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© Homem é wm etemo viajante ‘Valendose dos meios de transporte mais diversos, ou simplesmente em pensimento, cada criatura humana sonba em percorrer Iugares e paises desconhecidos, almeja it a reaides distntes. Essa instisfago do meio ambiente af uma das molas do Progresio. As Civifiae ses se expandiim porque os vialant < ona me Mas hi uma espécie de homens que se aventuraram a emprésas qusidas, com 0 impulso ‘um ideal ou no desempenho de importantes misses. Estio entre ésses quasesnémades 0s pionettos © descobridores. E possivet que alguns déles houvessem cometido ers, cfumprimento do dever, Aos homens’ de nobres propésitos, aos piioneitos e descobsidores que se disting. m pela pertindcia e- pela elevagio de deve a Homanidade wm preito de Foi cm homewagem 2 éles que organi- zamos éste Album, E 4 javentude do Brasil nés os apontamos como exemplo a seguir. Album de Figurinhas ».10 Tradugado e Adaptacao da Professéra DOROTHY R. BATISTA =~ (Pe, ama hea fo Willa Linnie) Tustracées de Poter Burchard ‘ustragées brasileiras de ANTONIO EUZEBIO LISTA DAS FIGURINHAS acs amen oe ne ie ne siren deat Ota. | Quads nt preteens | ose renee on ete Bee Madera | gage rasan sigan oe te ne 3 2 | Sere i : a | Ges Sg z berg z z ee eas | | an i 1) BPS eee | | ae 8 2 | eh cee | een acs 5) Seanad 4 : i scoeaartia: t | Heevwatnacie aac Setereven aevcaa 2 i ag Sele ee Srey z POC Le c eee com eine oe Sa Sa, Meh te Maas Ussing toro conse, S homens dos tempos antigos ouviam contar lendas que falavam de regides distantes e desconhecidas. De certos pontos do litoral, éles avistavam 14 longe, na linha do horizonte, montanhas azuladas, ou elevados picos solitérios. Tais visdes faziam-nos ficar cismando, a sonhar acordados. Os mais afoi- tos enfrentavam o mar, nas suas frageis em- barcacdes, em viagens de reconhecimento da- queles lugares Algumas das lendas, resultantes do médo a0 desconhecido, e alimentadas pela ignoran- cia e a supersticdo, afirmavam que o mundo era uma superficie plana limitada; quem se aventurasse a navegar para alto mar acabaria indo cair no abismo em que se despenhava o oceano. Acreditava-se que as tempestades eram 0 sOpro de monstros ou de divindades enfurecidas Apesar disso, da Ilha de Creta (situada ao Sul da Grécia e onde florescia adiantada civi- lizagaéo) e dos postos comerciais estabelecidos pelos fenicios em Tiro e Sidon, partiram nave- gadores que percorriam o Mar Mediterraneo em tédas as direcdes. Os fenicios — argutos comerciantes e habeis conhecedores da arte de navegar — queriam 0 dominio dos mares e por isso eram os primeiros a espalhar hist6- rias horripilantes de vorazes serpentes mari- nhas, de ciclones, de terras cujos habitantes tinham um tinico dlho ou onde havia criatu- ras humanas sem cabeca mas com 0 rosto no trax. Apesar de tudo os fenicios revelaram muitos. fatos mais ou ‘menos verdadeiros. Varias de tais histérias lendarias se encon- tram na “Odisséia”, do poeta grego Homero, © primeiro relato importante sobre pioneiros e descobridores 2 ‘0s ranicios wo mrorTeRRANEO Circunavegacao da Africa HZ-SE que no ano 613 a.C. (antes de Cris- to), um rei do Egito contratou maru- jos fenicios para que'fizessem uma viagem em torno da Africa de este para oeste. ‘Trés em- barcagées teriam partido do Mar Vermelho, navegando no rumo sul ao longo do litoral africano. Esses fenicios foram retardados por ven- tos contrarios, tiveram a perturbé-los motins a bordo, sofreram fome e séde. Quando es- casseavam os suprimentos, éles rumavam para a costa, desembarcavam, faziam semeaduras e aguardavam a época da colheita. Se os habi- tantes do lugar Ihes perguntavam aonde pre- tendiam ir, respondiam sempre o mesmo: “Vamos até aonde o sol se pde, até aonde 0 ‘oceano se precipita no espaco, até aonde as es- trélas ainda brilham, a fim de encontrar para © poderoso Faraé o que o seu mundo tem de oculto!” Apés trés anos de viagem, éles atingiram as Colunas de Hércules, nome pelo qual era co- nhecido o Estreito de Gibraltar, e retornaram ao Egito pelo Mediterraneo. Durante séculos essa facanha nfo foi le- vada a sério, mas recente investigacdes de- monstraram que ela teria sido possivel, pois durante a maior parte do ano os ventos e as correntes marinhas seguem a dire¢do este- oeste. Se a narrativa tiver mesmo fundamento, pode-se considerar ésse feito dos fenfcios como um dos mais notaveis na histéria das explora- des maritimas JOUVE uma certa época da Histéria em que os gregos comecaram a temer 0 poderio e a prosperidade dos fenicios, os quais jam fundando novas colénias e outros postos comerciais no litoral da Africa, da Asia e da Europa. Daquela maneira, acabariam por se tornar, talvez, os unicos senhores do Mediter- raneo Os gregos decidiram se precaver. Cons- truiram numerosos navios e se estabeleceram também em certos lugares estratégicos nas costas de paises banhados pelo Mediterraneo. Em suas viagens, chegaram até ao Mar Negro. E se tornaram poderosos também, tendo entdo havido ferozes batalhas déles contra os fenicios, os quais ja ndo podiam mais fazer em paz as suas viagens comerciais. Sendo prin- cipalmente mercadores, os fenicios resolveram Expansao dos Navegantes ir em busca de novas terras na parte ocidental da Africa, onde os gregos no ousassem per- turbar-lhes o trabalho de trocas de mercado- rias Assim, cérca do ano 500 a.C. (antes da Era Crista), partiu de Cartago (cidade fundada pela Rainha de Tiro no ano 880 aC.) uma poderosa frota levando 30 mil homens e mu- Iheres, sob a chefia geral de Hanno. Navegan- do para oeste, tomaram o rumo sul, costeando 4 a Africa, detendo-se de quando em quando para deixar em terra grupos de homens e mu- Theres com a incumbéncia de estabelecer co- Jénias. Hanno viajou mais de 3 mil milhas, até que chegou A embocadura de um certo rio de cujas margens foi atacado. por selvagens hostis, 0 que o obrigou a voltar. Ao que tudo indica, teria sido essa a primeira tentativa de colonizacéo da costa ocidental africana por um povo do Mediterraneo. URANTE uma revolucdo ocorrida na Grécia, cérca do ano 450 a.C., um cidadéo chamado Herédoto, que fazia parte dos rebeldes, foi aprisionado e banido de sua cidade. Nao’ tendo para onde ir, internou-se pelo pais e atravessou a fronteira depois, querendo conhecer as regides mais distantes e quase desconhecidas Comecou a caminhada para 0 norte, indo além do Mar Negro, passando pela Citia, po- voada por némades que viviam em tendas de peles; conta Herédoto que viu mais tarde hé- beis cavaleiros errantes das estepes, capazes de em pleno galope ‘manejar o arco ¢ a flecha com certeira pontaria Dos extremos limites norte do mundo en- téo conhecido pelos gregos, Herédoto voltou até chegar ao Egito, onde tudo Ihe parecia no- vo e exético, e mesmo o clima era diferente ali, havia lugares em que as mulheres se en- carregavam da compra e venda de mercado- rias, enquanto os homens permaneciam em casa, ocupados em trabalhos de fiagao e tece- lagem; a escrita tinha de ser lida da direita para a esquerda, ao contrario do que faziam os gregos Viajando pelo Rio Nilo acima, Herédoto observou coisas maravilhosas. Prosseguindo mais para o interior da Africa, sempre para 0 sul, éle atravessou um deserto e chegou até Um Viajante Terras a Dentro As PrRAMDES| 4s selvas cheias de ledes ¢ elefantes. Herédoto escreveu dando detalhes sdbre tudo o que viu, sendo hoje chamado de “o Pai da Histo- ria”. Ble nasceu em Helicarnasso, cidade da Asia Menor, e o relato de suas viagens consti- tui a primeira fonte de informacées acérea de exploragées realizadas no interior dos paises e Continentes 5 Rumo a india. ILEXANDRE, o Grande, Rei da Macedé- nia, era valente e ambicioso. Filho de Filipe, a quem sucedeu no trono, teve como preceptor o célebre Aristételes, 0 mais sdbio dos fildsofos gregos Muito jovem ainda, Alexandre Magno (como é também chamado) conquistou o Egi- UERREIROS DO PENDIAR to e a Pérsia (atual Ira), marchando depois com os seus exércitos para o Pendjab, no Noroeste da India. Aproveitando-se de um dia de tempesta- de, para que as suas tropas nao féssem vistas pelo inimigo, atravessou o Rio Hidaspes (ano 326 a.C.) e na outra margem conseguiu ven- cer as poderosas fércas do Rei Poro, o qual contava com ferozes guerreiros alojados em palanques armados sébre clefantes de guerra. Naquele tempo, a fndia era uma terra desconhecida pelos povos do Ocidente. Ale- xandre compreendeu que se seguisse pelo rico vale do Rio Ganges, poderia submeter a India ao seu Império, mas os guerreiros que éle co- mandava se recusavam a segui-lo, Alexandre Ihes falou, com entusiasmo e eloqtiéneia, das riquezas que haveriam de encontrar, acres- centando que poderiam atingir os limites da Terra, onde o sol surgia do mar Mas os soldados se achavam exaustos e permaneceram na negativa. Alexandre quase nao podia evitar as lagrimas, tamanha era a sua emogdo ao ver assim frustrado o seu plano de estender mais ainda o seu vasto Imp¢ Alexandre teve de voltar com os seus exércitos. Nao pudera submeter o mundo todo, como