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SELEGOES DA HISTORIA DO BRASIL E DO MUNDO PROPRIEDADE DE CONQUISTA. EMPRESA DE PUBLICACOES LTDA 8. 0, HERSEN legendas de Séigic Macedo jz cvulea: Cr6 1000 om todo ). C8 60.0; a resseases ob nt encestrele oes sei ois ane CONQUISTA AY, 28 DE SETEMBRO. 176— RIO DE IANEIRO MAIO 1986 MANUAL PRATICO DE DI de Renato Silva ENHO Fo rnsey RUMEN eae el deacuinre, case asc para o deena, enuo. ten jet para ext cisasd (eelerindose ab desenho). E de pal pars fi fie vabee yoneralaado ete inverdsde; oe £ neceh pinay dste lv so, ttenicamente, bem sestivase mestramn 0 gran de tmpliicarto & que po- dem chegar os processos de desenhar. Nio usa, por gla tases! si cigar deca para dinar’ detenbo, pol tbe’ perfeltamente que é for- Jando que se fica ferrciro..» Mio Ba mibtécl. alguna parte do simples para, con faciliade, chegar ao ficil: flores, frutos, animais, objetos, figuras hum as Ces eatet Sicalendd cee oe 150 pedagéen. Nilo € tina obra. de’ con vivo, de cunho pessoal, e, por isso inconfundivel. Destina-se professires primiirios e secundirios, © seus motives servem para cada qual ilustrar suas aulas Obra de valor excepcional, grande formato, com 1525 desenhos tipicos, brochura — Cr$ 200,00. Pedidos, pelo Reembélso, & editéra CONQUISTA SUMARIO DO NOMERO A ESTRADA DO SACRIFICIO 193 (Os transportes na Amazénia — Aroides dle Ave vedo = 194 ‘AS LEIS DE LICURGO Licurgo — Plutarco ... NAO SE MATA A LIBERDADE Libero Badaré. — Viriato Correia CATARINA HOWARD Henrique VIII . a A FILA DE_ARCO-VERDE ‘ga Cabral KONG-FU-TSE’ ‘A teligiio de Conficio — Sérgio Macedo UM GRESO DAS MINAS ‘Q bario de Catas Altas — Viriato, Correia SANGUE E AREIA ‘A tourada — Alfredo Mesquita UM GESTO DE ELEGANCIA Prudente . MITRIDATES, O rei toxicologista PRIMEIRA CASA DE BRANCO NO BRASIL. Mario da ‘A casa brasileira de outrera — Sérgio Macedo 214 A MORTE DE MARIA ANTONIETA 215 Mafia Antonieta — Blanc 216 LUNDU ....... 217 O tundy no Brasil © cm Portueall— Renato Al- meida 218 A GUILHOTINA 219 © Terror — A. Aiba 220 BATISTA DA GOSTA «cscs ssvees- 221 Batista. da Costa — ‘Carlos Rubens 2.2.0." 2 LEQUES ... A respeito de Teques — Sérgio Macedo’. A ARTE DE ESCREVER | Velo Prof. A. TENORIO. D'ALBUQUERQUE, xcensivo, eles New livia QUIsTA — “Av, 28 de Sotembro, IM — Re. de Jarsiro. SUMARIO DO NGMERO UM PATRIOTA NAO FOGE ze N Revolugio de 1817 — José Rerreira NAPOLEAO EM SANTA HELENA ‘Santa Helena — Ch. Moreau-Vauthier ATENTADO CONTRA O IMPERADOR .. © Democrata Pedro It — Vi © JULGAMENTO DE FRINEIA. .. A Respeito de Fringia — J. Supert A NOMEAGAO DE PASSOS © Grande Percira Passor — Lois Edmundo. GAUTAMA, O BUDA .. ‘O Bramanismo — S. Périssé MARIA QUITERIA ...... ‘A Guerra da Independéncia — Ari da Mata A TORRE DE LONDRES ‘ Londres — Alfredo de Mesquita .. O MOTIM DO QUEBRA-QUILOS ws Sistema Métrico — Melo Barreto E* © Herme- to Lima Sora) A OPERA + eee Nasce a Opera — Enciclopedie des Monde... SAL, FERRO E POLVORA . ‘As Fazendas — Pandid Calégeras SARDANAPALO, ‘Os Assirios — Delgado de Carvalho - A CASA DE SkO PAULO . © Colegio de Piratininga — Pedro Calmon © CASTELO . i Crstelos e Casteldes — A. Mallet PEDRO AMERICO (© Pintor Pedro Américo — © POVO NO PARLAMENTO, Politica Inglésa — Estévio, Pinto Sens “du los Rubens ASSINATURAS 14 pinguém duvid DA HISTORIA. Por is f 3 cs 60.00 Gs 12000 nual (doro wimeros). Comecarde em qualquer nim iB fevtacedo re TUDO O QUE POSSUIMOS DE MAIS FINO EM NOSSA SENSIBIL MAIS BRI- LHANTE EM NOSSA INTELIGENCIA, DEI SE A GRANDE CAUSA DA MAIS BELA DAS BRASILEIRAS. rincipio teve um sentido Smancipadora,, Depois dq tel fio Branco, de 16M tava frida do sorte. Mga 9 eopirta romdalice. do fompe nde dara lestidao do processo. E surge '@ eas je Nabuco, quo vadicalza 0 problema, #8 parece avi Eislandio: 6 Guin ‘Eaparecom Bal « Patroc ‘ino, om nossa sonuibiidade 6's A— No Paco, a id6ia sempre encontrar acide. Pedro It deus sa sileira. Ea bom aaligs 0 Com Patrociaio # out culstigame da” moc: Fr — A si do 13 do maio do 1688 fol, realmente, o coroamento 5 dor eslorcos. 0 das batalhas de todos quenton visham Tutendo” pela igueidads ene px brasleron Nao se. prorue. ord, por paixée ou pattidariamo, come tanto tem tide Becmerscer © aluceBe Ge Pedro Hl ou de lecbel. que. oo. casi bar @ grands io, assinow @ queda da monarquia "A Aboligéo, ie republicene, "A atislocracia.raral jamais poderia’ perdoar & Goan Num pais onde, apart do 1640, jamais houve um Sionerquista convencido, "Republica estava’vitoriosa ECOES DA HISTORIA ~ 321 A Respeito da Abolicao «JK Abolicdo, essa generosa Aboligéo que custou um Império, constitu! dada a forma pot que foi realizada, a medida mais inabil de todo ‘© longo reinado de Pedro II, Ela, verdadeiramente, subverteu os princi- pios e direitos. assegurados na Constituigéo. Garantindo, como garantia, a carta politica do Império, a propriedade privada, teria 0 govérno 0 direito de desapropriar sem indenizagio essa propriedade adquirida na vigéncia de Leis que a preservavam? A lei que aboliu 0 Trafico ¢ a que declarou livre o ventre da mulher escrava, teriam extinguido, gradativamente, sem sacrificios e sem prejui- 20s, uma instituigao sem divida deploravel, mas secular e da qual depen- dia a lavoura. Assustou ao honesto e cheio de escriipulos imperador, a alta soma que seria necessiria para indenizar os proprietarios de escravos. D. Pe- dro I abolicionista, ésse D. Pedro II a cuja influéncia foram devidas t6- das as medidas contra o trafico, inclusive a lei Eusébio de Queiroz, que @le inspirou; 0 monarca encorajador da lei Paranhos de 1871; 0 monarca que sempre desejout ver livre 0 préto, achou mais simples fechar os olhos a sorte dos fazendeiros. Isso custou-lhe 0 trono, Nem podia deixar de sossobrar essa mo- narquia desamparada da classe conservadora — “milhares de fazendeiros que baseados na fé que merecia a Constitui¢ao Imperial assim como a lei, haviam pésto sas fortunas em terras e, em pura verdade, constituiam a parte maior do elemento preponderante e melhor do Brasil social; a base conservadora de uma classe que contava as melhores familias, esforga- das, trabalhadoras, prudentes” . Nao foram, porém, dnicamente, a extingdo de um regime admiravel pela moralidade, e o banimento de um monarca justo, sereno e bom, as consegiiéncias da sem diivida humana medida, executada da maneira mais inabil possivel. 322 ~ SELEGOES DA HISTORIA A lavoura do pais despenhou-se. Fazendas imensas viram-se pri- vadas, repentinamente, de bracos que arassem os campos. Colheitas in- teiras se perderam. E quarenta e seis anos depois da “lei aurea”, em 1934, assistimos, todos nés, ao aparecimento de uma lei de emergéncia destinada a salvar a lavoura que havia atingido 0 mais desesperador dos estados de debilidade ~ praticamente arruinada, exgindo do govérno me- didas extremas de protecio. Referimo-nos a Lei do Reajustamento Eco- nOmico, que reduziu de 50% as dividas dos agricultores, pagando 6"go- vérno aos credores em titulos da divida pablica. A Camara de Reajus- tamento Econémico, ctiada pelo decreto 24.233 havia apreciado até 2 de junho de 1939, nada menos de 29.699 processos no valor de varios mi- Ihdes de contos de réis. Nao ha justificativa em nosso estado de civilizago para a explora- ¢o do homem pelo homem. A a aboligao, nao ha divida, apagou a man- cha que empalidecia o resplendor de nossa bandeira. Mas essa Abolicao, do modo por que foi feita, tera sido de grande utilidade pratica para 0 negro? Nao nos parece. E.a verdadeira tragédia do negro principia quando éle, pelo estudo, se destaca entre os seus irmios de raga e sente que Ihe falta um ambien- te, e sente-se mal na sociedade branca, que nao repara néle, nio Ihe da a atengio merecida, quando no Ihe fecha sumariamente a porta — a despeito de tédas as alegacdes em contrario, todos os protestoside anti- racismo. A Aboligdo, para o negro, s6 apresentou um resultado pratico: o de poder sacudir o corpo nos dias que entendesse nos arrasta-pés populares — substitutos modernos da Congada e do Bumba-meu-boi. SERGIO MACEDO » “Apontamentos para a Histéria do ‘Trafico Negreiro no