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Historia correta e interessante do Auto- méyel, ilustrada com 60 figurinhas colo- ridas, de automéveis velhos e novos, e 48 desenhos a traco para colorir. srure seancar 1914 Bste ALBUM DE FIGURINHAB GON AUTOMOVEIS servici de agradivel pastempo to» que estudamn a histrin do automével. As Figusinhas ceprodurem 4. a fabricacao particular de carros, na América, foi The Electric Road Carriage Com- pany of Boston. Um certo Dr. Orazio Lugo inventara para a companhia um automével elétrico, em 1891 Em 1893, Charles e Frank Duryea fica- ram tao entusiasmados com a velocidade de 12,5 quilémetros por hora, alcancada pelo seu segundo carro, que abandonaram o negécio de bicicletas e se tornaram fabricantes de auto- moveis 1896 produziram treze carros e fizeram a primeira venda, conhecida, de um carro americano a gasolina. Uma industria nascera! No ano de 1896 apareceu quase uma diizia de novos automéveis, e também nesse ano foi introduzida a palavra francesa “automobile” para designar essas méquinas. ‘A maior parte dessas primitivas compa- mhias e seus produtos sio coisas do pasado; duas delas, porém, ainda hoje figuram nas relacées de fabricantes. O primeiro automé- vel de Henry Ford apareceu em 1896, e alguns meses depois Ranson E. Olds dirigiu em Lansing, Michigan, um carro que tinha motor de um cilindro —'o vové dos carros Oldsmo- bile. ‘Arranje um Cavalo!” ‘automéveis e menos se preocupava com éles. A primeira corrida de automoveis em Narragansett Park, Rhode Island, foi tao magante que os espectadores, irdnicos, grita- ram: “Arranje um cavalo!” A frase ecoou por todo o pais durante anos enquanto os primiti- vos automoveis engasgavam, espirravam, es- tremeciam e empacavam O primeito servigo de téxis elétricos foi iniciado em Nova York em 1898. Muitos dos primeiros interessados fize- ram as suas experiéncias preliminares em se- grédo, para evitar as cacoadas dos vizinhos e as reclamagoes dos cocheiros, cujos cavalos tomavam o freio nos dentes, apavorados com a barulheira e a aparéncia daqueles monstros resfolegantes. Elwood Haynes e Elmer Apperson eram mais deste- midos do que muitos outros Haynes-Apperson (construido pelos irmaos Apperson se- gundo os planos de Haynes) pela Estrada da Aboboreira (Pumpkinvine Pike) em Kokomo, Indiana, na manha de 4 de julho de 1894, quando as ruas estavam cheias de gen- te que ia assistir a parada do Dia da Independéncia Depois que passaram, “voando”, a dez quilémetros por hora, deixando atras déles uma nuvem de fumaca, a parada de 4 de julho deve ter parecido coisa insipida Dirigiram 0 seu primeiro 6 SA OE TEN PORTES Ta noticias dos primeiros éxitos, outros homens de queda para mecanica puseram maos a obra. Em Cleveland, Alexander Win- ton, um préspero fabricante de bicicletas, construiu uma bicicleta a motor num canto escondido da sua fabrica. Verificou que 0 in- vento era impraticavel e posse a construir um veiculo de quatro rodas. Terminado em 1896, ésse carro apresentou uma novidade: 0 assento dianteiro era virado para a frente, 0 assento traseiro para tras Depois de uma prova de estrada, Winton comegou a pensar num outro melhoramento que poderia ser introduzido: 0 revestimento das rodas poderia ser feito com tubos de bor- 7 ’ Fall O Haynes- Apperson foi construido pelos Appersons € planejado por Haynes nee ed Ircesmean Yo racha cheios de ar, “pneumaticos”, em vez de com tiras de borracha macia — ou mesmo de ferro — que concorriam para a pouca como- didade do carro Winton submeteu a sua idéia a uma com- panhia notavel pelo fabrico de pneus de bici- cleta — a B. F. Goodrich Company, de Akron, Ohio. Os fabricantes se mostraram um, tanto em divida quanto as possibilidades de éxito, mas fabricaram com 0 material empre- gado nos pneus de bicicletas, um jogo de pneus de dezesseis lonas — fabricados nos Estados Unidos para serem usados em automéveis, O j6go custou quatrocentos délares > | La bv cago eri somo te Stee de 1902, I ete ee deg | iti sl J, I J uo = Gas = wi INTON foi, por muito tempo, um expoen- te na industria. Foi o primeiro dos carros possantes e pesados que poucas pessoas tinham dinheiro para adquirir. Para manter 0 nome diante do ptiblico, participava de tédas as corridas. Em 1898 fabricou 0 primeiro carro de entregas comerciais. No mesmo ano entrega foi inaugurado o primeiro servigo de taxis elétricos na cidade de Nova York. Esses foram anos cheios de experiéncias e novidades no setor automobilistico. Longas horas foram gastas no aperfeicoamento de pecas e ferramentas. Nao existiam pecas de fabricagdo padronizadas. O pri- meiro motor de Henry Ford foi feito do cano de descarga de uma maquina a vapor. Em 1899 0 Automével Club da América foi organizado; a American Motor Company, na cidade de Nova York, e a Back Bay Cycle and Motor Com- pany, em Boston, ofereceram os primeiros servicos de re- paracées; a primeira loja de exposicéo foi inaugurada na cidade de Nova York; e o Departamento dos Correios dos Estados Unidos realizou as suas primeiras experiéncias para a utilizagdo de vefculos motorizados nos seus servigos de O Locomobile, lider em 1902, \é muito desapareceu. ‘—— & proporgao que a con- corréncia aumentava, novos melhora- mentos comecaram a surgir © primeiro dnibus foi fabricado (por Mack) em 1900 volante de direcdo substituiu_a haste de direcdo, pela primeira vez, no Packard, construido pela Ohio Motor Vehicle Company no mesmo ano Lampadas especiais para automéveis fo- ram apresentadas também em 1900. Antes @ésse ano era considerado muito perigoso di- rigir durante o dia e verdadeira insensatez aventurar-se a sair noite Os velocimetros foram usados pela pri- meira vez em 1901, nos Oldsmobiles que fo- ram 0s primeiros automéveis produzidos em massa em todo 0 mundo; por volta de 1903, cérca de quatro mil déles foram fabricados a ca ovos Melhoram por ano, e vendidos por menos de seiscentos € cingiienta délares, em contraste com outros modelos de luxo ‘A ranhura em “H” da caixa de mudan- cas de velocidade foi patenteada por Packard em 1902. ‘A velocidade comegou a se tornar coisa importante: em 1902 um carro de Minneapo- lis foi multado em dez délares por exceder a velocidade de 14 quilém. hordrios, mas, nu- ma competicao, W. K. Vanderbilt, Jr. estabele- ceu um récorde mundial (1902) ao percorrer uma milha de 1 609 metros em 48,4 segundos; e, em 1903, um carro de corridas Olds cobriu a distancia de cinco milhas (8 045 metros), na Praia de Daytona, em seis minutos e meio. ‘Também em 1903, Barney Oldfield comecou a ganhar fama como piléto do carro de corri- das de Henry Ford, 0 “N.