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Das obrigacdex em gorat dendo essa actividade traduzir-se num acto isolado ou numa fangio duradoura, ter caricter gratuito om oneroso, manual ou intelectual, etc. (2). ‘A comissio pressupSe uma relagio de dependéwcia (droit de direction, de surveillance et de connéle, na expressio da jurispru- déncia francesa) entre © comitente e o comissiio,.que autorize aquele a dar ordens ou instrugées a este, pois s6 essa possibi- dade de ditecgio & capaz de justifcar 2 responsebilidade do rimeiro pelos actos do segundo. £0 caso do criado em face do patrio, do operitio ou empregaco em relagio a entidade patronal, do procurador quanto 20 mandante ou do motorista perante 0 dono do vefculo. Por falta de tal elagio nZo podem considerar-se comissérios do dono da obra as pessoas que 0 empreiteiro contrata para execugio desta, nem o empreiteito em face do proprietirio, nem o motorista de tixi em fice do cliente ou passageito (2), Também 0 médico que trata o doente no & comissirio deste, sas jé pode funcionar como tal, relativamente 20 dono da casa de sitide em que preste servigos :). ‘A relasio de subordinagio pode ter caricter permanente ou diradouro, como quando provém de um contrsto de pres tagio continuada ou periddica, ou ser puramente transiéria, ccasonal,lmsitada a actor mateisi ou jusfdicor de curta duragio (condutor que € encarregado de levar o veiculo de um local para outro; operitio que se manda excentar um conserto ou fazer uma reparacio). ‘Além da relagio de subordinagio, hi autores que referem, (9) A comisto, exrove Pesos Jonas (Eni, pg. 148), consist na areal sagio de actor de caret material oujuridic, que se intgram numa taefa ou fongio confade a peso divers do intressadon (©) Savarmn, Core de Drow Chil 1, 22 ed, n* 292 (0) ‘Savente, ee; PLansoe, Runes, Eswar, Rasouane « GaBoust, rat, Vil pas. 76, not 2. sis Pontes das obrigagbece como requisite essencial da comissio, a liberdade de excolha do comissirio por parte do comitente. A exigincia é porém, muito duvidosa (1) Por via de regra, a liberdade de escolha do comissécio anda associada 4 relagio de dependéncia, e constitai assim um primeiro sinal ou revelagio desta. Se nfo ¢ o titular do interesse que escolhe 2 pessoa incum- bida de o satisfizer (caso dos operitios escolbidos pelo emprei- teizo para a execugio da obra), iso significa, no geral, que no € dle © comitente, mas um outro. His, porém, muitos casos em que no existe inteira iberdade de excolha quanto & pessoa que realiza a incumbéncia (porque cesta 56 possi ser exercida por pessoas munidas de diploma, inscritas em determinado organismo, pertencentes a certa orgi- nizagio, etc) ou em que o interessado delega noutra pessoa co encargo da escolhae, todavia, se nfo pode duvidar da existéncia da comissio, por fimcionar em pleno a relasio de subordinayio on dependéncia entre comitente ¢ comissitio. ‘Mal se coneebe, na pritica, a existéacia de casos em que seja totalmente suprimida a liberdade de escolha, e, apesar disso, subsista a relagZo de dependéncia, expressa no facto de a coms sio dever ser exercida sob as ordens e segundo as instrugdes do ticular do interese satisfeio (2): mas, se factos coincidirem, no serd de excluir a igusn caso 08 dois igura da comissio, (2) Savarma (Cours, 2° 280)-—apnd Vaz Sunn, Responaiidade cit (Cowen aster do fot), a. 133e 8. (@)_ Nio slo comisrios do. dono das tagagens ou da mercadoria 06 esti= adores ou 0: empreados que, por designarto sob as ordens da administra ‘que requerimento dea e rob as sua ordent o¥ ianruiey, realza opeagbes ‘occas de policamento «do icalzaio, anda que © agente tae sido desgnado pare 0 efello peo director da respectiva corpraso, (Cle, a pepésto, Be Cus, I dame, pig. 137; I, Ft et n° 3, si Das obrigagdes em gerat a nfo ser que as circunstancias do caso mostrem ser outro (que nio o titular do interesse) 0 verdadeico comitente. 155. Il) Prética do fecto ilfcito no exerccio da faungio. responsabilidade do comitente, diz 0 n.° 2 do artigo $00, 56. existe se 0 facto danoso for praticado pelo comissirio..-no cexerdcio da fungdo que the fi confiadan —nio imporando que intencionalmente ou contra as instrugdes daquele. ‘Na doutrina e na jurisprudéncia de diferentes paises era, de facto, bastante controverida a questio de saber se 0 comnitente respondia por todos os fastos praticados pelo comissirio por ‘casio da comissio ou apenas pelos praticados no exercicio do cencargo que lhe fo! cometido (1). Com a férmala restritiva adoptads, a lei quis afastar da responsabilidade do comiterte os actos que apenas tém um nexo temporal ow local com a comissio (2), (Chr, por todos, Vaz Sean, Responsehildadeconnataa ¢ reportable cextaconrata, pg. 16S eses.; Nava ANoRADE, Teoria geal da repo Jarl tea 1, pg. 154 Capaidade cd dar peor olctiva, na RL. 8 pl. 305 "Em sentido diferente, quanto 10 deito espantel (rt, 108% do sespestivo (Codigo), Penez Govezatez © Avot, nota 4 §236 60 Tata de EnNaccinds, (©) E 0 caso deo facto ter do patcado no lugar ou 00 tempo em au & cecutada a comiste, mas aad tr com desempento desta, «nlo ser porventurs Santi eo ge prov fades i 0 her dca fe ‘lguém com a espingard de due se apoderou es cst do aio, ou quando 0 moto risa utlzoa para o mesmo etio a espingcda que 0 dan leva ao velalo para Sava er ceria parapem do seu pecuso (Cansonvirn m* 103, phe. 366). Cll todavia, PLamooe e Rink, VI, 2630; Savance, Traté dela repomablé civ, 1 n8* $1832; Micaoup, La thor dela prsomalé moral, I, n° 276: H. ¢ L MAzeAU, Trad th pat del rep. ct, edn IONS, oe Pace, Tre ‘Aim. de dro ey. belge 1, 22" 988990, No meso sentido (amp) de doting tances, v. Quaauinauaio, Sula esp. da Het el ve, eof cb. 1957, pas. 5. ‘No basta um mero nexo loa! ou eramligic, extern once exe O facto © a comiseo;¢nscessri, como dia M. AXwADE (Teri cl, Ip. 151), una relao direct, intern, caual.£ presso que o facto sla pratiendo no deer ono da fanfo, por eawa dl, © fo apenis por ocasido dela 18 Fontes das obrigacéoe Mas, acentuando 20 mesmo tempo que a responssbilidade do comitente subsste, ainda que 0 comissirio proceda intencio~ nalmente ou contra as instrugées dele, mostra-se que houve a intenglo de abranger todos os actos compreendidos no quadro _geral da competéncia ow dos padees conferidos 20 dito comisss- tio (!). Ficario, assim, excluidos os actos que nio se inserem no esquema do exerdeio da fingio (como no caso de o empregado desviar intencionalmente o vefculo que conduz ao servigo da ‘empresa para ferir ou matar uma pessoa), mas cabem na formula da lei os actos ligados & famgio por um nexo instrumental, desde ‘que compreendidos nos poderes que © comissério disfruta no cexercicio da comissio (como no caso de 0 empregado bancério, encarregado de prestar informagées ao pablico, dar uma infor magio falsa para lesar outrem) (2). Serio, assim, da responsabilidade do comitente os actos praticados pelo comissfrio com abuso de fangées, ow sejam, 05 actos formalmente compreendidos no Ambito da comissdo, mas praticados com um fim estranbo a cla (3). 4156. Il) Responsabilidade do comissério. A. responsabili- dade (objectiva) do comitente pressupée, por diltimo, a respon~ bilidade do préprio comissério, como se diz na parte. final (Para Laneve OT, $67, Vi nol de pg. 18 @fato 3620 ma eteno (6a Auruirune) da comino, undo perencer 20 quacro a acividade adoptst pare realizar 0 fm &x comisdo, d-se apenas por vcasdo dela (bei legen), fuando o facto excede ese quar (@) Responder, do mesmo modo, como comin & empresa que manda 0 opertioroparar @ earn dx instal erica a casa do clente pelos danos ‘qe ce case (ainds que intenconalmens) na execinto da reparasio, € 0 dono (4 cam pelos fermentor gue © opeielo causou a um transveri, deixando cair a5 teas de cima do tehado. Mas, no frimeizo cso, a eagresa jt nlo respond ‘pelos danos proveaintes do ietadio que o operri provocou com a ponta do ‘earo qu iadvertidamente ditoa fora al com o Banco aio responde plo re- Jno do farto que 0 su emprosido conta, aproveltaads a preseasa do cliente. 10). V. Cannons, 22" 18 € 186 39 Das obrigardes om pera do ne 1 do artigo s00.: «..desde que sobre este (comisstio) Feaia também a obrigagio de indemnizar Este_requisito tem como resuludo que_o comitente. s6 responde’ (objectivamente) quando haja culpa do comissério. "Quando hi responsabilidade objectiva do comitente, hé sempre também responsabilidade solidéria do comissirio, de- vendo a reparticfo do montante da indemnizacio, nas relagdes internas entre comitente e comissicio, operar-se nos termos do artigo 497° Q comitente poderé, no entanto, responder independente- mente de culpa do comissirio, se tiver procedido com culpa (culpa in eligendo, in instruendo, in vigilando, etc.). Nesse caso J no haverk responsibilidade objeciva, mas responsabilidade ppor fates illcitos, baseada na conduta culposa do comitente. 1s7. Fandamento da responsabitdade do comitente. Para fon~ damentarmos a responsabilidade do comitente, afistado o pres- suposto da culpa ¢ excedida a ideia da simples presungo de culpa, no basta dizer que cle responde objectivamente, Falta saber por que razao pode ele ser obrigado a indemnizar, sem ter agido com culpa. Invocou-se jf, para explicar a solucio legal, uma consi- deragio andloga & que serve de base ao regime especial da res- pponssbilidade em matdria de acidentes de trabalho e de acidentes de viaglo: se 0 comitente se serve de outra pessoa para a rea- lizagdo de certo acto, colhendo as vantagens dessa utilizacZo, & justo que soft também as consequéncias prejudiciais dela resultantes — cuius commoda eius incommoda (1). (0) Considers justo, excreve M, ANoAADE (Teoria gerald rel pric, 1, pf, 137) apoindo na autoridage de Fennsna (Le persone guridihe, pag. 25 ue, slargada por ese meio a potencalidade do cumitente em ordem 8 aisfgto dos prbpris interes, dea corespondertbe sua espcie de equi judi, 1 responsabilidad pelos danos provenintes da actuago do comin, «Quem s¢ 20 Pontes das obrigagsea Mas esta razdo, conquanto nio seja inteiramente descabida, fo chega para explicar todo regime fixado na lei, visto 0 comitente (20 conteirio da entidade patronal ¢ do detentor do velculo) nio suportar definitivamente o peso da indemnizacio. le gous, em principio, do direito de regres contea 0 comis- sério, para se ressarcit de quanto haja pago (art. 500. 