Brasil” ARH! ERTO, EDUCADOR PRESIDENTE-EDUCADOR, FOI O TITULO MIENTO, O ESTADISTA CUJA PRE GAO MAXIMA FOI A EDUCAG! SEU POVO. ‘. erga aver freqleniado uma escola S DA HISTORIA ~ 323 0 Grande eFOUPANTE a infancis, em San Juan, Sarmiento teve poucas opor- tunidades de estudar. Cursou, durante algum tempo, a escola pri- maria. O que aprendeu ali era suficiente para, inteligente como era, saber orientar depois a sua propria educagio. Foi indicado, pelas autoridades locais, a um lugar politico em Buenos Aires: mas ao serem feitas as esco- Ihas finais, foi excluido. O golpe era profundo para suas ambigdes, mas Sarmiento no desanimou. (Durante t6da a sua vida foi trago distintvo de seu carter ésse poder tremendo de determinagio — “teimosia”, di- ziam seus amigos). Continuow a estudar com um clérigo de San Juan, Sarmiento sempre foi patriota — nao, porém, em sentido restrito — e sincero adepto da democracia, Nascera numa época de revolucio contra a Espanha, crescera no decorrer da luta. Ouvia, por certo, continuada- mente, opinides sébre a guerra, discussées s6bre os problemas da inde- pendéncia, das vantagens do auto-govérno, dos diferentes tipos governa- mentais. Quando as autoridades espanholas foram expulsas, a vida néo se organizou imediatamente, na Argentina, nem houve paz permanente. Pelo contritio: discutia-se muito, havia lutas entre os partidos, hesitava- se na forma de govémno a adotar. Sarmiento, jovem, inteligente, entu- siasta, era incapaz de dominar os sentimentos e a manifestagéo de opi- nides préprias. Por isso, na ditadura de Rosas, a situagéo tornou-se perigosa: para salvar a vida, abandonou o pais. Foi em 1831. Refugiou- se no Chile, sabre os Andes. Para chegar a seu abrigo deveria realizar uma ascensio ingreme, pois a estrada que atravessa as montanhas atinge uma altitude de 12.500 pés. O Pike's Peak nao é muito mais alto! Quando Sarmiento chegou ao Chile estava completamente sem re- cursos, Tinha, é verdade, a sua juventude intrépida e uma determinacao de ferro, Deveria ganhar o pio. Ensinou numa escola primaria, Tinka 324 ~ SELEGOES DA HISTORIA Sarmiento apenas vinte anos, mas j4 formara sua opinido sébre o que deveria ser a escola. Era um educador progressista e experimentou seus métodos. Os alunos amavam-no, os pais dos alunos apreciavam-no. Mas 0 governador do distrito conservava idéias mais antigas sdbre educacao e criticou 0 professor Sarmiento. Ble se defendeu, recusou-se a alterar os métodos. Foi demitido. Dirigiu-se entio ao porto de Valparaiso, onde se empregou, durante certo tempo, num armazém, Nas horas vagas, estudava inglés. Ocupou, logo depois, o lugar de contra-mestre nas minas de cobre de Co- piapé, no Chile norte-central. Levantava-se, as vézes, durante a noite, para estudar inglés. Sua satide, em breve, foi prejudicada. A conselho de amigos, yoltou a San Juan para se restabelecer. Continuou ai os estudos: francés, italiano, filosofia, histéria. Interessava-se, entio, muito, por pedagogia. Julgava que, numa so- ciedade culta, as mulheres, como os homens, deviam receber instrugéo. Fundou uma escola para meninas ~ a Escola Superior das Pensionistas de Santa Rosa, Nessa época, em parte alguma da América Latina as mocas recebiarn educacio conveniente, e mesmo as escolas primarias para me- ninos eram poucas e deficientes. A maioria delas era dirigida por clérigos endo eram gratuitas, de modo que raramente os pobres podiam freqiien- ta-las. Compreende-se, facilmente, que nessas condigées, apenas uma par- te da populagio saberia ler e escrever. Nas familias de recursos e de certo prestigio social, mocas e senhoras eram, habitualmente, analfabetas. A escola de Sarmiento era, pois, muito necessaria. Blé fundou, também, um jornal, em San Juan; foi o primeiro propulsor de idéias e discussées Sobre as reformas pol ‘as na sociedade que lia”. STEWART & PETERSON “Builders of Latin America” «EU PENSO QUE SE UMA NAGAO £ TAL QUE Ve, SUBMISSA, A VIOLAGAO DE SUAS INSTITUIGOES, f ELA INDIGNA DE SER LIVRE; & JA ESCRAVA» Feijo «QO Paste Diogo Antonio Feij6, filho de Manuel da Cruz Lima e de Da, Maria Joaquina de Camargo, nasceu na capital de Séo Paulo a3 de agésto de 1784. ‘Tinha onze anos de idade quando iniciou os estudos primarios na escola do mestre André da Silva Gomes, da qual precisou retirar-se para acompanhar seu padrinho, padre Joio Goncalves Lima, nomeado vigério da pardquia de Guaratingueta. Nos seus dois anos de permanéncia nesta localidade, Feijé teve a fe- licidade de receber liges de latim de Manuel Goncalves Franco, latinista de renome na capitania de Séo Paulo. Regressando @ capital em 1797, cursou com brilhantismo as aulas de Retorica do professor Estanislau José de Oliveira e de Filosofia do pa- dre Francisco de Paula e Oliveira, enveredando para a carreira eclesi tica. Em 1801 concluiu 0 curso. E, precisando aguardar a idade legal para a ordenagao, foi residir em Parnaiba, onde se conservou até 1803, como mestre de gramatica latina. Dali transferiu-se para So Carlos, que flo- rescia em pleno sertdo, dedicando-se ao ensino de gramatica latina e de primeiras letras. Nao ganhando sequer para a sua subsisténcia ¢ nio en- contrando elementos em que pudesse desenvolver qualquer outra ativi- dade, precisou resignar-se a viver de esmolas, segundo rezam os recensea- mentos de 1806 ¢ 1807 existentes no Arquivo do Estado, até poder trans- ferit-se para Sd Paulo. Nomeado escrevente juramentado da Camara Eclesiastica, exercet 0 cargo até 12 de dezembro de 1808, data de sua ordenagio. Pouco depois de posse da dotagio sacerdotal fornecida por sua mae, Feijé foi fixar-se definitivamente em Sao Carlos, preferindo dedicar-se & lavoura a exercer qualquer atividade clerical. E lecionando e cultivando a terra nao s6 alcancou a sa independén- cia financeira como se vit rodeado de bem-querer, admiragao, prestigio € fama. 326 ~ SELEGOES DA HISTORIA ‘As suas constantes viagens a Campinas, Sorocaba e Itu, onde pos- suia s6lidas e valiosas amizades, permitiram-Ihe acompanhar o desenro- lar dos acontecimentos que determinaram a volta de D. Joao VI para Portugal e conseqiiente elevacio de D, Pedro a qualidade de principe re- gente do Brasil. Empolgado pelo fato, Feijé sentiu-se atraido pela politica e deixou- se arrastar pelo sentimento emancipador que dominava os patriotas da época. Impondo-se & simpatia e respeito piblicos pela lucidez da inteligen- cia, inteireza de carter e independéncia de atitudes, em 1821, foi eleito deputado as Cértes de Lisboa, onde em veementes ¢ notaveis discursos, defendeu os interésses do Brasil contra 0 despotismo do govérno portu- gues. A atitude desassombrada do ousado parlamentar acirrou os animos dos portuguiéses contra a representagio brasileira, obrigando-a a embar- car as pressas para Falmouth, na Inglaterra, ¢ ali langar 0 enérgico pro- testo contra o inqualificavel procedimento das Cértes de Lisboa com re- Iago aos negécios do Brasil. Feijé regressou ao Rio de Janeiro, dando parte do ocorrido a José Bonifacio. E, aproveitando a oportunidade de ser o Patriarca presidente do Ministério de D. Pedro, discordou com a maior franqueza da orienta~ sao politica do govérno. Recusou todos os oferecimentos que Ihe fizera © govérno na ocasiio e preferiu voltar para Sdo Paulo e manter-se alheio as questdes politicas. A sua chegada a Sio Paulo em 1823, foi saiidada com uma estrondosa manifestagao popular, pela altivez com que enfrentara as Cértes de Lisboa”. ™, > MIGUEL MILANO > “Hersis Brasileiros” . ON 4 BuecursiA MUROS DOS JDAIS, OS BUR- HABITANTES, OS BURG! TUINDO-SE EM APRECIA’ FORGA 3 — Tel gual os castles. or burgor Origem da Burguesia «GuRGEM OS BURGOS — No tempo das cruzadas, a populagao da Europa crescera de tal modo que comesou a aglomerar-se fora dos muros. Essas aglomeragées tomaram 0 nome de burgos € 0s seus habitantes eram os burgueses. Os burgueses, comerciantes ou artesdios, estavam também sujeitos, no coméco, as mesmas obrigacdes dos vildes. Mas os burgueses tinham uma vantagem sobre os vildes: moravam mais perto uns dos outros, nao viviam isolados. Os moradores do mesmo quarteirio formavam, algu- mas vézes, associagées religiosas ou profissionais. De modo que os bur- gueses estavam em condigéio de ajudarem-se recipocramente. Represen- tavam uma forga. SUA EMANCIPACAO — O resultado mais importante dessa obra em comum foi a emancipacdo dos burgos ¢ a formagao das cidades livres. Em troca de certas obrigacdes, os burgueses obtiveram cartas de fran- quia, seladas e assinadas pelos senhores, em virtude das quais ficaram . Paga- livres das contribuigées em espécie e de outros encargos fendai vam apenas, por ano, uns tantos francos aos seus senhores. Em alguns lugares, os burgueses conseguiram mesmo a liberdade de govérno, votan- do como o faziam outrora os cidadios de Atenas ou de Roma. Essas novas repiblicas tinham 0 nome de conselhos Os conselhos tinham 0 seu sélo proprio, a sua caixa de guardar di- nkeiro, 0 seu campandrio para dar alarma ou convocar os moradores € 0 seu paco (que era a casa onde se reuniam os membros do conselho, hoje chamada cémara municipal) . 