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Das obrigagdes em geral 10, por ser este © valor com que proprictirio se enriquce 2 custa da outra parte. Se, 20 invés, 2s benfeitorias custaram 10 ¢ valorizaram a coisa em 20, 0 montante da resttuigio ser4 igualmente de x0, ‘visto ser esse 0 valor com que proprietirio normalmente se enriqueceri 2 custa do possuidor . A diferenca entre 0 custo das benfeitorias ¢ valor que elas acrescentaram 3 coisa pos suida resultard, em regra, de factores (ocalizacio, natureza, qualidade da coisa, et) que pertencem mais 20 proprietirio do que a0 possuidor, segundo a tal correcta ordenagio jurldco- cconémiea dos bens. ) Agravamento da obrigagio de resituir. O. tratamento favordvel do. beneficiado —expreso no duplo limite que acaba de ser definido — cessa logo que 0 enriquecido seja citado para a restituigio ou a partir do momento em que ele conhega a falta de causa do enriquecimento ou a falta do efeito que se pretendia obter com a prestacdo (art. 480.) (0 devedor passa entio a responder pelo perecimento ou dete rioragio culposa da coisa, pelos frutos percipiendos que por sua culpa deixarent de ser produsidos e pelos jutos legais das quan tiasa que 0 lesado tiver direito. Se alienar a coisa gratuitamente depois da verificagio de qualquer dos factos que determinam ex 1 legis a cesagio da sua boa {, responders pela restituiglo do valor da coisa alienada, em termos agravados; estando 0 adquirente de mé f%, 0 lesado poderd exigir também dele a restituigio da coisa ou valor devido, nos mesmos termos. © agravamento imposto no artigo 480° mostra que tam bbém no direito portugues 2 limitaglo do objecto da restituiglo 20 enriquecimento actual do beneficiério constitu, nio uma nota essen Gial do instiruto do entiquecimento sem causa, mas © tratamento excepcional de que & merecedor 0 enriquecido de boa £€ (1). ©) Vow Cusanan (apad Lancer, § 64, 1, ps. 393. 296 Fontes das obrigacées seccho v RESPONSABILIDADE CIVIL sunstorio 1 Cenoraidades 119. Responsabilidade contratual e extracontratual.Sistemsa- tizagio do Cétigo Civil. Entre as fontes das obrigagdes regula ‘© Cédigo, por dltimo, 2 responsabilidade civil (!). ‘Trata-seda figura que, depois dos contratos, maior importén «ia priticae teérica assume na eriago dos vineulos obrigacionais, ‘seja pela extraordingria frequéncia com que nos tribunais (cobre~ tudo em palses de educagio cfvica mais apurada ou de pritica +B vasa Meratora Jura sobre 0 tema inegotvel da responsabi= tidade vin Ente as obras eapeciidas sobre a maria, detacaremos as sequins Hoe. Mizia0, Trad serge ef pravque dela responsi ile dicele et contacule, 48 ed, 3 els, 148-1950; 5 ed, refendién por Tune, 1957-1960; Poon e Vaid, Troté de kr repomcbité cle exraconractol, Ve i, 1935; TR. Savaren, Trl del respomsblié cine on droit ragas, 2c, 2 vols, 1981; Ho Lauou, Tit pried lsresrnaaiid chile, 6% 1963; Rovian, Za reper tabi ce, 1952, A. be Curis, I dao, 1946; TdT fat ei, 1961; PoCLAN, Respomablitéersarcimento de Hecto cbile, 964; ROvot, I problema dell re ‘pooablid civ, 1964, Rovaus, La repotabilita civ da farto tec, 1964; P, Foncums, Respomabil cle, 1, Ie I, 1968 e 1970. Quanto & literatura ‘ermine, v, 8 indiardesbiblogrdfies dadas por Laren & entrada dos 8§ 20, 1027, respectivamente& pg. 203 «304 do vl. (10 ef.) ema introdugto dos 6465 © 6 do vol. It O* ed) Entre nbs ald do etudor de Vaz Sen, integradoe nos trabalhos prepara ‘elas do Céalgo Col, pogem cosslars az veguiatss monograias: 3s GOUVE, De respnsbildadeconratul, 135; Gouis Da Siva, O dover de pestor eo deer (de Indomzer, 1948; 00M Ri, Elomenes da responsabldede cit dela, 1946; Pantin Como, O nexo $6 causldade na responscidade cil. 1950; 1d, (0 problema da causa vite! na respontbldade ci, 1955; Pesca Jonce, Ensaio sobre of prasipostor da respowabildode chil, 1968 (@), Paso Joncr (oe, rot 8) parece entender qu a epeafe da seceto V, conde se tnta da revponablidad ci, evera ser anes, por uma questo de coe. aci iti 8 delio om to liito.Independentnente, pot, dos defi ‘Se qualquer dor isis traiciomalmente usados (que pecaiam,além 60 mais, por wr Das obrigagses em gerat Jjudicidria mais avangada) so postas acges de responsabilidade, sea pela dificuldade especial de muitos dos problemas que © insttuto tem suscitado na doutrina ¢ na jurisprudéncia, quet nna fixagio das solugées, quer na sua fandamentacio 3 fice do direito consticuldo, quer principalmente na sua sstematizagio doutrinéria ou cientifica(!). [Na rubrica da responsabiidade civil cabe tanto 2 respon sabilidade proveniente da falte de cumprinento das obrigasdes emergentes dos contratos, de negécios unilaterais ou da lei (Cesponsabilidade contratual (2), como a resutante da violagdo de direitos absoluts ou da. pritca de certs actos que, embora lites, causam prejuizo a outrem (responsabilidade extracontratual). no cob a responsabilidad peo ric, tratada na tubsecefo I, imports ter p= seate que, come cbsera PALLO Conta (O facto jritice na relapse obrigato, apontamenioscoigdos por ©. Covnsor, pig, 117, a expresio responscbilidade civ tanto abrange, oa Tnguagem juriica coment, a situagho em que se coloca 9 ‘vtor do fico, como a propria obrgnsdo de indemnlaar, como alndao inst ‘moldado na idea de que uma pessoa, que causa prejulos a cure, deve indemalat #8 lesado (it. PunstA Como, O nexo de eaualidade na rerponablidads cli, pig 29) H €fundamentaimente nest snide (om a acomodacho corepondeate | incluso da responabilidade objectiva) que a expressio domina « oro onde onjuntamente sto reglades « responsabilidade por facto lito e « responab Tidade pelo rio. (), Covaramse dent do dirsito da responsabitdade civil tantae plerig, binagoes de responsabildade @) A expresso reporsbldade conramal no & ltciramente rigoos, 2a medida em gue obriaito de reparagto do dazo por ea abrangide nem sere resulta da volo de um conralo, Por it, algns ators suger outas dex ‘page, com five ae resposabidede ngeeta bara aBYANGE a ogo das ‘bvigates proveictes de nepicio unluers), nguesioniveimente mica a0 mesmo rege) ov a de responbildade obigeional (par comprecader © 0 ccummprimeato das obrigasbes em seatid tsnen, que io provesham de wn nego Jrdco, mas dtl). Ce. PasOA Jonas, ob. a 12 Simplesmente, a expresso reypowabilade bvigaconal & equvocs, pot mo fazer a detigs etre o deer de prety, tendente a0 cumprimento da Origa, 0 dover de indeosar, correspondent to acu no cumprimento, adm de of Intelrarmeatelguida a splablidade de todo 0 regne da responsaiidade pro- 08 Fontes doa obrigagson (© Cédigo Civil (eguindo nesse aspecto a orientagio que vvinha da legislagio anterior) trata, porém, as duas formas de responsibilidade em lugares distntos, deslocando o regime da responsibilidade contratual para 0 capitulo onde regula, 20 lado do cumprimento, 3s formas ¢ efeitos do no cumprimento das “obtigagics (arts. 798. e segs.) (!). Conguanto se nio tenkia acom= panhado inteuramente a dowtrina tradicional na diversidade de regime que os autores estabeleciam entre a responsibilidade cextracontratual ¢ a contratual (*), reconheceu-se que esta tinha aspectos especificos, cujo lugar préprio se situava na zona do cumprimento e nio cumprimenio das obrigagdes veninte do nto cumpimento das obrnatis omovies & vile das obiases roveients de outa Fonte PNR forsla responsabiicade nepotl nto tem neshurna trcicho por sy 9 conirro dx epresto reponabddeconata, qe, pee embora sa fate de for, eh de het consagrads po os nguites oy etre os ina ‘om 0 setido ques he of 90 exo Vojnse Vaz Sein, Revoriahldede contratal ¢ reponabiiade exracor- rama no 1, Manne ANDUADE Teri geal di lao aro, 196, bp. 127; Swe Gouri, oct. ple 161 ses (ae conrapoe 2 reponsbidade come trata! reaponsblidadedeliura), A expeuo responsabilidad dena ambém ‘Suc as 4s reserva, porque van cimprecisa a pogo de def (qor mo dirito Givi, quer Do diet crim), jk pore a responsabiliade cil se extend rsko fr ald doe casos de dlr tpdcados na poal. (0) Ne responsiliiade contratual hua simples modicaio do objeto 4a preaco deve, que nfo preudca, segundo 8 melo doting, a Menage 44 relagto obigacional. A obeinnco, como rebsfo complera qu & contnia & Ser'a mesma, apés 0 no camprimeno do devedor. B ese frtorefcsioes om Cert nitier no regime privtivo da espoasbiladecontatal, romeadamente 203 fics f05+ «#12 Na respontblldadeexteaontatnl, a brio de lndemai- {ar mmer cm ope de slo So oma Spon Iga e de wn deo sbealte ‘ue & itekamente ditino én. (Sobre as dfrenas de regime enre ma e ours, proposes pelos auto 1s, de lire condende, ou vsenadas de are conti, vejnse Vaz Staxn, ob. © li ets: Taner Gouin, ob. tno 92 see; em face do reo vests, Pan onoe, ob. ci, is. 4. ‘Catsonnem (2° 113, pig. 414), 20 parielo que esibuace etre as aus reiporsabidads pbe em sesague at sents difzeaas:¢) a respon Vkdade deliv! seria! menos exgeie, quanto s alguns do seus preemposts; a Das obrigacdee em geval Como bi, todavia, uma série de problemas comuns as duas fontes da responsibilidade—e da maior importincia, aligs, dentro do instituto — 0 Cédigo tratou-os conjuntamente, 20 fixar 0 regime priprio da obrigagdo de indennizar, 2 que ambas podem dar lugar. Desta sorte, os aspectos da responsibilidade, que vio ser analisados no presente capitulo, de acordo com a sistematizagio da nova lei(!), reduzem-se priticamente aos pressupostos da responsabilidide extracontratual: os efitas desta, no que respeita a determinagio dos danos indemniziveis (problema do nexo de causalidade entre o facto € o dano), 3s formas de indemnizagio © 29 cilculo do montante desta, io estudados no capftulo das, ‘modalidades das obrigag8es, a propésito da obra de inden aizag. x20, Responsabilidade por factos ilicits, respousabilidade pelo isco e responsabilidade por factos lcs davoses. Notase na ‘vasta literatura jus{dica sobre a matéria uma acentaada diver 1) a sora 6 ments na reponse contatal, no pa responsabiidade ‘elu; <) a8 convenes de responsabilidad seam mules na responsabiide ‘elu, mas nie aa contaual; d) a sliariedie consi a regra nt respons ‘lidade dete), ao passo que na responsabidade contraual 0 regime normal Go da conjungo;«) 8 a rerponsbiliade deltul etd sje a presrgdo de curio ‘rasn; 8) 0 daar da prova funciona em termes diferentes numba © not. Porkm, quasto a un dos aspects em que, mesmo entre m6 ass isis a divecidade & regime —a aprecarto da culpa do agente er abstacto 00 em Concrete (vii, 22 136), 0 Chdign Chil Wentitce © teaamecto de uma © futea (t. T95 2, (0), No 6 todavis,lgudo que A stemtiasSoLipca da Ii corresponds 8 melhor ordeasso ddicica das matéas. A deslocsgio dos sepectos comans As ‘Gos esposablidaes para um eaptslo autGnomo, que nfo se integra ex peau ‘eis, dl como rslado que 0 esido de uma cout, 20 lugar que The compete ‘entra do plano metodatgco da exposio, fa foryosamente lncompleto. E tae ‘er aja vatagen em dar ao exudiowo do tra uma exposgto completa da esp0n- ‘sbilidade contratual no lgar a sia destinad. 