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Das obrigactes em pera tal Hgasio (0 vaso colocado jancla, por ex.) nem os produtos tatuais ligador ao solo (como as vores) oy P ‘A responsibilidade abrange © proprietitio ou possuidor, [POF se presumir que é deles a negligéncia havida na construgio ‘ou na conservario, que levou 3 derrocada do edificio ou da cobra (2); mas, sco dano provier apenas de defeitos de conservacio € esta competir (por Iei ou negécio jurfdico) a outra pessoa (v. gr, 0 usufrutudtio: art. 1 472°, 1), sobre esta, exclusiva- ‘mente, recairé + presungZo legal de culpa, desde que no haja oes culpa do propio ov posuidor. S howver (aulpa in eligento, in insmiendo ou in vigilando), responderio ambos solidiriamente ('). an _A responsabilidade do proprietirio ou possuidor do edi- ficio cessa, nos termos do artigo 492.% logo que prove que ro houve culpa da sua parte, como sucede no caso de a derro~ cada ser devida 20 facto de 0 dono ow téenico responsivel nfo ter tomado as precaugdes necessirias na demoligio de um prédio ou muro vizinho (). ©) anos causados por coisas, animes ou actividades. Quanto 4s cols © animais, jd 0 Cédigo de 1867, no attigo 2 394°, considerava 0 dono responsivel pelos prejuizos que umas ou outros causassem. Pode mesmo dizer-sc, com Cansowsier (3), que na puisagem rural dos comegos do século XIX os animais eram as coisas mobilisrias perigosas por excelénca, (Pinas DE Lua e ANTUNES VanELA, Cid. Ci amok, comenitio a0 an. 2 (A culpa reuntva do proprietrio ov potuidor a obra de consteugtc ‘ave deu lugar & derocad do prédio nfo aft a posiblitade de we algae provar ‘que outras pesoes (womendanente of tsncos) concoretam exlpommeate part ‘8 prododo do dino, Ci. ©. do ST, de S197 (BALL, 197% pe. 28), ©) Vaz Sanna, snot. 2026. d0 8.71, de 211970 (RL. 1042, pkg 123). (9) Vide a. do STH, de 201G1970 (RL, toe. et. 0b. et, 22 109, ae. 380. 116 Fontes das obrigacbes © antigo 493. do Cédigo vigente deslocou o eixo da res- ponsabilidade do simples dominio para a detengio da coisa ow do animal, com o dever de os vigiat(!). Com efeito, se a responsabilidade asenta, no caso presente, sobre a ideia de que nio foram tomadas as medidas de precausio necessirias para evitar o dano, a presungio recai em cheio sobre 2 pessoa que detém a coisa (armas, explosivos, combus- tiveis, substincias radioactivas ou insalubres, agulhas, agulhas édicas, Miminas, instramentos cortantes, ete) ou o animal, com o dever de os vigiar (2). Fssa pessoa serd, por via de regra, 6 proprictiio, mas muitas vezes 0 no seri, podendo tratar-se do comodatirio, do depositirio, do credor pignoraticio, etc. Em qualquer hipétese, a presungio legal de culpa pode ser afastada nos mesmos termos dos casos anteriores: mediante prova da inexisténcia da culpa, ou de que os danos se teriam jgualmente verificado, mesmo sem culpa. Porém, quanto aos danos causados no exercicio de acti- vidades perigosas (fabrico de explosivos, tratamento com ridio, transporte de combustiveis, etc.)(2), o lesante s6 poderi exo- nerar-se de responssbilidade, provando que empregou todas () Ao dono 8 posridor do anima, como tal, & yorém, aplcével 0 ds posto no ar. 502% no qual 2 conagra um rege de vercudeira resporcilidade hte fondada no ric. (G)_ Che, Vaz Senna, Respontbidade pelos danos caus pr cleat ou at vidadet, 0.*2; Aza. Pent Dascado, Da responsabilidad el por dane casador or colas ov animeis, 1971; A. pe Cums, De ft Met, n0 Trt de SCALOI # Branen, com. a0 art, 2051.% Cozzs, Responsoiia per can da cons, phe. 457 eas: Deancn, Sulla rap. oggetva per daw casa! da animal, a Ri. di roc, 980, pg. 255 e sean; Onico, Riv. dit. com. 1984, TI, pg. 206 « sees; Corso, Riv. i, 956,11, pe. 15. sep; Busse. Coxe periolann 0 cote ese agen, ta Rr tim, dit pr. eb, 1956, pl 2 € segs; VI, La notion de chose dngerase, 06 Dallor Heb, 1923, Che, pis. 2 "O), Quanto b cag, wae a Bare LIT dx Lei n° 2152, de 221967 & tt, 233° do Reguamento da Cara (Dec. n* 48 847, de 14VINI-1967; Pon Yonor, Ensaio, nota 176; Marso-Paaro, Cédigo da Copa mor, 1967, pig. 201. m” Das obrigagéee em gerat as ptovidéncias exigidas peas circunstincias para os evitar, Afastse indirecta, mas concludentemente, a possibilidade de © responsivel se eximir A obrigagio de indemnizar, com a alegacio de que os danos se teriam verifieado por uma outra ‘causa, mesmo que ele tivesse adoptado todas aquelas provi- denciss. ° => 14s. D) O dano. Nogio. Alusio suméria ds suas variants, Para haver obrigagio de indemnizar, é condigio exsendal que hhaja dano (1), que o facto illto eulpeso tenha causado um pre- juizo a algaém. Se 0 vigilante no cumpriu o seu dever, mas 0 incapaz nfo causou nenhum prejuizo a quem quer que foste; se 0 auto~ rmobilista transgrediu as regeas do trfnsito, mas no atropelow ninguém nem danificou coisa alheia; se 0 proprietirio nfo obser- ‘vou as precaugdes devidas na conservagio do prédio e este ruiu, ‘mas nfo atingiu nenhuma pestoa nem outros bens, no chega a porse nenhum problema de responssbilidade. Estes surgem apenas quando 20 facto ilfcito sobrevém um dane, Dano real ¢ dano patrimonial. © dano € 0 prejulzo in natura que 0 lesado softeu (2) nos interesses (materiais, espritusis ou mora) que 0 direito violado ou a norma infringida visam (©) 0 Obs de 1867 rs, 06%, 707° evens) iva ssteicanete em eda tes, or dat eenrsein © psf plo alo feat Guo noid tei jet pattis Asp an ot ‘roxas nd tins od ctr mer he inerevaia n foms nto ns Cosn, Onna cola ae -sabilidade civil, n.* 48). “a (© Cana ou om outa dae endo (fale Sinai, seen aot (ie), praca eo peo fr tf por nontate do ead, ta digerado pope daw Aono vanes cl ot ofa cate ox dows inden, as depends por vonade edo, at gor eno arse fort pao faci lc 8 eet ” ontes das obrigacbaa tutclar (1). E a lesio cavsada no interesse jurldicamente tutelado, que reveste as mais das vezes a forma de uma desruigao, sub- tracgie ow deterioragio de certa coisa, material ou incorpérea. £ a morte ou so os ferimentos causados & vitima; é a perda do seu bom nome ou reputgio; sfo os estragos causados no vveiculo, as fendas abertas no edificio pela explosio; a destruiggo ‘ow apropriagio de coisa alheia; etc. ‘Ao lado do dano assim definido, hi 0 dano patrimonial — que ¢ 0 reflexo do dano real sobre a situacio patrimonial do lesado (2). Trata-se, em principio, de ralidades diferentes, de grandezas distintas, embora estreitamente relacionadas entre si, Uma coisa é a morte da vitima, as fracturas, as lesdes que cla soften (dano real); outra, as despesas com os médicos, com 6 intemamento, © funeral, 0 Iucros que 0 sinistrado deixou de obter em virtude da doenca ou da incapacidade, os prejul- 0s que a falta da vitima causou aos seus parentes (dano patri- mmovial), Unna coisa sfo 28 amolgadelas ou as pesas partidas no vyefculo (dano real); outra, as despesas feitss com 0 reboque do ‘arto para a oficina ¢ com a sua reparajio, os negécios que 0 acidente fez gorar, as viagens que o dono do tixi deixou de fazer € 0 lucro que delasretiraria, ete (dano patrimonial)..O dano patrimonial, de que se trata com maior desenvolvimento na secgdo teltiva & obrigasio de indemnizscio, mede-se, em prin cfpio, por uma diferensa: a diferenga entre a sitwagéo real actual (0). Soe 0 conto We dan, vere Gowns Da Stiva, O deer de prear 0 der de indeiszar, ig. 123; Casto Mens, Do conceit jaidio de prez Pama Coan, O problema ds coma vital na resposabilidede end, 1955, 2. 40; Tananciy Cavelide dame, pig. 167 e ep; TeDeca, I dame ei momento della sua ceerminazione, i. pr. 193% 1, pag 258 cvegns GRunoE, ARtuelle Pro- ‘heme sum Beprif des Vermopenchades, 1968; H. Rate, Schaden und Ineres- seine, 1963, pig. 28 © 585. @)_Lawenz, Dey Vermbgentbegrif im Schaisersatzrecht, nos Pesschrite fur H.C. Nipperdey, 1, 1965, pe. 489. ” Das obrigactice om_gerat Fontes des obrigagbox do lesado € a situagio (hipotdica) em que cle se encontrar, se nio fose a lesio. Dentro do dano patrimonial cabe, nto «6 0 dano emergent, ‘ow perda patrimonial (dannum emergens; la perte éprowvée), como ‘0 hue cesante ou luro frustrado(Iuerum cesant; le gain mangué) (1). (© primeiro compreende o prejuizo causado nos bens ou nos direitos j4 existentes na titalaridade do lesado a data da lesio. © segundo abrange os beneficios que o lesado deixou de obter por causa do facto ilfcito, mas a que ainda nio tinha ireito 2 data da lesfo (). Na colisio de tixis, por exemplo, constituirio 0 dano cemergente os preuzos causados em cada um dos vefculos (as despesas de reboque, de reparacio, etc) ou na integridade Fisica das pessoas(3). Constitui lucro cessante 0 ganho que cada um dos condutores deixou de obter, pelo facto de no ter 0 vel culo disponvel para as viagens ou percursos que deveria efectuar. No dominio da prépria responsabilidade contratual, haverd uitas vezes que distinguir entre a prestago em falta (o dinheiro, 2 cols, ou a mercadoria que devia ser entregue; 0 facto que deveria ter sido realizado) e 2s vantagens de que o credor se vit privado (o negécio Iucrativo que deixou de fazer, a revenda que se frustrou, por ex.) em virtude da falta da prestacio debitéria. Ha nogio de dano patrimonial que interessa a0 problema do céleulo da indemmizagio por equivalente. Mas jé & 0 dano (2) Presiamente no mesmo sentido esreve Brox (9. 