° 999” —s tratempos Con de Viagers Ne VERAO de 1903, trés grupos de aven- tureiros completaram o percurso arduo entre Sao Francisco e Nova York, levando cada grupo dois meses ou mais de viagem. Os carros vencedores foram um Winton, um Packard de um cilindro, e um Oldsmobile. Ge 2. AMINE Ry \ RS Viajar naqueles tempos requeria espirito de aventura ¢ muito trabalho. Uma viagem, por menor que fdsse, naquele tempo, era uma verdadeira aventura. Nao existiam estradas transcontinentais. A Estrada Lincoln, a primeira a cortar o pais, s6 foi planejada entre 1912 e 1913. Sé existiam estradas passaveis ou ruins, conservadas displicentemente por fazendeiros que as vézes pagavam 0s impostos com 0 seu trabalho nas estradas. Vez por outra havia um pedaco de “estrada de pedigio” que era conservada por al- gum fazendeiro que cobrava uma taxa de quem por ela passasse. 10 = Ih: ESTRADAS eram, em geral, téo ruins que um dos grupos vencedores na pri- meira corrida transcontinental declarou que havia sido obrigado a parar dezessete vézes num dia para vencer atoleiros. ‘Nao havia mapas das estradas. Quando a Lincoln Highway Association comegou a tra- balhar no tracado de uma rota, viu-se obrigada a langar mao de mapas e tabelas de quilome- tragens das estradas de ferro para corrigir as, informacées imprecisas fornecidas por con- dados e cidades Os primeiros mapas gratuitos de estradas foram oferecidos aos automobilistas pela Standard Oil Company, em 1923. Antes, du- ante muitos anos, os motoristas tinham de se basear em livros-guias que Ihes diziam, pre- cariamente, que deviam “dobrar para a direi- ta logo atras da igreja branca, prosseguir por dois quilémetros, e dobrar esquerda ao che- gar ao grande celeiro vermelho no alto da co- lina” — ou coisas semelhantes. Aos poucos, grupos locais comegaram a “marcar a trilha” pintando faixas coloridas em mourées, arvores e postes telefénicos. Essas marcas levaram A invencao de estradas numeradas e mareadas. Por volta de 1915, “guias” oficiais de estradas propunham via- gens de automével & Exposiggo Panami Pacifico em Sao Francisco. “Se algum engui- co ocorrer perto de Fish Springs, Utah — aconselhava o “guia” — faca uma fogueira O Senhor Thomas levaré uma parelha. O raio de visdo déle é de trinta quilémetros.” Um Oldsmobile 1903 foi de Nova York a Sao Francisco. Nao havia postos de abastecimento para os Fords de 1903. = Postos ne Nee existiam postos de abastecimento. Comprava-se a gasolina em lojas de ferragens durante 0 dia, e nas farmacias du- rante a noite — isto 6 comprava quem bas- tante louco fdsse para guiar a noite. Um dos bravos que féz a grande prova de 1903 decla- rou que “os tinicos salteadores que encontrou de Abaste cimento? foram os vendedor' de gasolina, que chega- ram a cobrar um dular e cinco centavos por galao” ‘Um grupo de proprietarios de automéveis no Condado de Westchester, desesperados, fundaram um clube para organizar uma ca- deia de postos de reparos e abastecimentos para uso particular. Nao existiam mecanicos experientes, providos de pe- ‘cas sobressalentes, em cada cruzamento de estradas — nem mesmo nas grandes cidades. As escolas para a preparacéo de mecnicos foram surgindo lentamente, sendo a primei- ra a da Associagao Crista de Mogos de Nova York. Mas mesmo que vocé fésse — “inteligente, honesto e sébrio, e, também, mecanico competente, com a finura de um ca- valheiro”, qualidades exigidas pela escola, iria enfrentar sérios contratempos, pois 0 numero de pecas sobressalen- tes fornecidas pelas fabricas era muito limitado. 12 eNO Ayal Ly Whi) Nenhum passeio era completo sem o estouro de um pnew. — Ns HAVIA bombas para fornecimento gratuito de ar. Nao era prudente se sair para um passeio, mesmo curto, sem levar uma bomba para pneumético e cola de borra- cha. Nenhuma viagem era completa sem 0 es- touro de um pneumatico — e, as vézes, de mais de um! Entao era pegar no estéjo de fer- ramentas, sacar a roda, tirar 0 pneu do aro, remendar o furo, encher de ar a camara até A pressio necessiria, e, entao, voltar ao carro. ‘Também nao existiam motores de arran- que. Tédas as vézes que se queria por 0 mo- tor em funcionamento, era preciso tocar a manicula até que o carro pegasse. Muitos bra- os se partiram quando houve “reversao” do motor e a manicula foi atirada para tris. 13 E muita gente perdia as estribeiras e se punha _ a praguejar quando 0 motor comecava a ron- car e depois parava e a manicula tinha de ser posta novamente em acdo Nao havia carros fechados — a nao ser raras e preciosas “limousines” — até por vol- ta de 1917; mesmo os para-brisas s comeca- ram a aparecer mais tarde. Quando chovia, a capota — se é que o carro a possuia — tinha de ser levantada e encaixada nos seus supor- tes. Entao as cortinas de material transpa- rente eram ajustadas as aberturas laterais, mas mesmo assim a chuva ou a neve penetra- va facilmente no carro. Dirigir automével, naquele tempo, era sé para quem tivesse cora- gem Reso E, OLDS foi o primeiro homem do mundo a fabricar em massa automé- veis movidos pela gasolina. Sua produgéo de 1500 “carros” de. painel curvo, de motor de gasolina, em 1901, foi algo de revolucionario, Mas foi Henry Ford que adaptou a fa- bricacao de automéveis o principio de produ- ‘go em “esteira” das fabricas de enlatamento de carne — onde ésse método fora imaginado, ‘A “linha de montagem”, nome pelo qual 6 conhecido o referido método, permite que cada operario fique no seu lugar enquanto os carros passam diante déle numa esteira que se move lentamente. Cada operario deve colo- car determinadas pecas ou apertar alguma ligagao antes que o carro passe e outro apa- reca 0s Bakers eltricos tte 1905 ex Ry ‘considerados fréprion pre ‘ sph dbag | BRC; ‘A produgao em linha de montagem e a maquinaria inventada na América pela in- dastria de automéveis foram os principais fa- téres da fabricagdo econdmica e do baratea- mento do produto. Isso ocasionou as enormes vendas cujo resultado foi encher de carros os Estados Unidos ‘A Ford Motor Company foi organizada em 1903, tendo Henry Ford a frente. Em 1908, apareceu 0 Ford Modélo T (conhecido no Brasil pelo nome de “Ford de Bigode”) e desde entéo a producao de automéveis to- mou um desenvolvimento impressionante Em 1903, pela primeira vez, a produgao ati giu a mais de 10 000 unidades. Em 1907, as cifras subiram para 44.000; em 1909, um ano depois da introdugao do Modélo T, 124 000 No ano de 1916 a produgao passou de um mi- Thao: 1525578 carros de passeio e 92130 caminhées e énibus wes eA . 