00 Fontes das obrigagbes xgéncia de orientagio entre os autores que, fits as linhas mestras do pensamento clissico, persistem em filiar a responsabilidade extracontratual na ideia da culpa (doutrina da responsabiidade subjectiva) © aqueles que, pelo contrério, tendem a desprender-se cada vez mais desse pressuposo individual, para olharem de pre~ feréncia 4 necessidade ou convenifncia socal de reparar (em ‘ltimo termo, 3 custa da colectividade) 0 dano softido pelo lesado (coria da responsabilidade objeciva), desde que este nio tenha agido com dolo ou culpa grave(!). A tendéncia destes ‘lkimos € toda orientada no sentido de ampliar 0 dominio da responsbilidade fundada no risc(2) e na pritica de factos licitos que, aproveitando a determinadas pessoas, causem pre- Julzo a tercetos, ¢ ainda no de estimular a ampliagio dos segu- 10s sociis, capazes de proverem 3 reparacio dos danos prove. nientes de actos (humanos) nfo culposos ¢ de circunstincias fortuitas ou de forga maior ou dos casos em que o autor do ano seja desconhecido ou carega de meios para pagar a reparagio. (0) Pexema Coens, of cl, m* 38; ©. Branvoer, Noelle orienta de rare sate de responsebilié ee, no Ree. Delos Srey, 1966, Che pg. 113; 1K. Sava, Conment repens a conception fanale actuelle de la reponse ine, 0 Rec, el, 1966, Ch pls. 150; Tanasaeis, Reo epowablid opge- ta, 1961; M. Couronrt, Espoion al pericul « responsi eile, 196; Fon CL, Sntrno alla respnsaild senea colo, na Ri. wim. pro. ii, 1967, lg. 1578; Este, Crandfagen der Reform des Schadesersatrects, ACP, Pp. 121; Renoeanoy, Beige zum Nexbow dev Sehadenieratrchs, AGP, 18, ME. 147; Smee Monro, Reyponoblidde civ acdente de vepdo,1972, tse fact; Disco ox Cures, Sexwo da responsabilidde evi! fndada em ecdete de vier, 1971. 1G. O movimento de superago da responsabilidad subjective desdobrese em das fsessoenivas. Numa primera fase tendncn dos autores ¢ das leglgbes 6 apenas onenada no sentido de, acetando a douttina do rico, alararem a ree ponaabldade sem culpa a todos os uentes de coisas pergcss. A segunda fase, de uttatica Socilizaso do rieo ov do dao, procra asspurar a indemaizaslo 20 lesad, mesmo noe atos em que ia deconerido o autor also ou em que el, ceora conecid, caer de mciosnecesris para segura a reparacto do dan0, 0: o-a6 Das obrigagten em gorat © Cédigo Civil reconheceu expressamente 25 duas formas de responsabilidade extracontratual, dando foros de autonomia a responsabilidade pelo ,isco("), que tratou em subseoso pré- pia, atendendo 20 nexo especial de imputagio em que ela assenta; delimitou o campo de aplicagio de uma e outra; mas, nio deixou de assinalar, neste sltimo aspecto, 0 carScter excep- cional da responsabilidade que nio se bateia no pressuposto da culpa do agente, 20 afirmar no n° 2 do artigo 483° que 456 existe obrigagio de indemnizar independentemente de culpa, nos casos especficados na leis Ao lado das formas discriminadas nas duas subsecgdes que integram a secgio consagrada A responsabilidade civil (arts, 483. e segs), cumpre, todavia, mencionar ainda a respon sabilidade igada a pritica de certos factos licitos causadores de danos. Embori na versio definitiva do Cédigo se tenha eliminado, por demecesiria, a disposigio que na 1 revisio ministerial do projecte (art. 490.) se referia expressa ¢ genéricamente a esse tipo de sieuagBes, a verdade & que algumas dela ficaram, no a par de outras disseminadas pela legislago extra vagante. ‘Apesar da sua aparente contradicfo intema, o regime de semelhantes situagtes explica-se perfeitamente pela neces- sidade de conciliar intercsses muito respeitiveis, quer do Estado (0). Vein pleat da sec que principia com o rtp 459° A expres ‘Ho responmalihiade pels riso cobre ton série de casos do reeponaailidae a, ‘Mo provind da prin do fasts Hite, lo aeventa na culpa do abet Isto to sgnifca,porém, que nos dominios abrangidor pela resonsabidade ‘undada no ric (eases do comitente, do Estado e outas pemoescoleivas a= eas, dos aides evapo, etc) nlo possa haver —e mio bala fequentemente — responsablidace asseate na culpa Tratse apenas de dominio ob zonas da vida secial onde pole hover vespnsablidade we culpa, aa Fontes das obrigagses ‘ou de outras pessoas colectivas piiblicas, quer dos préprios particulares, que legitimam a prética do acto susceptivel de causar danos, com a protec¢io devida aos titulares dos bens atingidos, pois ndo seria justo que uns tantos howvessem de soffer, sem qualquer compensigio, o prejuizo resultante de actos praticados no interesse piblico ou em exclusivo proveito de outrem. Trataremos, assim, em sucessivas subseegbes, os tré nticleos de casos abrangidos na rubrica comum da responsabilidade extracontratual. supsecgko Responsabildade por fate itor 12x. Pressupostos: sua enumeragio, «Aquele que, com dolo ‘ou mera culpa, diz o artigo 483., violar iliciamente 0 diseito de outrem ou qualquer disposigio legal destinads a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizat 0 lesado pelos danos resultantes da violagio» A simples Ieitura do preceito mostra que virios pressupos- tos condicionam, no caso geral da responsabilidade por facts ilkites, a obrigagio de indemnizar imposta 20 lesante, cabendo 4 cada um desses pressupostos um papel especial na complexa dinplina das tuagbes gerdoras do dover de repragion lo dano. E nevessirio, desde logo, que haja um filo valuntinio do agente (no um mero facto natural causador de danos), pois 36 0 homem, como destinatirio dos comandos emanados da Aci, € capaz de violar direitos alheios ou de agit contra disposigBes legais; em 2° lugar, é preciso que o facto do agente seja illo (--violar ilicitamente..; em 3.° lugar, que haja um nexo de imputasio do facto a0 lesante («Aquele que, com dolo ow mera culpa, violar..); depois, que & violagio do direito subjectivo ‘ou da lei sobrevenha umm dno, pois sem dano nfo chega a pore oo Dae obrigacties em gerat qualquer problema de responsibilidade civil (ao contritio do aque sucede mitas vezes, quanto aos chamados crimes formas, no direito crimina)}; por élkimo, que haja um nexo de causa- Tidade entre 0 facto praticado pelo agente ¢ 0 dano sofrido pela vitima, de modo a poder afirmar-se, 3 luz do dircito, aque 0 dano & resltante da violagZo, pois s6 quanto a esses manda a lei indemnizar 0 lesado. Reduzindo todos os roquisitos que acabam de ser discri- minados 4 terminologia téenica corrente entre os tratidistas dda matéria, di-se-4 que a responsabilidad pressupts, nesta Zona: a) © facto; 8) A iliccade; ¢) A imputagio do facto a0 Iesante; d) © dano; ¢) Um nexo de causlidade entre 0 facto ¢ 0 dano (1). Sio estes os elementos covstitutivos da. responssbilidade civil, que necesstam de ser minuciosamente analisados, para se dominat convenientemente a matéria (¢), Esta 6 no fund, 4 itematizio sdoptada por M. ANORADE (0. cl pe 37 e sees) « por Peaita Coen feb. i, lg. 64 exes), quanto & response indade contra, que nenhuma raako Bé para nfo tornar extensive, de barmonia com 8 prope disposi legal itroduGria da matéela, & responsabilidade eta: (ele. Var Seana, Requisior de responailidede cil, n° 2). ‘Yaria mito, todavia 82 autor para autora enumerate formal oa dotrinria dos presuposios da eesponmbilidade. Uns, como P. Jono (b,c 1.818, redo Semon a dois: et Ilo raze repardel; osteo, como Dias OA Siva (Ext “Eo sobre e repomabildde iil comera com a erinial, Uy 1837, pg. 110) © JAIME Gouvar (Da responsabilidad contrauel, 1932, pig. 39) sepicum Ji da tude Scuine, M. Anonaoe e P. Coett, subetimando embora 0 pape! ietude, fereeettam a0 70 0 nexo de couaidade ete 0 facto 0 dane. ‘a litraturajurconfranosa predomioa a idea de um tiplice requis: 0 dno, la fate (0 Hit exlposo)e a elarao de causidade entre fate fe dom ‘mage (Canara 2° 7, fg. 21 ses). reso CaRUDNNIER (2°93, pS 328) ‘goem reconbee, por, que ta nogdo genic de fave cabem tis elementos dix ‘Soon: un elemento material, uma conduta humana, ofito do homer; 8) um Clemo piclpca: a vntad, que tela podido modifear 0 caso das cosas; 1) um elemento socio: 0 carter cto do facto, sua reprovesio soci, ‘A fonie,rerata CaasoNvin, 6 0 coajanto deses te elementos. on Pontes dav obrigagboe yaa. A) Facto voluntério do lesante, © clemento bisico da responsebilidade & 0 facto do agente —um facto dominsvel ‘ou controldvel pela vontade, um. comportamento ox ums forma de conduta humana — pois s6 quanto a factos dessa indole tém cabimento a ideia da ilictude, 0 requisito da culpa © 2 obvi= _gesdo de reparar 0 dano nos termos em que a lei 2 impée. Enquanto, na responsabilidade pelo risco, o dano indemni z2ével tanto pode provir de fico praticado pela pessoa do res- ponsivel, como de facto praticado por terceiro, de factor natu~ rais ov até de factos do proprio lesado (acidente de trabalho causado pelo operiio, sem culpa grave), a responsabilidade baseada em facto ilicitos asenta sempre, no todo ou em parte, sobre um facto da pessoa obrigada a indemnizar (1). Este facto consiste, em regra, num aco, numa acgao, ou seja, num facto postivo (a apropriagio ou destruico de coisa alheia, a afirmagio de um facto injurioso ou difamatério, a usupasio de um nome, a contrafacgio de um artigo, a morte ou a ofensa corporal de alguém, etc), que importa a violagio do deverjurl- dco de nio ingeréncia na esfera de acgio do titular do direito absoluto (2). Mas pode traduzir-se também mum facto negativa, ‘uma abstengdo ou numa omissdo (art. 486.), como aliés jé se reconhecia no préprio Cédigo de 1867 (art. 2 362.) (?) A omissio, como pura atitude negativa, nfo pode gerar directamente 0 dano soffido pelo lesado; mas entendese que (Dat a distingio que alguns autores, como Davoro (La coneziae ana. Ios dl ecto, Riv Dir. Ch, 