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RESPONSABILIDADE CIVIL

Prof. Ricardo Duarte – ricardo.duarte1@unimep.br

Tartuce, Flávio - Manual de responsabilidade civil : volume único / Flávio


Tartuce. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
• Elementos estruturais da responsabilidade civil ou pressupostos do dever
de indenizar.

CONDUTA
HUMANA

CULPA GENÉRICA
OU LATO SENSU
ELEMENTOS
NEXO DE
CAUSALIDADE

DANO OU
PREJUÍZO
• CONDUTA HUMANA

• Conduta humana pode ser causada por uma ação (conduta positiva) ou
omissão (conduta negativa) voluntária ou por negligência, imprudência
ou imperícia, modelos jurídicos que caracterizam o dolo e a culpa,
respectivamente.

• A regra é a ação ou conduta positiva; já para a configuração da


omissão, é necessário que exista o dever jurídico de praticar
determinado ato (omissão genérica), bem como a prova de que a
conduta não foi praticada (omissão específica). Em reforço, para a
omissão é necessária ainda a demonstração de que, caso a conduta
fosse praticada, o dano poderia ter sido evitado.
• CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA

• É VOLUNTÁRIA no sentido de ser controlável pela vontade à qual o fato


é imputável (DINIZ, Maria Helena. Curso..., 2002, p. 44). Surge, portanto,
o elemento da voluntariedade.

• Haverá responsabilidade civil por um ato próprio, respondendo o agente


com o seu patrimônio. Nesse sentido, prescreve o art. 942, caput, do CC
que “os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de
outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e se a ofensa tiver
mais de um autor, todos respondem solidariamente pela reparação”. O
dispositivo abraçou o princípio da responsabilidade civil patrimonial,
agora em sede de responsabilidade civil extracontratual.
• CONDUTA HUMANA

• Além de responder por ato próprio, o que acaba sendo a regra da


responsabilidade civil, a pessoa pode responder por:

• A) ato de terceiro, como nos casos previstos no art. 932 do CC.


• B) por fato de animal (art. 936 do CC).
• C) por fato de uma coisa inanimada (arts. 937 e 938 do CC)
• D) Por um produto colocado no mercado de consumo (arts. 12, 13, 14,
18 e 19 da Lei 8.078/1990).

• ETC.
A CULPA GENÉRICA OU LATO SENSU

DOLO
CULPA GENÉRICA
(LATO SENSU)
CULPA STRICTO
SENSU
• O dolo constitui uma violação intencional do dever jurídico com o
objetivo de prejudicar outrem. Trata-se da ação ou omissão voluntária
mencionada no art. 186 do CC.

• Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
ATENÇÃO

Não confundir o dolo previsto no 186 com o dolo como defeito do


negócio jurídico.

Dolo – responsabilidade civil Dolo – defeito do negócio/vício da


vontade
Não está relacionado com um negócio Está relacionado com um negócio
jurídico, não gerando qualquer jurídico, sendo a única causa da sua
anulabilidade. celebração (dolo essencial).
Se eventualmente atingir um negócio, Sendo o dolo essencial ao ato, causará a
gera somente o dever de pagar perdas e sua anulabilidade, nos termos do art.
danos, devendo ser tratado como dolo 171, II, do CC, desde que proposta ação
acidental (art. 146 do CC). no prazo de quatro anos (art. 178, II, do
CC).
• Dolo sob o viés da relação entre causa e efeito.

• Para TARTUCE, o CC adotou a teoria da causalidade adequada, onde, no que se


refere à indenização, esta deve ser fixada de acordo com o grau de culpa dos
envolvidos, ou seja, segundo a sua contribuição causal (arts. 944 e 945 do CC).

• Observe que havendo dolo, por regra, deverá o agente pagar indenização
integral, sem qualquer redução.

• Porém se houver culpa concorrente da vítima ou de terceiro, irá gerar a redução


por equidade da indenização e ainda se a vítima tiver concorrido culposamente
para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

• Por fim se houver culpa exclusiva da vítima não se falará em indenização


• Da culpa estrita ou stricto sensu

• A culpa pode ser conceituada como o desrespeito a um dever


preexistente, não havendo propriamente uma intenção de violar o
dever jurídico, que acaba sendo violado por outro tipo de conduta.

• Sérgio Cavalieri Filho apresenta três elementos na caracterização da


culpa: a) a conduta voluntária com resultado involuntário; b) a previsão
ou previsibilidade; e c) a falta de cuidado, cautela, diligência e atenção.

• “enquanto no dolo o agente quer a conduta e o resultado, a causa e a


consequência, na culpa a vontade não vai além da ação ou omissão. O
agente quer a conduta, não, porém, o resultado; quer a causa, mas não
quer o efeito”
• Da culpa estrita ou stricto sensu
falta de cuidado + ação
Imprudência (prevista no art. 186 do CC).

falta de cuidado + omissão


Negligência (também constante do art.
culpa estrita 186 do CC).

falta de qualificação ou
treinamento de um
profissional para
desempenhar uma
Imperícia determinada função (própria
dos profissionais liberais,
consta do art. 951 do CC,
para os que atuam na área da
saúde).
• Da culpa estrita ou stricto sensu

• Havendo dolo ou culpa o autor deverá indenizar.