14 Aperfeicoamentos Se ane IPERFEICOAMENTOS apareceram sem cessar: lan- ternas foram incluidas como equipamento-padrao nos Pope-Hartfords, em 1904 — inovacdo que provocou muitas critieas. No mesmo ano luzes de gas acetileno para automéveis fizeram o seu aparecimento. As portas laterais comecaram a substituir as portas tra- seiras em 1905. E no mesmo ano apareceram pela primeira vez a buzina em forma de trombeta acionada pela descarga, as correntes Weed, aros de roda universais para pneumati- O Willys Overland foi o sucessor ‘do pioneiro Overland, cos Goodyear, as bombas a motor para pneuméticos, e as chaves de ignicdo. E também se iniciaram as vendas a pres- tages E para-choques dianteiros, como equipamento especial, surgiram em alguns carros em 1906 Modelos de quatro e seis cilindros comecaram a se tor- nar comuns, em vez dos primitivos modelos de um cilin- dro Stevens-Duryea. Ford, Oldsmobile e Buick foram os lideres déste incessante movimento para a obtencdo de maior velocidade e poténcia 15 ROOD Po N M SEMPRE o caminho foi suave para ‘0 automivel. Mesmo em 1906, um fa- bricante de carro de um sé lugar de tracdo animal pés um antineio no Journal of the American Medical Association para tentar provar ao seu numero cada vez mais mingua- do de clientes médicos que “Oh, ndo, o Cavalo néo Desapareceu, e Jamais Desaparecerd!” Em 1907, as autoridades de Glenco, Illinois, mandaram fazer calombos nas ruas para tirar aos motoristas a vonta- de de andar a altas velocidades. Velocimetros magnéticos, volante do lado esquerdo, buzinas conjugadas com’ o motor, pintura a fogo, tudo isso foi intruduzido em 1908. ‘Teve lugar também nesse ano a fantistica prova Nova York-Paris, via Sibéria, que proporcionou emocionantes aventuras em quantidade suficiente para encher varios livros. 16 Muitos dos velhos favoritos, como 0 Chalmers-Detroit, desapareceram. [Eon 1900 e 1911, centenas de marcas de automéveis apareceram no mercado. © ano mais bem aquinhoado foi o de 1907, que apresentou 92 novas marcas; mas o de 1903 viu aparecerem 77, 1908 contou com 62, e em 1902 surgiram 59 Poucas pessoas dos nossos dias se lem- bram do Orient, do Darling, do Church, do American Chocolate; do Capital, do Tourist, do Black Diamond, do Princess ou do Queen; do Black Crow, do Everybody's, do Chief ou do Dodo, todos ja aparecidos em 1910. Um’ bom niimero dos que figuravam na- quele tempo ainda hoje estdéo em voga: 0 *Oldsmobile,o Ford e 0 Packard, ben como o Buick e 0 Mack O Pierce Motorette, precursor do ainda famoso Pierce-Arrow, surgiu em 1901; o pri- meiro Cadillac foi completado em 1903; 0 primeiro carro de gasolina fabricado pela Studebaker foi vendido em 1904, apés cin- qiienta e um anos de lideranca na indistria de carrocas. 7 Q. DOS Assim como primeiros carros a se tornar conhecido foi o Stanley a vapor, popularizado pelos gémeos Stanley. 0 White a vapor, aparecido em 1900, usava maquina a vapor com consideravel éxito. ‘Também foram populares os carros elétricos, especial- mente entre as damas. Isso aconteceu alguns anos antes do desenvolvimento da industria dos carros a gasolina. ° DIAMOND T. COMPANY foi fundada em 1905, embora s6 se viesse a tor- q nar fabricante de caminhdes em 1911 A. International Harvester Company montou uma fabrica de caminhoes em Akron, Ohio, em 1907. A Four Wheel Drive Auto Company comegou a fabricar veiculos de tra- cao nas quatro rodas em 1910, e ainda conti- nua ativa na fabricagdo de caminhées ie ‘slogan do Paige era “O Mais Belo Carro da América”. A General Motors Company foi fundada em 1908, e a Buick, a Oldsmobile e a Oakland a ela se uniram. No mesmo ano a Willys- Overland e a Fisher Body Company foram organizadas, e no ano seguinte surgiram a Hudson Motor Car Company, a W. S. Seaman & Company (depois Seaman Body Corp.) e o primeiro Chevrolet (embora a companhia déste nome nao se tivesse organizado senio em 1911) Alguns dos mais destacados pioneiros da industria cairam no esquecimento Stanley, que criou fama com os seus car- ros a vapor; Winton, Haynes-Apperson, Locomobile; 0 Chalmers, o Rambler, o Mercer, 0 Reo, 0 Marmon e 0 Maxwell; 0 Franklin refrigerado a ar, os delicados ‘e femininos carros elétricos de Baker e outros 18 IS CARROS movidos pela eletricidade nao puderam competi quando o mer- cado passou a exigir velocidade cada vez maior; o seu raio de acdo era limitado, tam- bém, pela necessidade de recarregar os acumuladores a cada oitenta quilémetros, mais ou menos (Os automéveis movidos pelo vapor tive- ram excelente funcionamento na infancia do automével, a ponto de um déles ter alcancado 127,66 milhas (2038 quilémetros) por hora em Ormond Beach, na Flérida, em 1906. Mas apresentava desvantagens: 0 tempo necessi- rio para obter o vapor e a limpeza semanal obrigatéria de algumas pecas. Com tempo ésses problemas foram solucionados, mas s6 quando ja era tarde. O interésse dos experi- mentadores (talvez influenciados pelas com- panhias de petréleo) se voltou cada vez mais para os motores de explosio, e os carros de va- por passaram a constituir pecas de museu. 19 Ford Modélo T foi um dos motives da répida disseminagao dos automéveis. ae E M 1912 ja a industria de automéveis cres- cera Fealmente. Nesse ano elevouse a um térgo de milhao 0 niimero dos carros pro- duzidos. As agées das companhias de auto- moveis passaram a ser vendidas na Bélsa de Titulos de Nova York ‘A corrida de Indianapolis inaugurou o seu “‘classico” de 500 milhas no ano anterior, e em 1912 0 récorde de velocidade foi de 78,72 milhas (126,7 quilémetros) por hora. Mas a velocidade nao foi o nico progresso; jd tinham também aparecido espelhos retro- veis ~ Concorréncia visores, motores elétricos de arranque (nos Cadillacs), iluminacéo por bateria, chassis de aco, e linhas de trfego desenhadas nas ruas da cidade. E, para os fabricantes, novos problemas surgiram devido a rapida expansao da indti tria. Jé nao era problema produzir carros que funcionassem eficientemente; convencer 0 fregués de que devia comprar o carro de de- terminada marea, em vex de um dos dos imi- meros competidores, isso, sim, tornouse