1965, , pg 498 e sgs) ane entre a rerpomar bites ‘da acrasimento © & reponsbil ‘da conte (©) Que o facto geador de responsable ea, em cea, um fcte polio ou ums aepo (@ nfo uma emissio) resulta da ecusstnls e, fora do dominio contrat, us pases estarem as mais das ves obdigadas, 09 foro de. dirito riiado, » abtense da pita de actos que postim Tesar 0 seu semdhante ‘lo a pratcar actos poltnes de cooperasio com ela, ©) Jape Govan, ab. it, a0 19 © aah 405 ‘Dag obrigagdee ers gorat a omissio & causa do dano, sempre que haja o dever jurdico de (praticar um acto que, seguramente ou muito provivelmente, impediia a consumagzo dele). ‘A mic ott a ama que nfo alimentam a crianga, 0 profes- sor de natagio que nko socorre o aluno aflito, o automobilista ow 0 ciclista que mio acendem as luzes do veiculo, apesar de a noite ter jé caido, podem ter causado a morte ca vitima pela omissdo dos actos que tinham © dever de praticar ¢ que teriam normalmente impedido esse evento (2) Quando se alude a facto voluntétio do agente ndo se pre~ tende restringir os factos humanos relevantes em matéria de (6) Basta peasir, quanto A resonebiliéade contrat, gue 0 comport mento lino do devedor se tradoz tri das vzesnumn omiso— em ndo rea. Tar ele a prestpto (Ge cosa de facto postive) deve ‘No mesmo setkio se pode lavocar, qunio 2 responbidade extracon- tral, o dever dos pede cvidar dos fos, dou tutors de cider dos ponies, dos baaheloe de prear sui, do professor de matagio de evar que 0 disslo Se sfopie, do guacda de nha de fechar « canesle da pazager do rely doe tacntes do pollia de impeditagresdow (Viz Senna, Obrigor de indemiaseo, n° 10) ‘Quanto as diculdadesexpecinis cra pla gua da omisd, no toca 40 nero de casaidade ete ela ¢o dana, vejse MUNZmIRG, Yeralen und Bole als GGrindggo der Rechsidrigelt und Hofung, 196, pig. 39 ¢ em; REALWONTE, { prblera del raporto di canal nl risarcimeno del anv, 196, phe. 53 ees. — ‘0 qual ened, no enlanto, que @omsso pode tr efile caus no plano nalurae liso (4 impede B— qu, sem ser obigaco a tl, es combatendo vm insti no pridio de C— de proseuir na sua actus, em termos de C per exigr do “fw indensizagho dot das que vba soe) (2) Problem ditto de eaber se 4 onisso pode, em tse, serve de base 4 reaponsalidde civil € 0 de mber em que medida ou em que cass se pode set ‘obrigado a indemizt, com base na om. A pesca que v8 cua peste &afo- ‘rae, ou que v8 0 prétio do viinho a arder, c qb, podendo sem rico tomar Pro“ ‘iting, ab nfo toma, rexponde pelo dos povenentes da ocrrénci? Ci. sobre ‘ust, no Ambo do disito criminal, mas em tems que em lrgn media ‘orovetam 20 direito chil, Bousnso Conm, Dito erninal, 1, 1963, n° 64. No plane do dito civil consul, v. © dispoto no artigo 486° 06 Fontes das obrigagbos responsabilidade aos actos queridos, i é Aqueles casos em que 0 agente tenha prefigurado mentalmente os gfites do acto © tena agido em vista deles. Hs, pelo contrétio, intimeros casos (@ comegar pela chamada negligénca inconsciene) em. que no existe semelhante representagéo mental e, todavia, ninguém con- testa a obrigagio de indemnizar. Os actos danosos praticados por distracydo nfo deixam de constituir © agente em respon- sabilidade. Por outro lado, nfo esté inteiramente exclulda a respon- sabilidade das pessoas que, por caréncia de capacidade de exer- cio, no possuem uma vontade jurdicamente relevante no dominio dos negécios juridicos, contanto que tenbam capaci dade natural de entendimento e de acjdo (art. 4889, 1). E nem sequer 2 responsabilidade destes incapazes natuais est comple~ tamente precludida na lei (art. 489%, 1 € 2). © aque esti, alés, geralmente em cause, no dominio da responsbilidade civil, sio puras acgdes de facto (faktiche Han dlungen), praticadas sem enum intuito declarative (agressBes fisicas, apropriagdes ‘lcitas, intromissbes em bens juridicos alheios, etc). Por isso, facto volunrio significa apenas, no caso presente, facto. objectivamente contzolivel pela vontade(!) —ficando, fora do dominio da responsabilidade civil o: danos causados ppor causas de forgs maior ou pela actuagio iresistlvel de cieuns- tdncas fortuitas (pesson que & irresstivelmente impelida por forsa do vento, por eftito da vaga do mar, por virtude de uma explosio, de uma descarga eléctrica, da deslocagio de ar provocada pelo arrangue de um avito, ou de outras forcas naturais invenctvcs). ) Lame, #6, Das obrigagtes em geral 123. B) Hicitude. Nao basta, porém, que alguém pra- fique urn facto prejudicial aos interestes ée outrem para que seja cobrigado a compensar 0 lesado. Se A montar uma pequena indéstria numa regio onde ‘ff existe uma outra fibrica dos mesmos artigos, poders lear ‘0s interesses do dono desta, mas nfo seré obrigado a inde mnizi-lo, visto no ter cometido neahuma violagio da lei Seo proprietirio das 4guas de uma nascente as derivar durante anos para os prédios inferiores, facultando o seu aproveitamento 20s donos destes, ¢ passat em certa altura a aproveiti-las no seu préprio prédio, por virtude das novas culturas que introduziu af, poders prejudicar os interesses dos proprictérios dos prédios inferiores, mas nio serd obrigado a indemnizar ese prejufzo, visto que também nio agiu em des conformidade com a lei. Se B levar a almogar em sua casa 0 grupo de amigos que encontrou no restaurante, poders ter causado 20 dono deste um prejutzo, mas ninguém se lembrard de consideri-lo responsdvel por esse eftito danoso ou prejudicial do seu convite (1). A ilcitude aparece, assim, como 0 2° pressuposto da res- ponsabilidade. ‘Mas, em que consiste a ilicitude? artigo 2.3612 do Cédigo Civil de 1867 identificava a ilicitude com a violaso do direito (subjective) de outrem: «Lodo aguele, que viola ou ofende os direits de outrem, constitu-se na obrigagio de indemnizar o lesado...s. ‘A lesio dos interesses alheios s6 cbrigava 4 reparago do dano quando revestisse a forma de violigio ou ofensa do direito de outrem, nfo bastando por conseguinte a pritica de um facto lesivo de interesses alheios, nem sequer a violagio de qualquer norma juridica que sé indirecta ou reflexamente 08 tute= €) Can, Amiga & colpeolerza, 1966, pg. 14. on Fontes das obrigacios lasse. Nos dois exemplos acima apontados, a indemnizagio considerar-se-ia exclulda, precisamente por no haver nenhum ircito subjective (quer do industrial, quer dos proprietitios dos prédios inferioree) que tivese sido violado. Quando, porém, bastantes anos mais tarde que 2 publi- cago do Cédigo de 1867, 0 Decreto n2 32 171, de 29-VIl-1942, veio definir em termos eapeciais a responsabilidade civil dos iédicos, a ilictude aparece retratada em novos moldes. A seme- thanca da férmula geral que © Cédigo italimo adoptou no artigo 2.0432 (Qualquer facto doloso ou culposo, que cause a outrem uum dano injuto, obriga aquele que praticou 0 facto a indemnizar o danos), também no artigo 28° desse diploma se obriga o agente a indemnizar todo 0 dono injuso por cle causado. «0 miédico que como tal causa, dolosa ou culposamente, ‘um dano injusto a outrem constitui-se na obrigagio de o reparar. Esta obrigacio compreende o dino nio patrimonial E 0 § tinico acrescentava que «a disposigio deste artigo & ‘extensiva 408 auxiliares da medicina e iqueles que, embora nfo possuindo qualquer titulo ou titulo bastante, a exergam © recurso da lei a uma nova formula — dano ata pressu a © reconhecimento de que o conceito usado na igo d era demasiado csurcios, por haver muitos inte- esses (quer no dominio do direito privado, quer no sector do direito pablico) cuja lesio deveria ser indemnizada, apesar de o seu titular nfo ser sujeito de um verdadeiro direito subjec~ tivo (!), Mas a fSrmula adoptada pelo diploma de 1942, embora ©) ScaouTo e Ruwivo, lio (Ato), 20 Naor Digesto Hal, n° 1. Em ‘seat diferent exrevia P. Como (0. et, pag 6): «Se om facto viola wm Gdzcto abel, odo podem dele reuar dancs..®. Muito prima deta posto, ‘qu pareco extra da vrleagio de um dano em setido jriic a exséncin de fim dlreko subjective voledo, 6 a tse daquels que deduzm da Uicinde (6a Drobo de cera cond) a existaca simétrica 60 dello aubjaivo corespon- ~ Das abrigagéee em gerat eflectindo uma convicgio perfeitamente justificdvel, pecava ppela sua excessiva impreciso (1). Falar em dano injuto, ou alu- dir apenas ao cardcter ilfito da conduta do agente, como faz ‘0 attigo 41.° do Cédigo sufgo, era priticamente 0 mesmo que deixar em branco o conceito da ilicitude. ‘A nogio legal de dan injusto dew assim aso a interpretagBes ivergentes na literatura jurdica italiana (2). ‘Mas o sew principal defeito, como justamente observa PrrroceLti, esti em ela colocar o acento ténico da ilicitude sobre 0 dano (0 eto da conduta) e nio sobre o facto (a condita, em si mesma considerada). ‘Uma coisa é com eftito, a calinia ou a injtiria (a afirma- gi de wm facto que fere a honra ov afecta o bom nome de ‘uma pessoa) ¢ outra 0 daso que a calinia ou injéria causou (0 despedimento do empregado; a perda da clientela; 0 rom- pimento do noivado; ett). E a ilictude reporta-se a0 facto do agente, & sua actuagio, nio a0 ¢feto (danoso) que dele pro- mana, embora a iliciude do facto possa provit (¢ provenha até as mais das vezes) do resultado (lesdo ou ameaga de esto de certos valores tutelados pelo direito) que ele produz. «Torto, comenta L, Dsvoro (3) no mesmo sentido, finise cost per essere, non il danno che si ha obbligo dé nom produre, ma il donno che si ha divitto di veder riparato. © Cédigo vigente procurou fixar em termos mais pre- isos © conceito di iliciude, descrevendo concretamente 25 duas deme. No se torn, poré, diel determinar a que exremos se condur deste modo a figura do dreto subjestivo: P. Foncemus, Lslonedelineres, olzone ‘4 dito, racrcimento, na. Rv. dr. cl, 1964, fps. 351, n° 8 (2) Che proptsito Maton, Colpa ele (teoria gen), ma Exiled, cspeciinante a" 5 e 13, @) Cte, entre outs, Cus, 08 ety plg. 139; Someone, Liegurisa del donro nee cle, et, 60, pig. 342 ¢ vgs; G. Vans, La respon ‘a eile nella raropradena, pg. © 28. O) Bit le, pag 518, 410 Fontes das obripagsee vvariantes fandamentais através das quais se pode revelat 0 carfc- ter antijuridico ou ilicin (!) do facto. Mais do que limitar (© arbitrio do julgador, num instituto em que tio largo apelo se faz 208 seus critérios de bom senso ¢ de equilibrio, e até aos seus julzos de equidade, houve a intengio de auxiliar o intér~ prete na érdua tarefa de delimitar o campo da actuacao ilfcita perante 2 zona dos comportamentos que, muito embora pos- sam causat danos a outrem, sf0 exigidos on sancionados pelo Gireito, ou so pelo menos indiferentes 4 ordem juridica ou por ela tolerados. 