You are on page 1of 43

REGIMES JURÍDICOS DE

TRATAMENTO DA PROSTITUIÇÃO

“O termo prostituta não é usado para referir um grupo ocupacional que ganha a vida
fornecendo serviços sexuais. É usado como descrevendo uma categoria de mulheres que
ameaça a saúde pública, a moral, a estabilidade social e cívica... Encontramo-nos assim a ser
alvo de impulsos moralistas dos grupos sociais dominantes, através de missões de limpeza e
saneamento, tanto materiais como simbólicas”.

(Manifesto das trabalhadoras sexuais – 1ª Conferência Nacional)

Grupo:
Adriana Gomes de Proença
Catherine Fanizzi
Eduardo Calmon de Almeida Cezar
Reinaldo Gonçalves de Toledo
INTRODUÇÃO

São cinco os principais regimes jurídicos de tratamento da prostituição:

 Proibicionista;
 Regulador;
 Abolicionista;
 Neo-abolicionista;
 Legalizador;
MODELO PROIBICIONISTA

 Conceito: “O sistema proibicionista constitui a versão extremada do combate


à prostituição, tornando o comportamento ilegal e criminalizando sua
demanda. Pode-se considerá-lo como uma exacerbação do abolicionismo.
Esse sistema encara a prostituição como verdadeiro ‘câncer social’ a ser
extirpado” (STEFAM, 2016).

Logo, são alvos:


• O profissional do sexo;
• O terceiro que de alguma forma facilita ou induz à prática;
• Aquele que contrata os serviços de prostituição.
MODELO PROIBICIONISTA

 Alguns dados históricos:


• No século VI, o imperador Justiniano proibiu oficialmente a prostituição e baniu os
bordéis, influenciado por sua esposa Teodora, uma ex-prostituta.
• No século XIII, na França, o Rei Luiz IX mandou fechar os bordéis antes de partir
para uma cruzada.
• Veneza baniu o ato em 1266 e 1314, mas no século XVI o autorizou, havendo até
catálogo das profissionais na prefeitura local.
• No século XVI, Martinho Lutero considerava as prostitutas como seres abjetos, que
então mereciam ser quebradas, esfoladas e marcadas com ferro quente (STEFAM,
2016, p. 165). Como resultado, cessou-se o patrocínio do clero aos bordeis,
generalizando a repressão à prostituição.
• No Século XVII, a Confederação Suíça passou a perseguir as prostitutas.
MODELO PROIBICIONISTA

 “Em vez de abandonar as mulheres na indústria sexual para a prostituição


patrocinada pelo Estado, as leis deveriam ser endereçadas ao predador que
compra a mulher para o sexo prostituído. Homens que usam as mulheres em
prostituição permaneceram invisíveis por muito tempo.”
(Ten reasons for not legalizing prostitution and a legal response to the demand for prostitution.
Disponível em: http://www.catwinternational.org//Content/Images/Article/41/attachment.pdf -
Prof. Janice Raymond da Universidade de Massachuts)
MODELO PROIBICIONISTA

 Alguns países que adotaram o modelo proibicionista:

• Islândia;
• Noruega;
• Estados Unidos;
• China.

 Adota-se, portanto, a tese de que a prostituição é uma forma de violência


sexista praticada pelo homem contra mulheres e crianças. Consideram-na um
fenômeno social indesejado e que se revela como obstáculo para políticas em
favor da igualdade de direitos entre gêneros (STEFAM, 2016).
MODELO PROIBICIONISTA

 Críticas ao modelo:

• “Ajusta-se o discurso para a defesa da igualdade de gênero e para a proteção da


mulher em situação de prostituição, sem, contudo, jamais cuidar de ouvi-la, de
respeitar suas escolhas.” (STEFAM, 2016, p. 197)
• “A dignidade das pessoas está acima do trabalho que realizam, seja qual for. Uma
coisa é afirmar que as condições em que se exerce a prostituição são, em muitos
casos, indignas, e outra, muito diferente, é considerar que o indigno é exercer esse
trabalho.” (GARAIZABAL, 2008, p. 104)
• “...a prostituição poder ser considerada imoral por alguns, mas não fere nenhum
bem jurídico significativo, de modo que se deve ser reputada lícita. Diante disso
cabe o seu exercício livre nos termos constitucionais.” (NUCCI, 2015, p. 126)
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

 Conceito: o sistema regulador é aquele em que o Estado assume uma figura


de órgão responsável pelo disciplinamento da atividade sexual com o
estabelecimento de normas de regência.