328 ~ SELECOES DA HISTORIA Geralmente, os burgos, sos e muralhas. As muralhas tinham a protegio de torres, redondas ow itando os castelos, eram cercados de fos- quadradas. Havia cidades com mais de cem: Nurenberg tinha trezentas. © burgo era uma fortaleza, onde se entrava pela porta em abébada, que se fechava a noite. HISTORIA DE UM BURGUERS DA IDADE-MEDIA — Ne- nhuma carreira € téo instrutiva e t&o caracte: Jacques Coeur ica como a do burgués Jacques Coeur era filho de um negociante de peles de Bourges, onde construira uma bela casa, Tinha éle o que chamamos hoje veia para o comércio, Durante a guerra, visitou a Siria eo Egito, travando relagées com 0s principais negociantes do Levante. De volta, naufragou nas costas da Cérsega e perdeu todo o seu carregamento. Bsse desastre, todavia, nao o desanimou, Jacques Coeur tinha tomado a resolucdo de dedicar-se a0 comércio do Oriente, no momento o mais futuroso de todos. Seu pri- meiro estabele: fento mercantil ficava em Marselha e dispunha de uma frota de sete navios, que transportavam para essa re peregrinos, panos e armas, em troca de sédas, veludos, tapétes, especialmente perfu- mes, Havia numerosas sucursais em outros lugares. Jacques Coeur tam- bém montara fabrica de sédas, tintas, papel, etc.” ESTEVAO PINTO “Historia Geral”, 2a. série volegial ‘ADERE PONDEU ALEXANDRINO, QUE NO DIA COMANDARIA A FORGA DA MARINHA efig mois tarda, Serzedelo, ful pod 9 Martine para levarme co’ baile da Uke Fiscal A. — No Pott foi recebide pelo cap loser — Que 6 isso, Serzodele o-do-mar-e-guorra Ve 2 Novidade? — je soahavam politicos militares republicazes SELEGOES DA HISTORIA ~ 329 0D dle Novembro ¢JASTAVAMOS em 15 de novembro. Marchavam as tropas revo! ‘cionarias para o campo de Santana, comandadas pelo Major Solon ¢ Benjamin ‘Vinhamos pelo Mangue, Benjamin no centro, Pedro Paulino, irmao de Deodoro, a paisana, a esquerda, e eu, fardado, a direita, montados, & frente de dois pelotoes da Escola Superior de Guerra, em infantaria. Nao vendo Deodoro e receando um combate ao entrarmos no campo, inter- pelei Benjamin sdbre quem comandaria a nossa Forga. Benjamin sespondeu-me — Deodoro vem ai; mas se nao vier — dé-me a sua palavra de honra de que nao dir nada a ninguém — se Deodoro nao vier, comandara esta Férga o Floriano. Chegamos ao campo e a voz de Deodoro, que veio a0 nosso encon- tro, no Mangue, estendemos a Férca em linha de combate em frente a0 Quartel-General. Nesse tempo, Floriano, ao lado do ministério mano- brava com extraordinaria habilidade. Nomeavam o general Barreto, que sabia bem ser dos nossos, comandante da Policia e do Corpo de Bombe: ros, para nos receber no Campo de Santana. Barreto, porém, aderiu a Deodoro. Floriano nomeou, entéo, 0 Baro do Rio Apa, irmao do ministro da Guerra, monarquista confesso, para comandar trés corpos da infantria que eram fiéis ao govérno, com excegiio da primeira Companhia de Guer- ra do 7°, comandada pelo capitéo Ferraz, que era dos nossos. Rio Apa armou-se, descett para asstmir 0 comando e ditigindo-se & primeira Companhia de Guerra do 7°, disse: — Primeita Compania de Guerra! Ombro, armas! © Capitéo Ferraz saltou a frente da Companhia e disse: — General, quem manda esta Férga sou eu! — Primeira Companhia de Guerra, descansar, armas! Os soldados obedeceram 330 — SELEGOES DA HISTORIA Rio Apa, assombrado, foi fazer queixa a Floriano para prender 0 oficial. Floriano, porém, disse-Ihe com calma _— Meu camarada, prudéncia, Vamos com paciéncial Isto tudo esta minado! Nessa ocasiéo 0 Visconde de Ouro Préto chamou o Marechal Flo- riano e perguntou porque no se comegava o fogo contra as forcas de Deodoro, e Florian observou que Deodoro tinha artilharia e em cinco minutos destruitia 0 Quartel-General. Respondeu Ouro Pxéto, sobranceiro e altivo: — No Paraguai tomava-se artilharia; sé se aquela nao pode ser tomada por estar comandada por um General valente Floriano compreendeu a ironia e respondeu — Nao! Nao é por isso! No Paraguai eram inimigos e ali sto bra- sileiros! Ouro Préto objetou, entio: — Nesse caso mande abrir 0 portio do Quartel-General ¢ faga en- trar Deodoro, que quero entregar-Ihe o poder. E assim se féz a Reptblica, sem sangue, devido ao concurso inesti- mavel de Floriano Peixoto. Faltava a Marinha. Na noite de 8 de novembro, da célebre reuniio no Clube Militar, sai do Clube com Benjamin e fui encarregado por éste, pelas minhas Ii- gages na Marinha, de fazer a conspiragio nessa classe. Fardei-me e fui pedir & familia do Conselheiro Gaspar Martins par levar-me ao baile da Itha Fiscal. Ai falei ao capitéo-de-mar-e-guerra Lorena e ao almirante Wandenkolk” . - GENERAL SERZEDELO CORREIA “Paginas do Passado” (Uiia'avenTURA\ (UWATAVER Luis XV HA SEMPRE BOA DOSE DE JUSTIGA NAS { GRANDES TRANSFORMAGOES HISTORI- CAS, COMO PROVA O ESTUDO DO REINA- DO DE LUIS XV, O REI INTEIRAMENTI DESPROVIDO DE ESCRUPULOS. 1 fp relativamente reduside o atimoro dow, bisoriadores francecms que se ocuparan delidemente do xeinado ce wolam, désee F — Interamonte ind 5 Gosintereseado. d we dle concede @ nova MU Te nde home este nas virtudes © no br ede ge ba. Tournelle, exclusivamenten.. A Choisy, a = fendi ites quando te tatava Heveluggo, em ritmo qugnde ge Wetcyeias som ©. eaber, « histéria da. Franca: Hineot de Paris SELEGOES DA HISTORIA ~ 331 0 Governo de Luis XV fim do grande reinado tinha sido triste, nao somente por causa dos desastres e da invasio, mas 0 rei ia perdendo a popularidade & medida que crescia a miséria popular, que aumentavam os impostos ¢ as dividas, que se ia tornando mais insolente a nova classe dos financeiros enriquecidos (os tratantes, como eram chamados) . Decaia a indiistria e as epidemias se declaravam, A tealeza era criticada Entretanto, 0 reinado de Luis XIV tinha sido 0 mais brilhante da histéria francesa e sua fama ficava nas letras e nas artes que o imortali- zaram. A filosofia tinha produzido os dois grandes colossos do pensa- mento humano: Pascal e Dascartes. Entre os grandes escritores, 0 teatro tinha revelado Corneille, Racine, Moliére; a elogiiéncia, Bossuet, Massil- Jon e Bourdalou; por sua vez La Bruyére, La Fontaine, Saint-Simon, ti- nham pintado os homens de seu tempo. Nas artes tinham-se salientado Vouet, Nicolau Poussin, Claude Lorrain, Mignard, Puget e Girardin. A obra-prima da arquitetura, padrio das demais, era o castelo de Versa- Ihes, residéncia do Rei-Sol. Em 1715 abre-se outro reinado, outra menoridade, a de Luis XV, bisneto do grande rei, outra Regéncia, de um homem, desta vez, de Fe- lipe, duque de Orleans. A ambicao do regente, para obter © poder, le- vou-o a deixar o Parlamento, cassar 0 testamento do rei defunto: era uma desforra, mas era, também, uma reconquista do poder politico, a custa da doutrina absolutista que o tinha anulado. A Regéncia foi um periodo de reajustamento de interésses pessoais; deixou certa fama de corrupcao ¢ de imoralidade. Qs nobres substituiam os burgueses nos Conselhos. O abade Du- bois, um ambicioso, foi o principal ministro. Durante ésse periodo de reagdo contra tudo o que se tinha feito no reinado anterior, o descalabro 332 ~ SELECOES DA HISTORIA nS financeiro levou a todos os expedientes, inclusive ao sistema proposto pelo bangueiro escocés John Law, bom em principio porém fatal ao crédito ¢ honestidade dos negécios, que acabou em bancarrota. ministétio do cardeal Fleury parecia ser a promessa de uma nova era de grandeza e prosperidade. “Mas Luis XV, que em 1743 resolveu governar pessoalmente, no era como o bisavo © povo o tinha crismado Luis, o bem-amado; mas éle foi uma de- cepcaio; sucederam-se influéncias femininas com a de Madame de Pom- padour, e a de Madame du Barry, As reformas eram tornadas impossi- veis pela oposigao dos interésse ~rivilegiados. Luiz XV era fraco ¢ frivolo; os Parlamentares de Paris e das provin- cias aproveitaram-se para reivindicar seus direitos de fiscalizar 0 govér- no. Os filésofos encontravam os argumentos que justificavam a oposi¢ao A Companhia de Jesus foi abolida em 1773. Os insucessos da Guerra dos Sete Anos forteleceram as hostilidades dos Parlamentos. Um incidente no Parlamento de Rennes patenteou a fraqueza do re- gime e determinou a queda do ministro Choiseul que no péde dominar a revolta parlamentar; era a faléncia do absolutismo, mas era, também, a preparagio politica de uma revolucao. Outro ministro, Maupeou, tentou uma medida enérgica e venceu a resisténcia das “doze aristocracias” que eram os doze parlamentos de pro- vincias, mas a vit6ria foi curta. A politica européia de Luis XV e sua diplomacia secreta envolveram a Franca em duas guerras” DELGADO DE CARVALHO “Histéria Moderna e Contemporanea” . O GRANDE CONSPIRADOR «LEIS SEM ESPiRITO DE JUSTICA NAO PASSAM DE ABUSO DO PODER E PORTA’ TO NAO DEVEM SER RESPEITADAS», A MAXIMA DO EXALTADO LIBERAL QUE FOI CIPRIANO BARATA Ge menue, inimige declerado de tudo gueae chetame se ‘e ora toe, dow patriotas brani Stasisme ou contimes’ de soiee ue Tatevans por melhores condictes do vide fic, quando ectivoram plicerem ora iqucdor, Ciptiane iigde ‘que tinhao fim procipuo do exaliar o engrandecar durante ‘cinco anes. Li Fortugal gusta do Braxin, documento de grande eievagéo, {801 aor 3 aon da da pes abemos porque, nunca fol publicado, ‘nem mesmo Kicido, @ seu espinlo tornara-so mois perigeso do. que ‘mune, fam fundo on aversion Slguas techos déle, nos compéndios ¢ antologias escolares esterindo farpas que SELEGOES DA HISTORIA ~ 333 ———— . ean an Jornalismo de Outrora PIRES séeulos, diz Vale Cabral nos Anais da Imprens Nacional de Rio de Janeiro, trés séculos permaneceu o Brasil sem a arte de Gutenberg. $6 Gregério de Matos, pelos fins do século XVI, féz uma espécie de revolucdo no &nimo déstes povos com as suas satiras mordentes e pi- cantes, cujas c6pias eram disputadas por todos, incluindo os préprios go- vernantes e pode muito bem considerar-se que o poeta era a imprensa viva daquele tempo, prestando téo bons servisos ao Estado que o famoso padre Antonio Vieira nfo se escusou de dizer que maior fruto f satiras de Matos que os sermées de Vieira Em 1808, velejando com o seu rei para o Brasil, Dom Antonio de Araijo de Azevedo, depois Conde da Barca, trouxe consigo na nau Me- duza, dois prelos ¢ vinte e oito volumes de material tipografico adquirido em Londres para a Secretaria dos Negécios Estrangeiros e da Guerra Se ésses volumes foram embarcados por acaso, na atrapalhagio da fuga: se D. Antonio de Azevedo, deliberadamente os mandou embarcar, ou, ainda, se, vindos da Inglaterra, ndo chegaram a ser descarregados em Lisboa e emendaram viagem — no sei nem me importa saber. Sei que vieram, que arribaram 4 Guanabara saos € salvos, e que 4 13 de maio de 1808, dom Joao VI, por inspiracéo de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, depois Conde de Linhares, fundou a Impressio Régia. Dessa Impressio Régia saiu, a 10 de setembro do mesmo ano, a “Ga- zeta do Rio de Janeiro”. Administrava-a d, Rodrigo de Sousa Coutinho secretirio dos Negécios Estrangeiros ¢ da Guerra. No primeiro mimero Logo no se- zeta que “vira a luz" uma vez por semana -semanal. Mais tarde passou a pu- informa a Ge gundo, porém, muda de aviso: ser: tas e sibados Dlicar-se as tércas, q) 33¢ — SELEGOES DA HISTORIA nn amma © primeiro redator de Gazeta do Rio de Janeirg -hamou-se {rei Ti- barcio José da Rocha. A redagdo do jornal era na rua do Passeio, no palacio do Conde da Barca”. Na sua “Biografia do jornalismo carioca”, da qual extraimos trecho supra-transcrito, Gondim da Fonseca conta o nascimento do primeiro jornal que o Brasil possuiu e que foi como que um toque de clarim a reu- nir todos os que, pelo pais afora, desejavam dizer algo em letra de forma, pois rapidamente proliferaram os jornais. Eram pequenos, eram modes: tos, mas prestaram assinalados servigos a diferentes causas nobres Destacou-se a imprensa do Brasil do primeiro reinado pela violéncia da linguagem, pela adjetivagao pitoresca e curiosa. Os ataques politicos cram de verdadeira fiiria, nao se poupando 0 adversario Forca terrivel, o jornal atuou decisivamente nos grandes aconteci- mentos nacionais, bastando lembrar Evaristo da Veiga ¢ sua “Aurora Fluminense”, que foram dos maiores fatéres da queda de Pedro I. quando o monarca se incompatibilizou definitivamente com a mentalidade brasi- leira Nas provincias a agdo da imprensa nao foi menos importante, nem menos intensa, E dentre os jornalistas, brilhantes, ardorosos e combati- vos, que se distinguiram pelo talento ou pelo patriotismo nas diferentes regides de nossa terra, Iugar de destaque cabe, sem divida, a ésse Ci- priano Barata, que foi um espirito inquieto, um grande sonhador, um profundo preocupado com os problemas sociais de sua época. Seu jornal foi, realmente, uma trincheira, uma tribuna e um pilpito. Pois daquelas colunas éle sucessivamente combateu, esclareceu e doutrinou, na realiza cao de um trabalho que pode ser criticado mas nao pode deixar de ser ad- mirado” . o$ BOIS. INCERDIARIO$ DEANIBAL ENFURECIDOS, SEMI-LOUCOS DE I PERO, OS ANIMAIS ATIRARAM-SE CC OS ROMANOS. O G AL CARTAGINES, PARA O QUAL TUDO PARECIA PERDIDO, PODE, ENTAO, FORGAR A P com pammosa rapidex qlravescou a parte meridional da Galia, alinginds © ops dos Alpes 3 — Em plone, iavorne, Em nove digs elviu ume passayom ontre ax mentanhas. © es Lenco’ sas intemperies, orem, haviam-no. castigado rudemen Gerardo Turim, onde obteve moles de cssegurar @ tubsis: hice" de sues foreas. ao mesmo tempo que cenvertia @ AG Suse @ poplacéo de t6da Galle 1 — Syste cotaaints ds Espanta saidana com vive ‘eutusiasme © nove general de inte e dols anos em que A] — Mas Publins Cipdo, & frente de frte extra, romene mnarchava ao seu enconlie, decidide @ tudo , Derrotade bela cavelenie sumide, Gipto batow em felrada. Sempiosise fove melhor serie Pouso mals tarde, Anibel reiniciava a Iuta Ja'‘agera era aguardedo ‘nos Apenines por dois fortes oxér- da" parecer” Drofundo Sites gue ‘stavam dispestos Scalimente “de. verganha incom Kaibal decidie ‘combater ‘or dels © ecands, enldo, um verdadeire jogo de ecabra cogs, Rema ¢ uma embaixada especial fot eaviada ‘do Anibal Ae F — Momento chegou em que tudo parecis perdido para © 5 ~ Niltginte: que fére priticamente enclausurads eotre @ tBontonha'¢-0 man 6 um golpe de rurptésa, 26 algo de muito Gatordindie pedoria talvéclo's wasios generals romanos jd Sroibevam. e ‘lea, ‘Mais uma’ ves, porém Anibal mos Eowse engenhoso © calculate Reunindo mil bois, 18e tar gon comes dos enimais, fchas acesas, tollando-os em seguida Scntra os denllgdeires gue ox tomanor guardavam. © pénico $e Geventader, E Anibal pode, entdo, lorear @ passager: ES DA HISTORIA ~ 335 Delenda Cartago «(CNOMBATES ainda mais sérios estavam reservados, contudo, a am- bos os contendores. Anibal, filho do famoso Amilear, havia ju- rado, quando menino, ddio eterno aos romanos e nfo ha divida de que ‘cumpriu fielmente a sua promessa “Com incrivel ousadia atravessou a frente de um exército de mais de cem mil homens, os Pirineus e os Alpes, passando por éstes tiltimos em pleno inverno, por montes e desfiladeiros até ent&éo considerados intrans- poniveis para qualquer forca armada de certo vulto, Quando, na prima- vera do ano 218 a.C., chegou