124. Formas da ilctde: 1) Violagao de um dreto de outrem. ‘A primeira forma exquemitica de comportamento ilfcito refe- rida no artigo 483. é a siolagdo do dirito de outrem. Ficam com- pendiados nesta rubrica os casos mais nitidos de ilictude civil © Por isto, mais ficeis de determinar. s dizeitos subjectivos aqui abrangidos (desde que 0 nfo- -cumprimento, 0 cumprimento tardio e © cumprimento defei- tuoso dos direitos de crédito vém tratados no capitulo da rei- ponsabilidade contratual) sio, principalmente, os dircitos abso Iutos, nomeadamente os direitos sobre as coisas ou direitos reais, 0s direitos de personalidade, os direitos familiares © a pro- priedade intelectual (direitos de autor ¢ propriedade industrial) Entre os direitos reas avulta o direito de propriedade, cuja violagao pode revestic 08 mais variados aspectos (a privagio do ‘uso ou fruigio da coisa, imposta ao titular; a apropriaglo, dete~ ioragio ou destruigio da ciosa; 2 disposicio indevida dela; a subtracgZo dela; a peruubagio do exercicio do dircito do pro~ (2) Nem todos os autores squparam, nesta matin a antridildade Wet ‘de: conta esa equiparacto, Maorca, et. elt, n* 17; ScaDUTO € RULNO, ft ity n 2 (os quls dio, ports, ao termo anijuridicade— objectva — um sentido gue ultrapassa em larga medida 0 asto dominio da rexponsabidade cv). a Das obrigagdes om gorat prietirio, mediante a emissio de famos, cheitos, vapores ou rufdos fora dos termos permitidos pelo artigo 1 34623 © seu uso, fruigio ou consumo, nfo ficultados pelo respective titu- Tats ete) Quanto 20s chamados direitos de personlidade, apesar de ser extremamente duvidoso que se posta far, quanto a muitos deles, de verdadeiros direitos subjetivas('), nfo restam hoje divides de que a sua violagio pode dar lugar & obrigacio de indemnizar: assim sucede com a usurpacio do nome, 0 uso no autorizado da imagem de outrem (w. g., para propaganda de quaisquer produtos), a publicagio de castas confidenciais, ete. (2). (9) 0 Ctigo Civil ia, & certo, os detes de personalidad, entre 08 quai taxaca 0 dito ao nome, & inagen « & reerva sobre a itimidade da vida pr ‘vada, mas apenas para cele alguns dos aepetos da tutee de que gozam cetos sores Tigados personaldade. ‘amb 3 Cone. Po, no art. 8 fala expres: smente em direitos, ierdades © garanas individu, niles icindo © dete 1 via, a0 trabalho, ao bom nome e eputage, el Mas aio a simples designgto fo texto consucional que nos garanetratarse de verdadekos diets subietvo. “eNo dito privado, esrevem SeaDur0 @ RURIND (est. lt, n° 1) importa recordar 4s Incerteras sobre & posta de coaricerar come dirs eubetivor alguns aos bens juridvos, epeilmente os chamdos dreitoe ene a préptin pessoa ‘ida, coco, libra, sa, Bonny. ‘Ade de se ao trate de inereser dope como ot got conttstn a subse ‘cia do comum dos dictos subjective, & volo dos valores igados & pero- rlidade coresponde em rgra uma ttels de drat plo — que, no todo ou em grande parte, tanscende a Youade do individu, lat do inteeseimediatamente Jesado, para, como diz Laxenz (§€, De sitar no plano supetior da dgidade € da violblidade da penton Hamna ‘Ce, sobre a aaturens erin dos chamados direitos de personalidad, além da obra clin de ne Cums, Os aretos de perouldade, tad, port, 196, os seine tes eta: Fanscts, Zur Dogmatit der eonrtigonRecsn gn, § #23, 1, BOD, 1 AEP, 160, pig. 273; Latenz, «Dar elremmine Perznlhetrech im Recht der wneiabion Handlegen, no NW. 55, pig 321; Scurrmne, Zur Geschichte ‘des PersonlchResrechs im 19. Jaehundert 1 AeP, 188 88.503; StotL, Une chtstypen bel Verletzarg absolter Rechte, 0 AP, 182, pe. 20. @ Sobre os termos em que na Alemarha we tom prosredo conia alawce dos chamados disitos de persoralidage com a Iberdade de imprenma © funqi0 étlica qoe eta exes, vejaao Laws, § 6,1, pg 417 ess. an Fontes das obrigagson Nos direitos de autor ¢ mais frequente a violagio dos direi~ 10s patrimoniais (a edigdo no autorizada de certa obra; a utili- zagfo indevida de uma patente; a transmissfo radiofénica ou pela TV de uma peca, sem permissio do autor) do que do direito moral (publicagio da obra literéria com correcgGes ou aditamentos no consentidos pelo autor; reproducio da escul- ‘ura, com eliminagio de tacos também no permitida pelo excultor; ete). ‘A violagdo dos direitos familiares patrimoniais (propriedade dos cénjuges, usufruto dos pais, propriedade dos menores scbre ‘certas coisas entregues 3 sua livre disposicio e adminstragio, tc.) pode também determinar a obrigagio de indemnizar(!), mas, ‘© mesmo nio sucede, segundo a orientagio dominante, quanto a0s direitos de carfcter pesoal (direito & fidelidade do cénjuge, poder paternal nas relagSes entre pais efilhos, poderes do tutor ou curador), onde as sangSes predispostas pelo dircito sio de outra ordem (2). 125. 11) Violagio da let que protege interesses alheios. Ao lado da violagio dos direitos subjectivos, prevé-se ainda (dentro da zona em que a doutrina ¢ a jurisprudéncia desde hi muito tém sentido as maiores dificuldades e hesitagdes na definigio do ambito da antijuridicidade) a infracydo da norma destinada a pro tager intereses alheios (3). ©) Quanto A viluefo da obrigasto de alimentos, © caso ser antes de res poosbidade contrat, tl como © prevsto no artigo 1594° (rompiment da Dromess de casmento). De responsbildade exracontraual pode flarae nos casos dos artigos 1681, 1901, 2; 19409, 46 19482 (2) ExnacerntLainaN, Trotade, tad. eit, H 2% § 228, note §; em seat diferent, Laan, $ 6, 1, pg. 410 © se (©) Bastante mais amplo do que o consgrado na ki civil & 0 conceio de Aictude Ssado 20 artigo 6° do Decreto-Lel n° 48051, de 21-XI1967, quaato & responsablidade civ extracontratea Go Estado « demais pessoas coleivas pil as Das obrigagéee om gorat ‘Tratase da inftacgio das lis que, embora protejam inte- esses particulares, nko conferem aos respectivos titulares um direito subjectivo a exsa tutela(); e de leis que, tendo também ow até principalmente em vista a proteccio de interesses colec- tivos, no deoxam de atender 2os intereses particulares subja- centes (de individuos ou de clases ou grupos de pessoas). Esta referéncia explicita, auténoma, violagio dos sim- piles interesses tutelados pela Tei tem a maior importincia pri- tica, antes de mais, quanto aos interesses particulares criminal- ‘mente protegidos. Se tais intersses ou valores (como a vida, 1 integridade fisica, a honra, a sside, a liberdade, a autenticidade dos documentot e das assinaturas, por exemplo) slo tutelados, pela lei penal, é porque a violagio dees afecta, nio $6 0 cftculo de bens da pessoa lesada ou dos seus familiares, mas outros inte- resses colectivos, ligados & paz, A perfeigio © & seguranga da colectividade. A sangio do infiactor no pode ter nestes casos ‘uma simples fimo reporadera, mas também fimgSes autSno- ‘mas de outra natureza (de privengdo especial ou de prevencio eral), relacionadas com os interesses colectivos que 0 crime poe em crise. Desde que 0 lesado no pode dispor destes inte- esses, ser davidoso, por essa ¢ por outras razdes, que se posa falar, com propriedade, de um direito subjectivo sobre os valores criminalmente tutelados. Come quer que seja, porém, havendo violagio das normas (penais) que tutelam, entre outros, esses interesses particulares como sucede, por exemplo, com a 2,20 dominio dos acos de gosto pha. «Consderamse leo, dz ese pesto, (8 tetos juridicos que volem as norms lease reguamentres ou 06 prapios ‘ers eplicvelse o6 actos materais qu infijam esas moras ¢ princpios. ou finda as repras de ordem clea do grudiaea comm, que devam set tdas em consideration. () A te quer protege ens inteeses, mas no quir dear & respectva ‘uti aa le dsponblidade das pesuss a quem ela seapelt. a6 Pontes das obrioagion falsificagio de documentos ou de asinaturas —haverf lugar & obrigagio de indemnizar (1). ‘Outras vezes, a norma violada protegers interesses par~ ticulares, mas sem conceder 20 respectivo titular um direito subjectivo, s6 porque um outro interesse particular mais forte se The wobrepée. ‘© que sucede com o artigo 1 391.°, que, protegendo 0 interesie dos proprietirios de prédios inferiores no aproveitamento das Sguas sobejas das fontes ou nascentes, nio Ihes concede um direito subjectivo, em atencio 20 inte resse mais forte do proprietirio do prédio onde se situa 2 fonte ‘ou nascente. Se forem, porém, terceiros quem, violando o dis posto naquele preceito legal, lesa os interesses dos proprietirios dos prédios inferiores, haverd um acto ilicito, capaz de gerar responsabilidade civil. No elenco das situagSes abrangidas pela nova categoria de factos antijuridicos cabem ainda os casos em que 0 dano resulta, nfo da pritica de um crime, mas de uma simples con- travengio ou de uma transgressdo de cardcter administrativo, sempre que a norma violada vise proteger intereses dos parti- culares, sem thes conferir um verdadeiro dircito subjective: comerciante que é lesado ma sua clintels, ou nos proventos da sua actividade, pelo facto de o comerciante vizinho infringir (9) Destacando co termos autdsomos alguns dot valores ligados & perso- -ulidade (a ineridade fsa, a vida, a said c a liberdade), 20 lado da propie: ade © de qualquer outro dict subjective, 0 § #23 do Cédigoalemto ter pt ceumente como reautado que, aa Alemania, pode ser constitldo em responsi Dilidade quem quer que ofenda on agrida ces valores, ainda que a ofeas ot ‘gzealo to rovaa nechuma das format Uipicar previstas sas normas (pels) tateladoran de tale valores, Cit. Lanz, § 66, , pt. 412 Doutrina diferente tec de vgorr eotre nbs, etendermos que tue dos fotereves ou valores corespondentes 0s nfo converte em verdaderos dels sub- ‘ethos, as Das obrigantion om gorat as regras da boa concorréncia (1) ou algumas das normas con tidas na legislagfo sobre delitos anti-econémicos ou sobre as, infraogdes contra a satide ptblica; menor ou adulto a quem foram vendidos estupeficientes; doente que foi tratado pelo sédico contra at regras extabelecidas para a prevengio ou cura da