 Características do sistema:

• Fenômeno social que não pode ser erradicado.


• Existência de normas jurídicas que disciplinam o trabalho da prostituição,
com o reconhecimento estatal.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

 Formas de regulação:

• O Estado define os espaços, horários e funcionalidades em que a prostituição


pode ser exercida, controlando por meio de licenças ou credenciais;
• Assunção pelo Estado do reconhecimento do risco de contrair infecções
sexualmente transmissíveis (DSTs) da prática;
• Criação de um sistema de controle médico, tornando-o obrigatório aos
prestadores do serviço;
• Definição de contrato de trabalho.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

 Tentativa de regulação no Brasil:


Houve duas tentativas de regulação no Brasil :

• O projeto de Lei n.º 98/2003, do ex-Deputado Federal Fernando Gabeira.


Objetivo do projeto: pretende-se tornar exigível o pagamento pela prestação
de serviços de natureza sexual, e do mesmo modo, a quem permanecer
disponível para tais serviços, quer tenha sido solicitado a prestá-los ou não.
Como decorrência disso, propõe a revogação dos arts. 228 - favorecimento da
prostituição; 229 - casa de prostituição; 231 - tráfico de mulheres; todos do
Código Penal.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

 Motivos do fracasso dos projetos:


Os motivos que levem a frustração desses projetos, percebe-se de maneira
evidente como fator, a estigmatização da prostituição.
Assim, de acordo com Davis (1937, p. 748 e 749), a estigmatização ocorre
pelo fato de que “esta coloca a sexualidade em total oposição à função
procriativa da família”.
Rissio (2011, p. 40) afirma que “as instituições sexuais que estimulam a
tarefa de procriar e socializar os mais jovens, como o casamento, por
exemplo, são aquelas que possuem valoração positiva”. Dessa forma, a
prostituição é socialmente condenada por não possuir função procriadora, tal
como as relações sexuais tidas fora do casamento.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

 Motivos do arquivamento do projeto:


• Convenção Sobre Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher, promulgada
pelo Brasil em 20 de março de 1984 (Decreto nº 89.460);
• Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Seres Humanos e da
Exploração da Prostituição de Outro;
• Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo a
Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas em Especial Mulheres e
Crianças, aprovada pelo Decreto Legislativo n.º 231, de 2003.
• A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato (art. 421, CCB);
• Todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes (art.
122, CCB).
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

• O projeto de Lei 4211/2012 elaborado por prostitutas organizadas e


protocolado pelo Deputado federal Jean Willys.
Objetivo do projeto: Não é só desmarginalizar a profissão e, com isso,
permitir, aos profissionais do sexo, o acesso à saúde, ao Direito do Trabalho,
à segurança pública e, principalmente, à dignidade humana. Mais que isso, a
regularização da profissão do sexo constitui instrumento eficaz ao combate à
exploração sexual, pois possibilitará a fiscalização em casas de prostituição e
o controle do Estado sobre o serviço.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

Nome do projeto: A lei se intitula “Gabriela Leite” em homenagem a profissional do


sexo de mesmo nome, que é militante de Direitos Humanos, mais especificamente dos
direitos dos profissionais do sexo, desde o final dos anos 70. Gabriela Leite iniciou sua
militância em 1979, quando se indignou com atitudes autoritárias, arbitrárias e violentas
por parte do Estado que, através da Polícia de São Paulo, promovia perseguições a
travestis e prostitutas. Gabriela Leite participou na criação de vínculo solidário entre os
profissionais do sexo, na mobilização política dos mesmos e fundou a ONG “Davida”,
que tem como missão o fomento de políticas públicas para o fortalecimento da cidadania
das prostitutas; mobilização e a organização da categoria; e a promoção dos seus direitos.
A “Davida” criou, por exemplo, a grife DASPU, um projeto autossustentável gerido por
prostitutas e que tem por objetivo driblar a dificuldade de financiamento para iniciativas
de trabalho alternativo por parte das profissionais do sexo.
MODELO REGULADOR/
REGULAMENTARISTA

• Andamento do projeto no Congresso Nacional: Encontra-se paralisado desde 2012.

 Países que adotam o sistema regulador:


• Uruguai;
• Equador;
• Bolívia;
• Alemanha;
• Holanda.

