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) 4 Gath 4 Do. BRASIINE'Do' MUNDO Qe SUMARIO DO NUMERO 4 A PRIMEIRA BANDEIRA DO BRASIL 7 Caxias — Gustavo Capanema % 98 JUDITE E HOLOFERNES - 99 ‘As mulheres da Biblia — Sérgio Macedo... 100 © ADVOGADO DOS INCONFIDENTES . Pelos réus — José de Oliveira Fagundes” WATERLOO .... wa tee ‘A morte de Napoleio — Ch. Moreaux-Vauthi OS LANCHOES DE GARIBALDI ...... Anita Garibaldi — Mal. J. V. Leite de Castro LIPO, O ENAMORADO DA LUA ......5-55 A literatura chinesa — Sérgio Macedo AS CAMARA‘ ei saesh aoa ‘Administracio colonial — Diogo de Vasconcclos A MORTE DE CESAR ..... ae ‘A educagio de César — Felix Desnemesnil .. TERRAS DO OURO .....-..600++ Ouro! — Pedro Galmon © SANTO GRAAL ... ‘A Tévola-Redonda ..... a A TRAGEDIA DE JOSE’ LEANDRO ...% Um artista colonial — Sérgio Macedo .. CORTEZ CONQUISTA 0 MEXICO ‘Os conquistadores espanhéis — F, A. Kirpatrick (© CLARIM DO 42 — : A ofensiva paraguaia — Gustavo Barroso... : © OLTIMO AMOR DE BALZAC ..... Madame Hanska — Sérgio Macedo . 124 NA FORCA, NAO! .. 125 ‘A vaidade do condena 126 AS GALERAS 127 Galés — Sérgio’ Macedo 128 SELEGOES DA HISTORIA DO BRASIL E DO MUNDO de Renate Silva —Legendas de Sérgio Macedo. Desenboe Said um dibum por mis. Proce de cada ums Cr¥ 10.00, Ramete-te pelo Hoerbélao Postal, Ox ntimeren do més serdo cecontrader nes bencas de Jotnais » nas livrariam ox ctrasa- CONQUISTA AY, 28 DE SETEMBBHO. 174— RIO DE JANEIRO | SUMARIO DO NUMERO 5 BANDEIRANTES-MENINOS" 129 ‘Um bandeirante curiowo — Afonso d'Escragno- Je Taunay Sie + 130 TRMAO_ FRANGISGO "1°. sais! Os franciscanos se... D132 A REVOLUGAO DO VINTEM |, 133 ‘© imptsto do vintém — Melo Barreto Filho Hermeto Lima - 1s LQUIMISTAS «2.2. 135 iquimia e medicina — Sérgio Macedo... 136 MARCILIO. DIAS ee 2137 ‘> Oc grande marinhciro — Gomes Gardim .... 138 $0 GAMINHO DAS INDIAS «os s.ccseerees 139 fexpansio gcogrdfica — Estfvlo Pinto .... 140 [AZONAS .... cog 141 ‘As nascentes. do Amnaonas “" Mitio’ ds Vei- ga Cabral. Beat oi 142 A VALSA DO ADEUS’. 143 ‘A morte de Chopin — A.” Morin-Labreeque 144 (OVENMEMAMENTO ...... :ceteeueaeace 145 Ensithamento © inf_agio —R. Haddock Lébo 146 EDITE CAVEL .. Be 147 ‘Antecedentes da Primeira Guerra Mundial — Alcindo Muniz de Souza . - 48 AS CASAS DE FUNDICAO . nl 149 As oficinas dos quintos — Sérgio Macedo ... 150 CHINA, IMPERATRIZ DA MINIATURA .... 151 Porcelanas — Sérgio Macedo «+++ Sannin’ CIDADE DO RIO + 158 ‘comesa — 5 nse SALOME: ; 3 wax, 188 ‘Ohomem que batizava — André Constantin ., 156 © FIM DE ALMEIDA JONIOR 157 ( pintor Almeida Jinior — Carlos 158 UMA FRAQUEZA DE VOLTAIRE .... 159 ‘A propisito de Voltaire v...eeere- 160 SELEGOES DA HISTORIA EM BELISSIMA ENCARDENAGAO tapi pba mere ate m tats coene ee aes toe ea ee SUMARIO DO NUMERO 6 A EPOPSIA DA LAGUNA... ‘O abandono dos éoléricos — Visconde de Taunay 162 ASPASIA 5 163 Mileto, Pi Asphisia 164 A DESCOBERTA DA GUANABARA ..... 165 ‘A Bala de Guanabara — Mario da Veiga Cabral 166 MENE, TECEL, FARES sossuale? Babilénia —'R. Haddock Lébo 168 © ASSASSINIO DE DUCLERC ..... 169 Os Franceses no Brasil —~Ary da Matta 170 AS CATACUMBAS «20.2... Os mirtires — BR Haddock Labo’! LUIS GAMA. A O Escravo : A NOITE DE SAO BARTOLOMEU .... © Calvinismo — Estévio Pinto . © AUTOMOVEL CHEGA AO RIO DE JANEIRO. 177 Os Primeiros Automéveis — Noronha Santos 178 A INGLATERRA ‘LEMBRA-SE DA AMERICA. 179 Annérica Colonial Inglésa — Antfnio Joxé Bore ges Hermida .... ee... 180 GUAIRA 381 182 183 A 184 © DRAMA DE GONCALVES DIAS 185 ‘A Poesia de Gongalves Dias — Ron valho 196 RASPUTIN .... 197 A execugio de Rasputin 198 © EXILIO DE D. PEDRO IL. .....+- 189 © Oraso do Império — Oliveira Viana. 190 KALIDAZA DOr tates 1st © SR. JA SABE QUE CARREIRA VAT SEGUIR O SEU FILHO? A carreira militar, om qualquer dos seus ramos ¢ a nica, ‘no Brasil, em que os alunos GANHAM PARA ESTUDAR. © Ure do Tle, Velmiro R. Vidal— COMO FAZER A MA- ue perticiperam dos movinentes rebeldes pon Traddeire volipia dx morte F — Mes 0 préso decopciona os amigos, — Nao quero fusir. 5 tentemente. indagam-lhe o motivo ja E recusou 0 perdao que Ih “Agostino Bezerva nba cui SELEGOES DA HISTORIA ~ 225 A Revolucao de 1817 «Cy movimento republicano de 1817, em Pernambuco, resultou de nu- merosos fatos: a velha rivalidade entre reindis e mazombos, de «marinheiros e cabras»; a influéncia das idéias liberais francesas; 0 exem- plo das colénias espanholas em luta emancipadora; atraso no paga- mento dos soldos @ tropa; a impopularidade da guerra da Cisplatina: a crise do algodao, apés 0 término da guerra entre os Estados Unidos € a Inglaterra; a agdo das sociedades secretas, mag6nicas ou nao; as tra- digdes militares de Pernambuco; 0 fraco govérno de Caetano Pinto, ¢ muitas outras A sociedade pernambucana mostrava-se mais adiantada intelectual- mente do que 0 resto do Brasil. Os padres, regulares e seculares, culti- vavam os conhecimentos filoséficos, divulgando as idéias enciclope- distas revolucionarias. O padre Joao Ribeiro fundara uma biblioteca popular, pequena mas selecionada. O bispo Azevedo Coutinho fizera do Seminario de Olinda um centro irradiador de cultura, As numero- sas sociedades secretas promoviam banquetes onde atacavam o absolu- tismo portugués e arquitetavam a revolucdo. Entre elas citamos as de nomes , na altura, e «Negro» nas acées. Em ordem do dia, a 4-3-1817, conclamou os pernambucanos a evi- tarem os chomens empestados> de novas idéias que os procuravami en- ganar com «falsas sugestées>. A 5 e a 6; seguiram-se uma proclama- Jo € a reuniao do conselho militar, que deliberou prender os suspeitos, nao con- Dos civis, encarregou-se 0 comandante de milicias, marechal José Ro- berto; prendeu Martins e mais alguns. Dos brigadeiro de artilharia Manuel Joaquim Barbosa de Castro. Ao invés de executar as prisdes nas casas dos acusados, preferiu fazé-lo no pro- prio regimento de seu comando. Ao censurar 0 capitao Domingos Teoténio Jorge, éste retrucou com energia; foi enviado para o forte das Cinco Pontas. Quando o brigadei- ro se dirigiu ao capitéo José de Barros Lima, 0 Leio Coroado, éste 0 atravessou com a espada.