13): «Br (referose 20 Vermogenschade) bee i der Vermorerscnhusss und dem entrananen Gwin (Vaz Seana, Obvporto de indematzoate, mola 12; Puasa COCtO, © problema caus virtual. pg 91, note 8. NUo condiz com 0 setido val da ‘isngso a iia (lr. Pasion Jonct, Exmio, pkg, 378) de que o Ineo cevante presupte a exitacs, jd no momento da Ieko, de um dito 80 ganho que 2° feusroo. (©) 0 daro emergent tanto pode contr numa diminuSo do ctv (Getre ‘lo de slo, subiracto de moedas, tc), como sum aumento do pase (Cement ‘com reparalo de viatuas, trtamentos médios, algun de Vitis, et). “0 real, como prejuizo in natura, que interessa a0 problema da ‘auslidade © & questio da opydo entee a indemnizagio mediante estauragio natural ¢ a indemnizacio por equivalent. ‘Quando se exprime o dano real pela soma de dinheiro correspondent (F. teve um dano de 50 contos na sua viatura), aise 3 expressio dano o sentido de dano de céleuo. Se a avi- liagdo do prejuizo se faz cm fungio do valor que a coisa tem rno patriménio do lesado (pretium singular) faz-se uma avaliasao concreta do dano} se apenas se procura determinar o valor objec- tivo (pretium commune) da coisa atingida (0 valot genético, por ex, do uso do veiculo danificado, de que 0 dono se viu privado durante a reparagio, independentemente das despesas ue o lesado fer ou teria de fazer para o substitu), temos a avaliagio absracta do dano. Far-se igualmente uma avaliagio concreta do dano, quando se toma em conta o valor muis alto a que 0 comprador teve de adquirir certa mercadotia, por Ihe nfo ter sido entreguc, nna data fixada, aqucla que comprara; far-se-ia uma pura ava~ liagio abstracta, se apenas se considerasse 0 prego corrente da mercadoria deyida no momento em que se calcula 0 valor do dano. Dano patrimonial e deno moral. Muitas veres, porém, fila-se de dano potrimonial com um sentido diferente. Alude-se 20 dno patrimonial para abranger os prejulzos que, sendo suscep seis de avaliagio pecunitria, podem ser reparades ou indemnizados, seno directamente (mediante restauragao natural ot reconstitigao ‘espedfca da situasio anterior & lesio), pelo menos indirectamente (por meio de equivalenie ou indemnizagio pecuniéria)(1). Ao () Chamanse danos petrinonaishdectos os danos que, emtora anim ‘alors os interesses ao patients (e bor nome, a honra, a reputssdo da pes toa), todavia se refetem no putriminio do lesado (Giminuindo, por eX a sia liens). Por aqui ne cock, portant, que nem sempre o duno ptrimonialresalta a Das obrigagdes em gerat lado destes danos pecuniariamente avalifveis, hd outros prejuf- 20s (como as dores fisicas, os desgostos morais, os vexames, a perda de prestigio ou de reputacio, os complexos de ordem esttica) que, sendo insusceptiveis de avaliagio pecuniéria, por- ue atingem bens (como a satide, © bem estar, a liberdade, a beleza, 2 perfecto fisica, a honra ou o bom nome) que no integram 0 patriménio do lesado, apenas podem ser compensados com a obrigagéo pecumiéria imposta 20 agente, sendo esta mais tuna satisfao (Genugtng) do que uma indennizagao (2). A estes danos di-se usualmente 0 nome de danos morais; 0 Cédigo Civil (art. 4962) chama-lhes, com maior propriedade, danos no patrimoniais. O mesmo ficto ilicto pode, como é sabido, produzit simultineamente danos patrimoniais e danos nfo patrimoniais, Danos dlirectos © danos indrectos. Na categoria do dano cabem nfo 56 05 danos directs, que si0 os eitos imediatos do facto ilicito, mas também os danos indireos, que si0 as conse ‘quéncias mediatas ou remoras do dano directo, Se A partit 0 vvidro da montra do estabelecimento de B, no dano por ele causado cabe nio 96 a destruigio do vidro (lano directo), como © farto que os gatunos praticaram, aproveitando 0 rombo feito ow a inundigio que, em virtude do mesmo facto, dete- riorou os artigos do comerciante (dno inliret) a volato de drctios ou interewespatimonias: também a volsgo de delor ‘09 imeresses nto patrimeonas (com a saide, «hon, o brs tome) se pode teoe- tirna pend de reetas 00 ra neersiade de derpesar (Qe sor valor ou on ene de caricterpatimonia. Vide GRUNSxY, Atul Problem Begrft des Ver rmopensachdens, pa. 910. (@) Ao lado da sutsenSo pecuici,haverdoutras‘ormas de reparsto 0 ano nto patrimonil Como a publeagio da sextenra do condenagso do. autor 4s caliia a retratacto dest. a estilo de umm ena, m rathelecment 0 8 supresso de determina situ); mas estas formas de poi tural (x ‘imperfia)pouso inte prt reverem. 4 Fontes daa obrigagbon Dio alguns autores (t) também o nome de danos indirec- tos aos prejulzos reflexamente softidos por terceiros, titulares de relagdes juridicas que so afectadas pelo dano, nfo na sua substincia, mas na sua consistincia pritica (credor da. pessoa que ¢ ferida mortalmente; patrio do criado que fica incapa- sitado de trabalhar, por virtude da agressio; etc.). Dano de carmprimento (interesse positive) ¢ dano da confanca (interesse negativo). E distingio que interessa 4 responsabilidade contratual, sendo nesse dominio que tem seu lugar pr6prio(2)- 146. Ressarcbilidade dos danos nao patrimoniais. ‘Tem sido mito debatida ma doutrina a questio da ressardbilidade dos danos niio_patrimonizis () (4. () Carsoroane, a 88, pig. 305; 1. Durscuor, Der prices réfchs is de Fate dla vie on 8 Vinteré corporelle, 96. Bros, pig. 90; Vaz Stu ane, a6 ac, do S.TSL, de ISL1971 (RL, 1042, pla. 375). (0) M. Anonaoy ob, et, pg. 165 of autores referdos na nota 2 dai 171; Var Seana, Reparpie do dano no patrimonl 2.1; H, not 20 a2. 0S e 211196 (oa RIL, 1032, pig. 173); Puma Corso, Nexo de calidad, 132 50; Pasta Joxor, ob. ety 114; De Cor Mf dame, i, 27 ed 2° 29; Soo- ‘exaaacu, I! dame morale, aa Ri. Di Ch 1, 1957, pg. 277 o9eg; Atv. VioAEay, Tea vesonsbildad per daxo moral, 20 Anuaro de derecho end, 196, pig. 81: P. au, Refs a hirer de Ta reparation ce dona résiont de a surance dela victims dct queues instants apres Poccdet, no Re. Daler, 1966, Juri ls. 181; A. Jonssco, Le réperation der dommares moras dan le droit social rounain, an Re. rownaive de scenes socials, 1966, pg. 207; Duricuoy, ob, ROT ee 161 e seg; Ramer, Le pris de la doweu, D. 1948, chron; 1; EME, La conmeralzaton du dommage moral, D, 1984, Choa. 113; Neunen, Inerse tnd Vermogeachader, no AcP, 133, pag. 277; G. KOPPEL, Blight nd Schmer- zoel 20 AGP, 188, pg. 125 « sph; Lrmxover, Das Schmercengeld 2. 1961; Nons, Zum Eras des tmmavtorllen Schadens nach glendem Recht, Ae 138, ple 1; G. Was, Der Ersatz des immaterelen Schadens, 1964; Lawena, ; Tete, Conran @ Médoc fort moral et dese reparation en doit eb! (A yteimoniatidade ow no patrinenalidade do dano referese 20 dano ou preulo, em si mesmo conskerado,e nfo 2 natueza dos inieresses a que © a Das obrigagten om gerat A favor da solugio negativa tem-se argumentado desde Jogo com a natureza irrepardvel destes danos. © dinheiro, de um lado, e as dores fsicas ou morsis, 0s vexames, a inibigSes, 105 complexos ctiados por certas deformagies extéticas, do outro, sido grandezas heterogéncas. Nio hi possibilidade de apagar (indemnizar) com dinheiro os maleficios desta natureza. Aléim disso, ainda que se pretendesse, no indemmizar, mas compenser, estes danos no patrimoniais, seria sempre muito dificil, sendo priticamente impossivel, fixar, sem uma larga sarge de arbittio, a compensagio correspondente a cada caso concreto. Chegou-se mesmo ao ponto de afirmar que s6 numa con~ gepco grossciramente materialista da vida se poderia admitie a ‘deia de ressarcit com o dinheiro os danos de caricter nio patti- ‘monisl. «Repugna permitir a0 pai exigir dinheiro pela morte do filhos(!). A cstes argumentos tem-se replicado com a afirmagio de que, embora 0 dinheiro e as dores morais ou fisias sejam, de facto, grandezas heterogéneas, a prestagio pecunidria a cargo do Tesante, além de constituir para este uma sangio adequadsa (*), pode contribuir para atenuar, minorar e de algum modo com- pensar 0 danos softidos pelo lesado. Entre a sokusio de nenhisma indemnizagio atribuir 20 lesado, a pretexto de que o dinheico ao consegue apagar 0 dano, ¢ a de se the conceder uma com dan diz reapito (em vento aparentemente diferente, Paton Jonct, oct 0114. (0s danos casnéos no bor nome, reputagio ou prestiio profisonsl de uma pee 0a poder tr, como vimos, earcter patrimonial (anos patrmonals index. ©) Che esse pendor, a arguments do rereentante da Companhia. de Seguros «O Aleteor, na aco deciida pelo ac. do 87.1, de 121969 (RL, 1032, pag. 16. (A indemnizagio funcionard meses cos, no entender de Cannoneen (2.88, pg, 308, como ums espe depen (ode rts) privada, no en prove 2 Est, como sud com was ings no pose pera ase be 486 Pontes das obrigagton pensagio ou satifagdo adequid, ainda que com certa margem de discricionaridade na sua Sixagio, € incontestivelmente mais jjusta c criteriosa a segunda orientagio. E nfo se diga que semelhante raciocinio assenta numa concepgio materalsta ou ualitarista da vida, ou que assim se dleixa infltrar um senso moral relaxado no seio das insttuigBes jurdicss. Nio hi, de facto, intenco de pagar ou indem- hizat 0 dano, muito menos o intuito de facultar 0 comércio com valores de ordem mon; hé apenas o intuito de atenuar tum mal consumado, sabendo-se que a composisio pecunisria pode servir para satisfagio dis mais variadas nevessidades, desde as mais grosseiras ¢ elementaes as de mais elevada espirituili- dade, tudo dependendo, nesse aspecto, da utlizagio que dela se faa (1). Mais imoral e bem mais injusto € o resultado a que conduz 2 tese oposta, negando qualquer compensagio a quem sofreu 0 dano (0 qual pode ser bem mais grave do que muitos danos patrimoniais) ¢ deixando absolutamente intacto 0 patti- énio do autor da les, a pretexto da dificuldade ou da impos- sibilidade de fixar 0 montarte exacto do prejuizo por ele cau- sado. moral, diz vs Curis, & fazer comércio dos bens de ordem spiritual, no o pretender o ressarcimento dos danos que lhes sejam causados. Quanto a ser muito dificil, sentfo impossvel, caleulr 0 ‘montante exacto da compensagio devida pelos danos morais, ‘0 argumento é sério, mas nfo convence, porque dificuldade andloga suscita 0 efleulo de certos danos patrimoniais in (como 0 prejuizo sofrido pelo médico ou pelo advogado com a (2) No mesmo sentido exreve M. ANDBADE (fg. 167: «Quanto a correspon= ec & tesecbiidide dos danos marisa uma conepyo material d Vida, 9 frgumento plo esse a uns insanss de refleo, Sera