enfermidade; automobilista que viola as regras do trinsito; consumidor que é lesado na sua satide pelos géneros aliment{- ios que 0 comerciante Ihe vendeu, infringindo as norms que regulam as condigSes de sanidade a observar na guard ¢ apro- vislonamento deses géneros(?); 0 dono da construgio que rufu, porque o arquitecto ou o engenheiro responsivel nio observaram as regras apliciveis &s construgdes desse género; ‘© notirio ou 0 conservador que, por inobservincia das nor- mas do seu offcio, causaram prejulzos aos outorgantes. no acto (3); ete. (2) Oko artigo 892 do Decreto-Lel n 197, de 2-¥F1938 ¢ 0 artgn 22° do Chia da Prop nd, dos ual conch ser concortaca desealwtodo 0 acto ‘Se concorécia contra bs normas © wot honestos de qualquer ramo de ative (ade ceoeémice. ‘Da mesma natrena dos refridos no texto € ex. dado por Pear Conaata (oas Lipa de Di. Com, 1, 1965, phe 267): Por morte de 4, dono de wm betel, cate adjtioado & um dos fbos (B)- oato Aiko (C) mont, entretanto, un fut hot em belo diferente da mesma ciétde, Embora dé a ete nome dif ents faz cela folhetot pelos clients 60 antigo hte, informando-os falsmento de que ele madara de nome e de Josl, max coatinuava a ser © mesmo exabels- ent. (@)Yeamse ot ertigos 13 4 1957. (©) Camas, Reyporabilid del noaro pr la alc det ett dt Id ropa na Ris di. cn 1986, pi. 44 «sep; Frmauaa De ALsmDA, 4 omit do rerio ‘redial camo fnte da obrigagSo de indewatzr, a. Rev. Tb, 1°, pig. St. Cl 1 propéeto, entre outros, os segintes diplomas: Regulamesto de seguransa do6 ‘levadoreseléricos (Dec. n* 51370); Regal. de esruturas de ago para edifices (Dee, no 46160, de 19511965) © Regul. de exruturas de betlo armado (ee 8 4772, de 204960. 2, do Decreto-Lel n° 4 24, de 24 de Julho a6 Pontes das obrigagboe 126. Requistos especiais da 2* variante da ilictude, Para que 6 lesado, em casos do segundo tipo de lcitude (1), tena direito a indemnizagio, trés requistos se mostram indispensiveis: 12 Que 2 lesio dos interesses do particular corresponda a violago de wma norma legal. Suponhamos que a pessoa agredida por A é um artista que deveria dar nesse dia um recital e que, emconsequénciada agressio, 6 recital se nfo realiza, com sétio prejutzo nao s6 para o agredido (8), mas também para o dono da sala de especticulos¢ o arrenda- tirio do respectivo bufete. O agredido (B) teri direito a ser inde manizado, porque A violou as normas tuteladoras da integridade fisica das pessoas, mas fnnfo gozario do mesmo direito nemo dono da sala de especticulos, nem o arrendatirio do bufete, porque, cembora tenham sido lesadas no seu patriménio, nlo hé nenhuma norma que tutele em geal direito das pessoas a0 seu patriménio 2). () A dreunstinla do tude, 208 cass do tina reerido no text, com prender jf a volgto das repr prevntvas eabelecidat nu let penal, dein ‘eatin, zal et, reese uma importncia especial no easo de 0 dana Wi a set pro vosudo diecamente por um facto posterior de tecrezo (gue sa inimputvel 03 ‘oe, sendo imputdvel, teohu agido sem culpa), por qualquer eveto mara ou for- fio (aca ou calor excosivo que cause wexplosto de matéiasinfandveis arma szadasconra as dispongde reglamentars) ou at por facto do ldo (veselo ‘que val coliir com outro, eataionado fora de mio, ou parado em 2008 de rtd Tie, sem 0 frdnglo Indeativo de paragem na. via pblia) Se a icinde, em semethantessituages, consitise apenas na lesto das pos tas ou bens atingidos (na violsdo do creo & vida ou & interidade fica dos Individuos ou a desruigdo on detriorardo das cos), 0 cater lca ou Helo a conduta do agente fara, em numerosos casos, Gependente da sorte, 60 aco 00 da evolnio frtiia do sconteimentos, quando & mais conforme ao sentido 4a I, © mais edueativo do pooto de vss pedagipicosocil,reconhecer que hk comportamento ico do agente, logo que ee vols a regres preveatiat dest das tela op intereses que veram mais tarde a sr Sesados Sobre a problemen especial das norms lous tusadoras do Intrecspat- ticlres, vide KNomts, Zar Probematk der Beurtelng einer Norm alt Soke tageets Im Sine es § 823 Abs. 2 BB. 20 NJ-W> 6, 28g. GT. Gh o exemple, relaido por Bho (pe, 10), do cliente do tanso que, por ‘fo vender as acjes em oportunadefavordvel dvi & falta de informasto opor- una dot servigos dee Danco, adoese do stems nervoxo a7 ony Das obrigagtes em gerat 2° Que, a tutela dos interesses particulares figwe, de facto, centre os fins da norma violada — que esta tutela nio seja, por tanto, um mero reflexo da proteceio dos interesses colectivos, que, como tais, a lei visa salvaguardar (1) 3° Que o dano se tenka registado no crculo de interesses privados que a lei visa tutelar (2), Coma diam ot autores gerinics a propio do press parlelo do Chtigo ci lomo Gece, ob i, 144, no G segs; Lanenz ob, oe. ct: Brox, pig 99), 0 qv cota ao €0 feo dn norma vlad, ms Oeuf ou com fede, Nko bata Que a norms tam aprovite ao particular, épreclo que ea {enka tomb em vista a protcpo dele, V., em setido aniogo, Pesos J0RCr, obs ety 2 88 ‘e's protelo concede ao intere dos partilaresreveste forma. de um ito sbi, 0 gic, no entender de HAC, que 0 ntereve 6 defendido onze todas as formus de eo; de contri, ele srk defend apenas contra & forma de agrealo epeciainentecomsderada lel. (@), Cl Essen, § 202, 2,8). 86 mediante Interpret adouada dis regs violas, tendente& fie 0 fim de norma (Normeweck), se pode saber que inte ‘revs oo pretendes acautelar através dean ath nase cas0 0 exemplo mato cao pos estore lems da peion que, etando pats a entrar a0 traxsporte plc, 6 afastada pla forga por um pateageiro que sabe aver spenas dos ugaresdipo- ese preende ocupar um dels, cbrigando aqua perder otraporte © ft, com ete fico, um sro prea "Tudo ett em saber a exe norms repaladorss do aceso do pico aos rncion de transports © que interswes se petnde fuelar com els. ‘Problema andlogo s pode formulas em selasto ls normas que defi o con icionamento india (@javilagho pode causa danos aos indtialsconcor- etn) om he gas que Seam a poericne ow or otvot de exchato a observa fo terutarentoe ma promordo de ceraseaegorias de unciondice ov no preet- chimento de deteminudos gars. ‘Bastante coon efstrutivas, sob aapecto em exams so as plc cere tas refeidas por Tratancnt (Cawalt ¢ dan, pg. 61, noia 2; pg. 70, not 25; fe. 73, nota 2%; pls. 1), em gue o dana havido proveio de um reo diferente ‘aquele que norma volada prcureva snutelay 1) A 0 B sepia par, de ‘oie, er bickletan sm farlim sero, C, vido de auomnével em deyso oposa, caida com 3, tendo este morrdo no acdene. fol scusado de honsiioculpowo, ‘im o fandamento de qe, ee touxzse 0 farclia aces, como deva, C teria vito ‘a Bclta de Heo seidente io ve tria dado. Fol absovido, por efeader que, ‘to impor a obreno deter eur luz no velclo ali quer qu 0 pépriocondutor Dots er eer vo, «lo que ele torne outros vals avis tereio. 2) Um ais Fontee dar obrigagbon © segundo requisito verifica-se na generalidade das leis (penais ou administrativas) que tutelam valores ligados & per sonalidade fiica ou moral dos individuos: por isso, ainda que seja davidosa a possibilidade de invocar a violacio de um direto subjecivo do lesado, o facto ilfito determinard responsabilidade pela simples circunstincia de, nesses casos, ofender um interesse alheio. Mas jf 0 mesmo nio sucede com a generalidade dag normas constitucionais, com os preceitos penais que punem os cximes contra a seguranga do Estado, com as prescribes do direito fiscal, etc. terceiro requisito nfo se verfica, por ex, quando uma postura administrativa manda iluminar determinados recintos para protecglo dos operirios que laboram em certas fabricas ‘ou das criangas que frequentem certa escola ¢ a flta de ilumi- nagio vem a causar danos em pessoas estranhas que pelo recinto zculam indevidamente, ou quando 0 atraso do comboio ow da camioneta de carreira acarretem. um prejulzo sério para 0 passageiro, visto que a existincia legal do horésio visaré aciu- telar o interesse colectivo da regulatidade do tréfego, mas no intereses da ordem daquele que foi lesado. clang tepou por um poste de lnhe etic (load a ma altura lnfeioe& ‘eqlaments) ¢ fol vlna de acidnte: a empress fo} eta de reponsbildade, ‘por oc considerar que a alter minina da linha, fsada no reglanety le ink Ainpedir a exalnda dos posts, mas beta & que as cosas tanspocadas por pessoas ox velos,erealando ao nv! do sole, contciem com asinhas. 3) O espastador e um cena, a0 pattar uma cadeira xo amigo, dix cir para um piso ifr, nde fore pravemente dau senhoras. Entende T que a empresa no € responsive, fembora els tenn infingdo a norms regulsmentar que manda far as cadeeas so pavineni: 0 fim da norma ¢ tornar mais fic © menos perigoa a ciculagso ‘ne mala, enqoanto exta nfo est ifuminada,efaclitar a salda da pessoas em cad e inctadio. 4) Um oonéutor de motocicieta, infrngindo os reglaneston da itulado rodovitria transports comsigo dois rapa, um dos quas adoece com bronguite, yor vedo das corrnts do a aque so expe. No ha riponsbidade o candor, porque o dano, diz T, endo 6 realzagto 40 rico em conseragio do ‘al 8 cooduta ere ites. 43 Dao obrigesten em gers 127. Jusiicagio © sentido do requisto da ilicitude. Nio se diga, entretanto(!), que o pressuposto da ilictude & inteira- ‘mente infil ou extremaments perigoso: indi, na medida em ‘que illcto seria mero sinénimo de facto que viola ou ofende os direitos de outrem; perigoso, porque o termo illcito sugere a ideia de facto proibido, reprovavel, condenado, ¢ ssa ideia néo passria de uma sobrevivéncia injusiticada de velha tese de Ciuxowt, que assinalava ao dever de indemnizar uma fingio de acepressior o% de sreacgior contra o ilicitos. Pois a verdade que iliciude ¢ violagio de um direito de ‘outrem nio constituem expresses sindnimas, sendo esta vio~ lacio apenas uma das formas que a ilictude pode reves. Por outro lado, embora a responsabilidade civil exerga uma fingio essencialmente repradora ous indemnizatéria, ela no deixa de desempenhar, acesséria ou subordinadamente, uma fangio de cardcter preventive, sanconatbrio ox repressive, como se demons- tra através de virios aspectos do seu regime. Em 12 lugar, note-e que a obrigacio de reparar o dano reeai sobre 0 autor do facto, independentemente de qualquer cenriguecimento que ele tena obtido. Se a idcia objectiva da pura reparasao chega pata justificar a obrigagio de restituir, no ‘caso de enriquecimento 2 custa de outrem, jd nfo parece que baste para fundamentar o deyer de reparagio do dano, quando este no enriquesa o lesante (2}. Precisamente porque @ repa- 2) Pmmwa Con.xo, 0 nex0 de eawaidade, pig. 47 © 67-68, ©) cO resurcinento, exee Cian (Antgiridcid © coerce, 1967, la. 390, representa um mal para © sujeiio a quem é imposo, enquanto constitu parce tine parca de bots econémicoe, Em setido paralelo exreve DELvANtes a rotion date ite, 1982, pbs 1: «Née julgames que todos eto de acordo fem sia no momento pescte que eta (fefrese A responsabiinde ii) © de ‘node especial a respoeablidade delta, assatam esencialmente, nos diferentes ‘ists europe, sobre a idea de reprovacon. Tambéo TaDIAKcis (0b. ly pia. 53 © 5) Bc em detague os dls aspects incinvelment conezar que Tree @ Fontes don cbrigagt ragfo constitui, em principio, uma sangio ¢ que o dever de indemnizar pressupSe, em regra, a culpa do agente. ‘Em 2.