> militares encarregou-se 0 JOSE’ FERREIRA DA COSTA «Livro-texto de Histéria do Brasil» A 5 DE MAIO DE 18: TOS DAQUI CULO HUDSON pave @ residincie HELENA, QUE SE APAVORAVA COM ie Se Longwood, velba construcde de asm 86 pavimento, donida FEIJOES. NAPOLEAO ESTAVA MORTO ! — Scesera| Bopanars " Nopoido opr Stvoede do rola: bastante desagredaval ob todos oe Pontes Giverllsse a plentar Sin‘a Lora Vathurst ‘se oe felon verdes, io com @ bandeira branes sllorme de Bonaparte tortura Em, torminade (Gmule especialmente construlde para base esa SELEGOES DA HISTORIA ~ 227 Santa Helena «© . Ele mantém com os seus companheiros longas conversas sébre o fim de sua carreira € as suas campanhas do Egito. Las Casas disse-the: «Sire, escrevei como César, Séde vés proprio 0 historiador de vossa Historia.» Ble respondeu logo: VIRIATO CORREIA «Bai Velho» HIPERIDE A Respeito de Frinéia Ege Frinéia participou ativamente da vida de Praxiteles. que se deslumbrou diante da beleza da linda moga que, realmente, encarnou tudo o que se poderia desejar em se tratando de graga femi- nina, mesmo sob os mais exigentes padroes de arte ou estética. Modélo das estatuas de Venus adoradas na Grécia, a ela propria, tal qual a deusa, foram feitas diferentes oferendas, 0 que a tornow opu- Ienta, em tempo relativamente curto. Seus haveres, entretanto, ela os empregou, em boa parte, na pra- tica do bem e na realizagao de belas obras do espirito. As acusacées gue the foram feitas s6 poderiam encontrar, como ponto de apoio ver- dadeiro, a sua imensa vaidade. Nesse particular, com efeito, Frinéia excedeu a todas as conveniéncias, transpondo os limites da propria pru- déncia; sua vaidade, com efeito, ndo conhec Sabia-se bela, imensamente bela, e tinha profundo orgulho dessa beleza e do efeito que ela causava por téda parte. Dai 0 episédio, que tio bem traduz o seu espirito, de pretender que limites. Ihe gravassem 0 nome nas portas de entrada de uma Tebas que ela re- construiria com sua imensa fortuna A inveja, porém, foi, a rigor, o principal fator da condugao de Fri- néia até o grande tribunal. Nao é, apenas, 0 génio ou © sucesso pol tico que granjeiam antipatias, malquerengas, Odios, mesmo Também a beleza. Muitas mulheres da Grécia jamais perdoaram a Frinéia aquela pureza de linhas, aquéle colorido de pele, o ar espléndi- do de satide e forga e vida que emanava de téda sua personalidade Diga-se, ainda, que a beldade nao tinha grandes escriipulos em atrair homens comprometidos, furtando maridos a seus lares, ¢ compre ender-se-4, facilmente, o fervor com que muita gente trabalhava para perdé-la, e 0 afa com que se agarraram a oportunidade, finalmente en- contrada, de fazer condenar a mulher por quem todos os homens, pri- ticamente, suspiravam. 232 ~ SELEGOES DA HISTORIA Mas o amor do ateniense pelo belo, a sua devocio exagerada ao belo, aliada ao talento imenso de Hipéride, que sabia comover e sabia argumentar, falaram mais alto que quaisquer outras consideragoes- Frinéia saiu do julgamento engrandecida, mais prestigiada que nunca, tanto mais que, {4 entao, um certo remorso, um complexo de cul- pa, como diriamos hoje, comegara a se apossar do ateniense, que enten- dia dever dar & mulher que antes acusara e quisera ver condenada, to- das as satisfagdes. ‘Aumentaram, entdo, a fortuna e a gloria de Frinéia. Sua saida do recinto do tribunal foi verdadeira apoteose. Carregada em triunfo pela multidao ¢ conduzida ao templo de Vé- nus, foi, no recinto sagrado, adorada como a propria encarnagio da deusa. Seu orgulho de mulher bonita, sua vaidade imensa, nao poderiam ter maior desagravo, nao poderiam receber maior afago Mas a ligdo ficara. Dai por diante, Frinéia seria mais cautelosa em sua existéncia, sob todos os aspectos, moderando sua ambicdo, colocan- do um freio em certas pretensdes que secretamente alimentava. Segundo alguns historiadores, houve, mesmo, quem posteriormente sugerisse ge aceitasse a proposta de Frinéia, referente a Tebas, tal qual ela a apresentara. Mas ja entao a sacerdotiza de Venus estava aconse- Ihada pela prudéncia e pela sabedoria, que vem com a experiéncia, fur- tando-se, ao que se afirma, as lisonjas e ao incenso dos aulicos. Continuoy, porém, a vingar-se, de modo geral, de suas irmas de sexo, jamais deixando de fascinar-lhes noivos, maridos e irmaos.» J. SUPERT «Phryné>, in «La Déesse>. 