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‘Textos para esta edigio extraidos de: Weer, M. Gesammelte Aufsiize zur Sozial-und Wirtschaftsgeschichte. 1. ed. ‘Tilbingen, J, C. B, Mobr (Paul Siebeck), 1924, Gesammelte politische Schriften. 3. ed. Tubingen, J.C. B. Mobr (Paul Siebeck), 1971 Gesammelte Aufsitze zur Wissenschaftlehre. 4. ed. Tibingen, J.C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1973 Wirwschaft und Gesellschaft. 4. ed. TObingen, J. C. B. Mabe (2 Siebeck), 1956, v. Th. Gabriel Cohn Professor Livre:Docente de_ Sociologia {pfegar 0s instintos politicos naturais. Seria uma léstima se também a @itncia econdmica seguisse 0 mesmo rumo, na medida em que ela ftcalentasse um eudemonismo macio, por mais espiritualizado que fosse na forma, por detrés da ilusio de ideais “s6cio-politicos” indepen- dentes. (....) Também em face da violenta pentiria das massas da nagio, que pesa sobre a consciéneia social mais apurada da nova geragio, devemos econhecer francamente que ainda mais fortemente pesa sobre nés a consciéncia da nossa responsabilidade perante a Histéria. Nio seré dado nossa geragdo ver se a Iuta em que nos empenhamos dard fru- tos, se 0 mundo vindouro nos reconheceré como seus antepassados. Somente conseguiremos quebrar a maldigdo sob a qual nos encontramos, a de sermos descendentes de uma cra politicamente grandiosa, se sou bbermos tornar-nos algo diverso — a saber, os precursores de uma época maior. (..-) 3. A “OBJETIVIDADE” DO CONHECIMENTO NAS CIENCIAS SOCIAIS * A revista [Arquivo para a Ciéneia Social e Politica Social} sempre tratou todos os objetos de suas andlises como de natureza sécio-econd- ‘mica. Embora nfo seja esse 0 momento para dedicar-se a determinagdes de conceitos e delimitagdes de ciéncias, impoe-se um esclarecimento sumério acerea do sentido disso. ‘Todos aqueles fendmenos que, no sentido mais amplo, designamos por “sécio-econdmicos” vinculam-se ao fato bésico de que a nossa existéncia fisica, assim como a satisfagio das nossas necessidades mais ideais, defrontam-se por todos os lados com a limitagao quantitativa ¢.a insuficiéncia qualitativa dos meios externos, que demandam a pre- visto planejada e 0 trabalho, a luta com a natureza e a associago com jhomens. Por sua vez, 0 caréter de fendmeno “sécio-econémico” de um [evento no é algo que Ihe sea “objetivamente” inerente. Pelo contréro, ‘cle esté condicionado_pela orientagao do nosso_interesse de yento-em questéo em cada caso particular. Sempre que da vida cultural vincula-se direta ou indiretamente aquele fato bisico, através daqueles clementos da sua especificidade nos quais repousa para nés 0 seu significado proprio, ele contém ou pelo menos pode conter, conforme 0 caso, um problema de ciéncia social; ou seja, envolve uma tarefa para uma disciplina que toma por objeto a pesquisa do alcance do fato bésico apontado acima, Entre os problemas econdmico-sociais podemos estabelecer distin- bes. Temos eventos © complexos deles, normas, instituigées ete., cujo * Reproduzido de WeaER, M, “Die ‘Objektvitit Sozialwissenschaftlcher und Sozial: politscher Erkenntniss.” In: Gesammeltc Aujsitze zur Wissenschaftiehre. 4, en frgenizada e revista por Johannes Winkelmann, Tubingen, J. C. B. Mabe (Paul Siebeck), 1973. p, 161-214, Nfo foi incluida a segio introdutéria do ensaio (P. 146-61). Trad. por Gabriel Cohn. ¥ @ A nossa revista, tal como a ciéncia econdmico-social a partir de Marx e Roscher, nao se ocupa apenas dos fendmenos “econdmicos", ‘mas também dos “economicamente relevantes” € “economicamente con- 80 significado cultural para nés repousa basicamente no seu aspecto econds mico. Por exemplo, acontecimentos da vida bancéria da bolsa, que desde logo nos interessam essencialmente sob esse ponto de vista. Ey egra, mas no exclusivamente, isso sucede quando se trata de instituigdes icionados". Naturalmente, o fmbito desses objetos — gue varia que foram criadas ou s4o utilizadas conscientemente para fins econémie conforme a orientagio do nosso interesse em cada caso — abrange a cos. _Esses objetos do nosso conhecimento podem ser chamados, em totalidade dos eventos culturais sentido estrito, de eventos ou instituigées “econdmica Os motivos especificamente econdmicos — isto & aqueles que, pelas suas particufaridades significativas para nés estao ligados a esse fato bésico — atuam sempre onde a satisfagdo de uma necessidade, por ais imaterial que seja, envolve a utilizagio de meios externos limitados. © seu fmpeto contribui assim, em todo lugar, para determinar e trans- formar nao s6 a forma da satisfacio como também o conteédo das necessidades culturais, mesmo as de tipo mais intimo. A isso somam-se outros, como, por exemplo, acontecimentos da Vida relisiosa, que nao nos interessam, ou por certo no o fazem pri- mordialmente, do Angulo do seu significado ecc».dmico e em nome dele, ‘mas que em determinadas circunstincias podem adquirir um significado evondéimico sob esse ponto de vista, dado que deles resultam determinados efeitos que nos interessam sob uma perspectiva econdmica. So fené- ‘menos “economicamente