a grande dificuldade O Maxwell foi um carro popular, troduzido em 1904. Manter vendedores ativos por todo o territério do pais passou a ser 0 maior empenho de tddas as companhias. Algumas delas mencionavam mesmo “espléndidas propos- tas de agéncias” nos seus antincios._Chamar a atengio do piblico para o nome, o aspecto e as boas qualidades do car- ro era de igual importancia mento de importancia em tédas as companhias de automé- ‘A propaganda se tornou ele- 20 N: REVISTA Saturday Evening Post, em 1900, apareceu o primeiro antincio de automéveis. Mas nos anos de 1912 a 1915 as revistas e os jornais do pais dedicaram pagi- nas € paginas a pitorescos aniincios de “O Be- lo Brumel da Estrada” (Yale), “O Carro Que Nao da Arrependimento” (King), “O Mais Belo Carro da América” (Paige) e inimeros outros, to poéticos como os que hoje lemos. “Pergunte ao Dono de Um” (Packard) e “Quando Melhores Carros Forem Produzidos, Buick os Produziré”, sao lemas muito antigos na histéria dos automéveis, também Nos primeiros dias da publicidade ésses aniincios ajudavam a superar a incredulidade geral e a atitude irdnica para com as “carrua- gens sem cavalos” O Porter Stanhope, em 1900, anunciou orgulhosamente que poderia, “em resumo, fa- zer tudo e tédas as coisas que um cavalo ou uma parelha de cavalos atrelada a um veiculo poderia fazer e com maior eficiéncia, com me- nores despesas de manutencao e ao mesmo tempo sem os aborrecimentos inerentes a0 cavalo — e sem outros aborrecimentos pré- prios.” “A caldeira nao explode... e nao é preciso tomar um maquinista para fazé-la funcionar” — acrescentavam. © Hupmobile 1912 foi o primeiro automével inteiramente de aco, ‘mas de ver em quando precisava de uma ajudazinha. 21 ql COMBINAGAO de estradas poeirentas, tempo incerto e carros abertos exi- gia uma indumentéria especial para os auto- mobilistas As senhoras usavam casacos impermeé- veis, ou compridos e empoeirados “guarda- pos”; e um grande véu protetor que Ihes co- bria chapéu, cabelo, cabeca e ombros, Para os homens, era popular um boné com visor, muitas vézes combinado com 6culos protetores e uma pesada charpa. Nao havia aquecedores, por isso roupas de pele ou de la, e agasalhos a prova de agua — alguns com aberturas para a cabeca dos passageiros — se tornavam aconselhaveis 6 fff Alguns automobilistas usavam tum “avental contra tempestades, nos dias de chuva”. Andar de automével naqueles dias era uma verdadeira aventura! Em 1901, Oldsmobile desenhou uma se- nhora num abrigo de peles acenando, alegre- mente, de um dos seus carros de painel curvo, pois nao havia “estradas ruins demais para 0 que havia de melhor sébre rodas.” A Ford anunciou, em 1903, que tinha “superado todos os inconvenientes, tais como cheiro, barulho, solavancos, etc, comuns a tédas as outras marcas de Carruagens Auto- méveis” “Tao simples de fazer funcionar como um. elétrico” — anunciava White. Os elétricos, naquele tempo, tinham a re- putagao de ser carros limpos, simples e ele- gantes, préprios para uma senhora! Os motores Franklin eram refrigerados a ar, em vez de dgua. LGUNS automéveis chamavam a atencao para os seus récordes em corridas e em provas automobilisticas. O Franklin, em 1908, ofereceu um folheto intitulado “De Costa a Costa”, contando a historia da viagem récorde levada’a efeito pelo Franklin, de Sao Francis- co a Nova York. Outro orgulhoso antincio dizia: “Quatro pessoas; 57 milhas (92 quilémetros); 1 34 galoes de gasolina (6,6 litros). Bsse foi o ré- corde (de Chicago a Cedar Lake, Indiana, 18 de outubro de 1907). E 0 “Runabout” Reo foi © autor dessa faganha.” “A Corrida Eliminatéria Vanderbilt pro- vou a qualidade de um Haynes...” asseverou orgulhosamente Elwood Haynes em 1907, num aniincio cujo ponto culminante foi esta afirmacdo: “Quando vocé guia um Haynes, vocé guia o que ha de melhor na América — ¢ isso agora significa o que ha de melhor no mundo”. ‘A Corrida Vanderbilt e a Glidden Reli- ability Tours eram dois acontecimentos em que os fabricantes faziam questo de se sair bem. .A Glidden Tours cobria de 870 a 2.850 23 milhas (2.400 a 4.585 quilémetros) de estra- das e campo aberto e constituia uma prova que poucos motoristas dos nossos dias ousa- riam enfrentar Naquele tempo os anunciantes de automé- veis ainda estavam empenhados em provar a um pibblico descrente que os seus produtos eram seguros e bons, que nao explodiam, que subiam colinas e resistiam aos mais “duros apelos” Ainda existiam as “Sociédades Antiau- tomobilisticas” que aconselhavam os seus membros a patrulhar as estradas e atirar con-- tra os motoristds! Os anunciantes queriam que os compradores imaginassem tim motorista i sua porta. “uh OOTY ope de iS 4¢ lt <2 a % 3 NdJo Hal ol FI Re AR . AZ oe s Nv SINC eral . tia ie ental P.. VOLTA de 1912, 0 automével passou Nos antincios do Pierce-Arrow viam-se a fazer parte integrante da paisagem americana. A propaganda, agora, chamava a atencao para a beleza e a elegincia Em 1908 0 Studebaker Suburban foi apre- sentado como o carro ideal para a praia, para excursdes de caca ou pesca, ou para ir ao clu- be de gélfe lindas senhoras da moda; 0 Alco Berline mos- trava uma familia elegantemente trajada ao lado do seu “novo e temerdrio Berline estofamento com dez polegadas de profundi- dade... estribos iluminados... linhas que se distancia dos tipos velhos, vulgares e este- riotipados”. O prego era 7 250 délares 24 A “barata” Stutz Bearcat foi um dos modelos esportivos mais apre O Columbus Elétrico exibia um motorista uniformizado a lhe abrir a porta, de boné na mio. “Olhe de relance a figura acima do nos- so modélo 1225 para 1912, e imagine-o esta- cionado a sua porta!” — sugeria o antincio “Ble nao atrai logo a sua atencao pelo tipo ar- tistico, pela sua evidente riqueza de acaba- mento, seu ar de distincdo e exclusividade?” O Winton, em 1915, apresentava o seu “carro fechado, tio util a uma reuniao so- cial... soberbo sob todos os aspectos: inclusive vasos de fldres e cortinas e, no anti cio, um motorista uniformizado e um cavalhi ro de cartola acompanhando duas beldades muito altivas, de custosos casacos de peles “Um belo, tradicional e aristocratic no- me de familia” — anunciava o Premier. “Dos carros americanos, 0 tinico que pode ser, com justiga, considerado @ altura de um 25 Rolls Royce, um Simplex, um Lancia, — ou um Isotta Fraschini”, jactava-se o antincio do Roamer. “Classe! Os compradores de carros que custam mais de mil délares estao pedindo cada vez mais por aquilo que, em geral, se chama “classe” — alardeava 0 Lexington Minute Man Siz, confessando, modestamente, que éle tinha “classe” A “barata” Buick de 1914 foi tiltimo Buick de quatro eilindros. éles 0 Gale a 500 délares, 0 Success (1906) & fenomenal insignificancia de 250 délares. EM TODOS os aniincios eram endereca- Um Runabout a 675 délares... “Velocidade, dos aos “snobs”, Havia fabricantes que ereio que sim! E economia também, no se orgulhavam, e com justiga, dos baixos pre- Black...” 