0 Grande Preieito Passos ! E’ trabalhar contra os destinos da cidade. Assim falam as gazetas que nao sdo nossas. E essas gazetas, mobilizadas, tédas elas, investem contra 0 reformador. Malham-no. Até o homem do LUIS EDMUNDO . D. Pedro I foi obrigado a impor sua autoridade nestas provincias. Na Bahia conseguit derrotar a guarnic¢ao portuguésa comandada por Inacio Luis Madeira de Melo, que nao contava com qualquer populari- dade entre os baianos. A vit6ria imperial foi obtida gracas a atuagao do coronel José Joa- quim de Lima e Silva € ao reférco da esquadra recém-criada, coman- dada pelo Almirante Lord Cockrane, mais tarde Marqués do Mara- nhao. A 2 de julho de 1823, 0 brigadeiro Madeira de Melo, derrotado, abandonou Salvador, rumo a Portugal. Para socorrer 0 Piaui, dominado pelo major Joao da Cunha Fidié, gue se manifestara contra a independéncia, foi enviado 0 coronel José Pereira Silveira. Nao obstante a vitoria de Fidié em Jenipapo, 0 Piaui continuou re- belando-se contra a autoridade portuguésa e manifestando adesdo ao go- vérno imperial. Nao tardou que o Piaui ficasse entregue aos partidarios da inde- pendéncia, tais como Simplicio Dias da Silva e Manuel de Sousa Mar- tins, orientados de acérdo com a politica do Rio de Janeiro. Vencedor em Jenipapo, Fidié transferiu-se com suas tropas para 0 interior do Maranhao, a fim de combater os partidarios da independén- cia, mas foi sitiado em Caxias e obrigado a renunciar a0 posto Com a chegada das forcas navais de Lord Cockrane, a Sao Luis, a Junta Governativa da provincia, que se manifestara contraria a inde- 238 ~ SELEGOES DA HISTORIA pendéncia, submeteu-se pacificamente, seguindo-se a aclamagao do im- perador. Foi necessario, ainda, que Cockrane enviasse Grenfell ao Grao- Para a fim de obrigar a Junta Governativa local a reconhecer 0 govér- no de Pedro I. Na Cisplatina, grande pate da guarnigéio’ portuguésa comandada por D. Alvaro da Costa de Sousa Macedo, que se havia declarado fiel a Lisboa, entrou em choque com a tropa sob o comando do Tte.-General Carlos Frederico Lecor, Baréo de Laguna, que apoiava a politica do entdo principe-regente D. Pedro. Em face da superioridade numérica das tropas de D, Alvaro da Costa, Lecor retirou-se para o interior da provincia com seus homens, voltando a atacar D. Alvaro depois de proclamada a independéncia. Em novembro de 1823, D. Alvaro, desiludido de receber reforgos de Lisboa, negociou sua capitulagao e Lecor, entrando em Montevidéu, promoveu a aclamacao de Pedro I imperador do Brasil. Tratou, em seguida, o govérno, de enviar encarregados de negé- ersos governos estrangeiros 0 reco- cios com a misséo de obter dos di nhecimento da independéncia. Foi nomeado nosso representante em Londres 0 Marechal Felisber- to Caldeira Brant Pontes, futuro Marqués de Barbacena; para Viena foi © futuro Marqués de Resende, Anténio Teles da Silva e para Roma o Cénego Francisco Correia Vidigal.» ARY DA MATTA que dava sdbre «Fontain Court». E tédas as figuras que © grande «conteur» criou parece que vao surgir pelas ruas: neste «Inn». David Copperfield despediu-se de Mr. Micawber; Mr. Pickwick devia circular por éstes becos acompanhado pelo fiel Sam Weller e por seus amigos tao simpaticos e telhudos quanto o fundador do clube Thackeray também descreveu Londres, e seus personagens ainda quadram no cenario. Ainda esta de pé a . La esta a casa, conservada como mu- seu, ea hera ainda enguirlanda a janela da poetisa a quem o amor, em vez de matar, curou. E’ estranho como, para mim, ésses fantasmas de outras épocas aparecem com muito maior precisdo do que aquéles cria- dos pelos romancistas modernos, de quem, aliés, sou fervoroso admi- rador. Por mais que procure, ainda nao encontrei uma Lucy Tantamount, € desejaria tanto conhecé-la! Na minha peregrinacdo a Chelsea, bairro dos artistas, nao vi ninguém que pudesse encarnar a simpatica figura de Philips Qualers: no entanto, «Point, Contrepoint» é 0 romance que mais me tem impressionado nestes dltimos anos. Londres quarda, ape- sar do aspecto de grande cidade, um arzinho de ¢bons vieux temps>, adoravel «clima» que faz o seu maior encanto. As ruas aristocratic as pragas arborizadas, tém um néo-sei-qué de nobre e conforravel que ainda nao vi em outra cidade, e olhando esta gente viver, descobri por que os ingléses tém tanto jeito para turista: viajam como se estivessem em casa e nio ha como éles para saber instalar um home» conforta- vel e acolhedor. Para falar com franqueza, se por uma desgraca eu tivesse que mo- rar fora da minha terra, seria em Londres que iria chorar a . =~ ANAT rer ea \ ” "7 EBRA\ SELEGOES DA HISTORIA ~ 241 0 Sistema Métrico “Fo no gabinete de 8 de marco de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco, que entrou em execuso a lei que mandaya instituir 0 sistema métrico decimal, em substituicdo ao antiquado sistema portu- gués de pesos e medidas, que era 0 mais atrasado possivel, nao obede- cendo a regra nenhuma. O govérno, para por térmo a balbiirdia e aos abusos, ordenara, por lei de 26 de junho de 1862, que o sistema em vigor f6sse substituido em todo o Império pelo sistema métrico francés. Ja existindo © decreto de 1 de abril de 1871, abrindo o crédito extraordinario de 410 contos de réis para ocorrer as despesas com o servico relativo a essa substituicdo, em 11 de dezembro de 1872 vem o decreto aprovando o regulamento que estabelece as condigdes a que devem satisfazer os pesos e medidas do sistema métrico, mandados adotar no Brasil. Porque 0 povo nao compreendesse rapidamente © novo sistema, ou porque achasse que o mesmo era prejudicial, recebeu-o com animosi- dade, assaltando casas comerciais ao grito de . A policia efetua algumas prisdes e a custo procura conter a ordem. Durante alguns dias os estabelecimentos que serviam ao piblico fo- ram protegidos por férca armada. Nas provincias nao foi menor o movimento de rebeldia. No Norte, em