° lugar, s6 0 cardcter sancionatério, punitivo ou repressivo da responsabilidad civil permite explicar que a indemnizagio ppossa variar consoante o grau de culpabilidade do agente {art 494), que a repartgio da indemnizagio entre as vivias pesoas responsiveis se fica na medida das respectivas culpas (art. 497% 2) ¢ que a graduacio da reparagio, quando haja culpa do lesado, se faa com base na gravidade das culpas de ambas as partes (1) £ ainda o carcter sanconatério da responsabilidade que justfica, entre outras solugdes, a irrevelancia negativa da cha- ‘mada causa viral ou. hipottica(’) do dano ¢, nb dominio da responsabilidade contratual, o regime pr6prio da mora, com a inversio do risco pelo perecimento da coisa devida. A ilciude radu, asim, a reprovagio da conduta do agente no plano geral ¢ absiccto em que a leise coloca, numa primeira aproximasio da realidade. Como sinénimo de violagio de um comando gera, a iliciude-reveste ainda um interesse especial nno caso particular das omisdes. Se banhista morre afogado fou se a ctianga falece por inani¢io, vérias pestoas podem ter concorrido com a sua inscgio para a morte registada. S6 age, pporém, ilictamente quem tinba o dever de agir e no agin (professor de natagio, pais da crianga, enfermeira, etc.)(2) ‘Advirt-se, porém que a fangio preventiva ou represiva da responsabilidade civil, subjacente aos requistos da ilicitude ¢ da ‘a responsiildne civil, «A fuogdo preventing, exceve, merece ver sblinhada contra 1 tendécin genealiada para asbuir A rexponablidade civil uma. fap porte ‘Bente rentegradorsy () Clry & proptsito, a noma anotao a0 ac. do $.7.J, de SHLI86, sma Rt, ano 12°, pig. 51. (@) Ro mesmo sestide, alts, P.Comno, 0 problem di causa virtual pig. 24, ©) Brox, pig 86. a Das obrigagtee om gorat cilpa se subordina 3 sua fungio reparadora, reintegradora ou com= pensaéria, na medida em que s6 exzepcionalmente © montante da indemnizagio excede 0 valor do dano. 128. Breve alusdo ao abuso do direito.* A juntar aos casos de violagio do dizeito alheio ou da disposigio legal que protege interesses de outrem, 4 ainda que referir, como forma de com- portamento antijuridico capaz de determinar obrigagio de indemnizar, se no houver uma causa especial de exclusio da ilicitade, 0 abuso do dreto (art. 334-)- Nic se wata, neste caso, da violagio de um dircito de outrem, ou da ofensa a uma norma tuteladora de um interes alheio, mas do exercicio anormal do direito proprio. O exer ‘cio do direito em termos reprovados pela lei & considerado ‘como ilegitimo, ¢ isso quer dizer que, havendo dano, o titular do direito pode ser (desde que no caso se reunam os restantes requisitos da responsabilidade) condenado a indemnizar o lesa (© disposto no artigo 334.° sobre o exercicio abusivo do di ‘to, em geral, insere-se na mesma linha de pensamento que jus tifica a exigéncia fixada no artigo 762.°, 2, quanto ao cumpri- mento das obrigagées ¢ 20 exercicio do direito de crédito, em especial Nogio. Hi abuso do direito, segundo a concepgio objec iva aceite no artigo 334.%(!), sempre que o titular o exerce "+ ‘ano Anavee, Do abuso do drt da sua repercusito em Portia, 1936; ‘Vaz Sauna, Os ecor emuativar no dieto romeo, 00 Bol. Fa. Dir. de C, X, Ag. 529; Id, Abo do diet (om matria de responsabilidad cri), 1959; Case ‘avomana News, Quesido de facoguesto de diel eu 0 problema me‘odligico de dade, 196, pg 313 © segs; ROUAST, Les drole decrétonaire tls dole (nelle, nn tr im. 84h, ys bs Nave, Nate poiminne dt eis dll bare del rit 20 Rv rim, di proc. le, 1958, pg 18; Jomenan, De Pest (des bts et de le relat. 4. vasa bib, teleria por Easaccants NPPEDY, 28, ple. 1487, ("Vaz Sa, Abuse drat, nt 2. ry Fontes das obrigagtes ‘com manifesto exceso dos limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes, ou pelo fim econémico ou social deste direito(!). Nio basta que o exercicio do direito cause prejutzos a ‘outrem. Naturalmente, a reclamagio do crédito pelo credor abastado 20 devedor em mé situacio econémica seré contriria 408 interests deste. © proprietirio que constr6i, uo seu terreno, tirando as vists ou a luz 20 prédio vizinho, também pode prejudicar este, Mas em nenhum dos casos haverd em prinepio abuso do dirt, visto a atribuicto do direito traduzirdeliberads~ mente a sapremacia de certos interesses sobre outros, interesies com cles confliuantes. Para que 0 exercicio do direito seja abusivo, € preciso que o titular exceda vislvelmente os limites 4que lhe cumpre observar. Se, para determinar os limites impostos pela boa fé © pelos bons costumes, bd que atender de modo especial as concepsdes éicorjuridicas dominantes na colectividade, jé a consideragio do fim econémico ou social do direito apela de preferéncia para 0s julzos de valor postivamente consagrados na propria lei (2)(°). (Cte o precio parllo (at. 8°, § 19) da Const. Polen Quanto aos limites imposios pelo fin do dircto, cmpre notar que hi na verdae, drcios ‘eatuadamentesubordnados a deterinado fm Como suede no poder peters 10 poder tte, na eet cf, no poder de emancpesto ot), x par de ontrot fen ques reconheoe 1 maior liberdade de decisto ao ttle (rlospoteativos, it de dspor dos préprios bens, com ressalva do direitos dos herds legi- ‘nda asin, 0 dpouto no art. 2196¢—ete). Velnae Vaz Samm, tuna fagrante smehanra entre 0 abuso do det, no campo do reo privido, © devo do poder, 20 secor do dzéito administraiv, quanto 20s actos adminise tnativospratiados no exercco de poderesdisciinirios (art. 19° da Lei Orgtiea 40.7. Adm.) 0 ltign de ma f 0 dolo process, no dominio do proceso civil (eet 4562, 2 fiw do CPE), Ch Maced Carty Mata ey 2 20; ‘rosso Quané, 0 poder disciontro da edminisopdo, pa. 297 © se. © Refe- “ihr sore a tara do devo do poder em dito admanuirtv, 190, pig. 57 655. ‘A sanglo contra 0 abuso do direto ter, como justamente observa Pasoa onot ob et, ota 160), uma Ballad diferente do recurso & equldade? com ett 2 Das obrigardea om gorat Nao pode, em qualquer dos casos, afirmar-se a exclusto dos factores subjectivos nem 0 afastamento da intengio com gue o titular tenba agido, visto esta poder interessa, quer 3 boa f ou 20s bons costumes, quer a0 préprio fim do direito. ‘Apurada a existincia do abuso, os efeitos do exercicio iregulat do direito serio os correspondentes 3 forma de actuagio do titular (1), Mais maleSvel ainda do que a fSrmula usada na nossa Ici & a expressio utilizada na parte final do artigo 2.° do ‘Cdigo suigo: «© abuso manifesto de um direito ndo goza de nenkuma protecgiov. Se 0 exercicio abusivo do direito causo algum dino a ‘outrem, haveré lugar 3 obrigagio de indemnizar; se 0 vicio se tiver refectido na celebracio de qualquer negécio jurfdico, ‘este seré, em principio, mulo (art. 296°)(2); ete. pretends eviarse ijaniga & que condus, em certos casos, a aplicydo comereta (de norma ala pretend imped que a naema sla dvds no eu el sectio Cleanse, Num euo afsiove a nora; no oto, qierse plea 8 Rom, mas om auldatia fielidde 20 200 esp (Tors de quer ma si enon a rtd alot os vss em sur ve denn o abo do ecto, nfo bande positvamante Pare ‘eft afrmar, como fax ae. do ST de 221-1972 (Bo. Mi. Jt, 214,588.42) ‘gue othalar do ireto se locupletaria sem esta eas, Até porque so, ou pode Ser Incramente distntos os efeitos do abuso do dito e do eniqueimento sem 'G) Em principio, 0 abuso do dlieio tem de consderarse equileate b falta do dirt. nQuemn abusa do tx dreto,excree Vaz Seana (0 cit, 20 5), Uta fore das coon em que ei pemit,e efit deve ser, portant, em Principio, o que renutaria do exereico de um direc sb aparnt, io 6, ds fla de SGiccitn, Le dott cere of Pabus commence, steve 0 mesmo sentido PLANDL fe Rarer, I, pg 289, Malsretceate& a posgio de M. ANDRADE (0. cl 2° [Notese, pork, que a equialtci ere ss duasstuusSes v exprime apenas nos sos eles, Do que realmente se tata, na esac das coisas, quanto x0 abso bo dr, & de penetra no interiar Go ca diet, sunotando seatido dos us ‘ements constutivos, oa de oar para as blizar poss pela ordem juries 0 Jove dos poders subjects, de defini Tur dene elements os limites de actuno do tla do dito subjective. Ch, a propésie, C. Nevis, 0. © lc. es. (@)_ ara msloresdeenvlviments eapliagSespéscs do institut, v. En (cb. it, § 6), aoe ditingue ents osbuso do dito institucional eo abuso individual oy Fontes das obrigansoe 129, Factos antijurldicos especialmente previstos na lei, Alem das duss grandes directrizes de ordem geral fixadas no artigo 483.2, sobre 0 conceito da iliciude, como pressuposto da responsabi-~ lidade civil, o Cédigo trata de modo especial (a semelhanga do que faz « lei civil alemt) algums casos de factos antijuridicos. © primeizo € 0 da afirmagio ou divulgasio de factos capa zes de prejudicarem 0 crédito ou 0 bom nome de qualquer pesoa (art. 4842). Tadeando 2 questio de saber se hé ou nfo um dircito subjective a0 ardiito © 20 bom nome, das pessoas singulares e colectivas, considera-se expressamente como antijurldica a con= duta que ameace lesélos, mos termos prescritos. Neste pri- :eiro aspecto, pouco importa que o facto afirmado ou dival- gado seja ow nfo verdadeiro(i)—contanto que seja suscep- ‘tivel, dadas as circunstincias do caso, de diminuir a confianga ra capacidade © na vontade da pessoa para cumprit as suas obri- gagdes (prejulzo do arédie) ow de abalar o prestgio de que a (2) Be sentido conti, afrmando gu sb Bf rapomabilade se 0 facto ‘lo for verdadero, PaSOA JnoH (ob. et, pg: 310). Sem rasdo, por." wf dade do facto afimado ov difendigo basta, no geal, para tomar Tita a conduta o agente, cus haveréem que deve considerarse igualiente lta conduta de quem diva um facto qu, embora verdadero, posta abalar eréio ou o bom ‘ome de outes (Como se algae divalga alravts da impreas, da io ou da tl Wslo 0 inneeso do midio que o tafou ou do advogado que paecinca 4 sua ‘ans, no inaito deo eso na sus lentes). O caso das agiacas de informagtes comerciis en mada dope contra a soso, ax medida em que, estado ela legal mente autorandas i fnclonar como tala informagées que prestem vem a core ponder ao reco de um dzcito ou ao eumprinesto dem dever contrat — (ee basta pu excuir a Hiiude de sun condut, [No senido da doutrna exposia poder invocarse, quer a modifeuto intro- ozida oa redacpto do artigo 463. do Projecto (reso ministerial), quar fle reaga ene 0 texto do Cédigo portgutse 0 prectito paleo do B.G.B.