relevantes”, A influéncia indireta das relagSes sociais, instituigdes ¢ ogra- pamentos humanos, submetidos 4 presséo de interesses. “'materiais”, estende-se (muitas vezes de modo inconsciente) por todos os dominios da cultura, sem excegao mesmo dos mais delicados matizes do sent mento esiétieo e religioso. Tanto os acontecimentos da vida quotidiana ] | como 0s fendmenos “histéricos” de alta politica, tanto os fendmenos | coletivos ou de massa como as ages “individuais” dos estadistas ou as realizagdes literarias e artisticas, sofrem a sua influéncia: sio “economi- camente condicionados”. Por outro lado, 0 conjunto de todos 0s fenémenos e con existéncia de uma cultura historicamenze dada influi sobse_a confipu- | racao das necessidades materiais, sobre 0 modo de satistazé-las, sobre & formagio dos gmpos de interesses materiais € sobre a natureza dos seus | meios dé poder, e, por essa via, sobre a natureza do-curso do “desenvol- ‘vimento econdmico”, tornando-se_assim “economicamente-1 Na medida em que a nossa ciéncia, pela regressio causal, atribui causes inviduais— de carter econdmico ou nig. — 2 fendmenos | culturais econémicos, ela busca um conhecimento “histérico”. Na medida em que persegue um elemento especifico dos fendmenos culturais | — neste caso o elemento econémico — através dos mais yariados com- | plexos culturais, no intuito de discernir o seu significado cultural, ela busca uma interpretagio hist6rica sob um ponto de vista especifico. | Oferece assim uma imagem parcial, um trabalho preliminar, para o conhecimento histérieo completo da cultura E, finalmente, enire os fendmenos que ndo sto “econémicos” neste nosso sentido, encontram-se alguns cujos efeitos econémicos pouco on nepkum interesse oferecem para nds, como, por exemplo, a orientacio do gosto artistico de uma dada época. No entanto, tais fendmenos mostram em determinados aspectos. significativos do seu carter uma influéncia, mais ou menos intensa, de motivos econdmicos; no nosso ‘ | caso, talvez, pela composi¢go social do piiblico interessado pela arte, ‘So fenémenos economicamente condicionados. Assim, por exemplo, 0 complexo de relagSes humanas, normas ¢ ccondigées normativamente determinadas que designamos por “Estado” 6 um fendmeno “econémico” no que se refere as finangas piblicas. Na medida em que intervém na vida econdmica por vias legislativas, ou de qualquer outro modo (mesmo nos casos em que 0 seu comportamento € determinado conscientemente por pontos de vista completamente diferentes dos econémicos), é “economicamente relevante”. Finalmente, | medida em que a sua conduta ¢ 0 scu caréter sio determinados por motives econdmicos, também em outras relugSes que ndo as “econd- micas", € “economicamente condicionsdo”. = Compreende-se, diante disso, que, por um lado, 0 Ambito das mani fesiagdes econdmicas é fluido e nao pode ser delimitado com rigor e, por Outro, que os aspectos “econdmicos” de um fenémeno nem sao apenas “economicamente condicionados” nem apenas “economicamente fieazes” ¢ que um fendmeno 6 conserva a sua qualidade de “econd- ina estrita medida em que o nosso interesse_esté exclusivamente Jo No seu significado para a tuta material pela existéncia, Embora nem sempre que ocorra uma intervengéo de elementos L_ econdmicos, sob a forma de causa ou de efeitos, defrontemo-nos com iy 82 ‘um problema econdmico-social — pois este apenas se produz onde 0 significado de tais fatores & problemético © s6 pode comprovar-se me~ dante a aplicagao dos métodos da ciéncia econémico-social — o alcance do dominio de trabalho do modo de consideragao s6cio-econsmico no deixa de ser quase ilimitado. Com deliberada autolimitacdo a nossa reviste sempre renunciou ao cultivo de uma série de dominios especificos muito importantes da nossa disciplina, tais como a Economia Descritiva, a Hist6ria da Economia em sentido esirto ¢ a Estatistica, Do mesmo modo, deixou ‘para outros drgios 0 estudo dos problemas téenico-financeiros e técnico- econdmicos da formagao do mercado e dos preqos, ma moderna economia de troca. A revista tem mantido como campo de trabalho © significado atual e 0 desenvolvimento bistérico de determinadas ‘constelagdes de interesses e de conflitos, nascidos na economia dos modemos pafses civilizados, com base no papel preponderante que 0 capital neles desempenhou, em sua busca de valorizagio. Nisso ela néo se Timitou aos problemas priticos e do desenvolvimento histérico da chamada “questo social” em sentido estrto, tais como as relagées entre ‘a moderna classe dos assalariados e a ordem social existente. claro que o estudo cientifico aprofundado do crescente interesse |que este problema teve no nosso pafs no decorrer da década de 1880 iu forcosamente uma das suas tarefas essenciais. No entanto, & medida que 0 estudo pritico das condig6es operdrias se converteu, também entre nés, em objeto constante da legislagdo e da discussie 5 | pibica, o centro ‘de gavidade do wakalo clentfico foi obrigndo a deslocar-se no sentido do estabelecimento das relagSes mais universais dde que estes problemas fazem parte. Assim, teve