ambicionava, mas foi um notavel conquistador e guerreiro. As Ilhas do Estanho M Massilia (atualmente Marselha) os mercadores do Mediterraneo nao en- contravam suficiente estanho, metal empregado com o cobre na obtenedo da liga destinada a fabricacgdo de langas e espadas, escudos @ utensilios domésticos. O estanho vendido no pérto de Massilia era para ali le- vado por homens procedentes de uma regiao do Norte, chegados depois de atravessar 0 pais dos gauleses (a Franca de hoje) Foi entéo que um experimentado viajan- te e também astronomo grego chamado Pitéias (IV século a.C.) se propés a encontrar um caminho para as Ilhas do Estanho, la no Norte. Pitéias passou o Estreito de Gibraltar e aproou para o norte. Na Bretanha (chamada pelos romanos Armorica ou a Britannia Mi- nor), no Noroeste da Franea, conseguiu infor- magées que o levaram a Ilha da Britania, lugar das jazidas de estanho. Ainda que nao haja sido 0 descobridor da Briténia (atual Gra- Bretanha), Pitéias foi o precursor da cireuna- vegacdo da ilha e o primeiro a dar noticia de seu tamanho é de sua forma. povo, ali, era pobre: vivia em casas bai- xas, feitas de troncos, barro e palha. Pitéias observou o proceso de extracio e preparo dos blocos de estanho destinado ao comércio Ao retornar, Pitéias, que também ficara sabendo de uma certa ilha de Tole, mais para © norte (possivelmente a Islandia), levava preciosos informes que seriam usados pelos cartografos (os que fazem mapas geograficos ). Essa viagem iria dar motivo a novas lendas sobre um mar gelado e a misteriosa ha de Tole OCEANO ATLANTICO © was \. DO ESTANHO ‘ |A Escandinavia, os vikings navegaram aventurosamente pelo Oceano Atlanti- co, em busca de novas terras onde pudessem viver com seguranca. Foram os primeiros eu- ropeus a enfrentar o mar alto, longe do lito- ral, guiando-se pela posi¢ao do sol e das estré- las. Se acontecia perderem o rumo, os vikings soltavam um corvo dos que sempre levavam com éles, em gaiolas, e ficavam observando; se a ave voltava a pousar no barco, isso signi- ficava nao haver terra 4 vista. Mas, se, de- pois de voar em circulos cada vez maiores, aci- ma da embarcacdo, 0 corvo finalmente partia em uma determinada direcio, os vikings aproavam para l4, pois era certo que nao tar- dariam a encontrar o litoral de uma ilha ou continente. Os vikings descobriram a Islandia e la es- tabeleceram uma colonia com alguns homens. Um désses, Erico, 0 Vermelho, tirou a vida a um companheiro sob a acusacao de furto de madeira; julgado, foi banido da ilha e, junta- mente com a sua familia e os seus amigos, na- vegou para oeste na esperanca de encontrar outro lugar onde ficar. E acabou por chegar terra que hoje chamamos de Groenlandia, onde fundou uma colénia Erico, 0 Vermelho, tinha um filho varo- nil e valente chamado Leif Ericson; e 4 noite, durante os longos invernos, o jovem Leif Ericson ouvia embevecido o que contavam os ‘homens que se haviam arriseado-a ir mais para ceste.- Diziam existir uma imensa terra que ales s6 tinham avistado distancia. Tornan- do-se adulto, Leif Ericson velejou na indicada diregéo conseguindo desembarear na grande terra... Leif Ericson havia assim descoberto a América (aproximadamente no ano 1002) da era atual, mas os cartégrafos e navegantes europeus ignoraram isso durante séculos. Aj muito tempo que os bronzeados ha- bitantes da Polinésia desafiam 0 Ocea- no Pacifico em fragilimas embareagdes a re- mo. Centenas de anos antes de terem os vi kings descoberto a América, os polinésios ti- nham visitado a maioria das ilhas do Pacifico, ‘TPO DE EMBARAGKO DOS POLINESIOS. Os Polinésios Guiavam-se pelo sol e as estrélas. Quan- do 0 tempo estava nublado, orientavam-se pe- Jas correntes marinhas e pela direcao dos ven- tos. Tinham meios de recolher Agua das chu- vas para beber e podiam remar dias inteiros sem se cansar; apés as tempestades, éles sor- viam a agua fresca da superficie do mar, ain- da nao misturada com a agua salgada. A familia inteira embarcava quando era preciso partir para uma nova ilha; em uma grande canoa equilibrada por uma espécie de flutuantes feitos de madeira leve, levavam tudo 0 que possuiam, inclusive cdes, galinhas, porcos e alimento e Agua suficiente para varias semanas. Felizes e despreocupados, os poli- nésios enfrentavam as ondas, cantando en- quanto remavam.. - - Antes do ano 500 a.D. (anno Domini, isto é, ano do Senhor — Era Crista) os poli. nésios haviam descoberto Samoa, o Havai, Taiti e outras grandes ilhas. Mas ésse fato permaneceu desconhecido dos europeus até recentemente. Z ‘SINBA MA GRRBA DR AGUIA GIORNTE 10 Simba, 0 Marujo 10 decorrer dos Séculos IX e X os érabes navegavam para o Oriente, através do Oceano Indico, chegando a {ndia, a Ilha de Samatra e mesmo a China. De volta, trans- portavam as mercadorias la adquiridas: sédas, madeiras aromaticas, hortela e especiarias varias, jade, ouro, pérolas e diamantes. Além disso contavam coisas fabulosas que tinham visto. Coisas maravilhosas, mas. inacredita- veis para as pessoas que estavam ouvindo as narrativas sdbre elas A histéria de Simba, 0 Marujo (ow Sindbad, o Marinheiro), nos contos das Mil e Uma Noites, faz parte de uma coletanea de Jendas orientais recolhidas por marinheiros arabes, reproduzidas como se tédas elas hou- vessem de fato tido como personagem um linico homem. # uma espécie de compilagao fantasiada sobre fatos histéricos vistos através de Iendas. Simba (também chamado de Sindbad, 0 Maritimo) narra as peripécias de suas aven- turas em diversos paises que de fato existiam, mas fala também de lugares imaginarios como a Ilha do Paraiso... “que no passava de um peixe de gigantescas dimensdes 0 qual mer- gulhou violentamente quando Simba e seus companheiros acenderam uma fogueira no seu dorso, depois de ali se-localizarem pensando tratar-se de uma ilha”. Simba menciona um grande animal de chifre no focinho (rinoceronte) e canforeiras (arvores de que se extrai a cdnfora) téo copa- das que sob suas félhas podiam se abrigar cem homens; e de uma guia de tamanho desc munal capaz_de capturar um elefante e lev: lo nas garras para um misterioso Vale Oculto dos Diamantes, na India Tais eram as histérias contadas pelos marujos arabes que voltayam do Oriente Sindbad (Simba) “é uma criago arabe ¢ consubstancia tudo quanto a ciéncia arabe ti nha conseguido saber das civilizacdes anterio- Tes, € 0 que os viajantes Arabes tinham visto,” As historias se baseiam “nas narrativas de Marco Pélo ¢ também nas referéncias de Plt- nio ou de Plutarco”, ‘VE 0s Temtos Dr BURMA Caminho Terrestre Para a China UNTAMENTE com seu pai e um seu tio, 0 jovem Marco Pélo deixou Veneza, em fins do Sécule XIII, e partiu para o Orien- te. Iniciava-se assim uma das mais extraordi- narias aventuras de todos os tempos. Os dois Pélos mais velhos, isto 6, o pai e o tio de Mar- co, haviam ja visitado aquelas longinquas pa- ragens, como mercadores que eram. Mas des- sa vez levavam uma carta do Papa enderega- da ao Imperador de Catai (a China), 0 pode- roso Cublai-Ca, Marco Pélo foi tomando nota de todos os lugares interessantes pelos quais passava — cidades, montanhas, vales, desfiladeiros, rios e desertos Levaram trés anos a chegar & Corte faustosa do Grande Ca. Catai era um pais de maravilhas, onde se usava papel-moeda (em vez de inicamente moedas metélicas); 14 se empregava a hulha como combustivel, havia um perfeito sistema de mensageiros a cavalo um processo de se imprimirem livros e documentos. Marco Pélo se tornou pessoa de confianca do Ca, que 0 enviou como ministro plenipo- tencidrio em diversas viagens a distantes pon- tos do Império. Durante uma dessas viagens, Marco Pélo viu as torres douradas dos templos de Burma e os tigres do Tibete. Indo ao Norte da Sibéria, la viu trends puxados a cdes, ursos polares e homens cavalgando rangiferes (ma- miferos da ordem dos ruminantes, semelhan- tes as renas). Devido aos seus dons de observador pers- picaz, Marco Pélo muito aprendeu com as suas numerosas viagens, vindo a se tornar 0 mais perieito conhecedor, no seu tempo, do Oriente fabuloso e cheio de mistério. Marco Pélo foi um viajante e pioneiro 1 SUNCOS DR FROTA DE MARCO POLO 0 Mar do Sul da China ENDO servido ao Grande Ca durante mais de 16 anos, Marco Pélo manifes- toulhe a intenedo de regressar a Veneza Acedendo & insisténcia de Marco Pélo, 0 “Imperador Ihe coneedeu a permissdo devida Organizouse uma frota para a viagem, que teria também a finalidade de levar a linda Princesa Kogati, prometida em noivado ao soberano da Pérsia. Os Pélos seguiriam como guardides da jovem Princesa tartara. Vele- Jando a todo pano, passaram to perto de um outro Império fantastico, Cipango (Japio), 12 que puderam avistar os revérberos provoca- dos pelos raios de sol ao incidirem sébre os tetos dourados dos templos. Os Pélos eram os primeiros europeus a ver 0 Japao Marco Pélo foi o primeiro europeu dar noticia de navegacao no Mar do Sul da China. Passou pela Indochina, detendo-se em Java para conseguir viveres e agua potdvel. Ai (conta éle) viram rinocerontes pastando nos charcos e viram também “nozes enormes do tamanho da cabeca de um homem’” (tratava- se de cécos, semelhantes aos cécos-da-baia, que temos aqui no Brasil) Ventos contrarios detiveram Marco Pélo em Samatra durante cinco meses; armado um acampamento em terra, 0 previdente vene- ziano mandou cavar trincheiras defensivas contra’ possiveis ataques dos canibais. Reini- ciada a viagem, éle estéve no Ceildo e na India, atingindo finalmente'a Pérsia, apés dois anos. : - Ao chegar a Veneza, depois de viajar du- rante 24 anos, Marco Pélo tomou parte numa guerra contra Génova, foi aprisionado, mas no carcere ditou um livr> a um outro prisioneiro (Rusticiano Da Pisa) narrando as aventuras que vivera. O livro 22spertou grande sensa- cao na Europa. Anos mais tarde aquelas pa- ginas seriam avidamente lidas por homens como Cristévéo Colombo e Vasco da Gama, incentivando-lhes o desejo de velejar também. Tumo ao desconhecido ASTROLABIO 0 Dominio los Mares [ARIAS e importantes descobertas ou in- vengoes-cientificas verificadas durante os Séculos XIII, XIV e XV deram ao homem, finalmente, 0 dominio dos mares. O uso da btissola se tornou generalizado; a agulha magnética, apontando sempre para © Norte, indicava aos navegadores em alto mar 0 rumo que estavam seguindo; tornava- se possivel, assim, manter a rota segura, mes- mo nos dias nublados e nas noites de céu en- coberto — quando o sol ou as estrélas ndo po- deriam servir de referéncia. Foi inventado 0 leme fixo, colocado a ré do barco, 4 maneira de uma barbatana, e po- dia ser movido para um lado e para 0 outro por meio de uma cana do leme manejada por um timoneiro postado acima, no castelo de pépa. Gracas ao novo tipo de leme, navios maiores e viagens mais segutas se tornaram possiveis. Em 1480, Martin Behaim adaptou o astro- labio ao uso maritimo; ésse aparelho, medindo a altura do sol ou de outro astro sébre o hori- zonte, possibilitara determinar-se a posi¢ao do navio. Construiram-se navios de trés mastros, mais faceis de governar contra 0 vento e, por tanto, mais velozes, podendo navegar d bolina, isto é, em ziguezagues, quando havia ventos contrarios, tao freqiientes no Oceano Atlanti- of Be Lt he 5 Ton wa LEME FIXO co. As possibilidades da navegacdo se amplia- vam de repente Essas inovagées marcaram o alvorecer da nova era dos grandes descobridores maritimos, © astrolabio planisférico 6 anterior a Ptolomeu, sendo sua invencao atribuida a Eudéxio de Cnido (cérca de 350 a.C.) e tam- bém a Apol6nio de Perga (cérca de 240 a.C.). £ um instrumento de origem grega, transmi- tido pelos arabes’ Europa. A balestilha, tam- bém para se tomar-a altura do sol, foi outro instrumento muito usado pelos navegadores. 13 INFANTE D. Henrique, de Portugal, estabeleceu em Sagres (num promon- torio situado no Algarve) uma espécie de es- cola naval, ao atrair navegadores, cartégrafos e construtores de navios para la, onde passa- ram a estudar mapas e livros de geografia, além de examinar e aperfeigoar varios ins- trumentos de nautica. De Sagres haveriam de se colhér precio- sos ensinamentos, aproveitados nas _viagens que o préprio D. Henrique depois facilitou a navegadores de sua confianca, enviados em expedicdes de importancia Ano apés ano aquéles homens reunidos em Sagres estudaram, tirando proveito das ATLANTICO NORTE ACORES 14 D. Henrique, o Navegador observacées anteriormente realizadas; levan- taram mapas de extensa parte do litoral Oeste da Africa, estabelecendo contacto com varios pontos da regiao; fundaram-se colénias nas Mhas de Pérto Santo e Madeira, descobriram as Ilhas dos Acéres e do Cabo Verde O Infante D. Henrique, que passara a ser apelidado de O Navegador, faleceu em 1460 Ele tornara Portugal a mais poderosa poténcia maritima da Europa. E 0 mundo inteiro Ihe ficaria a dever melhores navios e navegadores mais aptos. Algum dia, os que haviam apren- dido com os estudiosos de Sagres ensinariam a arte de nautica a um jovem chamado Cristé- vo Colombo. TRA ESCOLK DE SKGRES (M_ 1445, um navio portugués enviado pelo Infante D. Henrique ancorou em certa baia da costa da Africa, numa tentativa de es- tabelecer trocas de géneros com os habitantes, Mas nao havia gente a vista Um rapazinho da tripulagdo, de apenas 16 anos de idade, se propés a permanecer em terra, & espera dos habitantes da regiao, en- quanto o navio prosseguia na rota para o sul. Os demais tripulantes e 0 Capitao se ri- ram do jovem, que se chamava Joao Fernan- des, que no entanto insistia em ficar em terra, alegando que conhecia a lingua falada ali e que poderia fazer amizade com os nativos. «\tendido finalmente, Jodo Fernandes foi deixado na praia e seu navio seguiu viagem Um bando de némades, uns pasté Joao Fernandes centes ao povo dos berberes, passou por ali e capturou o jovem, mas, assim que éle lhes fa- Jou na prépria lingua déles (pois que a conhe- cia), trataram-no como héspede de honra Joao Fernandes se internou com aquéles pas- t6res no Deserto do Sara, encontrando povos menos amistosos; mas adotou vestes regionais e visitou diferentes tribos. Seis meses apés Joao Fernandes regressou a baia onde desem- barcara e foi depois recolhido por seu navio; obtivera muitas informagées titeis, e declarou aos seus superiores que poderiam adquirir com aquelas tribos excelentes mercadorias: ouro, peles, 14, manteiga, queijos, tamaras, Ambar, noz-moseada e éleo. O jovem Joao Fernandes tivera a prima- zia no estabelecimento de relacdes comerciais e amistosas com os hostis beduinos do Saara. 15 Bartolomeu Dias IS portuguéses continuaram a comerciar com os habitantes da costa ocidental da Africa, Todos os Capitaes queriam ir cada vez mais para o sul, e pouco a pouco o mapa do litoral africano se estendia. ‘Mas o Rei de Portugal os animava a irem mais longe. E certo dia incumbiu um dos me- Ihores Capitaes, Bartolomeu Dias, a tentar a descoberta de um caminho maritimo para as Indias, contornando o Continente africano. A essa época ninguém conhecia exata- mente o tamanho e a conformacao da Africa, acreditando alguns que o litoral continuava até as geladas regides polares. Bartolomeu Dias, levantando ancora em 1487, navegou durante muitos dias sem avistar terra. A tem- peratura baixava. Um vendaval desviou sua rota para este. Depois Bartolomeu péde na- vegar em busca de terra, chegando de repente uma costa que Ihe parecia ao.mesmo tempo este e.oeste. Rumando para este e depois para © norte, Bartolomeu Dias compreendeu que acabava de ultrapassar a extremidade Sul da Africa, dobrando 0 cabo que passaria a ser chamado de Boa Esperanca. 16 Estava aberta a porta para a descoberta de um novo caminho para as Indias E de se registrar aqui que j4 Estrabio, Pli- nio, Cornélio Nepos e Pompénio Mela haviam se referido a viagens de circunavegacéo da Africa, que consideravam como uma grande peninsula. Cristévao Colombo ISSIM como outros homens do mar de seu tempo, Cristévao Colombo ouvia falar da existéncia de uma grande terra gelada des- coberta por Leif Ericson, E Colombo achou que se tratava da costa extremo-oriental da Sibéria. E, se abaixo da Sibéria ficavam a China e 0 Japao, deduziu que navegando para Ocidente chegaria ao Oriente. Colombo explicou sua hipétese a diversas pessoas importantes, mas todos se recusavam @ aceité-la, pois representava um absurdo em face dos conhecimentos geograficos de entio. Finalmente os Reis Fernando e Isabel, da Es- panha, concordaram em ceder trés navios a Colombo, que desfraldou velas do porto de Palos, no ano de 1492 Os trés navios — “Santa Maria”, “Pinta” e “Nifia”, viajaram. semanas sem que os seus tripulantes vissem outra coisa senao mar e céu. Alguns dos marujos, temerosos, queriam se amotinar para exigir o regresso. Apenas a energia de Colombo péde obrigé:los & obe- digncia. Finalmente foram avistadas algumas aves e também troncos de arvores a flutuar Eram sinais de terra proxima. Certa noite, viram uma luz ao longe e Colombo afirmou que ao amanhecer veriam os tetos dourados dos templos de Cipanigo (Japéo). Mas na ma- nha seguinte desembarcaram em uma ilha ha- bitada por um,povo de pele bronzeada. Colom- bo estava convencido de que se achava perto da China, e dali partiu, de ilha em ilha, bus- cando uma passagem. Escasseando os viveres, teve de voltar A Espanha. Colombo féz ainda trés outras via- gens As terras que descobrira, sempre com 0 objetivo de chegar & China. E morreu sem sa- ber que descobrira o Continente mais rico de todos quantos ha sébre a face da Terra Joao Cahot NOTICIA da descoberta de Colombo desagradou ao Rei Henrique VII, da Inglaterra, 0 qual havia negado apoio a Joo Cabot, outro navegador que se propusera igualmente a encontrar 0 Oriente viajando para Ocidente. Em todo caso, nao era tarde ANDIAS OCIDENTAIS Pe demais, pois Colombo nao conseguira ainda chegar & China ou ao Japao ( Rei reconsiderou, portanto, a sua deci- sao anterior e mandou que se preparasse uma expedigao. Assim, Jodo Cabot partiu de Bris- tol em 1497 para encontrar uma passagem rumo ao Oriente. Seguindo 0 rumo norte, passou pela Islandia, virou para oeste e foi to- car na Groenlandia, dai descendo