Sergipe, Alagoas, Paraiba e muitos outros pontos, 0 povo igualmén- te se insurgiu, procurando estabelecer desordem. Dentro em pouco, po- rém, tudo serenou. © histérico do sistema decimal que provocou agitagéo no Brasil e até exigiu a intervengao da policia é curioso e vale ser resumido. Data da revolugao de 1789 e € uma das grandes reformas ligadas Franca dessa época. © antigo sistema de pesos e medidas oferecia va- tios € graves inconvenientes 242 — SELECOES DA HISTORIA I, ndo era uniforme em téda a Franca; cada provincia tinha seus sistemas préprios. Certas medidas usadas no Sul nao eram conhecidas no Norte e vice-versa. Quando porventura uma medida era adotada em duas provincias ou mesmo em duas cidades um tanto distantes, tinha geralmente dois valores diferentes, Assim, o alqueire tinha uma infinidade de valore: 2°, nao s dez em dez v 6 as varias medidas eram divididas em partes decimais de es menores, como umas se dividiam em seis partes, ou- tras em doze, estas subdivididas em oito ou dezesseis, aquelas em vinte € quatro ou sessenta — 0 que tornava os calculos muito complicados e dificeis; 3°, finalmente, essas medidas mudavam arbitrariamente de valores ‘num mesmo lugar ¢ nada Ihes garantia a estabilidade. A Assembléia Constituinte resolveu intervir para remediar a gran- de confuséo de tddas essas coisas. Um decreto dessa assembléia, data- do de 26 de maio de 1791, tomou por base do novo sistema o tamanho do meridiano terrestre. Delambre e Méchain foram encarregados de determinar qual o comprimento do arco compreendido entre Dunquer- que e Barcelona. Esse trabalho e outras pesquisas anélogas permitiram determinar exatamente a distancia A B do pélo ao equador, a qual é igual a 5.130.740 toesas (antiga medida francesa de seis pés). Forma- va a décima-milionésima parte désse comprimento a que denominaram de metro. Uma vez determinado 0 valor do metro, estabeleceram 0 va- lor do litro, do grama e do franco, tendo por base o metro, e foi aplica- da a essas novas medidas a numeracao decimal.» «Histéria da Policia do Rio de Janeiro» MELO BARRETO F* E HERMETO LIMA CLAUDIO MONTEVERDI, «PAL DA_INS- TRUMENTAGAO», FOL O VERDADEIRO CRIADOR DA OPERA, COMO A COMPRE- ENDEMOS HOJE LIBERDADE AS ORQUESTRAS @ uma forma rovtica de’ tecitativo “dra uel, tudo, Sedeira SELEGOES DA HISTORIA ~ 243 Nasce a Opera JALAVRA italiana que significa obra, 0 térmo «6pera> serviu, no idioma francés e, a seguir, nos demais, para designar especialmen- te a obra dramatica na qual a poesia e a miisica se reinem ¢ se comple- tam numa representacdo, animada, ainda, pela danga, Se a alianga da musica com o drama constituem 0 fundo de todas as 6peras, ou melhor, a prépria esséncia do género, poderemos buscar em épocas muito recuadas a invengao das pecas dessa espécie, porque sera possivel encontra-las entre os chineses, os gregos € 0s romanos. Nos tempos modernos a mtisica misturou-se aos ensaios conhecidos pelo nome de ¢Mistérios»; nenhum carater especial teve, porém, ésse tipo de musica que nao se diferencou da miisica comum, tanto assim que nas pequenas comédias a misica era utilizada apenas quando os atores nao se encontravam em cena, como um meio, portanto, de manter © interésse da platéia. Nos diltimos anos do décimo-sexto século, trés gentischomens flo- rentinos, Jean Bardi, Pietro Strozzi e Jacques Peri fizeram escrever, por Rinuceini, um drama musicado intitulado «Dafne», seguido de dois ou- tros concebidos sob o mesmo plano e diferentes de tudo quanto se havia feito até entao pela maneira por que era tratada a misica, que se mes- clava a recitacao. Pela mesma época, ensaios semelhantes verificaram-se em Roma. A miisica cénica obteve, de pronto, extraordinario éxito, relegando, em breve, a segundo plano, a masica sacra e provecando uma pausa no de- senvolvimento da misica de camera que s6 continuou a ser cultivada nas localidades onde ndo havia teatro lirico. Um dos mais curiosos géneros de espetaculo lirico foi a épera-bufa, espetaculo em que todos os personagens participam, mais ou menos, do carater de um déles, denominado bufo. As pecas de 6pera-bufa sao sempre marcadas por um fundo de extraordinaria alegria, sendo nesse sentido que a misica se dirige. 244 — SELEGOES DA HISTORIA Algumas vézes, porém, ha cenas patéticas, com améres contraria- dos: mesmo nesses casos, porém, as situagées sio conduzidas, quase sempre, para o terreno da comicidade, o que faz com que a musica assu- ma o mesmo tipo. Algumas vézes também so apresentadas cenas senti- mentais, com didlogos curiosos; nesses casos a musica adota a forma de Arias ou duos romanticos, A opera-cémica, surgida na Franca, foi um género operistico mui to apreciado do povo, notadamente do parisiense. Chamou-se assim qualquer obra, cémica ou nao, na qual o canto alternasse com a fala, ou mais precisamente, com 0 didlogo. A denominagao, pouco acertada, sem diivida, justificou-se na épo- ca em que foi criada. Naquele tempo a Opera era o iinico teatro fran- cés onde se cantava e onde se levavam pegas sérias, fazendo-se necessa- rio, portanto, estabelecer a diferenciagio. A épera-comica foi 0 que hoje se denomina vaudeville, mais ou menos, isto é pecas de género alegre, gaiato, misturado com coplas de sabor popular Expliquemos, também, 0 que foi a opereta, palavra de origem ita- liana (operetta). Serviu, 0 vocabulo, para indicar as pecas em um so ato, também denominadas farsas, embora, algumas vézes, tenha serv do para desdenhosamente