que desemiboeac na |\tarefa de analisar todos os problemas culturais modernos criados pela \natureza particular dos fundamentos-econdmicos da nossa cultura € \portanto dela especit Tsay evo eros) coal ar Poai Gear ccondigées de vida em parte “economicamente relevantes” e em parte economicamente condicionadas” das demais grandes classes das mo~ dernas nagées civilizadas, assim como em examinar, sob um ponto de Yista hist6rico, estatistico ¢ tedrico, as relagées entre clas. ‘Assim, apenas deduzimos as conseqiiéncias desta atitude quando ‘afirmamos que o campo de trabalho caracteristico da nossa revista é “AB pesquisa cientifica do significado cultural geral da estrutura sécio- 83 -econdmica da vida social lumana ¢ das suas formas de organizagio hist6ricas, B precisamente isto, ¢ nfo qualquer outra coisa, o que pretendemos dizer a0 intitular a nossa revista Arquivo para a Ciéncia Social. Este termo abrange aqui o estudo histérico e te6rico dos mesmos problemas cuja soluséo prética constitui o objeto da “politica social”, no sentido mais lato da palavra, Fazemos uso nisso d0 direito de utilizar a ex- pressio “social” no significado determinado pelos problemas concretos a atualidade, Quando se dé o nome de “ciéncias da cultura” as disci- plinas que estudam os acontecimentos da vida humana a partir da sua significacao cultural, entio a “ciéncia social”, tal como nés a enten- demos aqui, pertence a esta categoria, Em breve veremos que conse- giigncias de principio dai decorrem. Nao hé dévida que sublinhar o aspecto econdmitco-social da vida cultural constitai uma delimitacdo muito sensivel dos nossos temas. Orjetarse-t que o ponto de vista econdmico ou, como se diz de modo impreciso, “‘materialista” a partir do qual cousideramos a vida cultural revela-se “parcial”. Certamente, e 85a parcialidade € intencional. A | :m_que a tarefa do trabalho cientfico consiste em curar exis parcialidade da perspectiva econdmica mediante a_sua_ampliagio até a(cléncia_geral do social) sofre desde logo do defeito de que o ponto de vista do “social” — 1806 €, o das relagbes entre os homens — somente ‘exatidio” suficiente pata delimitar problemas cientificos quando provido de algum predicado especial que determine o seu conteids, Do contrario, considerado como objeto de uma ciéncia, abrangeria naturalmente tanto a Filologia como a Histéria da Igreja, € fem especial todas as disciplinas que se ocupam do mais importante clemento constitutive de qualquer vida cultural —o Estado — e da mais importante forma de regulamentagio normativa — o Direito, ‘Assim como 0 fato de a economia social se ocupar dos fendmenos da vida ou dos fendmenos mum. corpo celeste nio obrigam a considers-la como parte da Biologia ou de uma futura Astronomia aperieigoada, também a circunstncia de tratar de relagdes “sociais” mo constitui razio para ser considerada como precedente necessério de uma “ciéncia social geal”. © dominio do trabalho cientifico néo tem por base as aa ‘objetivas” entre as “coisas” mas as conexOes conceituais entre 05 pr blemas. $6 quando se estuda um novo problema com o auxilio de um 7 (os Método novo e se descobrem verdades que abrem novas ¢ importantes ~~ perspectivas € que nasce uma nova “ciéncia”. ~~ ‘No é por casualidade que © conceito de “social”, que parece ter sentido muito geral, adquire, logo que o seu emprego é submetido a um controle, um significado muito particular ¢ especitico, embora geral ‘mente indefinido. O que nele ha de “geral” deve-se, com efeito, a sua [ i Jindtemninagio. Porgue se ¢ encarado no seu sgifieado efi, no t oferece qualquer ponio de vista especitico a partir do qual se possa Liluminar a significado de determinados elementos culturais. ‘obsoletd de que a totalidade dos fendmenos ia ser_deduzida como produto ou como fungio de Libertos do precar { cutturais_pod 4 ‘minadas constelagbes de interesses “materiais", cremos no entanio_que & a andlise das jendmenos sociais ¢ dos eventos culturais sob a perspectiva mnamento e alcance econdmico for um principio | se fizer_ um_uso_pmidente e livre de_inibigdes dogméticas, Quanto & ‘chamada “concepea0 materialista da Historia”, € preciso repeli-la com a maior firmeza enquanto “concepeio do mundo” ou quando encarada como denominador comum da explica¢ao causal da realidade hist6 — jf 0 cultivo de uma tierpretacdo econdmica da Historia € um dos fins essenciais da nossa revista. Isso exige uma explicago mais concreta, Atualmente, a chamada “‘concep¢ao materialista da Hist6ria”, se- ‘gundo, por exemplo, o antigo sentido genial-primitivo do Manifesto Comunista, talvez apenas subsista nas mentes de leigos ou diletantes. Entre esses, com efeito, encontra-se ainda muito difundido o singular fendmeno de que a sua necessidade de explicagio causal de um fendmeno histérico n&o fica satisfeita, enquanto nao se demonstre & (mesmo que _s6_na_aparéneia) a intervengio de causas econémicas Feito 1590, eles passam a contentar-se com as hipéteses mais frégeis © J 4s formulagies mais genéricas, pois j& se deu satisfagio A sua necessi- dade dogmética segundo a qual as “forgas” econémicas so as tinicas > causis “auténticas”, “verdadeiras” ¢ “'sempre determinantes em ‘itima {nstincia”. Este fendmeno nada tem de extraordinério, Quase todas as ciéncias, desde aFilologia até a Biologia, mostraram, numa ocasido ou Routes, a pretensio de produzir néo s6 os seus conhecimentos espect ficos, como até “‘concepedes do mundo”. E, sob o impulso produzido enorme signiticagio cultural das modernas transformacées eco- € principalmente pelo transcendente alcance da “questio niio € de estranhar que também viesse desembocar neste jade criadora, e continuaré a sé-lo enquanto dele W > adquiriré uma importin caminho a inextirpivel tendéncia monista de todo 0 conhecimento refratdrio & autocritica Hoje, no momento em que as nacdes se enfrentam, com hostilidade cerescente numa luta politica e econémica pelo dominio do mundo, a citada tendéneia redunda em proveito da Antropologia. E hoje opiniio ‘corrente que, “em titima andlise”, 0 decurso histérico nao seria mais!! F que a resultante da rivalidade de “qualidades raciais” inatas. A mera descrigio acritica das “‘caracteristicas de um povo” foi substitulda pela | montagem, menos critica ainda, de “teorias da sociedade” supostamente | baseadas nas “ciéncias da natureza Na nossa revista, seguiremos de muito perto o desenvolvimento da investigagio antropolégica, sempre que se revele importante para os ‘nossos_pontos de vista. £ de esperar-se que a situagio em que tomar a “raca”) como elo final da cadeia causal meramente documentava 0 OSS nio-saber — como ocorreu, de modo semelhante, em relacao a0 “ambiente” ou, anteriormente, as “circunstAncias da época” —,_ possa vir a ser Ientamente superada através de um trabalho metodolozica- mente fundamentado, Se até este momento howve alguma coisa que tenha prejudicado esta investigagdo, trata-se da idéia de diletantes zelosos, de que poderiam fomecer 20 conhecimento de cultura algo de ‘especificamente diferente e mais importante que 0 simples alargamento da possibilidade de uma atribuigo segura dos acontecimentos culturais ‘concretos ¢ individunis da realidade histérica a certas causss concre‘as, | historicamente dadas, mediante a obten¢o de um material de observagio "|| exato com perspectivas especificas, apenas na medida em que [a " Antropologia] possa proporcionar-nos conhecimentos deste tipo que os seus resultados serdo suscetiveis de interesse ¢ que a “biologia racial” superior de um mero produto da moderna febre de instaurar cién: ‘Algo de semelhante sucede com a importincia da interpretacio econémica do histérico. Se hoje em dia — apés um periodo de desme- dida supervalorizagio — quase existe © perigo de se subestimar a sua ‘capacidade cientifica, isso nfo € mais que a consegiléncia_da_inaudita / auséncia_de espiri o-criton reltivamente } inlarpretecto_ eeonbmica_ da fealidade, concebida como método “universal”, no sentido de uma dedi- ‘G0 de conjunto dos fenémenos culturais — isto é, de tudo 0 que para nds & estencial neles — a partir de condigbes que em sltima instin seriam econémicas. Hoje em dia, a forma logica sob a qual se apresenta esta interpretacéo néo 6 perfeitamente homogénee. Quando a explicacio puramente econémica depara com dificuldades, dispée de varios meios G ®) Ey at eos como dependendo causal dog 86 para manter @ sua validade geral como fator causal decisive. Isto 6, trata tudo aquilo que na realidade histérica nao pode ser deduzido a partir de motivos econémicos como algo que, por isso mesmo, seri “acidental” ¢ cientificamente insignificante. Ou entio, amplia o conceito de economia até o desfigurar, de modo a que nele encontram lugar todos aqueles interesses humanos que, de uma maneira ou de outra, pg & mon cxtenos, Novcino Ge exis penua Mien co gee face a duas situagdes idénticas sob 0 ponto de vista econémico, houve reagdes diferentes — em conseqiiéncia de diferengas nas determinantes politicas, religiosas, climéticas ou quaisquer outras ndo econémicas — todos estes fatores sio entio rebaixados 20 nivel de “condigdes" histori- camente acidentais, sob as quais os motivos econémicos atuam como “causas”, tendo em vista preservar a supremacia do econémico. -contudo, que todos esses aspectos “casuais” para 1 perspectiva econémica seguem as ae as ahs ‘no mesmo sentido HistoHeamente aidentals” quanto na Teprocs Finalmente, uma tentativa muito comum para manter apesar de tudo o significado preponderante da economia consiste em interpretar ies mnie cease tent e Seeaae ans dos outros, tmelhor ainda, 4s Gm dnleo elemento: 0 esonbmico. este modo, quando uma determinada instituiga0 ndo econdmica realizou também, historica- mente, uma determinads “funcéo” ao servigo de quaisquer interesses econdmicos de classe — isto & quando se converteu em instrumento desta, como no caso de determinadas instituigdes religiosas, que se deixam utilizar como “policia negra” —, essa instituigdo € apresentada como expressamente criada para tal fungio, ou, em sentido completa- mente metafisico, como tendo sido moldada por uma “tendéncia de desenvolvimento” de carter econdmico, Atualmente, um perito na