• Porém modificam-se os critérios para fixação da indenização, conforme


arts. 944 e 945 (chamada redução equitativa da indenização ou por
equidade, consagrando a teoria da causalidade adequada)
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

contratual
Qto a
origem
aquiliana
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

A culpa contratual, está presente nos casos de desrespeito a uma norma contratual ou a
um dever anexo relacionado com a boa-fé objetiva e que exige uma conduta leal dos
contratantes em todas as fases negociais.

• “Reparação de danos materiais e morais – Responsabilidade précontratual – Princípio da


boa-fé objetiva dos contratos. Negociações preliminares a induzir os autores a
deslocarem-se até o Rio de Janeiro para a aquisição de veículo seminovo da ré, na
companhia de seu filho ainda bebê, gerando despesas. Deslealdade nas informações
prestadas, pois oferecido como uma joia de carro impecável, gerando falsas expectativas,
pois na verdade o veículo apresentava pintura malfeita, a revelar envolvimento em
acidente de trânsito. Omissão no fornecimento do histórico do veículo que poderia
confirmar as suspeitas de tratar-se de veículo batido. Danos materiais, relativos às
passagens aéreas e estadia e danos morais decorrentes do sentimento de desamparo,
frustração e revolta diante da proposta enganosa formulada. Sentença confirmada por
seus próprios fundamentos” (TJRS, Recurso Cível 71000531376, 2.ª Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais – JEC, Rel. Juiz Ricardo Torres Hermann, j. 08.09.2004).
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

A culpa extracontratual ou aquiliana é resultante da violação de um dever


fundado em norma do ordenamento jurídico ou de um abuso de direito.

Acidente de trânsito, homicídio, lesões corporais, acidentes de trabalho,


entre outros.
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais

imprudência, ou
in comittendo seja, com uma
Quanto à ação ou comissão
atuação do
agente negligência, ou
in omittendo seja, com uma
omissão
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais

analisa-se a conduta de
in concreto acordo com o caso
concreto
Quanto à análise pelo
aplicador do direito
Analisa-se a conduta da
pessoa natural
in abstrato
comum, ou seja, o antigo
critério do homem médio
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais

quebra do dever
culpa in vigilando legal de vigilância
(pai e filho)

escolha ou eleição
Quanto à sua
culpa in eligendo feita pela pessoa a
presunção
ser responsabilizada

falta de cuidado em
culpa in custodiendo se guardar uma
coisa ou animal
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

Tartuce defende que não se podem falar mais nessas modalidades de


culpa presumida, hipóteses anteriores de responsabilidade subjetiva, pois
as antigas hipóteses de culpa in vigilando e culpa in eligendo estão
regulamentadas pelo art. 932 do CC, consagrando o art. 933 a adoção
da teoria do risco, ou seja, que tais casos são de responsabilidade
objetiva, não se discutindo culpa.

Dispõe, ainda, o art. 942, parágrafo único, a solidariedade entre as


pessoas elencadas no art. 932. Quanto a essas duas antigas formas de
culpa presumida, não restam dúvidas da objetivação da
responsabilidade.
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

Art. 932. São também responsáveis pela reparação Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do
civil: artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua parte, responderão pelos atos praticados pelos
autoridade e em sua companhia; terceiros ali referidos.
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que
se acharem nas mesmas condições; (teoria do risco)
III - o empregador ou comitente, por seus empregados,
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro,
mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

por ato de animal art. 936 do CC

culpa in custodiendo
12 e 14 CDC
outras coisas
inanimadas (incluindo
os produtos)
arts. 937 e 938 do CC
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

No tocante à antiga culpa in custodiendo por ato de animal, o art. 936 do


CC traz a responsabilidade objetiva do dono ou detentor de animal por
fato danoso causado, eis que o próprio dispositivo prevê as excludentes
de responsabilidade (culpa exclusiva da vítima e força maior), situação
típica de objetivação.

Quanto à culpa in custodiendo por outras coisas inanimadas (incluindo os


produtos), os arts. 937 e 938 do CC e o próprio Código de Defesa do
Consumidor do mesmo modo consagram a responsabilidade sem culpa
(objetiva).
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

• Não se pode mais falar em culpa presumida, mas sim em


responsabilidade objetiva por ato de terceiro.

• (Enunciado n. 451 do CJF/STJ).

• V Jornada de Direito Civil “A responsabilidade civil por ato de terceiro


funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa,
estando superado o modelo de culpa presumida”
• Da culpa estrita ou stricto sensu - principais classificações

• DIFERENÇA PRÁTICA ENTRE A CULPA PRESUMIDA E A RESPONSABILIDADE


OBJETIVA

• tanto na culpa presumida como na responsabilidade objetiva inverte-se o ônus da


prova, ou seja, o autor da ação não necessita provar a culpa do réu.

• Todavia, na culpa presumida, hipótese de responsabilidade subjetiva (4


elementos) , se o réu provar que não teve culpa, não responderá.

• Por seu turno, na responsabilidade objetiva (3 elementos) essa comprovação


não basta para excluir o dever de reparar do agente, que somente é afastado se
comprovada uma das excludentes de nexo de causalidade (culpa ou fato
exclusivo da vítima, culpa ou fato exclusivo de terceiro, caso fortuito ou força
maior)

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