classificar pecas liricas que, pelas suas for- mas insatisfatérias, pelo carater vulgar de suas melodias, pela harmo- nia incorreta, pela fragilidade de sua concepgao, enfim, nao mereciam incluso no rol das éperas. A respeito das origens da opera, uma das melhores obras de escla- recimento e divulgagao € o trabalho de Menestrier, «As Representacoes Musicadas, Antigas e Modernas», aparecido em 1681, na Franca.» «L’Opera», in «Enciclopedie des Gens du Monde», tomo 18 — Era bastante pitoretca @ vida nas grandes ferendas do Impérie, vordadeiras equenas cidades de exisioncia: Pa. teloreal. A eCata Grandes —~‘scbradie eactme, spat estilo ROS PEQUE- i OS DO TEMPO DO. IMPERIO... Potente era o woveiro, chele das tongs, ressonsdvel, pele Fonducto dos sacot de café ou de azicer ale os puntos ‘de ar pequetas comoras pera 9 elemento feminine Jo fila, rendas, um vidro de agua-de-cheire Imporiéacia, disia: eu sé compre tal. ferro «. Slvora SELEGOES DA HISTORIA — 245 As Fazendas REA imensa coberta de densa vestimenta florestal. Ainda em nossos dias calcula-se em cérca de 50% a superficie de matas existentes e, para acharmos a proporcae vigente em tempos idos, deve- mos somar os trechos derrubados para fins agricolas. Os algarismos mais aceitaveis andariam por 60% no século XVI e seguintes. Solo rico e fecundo, com escassa camada de hiimus, capaz de lar- gas colheitas de cereais regionais, nem trigo, nem aveia, nem cevada, contudo, pois éstes seriam, como ainda sio, culturas exéticas, mas apto a produzir fartas messes de alimentos préprios, como milho, mandioca, batatas doces e bananas. Mares, lagos e rios onde abundava o pescado de tdda sorte Colméias naturais cheias de enxames a trabalharem, tanto no chao como nas arvores. Caga, nao excessiva, mas em quantidade razoavel, nos vales, nas chapadas e nos bosques. Temperaturas sem extremos de sacrificio para a vida humana: mesmo sob o equador, toleraveis sob 0 influxo das brisas periédicas e das chuvas regulares; auséncia de frios realmente cortantes ¢ incémddos. Populagio, antes escassa e distribuida com densidade pouca, a per- correr, pouco sedentaria, planicies e florestas. Fisicamente forte, cura- da pelas intempéries, astuta em sua pratica cinegética, cruel, dissimu- lada, sem nocdo de responsabilidade individual, e langando sobre a co- letividade adversa 0 péso da vinganca de qualquer falta ou crime de qualquer de seus membros. Obedecia a seus chefes, caciques ou morubixabas, a seus curan- deiros e feiticeiros, pajés, e era facil e simples no trato. Incapaz de es- forcos persistentes e trabalho uniforme, possuiam instrumentos rudimen- tares para suas necessidades agricolas e caseiras. Decorreram alguns ano: antes que se nio houvesse mais que re- cear os ataques dos indios: s6 entdo as fazendas, como se apelidavam tais feitorias, puderam desenvolver-se por areas extensas e alongadas. 246 ~ SELEGOES DA HISTORIA Pela mesma época a cana de agiicar foi importada da Madeira ¢ engenhos rudes de, pau se fundaram e de fogo direto para a concentra- 40 das garapas nas talhas, iniciahdo-se destarte uma rudimentar indus- tria agucareira. Tais engenhos, como se chamavam, constituiam a wi dade econémica basilar da terra. Auténomos, vivendo sébre si, poucas comodidades teriam de im- portar de Portugal, principalmente vinho e azeite. Cultivavam e co- Thiam algodio e teciam fazendas grossas. Gado, aves, siinos, cresciam ¢ multiplicavam-se em abundancia. Peles e couros decorriam da criagio de gado. O agicar também dava a cachaca Dentro em breve houve largo excedente de tais produtos, e os co- lonos comegaram a exporta-los 4 metrépole nos navios portuguéses que iam a colénia americana, tnicos autorizados a Ihe freqiientarem os portos. Tal organizasao econémica, contudo, exigia largo dispéndio de tra- balho. Dertubadores para rocarem 0 mato das plantagées; agricultores para limparem as derrubadas e prepararem o terreno para as semeadu- ras, as carpas ¢ colheitas das messes, o transporte das canas, ou das es pigas de milho e das demais culturas: operarios especiais para constru rem ou remendarem os engenhos, as rodas d’agua, os canais ou rego: remadores para barcos e lanchas em que se transportavam rio-abaixo até 0 oceano as utilidades colhidas ou preparadas; caldeireiros para tachas, carapinas, marceneiros, ferreiros, pedreiros, serventes, fazedores de ti- jolos e de telhas; criados de toda espécie para as necessidades caseiras, cagadores e pescadores para sustento da fazenda, guardas para protege- rem familias e propriedades — tais eram, em resumo, as mais importan- tes formas de trabalho impostas aos empregados € escravos. > PANDIA CALOGERAS «Formagao Historica do Brasil», CA DI- RU PA. sacéo. dos “homens. 0 sor florar & face bonita das mullreres, as crimgas deixaram de brincar, enquanio ot velhios passaian a tewer asses solenes, digit. — Datone 6 anon, logos » jatermindves te anon, 4 ede inponente sen amargura das. longs’ de insonia foi cavando suleos ‘prof ts. Chegouo dia, enlde, em qu 2 —O,herém .. Ali estava a sun perdicée, murmuravam of i, fepetiriam séculos mais Gores '¢historlégrates ‘varios. Realmemte, ‘Sard Gornido. Nao Ihe taltava coragem nem auddcia, porém, ® sabia ser homem de agao quando as circunsléncies © reclamevam. Raremente, porém. se decidia @ agit. Preleria eguardar ot acon. fecimentos, entre festas e diverlimentor or mais varlados. 