3). Por consequéncia, a nota mais caracteristica da situagio do comitente é a sua posisio de garante da indemnizagio perante ‘9 tercrito lesado, ¢ no a oneragio do seu patriménio com um encargo definitive. Esta posigio cspecial perante terceiros assenta sobre uma ddupla consideragio: por um lado, quando um individuo se serve de uma outra pessoa para, sob a sua direcgio, realizar determi nada tarefa, implicita ou ticitamente se responsabiliza pela actus~ (Go dela, como se ele proprio agise, sendo 0 comissirio, no dominio restrito da comisdo, uma espécie de nilncio ow repre~ sentante do comitente !); por outro lado, & muis justo que os efeitos da frequente insuficigncia econémica do patsiménio do comissirio recaiam sobre 0 comitente, que o cscolheu © orientou na sua actuagio, do que sobre o lesado, que apenas sofeeu 2s conseguéncias desta (?). proves de wna utvidade shea, ao Seu ineresse (2srE46 9 EME HOE, RD, #28, yg, 213, 20 relelar uma concepsto Gus, tod in, parece no sibs ‘eve interment) deve suportar também os pelos correavos. “ty vejeae, pom, entre «ila da ropmwmnarse no co d8 comin (com ofundamento de que eto se no jsticars a resposabildae do comissrio to laco dado comin), De Cun, I dane, pd. 137 eseg ainda QuéGLANIELO, ‘Responsbilita da ito nelvgetecodice ce, pig 54 € vgs; a favor dela GIv- taxa I const d domo gturidico, 198, pig. 177. ‘€)_ No mesmo seta, enende Sava (Cows, , 2° ety 2° 290) que aquck que empress € comands, no seu ots, outros homens, assume osc dos ‘anos que a culpa detes pode cnsar autem; aly de sr ura gaantia de s0a- bilidade do responsive! para com a viima, dado que 0s comisirios fo tm, em reais, os meios neces pra indemvar. a as obrigagbea em gerat pivisko Responsobildade do Estodo « damit pessoas colactves publces |") 158. Regime legal. aplicével a0 Estado e as restantes pessoas colectivas piblicas, quanto aos danos ciusados pelos seus drgios, agentes ou representantes no exercicio de actividades de gestio privada, 0 regime fixado para 0 comitente. ‘Quer dizer que também o Estado e as demais pessoas colec- tivas pit: 4) respondem perante o terceiro lesado, independentemente de apa; ve 8) gozam seguidamente do direito de regresso contra os, autores dos danos, para exigirem o reembolso de tudo quanto tiverem pago, excepto se também houver culpa da sua parte. J}iino Cédigo anterior, ap6s a reforma de 16 de Dezembro de 1930, se admitia a responsabilidade solidéria do Estado e outras pessoas colectivas piblicas pelos danos causados por empregados pablicos no desempenho das suai atribuigdes, quando excedessem ou no cumprissem as disposigdes legais, Enquantn, porém, os artigos 2 390° e 2 400. desse diploma se referiam indistintamente a todos os actos dos empregados pPblicos, a nova lei civil trata apenas dos danos causados no exercicio de actividades de gestto privada(2), mas abrange, em (© Além de Manco Castano, Monit 80d, lg. inf csv. Max AvonAnt, Teoria gerald re jar n° 29; Aross0 QUERS, Teri dot ator de om ‘erm, pg 181 ese ;L-Navinno, 29 Bo. Mint 4 pg 27 e090; Vat SERA, ‘Reiporsbidade cr do Buado e dn sue drgios ou agents, 9 Bol. Min Dut 1B? 85; R. Cuarus, Reyonblé publique et responsalé prt, 1987; G, DUN, Lo stato ¢ la rsponsabtdpavimoniae, 1958; Berrawe, Vom Sinder At. ‘afr, 1.2, 61, pia. 82; KuamWory, Der Beartenbearif des 1 839 B.O.3., 00 ‘AGP, 156, pl 212 © Monza, Die pr. 21 § 839 tn Verbindang mit de Stats langiece, 28 NJW., 65 pas. 134, (A responstbiidade das pessous colin pias, sus Os, agentes fou represetanes pelos actos de geste plies, mati de qu cv fl expate ey Fontes das obrigagsoe compensagio, os factos praticados, niéo sé pelos funcionérios como por todos os érgios, agentes ou representantes do Estado ou das demais pessoas colectivas piblicas. «A. distingzo entre actos de gesido pilicae de gesdo privada praticados pelos agentes do Estado, escreve-se no Cédigo Civil anotado(!), & normalmente, ficil de se fizer. Um professor que dé um aula ou examina uma aluno, o conservador que lvra um registo, 0 notirio que faz uma escritura, 0 juiz que dé uma sentenga, estio a praticar actos de gestio pilblica. JA 0 director dum museu que compra um quadro pata ele pratica um acto de gestio privadas, s actos de gestio prvada sio, de modo geral, aqueles que, embora praticados pelos drgios, agentes ou representantes do Estado ou de outras pesoas colectivas piblicas, estio sujeitos {as mesmas regras que Vigorariam para a hipétese de serem pra- ticados por simples particulares. Sio actos em que 0 Estado cou a pestoa clectiva piblice intervém como sum simples particular, despido do seu poder piiblico (2), ‘A realizagio destes actos incumbe, em princlpio, aos drgios da pesoa colectiva (ao Ministério das Finangas em especial, por intermédio da Direcgio-Geral da Fazenda Pablica, quanto ‘nds, conti object de diam expecil (DecrloLel m* 48081, de 21-X11967); ‘Goaio nor Sreios agentes Ou representantes das euarquias locals, servos mnie lauder, juntas do trim, federardes de municipios © unides de freguesas, ‘artigos 3660 367 do Cig Administrativo, com aredacyso dada pelo Dela. “Len? 48051 (Manceito Carvano, Manual, 8 ed, I, plg- 1133). Ci. sobre a rratria Laue, 6 67, VIE. ed). (Peso Lac ANTUNES VaRBLA, 0. cit, anotgto 20 at SOL" (Exes actor referee, en regia, a rlaes de case patrimonia _Embore as pessoas eoestiaepablcas goon de ietos pessoas, tal coma as pes sons coletvasprivadas ou pareaures, pouras vze scedes, a nfo ser 20 cso special de inhirla ou dfamapto, que do exccio de tis dicts reste danos para terceizo, Sobre 05 casos duvidsos (de gst piblea ou de esto privadn, ‘ue ttm sid objeto de controvrsia na jursprudéciae na dotrna alems, vide Lowunz, $67, VIL pg. 482. @2 a) Das obrigagtes om gerat 20 Estado) (!), 05 quais podem, no entanto, ¢ necesstam muitas vezes ser coadjavados pelos agentes ou representantes da mesma pessoa piblia, Os éxgios da pessoa colectiva so as entidades, abstract mente consideradas, de composigio singular ou colegial, 3s quais incumbe, por forga da lei ou dos estatutos, exprimir 0 pensamento ou traduzir ¢ exeewtar a vontade dessa pestoa. Os Grgios que normalmente praticam actos de. gestio susceptiveis de lesar os interesses de tercriro sG0 0s chamados ngiosexecutivos ow externos — aqueles que representam a pessoa colectiva nas suas relagGes com terceiros (2); mas pode bem acontecer que as simples deiberagées ou resoluges dos érgios interes ou deliberaivas (05 que deiberam sobre os assuntos da pessoa colectiva, mas nio contactam com tercciros) contenham {H ofensas dos direitos ou de interesses de terceeo juridicamente ‘protegidos (2). Os agentes sio as pessoas que, por incumbéncia ou sob a dieegio dos érgios da pesioa colectiva, exeewtm dererminadas coperagBes materais. Dé-se 0 nome de representantes 20s man- datérios desses drgios, ou sgja, 38 pesoas por cles incumbidas de realizar em nome da pesoa voleciva quaisquer actos jurldios. See aplicivel as facts praticados por certs érgtos, agentes ou representantes 0 regime que vigora para os actos do coms sirio, em matéria de responsabilidade civil, significa, além do sais, que as pessoas colectivas piblicas s6 respondem, indepen- lememence de culpa, quando sobre os autores do fro recaia ()-M. Casran0, ob ely 2 366 (0s sygbos da pessoa coetva, qu thn carkcter permanente, dsinguemse dos tmlres ees és, questo as pessoas singles gue transitria ou idem talmente desespeaham a rspectvafungdo, Cz. M. CarTANO, 0c, 22°92. (©) Sobre as nogbes de Gepos, agentes representantes da peice coletva ¥M. ANDnADy Copzctade evil das pessoa cleibas, na RJ, 83%, pg. 210 f sean; ID, Teoria gerald rel ar 4 Fontes dae obrigagbes a obrigagio de indemnizar e quando o facto haja sido praticado no exercicio da fangio (1) (). ‘Quanto a0 primeiro ponto, cumpre advertir que, carecendo a pessoa colectiva de vontade propria, por sua especial natureza, io tem cabimento, nas relagBes entre cla ¢ of seus Srgios, a excepcio prevista no n° 3 do artigo $00.° Essa excepgio 56 pode verifiar-se em relacio 20s actos praticados pelos agentes ou representantes, pois entio é perfeitamente concebtvel a exis téncia de culpa por parte dos érgios que lhes confiarar: a incum- béncia e que representam a vontade da pessoa colectiva Sempre que satisfaga a indemnizagio, a pessoa colectiva ppiblica goza do dircito de regresso contra 0 autor do facto, nos termos do n° 3 do artigo $00. Esse ponto nfo oferece divida nem dificuldade de maior, quanto aos agentes ou repre~ sentantes, que nio gozium sequer, no dominio da gestio pri vada, da atenuagio de responsabilidade que 0 artigo 2°, 2 do Decreto-Lei n2 48 051, de 21-XI-67, introduz quanto 20s actos de gestio pablica (responsabilizando os ttulares do érgio fou os agentes culpados apenas quando hajam eprocedide com diligencia e zelo manifestamenteinferiores Aqueles 2 que se acha- vam obrigados em razio do cargo); mas pode swcitar ‘embaragos sérios relativamente aos érgios da pessoa colectiva, sobretudo quando se trate de érgios coegias, onde nem sempre ficil determinar a posigio tomada por cada um dos tituares em face da deliberagio em causa (A responstbiidade do Estado ov das pessoas coletvas pibloa eau paras co conitente -e em rela trees, lesados com os cos praticados los Gros, agentes ou representantes ‘No cabem dentro dela os danos que estes, embora ao servic du pesson cole iva pbc, soltam na sa pessoa ou nos seus bens, Neste en, wae 0 paoZee G2PGR. Se 221-67 (D.G, Il sce, do S:VILST, segundo qual 9 Estado no ‘sponde pelos danos que uncondro sofa novell préprio, queutilouem serve (2) Vease asi de lends rleridos por ML. CAETANO (ob. pi. 114, 1 propio du questo de saber 4 0 facto danoso fo! ou nfo pratcado no exer co da Fano, 2s Das obrigagSea em gerat ivisko mt Donos cavsados por animate 159. Regime legal: 1) Pessoa responssvel. Jé na subseo- do relativa & responsibilidade por factos ilicitos, a propésito dos casos de presingdo de culpa, se fez reteréncia 4 obrigasio de indemnizar certos danos causados por animais. © aatigo 502. refere-se também aos danos causados por animus, mas estabelecendo para eles um principio de respon sabilidads objeciva (1) — regime que se depreende do texto do ‘Preceito (que nao ressalva a falta de culpa, como se faz no art. 493.9) ¢ ainda da sua insergio na subseo¢io que trata da responsabi- lidade pelo risco. A dferenga de regime explica-se pela diversidade de situa ‘g8es a que as duas disposigbes se aplicam: o artigo 493.