para o sul costeando a América do Norte, possivelmente na altura da Terra Nova. Cabot nao viu séres humanos naquele litoral, mas encontrou ar- madilhas para caga de pequeno porte e uma agulha de osso apropriada para se tecerem rédes de pesca. O mar era to rico de ba- calhau que facilmente se apanhavam désses peixes por meio de céstos atados de um lado e outro do navio Joao Cabot voltou A Inglaterra como um heréi. E partiu de novo no ano seguinte, agora com cinco navios, com o plano de cruzar 0 Atlantico e velejar no rumo sul até encontrar aChina. Mas parece néo ter ido além da Baia de Baffin (nome atual) Posteriormente, franceses, portuguéses, holandeses e ingléses enviaram expedicdes & Terra Nova, para pescar bacalhau. A descoberta de Jodo Cabot dera, portan- to, dois resultados: a colonizagao inglésa da Norte-America e 0 inicio de uma nova indti tria de pesca. Vasco da Gama INQUANTO Colombo e Cabot estavam ainda tentando chegar ao Oriente via- jando para oeste, os portuguéses mandaram para o sul uma frota sob 0 comando de Vasco da Gama. O experiente nauta portugués navegou durante cérea de 100 dias sem ver terra, até que atingiu 0 Cabo da Boa Esperanea, que éle dobrou para costear o litoral africano do ou- tro lado, aportando quando necessario para renovar os viveres e a racdo de Agua. A tri- pulacao havia sido atacada de escorbuto, uma espécie de moléstia causada (pela auséncia de vitamina C no organismo) por 'falta de ali- mentos frescos. Em Mocambique, 0 Sultéo mandou atacar a frota de Vasco da Gama, mas o estampido das armas de fogo dos portuguéses os pds em fuga. Apés 10 meses e 14 dias, em maio de 1498, os portuguéses langaram ancora em Calicut, na costa de Malabar, na India. Ha- viam realizado a mais extensa viagem mariti- ma até entio. Ao voltar, Vasco da Gama levava grande carregamento de especiarias, pedras precio- sas, sédas e vasos de ouro e prata, além de um pesado idolo: indiano feito de ouro macico cujos olhos eram duas esmeraldas e tendo um rubi no peito. Vasco da Gama abrira a nova rota mari- tima para as Indias. 19 Américo Vespiicio E onde se tirou 0 nome de América para © Novo Mundo? Por que néo recebeu a denominacao de Colémbia, por exemplo, numa homenagem a Crist6vao Colombo? Colombo ficara convencido de que desco- brira ndo um novo Continente mas um arqui- pélago que se interpusera no seu caminho para o Oriente. Joao Cabot incidira na mesmé errénea suposicao, pois depois de tocar no li toral da América do Norte informara tratar- se da costa oriental da Sibéria. Ninguém tivera a idéia de que se tratava de um outro Continente, até que Américo Vespiicio, piléto florentino, féz uma viagem 20 ATLANTICO SUL de exploragio pela costa da América do Sul ¢ divulgou que descobrira a Venezuela para a Espanha, em 1497, e a baia do Rio de Janeiro, onde estivera com os portuguéses em 1502. © piléto compreendeu que havia chegado a ‘um outro Continente. Ja em 1500 o portugués Pedro Alvares Cabral tomara posse da terra de Santa Cruz, que receberia depois o nome de Brasil Américo Vespiicio escreveu muito sobre as novas terras, 0 Novo Mundo, pelo que se tornou mais conhecido do que Cristévao Co- lombo. Todos passaram.a falar na Terra de Américo, expressio mais tarde simplificada para América. Assim sendo, o nome de América foi de- pois confirmado em homénagem ao que pri- meiro publicou informagées sébre a desco- berta. \ ESPANHA estava enviando constante- mente navios para explorar e coloni- zar 0 Novo Mundo. Vasco Nufiez de Balboa, embarcado em um désses navios, se fixou na costa do Panamé, logo sendo elevado a Gover- nador da colénia. Tendo feito prisioneiros em combates contra os nativos, Balboa os interrogou e ficou sabendo da existéncia de um grande mar do outro lado das montanhas, a ceste. Imaginan- do tratar-se do oceano que Colombo buscara para chegar & China, logo se lembrou das quase lendarias riquezas da China e do Japao. Com 190 espanhois e 1000 escravos nati- ‘vos, Balboa empreendeu a marcha através das inéspitas florestas tropicais e, as elevadas montanhas do Panam. Teve de enfrentar febres palustres e os ataques dos selvagens que os alvejavam, nos desfiladeiros, com fle- chas envenenadas. ‘Ao atingir 0 cume do Monte Darien, Bal- boa divisou 0 magnifico espetdculo oferecido pelas aparentemente serenas Aguas azitis de um oceano. Emocionado, Balboa se ajoelhou ¢ elevou o seu pensamento a Deus. Quatro dias mais tarde, no dia 29 de se- tembro de 1513, Balboa chegou a praia, e, Jevantando a espada declarou tomar posse daquele oceano em nome do Rei da Espanha. Estava descoberto 0 oceano que Fernao de Magalhaes chamaria depois de Pacifico. Francisco Serrano IS lendas da existéncia’ das chamadas Thas das Especiarias inflamavam a imaginagéo dos portuguéses ja anteriormen- te A travessia do Atlantico. Mas antes que éles pudessem navegar em busca das ma- ravilhosas ilhas, tinham de normalizar a situagao nas Indias, onde os seus barcos esta- vam sendo atacados nos portos e seus homens eram mortos em tumultos de ruas. Enviaram- se armadas poderosas e em pouco a costa de Malabar estava conquistada. ‘As Ilhas das Especiarias distavam do Oriente da India, ficando para além do estrei- to de Mélaca, mas a passagem estava sob o contréle de nativos inamistosos que tinham de ser derrotados, se Portugal desejava de fato estabelecer comércio com as Ihas das Espe- ciarias. Os portuguéses atacaram Mélaca, le- vando 1400 homens de armas em 19 navios Dois soberanos nativos se aliaram para a luta, mas apesar disso os portuguéses safram ven- cedores. Abria-se a derradeira porta no cami- nho para o Extremo-Oriente. Em 1511, Francisco Serrano transpés 0 estreito e foi procurar as fabulosas terras dos craveiros e dos moscardeiros. Francisco Ser- ano estava tao entusiasmado que escreveu ao seu amigo Magalhies dizendo haver descober- to um novo mundo ainda maior e mais rico do que 0 encontrado por Vasco da Gama. 22 Fernao de Mayalhaes /ECEBENDO a carta de Francisco Serra- no, em Portugal, Fernao de Magalhaes ficou interessado no assunto referente as Iihas das Especiarias. E refletiu que se pu- desse ir téo longe quanto o seu amigo, entao éle seria capaz de encontré-las. Fernéo de ‘A ROTA DE PERWKO DE MAGALHRES Magalhaes pensou na hipétese de haver uma passagem ao Sul da América. E féz uma proposta ao Rei da Espanha, que lhe cedeu cinco navios. Magalhaes partiu da Europa em 1519, e velejou para o sul, tocou o litoral da América e continuou, foi descendo sempre, até que afinal viu uma ampla passa- gem pela qual entrou, seguindo para oeste Ao ultrapassar o que éle ndo sabia ainda ser uma baja, a foz de um rio ou um estreito, che- gou a um imenso oceano que lhe pareceu tao tranqiiilo que éle lhe deu o nome de Pacifico. Velejando para oeste, Magalhaes atraves- sou 0 Oceano Pacifico em 98 dias. Os viveres se acabaram, varios tripulantes morreram, mas éle chegou 4 ilha atualmente chamada de Guam, nas Filipinas. Atacado pelos selvagens, Magalhaes foi mortalmente ferido por lancas de bambu. O restante da tripulacao prosse- guiu viagem pelo Oceano Indico e contornou a Africa para, afinal, atingir a Espanha, Um unico navio e sémente 18 homens tinham so- brevivido, naquela emprésa que féra a maior da histéria da navegacao. Ferngo de Magalhaes havia provado a esfericidade da Terra Os portuguéses “Passaram ainda além da Taprobana” (Cambes “Os Lusladas”) © nome Taprobana aplicou-se, no Século XVI, a Ilha de Ceildo e a Ilha de Samatra. A Taprobana do Canto I de “Os Lusiadas” é Samatra; a do Canto X 6 Ceilao. No Atlas de Nordenskjéld 0 nome de Taprobana indica a Tha de Samatra. 23 Fernao Cortez /ERNAO Cortez (em espanhol Hernan Cortés) desembarcou no litoral do ‘México em 1519 para estabelecer uma colénia. Ele esperava tomar dos nativos todo o ouro que por acaso tivessem, mas ficou surpreen- dido com a magnificéneia dos presentes que the enviou Montezuma, Imperador dos aste- cas; uma centena de escravos ricamente carre- gados de tecidos, ouro em pé, estatuetas de aves e outros animais sagrados, bandejas enor- mes — muito ouro! Estonteado ante tamanho esplendor, Cor- tez mais do que nunea ficou decidido a subme- ter aquéle povo e a se apossar das suas rique- zas. Para se assegurar de que os seus coman- dados nao poderiam desertar, voltando para bordo, mandou incendiar os navios. Sangrentas batalhas foram travadas an- tes que 0s espanhéis pudessem se aproximar da Capital do Império de Montezuma (nos arredores da atual cidade do México) Aprisionado o soberano asteca, os espa- nhéis ficaram temporariamente senhores do paldcio imperial. les haviam descoberto uma antiga civilizacdo; a cidade era bela e bem construida, com bem feitos canais, tem- plos e majestosas piramides. O povo contava com artifices muito habeis, e os conhecimen- tos de medicina dos curandeiros em alguns setores superavam os dos médicos europeus ‘Mas o que interessava a Cortez eram 0 ouro e as pedrarias Depois de indescritiveis peripécias, pode Cortez atravessar Honduras até A costa do Pacifico, de onde enviou navios para explorar o litoral da