente do lar. Como todas as técnicas
projetivas, o H-T-P estimula a projeção de elementos da
personalidade, e de áreas de conflito dentro da situação
terapêutica, permitindo que sejam identificados com o
propósito de avaliação, e usados para o estabelecimento de
comunicação terapêutica.
Descrição Geral
O HTP foi planejado para incluir, no mínimo,
duas fases:

• A primeira é não-verbal, criativa e quase completamente não


estruturada. Ela consiste em convidar o indivíduo a fazer um
desenho à mão livre acromático, de uma casa, de uma árvore e de
uma pessoa. Um desenho adicional de uma pessoa do sexo oposto
à que foi primeiramente desenhada pode ser solicitado.
• A segunda fase, um inquérito posterior ao desenho bem
estruturado, requer fazer uma série de perguntas relativas às
associações do indivíduo sobre aspectos de cada desenho.
• Os desenhos, então, são avaliados pelos sinais de psicopatologia
existente, ou potencialmente baseados no conteúdo, tais como:
características do desenho; tamanho; localização; presença ou
ausência de determinadas partes, e respostas do indivíduo
durante o inquérito.

• A versão atual do H-T-P, Manual e Guia Interpretação, foi


substancialmente revisada. Ao mesmo tempo em que houve uma
preocupação em preservar a riqueza clínica dos manuais
anteriores de John Buck.
Objetivos e Aplicações Clínicas

• Avaliar a personalidade do sujeito em si mesmo e em


suas interações com o ambiente.

• Na terapia em andamento, os desenhos podem refletir mudanças

globais no estado psicológico de um indivíduo .


Princípios do Uso

• População. O uso do H-T-P é mais adequado para indivíduos


acima de 8 anos de idade. É mais comumente aplicado em
crianças, mas também em adolescentes e adultos.

• Usuários do teste. Os usuários do H-T-P devem ter sido


treinados e supervisionados na aplicação individual de
instrumentos clínicos para crianças e adultos. Quem não
tiver experiência na área de avaliação dos testes projetivos,
deve trabalhar com um supervisor clínico até que seja obtido
um bom nível de concordância mutua na habilidade de
aplicação e avaliação.
ADMINISTRAÇÃO

• O H-T-P é aplicado geralmente em uma situação face a face,


como parte de uma avaliação inicial, ou de uma intervenção
terapêutica em andamento de determinado indivíduo. Na
situação de avaliação, o H-T-P pode ser empregado como
uma tarefa de aquecimento inicial, ou como uma ponte entre
uma avaliação com lápis e papel e uma entrevista clínica
completa.
Administrando o H-T-P
• Situação e tempo de aplicação

O cliente deve sentar-se em frente a uma mesa em uma


posição confortável para desenhar. A sala ou área onde o
desenho será feito deve ser silenciosa e sem distrações. A
aplicação do H-T-P requer de 30 a 90 minutos, dependendo
do número de desenhos solicitados pelo examinador. No
mínimo, podem ser pedidos 3 desenhos e conduzidos um
inquérito sobre cada um deles. O tempo da interpretação
variará de acordo com o nível da experiência do clínico.
Materiais do teste
• Será necessário um protocolo para o desenho do H-T-P, e um
protocolo de interpretação para cada conjunto (acromático e
cromático) do desenho da casa, da árvore e da pessoa a serem
solicitados. Um Protocolo de Inquéritos Posterior do Desenho e
de interpretação de desenho da pessoa, deve ser utilizado
para cada pessoa adicional desenhada.

• Vários lápis pretos n°2 (ou mais macio) com borracha também
serão necessários, juntamente com o conjunto de crayons (pelo
menos 8 cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, violeta,
marrom e preto), caso os desenhos coloridos sejam pedidos. Um
relógio ou cronômetro é necessário para anotar a latência
(tempo gasto até o início do desenho) e o tempo total dos
desenhos.
Desenhos Acromáticos
• Preencha as informações de identificação na primeira página do
protocolo de desenho do H-T-P.