° refere-se as pessows que assumiram 0 encargo da vigilincia dos animais © deposi, © mandatirio, 0 guardador, 0 tratador, o inte- resado ta compra que experimenta 0 animal, etc), enquanto © disposto no artigo 02.° é aplicivel aos que utilizam os animais to seu prépriointerese (0 proprietiio, o usufrutwario, o possuidor, © locatirio, 0 comodatirio, etc). quanto a estas pessoas que tem inteiro cabimento a idcia do riseo: quem utiliza em seu proveio os animais, que, como seres irracionais, sio quase sempre uma fonte de perigos, deve supor- tar as eansequéncias do risco especial que acarreta a sua uti- lizagao (2) Reponsbidade objet, na medida em que a cbrignglo de inder- za nfo aseata necessramente sobre o pessuposto da clp, embora nem todos ‘0 danoseassdos pelo animal sjam indennizives. ©) Vat Seana, Revporobldae pelos danas couraden por animal, 0° 1; ‘An. Pensa Decanoo, De responnbilidade el por dono: cautador por costs 95 Fontes dan obrigagéoe Normalmente, este fandamento da responsabilidade atinge ‘0 proprietizio ou aqueles que, como 0 usufrutudrio ou 0 possui~ dor, tém um direito real de gozo sobre animal. Porém, se 0 dono o ceder por empréstimo a outrem, também o comodatitio co utiliza em seu proveito, sendo justo que responda pelos danos que a utlizacio do animal venha a causar. Se o animal & alugade, a sua utilizagto passa a fuzer-se tanto no interesse do locador (que percebe a retribuigio), como no do Iocatrio que directamente se serve dele no seu interesse, devendo ambos considerar-se responsiveis perante 0 tercciro lesado. No caso de o utente haver incumbido alguém da vigilincia dos animais, podesio cumular-se as duas responsbilidades (a prevista no art. 493.° ¢ a fixada no art. 02) perante 0 terceiro lesado, caso 0 facto danoso provenha da presuntiva culpa do vigilante (1); nfo havendo culpa deste, a obrigagio de indemni- zat recairi apenas, com o fundamento do risco, sobre a pessoa do utente, caso se verifiquem os pressupostes de que ela de- pende (2). ou animas, 1971; Cannonsasn, Droit ei, I, 2, Ler Obl, 1957, n° 187: quem tire prove do animal, dz, deve sporiar 0 vsco disses. io dicito romano fava um regime especial de respoastbilidade para 0 pro- piesio do animal pelos dunos qe este casas contra os nsintos da un expe ‘8 pastando fron allo, mas dandodhe a fcuidade de se esonerar mediante ‘© abandono do animal (rosee da) ‘0 Céaigo Civil de 1867 (ar. 2384.9 também responsbiiava 0 dono 60 ani sal peo prejula que este cousaise a trem, mas a falta de culpa excua a bri. ‘sto de inderniae. (0 Césigo Civil alent, depois da slterasointoduaida no § 833 pela Novela 4 20: 1008, srabaac va dopa regras two dano € devido = animal doméaticn (estiaado a serie para proto, uepécio ou abmentagto do seu utente, ese responde se tiver calpa; os casos restantes, responderd mesmo sem cl. (@) Se of danos ating a pest ot pitriménio do viglaate,e hé calpa es, esta culpa (do leade)excuik ou atenoarh x rsponsabiidade pelo sc, (qu reat sobre 0 vent Tense datde, 99 dito tracts, a quetto de saber em qu temos responde a pesioe que tian 0 animal, antes de 0 comprar. “Antes de coasumada a compra, 4 pessoa nfo uta © animal no seu iterese: sm Das obrigagdes em gerat 160. Il) Danos indemnizéveis. Porém, nem todos os danos causados pelo animal obrigem o utente a indemnizar. Na responsabilidade deste cabem apenas os danos resultantes do perigo especial que envolve a utilizagéo do animal. 6 assim pelo perigo espectfico resultante da utilizagio de cada animal que se define o circulo dos danos indemnizsveis, Este critério, muito diferente do consagrado no dicito romano ("), restinge de modo aprecidvel os casos de exclusio da responsbilidade. Mesmo quando a causa préxima do dano seja um caso fortuito ou de forca maior (0 trovio ou o petardo que espantou © cavalo) ou um ficto de terceito (pesoa que agulou o cio), a responsibilidade do utente do animal persste, desde que 08 danot verificados correrpondam a0 perigo préprio da utlizagio esse animal ?) Ficam entretanto afistados os casos em que 0 dano foi causado pelo animal, como poderia ter sido provocado por qualquer outra coisa, sem nenhusna ligagio com 0 perigo pré= prio ou espectfico do animal: v. gr, co que & atirado contra ‘uma pessoa como um instrumento de acremesso. ‘mas, sendouhe confado 0 animal, ela fea comprometida « gurdilee vigil de ‘modo que ele nfo ause danos a ninguées. Nets termos, x soto enacta 68 de i pessoa responder como as pesinasincumbdas da viglnen do animal © 6, 0 lado dels, responder sida, em terms objectives, o dono do animal. Cir. Vaz Seana, ex el pla. HL () 0 ertéo do direto romano, responsabiizando o dono mais vigorose- mente quando o animal dese reapdo conta os ination carncterirtcoe da #8 ‘spi, lo se asics, porgue€ quanto ds eases do ala pipias da soa nat. 2m, dor a responsabilidad do dono meor se eompreende, 1G) Tanto no dirito fancts como no direitoftaiano bf pelo conto, a tenddacia para exctir a responsabldade gos eatoe de forea maior, defect” de teri € de culpa ds vitima: Canonours, a 187; © QuAQUARILD, 0, lg Gt sep. No setido do texto, Vaz Senna, ex ct, Havendo culpa de teria, este respontertwolidciamente com o uate do animal, que ter contra ele dito de regreto (art. 497%, 2, ex vf do art. 4992), 28 Fonten das cbrigngSce pivisio 1 Danas cavsodos por veieuos(t) 161. Regime da responsabildade: A) Pessoas responséveis, ‘Também no dominio dos acidentes de viaglo, ou seja, no capl- tulo dos danos causados por velcilos de circulagio terrestr (1), (2) Yas Sines, Fundamento de respombilidade cil (om especial, rapona- tide por acidentes de vag terest e por inerenzes eas), 00 Bo. Mime “at, 990; Gata Prazis Cid da Esrada, 1966; Ouies Mares, Acids int erode, 1965; Id, Clgo da Esra es repulanento, 1988; Hea Los, (De reyontbidade cul mo Cio da Esra, 1986, SK Canvarno,Respooabldade Ci eeiminal por wees er i Ret. Tb, 81, pe 15.03 DARD LManmst bs Austin, Manua de acidenes evapo, 19); LeseevORIE, Le respon abit eile réan transport pratt de personnes on del francs ete drt (melt, 1965; Groans, La eponsblta dla cirealazione stale, 1954, USA.E, Disiina lertlatv el risarimento del dono ele vite della rad, S964; De das, Desperive Julare der accidents avtomatile, 1968: REA, Manual de la Ccrealation route et ds actions on responsi, 1985; R. BADOIER (@ cute), “Lautomie on dot pris, 1965; Saunt, La repontabé cil om mare aces ‘dene fetomebies, 1965; Boniase AtALLAK, Le droit propre del Vine et 50m ‘tion dec conre Passureur dela response automobile oligtle. Ende et ‘gue at comparative des sytdes urdges de Angleterre, dela France, de fo BAU (dela Suse, 1967, A. Tne, La sécurité ror, 1965; I, St projet de lot (ee mire Pccident de a circulation, Rewe tines, 167, pi. 82 Sees 1d, La roe dh roi des ecient dei eeaation: le mexage erie Job: 4m, es projects ds Print Bodo etic Profeser Seret, no Bol. Min, Jah 1° 186, pla. 259 we; Bovlanors, Lomoble en dot pr, 1965; R. Sab ‘Ten, Comment repose la onceptin frame atule eta responsable, 1967, (onde, logo na nota 1,5 fax aslo aos coments qe desecadeon 0 pro. Jct de reform legitivn elsborado por TUN sobre mata); Y. List Fuvns, Le tranport binéol, ix Das, 1962, Chom, pig. 92; F. Soro Nuvo, La responsabilidad cil en el acdente aomoblisico. Responsable object, 1865; E. VON Hart, Sohadennucelch bet Fekehaunfale Hafunersctrag teh Vercherangachts. Eine recerergechende Unterruchan, 1956, (0)_Sobre os tloulos abrangdos pela reas da responsabidade objective, Dato M, De ALMEIDA, ect, pg. 26. Quanto 8 questo de saber se as eas Cstabelcdas no Cdigo Chil sho ou abo aplcivels aos acidentes corridos ma lina rea ou mas pssagens de nie, cl. Femtema De ALMEDA, A responsabilidad il do tancporador front, 2a Re. Tb, 63%, pg. U9 (ef, asa Ber, ey o-w Das obrigagtes om gerat vigora o principio da responsabilidade objectiva, fiandada no riso (1 Wc orientacio vigora na generalidade dos patses estran- geiros, nomeadamente na Franga, onde os textos manifesta- mente desaetualizados do Code Civil nio impediram a juris~ prudéncia e a doutrina de proclamarem uma presuigao especial de responsabilidade, presungio que se no confina a uma pura presungio de culpa (Como ficilmente se reconhece através das decis6es ¢ comentérios a que deu lugar a célebre causa Jand’hew). Para definirmos o regime aplicivel 3 responsabilidade pelos danos provenientes dos acidentes de viago, que tem uma impor- tncia pritica extraordinsria, 1 medida que aumenta o niimero dos acidentes com a intensificagio do trifego e com a relativa lentidgo da melhoria do sistema rodovistio, comegaremos por determinar as pessoas que respondem pelos danos. Em regra, 0 responsivel seré 0 dono do velculo, visto ser cle a pessoa que aproveita as especiais vantagens do meio de tcansporte © quem corrcativamente deve arcar com. 08 riscos préprios da sua utilizagio. Porém, se houver um direito de usufruto sobre a viatura, ou se 0 dono tiver alugado ou emprestado o velculo, ou se este Ihe tiver sido furtado (2) on for abusivamente utilizado pelo 895, plg.252) 00 a, do S71, de S1F1971 (Bol. Mon. se, 24, pg. 138) A Sve lo tem hoe rao de se, em face do pect expresso sa parte nal don. 3-40 frtigo S08, no gust imgparace claament sila de qe ob acidentes ccoridos no camiaho de fro esto, em principio, sujltos dip doe artigos anteriores, fe, pordmy © disposto no artigo 34" (C) 0 seguro da responsbilidade, que teade 2 genralizarse entre ot com Autores ¢ dons dos velcls,deu, no ean, Una fionomia malo eel & ee onside civil indivgun neste dominio: A. Tun, ob. cis no" 5 © 8. (@) A determina da pessoa responsive! pelos danoscausados peo vel, sno capo de ee ter sido fri, susctou siverstocias na jrapradéeciae down itnguido entre a garde urge (apex e tan zarde maiirile. Com 0 jlgamento final do caso ‘bon doutring. Cansonoaun, 2° 110, pg. 397. 