375 e 450 délares. “Pode vocé ficar os dos seus produtos. E foram os antincios, sem o automével popular a 485 ddlares?” in- pelo menos em parte, que fizeram o mercado —_dagava, em 1911, 0 antincio de Brush Run- enorme que, por sua vez, tornou possiveis és- about. ses baixos precos. Havia carros muito baratos Existiam outros, também, muito abaixo entre os pioneiros, podendo se incluir entre da média comum de 1500 a 3000 ddlares. ‘Mas a maioria déles jé desapareceram do mercado e das estradas, enquanto o Ford e o Chevrolet, dois dos pioneiros dos precos baixos, continuam a prosperar. ido experimente... compre um Ford”, dizia Ford nos seus primeiros anuncios. Mas 0 que realmente o féz progredir foi o modélo criado para ser vendido a 500 dé- ares, 0 famoso Modélo T. Rsse carro tao famoso na histd- ria dos automéveis como o salario basico de cinco délares por dia da fabrica Ford, que parecia uma fortuna quando pésto em pratica 26 qh ECONOMIA da Preciséo € nossa res- esta” — dizia Ford num anuincio de 1907. “A simplicidade do Ford; a qualidade dos materiais Ford — a melhor — eis 0 segré- do. O maquinismo automatico e finalmente 0 sistema Ford de inspecao.” Hé muito é 0 Chevrolet um lider entre os carros de baixo prego. eliminamos a ditvida; a certeza ea substituem o “talvez”. Kis ai as ca- jeas que os outros nao podem co- piar. . ‘Aparentemente havia muito de verdade nessa afirmacéo, pois, por volta de 1913, Ford passou a fabricar mil carros por dia; em 1919 sua produgdo anual foi de 34 de milhdo, um térgo da produgao total; em 1921 essa pereen- tagem chegou a mais de metade Il: PRANCHETAS dos desenhistas nunca ficaram pa- radas, nas fabricas de automéveis. Desenhistas e engenheiros trabalhavam incessantemente em experiéncias e melhoramentos para dar ao seu produto vantagem sobre os dos concorrentes Faréis nos para-lamas foram uma inovagio do Pierce- Arrow, em 1914; no mesmo ano, a Cadillac fabricou a pri- meira maquina americana de oito cilindros, tipo-V, motor de alta velocidade. No ano seguinte a Packard contra-ata- ‘cou com um motor de 12 cilindros, o primeiro na América. Nesse ano a Cadillac ofereceu faréis com fei- xe de luz inclinavel, apareceram os primeiros fardis de lentes prismaticas e assim prosse- guiu a corrida — e os que lucravam com essa feroz rivalidade eram os compradores. Os limpadores manuais de para-brisas, as luzes do “pare” e os espelhos retrovisores apa- receram em uns poucos carros em 1916, como equipamento-padrao; 0 Oldsmobile ja tinha oferecido capotas e para-brisas como equipa- mento-padrao, em 1915 — o que foi considera- do uma audacia naquele tempo de carros ver- dadeiramente abertos. Capotas de pano s6 ti- nham aparecido no mercado depois de 1909 — e agora eram oferecidas como equipamento- padréo! Que mais viria? FE» 1899, 0 Departamento de Guerra dos Estados Unidos deu noticia de que havia comprado trés automéveis para uso dos ofi- ciais. Todavia, cada um dos veiculos, acres- centou 0 Departamento, “esta equipado de modo a que um muar Ihe possa ser atrelado, se o motor nao funcionar.” Por volta de 1916, ja tinha o Exército dei- xado de se desculpar pelo seu interésse em automéveis. Naquele ano o Exército utilizou uma frota de caminhées para o transporte de provisoes para uma forca expedicionaria no Seripps-Booth, como tantos outros carros ‘que jd foram populares, desapareceu das estradas. México. Essa inovagdo foi sé uma de uma série de novidades Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917, a industria automobilistica prontamente colocou o patriotismo acima dos lucros, e prestou integral colaboracéo a0 Govérno Puseram-se de lado as rivalidades em fa- vor da colaboracao. Muitas companhias presta- ram apoio ao desenvolvimento e & produgéo dos motores Liberty para avides militares. 29 A indiistria produziu armas de guerra em 1918. Mh NASH se adiantou de forma a se tornar ‘a maior produtora mundial de cami- mhées, fabricando quase 11500 para o Exér- cito em 1918. ‘A producao dos carros de passeio foi re- duzida a quase 50% da de 1917, mas em seu lugar manufaturaram-se granadas, capacetes Por muitos anos 0 Pierce-Arrow de aco, cofres de municao, motores de avido, foi um dos carros mais conceituados. a tratores, tanques, embareacdes, metralhadoras antiaéreas, carrétas de canhées, mecanismo de recuo de pecas de arti- Iharia e numerosos veiculos militares Dirigir aos domingos nao mais foi permitido, para que fésse economizada a gasolina; 0 Velédromo de Indianapolis foi temporariamente fechado. Mas logo que terminou a guerra, e as restrices foram tornadas sem efeito, a indus- tria “‘engrenou prise direta” de novo, e continuou a pro- gredir tao rapidamente quanto antes. 30 ae ~¢ Carros Fechados 0 do que armacdes sdbre rodas, com mo- tives pouco mais eram tor — e assento para o motorista e um passa- geiro de coragem. Se alguma coberta existia, era semelhante a dos earros, com franjinha ¢ tudo. Mesmo nos dias da infancia do autom6- vel havia um ou outro carro de luxo em que 0s passageiros viajavam altivamente como que numa cristaleira. Mas até 1915 coisas como para-brisas ‘ou capota constituiam equipamento a parte, embora ja ti- vessem aparecido capotas de pano desde 1909 Ainda em 1919, 90 % dos carros eram abertos — car- ros “de turismo” e “baratinhas Os conversiveis tinham sido populares desde os ros tempos, mas o sentido da palavra “conversivel” ferente do de hoje. Convertia-se removendo 0 assento tr seiro para se conseguir um espaco amplo bastante para co- locar bagagem ou outros objetos. 31 O Advento dos . Qnuse todos os carros fechados, em 1920, cram elegantes “landaulets Quem nao tinka carro andava de “lundaupeé T ALVEZ 0 chassis de ago (Oakland ¢ Hupmobile. 