• Apresente a página do protocolo relativa à casa para o cliente


com a palavra CASA no topo da página (de acordo com o ângulo
de visão do cliente).
• Note que a página do formulário de desenho relativa a casa deve
ser apresentada na horizontal, para que se faça uma avaliação
adequada.
• As páginas relativas à árvore e a pessoa devem se apresentadas
na vertical.
Desenhos Acromáticos

• Você deve ter uma clara visão da página enquanto o cliente


estiver desenhando, de modo que você possa anotar a ordem dos
detalhes desenhados, observar e registrar eventos incomuns na
sequência dos desenhos.
• Instrua o cliente a escolher um lápis, e diga: “eu quero que você
desenhe uma casa. Você pode desenhar o tipo de casa que
quiser. Faça o melhor que puder. Você pode apagar o quanto
quiser e pode levar o tempo que precisar. Apenas faça o
melhor possível”.
Desenhos Acromáticos
• Caso o indivíduo demonstre preocupação em relação as suas
capacidades para desenhar, enfatize que o H-T-P não é um teste
de habilidades artísticas e que o desenho deve ser, apenas, fruto
do seu maior esforço. Se o indivíduo quiser usar régua para auxílio
do desenho ressalte que o desenho deve ser à mão livre
• Comece a cronometrar assim que você tiver terminado de dar as
instruções e considerar que o indivíduo entendeu bem a tarefa.
Enquanto o desenho estiver sendo completado anote:
Desenhos Acromáticos
(a) a latência inicial (intervalo de tempo entre o final das
instruções e o cliente realmente começar o desenho),

(b) ordem dos detalhes desenhados,

(c) duração das pausas e o detalhe específico desenhado


quando a pausa ocorrer,

(d)qualquer verbalização espontânea ou demonstração de


emoção e detalhe que estiver sendo desenhado quando essas
ocorrerem, e

(e) o tempo total utilizado para completar o desenho.


• Os que levam um tempo excessivo em um
desenho podem fazê-lo devido a relutância
em produzir algo, ou por causa de seu
significado emocional contido no símbolo
envolvido ou ambos
Inquérito Posterior ao Desenho
• Uma vez que o desenho acromático (feito com o lápis preto)
esteja completo, é essencial dar ao individuo uma oportunidade
de definir, descrever e interpretar cada desenho, e para
expressar pensamentos, idéias, sentimentos ou memórias
associados.
• A seção do Inquérito Posterior ao Desenho do Protocolo de
Interpretação sugere alguma pergunta para facilitar esse
processo e fornece espaço para anotar as respostas do individuo.
Inquérito Posterior ao Desenho
• O principal, entretanto, é compreender o cliente extraindo o
maior numero possível de informações sobre o conteúdo e o
contexto de cada desenho. Você deve, portanto, seguir qualquer
linha de investigação que parecer proveitosa a esse respeito, e
que o tempo e o rapport com o individuo permitam.
• Detalhes que forem adicionados durante o inquérito também
devem ser identificados.
• Ao usar o H-T-P, você deve contar com sua experiência e com os
princípios básicos de entrevistas clínicas, para determinar o
quanto e quando a investigação de uma dada características do
desenho é apropriada.
• Uma pessoa bem ajustada vê a casa
ocupada por um ser vivo e vê a árvore
e a pessoa vivas;
• O contrário indica desajuste;
• Casa: estimula associações conscientes e inconscientes
referentes ao lar e às relações interpessoais intimas e
ao lar. Indica a capacidade do individuo sob stress e
tensões nos relacionamentos humanos íntimos e
problemas no lar.
• Árvore: menor associação consciente e mais
subincosciente e inconsciente do que os outros dois.
Expressão gráfica da experiência de equilíbrio sentida
pelo indivíduo e da visão de seus recursos de
personalidade para obter satisfação no e do ambiente.
• Pessoa: mais associações conscientes/imagem corporal.
Capacidade do indivíduo atuar em relacionamentos e a
forma de submeter seu “self” e as relações
interpessoais à avaliação crítica objetiva.
Lista de Conceitos Interpretativos
• É apresentada uma lista de características para cada
desenho. Inicialmente, veja a sessão de Característica
Normais da Lista e marque S (Sim) para aquelas que se
aplicam a cada desenho. A seguir marque todas as pausas
incomuns, comentários ou outros comportamentos
diferentes anotados enquanto os desenhos estavam sendo
feitos na seção de Observações Gerais na primeira página do
Protocolo.
3 – INTERPRETAÇÃO