ao norte da Italia possuia apenas a térce parte dos homens que havia trazido das terras da Espanha, entao perten centes a Cartago Logo nos primeitos encontros revelou-se Anibal 0 melhor general da época ¢ um dos melhores estrategistas de todos os tempos. As conseqiiéncias da vitéria de Cipiéo o Africano, foram desastro- sas para Cartago, que perdeu a Espanha, além de outras valiosas posi- $8es no Mediterraneo, Roma, cuja férca e riqueza dia a dia se acentia vam, completara, também, a conquista da Sicilia, pois se apoderara, em 212 a.C., da colonia grega de Siracusa. ‘ Sob 0 protexto de que Anibal, em sua fuga subsegiiente & derrota de Zama, encontrara guarida e auxilio na Grécia, resolveram os romanos 336 ~ SELEGOES DA HISTORIA i ei cn a a atacar ésse pais, que, desde Alexandre 0 Grande se achava sob 0 do- ‘minio dos Macedénios . Na batalha de Cinocéfalos, 197 a.C, e na de Pidna, 163 a.C., as fa- langes foram inteiramente desbaratadas pelas legides. Os demais gregos. que, a principio, haviam saiidado os romanos como libertadores acaba- ram promovendo contra éles uma revolucao geral mas foram também es- magados. Com a tomada de Corinto, em 146 a.C., Roma se tornava senhora absoluta de téda a Grécia Nesse mesmo ano ~ 146 a.C, — um dos mais decisivos para o Im- pério Romano, Cartago era tomada e inteiramente destruida por Cipido Emiliano, parente do general de semelhante nome. A guerra fora mo- tivada pelo constante temor de que a cidade de Anibal se refizesse dos anteriores revezes gracas a capacidade comercial dos seus habitantes — © que sealmente se estava verificando. Um famoso politico romano, o avarento € hipéerita Catio © Censor, terminava invariavelmente os seus discursos no Senado com as palavras Delenda Cartago (Cartago deve sec destruida) . As suas exortagées foram ouvidas. Arranjou-se um pretexto dos menos cabiveis para a declaracdo de guerra. Depois de herdica defesa, Cartago foi tomada numa verdadeira uta de “rua por rua e casa por casa”. Cessada a resisténcia, os vencedores incendiaram-na, arrasaram-na e semearam sal sobre o entulho a fim de gue no local nao crescesse durante muito tempo nenhuma vegetacao R. HADDOCK LOBO “Hist6ria Geral”, 1a. Série Colegial WJoaguil $ILVERIO? OJDELATOR q DEPOIS DE MUITA LUTA E MUITA HU- MILHAGAO CONSEGUIU BLER CEBER O PREMIO AMBICIONADO. DE E SERVIU, POREM, O PREGO DA VILEZA ‘ois au i je devia. & Fazenda Real, por frawde na srromelagso dos direitos do ontrada na Capiane de Minas tevam epistolarmento, junto & cérle, om Lisbog. cada qual deseja’ De que precisa @ do. perdao tolal dequela divide ta isclamendo @ glésia de haver descoberte @ conspiracse. ota Novos requerimentos, novas cartes do vice-reh. ‘para fugir & humilhage, Ora cha- au bra se declara Hels Levia eu Leta Gsimansee’ Tove tla o destino quo merecia SELECOES DA HISTORIA ~ 337 eyunca fui conspirador. © que se deu comigo € um caso perfeita- ‘mente humano, perfeitamente natural. Ouga-me. Eu, como téda a gente sabe, tinha com a Real Fazenda o contrato de arrematacio dos di- feitos de entrada na capitania de Minas, no triénio de 1782 a 1784. Uma cabecada que dei — fui infeliz com o negécio, e, quando terminou o mal- dito contrato, estava eu devendo 220:432$142 (Jembro-me bem das ci- fras) & Fazenda Real. Sabe o senhor o que era naquele tempo dever-se a Real Fazenda? Sabem-no os historiadores e por paixdo 0 esquecem para nao me darem atenuante nenhuma perante 0 Juizo da posteridade. Portugal vivia numa insaciabilidade de ouro que fazia tremer as en~ tranhas do Brasil. Vinha dos desperdicios de D. Joio V e depois das exigéncias opressivas de Pombal, e queria ouro e mais ouro. Do Brasil ndo se perdoava um real, nao se dispensava migalha. Ja me havia che- gado as mos a intimacdo para entrar com o dinheiro. © processo fiscal mimoseava-me com os epitetos de doloso, fraudu- lento, falsificador, Ou eu arranjava a soma para pagar ou teria a Costa d’Africa ou a forca, Imagine a minha situagao moral, imagine como n30 ‘andava eu atenazado da vida. Onde ia buscar duzentos e tantos contos para entregar & Real Fazenda? Ja tinha eu desesperado, quando em feve- reiro de 1789, vindo de visita ao meu regimento, parei no arraial da Laje. La estava o sargento-mor Luiz Vaz de Toledo Pisa, irmAo do pre- gador frei Antonio de Santa Ursula Rodovalho. Falou-me por alto em Assuntos revolucionarios. Eu estava com a rainha, a é6rte, téda a gente da métropole atravessados na guela. Abri-me, disse © diabo do govérno Seguimos juntos para pernoitar na fazenda do capitao José Resende da Costa, pai. No caminho, Luiz Vaz sempre a falar-me da necessidade de um Ievantamento, de um movimento qualquer que acabasse com aquéle estado de coisas. Na fazenda, vi-o conversar muito tempo com 0 dono da casa, em segrédo, sob as arvores, Depois da ceia, Luiz Vaz e Re- sende Costa chamaram-me para um quarto e contaram-me tudo. Que a conspiracdo estava preparada, que nela entravam o desembarcador To- 338 — SELECOES DA HISTORIA co padre José da Silva Oliv Puseram-me a par de tudo contava com 200 homens, afora o regimento do tenente-coronel Fran- cisco de Paula Freire de Andrade e a gente que os outros conspiradores jim e muitos € muilos outros. © coronel Inacio José de Alvarenga trariam Esperava-se apenas que o govérno publicasse a extorsiva derrama dos quintos em atraso. Prender-se-ia o governador, o visconde de Bar- bacena, e a sua cabeca seria exposta em puiblico para que o povo tomasse a sério a nova Repiblica. “Vocé é dos nossos, nao é verdade?” pergun- ta-me o sargento-mor. Tremi — Sim, voce! diz-me José Resende. Se a revolucdo vingar ser dada quitagio a todos os que se acharem em débito com a Fazenda Real e voce lucraré enormemente. De fato aquilo me sorria. Aquela divida era a minha morte. Mas eu nunca tive jeito para conspirador. Nao dei o sim nem dei o nio. Ca- lei-me e fiquei a ouvir. — Vocé nos dara alguns barris de pélvora, fala o sargento-mor, como tem mais de duzentos escravos, fornecerd os escravos que puder, para a luta”. Eu estava pensativo. José Resende temeu aquela minha atitude e viu que nao podia contar comigo. E disse-me: “Veja 14, se for propalada esta nossa conversa, voce morrer Fui para casa um tanto voltado para a revolucio. A promessa de quitagéo de minha divida era de seduzir. Nunca fui homem de me deixar impressionar no primeiro momento. O desastre do meu contrato com a Real Fazenda tinha-me despertado uma precaugao ¢ um egoismo incri- veis”. VIRIATO CORREIA “Histérias da nossa Histéria” . (CARLOTA\ CoRDAY( FOL INUTIL, AQUELE CRIME, QUE SO SER- VIU PARA FAZER REDOBRAR A FURIA DO GOVERNO REVOLUCIONARIO. MORRERA UM TIGRE, MAS FICAVAM HIENAS F CHA- CAIS A ESPERA DE PRESAS. Origem da Revolucio Francesa No” do século XVIII, a Franga constituia uma monarguia abso- Tuta, hereditéria, na familia dos Bourbons. O sei, pessoa sagrada. ineamava o proprio Estado e governava por Editos e OrdenagSes, assis- tide por ministros de sua escolha. As cnicas assembléias permancnics tram os Parlamentos Provinciais em treze provineias ¢ wm em Paris. 0 snaig importante de todos porque além de suas atribuigBes judicirias de- Sempenhava um papel politico, A administragao provincial estava enite ne mos de Intendentes, nomeados pelo Rei e responsdveis perante © Conselho de Despachos. As cidades tinham os seus eseabinhos ¢ um weaise” eleito. Turgot e Necker tinham planejado criar assembléias pro- vinciais. Os impostos eram pesados numerosos ¢ as clases privilegiadas 90- zavam de muitas isengdes. Os impostos diretos (renda, talha pessoa}, <2- pitacdo, vigésimo) eram cobrados por coletores escolhidos pelos habitan- fess os impostos indiretos (bebidas, sal, transito, registro, etc.) exam cobrados pelos concessiondrios (fermiers généraux) que @5 compravam do Estado e, em seguida, os recolhiam em seu proveito. 