porventra als Lalita ‘atta do ofensr que nepa a0 lest por danos moras tode a reparagso pecunle fia contnuando Impetarbado a desfula 0s seus bens?y 495 Das obrigagdes om gerat calinia ou a initia, que aféctou sensivelmente a sua clientels) € munca se duvidou da sua ressacibilidade (1), 147. Resolugdo do protlema no plano do dlreito constiuldo, © Cédigo Civl, na esteira de outros diplomas anteriores (2), tomou abertamente partido na contenda, aceitando em ter- mos gerais a tse da ressacibilidade dos ‘danos nio pattimo- niais, mas limitendo-a agueles que, pela sua gravidade, meregam 2 tutela do dircto (art. 4988, 3) (°). ‘A gravidade do dano hide medirse por um padeio objec- tivo (conquanto a apreciagfo deva ter em linha de conta as cir- ccunstincias de cada caso), ¢ nfo 4 luz de factores subjectivos (de-uma sensbilidade particularmente embotada ou especialmente requintada) (4); por outro lado, a gravidade apreciar-te-4 em ©) Tine (cb ci.) contém, em apendice & obra, © sumisio de ume clkcpio de decsiesprofrdas pelos tribune sigs, com istrative dict do montante ds inderniaaefo que concederam em cada casa (Cir. oar, 217, da Const Pol; art. 348, §2% do Cbd. Pros. Pens at. 362, 2, do Céd. da Estrada; Bae XL da Lei n* 2118, de 21V-1963 (Lal da Sage Mena) e inia 0 at. 354* 60 Cbd, Reg. Civ, de 1958; at, 202° do do Not. de 1960 @ art. 275+ do Cd. Reg. Prd. do 195. (©). Yejeso no mesmo sentido 0 antigo 4,° do Cétigo so a resp do artigo 96 exteaise ndrectaments uma outa gf: a de que ‘0 mootane ds indenizasi deve ser proporconado bgrevidede do dono, derendo terse em conta na si Sago oda as regras de bos prudéia de bom senso pico, esta medida ds css de criteria ponderao das elidados 6 vid, Eee, como 5 Tel obsevado por uns astores, 1m dos dominion onde mais nae orm ‘bom sense, oequlrio © anogio das nropores com que o julgador eve cdi. facto de se tla de um julearento de equldade nfo impede que @ iz cera tefcc, cm motivago adequads, © proceso epee straws do gual chegow a ile ago equtative do dana: G. Vik, I veto di levlanepertnae © la naltesiont cine del dno da leone, 1967, pig. 178. Ca propéato, ase €mlnuciosas Indices clas por R. BruAvD, Comment ext ead le pride corporl 965, € sada as conshderagis fas yobre dict inglés ealendo por D. Donstnso, Zant problem der sicheren Beressig des Schmerenplds, 10 AeP, 166, ng 462 © sep, (6)_No mesmo sentido Cansononen (0. 9, pég. 314), quando considera do todo aterane s deiso juiial que concedes a indemniasio por danos morals ota plo dono duns dure de course, com fundamento no dexgsto quo Ie ca ‘morte de um dos ss evan, Fontes das obrigacsee a tutela do dieto: 0 dano deve ser de tal modo grave que Justifique a concessio de uma satisfagio de ordem pecunisria 20 lesado. Concretamente, a lei refere-se a seguir (n° a do art. 496.) aos danot no patrimoniais provenientes da morte da vitima, Isso nio significa que os danos nio patrimoniais nfo devam ser atendidos noutras casos (nomeadamente quando haja ofensas cor~ porais, violasio dos diteitos de personalidade ou do direito moral do autor) (!), mas logo deixa transparecero rigor com que devem ser seleccionados os danos no patrimonisis indemnizéves (2) ‘A referéacia especial a0 cas0 de o facto ter provocado a ‘morte da vitima explicase pela necessidade de designar o titular do direito a indemnizagio (2) © as pessoas cujos danos (no patrimoniais) devem entio ser tomados em linha de conta, () Diferente, no aspecto considerate, & a posto do Chdigo civil lento, us, depois de afrmaro carter excepcioal da resarbibdade dos dans no patc- Inotinis (259), admite no § 49 sindamlzago dos danoe deta nature prove- rienes ds casos do lesbo corporal, de prejulzo para a saide ou de ofeosa part & Tierdade e nda em certoe casoe de eres conta 8 honra da ofedida. Duramete arbitrsio do wibunal. Ess a oretario do Tribunal de Cassaglo de Roma (G. Vinod, ob ct, pig. 173 6 ees). ste astor rlere, etre of danos so patimonias indemniivels, as doves Shige © pilosa porturbag da penn, o& timenton mori opens a vide do relago (obreudo oa provenentes de deformapbes ext) ‘Quasro a esas, os tribunals inegram-nns no dino patrimenial on no dno mora, consonte ten reflex econbmnico a vida da pestonafetada ov apenas the provocam wh etado de justiiads perturba pslgice. (@), Dhsrbuense por tes grupos as pessoas com dirito & indennizago: cbajuge © 05 descendents; ma fala dees, 05 pas ou uttosascendentes; por fim, (0s infos ou sobrios com dict de represetaso. alae intensonainente no cnuge, para compreendr tata a viva como © wo, 20 ines do quo sucodla com 0 antigo 2384*, n.* 2*, do Cid. de 1867, ‘nce a propésito do caso de mort por homleldio se refra apeaus o drt da viva, ‘Quinto 206 descendents, também se no dsingue etre maiores © menores (fi, pork, o art. 2385~ do Céd. de 1867. 43 Das obrigagbes om gerat © montante da indemnizagio correspondente aos danos nfo patrimoniais deve ser calculado em qualquer caso (haja dolo ou sera culpa do lesants) segundo eritrios de equidade, atendendo a0 grau de culpabilidade do responsivel, & sua situagio econd- ica ¢ 3s do lesado e do titilar da indemnizacio (art. 496-3), aos padrées de indemnizagio geralmente adoptados na juris- prudéncia, as futwagSes do valor da moeda, etc. O facto de ale, através da remissio feita no artigo 496°, 3, para as circunstincias mencionadas no artigo 494°, ter mandado atender, na fixagio da indemnizagio, quer 3 culpa, quer 3 situa- so cconbmica do lesen, revela que ela nio aderiu 3 tese segundo a qual a indemnizagio se destinatia nestes casos @ proporcionar 0 lesado, de acordo com o seu teor de vida, os meios econd= sicos necessirios para satisfazer ou compensar com os prazeres da vida os desgostos, os softimentos ou as inibigBes que softera por virtade da lesio. Mas também a circunstincia de se mandar atender & situagZo econémica do lesado, ao lado da do lesante, ‘mostra que a indemnizacio no reveste, aos olhos da lei, um puto caricter sancionatirio. A indemnizagio reveste, no caso dos danos io patrimoniais, uma natureza acentuadamente sista: por um lado, visa compensar de algum modo, mais do que indemnizar, os danos sofridos pela pessoa lesada; por outro lado, no lhe é estranha a ideia de reprover ox castigar, no plano ivilistico © com os meios préprios do direito privado, a con~ duta do, agente (1). © que convém (pela relativa uniformidade ou proximi- dade de critério que importa estabelecer dentro da matéria) & que, na fixagio do montante da indemnizagio, quando baja simultineamente danos patrimoniais ¢ no patrimoniais, 0 tri- (), Pack mais devavolinesios, Lanna, TG ed), § @, IT e Boe, § 118 48 Ronter das obrigatbee bunal faga a discriminagio da parte correspondente a uns € 2 outros (1) (3. 148. Indemnizagdo pelo facto da morte da vitima, Os casos de lesio corporal (provocada por agressio, acidente de viagio ou outra circunstincia) a que sobreveio a morte tém levantado divergéncias, quer na jurispradéncis, quer na doutrina, quanto 2 incluso da perda da vida, como dano nfo patrimonial auténomo, no cilealo da indemnizagio. (© problema ainda recentemente foi abordado, ¢ solucio- nado em sentidos diferentes, por dois importantes acérdios do Supremo Tribunal de Justica: 0 acérdio de 21 de Fevereiro de 1969 (2) eo de 17 de Margo de 1971(4), tendo sido este ‘iltimo tirado, por nove votos contra cinco, com intervengio de todas as seogdes do tribunal, nos termos do artigo 728.°, 3, do Cédigo de Processo Civil. No primeiro perfilhou-se abertamente a tese de que, em face do artigo 496%, a cupressio do bem da vida» no conta como tum dano cuja reparasio se transmita aos herdeiros da vitimas no segundo, zceitou-se, pelo contririo, que a perda do direito a vida é, em mesma, passivel de reparagio pecuniria e que 0 direito a essa reparagio se integra no patriménio da vitima ¢ se transmite sos seus herdeiros. ‘Ambas 21 teses accitam, por forga do texto expresso do astigo 495°, no 3, © do artigo 4969, 1.8" 3 ¢ 3, que, no ca#0 (As raates Justifeasvas dene dacriminasfo von sumasiadas por Vaz SIT, de S1V-I9T0 (RL, 104°, pg. 14); ce. ainda ‘anol a9 26, OST, de EX 1965 (RL, 100 pa. 40. 1G) ‘Sobre a guestio de saber we a existacia do septro de reyponcbdade deve (url ia no guumtativ da indecnizaso, v, nr, Orig de (©). Publade, com anctagto dexfvordvl de Vaz Sanaa, ma RAL, 103°, lg. 166 ¢ ens. (0) Pablcads, com anos de eoncordinci de Vaz Senna, na RIL, 1052, ple. CP, sadn a minusoes antago de Rev. Trib, 90°, pig. 274 49 Das obrigagbes om geral de lesio ou agressio mortal, o agente é obrigado a indemnizar io x6 0 dano patrimonial softido pelas pessoas com dircito 2 exigir alimentos 20 lesado ou por aquelas a quem este, de facto, os prestiva em cumprimento de uma obrigacio natural, mas também os dinos nfo pattimoniais que tenham sofrido quer 2 pr6priavitima da lesfo ou agressio, quer 0 seu cénjuge ou paren~ tes mais préximos. ‘A dsvida esd apenas em saber se a prépria perda da vida, ‘em si mesma considerada, constitui um dano (independente dos outros danos no patrimoniais, que a vitima tenba pade- ido) cuja reparario confira aos herdeiros, por transmiszo mors ‘causa, ‘um. diseito a indemnizacio. Para sustentar a negativa, 0 acérdéo de 12 de Fevereiro de 1969 apoiou-se, fandamentalmente, na circunstincia de a lei admitir agents verbs a existéncia de dois danos no patrimoniais (0 sofrido pe vitima ¢ © padecido pelo cBnjuge ou parentes dela), pois se a indemnizagio tivesse por base a supressio do bem que ¢a vide, o dano seria apenas um ¢ os parentes da vitima teriam 36 um direito de representagio, O acérdéo de 17 de Marco de 1971, brilhantemente relatado pelo malogrado Con selheiro Bemardes de Miranda, entende, por sua vez, que 0 direito & vida ¢ um direito de personalidade cuja violacioillcita no pode deixar de dar lugar 3 obrigasio de indemnizar, nos termos do artigo 483. 