1912) tenha sido um passo importante na direcao dos carros fechados; de qualquer modo, em 1917 a Paige intro- duziu uma “barata” (nada de “landaulet”) com um assen- to traseiro e um para-brisa em V. Em 1921, a divisio de carros leves Hudson — a Essex Motor Company — apresentou 0 carro Essex fechado por um acréscimo que elevava 0 prego a trezentos délares mais do que os carros “de turismo”. Comecara 0 movimento. E ao chegar 1929, 90 % de todos os carros fabricados eram modelos fe- chados, quando dez anos antes a proporcéo era de 10%. Existiram tipos famosos nesse periodo: © Stutz Bearcat e 0 Jordan Playboy, ambos carros abertos, foram lideres em estilo, veloci- dade e prestigio. Mas a era dos carros fecha- dos fora iniciada ‘A iluminacdo do painel comecou a se tornar popular em 1919. Calcos de borracha para suporte de motores, jumelos de borra- cha para molas e amortecedores comecaram a ser usados. Apareceram os freios hidréuli- cos, seguidos por freios nas quatro rodas; e em 1921 0 Hudson orgulhosamente ofereceu um assento dianteiro ajustavel. © Rickenbacker tomou o nome de um dos seus fabricantes, je famoso ds da aviagdo durante a guerra, a Chentifico CS D: LADO cientifico, as pesquisas prosseguiram rapida- mente no sentido de encontrar novas ligas metalicas adequadas para utilizagao nos automéveis, Cingiienta anos antes havia menos de uma duizia de ligas com ago; atual- mente 160 delas sio empregadas em cada carro. A Stude- baker eriou 0 aco-niquel-molibidénio em 1921 Elwood Haynes, famoso no fim do século, féz notaveis pesquisas para a produgdo do aco inoxidavel e do ferro- cromo. A niquelagem comecou a aparecer em 1921, nos ra- diadores e nas lanternas, substituindo 0 latéo, e em 1925 © cromo comecou a substituir o niquel Pheus-baldo, gasolina ctilica, fardis ajustaveis, para- choques como equipamento padrao, bem como indicadores de gasolina nos painéis fizeram 0 seu aparecimento no ini- cio da terceira década do século E em 1925 foi fabricado o vigésimo quinto milionésimo carro nos Estados Unidos 33 Os adomos de latao deram lugar ao niquelado, fe ste ao cromo, © lugar para se ir era “A Oeste de Laramie", num Jordan Playboy. MUNDO parecia um paraiso em 1926: lucros exce- lentes nesse ano e certeza de melhores ainda no ano seguinte — com tempo e dinheiro para gozar a vida O estado de espirito predominante naquele ano foi es- pelhado no famoso anincio de Jordan intitulado: “Em Alguma Parte a Oeste de Laramie”. Despertando o espi- rito de aventura, o aniineio dizia, em parte: “Em Alguma Parte a Oeste de Laramie ha uma domadora de potros, uma “cowgirl” que sabe 0 que eu quero dizer. Ela pode saber © que um ponei endiabrado pode fazer com mil e cem libras de aco e aco quando anda orgulhoso e satisfeito”. “A ver- dade é que 0 Playboy foi feito para ela”. “Feito para a moca cujo rosto esta queimado pelo sol quando termina um dia feito de folia, galopadas e correrias...” “Entre no Playboy quando comecar a cansar-se com 0 que ja se tornou passado e desinteressante”. “Faca uma viagem a terra onde a vida € vida, com o entusiasmo da moca que cavalga... para o horizonte rubro de um crepiisculo de Wyoming.” Possuir um carro naquela época parecia muito diver- tido! 34 Jerzees © Modélo T! Esta foi a grande noticia de 1926, quando, apés fabricar 15 milhdes das queridas Tin Lizzies (“Elizabetes de Lata”), a Ford anunciou que iria fechar a fabrica por seis meses a fim de a preparar para a producao do totalmente novo Modélo A. Apareceram outras novidades naquele ano: aquecedo- res de agua; a Hudson apresentou uma nova carrosserie de aco; a Packard com engrenagens hipéides; a Chrysler (que deu que falar em 1924.com motor de alta compressao, eixo de manivela com sete maneais, freios hidraulicos nas qua- tro rodas e filtro de dleo com cartucho substi- tuivel) ofereceu assentos dianteiros ajusté- veis em 1926; apareceu o primeiro Pontiac. 1927 viu surgir 0 LaSalle V-Oito; os freios nas quatro rodas apareceram nos cami- nhoes Mack e nos carros dos bombeiros; e os Chryslers e os novos Fords Modélo A se apre- sentaram com motores pousados em suportes de borracha No ano de 1928 apareceu a caixa de mu- danga sineronizada (Cadillac), vidro inesti- Ihacavel nos Fords, os primeiros Plymouths e De Sotos. 1929 nos trouxe os Cords, de tracao dian- teira, os primeiros carros-reboques Aerocar, 0s radios de automével, os interruptores de lu- zes controlados com o pé, lanternas traseiras duplas, e a crise! O La Salle V-Oito foi pomposamente apresentado em 1927. 35 PRODUCAO de carros de passeio, Em 1930 a produgao de automéveis baixou caminhées, e dnibus ultrapassou a para 3 14 milhoes, e em 1932 ja tinha descido marea dos 5 milhdes em 1929. Foi entao que para menos de 1% milhées — 0 total mais ocorreu o desastre da Bélsa. A crise comegou. _baixo desde 1918 ‘A Chrysler ofereceu o seu primeiro modélo de 8 cilin- dros em 1930; a Cadillac 0 V-12 e o V-16; a Graham-Paige introduziu molas de chassis revestidas de borracha e pistoes de aluminio; a Studebaker apresentou a sua primeira roda- livre e usou engrenagens helicoidais — mas apesar dessas atragées, poucas eram as pessoas em condicées de comprar. Na indiistria automobilistica, bem como nas outras, nos Estados Unidos e na maior parte da Europa, os empre- gos estavam acabando, as economias estavam desapare- cendo, as filas de desempregados & procura de alimento aumentavam cada vez mais, ¢ as vendas caiam e caiam. 36 AUTOMOVEL se tornara membro tao importante da familia americana que muita gente era capaz de passar mal se isso fosse necessdrio para conservar seu car- ro. Finalmente tornou-se ponto pacifico que 0 fato de possuir automével nao impediria que recebesse, do Govérno, “auxilio” para alimen- taco, aluguel e outras necessidades. © automével ja se tornara imprescindi- vel... e continuou a melhorar cada vez mais. A roda-livre foi adotada em 1931 (embo- ra para ser mais tarde abandonada), uma grade de radiador de aco prensado apa- receu no Pontiac, e 0 quinquagésimo milioné- simo carro americano foi produzido, 1932 trouxe os primeiros para-lamas de saia integral (Graham), visores internos, em- breagens a vacuo; 1933 trouxe ventilacdo “Sem Corrente-de-ar” (No-Draft) nas carros- series Fisher, arranques no pedal do acelera- 37 O De Soto “AirFlow” foi o pionen do aerodinamismo dor, suspensao independente das rodas, e re- fletores nas luzes traseiras e do “pare” Em 1934 apareceram a sobremarcha (overdrive), os superchargers, e controles de radio no painel. Apareceu também 0 primei- ro