• O material obtido durante a sessão dos desenhos do H-T-P


não será “avaliado” pelo senso comum. O Protocolo de
Interpretação do H-T-P pretende ser apenas um
instrumento para ajudar o clínico a concentrar-se mais nas
características relevantes dos desenhos do cliente, para
desenvolver uma interpretação clínica.
Avaliação do Desenho

• Examinar o desenho em relação à localização, ao


tamanho, à orientação e à qualidade geral, bem
como os desvios nas áreas gerais apresentadas na
lista de características do desenho que tenham
algum possível significado clínico.
Aspectos Gerais do Desenho

Atitude

• A atitude do individuo para com o H-T-P, fornece uma


medida grosseira sobre a sua disposição global para rejeitar
uma tarefa nova e, talvez, difícil. A atitude comum é de uma
aceitação razoável. Os desvios variam entre dois extremos:
• (a) da aceitação total ao hiperegotismo, e
• (b) da indiferença, derrotismo e abandono à rejeição aberta.
• Raramente os sentimentos de impotência do individuo com
distúrbios orgânicos, quando se deparam com uma tarefa que
exige criatividade, o levarão a rejeitar completamente o H-T-P.
Da mesma forma, dificilmente um individuo hostil irá recusar de
maneira direta a realização do H-T-P, ainda que possam rejeitar
todas as outras tentativas de um exame psicológico formal.
• A atitude em relação a cada desenho será influenciada pelas
associações despertadas pelo objeto do desenho. Normalmente o
desenho mais rejeitado é o da pessoa. Há uma série de razões
para isso:
(a) Muitos indivíduos desajustados tem suas maiores dificuldades
nas relações interpessoais;
(b)o desenho da figura humana parece despertar mais associações
no nível consciente, ou próximas da consciência do que os
desenhos da casa ou da árvore; e
(c) a consciência corporal acentuada torna os indivíduos
desajustados pouco à vontade.
Tempo, Latência, Pausas
• O tempo despendido para completar desenhos
os
podem fornecer informações valiosas acerca dos
significados dos objetos desenhados, e de suas partes
respectivas para o individuo. Geralmente, o numero de
detalhes, e seu método de apresentação devem
justificar o tempo gasto para a produção dos
desenhos; os três desenhos levam, normalmente, entre

2 e 30 minutos para serem completados.