 Os regulamentaristas acreditam que possibilitando a atuação lícita, não mais haverá


razão para que a atividade se submeta às regras do submundo criminoso. Com isso,
será mais fácil, por exemplo, impedir o envolvimento de crianças e adolescentes na
prostituição.
MODELO ABOLICIONISTA

 Histórico:

• Final do século XIX: inicia-se na Europa um movimento contra o


regulamentarismo;
• Apoio do movimento feminista;
• Oposição à intervenção do Estado (limpeza sanitária);
• Convenção para a repressão do tráfico de pessoas e do lenocínio (1950),
assinada pelo Brasil em 1951 e promulgada pelo Decreto nº 46.981/1959:
punição da exploração da prostituição em suas diversas formas.
MODELO ABOLICIONISTA

 Conceito: modelo que considera a prostituição como forma de violência contra


as mulheres, considerando-as vítimas de exploração e buscando, portanto, sua
libertação e reintegração. A atividade da prostituta não é considerada criminosa,
penalizando-se apenas o proxenetismo.

“o movimento abolicionista considerava (e considera) a prostituição como


uma escravatura incompatível com a dignidade das pessoas, colocando a
prostituta na situação de vítima que não deve ser punida, mas sim incentivada
a deixar a prostituição e a inserir-se socialmente. A prostituta não é punida,
mas sim a exploração comercial da prostituição” (TAVARES, 2002).
MODELO ABOLICIONISTA

 Críticas:

• Trata a prostituição como ócio sexual e não um trabalho (Nucci);


• Distancia-se da realidade, adotando um discurso moral descolado dela
(Nucci);
• É utópico, na medida em que pretende eliminar a prostituição (Nucci);
• Atenta contra a liberdade individual (Tavares) – há uma livre escolha?
• Nega direitos sociais, levando à marginalização das prostitutas;
• Limita-se a não punição da prostituta, sem qualquer atuação em direção à
proteção dos trabalhadores sexuais.
MODELO ABOLICIONISTA

 Alguns países que adotam o modelo abolicionista:

• Itália: “E' vietato l'esercizio di case di prostituzione nel territorio dello


Stato e nei territori sottoposti all'amministrazione di autorita' italiane”
(Art. 1, Legge 20 febbraio 1958, n. 75).

• Portugal: “Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar,


favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição é punido
com pena de prisão de seis meses a cinco anos” (Art. 169, nº 1, Código
Penal).
MODELO ABOLICIONISTA

 Brasil – Código Penal de 1890:

Art. 277. Excitar, favorecer, ou facilitar a prostituição de alguem para satisfazer


desejos deshonestos ou paixões lascivas de outrem:
Pena - de prisão cellular por um a dous annos.
Art. 278. Induzir mulheres, quer abusando de sua fraqueza ou miseria, quer
constragendo-as por intimidações ou ameaças, a empregarem-se no tratico da
prostituição; prestar-lhes, por conta propria ou de outrem, sob sua ou alheia
responsabilidade, assistencia, habitação e auxilios para auferir, directa ou
indirectamente, lucros desta especulação:
Penas - de prisão cellular por um a dous annos e multa de 500$ a 1:000$000.
MODELO ABOLICIONISTA

 Brasil – Código Penal de 1940 (paternalismo indireto e extremo):

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual


Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Rufianismo
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus
lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
MODELO ABOLICIONISTA

Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que
ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Crítica: apesar da proibição penal, é conivente com a exploração sexual.


São diversas as casas de prostituição brasileiras mundialmente conhecidas.
MODELO ABOLICIONISTA

 Brasil: “no Brasil, temos um sistema misto, pois não se pune a prostituta,
nem o cliente, mas todos os que favorecerem, auxiliarem ou obtiverem lucro
dessa atividade. Não se reconhece a prostituição como atividade laboral em
lei, mas isso é feito em ato administrativo do Ministério do Trabalho. Em
suma, nem está regulamentada, nem se está buscando, autenticamente, a sua
abolição” (NUCCI, 2014).

 CBO “5198: Profissionais do sexo” – Portaria nº 397, de 09 de outubro de


2002 (Ministério do Trabalho e Emprego).

 STJ – HC 211.888/TO (prostituição – ato lícito).


MODELO NEOABOLICIONISTA

 Conceito: mantendo a base abolicionista da não criminalização da prostituta,


defende a punição também dos clientes e o combate ao sistema que sustenta a
prostituição. Busca-se, ademais, uma maior proteção à pessoa prostituída,
além da conscientização dos clientes.
MODELO NEOABOLICIONISTA

 Suécia: previsão de penas de multa ou prisão por até seis meses.