1, do Cédigo Civil. A obrigagio znasce no momento em que o agente inicia a pritica do acto ilfcito, integrando-se o correlative diteito, desde logo, no pat miénio da vitima ¢ assim se transmitindo 208 herdeizos a titula~ ridade da indemnizagio (1). Nenhuma das argumentagSes expostas se mostra convin- (©) Dizse mo acho o segute: «No & 4 mort, em si, como reraltado, ‘que gua obrgnto; 6 na Fema do artigo 4632, m1, 0 Cidigo Ci, a aes fu omlsso que vd a ter como consequtcia wore, sala do todo 0 proceso ‘gue a els condor, desde que eaa acjdo ou omislo sea recouheida come lias, ey Fontes das obrigactee cente ¢ nenhuma das solugies propostas se pode considerar inteiramente exacta facto de o artigo 496°, n.° 2, reconhecer um dircito pré~ prio (2), por danos nfo gatrimoniais, 20 cBnjuge ou aos parentes rmais préximos da vitina, nfo exclui, Idgicamente, a posibi- lidade de se reconhecer 29 mesmo tempo o dieito 3 indemni- zagio pelos danos moras causados 2 prépria vitima e de neles incur a perda da vida. Aquela concessio, objectivamente con sierada, desprendida do verdadeiro pensamento da lei, nfo bastaria, por si s6, para afistar a indemnizagio pela morte, como um direito transmiss{vel por via hereditiria, Uma coisa sio os danos softidos pela prépria vitima; outra, os danos direc- tamente causados a0s familiares (! Inversamente, também se no pode aceitar como boa a tese, subserita pelo acérdo de Marco de 1971, de que a obri- gagio de indemnizar nace com a préticn do fact illic. Embora a obrigagio de indemnizar assente sobre vétios pressupostos, entre os quais figura, em regra, a pritica do facto ilicto, nfo pode esquecer-se que a indemmizacio é, essencial- mente, a reparagio de ure dano (de terceiro). Por consequéncia, se € enquanto nfo houver dano, embora haja facto ilfcito, no hi obrigacio de indemmizar. No caso especial da lesfo ou agres- fo mortal, a morte & um dano que, pela prépria natureza das coisas, se no verifica jf na esfera juridica do seu titular. ef inad~ issivel, como justamente observa 0 Conselheiro Arala Chaves ‘num dos votos de vencido, reconhecer o nascimento do direito com 0 ficto juridico de que deriva, para o pretenso siular, a ineapacidade para o adquirin(+). (€) No mesmo sentido Vaz SenkA, na R.LJ, 103%, pig. 14, ave afta, com razio, outos aspectos de argumetasto Jo asérdio de 196 (@), Br sentido diferente, GuvKo Tess Diet das ucessen. Nope andor ‘ments, 177, 1° 21); no sentido do texto, Rev. Tih, 90°, pg, 277 © ators al Giades. “ot Das obrigacdea em gerat Mas qual ser4 entio a boa doutrina, em face do direito vigente? ‘Tendo a lesio ou a agressio como eftito a morte, a lei ppoderia, quanto & perda da vida do lesado ow agredido, enve- redar findamentalmente por um de dois caminhos. Ow man- ter-se fiel a princ'pio de que na indemnizacio imposta a0 agente no devem incluit-se sento os danos sofridos pela vitima, excluindo os danos reflexamente softidos pot terceiros, © nessa altura considerar a indemnizagio correspondente 3 morte da ‘vitima como um direito integrado na heranga, por inspiraglo do disposto no n° x do artigo 71:° Ou atender a que, sendo 2 morte da pesioa lesida ou agredida um dano que, no plano dos interesses em que se move o dircito privado, atinge essen almente 0 cénjuge,¢ 0s parentes mais. préximos da vitima, cconvitia arredat aquele principio e fixar a titularidade ¢ o mon tante da respectiva indemnizagio, tendo directamente ema conta 0s danos patrimoniais e no patrimoniais que a morte da vitima causa reflexamente a essas pessoas. Ota, quer os textos do Cédigo, quer os respectivos tra balhos preparatérios, revelam que foi esta iltima — porventura fa solugio mais realista—a orientagio que a lei perfilhou. No artigo 7592, no 4, do Anteprojecto Vaz Serna do Dieito das obrigagiess, prescrevia-se que 0 direito de satisfigZo por danos nfo patrimoniais causados 2 vitima transmite-se 208 hrerdeiros desta, mesmo que 0 ficto lesivo tenha canada a sua morte ¢ esta enka sido instantinec. A parte final do texto transcrito consagrava.apertis verbis fa tese que vingou no acérdéo de 1971: mesmo que a morte tivesse sido instantinea, e que nenhuns outros danos no patri- moniais a vitima houvesse sofrido além da perda da vida, haveria ugar a indemnizacio por este dano ¢ 0 diteito a essa indemnizagio transmitirse-ia aoe herdeiros da vitima. A mesma doutrina consagrava ainda 0 n° 2 do artigo 476° da 1. revisio minis terial do projecto, segundo o qual #0 dircito de satisfagio por Fontes: doo obrigastecs danos ndo patzimoniais causados & vitima transmite-se aos her~ deitos desta, ainda que o facto lesivo tenka eausado a sua morte imediata» ‘A partir, porém, da 24 revisio ministerial do projecto fart. 498.9), registaram-se duas alteragBes significativas, que 3 mantiveram no texto definitive do Cédigo. Por um lado, eliminov-se muito significaivamente a dispo- sigfo que consagrava a transmissio aos herdetes do diteito de indemmizagio por danos nio patrimoniais, quando o facto lesivo tivesse causado a morte imediata da vitima. E a eliminagio man reverse, apesar da insisténcia com que Vaz SexkA, nas obser~ ‘agles (inéditas) 20 texto projectado, preconizou a-restauragio do texto primitivo. Por outro lado, enquanto 0 n.° 3 do artigo 476° da x2 revi- so ministerial do projecto (eguindo ainda a doutrina proposta no Anteprojecto Vaz SERRA —art. 759.% n° 2) se limitava a conceder aos familiares da vitima a indemnizagio dos danos sorais que clas préprias houvessem softido com a perda da vida do seu cénjuge ou patente, 0 n° 2 do artigo 498. satdo da + revisio ministerial passou a dizer, muito expressivamente, que, por morte da vitima, + direto & indemmizagto por danos no patrimoniais» cabe aos ditos familiares, sem distinguir, nessa atribuigio, entre os danos morais softidos pela propria vitima €¢ 08 causados a0s seus parentes ou 20 seu cénjuge. No mimero subsequente (.° 3) € que expressamente se afirma que, no caso de morte, a indemnizagio tanto abrange uns como outros. E foram estes, sem nenhuma alteracio essencial, os textos que se conservaram na redacgio definitiva do artigo 4962 do Cédigo. Da leitura desta disposigio, quer isoladamente conside- rada, quer analisada 3 luz dos respectivos trabalhos preparatétios, ressaltam, por conseguinte, duas conclusdes importantssimas. ‘A primeira é que nénhum direito de indemnizagio se atribui, por via sucess6ria, aos herdeiros da vitima, como suces- sores morts causa, pelos danos morcis correspondentes 3 perda oy Das obrigagdee om gorat da vids, quando a morte da pesoa atingida tenha sido conse- quéncia imediata da lesio. A segunda & que, no caso de a agres- slo ou lesio ser mortal, toda a indemnizagdo cotrespondente 203 danos morais (quer sofridos pela vitima, quer pelos familiares mais peéximos) cabe, ndo aos herdeiros por via sucessbria, mas «aos familiares por direito préprio, nos termos ¢ segundo a ordem do disposto no n° 2 do arngo 496°(1). Uma vez definida, quer a ttulridade, quer a natureza do direito 8 indemnizagio, no caso de morte do lesado, um outro onto importa ainda esclarecer. fi que, nos danos que o tribu- nal deve ponderar no cilculo da indemnizagio equitativa pres- rita no n° 3 do artigo 496., nada impede, bem pelo contririo, que 0 julgador tome em linha de conta, como parcela auté- noma da soma a que haja de proceder, a perda da vida da vitima, entre cs danos morais softidos pelos familiares. Ao lado dos desgostos ou dos vexames causados pela agressio ou pela causa dela, heverd realmente que contar as mais das vezes com 0 dano moral que, no plano afectivo, pode causar aos familiares a Jalta do lesado, quer esta proceda de morte instantinea, quer nio. Falta tanto mais sensivel, quanto mais fortes forem os lagos de afecto existentes entre os titulares da indemnizagio € a pessoa que sucumbia, 149. E) Nexo de causalidade enteo facto e 0 dano: Remissdo ‘para a obrigacio de indemnizagio. A relevancia da causa virtual. Nem todos os danos sobrevindos a0 facto ifcito sfo inclufdos na responsibilidade do agente, mas apenas ot resultanies do facto (art. 4832). 08 causades por ele, 2) Em sentido ditrente, quumto nos danos aio atrimoniis sofidos pela etoria via, x Rer. Trib, 90 pag. 289. A verdad, pork, é gue, rlativameats 04 danotndo patrimonias, 0 texto do a.* 2 do arti 496: rove inequlvoca imengHo 4 arbivar uma tice indemnlzagio, baeada numa pondeasto global © equiva das cicansdoias de cada cas, © de atsibui 1080 0 dito eset indemnizalo aos familiares destacades wo preceto kel ra Fontes doa obrigacéoe Sed, je 8 de B, atravessa imprudentemente anaeé rales eile por um veiculo, a morte dele nfo deve ou, pelo menos, nem sempre deveré comsiderar-se causada pela ameaca de agressio. Da mesma forma, se C agre- dir D com uma bofetada e esta provocar a morte do agre- dido, que softe de uma lesfo cardlaca gravissima ignotada pelo agressor, também ndo seria justo considerar tal agressio como a causa juridica da morte da vitima, embora de um estrito ponto de vista naturalistco ela seja a causa préxima ou imediata desse evento. ‘A determinagio dos critérios que hio-de servir para, entre os danos sobrevindos 20 lesado, seleccionar aqueles que o direito considera causadas pelo facto fir-se-& no capttulo consagrado 2 obrigaio de indemnizagdo, por see na disciplina genévica dela que a lei trata do nexo de causalidade existente entre o facto © © dano. Hi, todavia, um aspecto particular do problema que inte- rest refert desde jf, porque ele aflora com toda a nitider nos casos de presingo de culpa versados nos artigos 491.