2. ASOCIEDADE. — A Sociedade francesa, em véspera da Re- volugio, compreendia duas classes privilegiadas: a NOBREZA ¢ © CLERO SECULAR e uma classe popular, o TERCEIRO-ESTADO, composto da burguesia e do povo (populacio rural e proletariado das dades) . A Nobreza, formada pelos principes de sangue real, os duques ¢ ip ‘ares, a nobreza provinciana, a nobreza de beca e os burgueses ricds eno- Pi p a} brecidos pelo Rei, gozavam de privilégios consideraveis: nfo pagavam talhas nem impostos de renda; cobravam de seus rendeitos varios foros fem dinkeiro e em espécie, corveias ¢ outros tributos que oneravam 0 * Srador, © direito de morgado mantinha intactas as herancas nobres. ‘Além de tudo, a nobreza que vivia na Cérte beneficiava-se de grande ni 340 — SELEGOES DA HISTORIA eee mero de favores do Rei e de pensoes. Mais modesta era a nobreza pro- vineiana que vivia em suas terras (0 clero regular era rico em terras mas o clero secular era pobre ¢ necessitado, a nao ser nas suas camadas superiores (bispos ¢ abades) que pertenciam em parte & nobreza. O clero estava isento da capitaréo © do vigésimo. © Terceiro-Estado compreendia a burguesia dos comerciantes, dos rendeiros do Estado, dos industriais e dos especuladores e banqueiros- Era a parte mais onerada da nagdo, mas também a de mai que ambicionava ser a classe dirigente. No povo, a ser cibsistia apenas no Franco-Condado e na Alsicia, mas os impostos de tipo feudal, a meagdo, a décima eclesidstica 0 tornavam sensivel @ gual- quer crise econémica pela falta de uma margem de recursos para enfren- tar semelhantes casos. 3. AS IDEIAS. ~ As AMBIGOES DA BURGUESIA eram re- eultantes da consciéncia que tinha essa classe de sua importdncia social € econémica real na vida da nagdo e das correntes de idéias novas que se tinham criado, no XVII século, no sentido de suas reivindicagSes Na Inglaterra, JOHN LOCKE (1632-1704) tinha sido o defensor da Revolugao Gloriosa de 1689 e, nos seus dois Tratados sébre Govérno hivia estabelecido os direitos do povo & vida, liberdade e propriedade, defininds as fungdes de govérno, Suas idéias se tinham tornado muito populares e em Franca tiveram grande influéncia sObre o pensamento Por litico do século XVIIT. Em polities, o Espirito das Leis de MONTESQUIEU (1748) e&- tabelecia = teoria da separactio dos poderes: © Contrato Social de ROUSSEAU (1752) substituia a teoria da soberania nacional as dow- trinas de direito divino; a Enciclopédia, ditigida por DIDEROT, insu- flava o espirito novo em tédas as suas interpretagoes politicas” . DELGADO DE CARVALHO “Histéria Moderna e Contemporanea” [FeLiPe | LANTOS, jh § FOL TERRIVEL A VINGANGA DO CON. DE DE ASSUMAR, QUE SABIA ODIAR E JAMAIS DOAVA UMA AFRONTA. AIN- TRAM VESTIGIOS NGA TREMENDA, aa a Hees ia peogeraiila es ates aes tanga eoes Som center be bercearis wo ten om tolugls couite EERG! ew segusenga do Estado , 4. Felive, dos Sastor Freire Sebig ‘odior e jamais perdoava ‘uma afronta SELEGOES DA HISTORIA ~ 341 A Revolla de Vila Rica A capitania de Séo Paulo e Minas do ouro teve tr8s qovernadores: _minas. Tinkam também os mineradores pedido a redugio do imposto de Aatonio de Albuquerque (1709-1713), Bras Baltasar da Silveirs 20 para 12% 5 (1713-1717) ¢ D. Pedro de Almeida (1717-1729). No mesmo ano, deu-se baixa aos oficiais de ordenanga, com 0 que D. Bids da Silveira instalou as vilas de Sio Jotio del-Ret, Commo. perderam os potentados prerrogativas de nobreza. Solicitou-se criasio Caeté, Sérro e Pitangui Ja em 1715 rebentava a revolta de Morro Ver- de um Bispado para Minas expulsando-se os sediciosos. taetho e Caeté contra a cobranca do imposto por bateias, Brigas ¢ assas- sinatos tornaram-se freqiientes nas minas povoadas de ambiciosos ¢ aven- tureiros: reindis, mesti¢os e escravos. Outro elemento de discérdia se re- Eisses fatos catisaram reagio entre os potentados ¢ o clero, os quais passaram a conspirar contra a execugao das medidas aareire'g elev, contaminado dos mesmos vicios e egolsmes- Mais exaltagio causou a vinda de um térgo de dragdes de cavalaria para o governador. Muitog’embaracos criou Manuel Nunes Viana ag goWesador: pes: 4 sou a Bahia e foi a Portugal, onde o rei o ‘cumulou de honrarias. Negros i? me ee Assum. a ia Paovel de Almeida pee e a angolas minas aieagaram revoltar-se no rio das Moses Em Pitangui ore ee eae een oe ee ae ao | Tevantow-se © paulista Domingos Rodrigues do Prado canis © co ASRRCeS ee ae ese es bee ila Rica Saba es da aguardente; era genro do Anhangiera, ©, depois de sangrento comba- Jodo del-Rei e Sérro. O novo processo de quitacao se iniciaria a le jul 720, de acérdo, al tec de forcado em efigie, escopou para Golés com muitos partidarios. Iho de 1720, de acdrdo, al is, com as cAmaras. Gutta agitagio surgiu apés 0 assassinato de uma jovem pelo proprio Pai ‘Assumar, mestre-de-campo-general, veterano da Guerra da Sucessio | ‘Antonio de Oliveira Leitdo, por mera suspeita de amor por um rapaz Po- da Espanha, mostrava pouca habilidade politica, embora consciente disso || bre: Leitao morreu decapitedo na Bahia. A preferéncia pelo uso da férga revelava-se a cada momento Causas — Sobressaem a ambigao de riquezaa ganancia do fisco, Assim, na bandeira dos dragées por éle ideada via-se um braco entre prepoténcia das autoridades, a carestia da vida, pelo @bandono da agri 3s nit vn mio o raio a fulminar os montes mais altos eo lema “cedere | cultura, os monopélios e estancos sdbre as mercadorias. + vt eaedi”, isto €, recuar ol ser morto, em clara aluséo aos potentados. | Pretexto ~ Em 1719 D. Jodo V ordenot a criagio das casas de fun- Mandou prender um assassino, homiziado numa das fazendas de Pas- dicho cm que o ours passaia a baras,insritos 0 titulo, a data, 0 peso € coal da Silva Guimaraes, violando os costumes semi-feudais da regiio © valor, Retirado 0 quinto do péso, como imposto, as barras circulariam Bsses fatos provocaram a revolta’ livremente. Proibia-se 0 otiro em pO. Com as casas de fundicéo torna- vam-ge dificeis 0 contrabando € a fraude de que se beneficiavam os donos JOSE FERREIRA DA COSTA das minas. Néo haveria mais a finta ou derrama, para perfazer as cotas fixas e que incidiam sobre os comerciantes e outras pessoas alheias as “Livro-Texto de Historia do Brasil”. 342 — SELEGOES DA HISTORIA eee (A\ Dawa _ |LAMPADA LUTANDO CONTRA TODA A SORTE DE PRECONCEITOS E TERRIVEL OPOSICAO, FLORENCE NIGHTINGALE CONSEGUIL CRIAR A ENFERMAGEM MODERNA, NAS- CIDA NOS CAMPOS DA CRIMEIA = Suprimidos os mostoiror ingléses, na 1 io Rtlace Vil dowos inteiramente Florence: Nightingale, aaicida om sage ssia isterdece extraordingrio que dedicou & enlermagem, ‘o"enformnos, cpeset das aificuldades, Rissia. Inglaterra, Frangs © Turqula, empenhavam-se na mado longa série de obeticvlos So denominow Guera” da’ Criméic o; om aegar th Morente anos, om 18i0, a udama da, lampadas ‘Mas Florence : pratice de ia» Florence “jentara io vor vileriosas ox iddigs que defendera, entre oe SSRIS Ge’ Giu Vermelna que Dutant fundara om 1851 Sentade de ace yi superar as. dliculdade: SELEGOES DA HISTORIA ~ 343 Campos da Criméia sh sGer eae respeito pelas convicgdes religiosas de t6das as pes- soas, otsamos dizer que essa dolorosa guerra da Criméia que tan- foe sacrificios custou & Europa, notadamente a Turquia e 4 Rassi , que a “ipiciaram, teve como ponto de partida um motivo bastante simples, que jamais deveria, pela sua propria natureza, ademais, constituic motivos para uma luta armada deploravel como tédas as lutas armadas que jamais conduzem a qualquer resultado satisfatério, Gom efeito foi a rivalidade existente entre ortodoxos € catélicos a respeito dog Lugares Santos, da Palestina, ou seja da guarda dos santua- ios de Belém @’de Jerusalém, que deu origem & guerra. Em outras pala- yras: coisas santas que sO deveriam inspirar idéias de paz, compreensao, ‘amor e fraternidade levaram nagdes a se empenharem em violentos com- bates. Luis Napoleio Bonaparte, gue na ocasiio era “prineipe-presidente” ico dos catdlicos, da Franca, porque sentisse necessidade do apoio p¥ resolveu intervir na contenda, fazendo com que triunfasse 9 ponto de vista catélico (1852). ‘A Guerra da Criméia, que assumiu aspectos de rara violéncia ¢ en- volveu diferentes povos, como sempre costuma acontecer, alls, foi uma dag mais impressionantes lutas armadas dos tempos modernos, notada- mente pelo grande nimero de vitimas. Campos de batalha transformaram-se em imensos agougues. Aos soldados faltava quase tudo, ja que o sistema de aprovisionamento era deficientissimo e praticamente inexistente o servico de enfermagem. Qualquer ferimento sério representaria fatalmente a morte, tanto mais que as idéias de Pasteur, a respeito da assepsia comecavam, apenas comegavam, a penetrar os espiritos. . . 