modélo “Airflow” que marcou 0 inicio de uma longa tendéncia no sentido do perfil aerodinémico. Diminuir a resisténcia ao ar tornou-se a preocupagio da industria. Os primeiros puiratamas cde saia integral 7 ene U ars BL Elbrg 22 a : I \ EN oy 0! ” = ‘. S F AROIS escamotedveis foram a inovacio 1935, 95 % de todos os carros foram vendidos em 1935 (Cord) bem como os tetos a menos de 750 délares (naquele tempo, Ge aco nos carros da General Motors e no 15:000$000 — isto €, quinze contos de réis, Lincoln Zephyr. mais ou menos) no atacado. A producao subira enormemente, embora Cingiienta e quatro por cento das fami- 05 precos ainda se mantivessem baixos. Em lias americanas possuiam, entéo, automével Os reboques-casa se firmaram, com dezenove marcas apresentadas na Exposi¢ao Automobilistica Nacional Em 1937, molas espirais na traseira e alavancas de mudanga na coluna de direcdo foram introduzidas; as ba- terias passaram de debaixo do banco para debaixo do capé. A transmissao automatica (Oldsmobile e Buick) apareceu em 1938. Esse ano viu o primeiro Mercury, aquecimento e ventilacdo de “ar condicionado” (Nash), e mais passos foram dados na direcao das mudancas automaticas e da overdrive (sobremarcha de economia) 38 a Chevrolet 0 seu décimo quinto milionésimo carro Os radios de sintonia automatica (por botdes) foram introduzidos. O Chrysler foi o primeiro a lancar o “fluid drive” © 0 Olds- mobile lancou a suspensao dianteira indepen- dente de mola espiral ‘Nesse ano foi fabricado o primeiro Cros- ley, o setuagésimo quinto milhéo de veiculos motorizados nos Estados Unidos rolou das li- ANO de 1939 trouxe as almofadas de _nhas de montagem e a producao do Exército espuma e o fecho do capd sob o pai- eda Marinha comecou se insinuar na indiis- nel (Hudson). A Ford completou nesse ano __tria quando as nuvens de guerra comecaram a © seu vigésimo sétimo milionésimo automével _surgir nos céus da Europa. O Lincoln Continental foi um dos mais belos carros da América ll ———— SY — —~ € 0 Automével em Servico a epee F OI DURANTE a Primeira Guerra Mundial que os ca- Exército e fora déle. A General Motors satisfez uma en- trega transcontinental num tempo récorde de 30 dias; a Mack apresentou o seu modélo “bulldog” Mas, a despeito da sua primitiva reputagdo de “carro de prazer para ricos ociosos”, os automéveis se tinham pésto a trabalhar de maneira muito séria, quando ainda se encontravam na mais tenra infancia 39 PRIMEIRO carro de entregas foi fabri- cado em 1899; White construiu 0 seu primeiro caminhao a vapor em 1900 Existia um servico de taxis elétricos em Nova York em 1898; ¢ 0 trator Phelps, movido a vapor e controlado por meio de rédeas, apa- receu em 1901. Mack fabricou 0 seu primeiro énibus (mais tarde usado como caminhfo) em 1900; © primeiro 6nibus White’apareceu em 1904 A Diamond T. Company foi fundada em 1905, e a producao de caminhées e énibus foi aumentando de centenas para 1000 por ano em 1907, mais de 10000 em 1911; 128000 em 1917 e mais de meio milhao em 1925. 0 caminhao tipo “cavalo mecénico” apareceu, pela primeira vez, em 1938, Um comboio de caminhées White prestou relevantes servicos as vitimas do terremoto de So Francisco em 1906. Em 1915 um cami- nhao White transportou o Sino da Liberdade da Filadélfia para a Panama-Pacific Ex- position. Mas isso foram s6 as coisas mais es- petaculares. Dia apés dia, nibus e caminhdes faziam transporte de passageiros e carga de um lado para outro do pais. Os veiculos de tracéo nas quatro rodas foram, pela primeira vez, fabricados pela Four-Wheel-Drive Auto Co. em 1910; a White Company apresentou um caminhao de trés toneladas na Exposigao Automobilistica de Nova York, nesse mesmo ano; e o primeiro carro de bombeiros motorizado foi lancado, igualmente, em 1910. Kili tlantico Do ale Pacifico _. Ce IM CAMINHAO Packard féz uma viagem de uma costa 4 outra em 47 dias, no ano de 1911 — 0 ano em que a primeira expo- sigo de caminhées teve lugar no Madison Square Garden Mais companhias comecaram a produzir caminhoes. A Pierce-Arrow fabricou um de cinco toneladas em 1911 ¢ a General Motors ‘Truck Company, a Brockway e a Stewart a éles também se dedicaram Milhares de caminhées militares foram fabricados durante a Primeira Guerra Mun- dial, e depois da cessagao das hostilidades a producao prosseguiu. Em 1924, um énibus Reo féz uma viagem transcontinental, e em 1928 foi iniciado um servico regular da costa do Atlantico a do Pacifico, e vice-versa. J& em 1925, mais de 150 estradas de ferro elétricas tinham as suas flotilhas de énibus — tal como se verifica hoje em dia Os freios nas quatro rodas foram intro- duzidos (Mack e G.M. ), motores Diesel (Kleiber em 1939), 0s motores chatos para colocacao debaixo do chao (White em 1933) € os caminhées tipo “cavalo mecanico” (Ford, Chevrolet e Dodge em 1938) Em 1950, a indistria de caminhées ja ti- nha langado nas estradas 8 600000 désses veiculos, ‘As maquinas agricolas substituiram 18 milhdes de cavalos e muares; um em trés fa- zendeiros possuia caminhao; um em dois fa- zendeiros tinha trator. Onibus intermunicipais (sem contar os de transito local) transportaram duas vézes mais passageiros que as estradas de ferro. E mais de dois tercos do frete foi transpor- tado, na América, por caminhdes particulares ea frete jou a Os carros de bombeiros sao 08 mais pitorescos de todos 08 automéveis comerciais. oe E ‘M 1940 a industria automobilistica estava se preparando para uma luta mortal Comegou por fornecer aos Aliados material bélico. O novo chefe da defesa nacional era fa- bricante de automéveis: William Knudsen, da General Motors; e motores especiais de caminhées e de avides comecaram a rolar das linhas de montagem 0 iiltimo ano de produgao de carros de passeio, caminhdes e dnibus para uso civil foi 1941; mas ja a montagem de novas “fabri- cas de defesa” estava sendo apressada; moto- res de avido, granadas, tanques, metralhado- as antiaéreas, carros de combate, antitanques feo al WOe Em julho de 1942 a producdo de guerra excedeu aos récordes do tempo de paz € jipes eram produzidos em quantidades pas- mosas Em dezembro de 1941 ocorreu o ataque japonés a Pearl Harbour. Imediatamente ‘apés os Estados Unidos entraram na guerra, além de continuar fornecendo material aos seus amigos. A escassa producio para usos civis foi paralisada. E por volta de julho de 1942 a média de producao das companhias su- perou a da produgdo em tempo