5, — Selene. com a 9D” dias, Sardanale ‘madeisa, subindo répidamonte, Em breve, gritoy at res cuviam-se muito longe eo cheiro de carne quelneda exe estava'e at SELECOES DA HISTORIA ~ 247 Os Assirios <(CPBRCA de 400 anos antes de Cristo, a parte inferior da Mesopota- mia era habitada por populagdes brancas, indo-européias, de lin- gua ariana, os sumerianos, Eram agricultores e pastéres, construiam cz sas de tijolo e suas edificagées eram quadrangulares, com andares su- perpostos em reco. Torneavam utensilios € vasos artisticos, trabalhavam metais. V: viam em cidades que se guerreavam entre si pela supremacia (Ur, Lar- sa, etc.). Muitos séculos ficaram ao abrigo das invasées. Em Nipur, o tem- plo do deus En-lif foi a suposta térre de Babel. Povos semitas, entretanto, ocupavam as abas do Crescente Fértil, entre 0 Golfo Pérsico e 0 delta do Nilo. Fundaram, também, cidade: instalaram-se na zona de Accad, rechacando os sumerianos, no III s culo, Eram némades, malpreparados para a vida sedentaria, e adota ram a civilizagdo mais adiantada dos sumerianos. Foram semitas que estabeleceram © primeiro reino de Babilénia Outros semitas vindos do Norte, também subjugaram os sumeria- nos, fundaram as cidades de Assur e Ninive e adotaram a civilizagio sumeriana: os assirios. Eram montanheses rudes, afeitos @ guerra, que tinham aprendido com os hititas 0 uso do cavalo. Estas diferentes invasdes sucessivas da Mesopotémia por povos indo-europeus, e mais tarde por povos semitas, permitem distinguir trés fases da hist6ria da regiao: a) Os reinos antigos da Babilénia, desde as origens até o ano 1925 a. C.; b) O reino da Assiria, do VIII e VII séculos, destruido por inva- sdes indo-européias e de nérdicos; ¢) O Novo Reino da Babilénia, destruido, por sua vez, pelos persas O primeiro Reino da Babilénia estendeu-se do Ira a Siria. Sua capital era Babilénia e Marduk passou a ser o deus supremo da regiao toda. 248 — SELEGOES DA HISTORIA O representante mais glorioso da dinastia de Amuru foi Hamurabi, principe que reinou mais de quarenta anos e deu a seu pais uma admi- nistragao regular e uma legislagao sabia. Em religiao foi reformador, suprimiu os cultos dos deuses rivais em proveito de Marduk. Depois de dois séculos de existéncia, a monarquia de Hamurabi foi destruida pelos hititas (1806 a. C.) A queda da Babilénia foi seguida de longo periodo de anarquia durante 0 qual, na Mesopotamia, reis cassitas estabeleceram seu dom nio sobre a regido e entraram em relacées politicas com os egipcios & outros vizinhos. Levantava-se naquele tempo, nas montanhas do Norte, uma nova monarquia semita, a principio vassala de Babilénia. Era Assur, a sua capital primitiva, Formados num clima mais rude, eram os assirios guerreiros cruéis nas suas vitérias. Aproveitando-se do enfraquecimen- to de seus vizinhos, hititas, cassitas, babilénios e outros, organizaram © primeiro grande império que apareceu na Histéria Serviu de instrumento a esta obra o exército mais aperfeigoado da antiguidade oriental: dos hititas tinham aprendido 0 uso do cavalo de guerra e constituido forte cavalaria. A ela foram devidas suas maiores vitérias. As primeiras conquistas realizadas no século XIII antes de Cristo levaram os assirios contra os hititas e contra a Babilénia, que sub- jugaram. Pais essencialmente continental, sem aberturas para os mares. a Assiria precisava de expansio e visava, ao mesmo tempo, ao Golfo Pérsico € as costas do Mar Mediterraneo. Dai as hostilidades que sempre mantiveram com os povos semitas que j ocupavam terras nestes setores do Oriente Proximo. Os vultos mais notaveis que dirigiram os destinos assirios foram: Teglat-Falazar, que tomou aos hititas o pérto fluvial de Carquemis, sobre 0 Eufrates, e alcancou o Mediterraneo, apoderando-se do pérto sitio de Arad. Bste rei fazia guerras de exterminio. Contra éle e seus sucessores revoltaram-se os babilénios.> DELGADO DE CARVALHO «Historia Antiga e Medieval». ‘ E aqui estamon at vises mais ‘numa barraquinha de canico © barre, coberta de palha. longa de it pen, targa. i0) © douniteri tefeltrio, cosinha, di MILDE CASA DE BARRO, COBER- DIFICADA POR MAN' HIETA, EM JANE: 15 LE SUL-AMERICANA, UM DIA. % de janeire do 1554. dia de vem confirmar equsle velho de grande voracidade meire pérto da América. latina, Gilado de. que as origens humildes So as que olerocem resultados grandioses, COES DA HISTORIA 209 @ Colégio de Piralininga S missionarios lancaram a béngao, recebida de joelhos, entre pro- fundo siléncio. Disseram depois palavras de carinho e piedade, pediram o favor do céu para os campos-largos, para o arraial e suas |: vouras, para os homens bons, 0 pais todo. Em seguida falou o padre Manuel de Paiva; que ali, no planalto, fronteirando as matas virgens e a colonizagao, o trigrama da Compa- nhia iria resplandecer num templo e num colégio. Escola, para a cura dos cérebros, igreja para a cura das almas. Risse colégio e ésse templo cresceriam, dilatar-se-iam, destacariam a massa, de grande fortaleza pa- cifica, na dobra do terreno, ¢ para o céu brasileo tirariam, como uma prece perene, a cruz da salvacdo. A sombra da casa jesuitica todos se abrigariam, homens, mulheres, os Piratining dios déceis, os gados espalhados por . até as feras da planicie, porque era a casa de Deus Como se albergaram contava Anchieta, para 0 reino: «Aqui se f uma casinha de palha, com uma esteira de canas por porta, em que mo- raram algum tempo bem apertados os Irméos; mas éste apérto era ajuda contra o frio, que naquela serra é grande, com muitas geadas>. Nao houve quem nao trouxesse a sua pedra fundagao do colégio, sdbre o pontal da confluéncia do Anhangabai e do Tamanduatei, numa das colinas em que pregueia 0 campo, precisamente na mais alta, onde os moradores se postariam sobranceiros aos ataques da gentilidade. O dia marcado para o primeiro golpe de alvido na terra montuosa foi o da festa do apéstole Sio Paulo. Humildemente alvitrou José que se bat sse 0 colégio, o sitio, a Povoacéo, com 0 nome do maravilhoso latino. E repetia, num conten- tamento delicioso, expansivo como uma crianca, a carregar 0 cascalho britado, as pasadas de cal e os baldes d’égua terrosa, que a Companhia escrevia para o santo com tijolos e pedra a derradeira epistola do seu missal... Sao Paulo! 