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Aula 15: A construção da

Narrativa Histórica

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“Historical narratives as a means of transmitting by
historians their knowledge of the past, in the sense
both of description and interpretation, are arousing
growing interest in those concerned with the
methodology of history and the general philosophy of
science. They raise the problem, of fundamental
importance for historical research, whether it is
possible to obtain a true picture of the past through
the intermediary of an historical narrative; and if so,
how far that is possible. In other words, the question is
the possibility of correspondence between the content
of a narrative and past facts. Some answer that question
in the affirmative, while others main Lain that an
historical narrative is by its very nature a deformation of
the past.” Jerzy Topolski, 1987, Historical Narrative:
Towards a Coherent Structure.
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• “1. An historical narrative is tied to the medium of
memory. It mobilizes the ex- perience of past time,
which is engraved in the archives of memory, so
that the experience of present time becomes
understandable and the expectation of future time
is possible. 2. An historical narrative organizes the
internal unity of these three dimensions of time by
a concept of continuity. This concept adjusts the real
experience of time to human intentions and
expectations. By doing so it makes the ex- perience
of the past become relevant for present life and
influences the shaping of the future. 3. An historical
narrative serves to establish the identity of its
authors and listeners. This function decides
whether a concept of continuity is plausible or not.
This concept of continuity must be capable of
convincing the listeners of the permanence and
stability of themselves in the temporal change of their
world and of themselves.” Jörn Rüsen, 1987,
Historical Narration: Foundation, Types, Reason
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O significado da narrativa histórica

• As narrativas históricas são mais do que meros relatos; são o meio


através do qual interpretamos, recordamos e transmitimos a nossa
história. Como Hayden White, uma figura proeminente no estudo
das narrativas históricas, afirmou, "as narrativas históricas não são
apenas histórias, mas interpretações, perspetivas e argumentos sobre
o passado" (White, 1973). Isto significa que as narrativas históricas
são inerentemente subjetivas, refletindo as perspetivas e
preconceitos de quem as constrói. No entanto, são ferramentas
essenciais para dar sentido à história e fornecer um quadro para
compreender a complexa interação de acontecimentos, pessoas e
ideias.
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Construção de narrativas históricas
• Seleção de
acontecimentos e temas
• Utilização de fontes
• Estrutura cronológica • Interpretação de provas
• Causa e efeito • Estilo narrativo e voz
• Considerações sobre o
• Desenvolvimento de
público
personagens
• Contexto historiográfico
• Enquadramento
• Considerações éticas e
• Tema morais
• O papel do historiador
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O papel da perspetiva

• É fundamental reconhecer que as narrativas históricas não são relatos objectivos do passado. Em vez disso,
são influenciadas pela perspetiva do historiador, pelas fontes disponíveis e pelas normas sociais. Como
argumenta o teórico histórico Paul Ricoeur, "A história é uma representação do passado, não uma fotografia
do mesmo" (Ricoeur, 1984). Esta representação é influenciada pelas escolhas, juízos e interpretações do
historiador.

• Uma questão proeminente é a parcialidade das narrativas históricas. Os historiadores podem, consciente ou
inconscientemente, introduzir preconceitos com base nos seus próprios antecedentes, valores culturais ou
posições ideológicas. Por exemplo, o eurocentrismo, a prática de encarar a história europeia como o pináculo
da civilização humana, tem muitas vezes distorcido as narrativas históricas, desvalorizando os contributos de
outras regiões e culturas (Said, 1978).

Contudo, o reconhecimento de preconceitos é o primeiro passo para narrativas históricas mais inclusivas e
exatas. Ao reconhecerem estes preconceitos, os historiadores podem esforçar-se por obter uma representação
mais equilibrada e abrangente do passado.

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Hayden White
• O trabalho inovador de White em
"Metahistory" desafiou a ideia
convencional da história como um
relato direto e objetivo de
acontecimentos passados. Defendeu
que a escrita histórica partilha
semelhanças estruturais fundamentais
com as narrativas literárias.

• Estrutura Narrativa e Imaginação


Histórica:
• A Poética da História
• “Emplotment” e explicação histórica
• Tropos e Figuras em Narrativas
Históricas
• Desafiar a objetividade

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Frank Ankersmit

• Filosofia da História e
Representação
• Narrativa como modo
fundamental de representação
histórica
• Experiência Histórica Sublime
• A viragem para a linguagem
• A questão da identidade

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A questão da subjetividade/objetividade em White e
Ankersmit
• A abordagem de Ankersmit é mais radical na sua subjetividade. Embora encoraje
os historiadores a abraçar a natureza interpretativa das narrativas históricas, pode
ser vista como excessivamente cética quanto à possibilidade de uma escrita
histórica objetiva. Esta posição extrema pode limitar o potencial de narrativas
históricas bem estudadas e equilibradas.

A abordagem de White, que reconhece tanto a subjetividade como o potencial de


objetividade, estabelece um equilíbrio. Permite o reconhecimento dos aspectos
interpretativos da história e, ao mesmo tempo, mantém os historiadores fiéis a
certos padrões de justiça e rigor. No entanto, pode ser criticado por não abordar
plenamente a medida em que a parcialidade e a perspetiva podem moldar as
narrativas históricas.
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O futuro da Narrativa Histórica
• É provável que o futuro da narrativa histórica seja moldado pelo aparecimento de novas tecnologias, como a
inteligência artificial e a realidade virtual. Estas tecnologias têm o potencial de revolucionar a forma como acedemos e
consumimos a informação histórica.

• Por exemplo, a IA poderá ser utilizada para desenvolver novas ferramentas que ajudem os historiadores a analisar
grandes conjuntos de dados de documentos históricos. A RV poderá ser utilizada para criar experiências históricas
imersivas que permitam aos utilizadores sentirem-se transportados no tempo.

• Estas novas tecnologias poderão tornar a narrativa histórica mais acessível e cativante para um público mais vasto.
Poderão também ajudar os historiadores a criar formas novas e inovadoras de contar histórias sobre o passado.

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• Paul Ricoeur, Time and narrative, Vol.1, Chicago: University of Chicago Press, 1990.

• Franklin Rudolf Ankersmit, Narrative logic: a semantic analysis of the historian’s language,
Tese: Let., Groningen, 1981.

• Franklin Rudolf Ankersmit, Sublime historical experience, Stanford, Calif. : Stanford University Press, 2005.

• Hayden White, The fiction of narrative: essays on history, literature, and theory, 1957-2007, Baltimore : Johns
Hopkins University Press, 2010.

• Hayden White, The content of the form : narrative discourse and historical representation, Baltimore: Johns
Hopkins University Press, c1987.

• Hayden White, Metahistoria : la imaginación histórica en la Europa del siglo XIX, México : Fondo de Cultura
Económica, 1992.

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