Califérnia a ‘Modificavam-se os contornos do mapa do Novo Mundo Tocalizacao de Caboca de Vace OcEANO ATLANTICO Al Procura do El-Dorado ARIOS espanhéis vieram ao Novo:-Mundo & procura do El-Dorado, um pais lendé- rio cujas ruas, dizia-se, eram pavimentadas com ouro. Um_désses. pioneiros, Francisco Coronado, em 1540 partiu do México, por terra, indo até ao atual Estado de Kansas, nos Estados Unidos. CCABECA DE VACA ENTRE 0S PUEBLOS Quase simultineamente Hernando de Soto partia da Flérida para o territério que hoje constitui os Estados da Carolina do Norte e da Carolina do Sul, atravessando as grandes pradarias centrais. Apesar de ter fracassado na busca ao ouro, Hernando de Soto ficou fa- moso pela descoberta do Rio Mississippi. Cabeca de Vaca (em espanhol Cabeza de Vaca) foi outro cacador de tesouros Naufragou na costa do México, perdeu o in- terésse pelo ouro e viveu feliz entre os nati- vos durante oito anos, indo de aldeia a aldeia para comprar conchas, cana-de-aciicar, ocre para tintas e peles. Certa vez, tendo extraido a ponta de uma flecha do peito de um guerrei- To, passou a ser considerado como verdadeira divindade e'o seguiam as centenas No litoral ocidental do México um grupo de espanhdis mercadores de escravos capturou alguns dos seguidores de Cabeca de Vaca, © qual, angustiado, nao descansou enquanto no os libertou. Mais tarde éle escreveu um livro s6bre 0. povo entre o qual vivia. Foi o primeiro homem branco a informar da exis- téncia de biifalos (bisontes) no Sudoeste, e foi 0 primeiro a falar nos indios pueblos 25 A Nova Franca IM 1584 a Franca enviou Jacques Cartier para, através do Atléntico, encontrar uma outra rota para as Indias. Cartier desco- briu o Rio Sdo Lourengo e regressou com a desalentadora informacao de que os peles-ver- melhas eram pobres e no possuiam ouro. Sessenta anos depois Samuel Champlain foi mandado a fazer reconhecimento na re- gido do Sao Lourenco. Champlain féz amiz de com os indios, aliando-se a éles por ocasiio de guerras contra tribos inimigas. Com a ajuda de guias peles-vermelhas, descobriu o Lago Champlain e 0 Lago Ontario, e estabe- leceu uma colénia de franceses mercadores de 26 peles no local onde agora se ergue a cidadé de Quebec Cartier e Champlain como que tinham aberto um caminho para a Nova Franca um caminho ao longo do qual muitos pioneiros franceses chegariam & conquista de uma apre- cidvel parte do Continente. Pierre Esprit Radisson foi um désses pio- neiros, 0 primeiro europeu a chegar ao vale do Mississippi Superior, e 0 primeiro a desco- brir os vastos pinheirais e as florestas de abe- tos do Canada. Jacques Marquette e Louis Joliet desce- ram o Mississippi até ao Rio Arkansas e volta- ram. Nove anos mais tarde, em 1682, René R. C. de La Salle explorou a regio do Missis- sippi Inferior cuja foz, no Gélfo do México, encontrou. Foi ai que La Salle em nome do Rei Louis tomou posse do Vale do Mississippi, Vale ao qual deu o nome de Louisiana. l JOS indios do Panama os espanhéis obti- veram a informacao da existéncia de uma “terra do ouro” no lado Oeste da Améri- ca do Sul. Partindo do Panama, pelo Pacifi- co, Pizarro estava decidido a conquistar a fa- bulosa terra, e levou trés anos a encontrar 0 pais dos incas, hoje conhecido pelo nome de Peru. ‘Com uma reduzida tropa de 240 homens, ¢ apenas 37 cavalos, Pizarro se internou pelas montanhas onde viviam 22 milhGes de incas. A boa sorte o protegeu; por meio de um ardi éle capturou o Imperador Ataualpa, que ten- tou obter o resgate prometendo encher de ouro 0 aposento, onde se encontrava préso, até a altura que Pizarro pudesse alcancar, de pé, com a mao levantada. O espanhol aceitou a Proposta, apoderou-se do ouro e condenou & Francisco Pizarro morte o Imperador, passando a tiranizar 0 povo. Pizarro descobrira mais que ouro, pois iria revelar & Europa admirada uma antiga civilizagao do Novo Mundo. Entre os incas havia habeis cirurgides, eximios artistas e si- bios; seu calendario era mais exato do que o usado na Europa; suas obras de engenharia eram incontaveis, assinalando-se os canais de irrigacdo, pontes pénseis por sdbre os abismos dos Andes, além de bem pavimentadas estra- das. A arquitetura, por outro lado, era im- pressionante. © Império dos incas caiu em poder dos espanhéis avidos de ouro, em 1532. O Peru passava a pertencer & Espanha, mas infeliz- mente uma admiravel civilizagao acabava de ser varrida da face da Terra LERRRO NO PERU Pee BE “Francisco de Orellana PESAR da imensa quantidade do ouro obtido com a conquista do Peru, os es- panhéis nao estavam satisfeitos. Por isso é que Francisco de Orellana teve a misso de transpor a Cordilheira dos Andes e buscar mais. A expedicdo ficou sem viveres, pelo que Orellana construiu uma embarcagio e nela partiu com 57 de seus homens navegando em um largo rio que descia pelo lado oriental da montanha. Queriam buscar alimentos. Nada encontraram. E a correnteza era tao forte que Orellana nao péde voltar. Fa- mintos, éle e seus homens tiveram de devo- Tar os cintos e as botas; as vézes se aventura- vam nas selvas A procura de raizes. {ndios mansos os encontraram, dando-lhes como ali- mento tartarugas, peixes, felinos e macacos Os espanhéis permaneceram na aldeia até conseguirem construir uma outra embarca- Go, empregando cipés em lugar de cordas e cobertores em vez de velas. - Semana apés semana continuava a via- gem rio abaixo. Batidas de tambores anuncia- vam a sua aproximacao. E nao raro numero- sas canoas repletas de guerreiros tentavam barrar-lhe a passagem Para conseguir alimento, os espanhéis tinham de atacar as aldeias das margens e car- 28 regar com quanta carne e milho pudessem le- var. Em certa aldeia viram éles que mulhe- res dirigiam os homens no combate. Foi dés- se incidente que aquéle rio recebeu o nome de Rio das Amazonas (amazonas — eram assim chamadas as mulheres guerreiras da Citia, na mitologia grega) “Francisco de Orellana foi o primeiro eu: ropeu a atravessar a América do Sul e o pri meiro a navegar no Rio Amazonas. ORELLANA TRANSPOE O§ ANDES Richart Chancellor INGLATERRA ambicionava também uma parte nas riquezas do Leste. Ela havia observado como Portugal e a Espa- nha tinham encontrado novas rotas comerciais para o Oriente navegando para o Sul. Por que nGo poderia acontecer a mesma coisa se se na- vegasse para o Norte? A procura désse caminho, trés pequenos navios partiram da Inglaterra em 1553. Na- vegando quase sem visibilidade pelos alean- tilados fiordes da Noruega, foram colhidos por uma tormenta. Dois dos navios se perde- ram. Richard Chancellor, no comando do ter- ceiro, prosseguiu. E foi viajando, sempre para o norte Finalmente entrou em um mar onde o sol ja- mais se punha e onde no havia noite. Aqué- Ie era o Mar Branco, que banha a costa norte da Russia. Desembarcando, Chancellor via- jou em uma tréica (espécie de trend puxado por um ou dois cavalos, com deslizadores em lugar de rodas) para o Sul do pais, a fim de visitar 0 Czar. Resultou dessa viagem um tratado comercial entre a Russia e a Ingla- terra Chancellor foi, portanto, .o descobridor de um caminho para o Oriente passando pelo /ENRY Hudson entrou na (atualmente) Baia de Nova York em 1609. Navega- dor ao servigo da Holanda, éle empreendia a va de encontrar um caminho maritimo para o Oriente que passasse pelo meio do Novo Mundo. Em terra, Hudson recebeu presentes dos indios, que lhe deram félhas verdes de ta- baco, enquanto as mulheres tiravam longas baforadas de seus cachimbos de cobre. Hud- son, porém, examinava com interésse maior o Henry Hudson volume das aguas que desembocavam na baia: viriam elas através de uma passagem que le- vava ao outro lado do Continente? Hudson reembarcou e navegou para o norte; levou 17 dias de viagem ininterrupta até se convencer de que se tratava apenas de um caudaloso rio. No ano seguinte os ingléses contrataram. Hudson para que encontrasse outro caminho para as Indias. Dessa vez éle se dirigiu para norte, descobrindo no litoral do Canada a grande baia que hoje leva o seu nome. Antes que pudesse voltar, Hudson viu se congelarem as aguas da bafa, tendo de ali permanecer, éle e sua tripulacao, durante um longo inverno, passando por téda espécie de privacées. Hudson estava disposto a prosseguir, quado chegou a primavera. Mas os viveres eram t&o poucos que os tripulantes protesta- ram, amotinando-se e se apossando do navio Hudson foi préso e, depois, juntamente com alguns ‘doentes, deixaram-no num bote que abandonaram & deriva. Meses mais tarde, ao chegarem a Inglaterra, os amotinados foram punidos severamente. Um rio e uma baia perpetuam 0 nome de Hudson, 0 qual havia deixado um traco da Holanda na América. A respeito de Hudson, porém, nada mais se soube; éle desapareceu entre os “icebergs” e os nevoeiros do Oceano Artico. ILHA-continente da Australia era co- nhecida dos chineses e malaios muito antes de os europeus visitarem 0 Extremo- Oriente. Navegantes portuguéses e espanhdis, foram os primeiros a chegar a aguas orientais. Biles queriam fazer ricos carregamentos na China e nas Ithas das Especiarias. Nao