• “A igualdade dos gêneros permanecerá um objetivo inalcançável enquanto os


homens continuarem comprando, vendendo e explorando mulheres e crianças
por meio da prostituição [...] um fenômeno específico de gênero; a maioria
esmagadora das vítimas é de mulheres e meninas, quando o responsável pelo
crime é invariavelmente o homem” (Informativo MIEC).

• Em dez anos, o número de compradores de sexo caiu de 13,6% para menos


de 8% da população (Unidade de combate ao tráfico humano da polícia
sueca), além de uma queda brusca no número de prostitutas.
MODELO NEOABOLICIONISTA

 Após a Suécia (pioneira), em 1999, países como Noruega, Islândia e França


(2016) adotaram o modelo neoabolicionista.

 França: previsão de multa de até 3,750 euros.

• “Estamos dando a quem se prostitui uma nova ferramenta para se defender e


se proteger. Se elas não quiserem isso então só o que precisam fazer é não
chamar a polícia. Mas se qualquer coisa errada acontecer, se o cliente for
violento, então elas têm a lei ao lado delas” (Anne-Cecile Mailfert,
presidente da Fundação das Mulheres na França).
MODELO NEOABOLICIONISTA

 Críticas:

“A penalização do cliente não beneficia as trabalhadoras do sexo, apenas as expõe


mais à violência [...] e ao isolamento” (Coletivo Strass).
“Este modelo legal obriga as trabalhadoras sexuais, sobretudo as da rua, a
trabalharem nas periferias, em zonas menos visíveis e acessíveis, onde a polícia não
possa surpreender os seus clientes” (Coletivo Tampep).
“É difícil trabalhar nestas condições, os clientes tem medo de ser apanhados, por
isso agora aceito ter relações sexuais nos seus automóveis por 55 euros, e também
estou disposta a ir com homens rudes que não querem usar camisinha, porque
necessito do dinheiro” (Johanna, prostituta, 35 anos).
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

 Conceito: modelo de regulamentação mínima, no qual a descriminalização


deve vir acompanhada do reconhecimento da prostituição como profissão,
sem a necessidade de condicionar o seu exercício a regras preestabelecidas.

 Histórico: A Nova Zelândia foi a pioneira na adoção desse modelo. No final


dos anos 90, ao mesmo tempo em que a Suécia estava proibindo o comércio
do sexo, e a Holanda tentando regulamentar a atividade, o Parlamento
neozelandês, com a participação ativa do Coletivo de Prostitutas da Nova
Zelândia (NZPC), debatia a possibilidade da descriminalização, sendo
aprovada, em 2003, a Prostitution Reform Act.
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

 Prostitution Reform Act 2003:

• Legalização do comércio sexual prestado de forma voluntária (autônoma ou


intermediada) por adultos;
• Criminalização do auxílio, facilitação e encorajamento de prestação de
serviços sexuais por menores de 18 anos, bem como a contratação e a
obtenção de lucro em razão desses serviços;
• Proibição da atividade a estrangeiros com visto provisório;
• Punição daqueles que induzem ou coagem alguém a fornecer ou continuar
fornecendo serviço sexual;
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

• Exigência de adoção e promoção de uma prática sexual segura, pelos


profissionais do sexo e pelos operadores do negócio;
• Abolição da exigência de registro dos profissionais (apenas os operadores de
casas de prostituição necessitam de autorização administrativa para atuar no
ramo);
• Regulação da localização das casas de prostituição (algumas cidades foram
obrigadas pela Justiça a rever regras que restringiam despropositadamente a
localização dos bordéis);
• Alteração do papel da polícia, que passou a ser protetora e não perseguidora;
• Tutela jurisdicional mais efetiva.
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

 New Zealand Prostitutes Collective


(NZPC): uma organização criada em
1987 pelos próprios profissionais do
sexo, que adotou como objetivos centrais
a defesa dos direitos trabalhistas, a
prevenção de doenças sexualmente
transmissíveis (especialmente HIV), e a
educação, além de fornecer suprimentos
necessários ao sexo seguro e
atendimento clínico de saúde sexual em
suas bases comunitárias.
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

 Resultados positivos:

• Em 2008, um comitê instalado para avaliar as condições da atividade


reportou que o número de pessoas trabalhando na indústria do sexo não tinha
aumentado, bem como que a maioria estava trabalhando de forma autônoma.
• Em 2014, uma prostituta ganhou US$ 20 mil dólares, por danos morais, em
um processo por assédio sexual contra o gerente do bordel onde trabalhava.
Catherine Healy, coordenadora nacional do NZPC, disse que a sentença é um
marco judicial para as profissionais do sexo, que só foi possível graças à lei
que descriminalizou a prostituição no país e concedeu direitos às
profissionais do sexo.
MODELO LEGALIZADOR/
DESCRIMINALIZADOR