0 Fontes dae cbrigagton torista ou pelo empregado da estacio de recolha, jé a res- ponssblidade ‘ebjccdia) do dono se nio justifica, 2 lar dos ‘bons princfpios. ‘A lei identificou a pessoa do responsivel, no intuito de fixat 0 critério aplicivel a estas miliplas situapbes, em que 0 tuo ¢ 0 dominio do vetculo podem andar dissociados, através de duas notas essenciais: a) a direcgio efectiva do velculo; b) a tlizagdo dete no prbprio intersse. Responde pelos danos que o vefculo causar quem tiver.a imap qeave Liee 0 wtlizar no seu prépo interest (ainda que ‘intermédio de comissrio). ‘A formula, aparentemente estranha, usada na lei—ter a dees efectiva do veleulo — destina-se a abranger todos aqueles ‘casos (proprictirio, usufutuétio, loeatirio, comodatirio, adqui- rente com reserva de propriedade (1), autor do furto do veiculo, a que o utiliza abusivamente, etc.) em que, com ow sem Temtio ia, pocce justo impee a rsponsabiidade objec. tiva, por se tratar das pessoas a quem especialmente incumbe, pela situagio de facto em que se encontram investidas, tomar 4s providéncias para que veleulo funcione sem caussr danos 1 terceizos (2). A direcgio efectiva do velculo & o poder real (de facto) sobre 0 velulo (3) € constitai 0 elemento comum a todas () Em sentido diferent, ainda em face do artigo 36. 4, do Cio da Extra, mniderando como extdaderemponsvel vendedor que reserveu paras & pro: Piedade do veculo até 0 integral pagamento das presiages em que o peo fo vid, © ac. do ST, de 7-V-1969 (RL, 103°, pg. 380). No seaido da boa outing a snot. divordante do Vaz Scum nese Revive da Rev, Tr, 87%, ple 16 ()0-Cédign a Estrada (art. $62, n° 4) flava no propretro ou possuldor, fGemula manifesameate insofcente, como defkiete 2 most a wanda no argo 2084+ do Cédige Civil italiano, qos se refee a proprietii, usfratsrio 28 adguirente com pacto de ceserva da proprsdade. (©) Ne mesma linha de orintaglo, rentivameate a0 Ctigo da Estrada, profes 0 S.J. 0 seguate aseno (62 31-V-1960): © propriettio responsivel, nos termos do artigo $6, n° 4 60 Cédigo da at as obrigagdes em geval cessas situagGes, sendo a fit dele que explica a0 mesmo tempo, alguns desses casos, a exclusio da responsbilidade do pro- prictirio, Tem a ditecsio efectiva do veieulo aguele que, de facto, goza ox usului 2s vantagens dele, © a quem, por essa razio, especialmente cabe controlar 0 seu funcionamento. Doravante daremos o nome de detenfor a quem tem essa dicec- ‘go efectiva sobre 9 veiculo, |Jé ndo responde objectivamente, por Ihe filtar a diego sfeaiva do vetculo, o passagciro que s¢ serve do tixi, bem como © instruendo, ducante 0 periodo de aprendizagem da condugio. ‘O segundo requisito — utilizagao no prOprio interese — visa afistar a responsabilidade objectiva daqueles quc, como 0 comis- sirio, utlizam 0 velculo, nZo no seu préprio intereste, mas em proveiro out 4s ordens de outrem (0 comitente). E nesse preciso sentido que 0 requisito deve ser entendido. E no na acepgio de que o detentor do velculo s6 responde se, rno momento do facto danoso, o vetculo estiver a ser utilizado no interesse (jmedisto ou exclusivo) dele. O intoresse na utili- zagio, tanto pode ser um interesse material ou econdmico (se a utilizagio do vefeulo visa satisfazer uma necessidade susceptivel de avaliagio pecuniiri), como um interesse moral ow espirtal como no caso de algém emprestar 0 carro a ontrem s6 para Ihe ser agradével), nem sequer sendo caso de exigir aqui que se trate de um interesse digno de proteiio legal. Pode tratar-se mesmo de um interesse reprovdvel (empréstimo do veiculo pata ‘im fim imoral ou ifcito): seria um contrasenso libertar o dono stad, 6 quem efetiamene 0 sia no momento do acdente, anda que no este regstada sen proprednds, (RJ, 3° pag. 157 pls. 521-322). “Gk sind #snotaio de Vaz Senn (RL 974, pls 19) a0 ac. 60 ST, ater (letenie) do velo, 8 Cove de Casiation defini ‘como cell gui aur la wolure des pawotrs @uage, de direction et de conrélen, (Gnome, ab elt, pla: #9. a Fontes ais obrigagéoe do veiculo da responsabilidade objectiva que, em principio, recai sobre 0 detentor, a pretsxto de ser contritio & lei ou aos bons costumes 0 fim que determinon a cedéncia do veiculo. ‘Ao lado da responsabilidade (objectiva) do detentor, hd que contar ainda com a responsbilidade do condutor, se este con= duzir 0 velculo por conta de outrem. O condutor, porém, no responde, se provar que nio houve culpa da sua parte. Havendo culpa dele (poryue se faz prova nese sentido ou porque cle no conseguit ilidir 2 presuncio legal), responderio solidiriamente, perante o terceiro lesado, 0 condutor ¢ o deten~ tor do veiculo, tendo este, sc pagar, direito de regresso contra aguele, nos termos do n° 3 do artigo $00. (). Nos. casos.em_que.haja.culpa do.condutor no acidente, © detentor pode sex chamado 4 responsabilidade com um duplo fandamento: a) como detentor do veleulo € criador do riseo ine- rente & sua utilizacio; 6) como comitente e, nessa qualidade, garante da obrigagio de indemnizar a cargo do comissicio. No primeiro caso, h4 razBes para aplicar a0 detentor os limites sximos de responsabilidade fazados no artigo 508.°;no segundo, a responsabilidade do comitente cobre toda a obriga¢io de inde~ mnizagio do comissirio, que no tem limites préestabelecidos(2), (0 facto de 6 detent do velo ter segura, em companhiasegadora, ‘ama responsable civ, nfo fem camo efeto que, no domino da indemnizto foberta plo conse de Seguro, el ja 9 substfiiamemte responstvel. Cit & propésito,o ae. do S.J. de LEVIES (RL J, 9 ns. 52) ‘Seo condutor for slldtramente responsvel com outro ou outos condor por dans proveiete de ast culos de todos eles (eps cnsorene), 0 dno 18 dons dos velulos seco também evedressoliicios 6 indemniagio devids, tal eomo a companhiaseguradora, se ds tveem segura a sua responsubilidae: ss do SI, de SVIEIVE, ma Rd, 102", pg. 292; de SIILISTO (Bol. Min, ‘J, 198°, pig. 191) € de 2XLI9T1 (Bol. Min Jus, 21, pl. 776 @ Che 0 ac. do ST, de 13-H1970, anotado por Vaz Sexxa na Rd, 1042, pie. 14, Ey a \ Das obrigagtes om gorat Se o acidente se verificar, quando © comissirio utilizava © velcalo fora das suas fingées (contra a vontade do detentor ‘ou sem eli), passa o condutor a responder independentemente de culpa (nos termos do no 1 do art. 5038), ainda que habi- tualmente © conduza (como comissério) por conta de outrem, conforme prescreve 0 n.° 3 (in fie) do artigo 503° E, quanto & pessoa por cuja conta o veiculo é habitualmente conduzido: responde também nesse caso ou esti, pelo contritio, isenta de responsailidade? Seo vefculo circula contra ou sem a vontade dela, por ter, sido abusivamente utlizado, nfo hi fandamento para the assacar responnbilidade, visto ter sido para afistar a responsabilidade do dono ou do utente do vefculo em casos desse tipo que no 1° 1 do artigo 503. se pés a obrigagio de indemnizar a cargo de quem tiver a direegdo cfectiva dele (1), Se 0 veiculo foi, pelo contrério, utilizado com autorizagio do detentor, que 0 alugou ou emprestou para 0 efeito, a siagdo € diferente (2). No caso de alyguer,sendo 0 vetculo conduzido pelo loca- tirio ou 3s suas ordens, 0 veiculo ¢ utilizado tanto no interesse (2) Meso que a ulzapo abutva ou criminora (250 eo wiculo te sido ‘urtado) tena sido facilitada pelo facto deo dono ov posuldor ni tet trmado as precages neces, nfo a reiponsbliade dele pelos danos qv 0 condor ‘venln aqusar: por um lado, no bd neahum facto leo da sa autora; por outo, (+ den hvidor nfo deem sv meiderdoe cone tn afte ningun de ealiginca que the & impute. [No sentido de que o dano do velco 6 iento de responabiiade, quando ele ire soma sua vootde, entre outros, no dominio do Cd. da Esto ac. do SJ, de 1S:VMEI96S (RL, 994, pg. 131) ¢0 ac. do 8T.Jde H-11972 (Bol Min. “Jus 213% pe. 20) gue fundadamente exci a reponstiléde objctivado Estado ‘no cso de um aden moral ocorrdo com vistura militar conduide por 2oldedo ‘ae receeraondens para, nlosaindo e certo local, car a de garda te viata. @) Vide, aceréa dese protiena nos dvltot empanhl, Hliao ¢ franck © thumer, 0, cit, ple. 186 € ses, Ey Fontes des obrigacn do locatirio, como no do locador, e qualquer deles se pode dizer que tem a direcgo efectiva do. velevlo, devendo po: isso aceitar-se que ambos respondem solddriamente pelo dano (1). Ha~ ‘vendo comodato, a responsabilidade do comodante deve ainda ‘manter-e, salvo se o empréstimo tiver sido feito em condigdes (Gnasime de tempo) de o comodatirio tomar sobre si 0 encargo de cuidar da conservagio e do bom fincionamento do veiculo. De contritio, continuando este dever a cargo do dono ou utente do veiculo, como sucede quando o empréstimo se dsstina a uma viagem isolada ou a um passeio de curta duragio, a res- ponsabilidade objectiva recai simultineamente sobre comodante © comodatirio; pois nfo faria sentido que responsablidade objectiva, em grande parte assente sobre as deficiéncias de con- servacio ou fincionamento do velculo, se transecisse por intiro do comandante para o comodatirio (?). E certo que, responsabilizado deste modo, 0 comodante fica obrigado a indemnizar os danos que excedem essa origem, incluindo aqueles que procedem de culpa do condutor. (2) No se afasta da exposta no texto a doutina aceite o ae: do TJ de SG-VIEA9TI (Bal. Min. Jus, 208, pg. 11), «propa de um caso em que ade fo fective do eiulo alagado por uma empresa transpriadora 2 uma oatra sociedad continucu 2 perescer 8 emprese propria, convatuante crinda 1 fornscer, no apenas a vata, mas também © motoria, para realizar o& ser- ‘gos de transporte de que a outa neces. (©) Id no Obdigo da Estrada (rt. 56. 