esta- vam interessados em exploracdes de carater simplesmente geografico, e nenhum déles chamou a si'a prioridade da descoberta da ‘Australia. Assim, um cartégrafo chamado Corneille Wytfliet assinalava em um mapa que 0 litorai australiano era quase nada co- nhecido e que apenas navios desviados da rota por tempestades o visitavam. A primeira noticia formal sdbre a Austré- lia foi devida a Willem Janszoon, um holan- dés que por lé estivera em 1606. Em 1623 a Holanda incumbiu Jan Carstensz de explorar © pais; Carstensz 0 descreveu dizendo ser séco e desértico na sua maior parte, habitado por um povo miseravel e atrasado que vivia em choupanas feitas de arbustos. O primeiro europeu a chegar a Ausirélia foi possivelmente um marinheiro portugues Ievado pelo mau tempo. Quem era éle, no entanto, isso permanece um dos mistérios im- penetraveis na hist6rie dos pioneiros e des- cobridores. : Recorde-se que os navegadores portugué- ses haviam pasado 0 Equador, em 1471, no Quem Descobriu a Australia? ‘RwusTRALIA fundo do Gélfo de Guiné; em 1487 Bartolo- meu Dias irrompera no Oceano fndico; e em 1511, depois da tomada de Mélaca, Anténio de Abreu se aventurou pelo Oceano Pacifico, em demanda das I1has Molucas (ou Malucas), arquipélago situado na Maldsia. — A Malésia, composta de mais de 7 mil ilhas e ilhotas, é também chamada de Insulindia, Indomalasia e Indonésia; suas ilhas maiores séo Samatra, Java, Bornéu, Célebes, Molucas e Filipinas. 31 Tasman UAIS seriam as dimensdes da Australia? E a sua conformacao? A Holanda encarregou o navegador Abel Janszoon Tasman de encontrar as respostas a essas perguntas, em 1642. Tasman velejou a Oeste de Java e para o Sul, pelo Oceano Indi- co, aproando em seguida para Este Entéo, verificou-se um fato curioso: a Australia ndo estava onde se supunha que es- tivesse! ‘Tasman nGo avistou terra no decorrer de varios dias. Finalmente éle deu com o litoral de uma ilha (hoje chamada de Tasmania) ac Sul da Austrélia, mas o holandés supés que aquilo fazia parte do Continente australiano. Prosseguindo para este, Tasman avistou uma terra de elevadas colinas e montanhas (a Nova Zelandia). Ao ancorar em uma baia, seu navio foi atacado por selvagens que mata. ram varios dos tripulantes de Tasman antes de serem rechacados. Tasman velejou para 0 norte, no Pacifico, deteve-se nas Ilhas de Ton- ga ede Fiji, retornando a Java. Ele contorna- ra a grande ilha-continente que fora encarre- gado de explorar, mas nao a vira Tasman, no entanto, nao empreendera aquela viagem em vao: éle provara que a Australia nao estava ligada a um Continente antartico. Bering CZAR Pedro, o Grande, da Russia, queria saber se a Asia e a Norte- América se juntavam no extremo Norte. E ordenou a Vitus Bering que fésse costeando a Sibéria e descobrisse onde comegava 0 Con- tinente americano. Organizada a expediefo, Vitus Bering e seus bomens deixaram Sao Petersburgo no fi- nal do inverno, viajando de tréicas. Durante & primavera aproveitaram rios navegaveis, transportando os barcos ao ombro ao terem de passar de um rio para outro. Houve mon- ‘BERING NA COSTA DR SIBERIA tanhas a transpor, extensas planuras e cerra- das florestas a atravessar. Foram precisos dois anos para completar ‘as 6 mil milhas até chegarem a costa da Sibéria, no Oceano Paci- fico. Entéo os expediciondrios construiram um navio, sélido bastante para enfrentar ma- res desconhecidos, e bravios, certamente. Bering levantou ancora no verio de 1728. Alguns esquimés embarcaram no navio, e por suas indicagdes Bering chegou a uma ilha a que chamou de Sio Lourenco; continuando a costear a Sibéria, observou que bem ao norte 0 litoral seguia para oeste; estava ali a respos- ta procurada: A Asia e a América no eram ligadas. Inesperadamente Bering descobrira 0 es- treito que foi batizado com o seu nome. James Cook AVEGAR no Pacifico era perigoso por- que significava uma viagem longa du- rante a qual os homens sucumbiam a um t rivel mal: 0 escorbuto. Mas em 1769 0 Capi- tao James Cook acabou com as possibilidades de um surto dessa moléstia de caréncia (isto &, de falta de vitamina C) insistindo em trés providéncias: manter o navio limpo; fazer todos a bordo ingerir bastante caldo de limio; estabelecer uma dieta de frutas e outros ali mentos frescos sempre que tocava em terra. Gracas a ésse método, o Capitao Cook péde levar anos explorando 0 Pacifico sem que um sé de seus tripulantes fésse atacado de escorbuto. Na sua primeira viagem, éle descobriu que a Nova Zeléndia se constituia na realidade de duas grandes ilhas e se demo- 34 rou seis meses levantando mapas de 2400 milhas de litoral. Chegou também a costa oriental da Aus- tralia. Seu navio sofreu avarias ao bater em um banco de coral, tendo que ser levado para um improvisado dique Séco a fim de sofrer re- paros. Enquanto isso, 0 Capitao Cook, acom- panhado de alguns de seus homens foi tentar abater alguma caca, ocasiéo em que pela pri- meira vez viu um canguru Em viagens subseqiientes, o Capitao Cook explorou a Antirtida e levantou mapas de parte da costa Norte-Americana e de muitas ilhas do Pacifico, incluindo as do arquipélago do Havai. No Havai mesmo, durante uma re- frega contra os nativos, Cook foi ferido; éle poderia ter-se salvo, mas nao sabia nadar e morreu afogado. O Capitdo James Cook é considerado 0 maior navegador do Século XVIII, por ter explorado a mais extensa area do Oceano Pacifico. Alexander Mackenzie [UANDO as colénias americanas conquis- taram a independéncia, a Inglaterra desviou o seu interésse para os ermos do Cana- da, 0 que deu inicio a uma série de expedices. Alexander Mackenzie, trabalhando para uma companhia de mercadores de peles, seguiu 0 Rio Mackenzie (nome dado posteriormente) de suas cabeceiras & foz, no Oceano Artico. Depois tentou chegar ao Pacifico. Na primavera de 1793, com seis franco-canaden- ses e dois indios éle seguiu pelo Rio da Paz (Peace River) em uma canoa, atravessando por pradarias onde pastavam numerosas mana- das de biifalos e de alces selvagens; passou por espéssas florestas de bétulas, abetos e dlamos. Nas regides rochosas, a correnteza era muito forte e os viajantes freqiientemente tinham de caminhar pelas margené levando a canoa a sirga, quer dizer, puxando-a por meio de cordas; em outras ocasides, a embarcagdo ea carga tinham de ser transportadas por tér- ra, a fim de se contornar os répidos (corre- deiras) perigosos. Mas aquéles pioneiros eram experimentados e tinham recurso para tudo. Indios amigos os guiaram até a um outro curso de 4gua que corria para oeste, mas as corredeiras numerosas acabaram por despe- dagar a canoa. Outra foi construida. Outros rios foram navegados. E os pioneiros chega- ram finalmente ao Pacifico em julho de 1793. Pela primeira vez europeus haviam atravessa- do a Norte-América - ExPEDIGKo De MACKENA 35 IM algum lugar, no coragio da Africa, estava o Rio Niger. Herédoto sabia disso 2.000 anos antes. Os arabes 0 mencio- navam. Nao obstante, até ao Século XVIII, sua localizacdo foi um mistério. Os que ten tavam encontré-lo ou fracassavam ou nao re- gressavam. Um jovem escocés chamado Mun- go Park iniciou uma viagem de pesquisa em 1795. Partiu de Gambia, no litoral ocidental africano, e rumou para o Este, a cavalo, prote- gido por um guarda-sol. Por meio de presentes de mbar e de ta- baco, Mungo Park conquistou a amizade de chefes de tribos dos negros ao longo do per- curso. Freqiientemente assaltado por ladrées, passou a viajar noite. No deserto, os mouros © aprisionaram, mas éle fugiu, enfrentando a imensidao das areias escaldantes e sem levar 4gua nem alimentos. Exausto, febril, Mungo Park caiu. Parecia o fim. De repente, como que miraculosamente, comegou a chover tor- rencialmente. Mungo Park matou a séde e prosseguiu, chegando a uma floresta. Os negros 0 acolheram e éle recuperou as foreas; depois alguns guias o levaram a um caudaloso rio que corria de oeste para leste Mungo Park ‘MONO PARK Era o Niger! Aonde iria? Os selvagens, a essa pergunta, respondiam que “ao fim do mundo”, Mungo Park voltou & Inglaterra onde 0 receberam triunfalmente, pois fora éle o pri- meiro homem branco a ver o misterioso Rio Niger, 0 terceiro dos mais importantes rios africanos. OUCO depois da revoluggo americana, mercadores de Boston enviaram 0 Ca- pitao Robert Gray em uma viagem de circuna- vegacao passando pelo Cabo Horn (na extre- midade meridional da América do Sul) para realizar 0 coméréio de peles com os indios da costa norte-americana do Pacifico. O Capitao Gray descobriu 0 Rio Colimbia em 1792 Onze anos mais tarde os Estados Unidos com- praram da Franca a Louisiana [LEWIS E CLARK CHEGAM AO PACiFICD Lewis e Clark Para explorar aquelas vastiddes, e para consolidar a autoridade dos Estados Unidos sobre os territérios da costa do Pacifico, 0 Presidente Thomas Jefferson mandou que se organizasse a expedigéo chefiada por Lewis e Clark Partiram éles pelo Rio Missouri em maio de 1804 e foram cqnstruir um acampamento de inverno onde é hoje o Dakota do Norte. Oito amplas canoas foram feitas e nelas éles desceram o rio aproveitando a correnteza do degélo na primavera. Manadas de biifalos e alees podiam ser vistas nas margens, e tio mansos eram ésses animais que muitas vézes os biifalos tinham de ser enxotados dos acam- pamentos, quando os pioneiros paravam para pernoitar. Em certo ponto Lewis e Clark compra- ram cavalos dos indios shoshones e cavalga- ram até atingirem o Rio das Aguas Claras (Clearwater River), em cuja margem troca- ram os cavalos por algumas canoas de indios e navegaram para 0 Rio Coliimbia. A 7 de novembro de 1805 Lewis e Clark deram sua primeira olhada ao Oceano Pacifico. Tinham despendido 18 meses a atravessar metade do Continente A misséo de palmilhar o Oeste e assegu- rar a soberania dos Estados Unidos na costa ocidental estava cumprida. 