° ¢ segs. Em todos estes casos, com excepgio do que se refere 20 exer ‘cio das actividades perigosas, se isenta 0 agente de responsa- Bilidade, se ele provar que no houve culpa da sua parte ou se, ao obstante a culpa com que agiu, mostrar que o dano se teria produzido, ainda que o seu facto (culposo) se nfo tivesse veri- ficado. Nesta segunda faculdade, parece estar posta ¢ solucionada em certo sentido a questio da relevéncia negativa da causa virtual do demo. ‘Como a propria expressio logo indica, a causa virtual & 0 facto (ceal ou hiposético) que tenderia a produzir certo dano, te eite nfo fosse causado por um outro facto (causa real) Se alguém, no intuto de matar um animal, Ihe der alimentos cenvenenados a comer, suficientes para provocar a morte, mas um terceiro abater entretanto o animal a tro, dir-se-4 que o tro foi os Das obrigagces em gerat 4 causa real da morte dele, enquanto 0 cnvenenamento € uma causa virtual do mesmo efeito, pois também esse evento produ- ziria 0 dano, se um outro facto nio tivesse cortado o fio da causalidade que ele desprendera. Nilo é porém, ldgicamente necessério que 0 facto tenka jé sido posto em execusdo (que 0 processo causal hipotético jé esteja fem cuso na direcgéo do dano, como no exemplo referido), para que possamos considerélo como causa virtual de cexto feito danoso; pode tratar-se de um facto posterior, real ou con~ Jjectural, que teria produzido o dano, se um outro o no tivesse provocado antes. E para designar esta ontra categoria de situagées que alguns autores aludem, noma terminologia mais sugestiva do que rigo- rosa, a uma causalidade antecipada, premctura ox preiptada (1). ‘Sto dois os problemas fundamentais que suscita a relevincia Jjuridica da causa virtual, quer © respectivo processo factual ‘tenha principiado a correr na direcsio do dano antes da causa real, quer s6 devesse correr posteriormente, ¢ quer o dano pro- vocado pela causa real seja posterior, quer seja anterior 20 momento em que a causa virtual tenderia a produzir 0 mesmo dano. A primeica questio & a de saber se o autor da causa virtual, no caso de esta induzir a responsibilidade do autor, responde o8 no pelo dano, e em que termos no caso afirmativo; a segunda consiste, por seu tumo, em saber se a causa virtual & capae de (A expresio podera estar cert, s# 0 lito danowo da causa real fosse sistembtcamente anterior ao momento em ue a cas viru tender a prowoear 9 ‘mesmo dano. Mas nem sempre assim sucee. O efeito da cause vitsl poder sr “anterior ao dao produido pela causa ral ou contemporino det. Se de apose iletamente de eta cou, pertenente a B, e male tarde eulpontmente a deta, ode em seeder que coisa tier sido detrulda ateriormente pelo incbadio ‘ve devorou a casa de B.A causa virtual ov Moti tris, neste caso, operado (9 seus leis anor causa rew! do dino. 66 Fontes dan obrigagéce cexcluir, ¢ cm que termos, a responsabilidade do autor da causa teal do dano. Ea cate segundo problema (da relevdnca negatva da causa virtual ow hipotétics) que a lei parece responder em termos afirmativos, quanto aos casos especialmente regulados nos arti- gos 491°, 492° € 493% 1. Assim, se 0 interdito por anomalia psiquica cometer uma agressio, porque as pessoas encarregadas da sua vigilancia 0 dEzarim indevidamente cm liberdae, mas se provar que ce ‘urdira um plano de evasio (com que o vigilante néo podia razoivelmente contar), que conduziria 3 pritica do mesmo facto, ainda que este tivesse cumprido os seus deveres notmais de custédia, nio haveré lugar a responsabilidade do vigilante. Da mesma forma, se 0 prédio ruiu por vicio de construgio on por defeito de conservacio, logo que um pequeno sisino o atingiu, mas se provar que ele se teria desmoronado do mesmo modo, ainda que construfdo ¢ conservado segundo as regras téonicas © a8 prescrigbes administrativas apliciveis, por virtude de um abalo mais forte que, minutos apés, se veio a registar, seri 0 proprietrio ou postuidor do edificio isento de respon sabilidade. Se alguém fez explodir uma granada que o oficial instrutor tinha em seu poder ¢ inadvertidamente deisou fora do lugar devido, a0 aleance da pessoa que dela se apoderou, mas se provar ‘que esta descobrica o local nde a granada deveria estar guardada ‘e que ai a procuraria, se a no encontrasse no s{tio em que negli- gentemente foi deixada, também nfo haverS responsabilidade Gil do oficial. Em qualquer dos casos, apesar de haver um fictoillcto (por via de regra, uma omissdo) que actuou como causa real, operante, do dano verificado, o agente (culpado ou no) é isento de responsabilidade, por exclusiva consideracio da causa virtual do mesmo efeito danoso. ‘7 Onn, Das obrigactcs om gorat Representario estes casos uma afloragio particular de uma corientasio geral do mesmo sentido, latente no sistema (1), ou constituirio antes desvios 3 regra tradicional da irrelevncia da causa virtual? (2). “Trata-se, como veremos, de normas excepconcis, que, em principio, no comportam aplicagio analégica. Em todos os casos nelas previstos, para a produgio do dano concorrem no 36 0 facto (presuntivamente culposo) da pessoa em principio responsivel, mas também o facto de terceiro (naturalmente incapaz) ou um faco acidental (abalo sfsmico, explosio da coisa perigosa, ete.) —circanstincias que justificam o tratamento ext ional que ys concede “a x30. Titularidede do direito a indemnizagio*. Tem diteito & indemnizagio 0 titular do direito violado ou do interesse (@) Chrno mesmo sentido 0 disposto nor artigos 807", 2€ 11362, 26 00 Céaigo do 167, os artis 496." ©1731." (@) Sobre as rates que mlitam e favor da revacin da cousa virtual © as ‘que deptem contea ea, vajuse Vaz Scans, Obvizapio de temas... So ‘ig. S60 sos, Estas Shinus podem resumirse nos sepinssteemos: ) A cxnsa Weal nfo excl a cauasade real do primeiro Tact; 6) A relvinca da causa ‘ital implcaria uma dplicagto do rsco para o lest; e) A responsabilidade ‘alo deve depender do qut realmente no acontzee; ) 0 crito da indemnizapo ‘urge nn data da verfeaio do dano © ao pode, visto serum crédito pecunirio, ‘extlnguse pelo fico do hipottico peecinento da coisa danifeada; «) Se 4 ‘Sn high fone eleven, 0 rin da indamninaga Searia, por emo ie termiaado, dependents du future evolurdo das clss. ‘Paasiza Cound (0 problema da cause Drea ma resposailidade civ 1955, lg. 1350 een) fax wna enlise minoiom dar rex invocas a favor des duas ‘eves possves, quanto &rlevincia negative, ¢comenta as vécas saodaliades que ‘tee da flevdoca tom revert na dou germdnica moderss. * "Vaz Seued, O doer de indemnizsio 0 inerese de veces, 195, 0.° 5 Avronss Vansts, Comer 00 parecer da PG. R, d2 H-X196, 12K, Ms, pg. 2; Hsce, §16, 1; Lanmnz, § 27, 1V; Thower, Die Geltenimaching ‘des Drtschadens, 93, pig. 48; Kavroan, Dopmatice ndrechpoiische Grand lagen der $253 .G.B, 20 AcP, 162, pg. 421; NevUNER,Ineresse and Vermogen- schaden, 90 AGP, 133, ph. 277; ZeuNen, Schaderberiff und Brats van Vermo~ renschaden, AcE, 163, pe. 30. Fontes de odrigagton imediatamente lesado com 2 violagio da disposigdo legal, nfo ‘9 terceiro que s6 reflexa ou indirectamente seja prejudicado. ‘Asim, se A foi atropehdo por B e soften ferimentos, seri este obrigado a indemnizé-lo do dano que Ike causow, ‘mas no a C, dono do teatro onde A deveria exibirse no dia do acidente, nem a D, arrenéatirio do bufete que nio fancio~ ‘nou porno haver o especticulo, visto B nao ter violado nenbuma das relagBes contratuais afectadas na sua consisténcia pritica. Se E agrediu F, causando-lhe impossbilidade de trabalho, teri naturalmente que indemnizar o agredido, nfo $6 das des- pesas que tenha feito ¢ dos incémodos que tenha padecido, ‘como do prejuizo resultante da sua inactividade. Mas j& no teré que indemmizar a empresa onde F é empregado, pelos rejuizos que Ihe cause a falta do concurso do agredido, durante © periodo de impossibilidade de trabalho (!), atento © caracter relativo da relagio de trabalho, Excepcionalmente, potém, a indemnizagio pode com- petir também ou caber apenas 1 texceiro, Assim sucede nos casos vversados no artigo 495.°(lesio corporal on lesio que provoca a morte da vitima). ‘Em relagio a certas despesas que a lesdo determinou, consi- dera-se o responsivel obrigado directamente para com as pes soas a quem a despesa deve ser paga (2). (9) Chr Box, ple 88 espe; Estnccrnus-Linaun, 8239, 1. Mo bf, poré, ano do terete, mas dano na peri pestog, se a mie sofre um abalo neroxo stro uo vero fo ser agredido ou srpelado: Lanes, 627, 1V, pg 326, nota 1. (@) Ente esas pests, eso as gle socrreram 0 lesdo, assim como 05 owt, dios, enfemecos ou outes gue tenbum contebuld pare 0 tratamento ou anita devine (ert 3.2 ‘Quan «estas pessoas, no hi em bom rigor uma excep A regra que apenas ‘manda indemizar os danos ligados & engl jurdca directamenteatingida pela Jest, mas sim Ares de queso esto gora do delto de eg indemalzapto, 10 latito de facta © estiularo szoro 8 vitina, bem como o Seu razomento: ide Anronis Vanst, ano. etna RL, 108°, pag. 25028. Ci ainda J. Dur ‘cwor, Des prices rides de Vatente dave on a Pneseriéconporel, 198. ” Das obrigagdee om geval Se a vitima filece no préprio momento da agressio ou da lesfo, 0 instituto da sucessio no chegaria para assegurar 0 direito 4 indemnizacio por parte do: seus herdeiros, pois dficl- ‘mente se poderia sustentar a tese do nascimento deste dircito no seu patriménio (1), E, todavia, no seria justo que, em tais circunstincias, os sucessores ou familiares do lesado no tivessem ireito a nenhuma indemnizagio, ¢ o tivessem quando a vitima hhouvesse sobrevivido alguns escassos segundos 20 momento da lesio, Quanto 20s danos patrimoniais lei manda indemnizar, tanto no exs0 de morte como no de lesdo, © prejulzo sofrido por aqueles que podiam exigir alimentos do lessdo (0 cdnjuge, cs seus descendentes, ascendentes, irmios e sobrinhos: cf art, 2.0099) ou por aqueles a quem este os prestava no cum- primento de uma obrigacio natural (2). H& na concessio deste direito de indemnizaggo uma ver- dadeira excepgio 2 regra de que s6 0s danos ligados & relagdo Juridica ilictamente violada