Tempo, Latência, Pausas

• Aqueles que desenham com rapidez incomum, parecem fazê-


lo para se livrarem de uma tarefa desagradável.
• Os que levam um tempo excessivo em um desenho podem
fazê-lo devido a sua relutância em produzir algo, ou por
causa do significado emocional intenso envolvido ou ambos.
• Indivíduos maníacos podem demorar um grande intervalo de
tempo em função de riqueza de detalhes irrelevantes
desenhados.
• Os obsessivo-compulsivos também levam muito tempo por
causa de sua tendência para produzir meticulosamente os
detalhes relevantes.
Tempo, Latência, Pausas
• Se um individuo não começar a desenhar dentro de 30 segundos após
receber as instruções, o potencial para psicopatologia está presente.
• Um atraso sugere forte conflito; durante o Inquérito Posterior ao
Desenho o examinador deve tentar identificar os fatores que
produziram este conflito.
• Quando o individuo fizer uma pausa de mais de 5 segundos em cada
desenho, um conflito é fortemente sugerido. A parte do objeto que
estiver sendo desenhada, tiver acabado de ser desenhada ou se for
desenhada em seguida pode representar a origem do conflito; esta área
deve ser investigada durante o Inquérito.
• Pausas durante comentários ou respostas durante a fase de Inquérito
também devem ser investigadas.
Capacidade Critica e Rasuras
• A capacidade para ver o trabalho de alguém objetivamente,
para criticá-lo e para aprender com a crítica é uma das
primeiras funções intelectuais a ser afetada na presença de
forte emotividade e/ou de processos orgânicos. Alguns
comentários verbais sobre a capacidade artística, tais como
“Nunca aprendi a desenhar” ou “isto aqui está fora de
proporção” são comuns. Quando excessivos, tais comentários
indicam potencial para patologia, especialmente se não
houver tentativas para corrigir as falhas identificadas
verbalmente.
Comportamentos indicativos de autocrítica incluem:
1 – Abandono de um objeto não completado, recomeçando o desenho
em outro lugar da página do desenho, sem apagar o desenho
abandonado.
2 – Apagar sem tentar redesenhar. Esse caso geralmente é restrito
a um detalhe que aparentemente despertou um forte conflito.
3 – Apagar e redesenhar. Se o novo desenho resultar em melhora é
um sinal favorável. Entretanto, pode indicar patologia se a
tentativa de correção representar meticulosidade exagerada, ou
uma tentativa inútil de obter perfeição, ou se a rasura for
seguida de uma deterioração da qualidade da forma. Esta última
implica em uma reação emocional extremamente forte em relação
ao objeto desenhado, a seu significado simbólico ou à presença
de deterioração orgânica, ou a ambos.
Comentários

• Comentários escritos, feitos por um individuo, durante a


fase do desenho, geralmente incluem nomes de pessoas,
ruas, árvores, números ou outros elementos; eles podem
também ser figuras geométricas e rabiscos. Estes parecem
representar uma necessidade compulsiva para estruturar a
situação o mais completamente possível (indicativa de
insegurança), ou uma necessidade compulsiva para compensar
uma idéia ou sentimento obsessivo ativado por alguma coisa
no desenho.
• Observações supérfluas, tais como “Eu vou colocar uma
gravata nele”, parecem ajudar um individuo inseguro a
estruturar a situação. Observações irrelevantes, tais como
“Você disse que hoje é o seu primeiro dia aqui?”, parecem
ter a função de facilitara situação de entrevista. Um número
excessivo de comentários, comentários irrelevantes ou
bizarros indicam preocupação.
• Verbalizações durante a fase do desenho frequentemente
incluem conteúdos que foram reprimidos durante uma
entrevista anterior, incluindo idéias de orientação e
perseguição.
• Muitos indivíduos se tornam altamente emotivos enquanto
estão desenhando ou sendo questionado, presumivelmente
por causa de sua expressão do material reprimido até então.
Qualquer individuo pode exibir sintomas de ansiedade
durante a situação de entrevista do H-T-P. Entretanto,
expressões persistentes de maior ou menor intensidade ou
repressão da expressão sempre indicam desequilíbrio da
personalidade, desajustamento ou problema orgânico.
Características Gerais do Desenho
A proporção, a perspectiva e os detalhes em um desenho
são características gerais que podem fornecer informações
sobre o funcionamento de um individuo no contexto de seu
nível de funcionamento esperado.
• O uso adequado e apropriado de detalhes é a
primeira característica que se estabiliza no
desenvolvimento.
• A próxima é a capacidade de representar as
proporções realistas e,

• Em terceiro lugar, a capacidade de reconhecer


e representar a necessidade de perspectiva.
Características Gerais do Desenho
Em geral, a adequação e o uso apropriado dos detalhes
fornecem um índice das capacidades do individuo para
reconhecer os elementos da vida diária e empregá-los
convencionalmente, bem como as capacidade de avaliar
criticamente os elementos da realidade em geral.

• A adequação da proporção nas figuras desenhadas reflete a


capacidade do individuo para julgar, eficientemente, a
solução de problemas mais básicos, concretos e imediatos da
vida diária.
Características Gerais do Desenho
• Determinar e desenhar as proporções corretas envolve a
capacidade do individuo para julgar criticamente os
problemas mais básicos apresentados no seu ambiente.