 Anistia Internacional: em 11/08/2015, o Conselho Internacional da Anistia


Internacional, após dois anos de pesquisas, aprovou uma resolução recomendando e
autorizando o desenvolvimento da uma política que apoie a descriminalização de
todos os aspectos do trabalho sexual consensual.
Em 2016 foi publicada a Política da Anistia Internacional sobre a Obrigação do
Estado de Respeitar, Proteger e Realizar os Direitos Humanos das Trabalhadoras e dos
Trabalhadores Sexuais.
 Outros grupos que apoiam a descriminalização: OMS, OIT, Aliança Global Contra o
Tráfico de Mulheres, ONU Mulheres, ONUSIDA, a Rede Global de Projetos de
Trabalho Sexual, a Comissão Global sobre HIV e Direito, as Fundações para uma
Sociedade Aberta e Anti-Slavery International.
 Canadá: debate intenso pela legalização.
PROSTITUIÇÃO E FEMINISMO

 Posições abolicionistas:
• A prostituição não é uma escolha individual
(liberdade condicionada pela pobreza e
marginalização), mas um sistema que garante
o acesso dos homens ao corpo das mulheres;
• A prostituição, como sistema, está organizada
para e pelos homens;
• Corpos e sexualidade como mercadoria, a
partir de uma dupla moral (homens viris,
mulheres passivas).
PROSTITUIÇÃO E FEMINISMO

 Posições reguladoras/legalizadoras:
• A prostituição é um trabalho digno;
• Deve ser respeitada a liberdade de escolha
das mulheres sobre seu trabalho e seu corpo;
• É necessária a concessão de direitos sociais
(garantias trabalhistas), a fim de serem
combatidas a precarização do trabalho e a
violência contra a prostituta;
• A regulamentação removeria o trabalho
sexual da clandestinidade, acabando com o
estigma sobre a prostituta.
BIBLIOGRAFIA

 ABEL, Gillian, FITZGERALD, Lisa, HEALY, Catherine (editores), Taking the Crime out of Sex
Work: New Zealand Sex Worker´s Fight for Decriminalisation. Policy Press, 2010.
 ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Soberania patriarcal: o sistema de justiça criminal no
tratamento da violência sexual contra a mulher. Revista Brasileira de Ciências Criminais. n. 48.
mai/jun, 2004, pp. 260-290.
 BARRY, Kathleen. Carta aberta às nações unidas: a organização das nações unidas está
promovendo a prostituição?. 2013.
 BEAUVOIR, Simone de. Le Deuxième Sexe. L’expérience vécue. Paris: Gallimard, 1966.
 BRASIL. Código Penal. Vade mecum. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
 CAPEZ, Fernado. A objetividade jurídica nos crimes contra a dignidade sexual. Disponível em:
<http://capez.taisei.com.br/capezfinal/index.php?secao=27&subsecao=0&con_id=56 47>.
Acessado em: 07 de abr de 2018.
BIBLIOGRAFIA

 CARVALHO, Gisele Mendes. Delitos relativos a prostituição no Código Penal Brasileiro:


Proteção da dignidade humana ou paternalismo jurídico?, Ciências Penais, Vol. 12, jan-jun.
2010.
 COLOMBAROLI, Ana Carolina de Morais. Criminologia crítica e pensamento feminista:
convergências, divergências e possibilidades de interpenetração. Revista Jurídica da Libertas
Faculdades Integradas, n° 1, ano 3. 2013.
 DAVIS, Kingsley. The Sociology of Prostitution. American Sociological Review, vol. 2, n. 5.
Outubro de 1937, p. 744-755.
 DEJOURS, C. (2010). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: CHANLAT,
J. F. (2010). O indivíduo na organização (3a ed., p. 149 - 174). São Paulo: Atlas.
 DUARTE, Darlon Costa. Os modelos da disciplina penal acerca da prostituição, a problemática
da sua legalização e suas possíveis consequências sociais. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/46174>.
BIBLIOGRAFIA

 ESTEFAM, André. Homossexualidade, Prostituição e Estupro: Um Estudo à Luz da Dignidade