contam para a obrigacio imposta 420 lesante. Com eftito, a obrigacio alimentar, quer fundada na Ici, ‘quer baseada em qualquer dos deveres de justiga em que assenta 4 naturals obligato, constitui um direito relativo a que o lesante era estranho. $6 por disposigio especial da lei este poderia, por conseguinte, ser obrigado a inlemnizar ot prejuizos que para o titular desse direito relative advieram da pritica do facto ilicito. (2) Sobre este ponto toda a mutta versa neste nimero, vide Vaz Senna, Regios da responsabilidad cv, n-* 12 (xpmiaimente nota 73) os esbelos {60 ST, de V7-I-1999 (Bol. Min. ust, 5, pg. 629) de 13-71970 (RL, 104°, lt. 16) Ci. ainda sopra, n° 148, (@) Os sucesores do lesado tert dreito ainda 8 inderaizagho corespoadeat 08 danos patrimoainis que o préprio lesado‘eaha sofrido, a qual se transite ‘com a eras. 00 Pontes das obrigacscn Relativamente a0s danos ndo patrimonicis, a Tei afsstou-se bastante das regras, nfo 36 quanto & delimitado dos danos indemni- ziveis, mas também. quanto & fixacio das pessoas com direito & indemnizagio. O digcito 3 indemnizacio (seja qual for 0 mo- ‘mento em que a morte da vitima haja ocorrido) cabe, em conjunto, a0 cBnjuge 20s filhos, ou outros descendentes que fs representem; na filta destes, aos pais ou outros ascendentes; cm fila de us € out, aot ender ¢sobrakos com dissto de representagio, Estes danos no patrimoniais compreen sont vimen, tam os que a vtima ver sftido(padecimenton, dores fsicas, desgostos,inibigSes ou complexos de ordem esté- tica, etc.) como os suportados directamente pelas préprias pes soas a quem caiba a indemnizagio (1). ‘Tanto o artigo 495.%, 3, em relagio aos danos patrimoniais, como 0 artigo 496%, 2, relativamente aos danos no patrimo- nisis, podem dar lugar a dtividas de interpretacio e de aplica- fo prética, que cumpre examinar. 1) Quanto A indemnizagio por danos patrimonizis, ocorre naturalmente perguntar se tém direito a ela apenas as pessoas que, no momento da lesio, podiam exigir jé alimentos a0 lesado, ou também aquelas que s6 mais tarde viriam a ter exse dieito, se 0 lesado foste vivo. O esplrito da lei abrange manifestamente também estas dtimas Se a necessidade de alimentos, embora fatura, for previ- sfvel (porque oessa, por ex. pensto a que a pessoa tinha direito), nenhuma razio A para que o tribunal nao aplique a dourrina eral do n° 2 do artigo 364.° Mas ainda que a necessidade fstura nfo seja previslvel, nenhuma razio hi para isentar 0 2) Oita do dirt & indeamizarto oma de priviligio wbre a indemnizagto vida polo seguader da reyponabiidade em que o lesante tena incomido igo 741.9 501 AEB fi 1C \e oO ox Das obrigagten om gorat Iesante da obrigagio de indemnizar a pessoa carecida de alimentos do prejuizo que para cla advém da falta da pessoa lesada, con- tanto que no haja prescrigio nos termos getais da parte final do ne 1 do artigo 498° Como & por este prejuizo que a indemnizagio se mede, © lesante nfo poder ser condenado em prestaio superior (seja ‘no montante, seja na propria diragdo) Aquela que provivelmente © lesado suportaris, se fosse vivo (1). I) Relativamente aos danos nio patrimoniais, & lquido que apenas tém direito a indemnizaco os familiares destacados no n# 2 do artigo 4962, como Iiquido € também que os fami- liares do 2° grupo (os ascendentes) 36 terdo direito a esa indem- niragio se no houver cinjuge nem descendentes da vitima, que 0: do 3.° grupo (irmios ou sobrinhos) 6 serdo chamados na falta de qualquer familiar dos grupos anteriores. A elimi- nagio do n° 3 do artigo 739° do Anteprojecto Vaz Sexma logo na 1.* revisio ministerial dos textos revela que este é de facto, como se excreve no Cédigo Civil anotado (2), «um dos aspectos em que 2s exceléacias da equidade tiveram de ser sactificadas 3s incontest4veis vantagens do direito estritos. Por outro lado, o facto de a lei afirmar que a indemnizago cabe, em conjunto, a0 conjuge e aos descendentes da vitima aio impede que 0 tribunal discrimine, como ¢ aliés seu dever, a parte da indemnizacio que concretamente cabe a cada um dos beneficitios, de acordo com os danos por eles softidos. Serem chamados em conjunto significa apenas que os descendentes ilo sio chamados s6 na falta do cBnjuge, como sucede com os ne) Ne, em sio Va San, wot, 40 a. do ST, de ETAT, na (@) Pus De Lots © A. Vane, I, anot a0 artign 496° so Fontes dan origaghea beneficitios do 2° e 3° grupos, para os quais vigora © prin- cpio do chamamento sucessivo (1). 151. Prescrigdo do dircito & indemnizagdo*. Sem prejulzo do prazo cotrespondente 3 prescrgio ordiniria (contado sobre ‘a data do facto ilicito: fr. arts. 498.°, 1, in fine e 309.9), 0 direito a indemnizagio esti sujeito a um prazo curto de prescrigio (2). ‘A prova dos factos que interesuim definicio da responsa~ bilidade (on debeatur e quantum debectr), em regra feta atra- vvés de testemunhos, toma-se extremamente dificil ¢ bastante preciria a partir de certo perfodo de tempo sobre a data dos acontecimentos (3), ¢ por isso convém apressar o julgamento das situagdcs. Fixou-se 0 prazo da prescri¢io em trés anos (‘), a contar do ‘momento em que o lesido tevé conhecimento do seu direito, o3 sejp, a partir da data em que ele, conhecendo a verificagio dos ‘pressupostos que condicionam a responsabilidade, soube ter di- (0), No mesmo setido Var Senna at 20 ae. do ST, de HTITI (R.Ld, 1082, pig 42), ates da entrada om vier do novo Cédigo Cli, nano, 40a. de 14VTEISES (RLJ., 994, nie. 39, o Vaz Senoa, Preverizdo & deo de ixdemlsa-o, 190; H. BONING, Die Yerithrng ter Arrishe aus unelebten Handlgon, 1964, ‘@)_ Generalize deste modo toss cass deindernizagtofundada ma ree ponstiidade cl (xtracontraua} a eadtci jt express no Cd. da Estrada (rt an. quanto indenminato por danoscausadosem acidnts de visto, Ovens ‘do Obdigo& porém aplcivel tanto aos cick de tesponabiindeassnte na culpa ‘como aoe fsodador no ssc, enquato agile preeto do Cédgo da Fatrada era ousderdo aplcielapeaae aor coe de revponablidade object (Vaz SERRA, ‘8 RJ, 96+, pg. 185 e ainda 95, pi. 339. A tendéacia dos tsbunas ee 20 ‘enti de condderaro pro (lis, de 2 nos) ado no Cédigo da Estrada como raze de caducidade. (@)_ Vaz Stans, Precip do det de indemalzarto, 2 2 Havia ik peazos ‘expsinis de preseico na vigtaca do C4 do 1867, quanto aos danoe por infra ‘0 easados por animal (rt. 539, 26 quanto aos danos provenentes de deltos conecioais (tiga 53°, 02 3). TC) E oe cinee anon’ rant cnseyrnleite uo dst fatane (art, 29472, 1; simplemente, ei manda coto a pate 6 data do facto ito. ss as obrigngtee om gorat Pontes daa obrigactce reito a indemnizagio pelos danos que soften. E resolveu-se (em sentido oposto 20 fixado no assento de 4-X-1966 para o dircito anterior) uma questio bastante controvertida na doutrina € nos ‘tribunais (1), que era a de saber se o infcio da contagem do prazo cstava ou no dependente do conhecimento da extensio integral dos danos (2). Na intengZo de aproximar, quanto possivel, a data da apre~ ciagio da matéria em julzo do momento em que os factos se verificaram, a lei tornou o infcio do prazo independente daquele conhecimento, atendendo i possbilidade de o lesado ree um pedido genérico de indemnizagio, cujo montante exacto seri nesse caso definido no momento posterior da execugio da sentenga(’), quando nfo seja possivel determinar logo 2 extensio exacta do dano (4). ‘A lei tornou ainda o inicio da contagem do prazo inde- pendente do conhecimento da pessoa do responsivel. Essa parte do preceito tem, no entanto, de ser entendida em termos habeis (3). Se 0 lesado 56 tiver conhecimento da identidade do (9 ¥. © atsato do 4201966 (BAC. pig. 230 © ee, & propia, Vaz Sawa, Presrigio exit €caduidade, 0.135 e Rar. Lag rip, 100 pl. 69, nota 3; Barna MacwAbo, Sabre a apliapio no tempo do novo Cdigo Civ, 1968, ‘lg. 163, Acerca da apicagio no tempo do nove prazo presricontl videos ace- (os do ST, de 26X71 (Bol. Mba Js, 211, pg. 273) e de 17-XUT (Bol ‘Mi, Just, 212, pg, 229 e Rev. Tri, 30 pi. 18). (@ Che Vax Soma, em anoiages otros na Rey. Leg. Jur. 95°, le 208 0215 697, pg. 231 (a interpreta do preito paras fo Cédigo da Estads: at 565, 2.79. (@) Oarign 364%, 2 emete meamo para deido uhtlor a Sxapho da index lagi sempre que os danos nl sjam ainda detemingves, © 0 artigo 365." pro- cure acautlar on intreses do lesa, permtindo a faapto de ume testo provera, denice 40 qusatiativo do ano jf povado, quando a indemnlzao ‘eta deva vex Gxada mals tarde, em eneeugio. Ge sentenga. (). Vejuse 0 disposto nos artigos 471+, 1,2), 378° a 30, 61%, 2 305° segs. do Cd. Proc. Ci. sobe a posibiidade da Tommaso de pedidos enkicos 108 termes er que ve procte bliguidesto. Cita RL. J, 95%, 308 (9) Coatra nova douteian do precio, v. $k Caasaino, na Rev. Trib, 86°, lg. 156 ¢ pn; favor dela, Paus DE Lava © A. VARELA, Cid Ct. et, com. so responsivel depois de verifiada a lesio, 0 prazo de tés anos para a propositura da acgio no se conta desse conhecimento, ‘como anteriormente, mas a partir da data em que o lesado teve conhecimento do seu dieeito. Da mesma forma, se forem vétios 0s responsiveis © o lesado tiver desde logo conhecimento de tum ou vérios deles apenas, ndo The seed Meito intentar a acco |i depois de findo 0 prazo fixado, a pretexto de $6 entio ter tido conhecimento de outro ou outros dos responsiveis. Se, porém, no momento'em que finda o prazo, ainda nfo for conltecida 4 pessoa do responsivel, sem culpa do lesado nesta filta de conhecimento, nada impediri a aplicabilidade 0 caso do disposto no artigo 321° ‘A solugio esabelecida nfo impede que, mesmo depois de decorrido o prazo de trés anos e enquanto a prescrigio ordi~ nitia x nfo tiver consumado, o lesado requeira a indemnizagio correspondente a qualquer novo dano de que s6 tenha tido conhe~ cimento dentro dos teés anos anteriores. Se © facto ilicito constituir crime ¢ o respectivo procedi~ mento penal estiver sujeito a prazo mais longo do que © fixado no Cédigo Civil, esse seed também 0 prazo prescricional apli- civel 4 prépria responsibilidade civil). Compreende-se a razio de ser da lei. Desde que se admite a possibilidade de 0 facto, para efeito de responsabilidade penal, ser apreciado em julzo para além dos txés anos transcorridos sobre a data da sua verificagio, nada so utgo 498, com 0 fundamento de que endo deve admiisse qu a inca do Jesado em averiguar quem o Isou ¢ um slo os respoasivesprolongue © pra20 de presen. "Basa rt if 2 soluplo consaprada no artigo 125%, § 9.