• Quando as relações espaciais entre os elemento em um


desenho são estabelecidas pela perspectiva, o individuo está
mostrando a capacidade de reconhecer as relações de cada
todo no tempo e espaço simbólicos em relação aos outros
objetos do ambiente.

Isto indica a capacidade do individuo para agir com visão


critica nos relacionamentos mais abstratos e amplos da vida
diária.
Proporção
• As relações de proporção expressas pelo individuo em seus
desenhos da casa, árvore e pessoa, frequentemente revelam os
valores atribuídos pelo individuo aos objetos, situações e
pessoas.
• Relações proporcionais nos desenhos também fornecem um índice
grosseiro da capacidade do individuo para atribuir valores
objetivos aos elementos da realidade e realizar julgamento com
facilidade e flexibilidade.
• Entre a figura desenhada e a folha do desenho. Os
desenhos ocupam, em média de um a dois terços da
área padrão do desenho

• O uso de uma área extremamente pequena do espaço

disponível geralmente aponta um sentido de


inadequação, uma tendência de se afastar
do principal
ambiente ou uma rejeição do tema
do desenho (Figura 5).
• Um desenho que ocupa quase todo o espaço
disponível ou que, por causa de seu tamanho, tenha
uma parte cortada pela margem do papel
geralmente indica um sentimento de frustração
(Figura 10d).
• Indivíduos que fazem esses desenhos grandes,
frequentemente, estão sentindo hostilidade em
relação a um ambiente restrito. Grande tensão e
irritabilidade com sentimento de imobilidade
desamparada é indicada. Uma visão egocêntrica da
importância do próprio individuo também pode ser
um fator encoberto nos desenhos muito grandes.
Proporção
• Detalhes na figura desenhada: Em geral, um detalhe de
tamanho maior do que a média (comparado com os outros
detalhes desenhados pelo individuo), implica muito interesse
e preocupação com o que o item simboliza para o individuo
que produziu o desenho.

• Um detalhe de tamanho menor do que a média


normalmente implica uma rejeição ou um desejo de rejeitar
o que o item pode simbolizar para o individuo.
Perspectiv
a

• Um planejamento das relações espaciais no desenho da casa,


da árvore e da pessoa indica a capacidade do indivíduo para
compreender e reagir com sucesso a aspectos mais
complexos, mais abstratos e mais exigente da vida. A
perspectiva também pode ser vista como uma medida da
compreensão do individuo.
Localização vertical da página.
• Quanto mais abaixo do ponto médio da folha estiver
localizado o ponto médio do desenho, maior é a probabilidade
de o indivíduo se sentir inseguro e inadequado, e desse
sentimento produzir um depressão no humor (Figura 10d).
Indivíduos que desenham dessa maneira tendem a ser
concretos e a buscar satisfação mais na realidade do que na
fantasia. Se o individuo vê o desenho como continuando para
além da margem inferior da página, ele pode se sentir
esmagadoramente oprimido.
Localização vertical da página.

• Quanto mais acima do ponto médio estiver localizado o


desenho, maior é a probabilidade de o individuo se sentir
lutando por objetivos inatingíveis (Figura 9).
• A localização do desenho acima do ponto médio pode
identificar que o individuo tende mais a buscar satisfação na
intelectualização ou na fantasia, do que na realidade.
Localização central na página.

• Quando o desenho se localizar ao redor do ponto médio


geométrico exato da página, o individuo geralmente é rígido
para compensar a ansiedade e insegurança (Figura 12c).

• Mudança da posição da página. Indivíduos com tendências


agressivas e/ou negativas podem mostrar rejeição à
sugestão, recusando-se a aceitar a página na posição
apresentada.
Quadrantes da página.

Do ponto de vista dos quadrantes, duas questões se


sobressaem:
• Primeiro, o quadrante superior esquerdo (particularmente
seu canto extremo superior esquerdo) é o “quadrante da
regressão”. Indivíduos com deterioração psicótica ou
orgânica muito frequente localizam seus desenhos nesse
quadrante, assim como os indivíduos que não atingiram um
alto nível de maturidade conceitual (Figura 5 a –c).
• No quadrante inferior direito, o “quadrante incomum”, um
desenho quase nunca é colocado inteiro dentro dele.
Margem da página.