4) se consznava a dovtins de que, meno ower clpa do conditar, mat conduc se atrcar no ne inte, Propritrio ou possldor ter direto do etigr dele « meade de Sndemniagto & ‘qe for condenadon, igual dircito competindo ao condutor no «aso de see 0 ‘condenado aaa. ‘Muito prdrimo da doutrina do terto excreve LAREN (J, § 71, 1Y) 0 spine: “at como no cata do detetor de animals, também ag se ata de uma reapho {decent duro. Por iso o propretrio do velelonlo pede a qualidade de deten- tor plo simples facto de lat ou cede por empréstimo o wo o poder defacto tole © velco durante algun tempo, meso que a outta pestoa durant esse erlodo tome sobre si as despesas de deslocalo (dle Barebstate)» 5 as obrigagées em gerat Fontes das obrigacdee ‘Mas nio & menos certo, quanto a estes, que comodante sgoza do dircito de segresso por tudo quanto haja pago, ¢ que a ova reaponsabilidade solidétia, em semelhantes hipéteses, nfo repugna, por ter cedido livremente 0 uso do vefculo. Além disso, 4 solucio accita-se, como forma indirecta de obrigar o dono do veiculo a ser prudente na sua cedéncia, nfo o emprestando 4 quem seja inexperiente ou indbil na condugio, a quem nfo possua carta, ete. Poders objectarse que, no caso de comodato, o veiculo aio & utlizado no interesse do comodante; jé vimos, porém, que a finalidade essencial desse requisto é a de afistar 2 respon- sebilidade daqueles (comissirios) que conduzem o veieulo por conta de outrem, que 0 utilizam no interese alheio, © que NO caso do comodato hi ainda um inferese do comodante (embora nio material ou econémico, como no aluguet) na utilizagio do veteulo, No caso de, como cada ver & mais frequents, a pessoa res ponsivel (seja 0 detentor, seja 0 condutor do velculo) ter feito com uma companhia seguradora um contrato de seguro para cobertura da sua responsbilidade civil em face de terceito, teri a pessoa segurada o direito de exigit que a seguradora assama, dentro do Ambito do contrato, a obrigacio de indem- nnizar em que cla veoha a ser condenada. O seguro refere-se 2 pessoa que na apélice figura como astegurada, e no 4 propria viatura (1), Além disso, a obrigagio da seguradera 6 se con- Gretizar’, se a pessoa segurada usar do seu dircizo, salvo se 0 seguro for obrigatério on tiver sido estabelecido, por outra razio, no interese dos eventuais lesdos (2) ©) Che 0 8. 60 S15, de IOEIBTL (Bol. Min. Js, 204, pb. 175 © Re Tit, 99%, pla. 210). ‘@). Vid. $k Conveno, Rerponsbidade civil por aides de visto, ou Rev Tit, Us, pig DL e sep; Rove, Le responsable € nal pr gl te ede rad, 1963, 8." 54 56 162. B) Danos indemnizdveis. Os danos que a pessoa esponsivel & obsigada a indemnizar sio os que tiverem como causa (Juridica) © acidente provocado pelo veiculo. O nexo de causalidade entze 0 facto € 0 dano, como pressuposto da responsabilidade civil, sexé analisado no capitulo consagrado a obrigagio de indemnizacao. 1S, porém, quanto aos danos causados por veiculos, uma directriz especial que tem aqui o seu lugar préprio. que a responsabilidade objectiva se estende apenas aos danos provenientes dos iscos préprios do veleulo, mesmo que este no se encontre em circlagdon (art. 503°, 3). Dentro da féemula legal cabem os danos provenientes tanto dos acidentes provocados pelo velculo em circulagao (2tro- elamento de pessoas, colisio com outro velculo, destruicio ‘ou danificagio de coisas), como dos causados pelo veiculo est cionado (choque ou colisio provocada por velculo parado fora de mio ou estacionado em lugar indevido, ou parado na sua milo mas sem estar devidamente sinalizado, acidente causado pela porta do veiculo que ficou indevidamente aberta, explosio do depésito da gasolina, atropelamento ou colisio provocada por veiculo que inesperadamente se destravon, etc) (1). () 34 no dontio do Céigo da Estrada, coo artigo 56° fala de svelele ‘em srnsto nas vis pleas, bavia tensa para, apficando o epime da respon ‘atiiade obectva aos aidentes provocados por velclosparador ou exaconas, © tender ail todos os acdenes relacionados com os perigee epaciis os ‘wlcoles de citelasio tazeste: cfr. ac. do ST, de 211961 (Bol. Mm, st, 104, pg. 417, em cafe relaéro we afrma vque o velo ve considera em ‘irate, msioo gue eteja parade, desde que ato deva terse como terminada cago, 'No cis curoto examinado na doutaseteasa do juiz do Axia (com data 6 14 VIT965:v, ey. Tab, 842, pa. 37), em que © acidene fol prowosado por lum velo rebecado que © pronto socrzotove de deixar por algum tempo abaa- oaadoa estrada, no parece nese considera 0 veleulo como parte do pronto ssocoro para ici os pevigos por ee criados dent a via pdbica no ciculo ou roe préprios do veel, so Das obrigaztes em geral Quanto 20 velculo em circulagio, tanto fiz que ele circule em via piblica, aberta a0 trinsito geral, como em qualquer recinto privado, apenas frangueado 20 teinsito dos veieulos de certa empresa, ou dos habitantes de certo imével. E pouco importa mesmo que © velculo circule fora de qualquer via, como o jeep que caminha sobre terrenos que outras viaturas no podem percorrer. espirito da lei cobre manifestamente todas essas situagBes, iio havendo hoje sequer o embaraso eriado pelo artigo 56° do Cédigo da Estrada que, a0 tratar da responsabilidade civil por acidentes de viacio, falava, de facto, em veiculo que estivesse ‘sem trinsito nas vias piblicas (1), «No tisco, esereve Dario M. Atasioa (2), compteende-se tudo o que se relacione com a méquina enquanto engrenagem. de complicado comportamento, com os seus vicios de cons- trugio, com os excessos ou desequilibrios da carga do veleulo, com o seu maior ou menor peso ou sobrelota¢io, com a stia major ou menor capacidade de andamento, com 0 maior ou menor desgaste das suas pegas, ou seja, com a sua conservacio, com a escassez de iluminagio, com as vibragdes inerentes 20 andamento de certos camiées gigantes, susceptiveis de abalar (0s ediffcios ou quebrar os vidros das janelas. £ 0 pneu que pode rebentat (3), © motor que pode explodir, a manga de eixy ou a barra da ditecgio que podem partir, a abertura imprevista de uma porta em andamento, a falta sibita de travOes ou a sua (Quer dies que & doutine do ac, do 8, de 2211970 (Rl 104°, pis. 4, justamentecriteado por Vaz Sem, falta depois da ete ex vigor do ‘novo Cédigo Civil 0 frouxo apoio teal que the dava o texto do artigo 56°60 Cotigo da Estada, @) Ob. et, pla. 27, (©) Foi rasameate 0 cao de um acidente mortal provocado plo rebeie ‘mento do poeu sobresiceate, que eta a ser enchido de ar mum posto decom busts, que o a. do 8.7.5, de SXIFI969 Bol. Min. Ju, 192, pg 231) julgoo ‘0 sentido da douttaa exposta no texto, 58 Fontes des obrigagSea desafinagio, a pedra ou gravilha ocasionalmente projectadas pela roda do velculo.» ‘Dentro dos riscos préprios do veiculo, a que o artigo 503.% 1, se quer referir, cabem ainda, além dos acidentes provenientes da miquina de transporte, os ligados a0 outro termo do binémio ‘que assegura a circulagio desse vefculo (0 condutor). Também o perigo de sincope, de congestio, de colapso cardiaco ou qualquer outra doenga stibita de quem conduz faz realmente parte dos riscos préprios do vefculo e, como tal, se integra no dominio da responsibilidade objectiva caracte- ristica dos acidentes de viagio (1). ‘Fora do circulo dos danos abrangidos pela responsabilidade objectiva ficam ps q sm_conexio com os rscos especficos Go velculoy os que si estranhos aos meios de circulagio ow ‘ransporte terréstre iais, os que foram Gusados pelo veleulo'como poderiam ter sido provoeados por qualquer outra coisa mével: é 0 caso de alguém tropecar no veiculo recolhido na garagem ¢ se ferir nele, como poderia ter-se ferido em qual- quer outro objecto af arrumado, ou de alguém ter entalado a mio propria ou de outrem ao fechar a porta do automével (2), ‘ou de 0 condutor ter agredido outrem com s manivela do vel- (1) Chr nese enti, sl de nossa anotago 20 ac. do ST. de SXIE1967, ‘na ALJ. 1012, plg. 25, nota, 0 ac. d0 8-1, d2 V-1871 (no Bol Min Jat. 2M, pig. 15) 0 de 2-VILIST (Bol. Min. Just, 29, pi. 12. ) 16 & porém, abrangido pelo dsposto no n.*1 do art. $032 o aidente ma garage, fz marcha ats (em sentido 103 dt Rel. de Lisbo, de 10-2960, i 167, pi 479, rehivo ao acidente do wecuo atomével que, arastado por una vgs malin 20 Imolhe do perio de Lette, caus a morte dew dos ocuantes: ft. a nos ano tielo ene acordio na RL. J, 1012, pag. 86 ¢ sep, onde s¢ lasine em ‘mar quo o facto do o sinte 5 stuat fara do caculo dos riseos propos 40 ‘etal , por coasequtci, fora da 20na da responsabilidad objetivo ignifca Aue exeiaforsosamenteextulda a responsabilidad do lesan, vist et er poo fai ictamantee com cal. 9 Das obrigagbea em gorat culo, como poderia télo feito com qualquer outro instrumento contundente. 