37 Nova Espécie de Deshravatlores A pelo fim do Século XIX um mapa-mun- di j4 se parecia muito com os de hoje. Continentes e ilhas eram conhecidos. Cold- nias imimeras prosperavam por téda parte. No setor dos descobrimentos parecia que nada ficara por encontrar ‘Mas os cientistas tinham outra idéia dis- so, pois sabiam que os segredos da Terra tém de ser duramente pesquisados. Organizaram- se expedices cientificas. Os franceses envia- ram sébios 4 Lapénia e ao Peru, provando de- pois que o globo terrestre nao é uma esfera perfeita, mas um geéide, achatado nos. pélos e de maior diametro na regido da linha equa- torial, por causa do movimento de rotacao da ‘terra. O naturalista inglés Charles Darwin, com uma expedicaéo ao redor do mundo, em 1831, estudou plantas, animais e séres huma- nos; recolheu rochas, conchas e insetos, tomou notas sdbre aves, desenterrou fésseis, estudou © moreégo-vampiro e também uma planta mis- teriosa que se encolhe quando tocada (a plan- ta é a sensitiva, Mimosa Pudica) Charles Darwin passou longa temporada nas ilhas do Pacifico. E 9 resultado de tantos estudos e de tantas pesquisas foi a Teoria da Evolucdo das Espécies. 38 Abria-se um novo mundo para os desco- bridores: 0 dos pioneiros da Ciéneia Moderna. Poucos anos depois o Brasil teria varios désses titds da Humanidade: Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Alberto de Santos-Dumont, Adolfo Lutz, Francisco de Castro, Nina Rodri- gues, Arnaldo Cathoud e tantos outros, como Miguel Couto, Cardoso Fontes, Irineu Evange- lista de Souza ( Visconde de Maud). Nos sertdes do Brasil Central, os desbra- vadores Joao Alberto Lins de Barros e os ir- mos Villasboas plantavam os marcos da Civi- lizacdo, animados pelo exemplo de Rondon. Joao Alberto Lins de Barros empreendeu, além disso, duas expedicdes cientificas & Ilha da Trindade (brasileira), David Livingstone UANDO David Livingstone, -médico e missionario escocés, chegou a Africa do Sul, em 1841, pouco se conhecia do Continen- te negro. Livingstone viu os homens e mulhe- res de sua Missdo serem capturados pelos mercadores de escravos, que matavam os que tentavam resistir e destruiam as choupanas; © missiondrio ficou desgostoso e teve de se in- ternar na Africa para estabelecer uma outra Missao. Mas a sua fibra de pioneiro da Ciéncia era maior que,a vocagao de missionario, e éle continuou através de pantanais e de desertos e florestas, entre frutos, fléres, aves e qua- drapedes exéticos. E ia medicando os doen- tes. Os selvagens Ihe devotavam amizade quase Supersticiosa, falando sobre éle a tribos distantes, por meio do misterioso cédigo dos _tambores ‘Ao seguir 0 curso do Rio Zambeze (que nasce no monte Kaomba com o-nome de Rio Liambai), Livingstone descobriu a hoje famo- sa catarata de Vitdria, que cai de uma altura de 140 metros por 2 mil metros de largura, entre a Rodésia do Norte e a Rodésia do Sul. Nuvens de agua pulverizada apresentam ma- ravilhoso efeito de arco-iris, conforme a posi- 0 do sol. Livingstone descobriu, ainda, varios lagos e foi o primeiro homem branco a atra- vessar a Africa. Estéve desaparecido durante alguns anos, e foi quando um repérter do “New York Herald”, Henry Morton Stanley, partiu a sua procura. Livingstone, doente e envelhecido, foi encontrado mas se recusou a voltar & Civili- zacao. Seus livros e suas descobertas haviam- no feito mundialmente famoso, mas éle pre- feriu terminar os dias onde empregara a maior parte de sua vida I'VERSOS tinham sido os navegadores a tentar uma viagem para o Oriente, vele- jando pelo Norte da Europa e da Asia. O Barao Nils Adolf Erik Nordenskjéld achou que pode- ria ser bem sucedido onde outros haviam fa- Thado : Com um grupo de cientistas a bordo, e viveres para mais de dois anos, éle partiu da Suécia no vapor “Vega” em julho de 1878. Dobrando 0 Cabo Norte, rumou para leste costeando 0 litoral do Artico e péde navegar varios dias em aguas livres de gélo. Animado, ancorou em Pérto Dickson e ali passou alguns dias cacando ursos polares e renas. No dia 20 de agésto dobrou 0 Cabo Chelyuskin, no ex- tremo-norte da Asia. Nordenskjéld esperava chegar ao Japao em dois meses, mas os nevoeiros e os “ice- bergs” o retardaram. Comecou a navegar. O “Vega” estava apenas a 120 milhas do Es- treito de Bering quando o mar se congelou, aprisionando o barco em um bloco de gélo du- rante 0 inverno. O “Vega”, felizmente, era sélido e bem aquecido. Havia viveres de so- bra. Os viajantes. passaram 0 inverno com os esquimés do litoral. S6 a 18 de julho pude- ram reiniciar a viagem, chegando dois dias depois ao Estreito de Bering, que logo atra- vessaram. O Baro Nordenskjéld foi o primeiro a realizar o grande feito. 40 (0 -VEGK" No OCzANO ARTICO Rohert E. Peary OBERT E. Peary, da Marinha dos Esta- dos Unidos, passou longo tempo se pre- parando para uma ousada aventura: éle que- ria ser o primeiro a chegar ao Pélo Norte. Durante anos de exploragio nas regides articas, Peary aprendera muito com os esqui més, entre os quais vivera, na Groenlandia, adestrando-se no uso de roupas esquimés e na arte de cuidar de ces de tiro e trends. Apren- dera a construir iglus ( casas hemisféricas de blocos de gélo) menos frias que as tendas de Jona, e que nfo tinham de ser arrumadas e transportadas. Depois disso, Peary treinou alguns homens escolhidos, contratou esqui- més seus amigos e, no verdo de 1908, deu or- dem de partida ao seu navio de abastecimen- to, que rumou para a costa norte da Groen- landia. Peary sabia que outros exploradores ti- nham feito a tentativa nos meses calidos do verao, quando 0 gélo se apresentava quebra- dico e perigoso. E haviam sido mal sucedidos. Por isso éle partiria para 0 Pélo no proximo inverno Compunha-se a expedicao de 24 homens, levando 19 trenés e 123 caes amestrados. Os doentes ou feridos eram recuados a cada parada. Os fardos mais pesados cabiam aos homens e cdes que demonstravam maior resis- téncia. E assim chegaram ao objetivo a 6 de abril de 1909. O mundo inteiro se rejubilow com o éxito de Peary, que naquele dia has- teou a bandeira dos Estados Unidos no Pélo Norte. 4 Roald Amundsen e Rohert Scott JOGO em seguida & conquista do Pélo Norte, Robert Falcon Scott, inglés, ru- mava para a Antartida, ao mesmo tempo em que 0 noruegués Roald Amundsen. Inevita- velmente 0 fato assumiu o aspecto de uma competicéo. Quem atingiria primeiro 0 Pélo Sul? Scott estava aparelhado com tratores apropriados para a neve, cavalos da Mandchi- ria e alguns ces. Mas os motores dos tratores ficaram inutilizados devido & baixissima temi- peratura; os fortes cascos dos cavalos se en- terravam na neve, e os animais tiveram de ser abatidos para servir de alimento. Scott e seus homens se viram forcados a puxar os trenés, pois haviam deixado atrés os poucos cdes que tinham. Uma centena de milhas a leste, Amund- sen progredia melhor. Ele optara pelos méto- dos de Peary: parelhas de cdes bem treinados, trenés leves, e quentes roupas de peles de foca, iguais as usadas pelos esquimés; tendo galga- do 0 platé do Continente gelado, Amundsen abateu a metade dos caes aproveitando a car- ne para alimento. Havia fendas no gélo e abis- mos a contornar; um dos trenés caiu numa fenda, arrastando os edes, mas péde ser salvo a tempo. Amundsen chegou a0 Pélo Sul no dia 14 de dezembro de 1911. Scott chegou dias apés, mas a sua expedi- Go inteira pereceu no regresso. Amundsen vencera naquela competi¢éo de titas da vontade e da deciséo humanas. Ros Polos Pelo Ar PRIMEIRA tentativa de se atingir o Pélo Norte pelo ar foi feita em balao, em 1897, por um sueco, Salomon August An- drée, que deixou Spitzbergen, uma ilha do Oceano Artico, com um vento sul favordvel, na esperanga de ser levado até a0 Pélo, 750 milhas adiante. Mas o vento mudou de dire- do para Oeste. Ninguém mais soube de Sa- Jomon August Andrée Em 1925, Roald Amundsen e Lincoln Ellsworth fizeram outra tentativa, mas por avido. Houve um desarranjo no motor de um dos dois avides “Dornier” em que viajavam, © que os levou a uma aterragem forgada s6- bre um banco de gélo. Os exploradores impro- visaram uma pista de decolagem e puderam voltar a salvo em.um dos aparelhos. Depois disso Richard E. Byrd, da Mari- nha dos Estados Unidos, partiu de Spitzbergen com Floyd Bennett, no dia 9 de maio de 1926, tripulando um trimotor “Fokker”, que regres- sou apés 15 horas e 30 minutos, tendo comple- tado com éxito o primeiro vdo por sobre o Pélo Norte O mesmo Byrd organizou mais tarde a maior expedicdo ja realizada 4 Antartida, es- tabelecendo sua base na Pequena América, Ble féz varios véos de reconhecimento por sobre o Continente gelado, descobrindo e foto- grafando cadeias de montanhas jamais vistas anteriormente. Byrd sobrevoou o Pélo Sul em 1929. O Almirante Richard E. Byrd foi, por- tanto, o primeiro homem a sobrevoar ambos os Pélos da Terra. 