• Usos desviantes da margem ou margens da página são


sempre significativos. “Desenho cortado pelo papel” é a
amputação de parte do desenho por uma ou mais margens
(Figura 9b), algumas vezes, devido à relutância em desenhar
a parte em questão, por causa de associações desagradáveis.

• Quanto mais o desenho se estender para baixo na página


maior a tendência da repressão estar sendo usada como
estratégia para manter a integridade da personalidade.
Margem da página.

• O desenho cortado na margem esquerda parece indicar uma


fixação do passado e medo do futuro.

• O desenho cortado à direita parece indicar um desejo de


escapar para o futuro.
• O desenho cortado também pode ser um indicador de lesões
orgânicas.

• O desenho na borda do papel ocorre quando parte do


desenho toca a margem, mas não parece se estender para
além dela (Figura 18 a).
Margem da página.
• O uso da margem superior deste modo sugere uma fixação
no pensamento e na fantasia como fonte de satisfação.
• O uso das margens laterais indica insegurança e constrição.

• O uso da margem inferior da página implica em depressão e


em tendência a comportar-se de uma maneira concreta e
desprovida de imaginação. Este é o menos patológico dos
quatro usos desviantes das margens.
fantasia

passado rigidez
futuro

realidade
fantasia

passado futuro
rigidez

realidade
Relação com o observador.

• Os desenhos são usualmente representados como se


estivessem no mesmo nível do observador. Desvios deste
padrão são a “visão de pássaro” (figura 13 d), quando o
desenho é visto de cima, e a “visão de minhoca” (Figura
14a), quando o desenho é visto de baixo.

• Isto sugere sentimento de rejeição em relação à figura


desenhada ou um esforço para obter satisfação em
situações inatingíveis;
• Pode representar também um desejo de afastar-se
Visão de pássaro Visão de minhoca
Distância aparente em relação ao

observador.

• A distância é normalmente sugerida pelo tamanho muito


pequeno do desenho, localização do desenho no alto de uma
colina ou em vale profundo, ou por um grande número de
detalhes localizados entre o observador e o objeto
desenhado. Essa distância implica em uma forte necessidade
de manter o “self” afastado e inacessível.
Posição.
Os desenhos geralmente estão de frente para o observador, mas
com uma sugestão de profundidade ou, alternativamente, são
desenhados em perfis parciais.
• A ausência de qualquer sugestão de profundidade sugere um
estilo rígido e intransigente, que compensa sentimentos de
inadequação e de insegurança (Figura 9 a).
• Um desenho apresentando um perfil completo, sem sugestão de
que existe um outro lado (Figura 15c), indica fortes tendências
oposicionistas e de afastamento. Esses desenhos são mais
frequentes produzidos por indivíduos que apresentam estados
paranóicos
figura 9a Ffgura 15c
Posição.

• Uma linha de normalmente fornece um ponto


solo de
referência para o objeto desenhado.
• Quando a linha de solo for inclinada para baixo e para a
direita, o individuo pode sentir que o futuro é incerto e
talvez perigoso.
Transparências.
• Os indivíduos que apresentam um desenho em que um objeto,
que normalmente estaria encoberto por alguma coisa esteja
ainda visível cometem uma falha grave no teste de realidade
(Figura 16). Uma vez que as transparências implicam em uma
falha de função crítica, presume-se que elas indiquem nos
desenhos dos indivíduos sem deficiência mental a extensão
em que a organização da personalidade está rompida por
fatores funcionais, orgânicos ou ambos. O significado
patológico das transparências pode ser avaliado pelo seu
número e gravidade.
Movimento.