163. C) Benefcibrios da responsstilidade, Entre 05 bene- ficiétios da responsabilidade objectiva fixada na lei figuram, nos rermos do artigo 309", 05 trees caja pesoa ou cujos bens sZ0 atingidos pelo acidente— as pessoas que, estando fora do veiculo, sio atingidas na sua vida, satide ow integridade Fisica, ou sio os ttulares das coisas destrafdas ou danificadas('). Mas levantam-se algumas{ dividas, na doutcina, quanto 4 responsabilidade perante as pessoas trarsportadas no vetculo, que lo serZo rigorosamente tereeiros, quando ligadas ao condutot ou a0 detentor do welcilo por um contrato de transporte. Tanto as pessoas, como as coiss, transportadas mediante contrato sio sema diivida apliciveis, quer as regras de responsa- bilidade pr6prias do contrato de tramporte, quer os princtpios vélidos para a esponsabilidade fundads na culpa, se ilicitamente for violado algum dos direitos ou dos interesses legalmente protegidos dessas pessoas ‘Mas nfo Ihes serd também aplicivel o regime da responsa- bildade objetiva, que vigora a favor de texceitos? Sendo o veiculo utilizado para 0 transporte contratado de pessoas on de coisas, duas situagSes de rise importa considerar: por um lido, 0 riseo que corre quem no seu préprio interesse explora econdmicamente ou usa o vefculo, para transportar outras pessoas, coisas ou mercadorias; por outro, 0 isco que Gientemente também corre quem utiliza os velculos de circula~ fo terrestre, para se deslocar. B justo que a lei onere de modo (0). Na categoria de tereobo, abrangidos plo mesmo presto lel, devem ser incllds ainda as pestoas que se ocupam na tvidade do weeulo(@ condutor, © guardador, 0 cobrador ou 0 cal dos transports coetivon}, desde que o sce este se elaione com os pergnspropriosdaguee 0 Fontes dos obrigacdee especial o transportador (visto ser ele quem tira as principais vvantagens da actividade do velculd), mas sem fechar por com~ pleto os olhos & realidade do segundo risco. Foi esse objectivo que a Ici pretenden atingir, 0 limiar a responsabilidade objeciva do transportador aos danas que atinjam a propria pessoa e as coisas ‘por ela transportadas, Quanto 3s pesoas a que se refetem 08 arti~ {Gos 495: 3, € 499%, 2 € 3, emboraligadas 8 vitima do acidente por lagos de sangue, pelo vinculo do casamento ou por relagSes afins, 6 terio direito a indemnizagio, havendo culpa do condu~ tor(!); € 0 mesmo se diga em relagio 3s coisas nfo transpor- tadas com a pessoa. Diferente € 0 regime do transporte gratuito, conde o transportador responde sempre de harmonia com os prinelpios gerais, ou seja, segundo os critérios clissicos da culpa(2). Entendevse, com fimndadas razées, que assim como responde pperante terceiros pela conservagio e bors funcionamento do velculo, © dono ou condutor deve oferecer uma garantia bastante pro- zama quanto 3s pessoas transportidas ¢ quanto &s coisas que las levem consigo (2). A ideia fandamental em que assenta a teoria do risco apro- veita assim &s pessoas transportadas mediante o respectivo con (2) Bota reargto de responsbildade jection € vivamente impugnads, etre consent, por Sk Cansemo (Re. Tih, 85°, pig. AUS eps.) que con= siera periments eqipedven, neste axpco, a aituapho dot tercirs © 0 dar pessoas trnsportadss, por conto, no velco. ‘@) Tatetica douraa ea jé consagrade no Cédigo da Estrada (art. $62, 1, 2. perodo), segundo 0 qual eo incivgtosirensportados gratuitamente 0 te Aircit a indeenzato, se fore vines de sedente devido a cao fort, ainda ‘aoe inreate 20 funsnoamento do velo qe ob tramportaves E'lgeramente diferente & orietaeto do dito fancs, que, n0 caso 6 0 transporte ser patito, exge 2 prova da cuba do conduor,enquanto 90s outros casos presume a exitaca dos culpa Ci. Lavo, ob et, cbretudo apg 47 ‘eres, quanto & dningto que no diréto francis «ial se tm feto ene a ‘porte benérolo © transporte irs) @ Taira, 0, ci, pls. 7 © segs (©) Que 56 no ser ittramente igual «ela, como vios, por aaul se inse- ‘ie também 0 rico que Gentements coe quen utiliza, para sea servo, os velulos o crelasho tenes. su Das obrigagdee em geral trato, em termos bastante préximos dagueles em que se aplica 205 tercciros atingidos pelo vetculo. © segime estabelecido para as pessoas transportadass ¢ para was coisas por chs transportadass tanto vale para 0 caso normal de haver um contrato de transporte auténomo, como para a hipétese menos vulgar de o transporte se efectuar 20 abrigo de uma cliusula inelufda num outro contrato (opersrios, médicos, engenheiros, etc, a quem se garante transporte na execugio de um contrato de trabalho ou de prestacio de servigos). Distingue-se, no entanto, entre as pessoas, de um lado, as coiias por elas transportadas, do outro, para o efeito de admitir quanto a estas, mas nfo em relagio Aquelas, a insergio de cliusulas tendentes a excluir ou limitar a responsabilidade do transportador (1. No caso de transporte gratuito, regulado de harmonia com 0s prinefpios gerais da responsabilidade, o condutor responders segundo 0 critétio normal da culpa em abstract (e nfo da culpa ‘em concrete). Nio &, por conseguinte, o facto de ele ser habieval- mente imprudente ou indhil, e de essa circunstincia ser porventura conhecida da pessoa transportada (2), que o iliba de culpa ou © exonera do dever de indemnizae. © ansporte diz-se gratuito, sempre que a prestacio do transportador nfo corresponde, segundo a intengio dos con traentes, um correspectivo da outta parte, pouco importando que () Reatamante is cobar raniporads, valerto mesmo, em prscipio, a Aespeto do presltuado no argo 803, a lias en certo ape lenin, GU se reer Cannone (2°78, pig. 260:. gr. no caso de cident, 0 anspertador io pasard mais do qe X ecudos por cada volume. © Pode, no entanto, sarser que & expe d0 condator se unte & calps do teansportado (ele acia 0 transport, nlo obstante reconbeces, or ex 0 fas ‘ado do yeculo ou o estado de embraguts em que o condtor se encanta). , nese cso, pode « obrigapio de indemalzar se atenuada od até exci (en 50. Pontes dae obrigaabes co transportador tenha qualquer interesse (mora, espiriual, ilcto, etc) na prestasio realizada (1). Os motivos no contam como correspectivo para a qualificagio do contrato. O regime geral da responsabilidade (baseada na culpa) vale tanto para a hipétese de o transporte gratuito assentar sobre um contrato, como para fo caso vulgar(ssimo de ele corresponder apenas a um acto (nfo vyinculative) de cortesia ou de complacéncia com certos usos (oles). Tudo indica que a lei quis sujeitar a0 mesmo regime, tanto 0 transporte (gratuito) contratado como o transporte de simples cortsi. INio se cstabelocem sequer para a danificagio das coisas tcansportadas, quando haja contrato, uma presungio de culpa, paralela 2 que o artigo 799, 1, consagra etn termos gerais para a falta de cumprimento da obrigacio. A danifcayio da coisa é um facto que, por transcender o simples cumprimento defeituoso da. obrigaco, hi que sujeitar aos principios da res- ponsabilidade extracontratual. ‘A exclusio da responsibilidade objectiva no caso do trans porte gratuito nio se funda na ideia de que, aceitando a libera- lidade, a pesoa transportada aceitou yoluntiriamente 0 risco inerente 4 utilizgio do veiculo. Esta ideia no corresponde & realidade, na grande massa dos casos. Tio pouco se pode filiar a solugio em qualquer cléusula ticita de exclusio da responsabilidade (objectiva) do transpor- tador, pela mesma razio de falta de correspondéncia com a realidade. © pensamento que serve de base 3 solugio é a ideia (objec- tiva) da injustica que constituiria a imposigio da responsabi- 2) A nosto & pouta em divide por Vz SERRA (os anot. a0 se. do SI. e 26-V111968, oa Rev. Le. Jari, 102, pig 301), que parece identicar 0 tans- ort gratuito com todo equee que azo 6 Telto no interesse do transportador [Nenburna rant sia existe, no enlanto, para os afstarmes, neste dominio dos seidentes de vaso, da iting clsca a patiidade eda onerosidede,entrando 20 verdadeiroInbcinto dos puros motives de cada uma das pares. Pa ‘Das obrigagtes om seral lidade sem culpa a quem fomeceu o transporte sem nenhum. correspectivo, as mais dis vezes por mero espicito de liberali- dade (1). A cquidade sara ferda, escreve CARBONNIER (2), 4 une acted obbligeance pourrait se retourer core son auteur en I absence de toute faute de sa ports. 164. D) Causas de exclusdo da responsabilidade. Repro~ duzindo a doutrina que vem jé do asento de 4-IV-1933 ¢ do artigo 56°, 1 do Cédigo da Estrada, 2 lei vigente (art, 5052) apenas exclui a responsabilidade do utente do ee © acidente for imputdvel ao lesado ou a terceiro, ou quando reste de causa de forga maior estranha ao furcionamento do velcul (2). Sio estas, dentro do cleculo dos danos abrangidos pela responsabilidade objectiva, as sinicas casas de exclusio da obri- ‘gaclo de indemnizar (#). A verificagio de qualquer das circuns- tinciss apontadas quebra o nexo de causaidade entre os riscos préprios do velculo © o dano. Qualquer desas causes exclui assim a responsabilidade objectiva do detentor do vefculo, por~ que 0 dano deixa de ser um eftito adequado do risco desse velculo. Nio falta, porém, quem sustente que para 0 acidente podem concorrer, a usa tempo, 0 perigo especial do veleulo e o facto do terceiro ou da vitima, devendo nesse caso repartir-se a respon- sabilidade ou atenuar-se a obrigagio de indemnizar fundada no risco (3). Vide w noise anotro a0 26. do 8.1. de 9XUI967, m8 RW, 11 le. 282; no mesmo senile Caanonien, n> TI, ph 400, (@) Droit ci, 2* parte, n* 193, ane 2). ©) Chr. vow Cevusuaan, Der Eiylss des Verranens auf die Prarecis budng, 1965, nis. 123. (Se 0 mente for impute, ef, todavia, 0 diposto no artigo (©) Eas 6 do facto, a tse de Vaz Sent, oudameno de responsblidade ind (em especial raporabilidae por acdene ik vagSoterrsre por terven- es leas), 2° 17, @ ainda na RL, 98, pig. 34 e nota |e pig. 373, nota2 oy Pontes das obrigasiea Esta solugio no corresponde & real configuragio das situa~ ‘608 em exame, nfo ¢ justa, nem & a consagrada na lei ('), Com efeito, 0 ficto de os velclos serem portadores de periges especiais obriga a determinados cuidados ou prevensSes, no s6 por parte de quem os possui ou os conduz, mas por parte de todos em geral, principalmente quando se transta a ‘p& nas vias piiblicas. Se o acidente se d4, no obstante os ter- ceiros haverem tomado as precausSes necessirias, os danos dele provenientes serio, em principio, imputiveis a culpa do con~ dutor ou ao risco pr6prio do veiculo. Seo desastre, porém, se vverfica, porque 0 lesado ou terceiro néo observaram as regras de prudéncia exigiveis em face do perigo normal do veiculo ‘ou porgue deliberadamente provocaram a ocorréncia, cesa a responsabilidade do detentor, porque, nfo obstante 0 risco da coisa, os danos proyém do facto de outrem. Serve para ilustrar 0 pensamento exposto 0 exemplo dado por Sk Canweio (2): Contra as prescrigdes da autoridade, um individuo aproxima-se do vefculo em chamas (automével que se incendeia e explode na via pica), imprevidentemente por mera cutiosidade. F atingido pela explosio, que o nfo atingido, se no fora a sua imprudéncia. ‘A questio de saber se o dano é ou niio indemniasvel reeai, segundo 0 autor, na algada do artigo 70° Entende, pelo contrétio, Dario M, pé AtweiDa que (em grande parte fafeeniado pea doutrina do seu anteprojeto, mas que, esse ‘Ponto, no vingoo na versio defini dos textos do Ciao: ef. a minscios and Tike 6 Danio M. ALD, ob et, especialmente pf. 132 nota 1), 2 de Canoe art, n° 191 ea de Roostas, a 1588 ©1632. Conta, SAvArIEN,n* 320; PLANK, ivoar e Foun, n° 620; Pass be Lowa e Axruns VARELa Cid, Ci not, nota 0 art. 505° e Dano M. Atsan, ob. i, pg. 129 eps: ANTUNES VARELA en0- legtes aoe abedios do BT, de SIPI967 (REA. 10% pl 240) de 996 LT, 102°, pig. 58); Mdauo De Baro, Cid Ch. ant, antago 20 artigo 508.