250 ~ Si EGO! DA HISTORIA Que sonho formoso ndo adejou naquela noite friorenta sobre a fron- te cansada do irmao José, abatido como um operario, apés a lida inten- sa, no catre de tabuas. A paz infinita de sua alma abrir-se-ia numa flor de profecia, da mais suave fragrancia, e aos olhos do espirito se agigantariam os an- daimes tudes, avultaiam as’ paredes, torres mais altas do que a serra, sobre Séo Vicente, aninhariam no céu os campanarios brancos e 0 po- bre colégio inaciano, tosco albergue do sertéo desataviado e frigidis mo, se transformaria na mole babilénica de uma cidade, tio ampla, tio subida, tao bela, que as aguas corredoras do Tieté remanchavam a mar- cha, refluiam, paravam de pena a deixar-lhe os alicerces d’ouro E nos seus retabulos ricos, feliz e serena, a forma branda do orago se adelgacava, enevoava-se, esvanecia-se, para cobrir téda a terra com © gesto protetor de sabia e cristd amizade, que outrora suspendera sébre gregos dissolutos... Sao Paulo! Enquanto ensinava gramatica no colégio de Piratininga, escrevia José catecismos, vocabularios, didlogos sobre a doutrina, em tupi, cujos gredos assim aprofundara em breve tempo. Eis senio quando sobe do litoral até 0 planalto um grande clamor de médo e os homens de Sao Vicente, com os olhos virados para os padres, pedem que os de- fendam dos barbaros tapuios. Realmente, os amotinados maromonis, numa cérte escura, assoprando as intibias roucas, tinham chamado as armas as populagées da floresta e cercavam Bertioga.» PEDRO CALMON «Anchieta, 0 Santo do Brasil», Castelos e Castelées M sua origem, 0 castelo foi de grande simplicidade, sendo, a rigor. apenas um campo fortificado onde, em caso de perigo, os campo- neses poderiam abrigar-se com seus rebanhos. Era, ésse campo, defen- dido por um f6sso e uma palissada construida de sélidos troncos de ar- vores. Geralmente, ésse campo fortificado era construido no alto de qual- quer elevagao, onde as escarpas, dificeis de atingir, constituiam exce- lente meio de defesa natural No século XI a pedra veio substituir a terra e a madeira na cons- trugao dos grandes recintos fortificados, que a partir de entdo, e até a décima-quinta centaria, foram sendo aperfeicoados. © parapeito e a palissada cederam lugar a uma alta muralha provida de um «caminho de ronda», isto é, um espaco pelo qual caminhavam, dia e noite, as sen- tinelas encarregadas da vigilancia constante dos arredores e de anun- ciar a aproximagao de qualquer desconhecido. Para reforgar o poder defensivo da muralha, foi ela, aos poucos. sendo provida de torres, primeiro erguidas nos Aangulos, depois nos flancos. Essas t6rres eram bastante espacosas e compreendiam salas onde eram alojados homens de armas ou grandes armazéns. O ingresso no castelo verificava-se através da ponte levadica, que, quando ergui- da, isolava a construgdo de qualquer comunicagéo com 0 exterior Num recinto fortificado, no interior dos castelos, ficava a habita- 40 do casteldo ou senhor, constituida por grandes salas providas de imensas lareiras nas quais seria possivel assar um boi ou queimar toda uma 4rvore. A mesma pega servia de sala de estar, sala de jantar e, muitas v zes, de quarto de dormir. Mesas, bancos, aparadores, armas, tudo se encontrava em tais salas, que S6 ao tempo das Cruzadas comegaram a apresentar algum luxo e algum conférto, pois que, a principio, a idéia de seguranca substituiu qualquer outra preocupagao As guerras, os torneios, as cacadas constituiam as principais ocupa- 6es dos casteldes, sendo a guerra, porém, a ocupagio favorita, a mais estimada e desejada. 252 — SELECOES DA HISTORIA Homens violentos, naturalmente bravos, desde cedo preparados para a luta, era natural que considerassem a luta armada como a ver- dadeira razao de ser da vida. Tanto era assim, que a maior desgraca que Ihes poderia acontecer seria morrer placidamente, no seu leito, de qualquer enfermidade, como «um animal», segundo a linguagem da época. Porque, o que todos de- sejavam era a morte em combate, morte gloriosa, diziam, que daria que falar aos contemporaneos e as geragées futuras. Os pretextos mais simples serviam aos senhores para declarar guer- ra aos seus vizinhos. Era pela primavera, geralmente, que tinham inicio os grandes cho- ques armados. Comecava-se por destruir as colheitas do adversario, aprisionar os camponeses ou passa-los a fio de espade. Quando havia encontros ou choques, os lutadores procuravam fazer prisioneiros, em vez de matar, porque prisioneiros significavam riqueza, uma vez que sua libertagao dependia, sempre, do pagamento de uma soma impor- tante, chamada «resgate>. Os torneios, em que, durante a paz, se empenhavam os castelées, foram, em sua origem, verdadeiras batalhas