(§ 824). Em seu abooo pode anda observarse que nea sempre sek menos cewurivel a fetingto do que acm ou divulga umn facto contri A verdad (qe le ule, por ‘ventura, sex verdadiro) do que a daquel que, com pleoa conscitcia do dao ve usa, revel ou propa um facto verdadero, mas anos, Dee obrigaction om gorat {goze ot 0 bom conceito em que ela seja tida (prejufzo do bom nome)(!) mo meio social em que vive ou exerce a sua (© segundo caso & 0 dos simples conselhos, recomendagses 1 informagies, que podem, excepcionalmente, envolver respon- sabilidade civil: ) quando se tenha assumido a responsabi- lidade pelos danos (2); 5) quando haja o dever juridico de os dar ¢ se tenha agido com calpa; «) quando o procedimento do agente seja criminalmente puntvel. ara que 0 comportamento do autor seja considerado anti- _jurldico, & necessério que, além de ter dado um mau conselho ow mi recomendacio, ou uma inexacta informagio, ele tenha ‘© dever legal ou negocial (3) de os prestar ou que a sua con- uta constitua uma forma de ilicto criminal. Refere-se 2 lei, por tltimo, &s omisies, que consticuem formas de comportamento antiuridico apenas quando haja 0 dever (imposto por lei ou decorrente de negécio jurldico) de praticar © acto omitido (4) e este pudesse normalmente ter evitado a verificagio do dano. (2) A efirmapto ox dimlgegto do flo pote, no entnto, nfo ser itt, we corraponder 40 erarcio de um dria ou faculdade ou a0 eumprinento de um ‘ever (como s for fia em depoimeato de pate ov de tetemusha, sum inqtelto hci, et). im contraprtide, se 2 frmacto ox divulgasto integer 0 rine do Sle (x 6ecifamardo on for feta por meio da imprens, cau civil dt indemnizago ‘ano poderto server as sages prevists 20 Cdigo Penal (ars 409: « 4102) ‘a Lal da Imprensa (bases XXDX, XOOKIT e JOO da Lain $771, de $21 (ob art, 111 ¢ 112° do Dee-Lel a 150/72, de 5: (@). Prevose a hipstese de pesion senlo ter obrigado drecamene pres tar 0 const, resmendopto ou iformssto, mus se ter responsablizage pelo onel preizo renante do seu ecatarent. 0). Ets ext deer, normalmente, por parte de quem fax du prstcto das laformagéer, ecouendagds ou conselhon objeto de actvdade remunerada (adver ‘mo, mbdco, perio conablisa, eagenir, arqutto, 2). (OE. Devise, Rural nd erfrderche Sorfl, 1967, pg. 20 6 segs. Nu Alemania BS oma forte corrente no setdo de levat mals Tonge & rae 06 Fontor daa obrigagton © dever imposto por lei tanto pode resultar de uma norma ‘preceptiva, que dectamente imponka certa acgio, como provit indirecamente da norma que imponha a nosa colaboragio na prevengio de certo resultado, que ¢ punido ou reprovado de ‘outro modo na lei. No 1° caso, a ilicitde referee directa~ mente 2 omisio (omissio pura); no 2°, a0 valor, bem ou interese juridico tutelado (comissao. por omissio). ‘A questio de saber se procede ou no illcitamente a pessoa que se recusa a colaborar no salvamento de quem esti prestes a afogar-se ou no ataque 20 incéndio que deflagrou em certo pré= dio depende, asim, da resposta que o direito penal der quanto A existincia do dever dessa colaboracio. 130. Caucas jusifeativas do facto ou cousas de exelusio da ilidtude. A violgio do diteito de outrem ou da norma des- tinada a proteger interesses alheios constiui, em regra, um facto illdto; mas pode suceder que a violacio ou ofensa seja coberta por alguma causa justifcativa do facto, capaz de afistar 2 soa aparente ilicitude. De modo geral, pode dizer-se que o-ficto, embora pre- Judicial aos interesses de outrem ou violando o direito alheio, se considera justfado, e por consequéncia Hcito, sempre que praticado no exerdlco segular de um divito (qui jure suo suttur nmin fait injuriam; feci sed iure fect) ov no cumprimento de um dever(). onsabilidede fundada mas omissier, obrigando nomeadanente aquele que cra carta sitwago ou font de prio (oempresro que rasga um sulco ou abre um bburaco ma estrada; 0 proprio goe liga a correntececrica & vedarto do seu terreno: o lvrador que ul produto txicos ta monda das eras aninhas 98 tno combate 2 prags dos inetos; ee) tomar as providéncas neceeris para ‘qu 0 perigo sen concretze (Vaz Senna, Obrigado de indenmzopto, pig. 111) 0)" Quanto a0 dover de obediéia tsente aa bletrqua adminiatva, nemsemprecleconstulcomo se sabe, causa justiicativa do fact Ce. 0 atigo 38°, 12, do Ci. Penal e os artigos 92, § 1%, € 10° do Esatato Disilinar dos. Fun- tonfroe Civ do Estado, aprorado pelo Doe. n° 32659, de 941190, o Das obrigagtee om geral Exsencial € que 0 dever aparentemente inftingido pelo agente seja afistado ou neutralizado, defintiva ou temporiria mente, por um outro deter ou que 2 violagfo (real ou aparente) tenha sido cometida no exercicio de um dircito. No Tf caso, temos o acto dos funciondtios de justica que, em cumprimento de ordem legitima, sactficam certos direitos do réa ou do presuntivo delinguente; no 2°, 0 do cagador que, munido dia respectiva licenga, entta a cagar em terreno alheio, ow o do dono da 4gua que priva 0 proprietério do prédio inferior do aproveitamento que deh vinha fazendo. ‘Ao lado das duas causas de ordem geral, bd ainda algumas casas especiais justificatives do facto, que a lei trata no capitulo do exercicio ¢ tutela dos direitos. Sio eas: a aco directa, a legl- tima defesa, 0 estado de necssdade e 0 consentimento do lesado. Nio podemos, em bom rigor, considerar estas causas jus tificativas como uma puta aplicagio ou corolétio do principio de que 0 exerdco do dito ox 0 cumprimento do dever legiti- mam a pritica do dano. Els constituem mais a expressio de um agere lizere (de wma frculdade de agit) do que de um verdadeiro direito subjectivo (1). 1) Acgio directa (act. 336.). Nogdo, E 0 recurso i forca (i vias de facto) para realizar ou assegurar 0 préprio direito; corresponde 20 Selbsthilferecht, regulado no § 229 do Cédigo alemio. A accio directa teve um largo campo de aplicagio nos sistemas primitives, mas perdeu gradualmente a sua importincia, 2 medida que se aperfeisoou a garantia jurisdicional dos direitos. Trata-se de uma forma primdria e grossira de reilizacio da justica, que falha contra os ais fortes ¢ conduz a excessos, com grave dano da paz pablica, )_ Quanto dIgtim dea, no sentido do texto, v. CAN, ob it, pls 161 bio, nota 4. oy ontas doo obrigagtex contra os mais fracos; mas que se pode tomar necestiria, pela impossbilidade de os meios estaduais chegarem a tempo de cevitar prejuizos irteparive’s. ‘© Césdigo Civil admite-a expliciamente em termos gend- ricos (!), mas em condigGes muito apertadas. Para que a ela baja lugar, torna-se mister a verificagio dos seguintes requisitos: 2) Fandamento real: & necessrio que 0 agente seja titular dum direito, que procura realizar ou assegurar; b) Necesidade: © recurso 3 forga teré de ser indispensivel, pela impossibildade de recorrer em tempo til aos meios coer ivos normais, para evitar a inutilizagl0 pritica do dircito do agente (*); ©), Adequagdo: O agente nfo pode exceder o estrtamente necessrio para evitar 0 prejulto; €) Valor relative dos inteesses em jogo: Atrvés da scro directa nZo pode o agente sucrificar intereses supetiores 20s que visa realizar ou asegura (3). Quando os requisitos discriminados se verifiquem, além do se tomar lito 0 facto, nem sequer hi lugar a indemnizagio pelos danos causados (art. 3362, 2). A acgio directa pode consis~ (2) Nfo obsante 0, o principio fundamental em matéria de exercio do embora aleuns casos crspionals do autowdefna fosem apontados dentro do iloma (rs, 4869, 23178, 23548 « 23679 — mals, porém, de lepine defess 120 que de acplo directa). No Cédigo vgeste, eft. 0 disposo nos artigos | 314° (01 27726 alnda nos ariga 10578, 2 11254, 25 11339, 2561 148°, 2 qua reme- tem para os maior epeciico de defo da pose). Nese aspect se distngue a angio directa das duss figura wabequentes (eho defna © etado do nowesldade), que podem vim © potest, tuto J& ieee pripios, como de tere, (©) Chr 040, do 8.4, de ISXEI9TO (Bol. Min. Js, 20, pl. 109. a Das obrigagéer om gerat tir na apropriagio da coisa(!) (que outrem so propunha ilegt- timamente destruit ow ocular), na destrui¢io dela (quando a coutra pesioa pretendesse utiizi-la para fins ilicitos), na sua dete- rioragio (quando, por ex., se queira impedir a safda de um vet- culo com importantes artigos fortados), na eliminago de cer~ tas resistencias a0 exercicio do direito (se o senhorio impede © inguilino de retirar da casa as coisas que Ihe pertencem, sem para tal dispor de qualquer dircito de retengio; se 0 dono impede 0 acesso 20 seu prédio, indispensivel nos termos do attigo 339°, para combater 0 incéndio no prédio vizinho) ‘ou em outros actos de natureza andloga (*). ‘Nio se verificando algum ou nenhum dos requisivos exi- ‘gidos, 0 agente seri obrigido a indemnizar os danos causados, salvo se tiver agido na persuasio ersénea da sua verificag%o € © erro for desculpivel T) Leghima defesa (act. 3375)". ‘Nogio. A legitima defesa(:) consiste na reaogio destinada a afastar a agressio actual eilfta da pessoa (a vida, a honra, a inte~ oir recone. Se emprega domatica sale de cana sem se er deseo, no poderd a dona da foe, que casualente a encontra mam rcnt de verde, apoderar-se da so mal {sno u Je alguer pera de vstulro, para doce modo Torr rere: ExwmccmusNeweaner, #20, nota 14 (@) Ene os actos de mature anloga a que se rire a paste final do n.