* © 0 ac. do ST, de 1-XUI970 (Bol Min, Jus, 202, pig. 190. () Ren Ti, 45°, nis. 40, Ob, et, pig, 18. 4s Das obrigagten om poral a hipotese ¢ abrangida pelo artigo 505., visto o acidente ser totalmente devido a culpa do lesado. Plas razSes exposta, nfo seri dificil concluir que é esta Giltima, de facto, a boa doutrina. Por outro lado, sendo jé bastante severa a responssbilidade langada sobre 0 detentor do velculo, nfo se afigura razofvel sobrecarregé-la ainda com os casos em que, no havendo culpa dele, o acidente é imputivel a quem nfo adoptou as medidas de prudéncia exigidas pelo risco da circulagio ou a quem deli- beradamente 0 provocou. Por Gltimo, note-se que, exceptuado porventura 0 aso particular do artigo 502°, a lei apenas prevé a reparticio de responsabilidade ou a ateauagio dela nos casos em que hi culpa de virias pessoas, ou quando sio varias as pessoas que respon- dem objectivamente (1). De resto, os textos dos artigos 505.° € $70%, quer isoladamente considerados (por nio fazerem a ‘mais leve alusio, nem explicit, nem implicita, a0 concurso de aps do lea com o ris do veel), gut confontads ‘com os preccitos correspondentes do Anteprojecto Vaz. SERRA (are 72 do anteprojecto sobre a conculpabilidade do prejudicado € att, $78° do Anteprojecto do Direito das Obrigasies) revelam, em termos inequivocos, que a cilpa do lesado na produgio do (No mesmo tentido poderh nda exzairae argimento do disposto no ‘nt 2 do art. $702: ee culpa do enado excl o dover de indenizar, quando a rex Dowsblidade we fonda na prewngto de cul (¢ nko na culpa realmente provada, or aeioriaderako a deverdeichir quando ela assetar na simples ieia dort. ‘No bats, todavia, provar gue howe edpa da vita no acident, para que © ‘poss consierr excha a repoablidade do condutr ou do detentor, visto aus > lado de culpa daqula, pode exis cuba dies. Asim, a responsabldae x6 poderd coniderae defisitvanente exculd, quando se Provar que howe eps {e esdo emo hore elpe do exadstr odo detentr,E ness sentido que algunas legnlages alguns sotoresafimam que 2 reiponsbildade do proprietirio © do ‘oodntor do rll 6 sna quando «dpa do lead for en casta ace ‘dente, on quando exe for snicamentedevdo a culpa do eso, 6 Fontes dan obrigagton dano, no havendo culpa do agente, exclni sistematicamente a obrigagio de reparacio desse dano. Se hi culpa do detentor ou condutor, e com ela concorre uma causa de forga maior estranha ao funcionamento do velculo, Jf a responsbilidade daquele se mantém (eft. 0 cato paralelo ‘do art. 8072, 1), embora a circunstincia de forsa maior seja nese caso uma das tai circunstincias atendiveis a que se refere a parte final do artigo 494° ‘Mas vejamos mais de perto em que consistem as causis de exclusio da responsabilidade, 1D) Acidente imputével ao prbprio lesado. Quando se alude a acidente imputivel a0 lesado, quer-se dizer, antes de mais nada, acidente devido a facto culposo do lesado, acidente cau sado pela conduta censurivel do proprio lesado. E 0 peio que inadvertidamente atravessa a rua fora da faixa destinada 1 sua Pastagem, ou que atravessa distraldamente a faixa, numa altura em que 5 sinais laminosos indicavam a pasagem livre para os automobilistas, dando lugar com a sua imprudéncia ao acidente que o condutor jé no poude evitar. O termo imputivel nio & porém, usado aqui no sentido téenico com que ¢ tomado no direito penal ¢ nos artigos 488.2 e 489° do Cédigo Civil (1), Embora o fado do lesado seja, em regra, um facto censrdvel Neste seid (7), antes do Cbigo, mas em fce da férmulasnbloga vende ‘a Iegitgo entto vigets, 0 ac. do STI, de 1-VEI956 (B.A. 3, ps 483), ‘que ver apenas sumariado no Bolin: em sentido contre, os cbrdioe dh Rel e Lisbon, de B1IFI947 (BAM, 4, pig. 229, 60 S.J, de 161-1948 (BAM, 5 la. 234) de 29.1-1954 (BAL, 2, pe. 263, que alga haverresponsabilidace, ‘guando o acidente seu devido &vitina ou a tesco ineucepties de impetar ‘No sentido da boa doutin, mus ainda em face do Cign da Estrada (ar 40°, 23), whe 0 ectrdlo do 8.71, de 33-1967, por abe anotado na RL, 101", lg. 280, no qual ve consierou isento de reponsabiigade o condator de tsi qs scope uss yoko tng w slr pare falas de rodagem dua ealanads pela olen vaga do mir que rebentou sobre ea, 7 Das obrigagbee em gerat ou reprovivel da vitima, a lei quer abranger todos 0$ casos em aque oacidente ¢devido a0 lead, mesmo que no haja culpa dele. 'Nio seria justo, com eftito, que condutor respondeste pelos efeitos do acidente que o lesado provoca intencionalmente, 36 porque a vtima era um inimputdvel; nem um acidente pro~ vorads nesses termot se deve considerar inclufdo nos riscos proprios do uso do velculo. Nio fatia,aliés, sentido, por manifesta incoerénia legisla~ tiva, que a lei mande indemnizar em certos termos o: danos cawsados pelo inimputavel a terceio, ¢ obrigasse © detentor do veiculo a indemnizar os danos provenientes de acidente causado pelo inimputivel, atingindo os danos a pestoa ou 0 patriménio deste. Se 0 condutor se aperceber de que a pessoa que transita na esrada ¢ uma cranga, um demente ou um ébrio, deve tomar as precaugSes especiais adequadas, incorrendo em culpa se as tnd adopter (1), No havendo, porém, culpa da sua parte ¢ endo (© acidente imputivel a facto da vitima, 0 condutor nio res- ponderé (2). Para a exacta compreensio do preceito, importa considerax quenio éum problema de culpa que esti em causa no artigo 505.°, ‘pois nfo se trata de saber se 0 lesado & responsével pelos danos pprovenientes de facto (ilfcito) que haja praticado. Trata-se apenas de um problema de causalidade, que consiste em saber quando é aque 05 danos verficados no acidente no devem ser jurdiea- ‘ment: considerados como um efit do risco proprio do veteulo, ‘mas sim como uma consequéncia do facto praticado pela vitima. (8) Ct, Laney TH, § 7h, 1V 02 ed), pla. 484495. neste mest sentido que &doutinn ea juipruddaciafancesuscatendem que o condor 3 sok iento {Ge responsabilidad se 0 facto do Ted ou do tceiro geador do acidente for inprevsvel @ resistive (Canwowen, 1." 10, pig. 39) (G) Neste sade, wae e 0sa anoimlo a0 ac. do S.T. J. do TVET, ma KL, 10h, page #9 eps. © «ance fe lade aw ae do 3.7. I, fe SLI967, ma mesma Re, 10L*, pig. 20 © segs. se Fontes dan obrigacSee ‘Se © acidente tiver simultineamente como causa um facto calposo do condutor ¢ um facto da vitima, cabe a0 tribunal determinar, com base na sua gravidade relativa e nat consequén- cas que deles resultarim, se a indemnizagio, como diz 0 artigo $708, deve ser totalmente concedia, redizida ou mesmo a © que sucede, por exemplo, quindo o acidente devide exeano de woe do we o » inadventncn lo, que atravessou a via piiblics fora do lugar proprio show icine 9 und! que» soncbies setoe, T) Acidente imputdvel a tereiro. Tal como na rubrica anterior, também aqui a ressalva se deve entender no sentido de acidente causado por facto de terceiro, quer este sea imputével ¢ tenha agido com intengio ou com mera imprudéncia, distrac- do ow falta de destreza, quer seja um inimputével ¢ tenha, por conseguinte, actuado sem culpa(!), © terceiro, a quem o acidente & imputivel, eanto pode ser © pedo (que surge imprevistamente na estrada, que solta impra- dentemente o animal na via péblica, que stinge o condutor com uma pedrad:), como 0 condutor de outro velculo (que brus~ camente encandeia 0 que se cruza com ele ou que inesperads- ‘mente guina para fora de mio, provocido 0 atropelamento), como o pasageiro (que deita imprevistamente a mio ao volante ‘ow inesperadamente agride o condutor), etc. © problema especial que nestes casos se pode formular, no tem lugar quanto 2 hipbtese de o causador do acidente sex 40 mesmo tempo a vitima dele, € o de saber se 0 terceiro seré obrigado 2 indemnizar as pestoas a cuja lesfo deu origem ou os dance oid pelo prisio conor, ms peson ou no . (2) Ban aide contest, ao domfnlo de Dedagdo amerior, © refetdo 86. do STI, de 16119 (BML, 5, ple. 24). ca | Das obrigacdee om gorat A resposta é dada pelos preceitos contidos na subsecgZo anterior (ars. 483.° © segs), que trata da responsbilidade por factosilicitos, sabendo-se ainda que 0 artigo 489. admite, em certos termos, a responsabilidade das priprias pessoas inimpo- tivels, ‘Também neste caso a circunstincia de o acidente ter como causa 0 facto de tercciro exclui a responsablidade objectiva do detentor do velculo, no admitindo a lei a concorréncia do risco com a culpa (hoc sensu) do texceiro (1). Se 0 acidente for devido a facto de texceiro (¢ nao howver culpa do condutor), & porque o terceiro nfo adoptou as medidas de cautela ou de recausio adequadss 20 perigo especial dos velculos. ‘A concorréncia apenas pode dare entre a culpa do ter- ‘eeiro © a culpa do condutor, sendo entio aplicivel 4 hipétese © disposto no artigo 570° Haveré ainda acidente imputivel a terceiro no caso de ele ter sido provocado por animal, em termos de responssbilizar quem 0 utiliza no seu interesse (art. so2*) ou quem sssumiu © encargo da sua vigilinca (art. 4 TN) Causa de forga maior estranha ao fucionamento do veteulo. Excluem ainda a responsabilidade do detentor os casos de forca maior, quando estranhos ao funcionamento do veiculo. Nio a afastam, porém, os vicios ou defeitos de construgio do vetculo, nem as ocorréncias inerentes ao seu funcionamento, ainda que no imputiveis a cufpa do detentor ou do condutor (como sejam a quebra da direc¢io, a derrapagem, o rebentamento de um ‘pneu, a falta de luz por avaria na instalagio, a projeccio de uma ‘pedsa pelas rodas do velculo, a explosio au o incéndio do deps- sito de gesolina, a ruptura dos través, etc). Como caso de forca maior deve considerarse © aconteci- ‘mento imprevisivel, cujo efeito danoso é inevitivel com 2s (2) Bon set diferente, Vaz Sama, ob, c.,m* 18. 