* do Cbd, Peal Quanto & hips ieversa (presrgdo do procedinento criminal em prazo mais (te), velese oa. do ST, de 71972, 10 Bol Mix. dua, 213 pg 198. ms Das obrigazécn om gorat justifica que andloga posibilidade se ndo oferesa & 0 dda responsabilidade ceil) ae A circunstincia de haver prescrito o dizeito & indemnizagio pelo dano causado conta a propriedade nto significa (art. 498., 4) que prescreva ou caduque a0 mesmo tempo 0 direito de propriedade sobre 2 coisa danificada ou o direto & restituigio do enriquecimento injusto. Sio situagdes distintas, para as quais nio colhem inteiramente as razSes especiais justificativas do ee io da indemnizacio. ode como certo que o prazo prescricional especial fixado no artigo 498° vale apenss pee 8 teponsbic lidade extracontratual. Além de nenhuma disposigdo o considerar aplicivel responsbildade contratual nfo faria sentido que tuma das obrigagBes simples emergentes da relacio obrigacio~ nal prescrevesse no curto prazo de tré anos e as restantes, derivadas & mesma relacio, prescrevessem s6 a0 cabo de vinte anos (2). Se 0 credor optasse, por exemplo, pela execucio forgada da obrigncio, o sea dircia 36 panera ae fim dos vinte anos em que se traduz a prescricio ordinéria; por que aaa Eien fim de trés anos, se, ao lado da exe= ‘cugao da prestacio devida, requeresse também a reparacio danos que a mora he causn?(). ne i No mesmo prazo do direito 4 indemnizagio prescreve 0 direito de regresso entre os varios responsiveis, pois quanto a esse procedem, em cheio, as razdes que justificam 0 abrevia- (S20 eine or enrages slo do pax mas longs ito pose shah a sano pte poe cabo © ‘eect deny tt de poar qo aoc in segue ‘roca dene pss Pa Lau Ar Vana C80 Ch mot, ce 08 Sp oe (©), Che wat pas, a aot. Rer Tih no 90 ph. 202. do 8.1 ‘18IL-1972, erie 7) (0) Ko sno de que a resto da rponbldadeenacontatl (7 spo dunt damm ro undon rein) ate hie scat ‘eprabida cotnalpovs do eas ate dance aoe Pa 6 Fontes das obrigagbon mento da apreciagio judicial do facto iicito. O prazo conta-se ai, porém, a partir do cumprimento. sunseogko ut Responscbilidede peo risco(*) 152. Responsabilidade objectiva: sua fundamentagio. A ideia da socalizagio do rise. A. tendéncia geral dos autores ¢ das legislagées € no sentido de filiarem a responsabilidade civil no presuposto da culpa do lesante ('). Dos danos que cada um sofra na sua esfera juridica s6 Ihe serk possvel ressarci-se 4 custa de outrem quanto Aqueles que, iprovinds de fact illite, sejam imputiveis a conduta culposa de terceiro. Os restantes, quer provenham de caso fortuito ow de forca maior, quer sejam causados por terceiro, mas sem culpa do autor, teri de suporté-los o titular dos bens ou direitos Jeados, como uma espécie de prego que cada um tem de pagar por estar no mundo ou viver em sociedade, ou como um tributo que a vida cobra de cada cidadz0 no seio da colecti- vvidade em que ele se insere. ( ‘Taowncis, Ruchio ¢ reponbild opgettna, 1961; Vaiscea, Respon- sabia agulana opgtinae eso forato (Ri. dir com, 187, pa. 151 © e635 Mirenvin, Orlentoment vera rsponablitd sence cola nella pli recente, do Irina saniera. Giusti, ci, 1952, pg. 625 ¢ eps; Manca, Fatto girifico — Fattipece, Nor, Dig. la, VU, 114; Foncsasy, Infor alla responaba senza fpa, na Rv trim. dr proc. ci, 1967, pg. 1378; M. Beawanon, La reiponsb- Tid oretina nla pi recente garispradenc. Bi. sri. dt poe, cir. 1967, pg. 1170 fe wepa Viney, Le din de a esporsblidé infra, 1965; 1. Howonar, Ltée (Poccetation des rogues dans a responabté cre, 196; 3. Ls Hanoeno, La responsabilidad sin elpa 1964; Kove, Haftne fur berondee Geet, wo AcP, 1970, ple Le sexs (). Vejss, pare dizi tatano, Taneancn, 0... 12, qu ao dexa, todavia, de raga oF eave gue a douta cision da responsabilidad fundada tu elga tofreu no novo Osdigy Malla; e ainda a vasa bibliograieialiane © ‘lem cade por RAAISONTE, 0, et, not 2 so Das obrigagtcn om gral Na impossiblidade de 0 Estado chamat a si a cobertur de todos os danos devidos a cao fortuito ou de forga maior (1, 4 teotia da responsabilidade subjeciva consttui a solugio mais defensivel, no plano da justiga © das préprias convenidncias focsis, que o problema comporta em tese geral [Nio seria justa a solugdo de obrigar as pessoas a responder Bante utrem por actos de que nfo sfo culpadas. Ba ideia que 0s individuos nfo respondem pelas contingéncias da fore ou pla fralade do infeninie’sear pees ees bcos que dependem da soa vontade, que eles poderiam ¢ deveriam. ter prevenido, constitu, por outro lado, um estimulo poderoso para cada um orientar 2 sua acs¥o de modo a corresponder zo sp de cond mans gue 3 ode julia tome «cade como padrio, neste capitulo fundamental leet api da responsa~ ‘A responsabilidade baseada na culpa, hostil 2 ideia ftalista de dang eda orltivaorigaeo de Tennicr, rveee aim um valor pedagégico-educativo que s6 hé interewe vie na dicipina da vida social nl A despeito, porém, destas consideragdes de ordem 1s amit se ecoecn gue, ma pits, ¢ tens de epee sempre conduz aos melhores resultados. ‘HE largos ¢ importantes sectores da vida em que 26 neces- sidades sociais de seguranca se tém mesmo de sobrepér 3s con- Sideraghes de jaa alceadas sobre o plano das sags ais, Tormavse necesirio, quando assim seja, temperar © pen samento clisico da ailpa com certos ingredi ; caticter obecive(). es socials de (9) Chr, a propio, Manco Coxon bad entire XT, Exporisione al pericolo « response (2) Visias volves, meso no domo da responsabilidad (ootratual assent cule efestem este pendorojectivis) a prt dada pelo devedor, quanto 08 Fontes dan obrigactee Foi no dominio dos acidentes de trabalho que primeiro se chegou a tal conclusio (1). (O recurso cada vez mais frequente 3 méquina ¢ 20s processos mecénicos de trabalho, ligado & revolugio industrial, © mais tarde 4 chamada revolugio tecnoldgica, a0 mesmo tempo que aliviou 0 carécter penoso de muitas actividades, aumentoa 0 inGmero ea gravidade dos rscos de acidente a que os operitios estio sujeitos. Por outro lado, a ctescente complexidade da corganizasio dis empresas modemas (com a intervengio con junta de téenicos, peritos, administradores, chefes de servigos, etc.) a propria diferenga de poder econémico entre a enti- dade patronal ¢ a grande massa dos trabalhadores, tornariam cada vex mais dificil a estes exigr indemnizagio pelos danos softidos com os acidentes, dentro dos moldes clissicos da res- ponsibilidade civil, por no hes ser cSmodo demandar 0 empresirio nem ficil fizer prova da sua culpa (2) ‘Numa primeira fase da reacgZo contra a injustica dos resul- tados priticos da orientagfo tradicional, houve a idcia de transfo~ tir para o sector dos acidentes do trabalho, no dominio da re ponssbilidade extracontratual, o principio da responsabilidade contratual que presume a culpa (lo devedor) no nifo-cumpri- ‘mento da obrigasio. Como fundamento da absorpgio desse principio, dirse-ia que a entidade patronal, a0 contratar 0 operirio, se compromete a organizar o trabalho de forma a rio haver acidentes (2), a resttuir a pessoa contratada ilesa no fim da sua tarefa, competindethe assim provar @ sua falta de culpa, no caso de ocorrer algum acidente. A cooperasto dos seus auxlires (art, 600", 1; 8) a arama da possibiidade ore ‘ira da obrigasto (at 401% 3): 2) 0 cdl legal de aprciacto da neglghcia (culpa in arate) o cosiderast én culpa como wma condula defeats lt ens. “C), Tanuancn, ob et, pug. 12 © 2. ©)_R, Suva, Comment repnser la conception actuelle de la responsabilité cine, 1967, pg. (Viz Sonni, Fundamento da resporsabildade cll (em especial, respons: ide por acide de vag terete por intervngbes lias), Sep. 939, 0° 2. = Das obrigagden om gerat ‘Mas o expediente nao satisfez ainda, nem as reivindicagSes dos interesidos, apoiados nas suas organizagbes profisionais de classe, nem as exigéncias dos doutrinadores mais atentos aos pro- blemas da justiga social, visto ndo ser dificil ao patrZo provar a fata de cilpa relativamente a muitos acidentes cujas consequén~ cas se considerava injusto que recaisem sobre as suas vitimas, Fra mais finda a causa do desajustamento entre o princfpio clissico da culpa e as solugies para que os autores tendiam no sector especial do trabalho (!). ‘A.realzagio de certs tarefas em processos muito complexos de trabalho (onde a culpa facilmente se dilui na cooperacio de muiltiplas pesioas) ¢, principalmente, a utilizagio das miquinas € outros instrumentos mecinicos envolvem riscos inevitiveis de acidentes que, mesmo no sendo imputiveis a culpa da entidade patronal, se considera justo sejam suportados por la, ‘visto ser © patrio quem tira 0 maior proveito da organizagio da empresa eda utlizacfo dos instrumentos mecfnicos de trabalho. ‘Ao lado da doutrina clissica da culpa, um outro principio aflorou assim neste sector: 0 da teoria do rise, Quem utiliza em seu proveito coisas perigosas, quem intro duz na empresa elementos cujo aproveitamento tem os seus riscos, deve suportar as consequéncias prejudicais do seu em- prego, jé que deles colhe o principal bencficio (ubi emolumentum, ‘bi onus; bi commodum ibi incommodum) (2). Quem aufere os (2) -R. Roos, La respanablié eile, 1982, 2° 1576 (No sector dos acon de trabalho, foo sinds mais