Humana. Saraiva, 2016.
 GARAIZABAL, Cristina. Las prostitutas toman la palabra. Las vicisitudes de su construcción
como sujeitos sociales. In: (Coord.) FERNANDÉZ, Isabek Holgado. Prostituciones – diálogos
sobre sexo pago. Barcelona: Icaria, 2008.
 GRECO, Rogério. Código Penal Comentado. Rio de Janeiro: IMPETUS, 2011.
 GUIMARÃES, Katia; MERCHÁN-HAMANN, Edgar. Comercializando fantasias: a
representação social da prostituição, dilemas da profissão e a construção da cidadania. 2005.
 LEITE, Gabriela Silva. Eu, mulher da vida. Editora Rosa dos Tempos, 1992.
 MANÇANO, Luiza. Breves considerações sobre a prostituição. Disponível em
<marchamulheres.wordpress.com/2016/06/08/breves-consideracoes-sobre-a-prostituicao/>.
 NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual: comentários à Lei 12.015, de 7
de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.
BIBLIOGRAFIA

 NUCCI, Guilherme de Souza. Prostituição, lenocínio e tráfico de pessoas. Aspectos


constitucionais e penais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
 PISCITELLI, Adriana. Trânsitos: brasileiras nos mercados transnacionais do sexo. Rio de
Janeiro: EdUERJ, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ref/v23n2/0104-026X-ref-23-
02-00629.pdf> Acesso em: 15 out 2015.
 PRADA, Monique. Regulamentar pra quê? Disponível em
<http://mundoinvisivel.org/regulamentar-pra-que/>.
 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Vol 3, Parte Especial – arts. 184 a 288.
Revista dos Tribunais: São Paulo, 2006.
 PRASAD, Sandeep. Now is the TimeTo Decriminalize Sex Work. Disponível em:
<https://www.huffingtonpost.ca/sandeep-prasad/decriminalizing-sex-work_b_16211160.html>
 Prostitution Reform Act 2003. Disponível em
<http://www.legislation.govt.nz/act/public/2003/0028/latest/DLM197815.html>
BIBLIOGRAFIA

 RAYMOND, Janice. Ten reasons for not legalizing prostitution and a legal response to the
demand for prostitution. Disponível em <http://www.catwinternational.org//Content/>.
 RODRIGUES, Renato Mori. 2010. Prostituição e construção de carreira: um estudo sobre o
trabalho de prostitutas do centro de Salvador. São Paulo: Dissertação de Mestrado em Psicologia
Social e do Trabalho, USP, 2010.
 SCOULAR, Jane. The Subject of Prostitution: Sex Work, Law and Social Theory, Routledge,
2017.
 SHETTY, Salil. Global movement votes to adopt policy to protect human rights of sex workers.
Disponível em <https://www.amnesty.org/en/latest/news/2015/08/global-movement-votes-to-
adopt-policy-to-protect-human-rights-of-sex-workers/>
 SILVA, Fernanda Priscila Alves da. Prostituição, vivências e mercantilização de corpos.
Seminário internacional enlaçando sexualidades direito, relações etnorraciais, educação,
trabalho, reprodução, diversidade sexual, comunicação e cultura. Salvador/BA, 2011.
BIBLIOGRAFIA

 SIRONI, Fernanda Menegotto. O paternalismo do Estado e os crimes relativos à prostituição.


Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2968, 17 ago. 2011. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/19788>. Acesso em: 02 abr 2018.
 TAVARES, Manuela. Prostituição. Diferentes posicionamentos no movimento feminista.
Disponível em <http://www.umarfeminismos.org/images/stories/pdf/prostituicaomantavares.pdf>
 <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/prostituta-ganha-processo-por-assedio-sexual-na-
nova-zelandia.html >
 <http://www.gazzettaufficiale.it/atto/serie_generale/caricaDettaglioAtto/originario?
atto.dataPubblicazioneGazzetta=1958-03-
04&atto.codiceRedazionale=058U0075&elenco30giorni=false>
 <http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?
ficha=101&artigo_id=&nid=109&pagina=2&tabela=leis&nversao=&so_miolo=>
 https://www.amnesty.org/en/latest/news/2015/08/sex-workers-rights-are-human-rights/
BIBLIOGRAFIA

 Tribunal do Canadá flexibiliza lei sobre prostituição. Disponível em: <https://oab-


rj.jusbrasil.com.br/noticias/3068703/tribunal-do-canada-flexibiliza-lei-sobre-prostituicao>
 New Zealand Prostitutes´Collective. Disponível em: <http://www.nzpc.org.nz/About-NZPC>

You might also like