50 Pontes dan obrigagson precauges normalmente exigiveis do condutor. Se esse accnte- cimento for estranho ao fancionamento do vefculo, o condutor, tal como o detentor, nio responde pelos danos que ele provocar através do velculo. B 0 caso do acidente causado pela viatura aque foi arrastada pela enxurrada ou pelo vento cielnico ou que cexplodiu devido a ine’ndio provocado por um aio. 165. E) Coliséo de velculos. 6 muito frequente, em ma- thria de acidentes de viagio, a colisio de vefculos, que tanto pode dar-se pelo cheque, quando ambos estio em circulacio, ‘como pelo abalroamento do veiculo que esteja parado ou afrouxe de velocidade por um outro em marcha (1). Varias hipétescs importa distinguir, neste caso, quanto & responsabilidade pelos danos provenientes da coliso, Havendo culpa de ambos os condutores (ambos seguiam com velocidade excesiva ou ambos sairam injustfiadamente fora da mao), cada um dees responde pelos danos correspondentes a0 facto que praticou (2); se apenas um deles foi culpado, tam- bém esse responde pelos danos que causou (quer em relagio 20 dono do veiculo danificado, quer em relagio 3s pessoas tans- portadas num ou noutro veiculo e 3s coisas neles transportidas, quer em relagio a outras pessoas ou coisas) (2). Dando-se como assente a culpa de ambos os condutores, mas nfo podendo deter minar-se a medida em que cada um deles contribuiu para a (9) Out & terminooginwiada na matéeia por Ouran Maro, detente na exrada, 1965, pl. 18, 0a. ‘@)_ Mas como & culpa de cada um dos condutores corresponds a cuba de ada um dos lesados, 2 reipectvaindemnizapo tek de ver fads nos termoe do artigo 570 (©) A rexponsailiade do cupadb no pods, nesse caso, ser atemuada en senso 40 race do outo velcule. Vale equ, mers mutandis, a6 aes iavo- fades para shasta a hipétese da concornca do rico do velo com a ulpe do Jeuado on de terra, coma um factor determinants da reeponsbilidade (enbora stenuada) do detentordaqune, Em seniso dierent, Vaz Saad, ob, cl, nota 347. ss Das obrigactes on gorat producio dos danos verificados, presumir-se-4 que para cles contribuiram em igual proporcio(). ‘No caso de nfo haver culpa de nenhum dos condutores, dluas sitwagSes diferentes se podem ter registado, Uma é a de ter sido apenas um dos vefculos que causow danos 20 outro (caso tfpico do velculo em marcha que embate num outro, parado, estacionado ou que a sua frente afrouxou de velocidade). A segunda é a de ambos os veiculos terem concorrido para.o aci- dente (ambos derraparam, ambos softeram da mesma falta. de Visbilidade no cruzamento em que o choque se dev, um ¢ outro interpretaram mal o gesto do sinaleiro, etc.). No primeiro ‘aso, apenas o detentor do vyeiculo causador dos danos é obri- gado a indemnizar, na sequéncia da teoria do riko que domina toda a matéria. 166. Cont. Inexisténca de culpa dos condutors,sendo os danas causados por ambos os velculos. No, segundo caso, sendo os danos causados por ambos os velculos, quer cles se estendam 20s dois, quer atinjam um 56, no havendo culpa de nenhum dos condutores (hipétese mais frequente na pritica), txés solugbes diferentes tém sido adoptadas na legislacio e na Jurisprudéncia dos pases estrangeiros que mais afinidades, nestes dominios, tém com 0 direito portugués (2. ‘A. primeira, subscrita em Franga pela Cour de Cassation (em decisdes de 24-v-1930, de 20-11-1933 e de 5-vit-1938), (9) 34s esrahou (Sk Cans, Rar, Tih, 85°. pls. 41 6 86°, nhs. 6be ls. 275) a0 acrdio do 8.7.1, de 9:XU-1967; Vaz Seana, anc 0 46:80 ST, 3011968, na mesma ela, 102, pig. 23, nota 1 2 Fontes daa obrigactce ‘considera 0 proprietirio de cada um dos velculos responsivel peh reparagdo dos danos que a coliso provocou no outro. O fiun- Eamento da solugio provém de a presungio de responsabilidade, vélida em matéria de acidentes de viagdo, s6 dever funcionar 2 favor da vitima e nunca contra ela(1). Por consequéncia, hhavendo colisio, o dono de um dos veiculos (A) poderé exigit do outro proprietirio (B) a indemnizagio pelos danos que sofreu (no valor de 20, por hipétese) ¢ responderd perante cle pelo valor dos danos que Ihe cavsou (80, por ex)- (© defeito capital do arranjo proposto, que levaria a uma composisio jurfdica do acidente diametralmente oposta 3 forma como 2 realidade das coisas operou na distribuigio dos danos, procede da forma como artificiosmente se cinde 2 wnidade Fictual da colisio, esquecendo que cada uma das vitimas do acidente é também co-autora dos danos que ela propria soffeu, fe que nos danos por ela causados ao outro proprietério interfere também a co-autoria deste proprietirio ou do seu condutor. ‘Atendendo precisamente & interferéncia que cada um dos vyeleulos tem no processo de causalidade dos seus danos ¢ dos danos softidos pelo outro, uma outra corrente defendeu a tese de que nenhum dos lesados, em casos do tipo sub spece, poderia ‘exigir indemnizagio do outro, As duas responsabilidades, ani- sadas de sinal contritio, anular-seiam reciprocamente, aca- bando assim por emergit em relagio a cada um dos donos dos veiculos 0 prinefpio bisico res pert domino (2) Para que 0 raciocinio fosse exacto, e conduzisse a uma solugio critriosa do problema, seria necessirio que cada um (0), eka présonption de reponabllé ddiede por Pare 1304, al. er de Code Col dites,& Pncoire du pari de a chose ne sour re drate en tut ou pari di fot que let da ruardien est reiroquement casts des domes, (Contre, Savaret, Cours, 2* el, H, n° 314. (G) ossmano, Cows, 32 ed I, 580; Paraot, Rarer © Enea, Traté rat, Vi, Og, 8% G2; Boe, no) Ree, Sire, 1931-1, pis. 121. 38 Das obrigagées em gerat dos condutores, 20 mesmo tempo que vitima apenas dos danos produzidos no seu vefculo, fosse também, ¢ isoladamente, causador dos danos registados no outro, ¢ que ambos os prejul 0s devessem, em principio, ser considerados equivalentes. ‘Nenhum destes pressupostos se verifica, no entanto. Por um lado, cada um dos proprietirios é simulténeamente vitima ¢ co-autor dos danos verficados, quer no seu veiculo, quer no outro. Além disso, 2 contribuigio de cada um dos velculos para © conjunto dos danos registados pode ser tio diferente da contribuigio do outro, que a tese da anulacio das responsabi~ lidades se arrsca a conduzir frequentes vezes, na prética, a solu- ges falhas de critério ¢ de razoabilidade. Assim se explica por que razio 0 Cédigo Civil portugués enveredou por uma terceira solugio, O artigo 5062, 1, manda somar todos os danos resultantes da colisio (seja para um, seja Para outro dos velculos) © repartir a responsabilidade (total) na proporgio_em que cada um dos veiculos houver contri~ buldo para a produgio desses danos. ~" “Um dos vetculos sofreu danos, por hipStese, no valor de a5, € 0 outro no valor de 125, porque o primeiro, bastante mais pesado e circulando com muito maior velocidade, fez maiores estragos do que soffeu. Se o tibunal entender que a vistura pesada contribule ‘em dois tergos, pelo maior risco que criou, para o ciimulo dos anos operados, teré o dono dela de suportar o prejulzo de 100, ‘© 0 outro apenas o de 50, tudo se saldando em o primeiro pagar ‘20 segundo a indemnizagio de 75 contos () (9) City 90 mest seatido do texto, 9 ae. do ST, do 27-K1970 (RIL. 1042, ple. 227, que fo, todavia, proferid ainda 4 luz da legiasko anterior 20 (Cbg civil viene. ss Fontes dan obrigagéee 167. Cont. Danos provenientes da colisio para os condutores, paras pessoas transportadas nos velculos ou para as coisas que esas levassem consigo, € para as pessoas ¢ coisas no transportadas. O texto do artigo 5062, 1, refere-se apenas aos danos causados pela colisio nos préprios veiculos (em ambos ou em um deles apenas), Por exe ficto, por entender também que a raiio de ser da solugio consignada no preceito s6 aproveita a esses ddanos, sustenta Vaz. Senna (1) que a indemnizacio dos danos respeitantes 8s pestous transportadas, ou 3s coisas por elas levadas nos velculos, se rege por outros principios (2) Nio hé, porém, nenhuma raxfo para distinguir, nem se ‘compreende quais sejam para o feito as solugSes, diferentes das perfilhadas mo texto, que Vaz Serra pretende sustentar. Desde que os danos softidos, sea pelos condutores, seja pelas pessoas transportadas, seja por coisas transportadas ou nfo nos veiculos, provém da colisio destes, colhe em cheio quanto ‘a eles o raciocinio fimdamental que justifica o critério adoptado no artigo 506%, 1. Tratase de danos para euja produgio nfo concorreu apenas 0 velculo, onde as pessoas ou as coisas eram transportadas, ¢ que, por isto mesmo, nenhuma rao hé para conerarem smente 4 pestoa por conta de quem corre 0 risco desse veiculo. Sio danos em cujo processo causal interferem simultineamente 0s dois veiculos e que, nessa ordem de ideias, rio podem deixar de recair sobre as pessoas por cuja conta corte 0 ritco dos velculos. (Ch. anoagtes 2 aston do 87, de 31968 (RL. 102°, pis. 25), de 27-X1970 (RL, 108 pg. 258) ede 199M (RL, 105°, ph 7. (©) Quanto aot danas casados mas pesca responsive pelos rss doe ve cog extend Vat Seana (b,c, eft 0 meamo sentido 0 a, do 8.7 de II “I9T1, nm RL, 1082, pg. 6) gue estfoabrangios no preceto do artigo 506. ‘sem embargo e otto legal refi apenas os danoscamsados em abot 08 ‘viculoe ou em um dais. sss

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