matéria dispensaré ser informado de que ‘esta interpretagio dos fins da anélise econdmica da civilizagao era esultante, em parte, de uma determinada conjuntura histérica que Orieniou o interesse cientifico para certos problemas culturais economi- mnte condicionados, e, em parte também, de um raivoso apego & cialidade cientifica de que essa interpretacdo esté hoje pelo menos ida. Em nenhum dominio dos fendmenos culturais pode a Uunicamente a causas econémicas ser exaustiva, mesmo no caso dos fendmenos “‘econémicos”. ea |] Em principio, @ historia bancéria de nfo importa que povo que apenas se valesse de motivos econémicos na sua explicagio & natural- ‘mente to impossivel como, por exemplo, a “explicagéo” da Madona dda Capela Sistina a partir das bases s6cio-econdmicas da vida cultural da époce du eragao, e de modo algum 6 mais exaustiva que, por | exemplo, a explicagéo que fizesse derivar o capitalismo de certas trans- formagées dos contesidos da consciéneia religiosa que contribuiram para a ginese do espitito capitalist, ou ainda a que interpretasse qualquer configuragio politica a partir de determinados condicionamentos googré- ficos, Em rodos estes casos, € decisivo para a determinacio da impor- tincia a ser concedida aos condicionamentos econdmicos a classe # |g causas que devemos atribuir aqueles clementos especificos do fendmeno fem questo que consideramos significativos em cada caso particular. | © direito & anélise unilateral da realidade cultural a partir de “perspectivas” especificas — no nosso caso a do seu condicionamento econdmico — resulta desde logo, ¢ em-termos puramente metodol6sicos, da circunstancia de qué.o treino da atengag para observar o efeito de determinadas categorias causais qualitaivamente semelhantes, assim como a constante utilizagao do mesmo aparelho metodolégico-conceitual, oferece todas ax vaniagens da divisio do Pla ner é-arbitricia enquanto 0 seu éxito falar por ela, isto 6, enquanto oferecer um conhe- cimento de relagées que demonstrem ser valiosay para a atribuigio de ccausas a determinados acontecimentos histéricos coneretos. Mas a “par- cialidade” e irrealidade da interpretagio puramente econémica apenss constituem um caso especial de um principio de validade muito genera Jizada para 0 conhecimento cientfioo da realidade cultural. Todas as subseqiientes discuss6es ter%o como fim essencial esclarecer as bases J losicas e as conseaiiéncias gerais de método do que fica exposto. ‘Nao existe qualquer andlise cientitica puramente “objetiva” da vida », cultural, ou —"o que pode signiticar algo mais limitado, mas segura- ‘mente nao essencialmente diverso, para_nossos_propésitos — dos “fenémenos sociais”, que seja_independente de doterminadas perspecti- vvas especiais e parciais, gracas as quais estas manifestagies possam ser, cexplicita ou implicitamente, consciente_ou inconscientemente, seleciona- das, analisadas e organizadas na exposigao, enquanto objeto de pesquisa. Deve-se isso ao cardter particular do alvo do conhecimento de qualquer trabalho das ciéncias sociais que se proponha ir além de um estudo ‘meramente formal das normas — legais ou convencionais — da con- vivéncia social. @ ses sone nds pretendemos praticar é uma ciéncia da rel lidade. Procuramog compreendef-2 realidade da vida que nos rodeia na qual nos encontramos situados naquilo que tem de especifico; por tum lado, as conexdes © a significardo cultural das suas diversas mani festagSes na sua configuracéo atual e, por outro, as cavsas pelas quais, se desenvolven historicamente assim ¢ nao de outro modo. | Ocorre que, to logo tentamos tomar consciéncis do modo como se nos apresenta imediatamente a vida, verificamos_que se nos mani- \X\) esta, “dentro” e “fora” de-nés, sob uma quase infinita diversidade de eventos que apatecem ¢ desaparecem sucessiva e simullaneamente, E_ 3 a absolvia infinidade dessa divessidade subsiste, sem_qualquer atenuante do seu cardter_intensivo, mesmo quando prestamos_a nossa atengio, isoladamente, a um nico “objeto” — por exemplo, uma transacéo “5 conereta — ¢ 180 fo logo tentamos sequer descrever de forma exaus- oP tiva essa “singularidade” em todos os seus componentes individuais, jis muito mais sinda quando tentamos capté-la nagilo que tem de causal Mio mente determinado. Assim, todo o conhecimento reflexivo da reaidade © intinita realizado pelo espirito humano finito baseia-se_na_premissa técita de que apenas um fragmento limitado_desia_realidade _poder4 to da_compreensio cientifica, e de que “e ligno de ser_conhecido”, Po _B segundo que prinspis s sla ese fragmento? Constantemente "se acreditoa poder sivo, também_nas 02% da cultura, na_repeticio regular, “conforme_leis”, de_determinadas pfs comexdes causais. Segundo esta concepgis, © conteddo das “ei ¥)” somos capazes de reconhecer na inesgotével diversidade do curso dos fendmenos deverd ser o tinico fator considerado cientificamente “es- ( Ta ‘amos _demonsirado_a “regularidade” de uma sal, seja_mediante uma ampla inducio hist6riea_ou pelo esiabelecimento para_a experifncia Ttima da sua evidéncia imediata-,/ mente intuitiva, admite-se que todos_os casos semelhantes — por muito niimerosos que sejam — ficam subordinados & fSrmula assim encon- trada, Tudo aquilo que, na realidade individual, continue a resistit & Gelegdo feita a partir desta “regularidade”, ou € considerado como um emanescente ainda no elaborado cientificamente mas que, mediante amentos continuos, deveré ser integrado no sistema das “leis”, E deixado dc ledo. Ou seja, € considerado “casual” ¢ cientificamente \dirio, precisamente porque se revela “ininteligivel face as leis” € {integra no processo “tipico”, de modo que se tornard objeto de josidade ociosa”. 