de paz. © racionamento de carros, a limitacao de velocidade para economia de combustivel e, depois, 0 racionamento de gasolina cairam sobre a terra dos automéveis. Entrementes, a producao de guerra foi aumentada num ano para o dobro da producdo jamais atingida em tempo de paz. Oo * UWI 2) oy © NO ANO de 1944 a industria automobilistica produ- ziu armamento num valor de nove bilides de déla- res. Nao sé as grandes corporacées ajudaram; em 1943 a General Motors anunciou que 19000 subempreiteiros, muitos déles com fabricas pequenissimas, estavam empe- A popularidade do jipe nhados no cumprimento dos seus contratos de guerra em tempo de guerra persist: em tempo de paz. Em 1945 a guerra terminou; e quando chegou o outono, =~ . «4 producdo de veiculos civis foi iniciada em muitas fabricas. Agésto viu surgir o primeiro Hudson do apés-guerra. Entre os primeiros carros do apés-guerra, o Kaiser e 0 Frazer foram langados em 1946. O Studebaker Comman- der apresentou nesse ano o primeiro novo estilo de apés- guerra. Os primeiros automéveis com radiotelefonia apa- receram ‘A producdo comegou lentamente a satisfazer as pilhas de encomendas de carros novos. Mas s6 dois anos depois péde o comprador entrar numa loja e sair guiando um carro novo, sem ter de esperar meses pela entrega 43 seme memate © primeiro novo estilo de apdeguerra Surg no Studeboker Ihando com téscas ferramentas, em barracdes e nos cantos de oficinas de bicicletas, limavam e martelavam pe- gas estranhas das misteriosas geringoncas a que dariam o nome de “carruagens sem cavalos” Hoje a fabricagéo de automéveis emprega quase um milhao de pessoas. Mecdnicos e garagistas, motoristas de caminhées, companhias de seguros, donos de hotéis para automobilistas, empregados de restaurantes a beira das STO DE SERVICO GON estradas, e outros servigos afins, dio trabalho a cérca de 9.000 000 de pessoas. ‘Aquéles cujo setor de atividade depende, pelo menos em parte, do automével, formam a maioria dos habitantes do pais : Os jovens ja ndo abandonam as fazendas. Familias da cidade se mudam aos milhdes para os subirbios. As cida- des se expandem em tédas as direcdes — e isso é devido, em grande parte, & fécil locomogao propiciada pelo auto- mével 44 I ESTRADAS foram outro resultado da era do automével. Em 1908 s6 havia 650 milhas (1 045 quilémetros) de estrada ma- cadamizada nos Estados Unidos, e nenhuma de concreto. Em 1952 havia pelo menos 1750000 milhas (2815 450 quilémetros) de estradas ¢ 50 000 000 de automéveis para tra- fegar por elas Esses carros se tinham tornado tao velo- zes, to baixos e tao largos quanto era pri- tico fazé-los. Os tipos radicalmente aerodinémicos de apés-guerra que haviam sido prometidos du- rante o conflito ndo foram lancados. Mas houve uma tendéncia geral para a substitui- ao paulatina do ago pelo vidre — dando uma espécie de sensacao de cabina de aviio cir- cundada de vidro Dando a entender que todos os melhora- mentos de estilo, poténcia e conforto ainda nao bastavam, os proprietarios de carros re- solveram gastar dois bilides e meio de délares por ano em acessérios ‘Também a paisagem tem sido modificada a fim de ficar de acérdo com o automével, € ja esta superado, hoje, o antigo estagio dos ‘cartazes. ‘Atualmente, no seu carro, ao longo das estradas, vocé pode comer (nos restaurantes em que se entra com carro e tudo e a comida é servida no préprio automével) dormir (em camas conversiveis) ouvir radio, assistir & te- levisdo, ir a cinemas, fazer transacées bancé- rias, tudo isso num ambiente de ar acondicio- nado perfeito, sentado numa confortavel pol- trona de espuma de borracha UASE dois milhdes de pessoas vivem hoje, nao exata- mente em automéveis, mas em casas-reboques pla- nejadas para serem puxadas por automéveis. Bsses rebo- ques, vinte anos antes, eram simples caixas sobre rodas para’o transporte de material para cacadas, pescarias, etc. De 1930 em diante os reboques se transformaram em pequenas casas portateis muito bem equipadas e mobila- das, com todos os confortos modernos. Em 1945 a industria dessas casas rebocdveis féz vendas no total de 30 milhdes de délares. Existem nos Estados Unidos 9 000 “par- ques para reboques”, isto é, lugares onde ésses reboques podem estacionar. Esses parques sio verdadeiras aldeias de vida propria — cujas “casas” podem mudar de poucos em poueos meses — ou da noite para o dia Muitos dos reboques sio usados prin palmente nas férias — e as férias também sao um grande negécio na América Sessenta milhdes de turistas por ano se hospedam nas dezenas de milhares de hotéis, nos “motels” (locais, nas estradas, para hos- pedagem de turistas em transito), pensdes, € outros locais de veraneio. Atualmente, quase dois milhdes de pessoas vivem em casas-reboques. viram de modélo, em estilo e poténcia, aos ameri- canos Atualmente, os métodos de producao americana em linha de montagem servem de modélo para fabricantes de Os Renauits, outrora os Cadillacs da Franga, tém, hoje, varios tipos e precos. O modélo menor tem motor traseiro. s Citroéns foram os primeiros carros franceses a se- rem fabricados em linha de montagem. O Sr. Citroén foi chamado de “o Henry Ford da Franca” © carro do futuro ter a aparéncia de uma cabina de avido, cercada de vidro CMe oO) * No Futuro FE» FUTURO nfo muito remoto seremos capazes de guiar até ao Alasca e até A Terra do Fogo (embora sejamos tentados a voar nos nossos “arfibios” conversiveis } E isso porque somos um povo progressista — e uma nago sObre rodas. 47 AUTOMOVEIS BRASILEIROS N PER{ODO 1955-1960, sen- do Presidente da Repiblica © Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, a industria em geral e, particularmente, a automobilis- tica, tomou um grande impulso no Brasil. Primeiro, os carros comeca- ram a ser montados aqui , aos poucos, foi se verificando a nacio- nalizagdo progressiva da sua fabricagao Hoje, 0 Brasil esta colocado entre os dez maiores. produtores pavrmr VOLKSWAGEN de automéveis do mundo. Sao as seguintes as. fabricas instaladas no Brasil: Volkswagen, Willys, Simca, DKW-Vemag, FNM, ‘Chevrolet,’ Ford, Toyota, Scania-Vabis, International, Mer- cedes Benz, cada uma delas pro- duzindo mais de dois tipos de vei culos diferentes FORD GALAXIE DKW-VEMAG INTERNATIONAL EDITORA BRASIL-AMERICA LIMITADA | Ro Sonera Alar dg Moura, 302 ‘sie Cristdvae) Alo de Janeiro Estado da Guanabara

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