entre exércitos. No tempo de Filipe Augusto, na Franga, um torneio em Lagny sobre 0 Marne, reuniu nada menos de trés mil cavaleiros de todo 0 pais, o que bem mos- tra a importancia de tais «divertimentos». Eram fregiientes as mortes ¢ muito numerosos os feridos, nesses torneios onde os cavaleitos se adex- travam, experimentavam suas armas, seus golpes, sua estratégia. Tal qual acontecia nas guerras, faziam-se prisioneitos nos torneios. E ésses «prisioneiros de torneio» tinham, também, que adquirir a li- berdade pagando altos resgates A. MALLET «La Societé au Moyen Age». DA HISTORIA ~ 253 0 Pintor Pedro Américo PD EROIS de trés anos de estudos em Paris, foi visitar a Inglaterra, tentou uma viagem a Escécia, voltando a Paris, onde recebeu co- municagao de haver cessado a pensao imperial Regressando ao Rio de Janeiro em 1864, disputou na Academia a cadeira de Desenho, que obteve com a tela «Socrates afastando Alce- biades dos bragos do vicio», Pintou depois «Petrus ad Vincula> e deu 0s iiltimos retoques na «Carioca». Voltou Europa (1865) e trabalhou com © entusiasmo invulgar de sempre, fazendo «Sio Marcos», «Visio de, Sio Paulo» e «A cabega de Sao Jerénimo». Visitou varios paises, re- {e@beu 0 grau de doutor em ciéncias sociais, a 21 de julho de 68, em Bru- xelas, e em 1870 regressou novamente ao Rio, agora casado com uma filha de Pérto Alegre, cénsul em Lisboa, ¢ iniciou 0 periodo de 1870 a 1873, o de maior fecundidade e trabalho, executando as grandes telas de assunto hist6rico e militar, como «Batalha de Campo Grande», chama Pedro Américo «potente engenho»; para a «Revista Italiana», 9 quadro ¢ . Sem nenhu- ma confusao ou incerteza, 0 espectador pode abracar nese quadro um espago vastissimo e milhares de combatentes. Os principais grupos sao admiravelmente dispostos. O colorido estupendo e a luz permitem ver tudo girar em térno das figuras e das massas, ao passo que todas aque- las figuras marciais parecem estar se movendo, combatendo realmente, tal € 0 corpo eo relévo que tém, tanta vida e alma ha neles. 254 — SELEGOES DA HISTORIA Apés a critica mais rigorosa da tela de Pedro Américo, estupenda em valor e das maiores de cavalete jé executadas no mundo, o autor da «Arte Brasileira» escrevex: ndo mereceu sdmente os maiores elogios, como o seu autor rece- beu a gloria de ver o govérno italiano mandar colocar 0 seu retrato na sala dos pintores célebres da «Galleria Nazionale degli Uffizzi>. Em 1855 estava novamente no Rio, reassumindo o exercicio de sua cadeira. Em 1887, novamente na Europa, pintou «Proclamagéo da Independéncia> para o Estado de Sao Paulo, expondo-o em Florenca a 8 de abril de 1888. Novamente na Italia, pintou em 89-90, «Voltaire abengoado o neto de Franklin» ¢ regressando ao Brasil foi eleito depu- tado federal, deixando de vez a residéncia em Florenga. Voltando por motivo de moléstia a Italia, que tanto amou, pintou «Tiradentes Esquartejado», 0 «Noviciado», «Paz e Concérdias, que foi © seu ultimo trabalho. O grande mestre paraibano faleceu em Florenga a 7 de outubro de 1905, dois anos depois de Vitor Meireles, seus restos repousando em Cabedelo Foi pintor biblico, de batalhas e de hist6ria, retratista e decorador, sua gléria maior se fixando no género biblico. » CARLOS RUBENS «Pequena Histéria das Artes Plasti¢as no Brasil». EDUARDO I, CONVOCANDO PARA O PARLAMENTO, CONTRA Q COSTUME, HOMENS QUE NAO ERAM DA NOBREZA SELEGOES DA HISTORIA ~ 255 Politica Inglésa monarquia nacional na Inglaterra remonta ao reinado de Henri- que II (1554-1589), descendente do introdutor do feudalismo nes- se pais feudalismo introduzido na Inglaterra ja continha em suas entra- nhas 0 germe do nacionalismo, pois, além do juramento obrigatério prestado pelos senhores ao suzerano, a cunhagem das moedas constituia prerrogativa real. Henrique II abateu o prestigio dos bardes, demolindo os castelos edificados sem 0 seu consentimento, lancando impostos sdbre a renda ou a propriedade da nobreza e centralizando as instituigdes do poder Quando subiu ao poder um dos filhos de Henrique II, os barées, aproveitando-se dos reveses sofridos pelo mesmo, impuseram, em 1215 a assinatura da «Magna Carta», contrato pelo qual 0 rei se comprome- tia a respeitar os direitos tradicionais de seus vassalos. “Nascera, assim, o principio de govérno delimitado pela lei, que seria © futuro regime da monarquia constitucional. Mais tarde, ao tempo de Simao de Monfort, a limitagao dos poderes da Coroa foi assegurada por uma assembléia convocada em 1265, na qual tomaram parte os nobres, 0 alto-clero, os representantes dos condados e os delegados das cida- des mais importantes. Decorridos trinta anos, ésse parlamento tornou- se 0 Gfgao consultivo do govérno, e, em seguida, a sua camara legis- lativa. A revolugao comercial, 0 progresso do urbanismo e a escassez do trabalho foram os fatores mais importantes do enfraquecimento feudal. A «Guerra dos Cem Anos» aumentou os recursos reais. Com a morte ¢ a ruina de numerosos nobres, na Semiramis Incéndio de Persé Espelhos de Arquimedes ‘rigica aventura Era de Elisabete A cavalaria O Ramaiana, A dama da limpada Pearse e Uma criada de quay® f= d to> Os trovadores A burgue Pelépidas a Alar incendeia R er Juarez ‘Tapéte Cates Ransés TT faz a paz A morte de Cicero © grande amor da rainha Vitsria norte de Séerates Lénin através da Alemanha Or bois incendidrios de ‘Anibal ‘A morte de Augusto 0 carrasco

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