A interpretação de um movimento envolve a intensidade ou a

violência do movimento, o prazer ou desprazer envolvido no


movimento e o grau em que é voluntário (Figura 13f).
Consistência.
• Espera-se que a qualidade geral de cada desenho seja
semelhante. Por exemplo, se todos os detalhes
essenciais
estivem presentes no desenho da casa, do mesmo modo é
esperado que os desenhos da árvore e da pessoa também
estejam completos.
• Uma deterioração progressiva da casa para a árvore e para a
pessoa geralmente acompanha cansaço ou negativismo crescente.
A progressão oposta, uma melhora na qualidade da casa para
árvore e para a pessoa indica medo inicial ou dificuldade de
adaptação à situação de entrevista.
Detalhes

• O tipo e número de detalhes, o método de apresentação, a


ordem de produção e a ênfase colocada sobre eles, podem
geralmente ser considerados como um índice de
reconhecimento, de interesse e de reação aos elementos da
vida diária.
Detalhes essenciais.

Mesmo a ausência de apenas um detalhe essencial deve ser


vista como séria;

• (a) as implicações patológicas são maiores quanto mais


detalhes essenciais estiverem faltando e mais desenhos
estiverem envolvidos.
• (b) O uso mínimo de detalhes essenciais ou abaixo da média,
particularmente nos desenhos da casa e da árvore sugere
retraimento e /ou conflito na área representada ou
simbolizada, pelo detalhe ou pelo desenho associado.
Detalhes essenciais.

• (c)Indivíduos retardados, com lesão cerebral, retraídos ou


deprimidos tendem desenhar o mínimo de detalhes para cada
desenho (Figura 5 a-c).
• (d) O uso excessivo de detalhes essenciais (como por
perseveração) implica preocupação exagerada, com o que
pode ser representado ou simbolizado pelo detalhe em
questão.

(Figura 6 a)
Detalhes não essenciais.
• O usolimitado de detalhes não essenciais, tais
como
cortinas nas janelas, folhas nas árvores, roupas
nas
pessoas etc. indicam bom contato com a realidade e a
interação sensível, provavelmente bem equilibrada com o
ambiente.
• Uso excessivo de detalhes sugere preocupação exagerada
com o ambiente ou com a área simbolizada ou representada
pelos detalhes usados ou por suas associações. Os
obsessivo- compulsivos tendem a desenhar um maior
número de detalhes deste tipo (Figura 6 a).
(Figura 6 a).
Detalhes irrelevantes.
• Quando usados de forma limitada, como arbustos desenhados
próximo à casa; pássaros em árvores ou no céu; ou um animal de
estimação com a pessoa, indicam uma insegurança básica
moderada ou uma necessidade de estruturação da situação de
maneira mais segura.

• Quando usados excessivamente, eles sugerem uma ansiedade


“flutuante livre” existente ou potencial na área simbolizada pelo
detalhe. Nuvens, por exemplo, representam uma ansiedade
generalizada em relação ao objeto desenhado.

• O uso excessivo de detalhes irrelevantes pode indicar uma forte


necessidade de afastamento, especialmente se ele tendem a
suplantar o tema principal do desenho (Figura 7 a-c).
Detalhes bizarros.

Detalhes bizarros, como pernas humanas sustentando uma


casa, indicam que o indivíduo tem um contato com a
realidade gravemente comprometido e a presença de grave
psicopatologia.
• Dimensão do detalhe: Detalhes uni e bidimensionais (Figura
8 a-c) tendem a indicar baixa capacidade mental ou lesão
cerebral. A exceção para este caso é a “figura palito” da
árvore ou da pessoa.
Sombreamento do detalhe.
Sombreamentos saudáveis são produzidos de forma rápida,
leve e com poucos rabiscos casuais. São saudáveis porque
envolvem abstração e uma certa quantidade de sensibilidade
ao ambiente. O individuo não volta a sombrear ou a reforçar.
Sombreamentos que indicam patologia na forma de
ansiedade e conflito são produzidos lentamente com
atenção e força excessiva ou sem respeitar os contornos.
Sequência de detalhes.

Qualquer desvio em relação à seqüência do desenho como,


uma ordem de apresentação pouco comum, um retorno
compulsivo para algo que foi previamente desenhado, apagar
e redesenhar algo previamente desenhado, ou repetição de
um detalhe indicam patologia potencial.
Ênfase no detalhe.