89 [Em vista disso, ¢ mesmo entre os representantes da escola histériea, reaparece constantemente a concepgio de que o ideal para o qual tende ‘ou pode tender todo o conhecimento, mesmo o das ciéncias da cultura — firida que seja num futaro longinquo —, consistiré num sistema de proposigdes das quais seria possivel “éeduzir” a realidade. Sabe-se que tum_do_portasvorss_das_ciénias_ds_natoesa_julgou_metmo_poder ccaracterizar a meta ideal (praticament® inalcancavel) dessa_eldborasio 4a realidade cultural como conhecimento “astrondmico” dos fenémeno da vida, Por muito debatida que seJa esta questo, nfo poupamos esforgos para um exame mais detido do tema. Em primeiro lugar, salta a vista que esse conhecimento “astrond- mico” em que se pensa no caso citado, nfo € de modo algum um conhecimento de leis, mas pelo contrério extrai de outras disciplinas, ‘como a mecénica, as “leis” com as quais trabalha, & maneira de premissas. Quanto & propria Astronomia, interessa-Ihe saber qual 0 feito individual produzido pela acdo dessas leis sobre uma constelagdo individual, dado que essas constelagoes tim importdncia para nés. Como € natural, toda a constelacdo individual que a Astronomia nos “explica” ‘ou prediz s6 poderd ser causalmente explicdvel coma uma conseqi de outra constelagio, igualmente individual, que a precede. E, por ‘muito que recuemos na obscuridade do mais longinquo pasado, a realidade para a qual tais leis sio validas permanece também individual ¢ igualmente refratéria a wma deducao a partir de leis. Compreende-se que um “estado original” c6smico que nfo pos suisse um caréter individual, ou que o tivesse em menor grau que & realidade césmica atual, seria evidentemente um pensamento sem qualquer sentido. No entanto, nio sobrevive na nossa especialidade lum resto de representagSes semelhantes, quando se supdem “estados primitives’ s6cio-econémicos sem qualquer “casualidade” histérica, quer inferidos do Direito natural, quer verificados mediante @ observacdo dos “povos primitives"? E 0 caso, por exemplo, do “comunismo agré- rio primitivo”, da “‘promiscuidade sexual”, etc., dot quais nasceria, mediante uma espécie de “queda pecaminosa” no concreto, 0 desen- volvimento hist6rico individual, Nao hé qualquer dtivida de que 0 ponto de partida do interesse elas ciéncias sociais reside na configuracao real ¢ portanto individual |da vida sécio-cultural que nos rodeia, quando queremos apreendé-la no seu contexto universal, nem por isso menos individual, ¢ no seu desen- YVolvimento a partir de outros estados sécio-culturais, naturalmente lr cy individuais também. Torna-se evidente que também nds nos encontra- ‘mos perante a situacéo extrema que acabamos de expor no caso da Astronomia (¢ que os l6gicos também utilizam regularmente), ¢ até de ‘um modo especificamente acentuado, Enguanto que no campo da Astro- nomia os corpos celestes apenas despertam o nosso interesse pelas suas relagdes quantitativas, suscetivels de medigdes exatas, no campo das eigncias socizis, pelo contrério, o que nos interessa é 0 aspecto quali arivo dos fatos. Devemos ainda acrescentar que, nas ciéncias sociais, Se trata da intervencéo de fendmenos espirituais, cuja_“ 0" ivéncia constitui uma tarefa especificamente diferente da que poderiam, ou quereriam, resolver as f6rmulas do conhecimento exato da natureza, Apesar de tudo, tais diferengas nao sio categ6ricas como i primeira vista poderiam parecer. Salvo o caso da -mecinica pura, nenhuma ciéncia da natureza pode prescindit da nogio de qualidade. Além disso, deparamos no 10330 ee er cior rae pranc = rertane eid. oeotel tomemae la damental para a nossa civilizagéo, do-coméreio financeiro, € suscetivel aeaatincagas a Seres(o coronal csv ise Pe a dependeria da definicéo mais ou menos lata do conccito de “Tei” nele se pudessem incluir as regularidades nao suso ie ual exy sie numérica, devido ao fato de nao seem quatiificdveis. No que respelta especialmente & interven r Free nt shen arrester (oN ecasiccamainvaatrepertoce | ddesempenhar, para as diversas “ciéncias do espiito”, um papel compa- rével ao das mateméticas para as ciéncias da natureza. Para tal, ela everia decompor os complicados fenémenos da vida social nas suas condigdes € efeitos psiquicos, reduzi-los a fatores psiquicos os mais simples possiveis, e enfim classficar estes siltimos por géneros e analisar suas relagdes funcionai “ia conseguido_eriar, se Juma “‘mecénica”, pelo_menos uma “quimica” da vida social nas suas as. Nio nos cabe decidir aqui se ti ies poderdo sia vez contribuir com resultados particulares que sejam valiosos fe 0 que € diferente — tteis para as ciéncias da cultura. No entanto, nfo afeta de modo algum a possblidade de se atingir a meta do yento s6cio-econdmico, tal como o entendemos aqui — ou seja, cimento da realidade concreta segundo o seu significado cultura telagBes de causa — mediante a busca da repeticao regular. _ | 5 uma atuagéo racional, Mas, sebretudo, sucede que ainda hoje nfo wr desapareceu completamente a opinifio de que € tarefa da Psicologia? 