Yonge, pondo & ‘argo da entice petronal x inderniapto dos danosresultanes dos acientes pie tyes mera cua do trabubador, or e entender que as mals das vens ees ack ‘deates tio devides 2 deseidos,nepigtncia ou a imprevsto pefétamente expi- ‘ves pla fadiga ou pen fla de prepara do opedrio para a constants f- ol exgtocian ds mguioa. Sto ada, em certo cent, um ssc inrete 40 uso da guns ou & come leva orgaizape da empress moderna, [Nestea terms, tende a excise da responsi patronalspenss 8 ae eats devidos dolo ou clpa grave do tabalnador u situasesandlogas. Videa 10 Fontes es obrigncion ain etree (principsis) Iucros da exploracio industrial, justo € que suporte a cae on gass ve inscreve, come fn6mend normal e inevitivel, 0 dos acidentes no trabalho. "A imposigio desta responsabilidade consituirS, por outro Jado, um estimulo eficsz a0 aperfeigoamento da empresa, ten dente a diminuir 0 nimero ¢ a gravidade dos riscos na pres- tagio do trabalho. Depots das relagSes du trabalho, foi mo capftalo dos aci- ddentes de viagdo que mais vigoroso movimento se desencadeou contra o dogma da cilpa como pressuposto da responsabilidade, Sendo o dono quem aproveita as enormes vantagens do vel~ culo, sobre ele deveriam recair também os rises inerentes 3 me inte modems, som cepa + prog E as legis 5, sem a sa, tendem, com eftito, a rexponsiblizr o dono do veiculo nio 16 pelos danos causados por facto que Ihe seja imputivel, como pelos danos provenientes de causa ligada 20 deficiente fancio- amento do veiculo, ainda que no imputivel 20 condutor, fmbora se nio possa dizer que é indiferente na matéria a exis- téacia de culpa do agente att. 508). [A partir da evolugio registada nestes dois sectores, muitos foram os autores que pretenderam ampliar 0 dominio da res- ponsbilidade objectiva a outras actividades também conside- F207, de SYS (linda # Lin 10, fe 2G me Sia date pn Decor a 37165, fe TORTS © Si utto oe toaon, “sn ami oy cs vaso, como undo an du Sane penta tftp he Caro, 21,93) SNERERE GS Spe so sen 9 cindtor ope, salad ae = etc co tr momsor so =F Taito ose Ue td fcr pat ela): Seay conn, 1 oto nf rent pede ine a Pent): 9) 20° Serrano dene dostoebia po: Vi 68% fcomene demi, qe bcs sen) su Das obrigagten om poral radas perigosas (1), transplantando para o imbito dels o mesmo eto de justiga distributiva (ubi commoda ibi incommoda), que serve de fimdamento 20 regime da response bilidade no capfeulo dos acidentes Me wibaie'¢ dev slices de viagio, Em muitos autores modernos e em algurs projectos legis- lativos mais avangados nota-se mesmo a tendéncia para, no capi tulo dos acidentes de viago, socializarem 0 risco, assegurando a indemnizagio devida 20 lesado, nfo #6 nos casos em que 0 acidente seja devido a ciscunstincis de forga maior estranhas 20 funcionamento do veiculo, mas também naqueles em que © responsivel nio seja conhecido ou em que, sendo conhe- ‘ido, nio tenha meios para cobrir a sua responsabilidad, Responsive seria sempre, em principio, o Estado, a0 qual assist, porém, o direito de regresso, quando houvesse cu pado ¢ este possuisse meios por onde responder (2). Porém, sem contestar o peso das razSes que explicam o fenémeno da socializagio de certos riscos ou legitimam a apli- cagio da teoria do risco a certas actividades criadoras de alguns perigos no seu exercicio (2), nio pode ignorarse nem subesti- () Twnaancim (Cassis € dan, pig. 135) setee coeretamente, entre ws visas actividades pigs, mas euj mide social a8 Joti, a explorasfo de ‘ins, 0 funconamento de oentraselctries, a instalages para producto de ela ‘0 subsicine quimions perigras, © fabelco de explosives, o thfeg ferro, atzo © rodoviro, ee. ©) Che, sob eta oceatagto mals avansada, Caxnownen, 2.87, pls. 299, a2 10%, ple. 389; P. Ravnauo, De le reams civ & a aeurité sociale 1948, Chron. 93; Sixos Morano, ob cf, Canzonrar fala suestivamente ‘te proptsit, a tnsposio dum sistema de seguranga sco para uc rene e sepurangs odovira. ‘Outra dasfomas de vcialiago do rsco 6 qu seat a geerlizagio volo tévia ow espnttonn do sure da responsabiiade, (©) ‘Acrescentose anda 0 facto do os efeitos pestdos¢innsos de respons: ‘iliade por caso fortsto ox de fora maior sobre opatriménic do onerado podeer, 1 era, ser mitgnds através da socalzaro do rico, que representa © puro (ovividua da reponsbilidade, Cl. Roots, La responsalie civ, pis. 23. sa. Fontes daa obrigassen marse a forga dos argumentos que, em tese geral, militam a favor da responsabilidade subjectiva (). ‘Assim 0 entendeu o novo Cédigo Civil, proclamando a -responsabilidade baseada na culpa como regime geral ¢ limi~ tando a responsabilidade objectiva (Fundada no risco) aos casos, de danos causados pelo comisitio, pelos érgios, agentes ow representantes do Estado ou de outras pessoas colectivas péblicas, por animais, por velculos ¢ por instalagSes de energia eldetrica ow de gis. ‘SHO etes ot casos espeiis cujo regime importa agora Notese, porém, que a excepcionalidade dos tipos de casos aque Vio ser examinados néo provém apenas de a responsabili- dade prescindir, em certos termos, da culpa do lesante, Resales ainda de cla nio exigir sequer, como pressuposto necessirio, itude da conduta ’). A tesponstbilidade pode assentar aqui sobre um facto natural (um acontecimento), um facto de tex ceiro ou até um facto do proprio lesado. O facto constiutivo de responsabilidade deixa, pois, de ser necessiriamente, neste dominio, um fact ilfte. pwvisko 4 Responsailidado do comitente 153. Cardcter objective da responsahilidade. O comitente responde, em determinados termos, mas independentemente de ailpa, pelos danos que 0 comissirio cause a terceio. (© No mewn seid, ¥. Ga, Repel cle por da! de oe mia, er pie 00 ® “a reponse, ‘escreve Brox (pig. 88), nem pressupde uma acgdo ‘hin poms tc Se 53 on Das obrigacées em gerat ‘Ji assim era no domfnio do Cédigo de 1867 (!), cujo artigo 2380. considerava os amos ou comitentes solidariamente respon siveis, com os ctiados de servir ou as pessoas encarregadas de certos servigos ou comiss6es, pelo prejufzo que estes causas- sem, Os comitentes gozariam do direito de regresso apenas quando os causadores do dano tivessem excedido at ordens € insteugSes recebidas. A lei civil vigente assinala de modo inequivoco 0 carfcter ‘objective da responsabilidade do comitente (2), afirmando (att. 3003, 1) que cle responde, independentemente de culpa, e que (n° 2) a sua responsabilidade no cessa pelo facto de 0 comis- sério haver agido contra as instrugSes recebidas (). Nio se trata de uma simples presangao de culpa, que 20 comitente incumba elidir para se eximir 3 obrigagio de indem- nizar; tratz-se de a responsabilidade previndir da existincia de culpa, nada adiantando, por isso, a prova de que 0 comitente agiu sem culpa(‘) ou de que os danos se teriam igualmente (2) Assim er também no artigo 1 151° do Cbd, ita. de 1865 no artigo 1384 do Cod. Fane e asim eontmia a ser no artigo 2062 do C8. tl. vacate. [Roniter, La resonable chile, pe. 96 ese; R. ScooxssaoLe, Conideecion! alla reponabiltd dei padront ¢commitert per Ul fito del damestici¢ comme, sna Ri. comm, 196, T, pig. 163; A. OALOPWN, La rspomsablid del padron ‘ecommien Rr ri. dir. proce, 1968, nig 1204 sep. Cf, para dieto leo, Hen, Recisforbdng and Reform beer Hafan fr Verhagen, ‘ACP, 166, pig. 389 © Stan, Die delsnce Gehifechafang in storchr Sich, (ign de 1867, ehegren M. Astana (Turia gore de rola ution , 1940, ig. 136 através do controato dos artigos 2377. e239. (Que resavaram 04 cas08 fe eustaca de caps) com o artigo 2380 (onde netwina resale parlla se fz ‘auanto 20 comitent), No mesmo seni, Gunieane Monain, stinies, 1 lg. 605 e 607, (Sobre 'a responsablidade do devedor pelos actor doe auires de que se siya no cumprimento da obrigapo (Ht existent, vee 0 posto no aig 80." (9) Essa alegaglo pode todavs, teresa no dominio das reas (ater) ent comitene € comisirio: artigo 472, 2, sia Fontes dan obrigacios registado, ainda que nfo houvesse actuagio culposa da sua parte). ‘Mas, apesar de niio ser requisto essencial da responsabili- dade do comitente, a calpa deste pode influir no regime dela. Se houver aulpa, tanto do comitente (2) como do comis- sirio, qualquer deles responde solidiriamente perante o lesado, sas o encargo da indemnizacio seri depois repartido entre cles (axt. 4978, 2, ex vido att. $008, 3), na proporgdo das respectivas culpas. Havendo s6 culpa do comitente, apenas cle seré obrigado a indemnizar, nos termos da responsabilidade por fictos ilicitos. Se houver apenas culpa do comissitio, © comitente que hhouver pago poderé exigir dele a restituigio de tudo quanto pagow (art. 5008, 3)(°)- 154. Pressupostos: 1) Vinculo entre comitente e comissirio (liberdade de escolha e relagio de subordinagao) (4). Mas em que circunstincias responde 0 comitente? Para que haja responsabilidade objectiva deste, 0 primeiro requisito & que haja comissio — que alguém tenha encarregado outrem de qualquer comissio (att. 500°, x). © termo comissdo tem aqui o sentido amplo de serigo ou axtividade realizada por conta ¢ sob a direcsio de outrem ($), po- (Em seid diferente © § 831 do C64, ev. slemilo, que epenas etabelce um previngio de culpa. @) A culpa do comitente pode refectirse tanto ma escofba da peston do ‘comisesio(cula tn eligendo, como mas istrugbes 0a nas orden dads para aco So (cups in insruendo) ov na Bsalnsio da sctvidade do comiseio (ula ie rand) ot n05tnsrumentos que Re forncas para © cimprimento de comisto (ow anda na ccltaefo de etude do © coments. Est dise dees, porque 40 comitnteaprovetam, em priacpo, ‘t meis de defesa do comissrio, mas mio deta de er deca, vito nko sex neces. ‘cio acsonar priva ou simltineamente © comisi, () Troawet, ob ct, pla. Bl sey (Nie oseatiz nico, preciso, qv em nor artigo4266."ess. oC. Com, sis

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