* 2 o atgn 36°, conte «propia deteacto do obrgndo, se howe afundada us pela. por ex de que petendeevndinee para outer 0 paral de coiss que dev Fesite 0 detentor ford, nea alia, de promover a rapide entrena do detido as ‘utoidades, sob pena deinorrer nus sangbs penal corzeapondentes. Cit. EMSC cme Nreaney, § 24, MT, 2 8 vstirima, no drcto eimin], a bibliogafia sobre leytima deft. Cte es indiagder dadas por Exvecomus- NivenDey, § 24, pote 1, para tere tre germinica, onde o tema tem sido tratado com mslor profundidade. (O)_ Chr arts, 3672, 23842 6 2367° do Cio de AST os ats. 448, n° S, © 46° do Cédigo Femi. +0 Pontoe dan obrigagson sgridade corporal, o pudor, a liberdade) ou do patriménio, soja do agente, seja de terceiro. ‘Apesar de ser uma atitude de reagjdo (¢ no de atague ou iniciative, como a acgio directa ou a acco em estado de neces sidade), a legitima defesa pode causar danos na pessoa ou no patriménio do autor da agresdo, sobretado quando haja excesso na reacsio, A defesa considera-se legitima, porque, nao podendo @ Estado, apesar de todo o arsenal dos seus meios de prevengio, ceviter 0 pritica de facts illite, justo & se reconhera 20s parti- culates a faculdade de, em certos termos, se definderem de alguns deles pelos seus proprios meios. Requisitos. Para que haja legftima defesa, além de ser essen~ cial que ot bens lesades por quem se defende pertengam 20 agressor(%), € nocessitio que se verifiquem os seguintes requisitos: 2) Agresio: que haja uma ofnsa da pessoa ou dos bens de alguém (por consequéncia uma ago ¢ nfo uma simples coms) ()5 1) Actualidade e ilicitude da agressto: que a agressio (contra 4 qual se reage) seja actual (2) (¢ nfo apenas previsvel ou provd- vel) € contriria a lei. Nao & porém, necessrio que haja culpa do agresior, sendo perfeitamente cabida a legltima defesa con~ ‘a a agresio do demente ou contra 0 condutor que, por (0) Paton Sonoe, 0, et pls. 231. (@)_ Bm wentido dierent: Pas Joncr, ob eit, nota 203, No mesmo vendo do texto: Vaz Senna, Abu do dvelo, BM, 86 ig. 49; Exsacomu-Nimaney, $240, 0, (2) Ser actual signin ser prsere (oo pretrita, nem fun) ox emtnenté (os termon de no sex privcomente pos altar a sgreaso, mediante 9 recur 48 mos normals), mas afo forgosmente eect. O sentido do requis (octa- [Rdade) hie naturnimente ser spirado Luz do fin do institu, que € 0 de efartar| a agente, an Des obrigagtes em gerat Fontee das obrigacsee desfalecimento repentino, ameaca atropelar uma pessoa ou des~ ‘ruir uma cois; 6) Necesidade da reagio: que nko seja viével nem eficaz (neste sentido se deve interpretar a possibilidade a que alude 2 Ie) © reewso aos meios normais; 4) Adequagio: que haja uma certa proporcionalidade entre © prejuizo que se causa e aquele que se pretende evitar, de modo que 0 meio vsado nao provoque um dano manifetemente superior 0 que se preende ofatar. Se a agressio & passada (no actual), jé se no justifica a reacgio, porque o dano esti consumado; se & futura, poders recorrer-se nermalmente 0s meios coercivos proprios. Para ‘que seja conrdia 2 lei, basta que a agressio o seja objectivamente, pouco importindo que o agressor seja ou nfo imputivel e tena ‘ou nio culpa‘). ‘A reacgio do agente pode visar a defesa de terceiro (2), nos termos do artigo 3372, ¢ nada impede que se dirija contra © proprio titular do diteito, desde que se nfo trate de um dircito dispontvel (2) ou desde que o titular haja excedido os limites da sua livre disponibilidade. Hla tem, no entanto, de se dirigir sempre contra 0 autor da agresso. (1) No mesmo sentido, Vaz Senna, no BM, 859, pg. 54 ¢ Ensaccmur -Nirrexoey,§ 240, pig 1443; em seta diferente, Paso Jona, ob it, pag. 235 © segs, com 0 argument improcedente de que a elute da Witude, wos casos fem que a defest ou reaedo se jutfen, podert basearse sempre no extado de necessidade ou ta aco directa, quando & certo que os presuposts © 0 esptto eves instuon nfo cobrem semelhantesstoagier de deta 08 reaspde. (2) Aldo de a reacrio do agente ter como fin asegurar 0 respeito da ordea Jarl, pode suede que o tere Se nil enconre em conde de regi pot a prépeio! Vaz Sima, Cawas fstfeatras do facto, 2° 13. ©) Bo caso da peson que reage contra tentativa de sulldlo de outrem ‘ou mesmo contra testatva de fogo posto em colaa perteacents 20 lncendli, pois embora no dio caso s trate de coisas diponelr no comércio juli, eat podem ado se aucepivels de desrulp, nos temas em que o dono se propunha fata haem vita 0 diaposto no at. 3349), an ‘Também no caso da legitima defésa, além de ser eto 0 acto de quem se defende (¢ de contra ele se nfo admitir, por- tanto, a legltima defesa do agressor), 0 autor & isento de respon sabilidade pelos danos causidos. Apenas responders se houver erro da sua parte acerca da vetifcacio dos pressupostos que legitimam a defesa ¢ 0 erro no for desculpével (1). (© acto considera-se ainda justificado(Ilcito), mesmo que haja exceso na defss, quando © excesso provenha da perturbagio ‘ou do medo nio culposo com que o agente actuou. O excesto da reaogo pode resultar, tanto da impropridade do meio ado (mais grave do que o estritamente necessério para repelir a agressio: a pesioa reagiu 3 paulada ow a tro contra uma agres- slo a que facilmente poria cobro com a sua propria forca), como do facto de o interesse do atacante ser manifestamenta superior a0 do defendente (2). Ul) Estado de necessidade. fi igualmente Mcito (art. 339) © acto daquele que, para remover © perigo actual de um dano i te superior (2), quer do agente, quer de terceiro, ddestr6i ow danifica coisa alheia (4) —devendo, por igualdade ou por maioria de razio, considerar-se também Uicito 0 acto daquele que, em lugar de desruir ou danifar, se limita 2 usar (Gem autorizagio) coisa alheia. Em sentido um tanto paralelo a esta distingio, referem alguns autores alemies($) 0 estado de necestidade defensivo (2) Aeerea do ero sobre os presuposin de um obstculo 2 ite, 20 oniaio do dreto pena, v.Fisuunsoo Dust, O problema da comeltnca da Welnde ‘em deo penal, 196, § (@) Pasa Jona, ob. ©) Tambien neste eavo 6 perien do dano (que st petende eit) w pode ‘fei, tanto 10 agente (hk su peck ou wo veu patriménio), com a teecko. (®) Vejase tobre 0 eiado de necasidade, no dito facts, Pure, Ravaar ¢ Exan, Trl, VI, Oblp, * 3660, 20 dre italiano, M. Baouat0, To stato di necesita nel dito cite, 96. (©) Chr. por todos Eun, § 9, I; Expeccunca Nirraey, § 241, 1 1. Ont Dav obrigagice em gerat (Verteidigangsnotsiand), previsto no § 228, ¢ 0 estado de neces- sidade atacante (Angrffinotstend , regulado no § 904 do Cédigo alemao). Nogio. O estado de necessidade € precisamente a situagdo de constrangimento em que age quem sacrifca coisa alheia, com 0 _fim de afstar 0 perigo actual de sm prejulzo manifetamente superior. © automobilista, a quem surge inesperadamente pela frente um peo, nfo tendo jf possibilidade de parar, prefere chocar ‘com um carro estaconado, causando-the danos, do que atrope~ lar o pefo(2). A pessoa que & assatada por um clo de res- ppeito reage, matando o animal. Para transportar o ferido, em perigo de vida, 20 hospital, utiliza-se carro alheio, sem permis- si do dono. Se, para salvar um interesse alheio, o agente sacrifica um interesse préprio (A, para nfo atropelar B, atira com o vel- culo para cima de um outro, que também lhe pertence), nfo & © estado de necessdade, mas 2 gestio de negécios ou a respon sabilidade civil, que Ihe facultard a possibilidade legal de indem- nizagio dos danos que softer (2). Entre a legitimz defesa e 0 estado de necessidade hh tragos ‘comuns: a lesio de um interesse alheio © o fim de afastar um dano, Porém, enquanto < legitima defesa exprime uma reagilo ou repulsdo contra a agressao de outrem, no estado de necessidade actuase ou por atague ou como meio de defesa contra um ppetigo no proveniente de agressio de outrem; no primeiro aso, o perigo resulta da agressio da pessoa contra quem se reage, enquanto no segundo o petigo & devido as mais das vezes a caso fortuito, sendo o acto praticado contra interesses de ter~ ceiro (3). (2) Cannonoam, Droit cin HF, 2, Lex obi, 1957, 2° 378 ©) Rota, 0. cit, n° 1411. (©) Vas Serna, Cassar jstifeatvr do facto, n° 10. on Fenton dns obrigagbon Como o estado de necessidade exclu a ilicitude do acto, no ba legltima defesa contra a pritica deste. Se houver oposicio cou resistincia A sua prética, poders mesmo recorrer-se A ado directa. ‘Como nio bi, porém, 20 acto praticado em estado de nccessidade, 20 contrério do que sucede na legitima defesa, uma agressio prévia do lesado, ¢ porque os interesses do titular da coisa so legltimamente sicrificados, mas em proveito de ‘outrem, sucede que se imptc aqui, nuns casos, € noutros se sdmite, a indemnizagio dos danos causados (!). Hé obrigagio de indermizar, sempre que a situagio de perigo foi provocada por culpa exclusiva do autor da destruicio, danificagio ou uso da coisa alheia (2). Fora deste caso especial, as situages podem variar de tall ‘modo e ser tio diferentes a liberdade de determinagio e de acgio das pessoas, que se entregou 20 prudente critério do julgador, mediante 2 equilibrada ponderacio de todos os interesses em Jogo, a tarefa de decidir nfo 16 sobre o montante da indemni- ‘gio, mas sobre a propria atribuiglo dela e a determinagio das pessoas responsiveis (2). () 0 ‘cto de haver cbrigato é indemnizr nto ex, como & sabdo, « ‘eiade do acto, Bata ter interes, ete outros motives, por io se admit contra ‘© acto lcto a lei dees, a ual presse ua agro conrad le. (@)_ Fol a propria pesoa que tev de abater 0 cfo quem 9 aglon ¢ exciton ‘conta iu foo agente 0 calpado de grave ferimento que forgou a wilzar © ‘wicao albelo para Wansporat 0 ferido 20 hora. (©) Como 0 presto correspondeate do Cédigoslemto (f 904) nfo dz quem 4.0 responsive perante © dono da coi destruda ou daniads, jé na Aleunha se sustentou (Keanna, Der Ensatzfithiie im Flle des § 904 B.B., 20 ACP, 1 pig. 409 « Lanen, § 72,1 ue + lndeaa Jeeta corre px wota So ‘quem tion proveito do act. Asin, se, para apaga 0 fogo que pegou ao vee {rio de 8, ver tlladoeestragado uns manta de C sla B, eo 4, quem devia indernizar CA doutriza dominaate considera, ports, como reponslvel 0 autor a destripdo ou deteriora (ecainde sobre ele, endo sobre o dono da cls, © 485

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