7. P Supondo que alguma vez, quer mediante a Psicologia, quer de qualquer outro modo, se conseguisse decompor em fatores ‘iltimos © simples todas as conexées causais imaginaveis da cocxisténcia hurae tanto as que jé foram observadas como as que um dia seré possivel | festabelecer, © se conseguisse abrangé-las de modo exaustivo numa imensa casuistica de conceitos ¢ regras com a validade rigorosa de leis, que significaria esse resultado para o conhecimento, quer do mundo cultural historicamente dado, quer de algum fenémeno particulss, como 0 do capitalismo na sua evolugio e no seu ado cultural? Como ‘meio de conhecimento, no significa nem mais nem menos que aquilo que um dicionério das combinacSes da Quimica Organica significa para © conhecimento biogenético dos reinos animal e vegetal. > Tanto num caso como noutro, ter-se-4 realizado um importante & ‘itil trabalho preliminar, Todavia, ¢ tanto num caso como noutro, ] weraree it impcenvel ehegnr alguna van a dedugt a redade da vids | (© a partir destas “Tels” “fatores”.Néo porque subsistissem ainda, Ptenomenos vitals, determinadas “forgas” superiores © misteriosas | (‘dominantes”, “enteléquias* ox outras) — 0 que jé constitui outro problema — mas simplesmente porque, para_o conhecimento da reali- dade apenas nos interessa_a constelacio em que esses “fatores™ (hipoté- ticos) se agrupam, formandoum fendmeno_cultural_historicamente \ significativo para_nés, e também porque, se_pretendemos “explicar ‘ausalmente” esses-agrupamentos individuais, teriamos que nos reportér constantemente a outfos_agrupamentos igualmente individuals, a partir {dos quais os “explicariamos”, embora utilizando naturalmente of citados (hipetéticos) conceltos denominados “leis” SSS ‘y Assim, o estabelecimento de tais “leis” ¢ “fatores” (hipotéticos) ‘apenas constituiria, para nés, a primeira de varias operagdes as quais 2 conhecimento a que aspiramos nos conduziria. A segunda operagio, completamente nova e independente apesar de se basear nessa tarefa [rpreliminar, seria a anélise ea exposi¢io_ordeneda do_agrupamento [Individual deses “fatores” inoricamente dados e da sua combinao 2) | conereta €-significativa, dele resultante; mas, acima de tudo, consistiria em rornar inteligivel a causa ¢ a natureza dessa significagéo. A terceira loperacao seria remontar o mais possivel no passado, e observar como \/, se _desenvolveram a5 diferentes caracteristicis individuais dos agrupa- / mentos-de-import&ncia-parao presente, e proporcionar uma explicagéo F He J histérica a partir destas constelagSes anteriores, igualmente individuai Por iiltimo, uma possivel quarta operaglo consistria na avaliagéo das constelagées posstveis no futuro. 92) 93, Para todas estas finalidades seria muito dtl, quase indispenséve, casual nos ocultar a sua diserepincia de principio, isso poderé acaretar « enistencia de conceitos clos ¢ 0 conhecimento destas (hipotéticas) as mais fanestas conseqiéncias. “leis como meios heuristcos mas unicamente como tal. Mas mes com esta funcao, existe um ponto decisivo que demonstra o limite do seu alcance, com o que somos conduzidos A peculiaridade decisiva do método nas ciéncias Ga cultara; ou seje, nas ciscipinas que aspiram a Conhecer os fendmenos da vida segundo a sia signifcacto culural, 4 A signiicagao da configacacéo de um fenémeno ealtral © causa. dessa io podem contide deduzir-se de qualquer sistema de A significagao cultural de um fendmeno — por exemplo 0 do comércio monetétio — pode consistir no fato de se manifestar como fendmeno de massa, um dos elementos fundamentals da civilizagao contempordnes. Mus, ato continuo, 0 fato histérico de desempenhar | esse papel é que constitui o que deverd ser compreendido sob 0 ponto | de vista da sua significacdo cultural, e explicado causalmente sob a } perspectiva da sua origem histérica Fre aiae net cents Pre Sate svete pies Fess naan cece eaelcaeea cata ane ae importante e indspemivel, Mas nfo fica assim resolvida a_questio © conceito de cultura € um conceito de valor. A realidade empirica Jde como a troca chegou historicamente a alcangar a fundamental signi- € “cultura” para nés porque © na medida em que a relacionamos 9/, ficagio que hoje possui; nem a que, em diltima andlise, nos interessa: ides de valor Ele aba aque -somete egal component] 19) [tt «sla ctf de omnia meen Fo € por sa ae da realidade que através desta relacio tornam-se significativos pat nos interessamos pela deserigio da técnica de citculagéo, © por ela Uma parcela infima da realidede