0 BALKO DE ANOREE PARTE DE SPIrZaEROEN JODERIA um aeroplano atravessar um oceano? Sir John Alcock e A. W. Brown, afirmavam que sim. E fizeram 0 primeiro v6o désse género da Terra Nova a Irlanda, em 1919. Mas isso foi considerado uma loucura Instituiu-se um valioso prémio de 25.000 délares para o primeiro piléto a ir de Nova York a Paris. O Capitio René Fonck féz a tentativa mas o seu aparelho se incendiou. No dia 26 de abril de 1927, Davis e Wooter morreram em um desastre semelhante. Nun- gesser e Coli decolaram normalmente no dia 8 de maio do mesmo ano, mas jamais regres- saram. O clamor piblico exigia que se impedis- se outras daquelas loucas tentativas. Quando Charles A. Lindbergh, jovem piléto de correio aéreo, declarou que tentaria a facanha em um avido terrestre, monomotor, © mundo inteiro achou que éle estava sendo mais louco do que os outros. Lindbergh deco- Jou no dia 20 de maio de 1927 E ento as “manchetes” dos grandes jor- nais anunciaram: “Lindbergh sobrevoa a No- va Eseécia!” e depois: “A Aguia Solitaria avis- tada sobre a Irlanda!” Seria aquilo possivel? O mundo inteiro susteve a respiracao, temen- do um acidente pela falta de combustivel ou por uma “panne” do motor. Milhares de pes- Soas acorreram ao aeroporto de Paris. Ja era noite. De repente, um ruido de motor se ou- viu ao longe, foi aumentando de intensidade e dai a pouco o avido de Lindbergh tocava sua- vemente 0 solo. Lagrimas de emogao umede- 44 bre o Atlantico —, ceram os olhos dos que perfaziam a imensa multidéo. Charles A. Lindbergh, pelos ares, unira América ¢ Europa. O Atlantico Sul foi transposto pelos ares por pioneiros igualmente heréicos. O portu- gués Gago Coutinho (hoje Almirante e resi- dindo no Rio de Janeiro), com Sacadura Ca- bral, uniu assim Portugal ao Brasil. Eo mes- mo tizeram, em outras circunstancias: Sar- mento de Beires; e 0 brasileiro Roberto de Barros, no aviéo “Jahu”. Os italianos De Pi- nedo e Del Prete, e o francés Jean Mermoz também atravessaram o Atlantico em aviao. Em 1930, o grande dirigivel “Graf Zep- pelin” féz com éxito uma viagem de ida e vol- tada Europa a América do Sul, sob o comando do Capitao Hugo Eckener. “Kon-Tiki” i onde procediam os polinésios? Ninguém o sabia. Alguns estudiosos acreditavam que das ilhas asidticas. Mas Thor Heyerdahl admitia que éles tinham saido do Peru, desde que a arte, usos e costumes dos polinésios se assemelhavam muito ao que se observava en- tre os antigos incas. A hipétese nao foi bem aceita, porque — diziam os entendidos — o Peru distava enormemente da Polinésia, e os ineas eram bisonhos na arte de nautica, nao tendo mais que tdscas jangadas de troncos Heyerdahl se decidiu a demonstrar prati camente 0 que supunha corresponder & ver- dade histérica Construiu uma jangada a que deu o no- me de “Kon-Tiki”, em recordacao do nome dado pelos antigos incas a0 legendario rei- divindade, e com cinco outros homens a bordo deixou-se ir 4 deriva saindo de Callao, no Peru, em abril de 1947 ‘Aonde os ventos e as correntes maritimas do Pacifico levariam a embarcacdo? Aquéles homens estavam arriscando a vida para conse- guir a resposta Alimento era facil de se obter, porque peixes voadores e outros sempre caiam na jan- gada. Passaram-se dias e semanas. Nao se via terra; nem mesmo navios. As correntes e os ventos continuavam a empurrar a jangada para oeste. Finalmente, 101 dias depois era atingida uma das ilhas do Arquipélago de Tuamotu, na Polinésia. Estava provada a pos- sibilidade de outras viagens semelhantes na antigiiidade. Oo Equador OCEANO PACIFIC rary IVA * ee ca rua wm 9 we ARQUIPELAGO | DO TUAMOTU |A extensa cadeia de montanhas do Hima- laia, o Monte Everest mostra um cume coberto de neves eternas, a 8840 metros de altitude, o pico mais elevado do relévo terres- tre. Esta situado no Sistema Centro-Oriental Asiatico. Os budistas do Nepal e do Tibete chegam a acreditar que 14 no alto esta a mo- rada dos deuses. Durante anos o Monte Everest desafiou a pericia e o arréjo dos maiores alpinistas do mundo inteiro. Uma nova expedicéo para tentar a escalada se organizou em 1953, levan- do sete e meia toneladas de carga trans- portada por 350 carregadores nativos. Inicia- da a subida, os alpinistas paravam de trechos a trechos, a fim de se aclimatarem, adaptando ‘TENSING HILLARY GRLOAM 0 EVEREST — Nl Escalada do Everest 0 organismo as condices de pressdo e tempe- ratura ambientes. Os mais experimentados alpinistas iam & frente, preparando o caminho e estabélecendo acampamentos intermediarios. O derradeiro acampamento, atingido por sete dos compo- nentes da expedicao, estava a poucas centenas de metros de.cume. Dali partiram primeiro Thomas Bourdillon e Charles Evans, mas os seus suprimentos de oxigénio terminaram e éles tiveram de regressar. © guia “sherpa” Tensing e Edmund Hillary, um apicultor neo-zelandés, fizeram a tentativa no dia seguinte, chegando a uma elevacdo da encosta e transpuseram uma bor- da coberta de neve escorregadia E nao tardaram a atingir o pico mais ele- vado, conquistando assim o agressivo Everest SORRE K ILA DE GRLO FLUTORNTE Sobre um Bloco de Gélo IMA ilha de gélo flutuante foi descoberta 300 milhas ao norte do Alasea, em 1946. Outras ilhotas semelhantes foram assinaladas, tédas de uma coloracao azul-amarelo e um tanto mais ¢levadas que os gelos em volta. Os técnicos tiveram a idéia de usar essas ilhas flutuantes para o estabelecimento de postos meteorolégicos e a localizacéo de obser- vadores munidos de moderna aparelhagem para o estudo dos mais variados problemas de interésse estratégico ou cientifico O reabastecimento de géneros e a entre- ga de correspondéncia puderam ser feitos por meio,de para-quedas, enquanto que tratores, jipes e outros vefculos pesados foram desem- ‘eados de avides-transporte que pousaram rapidamente na propria ilha Mediram-se 0 comprimento, a largura e altura daqueles blocos de gélo, bem assim como se procurou calcular a velocidade com que se deslocavam no oceano Norte-americanos acampados na grande ilha flutuante viram sé um urso polar e algu- mas gaivotas durante sua permanéncia de dois anos sdbre ela. As principais atribuicdes da- queles homens foram estudar o clima, fazer sondagens no. Oceano Artico, estudar as cor- rentes marinhas e a vida dos séres submarinos, além de zelar pela conservacao de uma pista de pouso para avides em véo por sébre as re- gides polares Em maio de 1954 a ilha de gélo flutuante se aproximou da estago meteorolégica da Tiha de Ellesmere e foi temporariamente aban- donada, mas os norte-americanos voltaram a ocupa-la para continuar a mais estranha via- gem da histéria dos exploradores das solidées geladas. 47 S imensas riquezas do Brasil Central atrairam a atengdo dos colonizadores, principalmente no Século XVII, quando a des- coberta de ouro e pedras preciosas nos sertdes de Minas Gerais, Mato Grosso e Gois provo- cou um afluxo incessante de pioneiros que para 14 se dirigiam. Com isso comegou 0 pe- riodo heréico das Entradas ou Bandeiras. Além de Anténio Rapéso Tavares, Borba Gato, Garcia Pais e outros, avulta a figura de Fern4o Dias Pais, 0 maior dos bandeirantes, 0 mais arrojado daqueles paulistas destemidos para quem a prépria vida nao tinha prego en- quanto nao encontrassem as jazidas fabulosas das esmeraldas, dos rubis ou os veios de ouro puro em alguma encosta de montanha. Seu ideal poderia ser também um riacho de aguas mansas onde as pepitas iam rolando de mis- tura com outras pedrinhas igualmente valio- sas, 0s diamantes. O desbravamento dos ser- tées, a fundacdo de povoacées. que se trans- formariam em cidades, 0 alargamento das fronteiras do Brasil — tudo isso devemos aos bandeirantes que o nome de Ferndo Dias sim- boliza e dignifica Igual a Ferndo Dias, ombro a ombro com ale, s6 mesmo ésse outro grande brasileiro que é Candido Mariano da Silva Rondon — o der- radeiro dos bandeirantes. Se Ferndo Dias foi um heréi, Candido Rondon é um apéstolo Aquéle buscava riquezas; éste também rasgou a selva e também abriu caminho mas para MARECHAL RONDON De Fernao Dias a Candido Rondon ‘FERRO DIAS PAIS levar consigo a fortuna incalculavel do pro- gresso Dois gigantes da Vontade. Dois pionei- ros. Dois ideais diversos. Mas ambos brasi- leiros de fibra: Fernao Dias Pais — 0 Cagador das Es- meraldas ‘Marechal Rondon — o Civilizador. RECREACOES INSTRUTIVAS — BANDEIRAS DO MUNDO INTEIRO MARAVILHAS DO MUNDO PEDIDOS DIRETOS A ‘SIL-AMERICA LIMITADA rio de © CAPITKO COOK No PaciFica (GUERREIROS DO PENDJAB ‘BALK DO BIO DE JANEIRO

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