A ênfase em um detalhe é mostrada por comentários ou


expressões emocionais claras, por seqüências pouco comuns
em volta daquele detalhe, pelo excesso de rasuras, pela
lentidão ao desenhar o detalhe, por combinações bizarras ou
por lesões desenhadas, tais como cicatrizes. A omissão ou
não complemento de um detalhe ou a recusa em comentar
sobre ele também pode ser interpretada como ênfase
naquele detalhe. Essas ênfases implicam ansiedade ou
conflito relacionados ao detalhe em questão.
Qualidade da linha.

Uma pessoa média tem pouca de dificuldade para desenhar


linhas relativamente retas. Os ângulos são geralmente bem
definidos e as linhas curvas fluem livremente e de modo
controlado.
• Falhas na coordenação motora sugerem um desajustamento
funcional da personalidade ou uma desordem do sistema
nervoso central.
Qualidade da linha.

• Traçados fortes, desenhados com linhas pretas fortes


sugerem tensão; quando usadas em todo o desenho, essas
linhas indicam problemas orgânicos. Se ele forem usados em
um detalhe específico, o examinador deve presumir:

(a) uma fixação no objeto desenhado (por exemplo: a mão da


pessoa sendo vista como fonte de culpa), e/ou

(b)hostilidade reprimida ou manifesta contra o detalhe


desenhado ou o que ele simboliza.
Qualidade da linha.
•Se os traços fortes formarem o contorno da maior parte do

desenho, enquanto outras linhas dentro do desenho não são


fortes, o individuo para estar lutando para manter a
integridade do ego, e pode estar desconfortavelmente
consciente do fato.
•Se os traços fortes forem as linhas de solo e ou as mais

altas, o individuo pode estar tentando estabelecer contato


coma realidade e reprimir a tendência de obter satisfação
na fantasia.
•Uma linha de solo muito forte é geralmente interpretada

como representando sentimentos de ansiedade nos


relacionamentos.
• Traçados extremamente leves usados em todo o desenho indicam
um sentimento de inadequação, indecisão ou medo de derrota.

• Linhas que se tornam mais fracas a medida que a sessão progride


indicam ansiedade ou depressão generalizadas.
• Linhas fracas usadas somente para certos detalhes parecem
representar uma relutância do individuo para desenhar esses
detalhes, por causa do que simbolizam.
• Traçados interrompidos geralmente indicam indecisão, enquanto
linhas muito continuas podem estar associadas à rigidez interna.

• Linhas que são interrompidas e nunca são unidas podem indicar


falha incipiente do funcionamento do ego.
Inquérito Posterior ao Desenho
• O Inquérito Posterior ao Desenho pretende esclarecer aspectos
obscuros dos desenhos e proporcionar ao indivíduo toda a
oportunidade de projetar sentimentos, necessidades, objetivos e
atitudes através da descrição verbal e de comentários sobre
seus desenhos.

• Uma pessoa média, bem ajustada vê a casa ocupada por um ser


vivo e vê a árvore e a pessoa vivas.
• Respostas ao inquérito que descrevem a casa temporariamente
desocupada ou deserta, a árvore morrendo ou morta e a pessoa

doente, morrendo ou morta parecem revelar desajustamento.


Inquérito Posterior ao Desenho

As respostas dadas durante o inquérito devem ser avaliadas


de acordo com diversas dimensões. O volume de respostas é
importante:
• A recusa do individuo de fazer qualquer comentário é
patológica. “Eu não sei” não deve ser interpretado como
falta de resposta, nem é uma resposta satisfatória. Pelo
fato de algumas questões serem especificas e restritas,
• Uma resposta curta pode não ser sempre considerada como
concisa, enquanto que uma resposta longa também não deve
ser sempre considerada eloquente.
Inquérito Posterior ao Desenho
• Muitas vezes, objetos aparentemente irrelevantes
desenhados ao redor do tema do desenho representam
membros da família ou pessoas com as quais o indivíduo está
intimamente ligado na vida diária. A sua relação espacial com
o objeto desenhado pode ser paralela á proximidade ou
distância destas relações pessoais. Estes detalhes devem
ser sempre investigados.
OBRIGADA!!!

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