344 — SELEGOES DA HISTORIA Justamente ésse detalhe mais exalta 0 trabalho, a dedicacao, e teimo- sia — digamos assim — dessa extraordinéria mulher que teve de lutar contra 0 preconceito, contra obstaculos de tdda espécie, contra incom- preensdes ¢ contra os “galante \s" masculinos, para poder praticar o bem, para poder minorar o sofrimento da pobre “carne de canhao” que se es- vaia nos campos de luta. Os proprios cirurgides, por incrivel que pareca, freqiientemente cria- ram embaragos a atuacio de Florence Nightingale, a idealista que apenas desejava permissdo para fazer o bem. & que olhavam com zombaria as inovagdes que ela procurava introduzir na pratica dos curativos, ¢ as Pa- lavras de afeto com que procurava confortar os soldados ferides. Tam- bém nao podiam concordar com o esf6rgo que desenvolvia para salvar das amputagdes apressadas pobres Orgios mutilados. Porque era melhor cortar, desde logo, um perna ou um brago, do que despender longo tempo ‘em curativos trabalhosos e de resultados problematicos. . « Contra essa mentalidade teve de Iutar a “dama da lampada”. [Ag noites, nos grandes hospitais de campanha, desconfortaveis, en- tre gemidos, gritos e solugos, eram dramaticas para Florence Nightingale, gue velava, procurando atender a todos. Isco nao impedia, porém, que um e outro mais audaz procurasse ver na enfermeira dedicada, apenas a mulher. ~ E ela tinha de defender-se, também, désses galanteadores terriveis de enfermaria. Mas a persisténcia e a coragem deram-lhe a vit6ria, Vitéria que ela saboreou a seu modo, ampliando a obra que iniciara.” SERGIO MACEDO A Revolucio de 1817 A rivalidade que havia em Pernambuco entre portuguéses ¢ brasi- Jeiros, a divulgacdo de idéias liberais, principalmente pelas lojas ma- -cOnicas, a preferéncia que tinham os europeus no exercicio de cargos pir ‘“Blicos foram as principais causas da revolugdo de 1817. Governava Pernambuco o futuro Marqués da Praia Grande, Cae- tano Pinto de Miranda Montenegro, homem justo mas pouco enérgico, que nao soube tomar medidas imediatas para impedir 0 irrompimento da revolucdo. (A. de-marco 0 governador recebeu uma dentincia de que, na resi- déncia de Domingos José Martins, negociante espirito-santense afeigoado as idéias liberais, reuniam-se varias pessoas que tramavam uma conspi- racio contra o dominio portugués. Entretanto, sé a seis € que providen- ciou a pristio dos suspeitos, depois de uma conferéncia em seu palicio com os oficiais. Foram detidos Domingos José Martins, Anténio Gongalves da Cruz, apelidado o Cabuga, e 0 Padre Joao Ribeiro Pessoa. Para prender os mi- litares foi indicado o brigadeiro portugués Manuel Joaquim de Castro que se dirigiu aos oficiais brasileiros com palavras insultuosas; por isso foi morto a golpes de espada pelo capitio José de Barros Lima, apelidado o “leo coroado" [A revolugio logo se propagou por toda a cidade, obrigando © gover- nador a refugiar-se na Fortaleza do Brum, de onde depois embarcou para o Rio de Janeiro. No dia seguinte, 7 de margo, foi organizada a Junta Governativa Revolucionaria, com a participagio de Domingos José Martins, que representava 0 comércio, Domingos Teoténio Jorge, 0 exér- cito, padre Joo Ribeiro Pessoa em nome do clero, além de representantes da agricultura e da magistratutra. 346 — SELEGOES DA HISTORIA IE © novo govérno aumentou 0 sdldo da tropa, promoveu alguns mi- litares, aboliu varios impostos e indicou Ant6nio Gongalves da Cruz para ir aos Estados Unidos comprar armas e contratar oficiais competentes Conta-se que nos Estados Unidos Antnio Goncalves entrou em en- tendimentos com os bonapartistas que planejavam dar reftigio em Per- nambuco a Napoledo que estava prisioneiro em Santa Helena. JA Paraiba e o Rio Grande do Norte aderiram & revolugio. Ao Cear para conseguir 0 sett apoio, foi enviado José Martiniano de Alencar ¢ & Bahia, José Inacio de Abreu e Lima, advogado, que por ter sido sacerdote era apelidado Padre Roma. O primeiro foi preso no Crato e o Padre Roma na costa baiana, sendo condenado morte e fuzilado em Salvador. ‘Também estéve implicado no movimento um irméo de José Bonifé- cio, Anténio Carlos Ribeiro de Andrade, que durante o primeiro Reinado teve brilhante atuacao politica. Antonio Carlos, preso durante quatro anos, recusou pedir perd’io a0 rei, como Ihe haviam sugerido: “S6 a Deus peco perdao”, disse o grande brasileiro; “do rei quero justica” . ‘Antes mesmo que do Rio de Janeiro partisse a esquadra do almirante Rodrigues Lobo, para sufocar a revolugio, 0 governador da Bahia, Conde dos Arcos, enviou tropas a Pernambuco, sob 0 comando de Joaquim de Melo Congominho. Derrotado e preso Domingos José Martins, tomou a chefia do movi- mento Domingos Teot6nio Jorge que ainda tentou resistir em Recife Mas, cercado por terra e por mar, os rebeldes tiveram que se render”. A. J. BORGES HERMIDA “Histéria do Brasil”, 4a. série ginasial @ cCOPO DE FSANGUE FERIDA DE UM MORIBUNDO, E ESTEN- IDA SOMBREUIL, DI- EU PAL SERA LIVRE» ex" fos gaat —_ og 9 — Ge tater morim, Navlam ldo logon, iteomridor 4 ~ Iainns comende, pol aces, oven neat gue Mee 5 — Sat obs ge ae seb a ferida recente do 37 So instente = inctosie elon gritos dos atistentes, tetar peitada a decisao do Tribunal. Os ‘populares iam im, morlundo, enchendoe do sangue que corte livre " ite ee Gein” sar, genzade 0" descnpire dos mente. Fello isto apresentou-e & mega, duendo-the: ebebo isto lode nagig 0 0 fou pal serdlivre, Cato conse Storgarida Sosibeull Iéx'um ‘geste do horror. Era r0- ee ee pelz — cdicntou um individue de fstoncmia’patibular. maor tintes de ae contemplavam ot olhos ‘epcionadess fodearam @ moa e sangue, olhos injetados "pelo. dice noe. Rose" sihavarn, fieeclveuse, emtdo, Tomando do cope, bee misiocrata. Decepcionadas, redeciam & mors ¢ — Senue. Sosa © lelou, simplesmnente: eam iastaniels. Aboixen- eu de um jato todo o sau conteddo, Numa explostio de sel: Senher cia doe que dexeram eacapar aquéle dovse, Feliu. das veste Yagem clegnia 0 populacho aplaudiu geste da moa, Estava SSenbore? sMadaiie la veuver é que ficaria triste ‘Bente, num dos sedues’ que vinham sendo roalirados vee o velho realist SELECOES DA HISTORIA ~ 347 eT 0 TERROR D7 Oliveira Lima que, percebendo bem a inigitidade dos processos sumérios aos quais nao poderia escapar nenhum suspeito, vitima, as vézes, de falsa delagao, Danton justificava ésse recurso com o argu- mento de. que, em tempo de perigo nacional, era preferivel matar ino- centes ao invés de livrar culpados. ‘A Franca, por alguns meses, governow-se por ésse principio, do que resultou serem detidos duzentos mil suspeitos, conduzidos as carrocadas para o patibilo em cujo derredor tomavam assento as fricoteuses (que acompanhavam 9 rolar das cabecas com o movimento de suas agulhas) . 6 em um periodo de 49 dias, na ditadura de Robespierre foram enviadas aa guilhotina 1.400 pessoas. Os érgios do terrorismo eram 0 Tribunal Re~ volucionario e a Junta de Salvacio Publica. Entre as vitimas do Terror contam-se a rainha Maria Antonieta, Madame Roland, 0 duque de Orleans, 0 poeta André Chenier, 0 sabio La- voisier, Bailly, antigo “maire” de Paris, etc. Muitos dos proprios chefes revolucionarios no escaparam do car- rasco, tais como Hebert, Danton, Desmoulins, Fabre d’Eglantine e va- rios outros. A iiltima vitima foi o proprio Robespierre, em companhia de seus partidarios, e com isso produziu-se uma espécie de recuo, fechou-se 0 Clube dos Jacobinos, abriram-se as prisdes e recomecou a vida dos tea tros e dos salées. © acontecimento que provocou essa mudanca foi a Reagio Termi- doriana, assim denominada por ter tido ini do calor). Antetiormente & Convengio Nacional, os revolucionarios ti- nham introduzido no pais algumas medidas radicais — a abolicao dos filtimos resquicios do feudalismo, a implantacao do regime constitucional, a decretacao da liberdade de pensamento, a extingio dos privilégios de classe, etc. (9 no més de Termidor (més 343 — SELEGOES DA HISTORIA Durante o regime convencional firmaram-se muitos atos importantes, entre os guais a aboligao da escravatura nas colénias, suspensio das pri- s6es por dividas e a adogao do sistema métrico decimal. Os latifiindios foram divididos e oferecidos A venda em boas condi- 6es de pagamento. Prescreveram-se punigées severas para os que vio- assem as tabelas de precos maximos dos generos de primeira necessida- de. Medidas administrativo-financeiras também foram tomadas com a instituicdo do Livro da Divida Pablica. Empreenderam-se, ademais, mui- tas obras de interésse educativo, sobretudo em relagio ao ensino prima- , ao secundario e ao superior No que dizia respeito ao curso superior, por exemplo, eriaram-se, con- servaram-se ou reorganizaram-se os principais estabelecimentos cientifi- cos ou artisticos da Franca: 0 Museu de Historia Natural, onde ensina- vam Lamarck, Geoffroy Saint Hilaire, Jussieu, ete.; 0 Conservatério de Artes e Oficios; a Biblioteca Nacional, o Museu do Louvre; 9 Conserva- t6rio Nacional de Miisica; a Escola Politéenica; a Escola Normal; 0 Ins- tituto de Franca. A Convengéo Nacional tomou, também, medidas mais radicais em matéria religiosa, tolerando tédas as crencas desde que as mesmas néio fossem hostis a reotblica. Em 1795 a Convengio Nacional promulgou uma nova Constituigao que pouco alterou, em suas bases principais, a anterior. A nova Consti- tuigdo concedia o sufrdgio a todos os cidadios alfabetizados, mas éstes, 86 podiam votar em cleitores que, por sua vez, escolhiam os membros do poder legislativo” ESTEVAO PINTO ‘Hist6ria Geral”, 2a. série colegial em ao sti- , 86 EnTRUDO) LiMoes cic CHEIRO XCIONADOS DE FINISSIMA CERA io de I ou sage ese. A, sPaulicia, Yoo E CHEIOS DE AGUA PERFUMADA, S OS «LIMOES» PARTIAM-SE AO ENCON- TRAR RESISTENCIA, PERF UMANDO O ALVO "a, porque es foliges no reap SELEGOES DA HISTORIA ~ 349 0 Velho OS tempos do st. Dom Josio VI, Debret observava que o Carnaval carioca, como 0 do resto do Brasil, em nada se parecia com o que le vira em Franga, uma vez que era organizado sem bailes de mascaras ¢; mesmo, sem cortejos populares, com gente a pé, a cavalo, ou em car- “ragens pelas ruas. Era, como éle proprio observava, um carnaval d’agua, trés dias de folia desenfreada e chamba, sem miisica, sem cortejos, sem bailados Eram, além de folganca de copo ¢ mesa, de bebedeiras e indigest0es, chocarrices e facécias mais ou menos violentas e brutais — ¢6pia fiel dos velhos entrudos lisboctas, que, ainda no coméco da diltima centiria nao haviam mudado. “Que as modas de cé Vem de la Menos as modas do sarara” Ha quem afirme que o imperador Pedro I, com 0 seu génio folio, era devoto do deus Momo. ‘Assim sendo, no paco de Sao Crist6vao, por horas de estouvadas Joucuras, a primeira coisa que deveria fazer, quem tivesse juizo, era fe- char o protocolo da Cérte, escondendo-o na mais recéndita arca de paut- -santo, por em lugar seguro os bibelots de preco, os quadros € os tapétes de valor, esperando pelas “gracinhas” de Sua Majestade 0 Imperador que talvez as tivesse tio boas como as do Chalaca. E at6nito assistir, s6- bre ministros de Estado, sobre embaixadores, sobre generais, bispos, de- sembargadores e sethozes do melhor nome e mais citada distingao, num desespéro de entrudo, a chuva implacavel dos legumes, de hortalicas, de frutos verdes, de utilidades caducas, arrancadas do fundo das cozinhas imperiais, de envolta com pos de goma, de carvao e agua, ouvindo loucas gargalhadas do Braganca ébrio de contentamento e de prazer, aos saltos, aos guinchos, o uniforme do melhor briche em tiras, fazendo rir a austera Mordomia do palacio, os criados de galio e a baixa famulagem. 350 — SELEGOES DA HISTORIA saints ti = ati Carnaval Imagine-se 0 patriarca José Bonifacio subindo as escadarias do Pago da Boa Vista, com quatro gemas de 6vo no chapéu armado, 0 dlho roxo por uma abébora d’gua, o rabo da casaca do uniforme em sanfona, com manchas de polvilho e carvao vegetal E todos gozando a complacéncia heréica do patriarca, 0 seu sorriso amarelo, € as suas calgas agarrafadas ao corpo, como as de um homem que atrav E 0 povo? Esse também se divertia Logo as primeiras horas da manha, os escravos iniciavam bulhenta- mente 0 entrudo, pelas senzalas e pelo logradouro da cidade © Rio de Janeiro acordava em alvoroco, ouvindo os ambulantes que J apregoavam as mercadorias da ocasio: — Porvio! Limao de chéro, de toda c6. Bom chéro, bom chéro! Um pacote de polvilho custava, no coméco da passada centdria, cinco réis e uma dizia de limées d’agua, cheirando a canela, dois tostdes. O limo vinha no tabuleiro da preta ¢ 0 pacote de pé de goma no cesto ou no sambura. — Porvio! Limao de chéro! ‘As criangas saltavam da casa, gritando: Entrudo! Entrudo! Entrudo! E iam provocar a vizinhanga, bombardeando as urupemas e grades de pau com bolas de céra cheias de Agua, que Ihes davam as famiiias, atris das rotulas, a cocar a cabega do primeiro que surgisse para respon- der ao desafio. Dentro em pouco generalizava-se 0 combate, A labareda de alegria pegava fogo em todo o Rio de Janeiro. E os limées de cheiro a cruzar! sasse um rio a nado. Entrudo! Entrudo!” LUIZ EDMUNDO “Recordasées do Rio Antigo” NADA M MANTEV SENDO-SE ESPANTOSAMENTI GRAGANDO O SEU POVO. QU E DES- decorride: ‘ieares dora 9 (adversdrios foram castigader implackvelmen Parentes © amigos de conlianca do nove jos nos postos-chavo, non cargor de diregaa joqao dat vilas « dae aldsies J — fonts & erlstua do Simon Bolivar, om Ceracet. naquela arde de 26 de outubro de 1893, © moie-indio sbservava mulidae quo vivava @ general Go'dia na Ven ‘na provando sdores do. General quo rat cusilar 9 caus dos montenkas. Seu ‘ado dotejava nicamento 0 poder. Queria Hquesa, também muita tiquevs. Uma boa parte pera sy ov tran menos, para pals. A guera” de I6i4 suai seus ple- Gindrtamento "pr fturais‘venezuelanos Em 1947" dee obriuiee pote rd Oll Co.r Gull Oii Coy Texas Oil Royal Dulth Shell, pauwaram a expiorar e terowe’ dose a"lagoa Maracelbe, com intensidade ¢ snergia o financiste, "Ext 1808, Savethecida o docnte, Castro vosolvon, & Europa, om es gue, eset tore ee © amige Gomer come. Pre Gusincla. Gastro tnhe imonsa conflance em Gomez. que. com SWderave asima do qualquer suspaita "Alsm gisro, subectima: vac intoligincia 0 @ ambicao do antigo audi ‘lligigm. E indicon Fy — Em 1018 Gomes fos beiver ume lei do Petrslea, A magic D~ receberia uma comitao tObre cada hertil do petrcleo rodusido. A nacdo, ¢ tle, cortamente, pois Gomes era orpene Stabila cuidar do sua vida s da vida de seus parentes © ade Tentes|. Mos néo hé'mel que née acaber Mt dae isto sibio, Em 1995, depois do. viste escto anos de geyérno, can Sado, aloto, enjoutiva, morria El Bosoméritn Houve ver is intel. Festes o mais fesies we suce moter witicieae oes eecrat peaiged de 'Caraces 0 povo dangou goo giles de cViva @ Hberdadels SELEGOES DA HISTORIA ~ 351 0 Meio-indio Gomez V svsou SVC aTlva O comuyy o1bi9g ~ SHEPARD *P WPI V VRIVIVAYD V som owauisy ~ 19807, OP SHOWN SaUyWIvd fowiy ep uy — ewoparey ep s:pETY rlodaswad 3d ‘OIGNaDNI O ; ops? py o16i9g — Bisquayney op eso y OLNAINVINVONE OC ZRLLVadNT ¥ SS SpEPIENY. © PWS? 2PMUIA £0¢ VAIGOD AVI epmeny oi6u9g — ovreunz, e eMuCD WNIOVA vd OyonTOASY Vv popped "A = 006.0%, “MRA ep BY > oT Pop No fy — sepooutedy > sepdong ‘Sera, ie Svanseisa Be cod once lowe op iy oan Wevind: Val VLSIIONGS ¥ open eee Ge oa SaCaWINOYY AC SOHTAdSH SO ey ccones seticp SMEs Woes te eeNORVOA sav © Ce Rea te Oartoott ata 1, coer ea een Teen ont 6st et * IWNOIDYN ONIH-O 01 OUAWON Od ORTYAAS joud op opsmimop © ouooied Qo0st #0 ep ebesd op “emo peo suuispd o7e. ep tayo} WR "So[N>I2=D} OL ep HexzO) oetongna bees spaiepoous opens: soweaosoy OVOVNWAGVON VINISS}14d Wa VINOLSTIH Va STO5aTaS 2 cso “opareuns oKieqa soreyndog Sodty YGO ddIONTYd O Opaoe yy, o1519g—speSUDANI 8890 SOOT SO. 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