individual que também que existe hoje uma ciéncia que trata dessa técnica. De qual- atizada pela aco. da_nosso interesse_condicionada por essas quer modo, nfo se deduz de nenhuma dessas “leis”, As caracteristicas idéias de valor, somente ela tem significado para nos precisamente jee da troca, da compra etc. interessam ao jurista. Mas o que 6 poraue revela relagdes tornadas importantes gracas & sua vinculagio a a n6s interessa 6 a tarefa de analisar a significacdo cultural do fato jdéias de valor. & somente por iss0, e na medida em que isso ocorre, | histérico de a troca constituir, hoje, um fendmeno de massa. Quando que nos interessa conhecer a sua caracteristica individual. Entretanto, esse fato deve ser explicado, quando pretendemos compreender a diferenca entre a nossa civilizag&o s6cio-econémica e a da Antiguidade — onde a troca apresentava exatamente as mesmas qualidades genéricas {que hoje —, quando queremos saber em que consiste a significagto da “economia monetéria”, surgem entao na anélise principios Wgicos de corigem claramente heterogénea. Por certo que, enquanto contenham 0 que para nds se reveste de significagio nfo poderd ser deduzido de fsa tio de geemacace” 6 Sopicemene Sar pals Sons }) jtitio, € a comprovagio desta signficagio que constitui a premissé Naturalmente,o significativo, como tal, no coincide com qualquer, elementos signficativos da nossa cultura, utilizaremos os conceitos que Jei como tal, e isto tanto menos quanto mais geral for a validade dessa’ ' anise dos elementos genéricos dos fendmenos econémicos de massa Porque a significacdo que para nés tem um fragmento da realidade nos oferece como meios de exposicao. Mas, por muito exata que seja tra evidentemente nas relagdes que compartilha com o |]| a distingdo desses conceitos ¢ leis, nao s6 nio teremos aleancado 0 H maior mimero possivel de outros elementos. A relagio da realidade calvo da nossa tarefa, como a_questio sobre qual deve_ser_o objeto da com idéias de valor que Ihe conferem uma significagéo, assim como o formagéio de conceitos genéricos_nio_ficard “livre de pressupostos”, Sublinhar e ordenar os clementos do real matizados por esa relaglo 1», | dado que Tor-decidida em Tunglo da signficagio que possuem, pare BIG pocto de vista de cun significardo cultural, constivem perspectives {) | cuttra,determinadas elementos dessa rlipiidade infinita que eh ‘completamente diferentes ¢ distintas da anélise da realidade levada a mamos “comércio”. ei ie jara conhecer-as suas leis e a ordenar segundo conceitos gerais, ‘Aspiramos ao conhecimento de um fendmeno histérico, isto & fis as modalidades de pensamento ordenador do real no mantém significativo na sua especificidade. E 0 que aqui existe de decisivo & 0 Hi qualquer relaco l6gica necesséria. Podera suceder que, num \fato de_s6_adquirir sentido Wégico a idéia de um conhecimento_dos o, venham alguma vez a coincidir; mas, se essa coincidéncia | enimesis intvduats wean » pres EF Gor apenas una pre 94 3 finita da intinita diversidade de fendmenos é significativa. Mesmo com (0 mais amplo conhecimento de fodas as “Ieis” do devir ficarfamos per- plexos ante 0 problema de como possivel em geral a explicagdo causal de um fato individual, posto que_nem_sequet_se_pode pensar a mera descricGo_exaustiva do_miais_infimo_fragmento_éa_realidade. Pois 0 nngimero e a natureza das causas que determinaram qualquer aconteci- ‘mento individual sio sempre infinitos, e nfo existe nas préprias coisas critério algum que permita escolher dentre’ elas uma fragéo que possa eaitar foledamente-em Wiha Ge conta. A tentative de um conheci- mento da realidade “livre de pressupostos” apenas conseguiria produzie tum caos de “jufzos existenciais” acerca de imimeras percepgdes parti- culares, E mesmo este resultado s6 na aparéncia seria posstvel, jé que a realidade de cada uma das percepcées, expostas a uma andlise detalhada, oferece um sem-nimero de elementos particulares, que nunca poderio ser expressos de modo exaustive nos juizos de percepcéo. Este caos #6 pode ser ordenado pela circunstinc ‘qualquer cas0, unicamente um segmento da realidade indi 4g| ieee soificado ara nfs, posto que see se encontra em relagio | com as idéias de valor culturais com que abordamos a reali tanto, 36 alguns aspectos dos fenémenos particulares 50s, ¢ Drecisamente aqueles a que conferimos uma significacdo geral para a cultura, merecem_ser_conhecidos, pois apena a explieagio causal. Também esta expl ‘© mesmo cardter, pois uma regressio causal exaustiva a partir de qual- quer fenémeno conereto para captar a sua plena realidade nao s6 resulta taticamente impossivel, como € pura e simplesmente um absurdo. ‘Apenas pomos em relevo as causas_a.quese-podem-airibuir, num caso eto, os elementos “essenciais” de um acontecimento. Quando se trata da individualidade de-um fendmieno,-o problema da causalidade rio incide sobre as leis, mas sabre conexdes causais concretas; nao se trata de saber a que formula se deve subordinar 0 fendmeno a titulo de exemplar, mas sim a que constelagio deve ser imputado como resultado, Trate-se, portanto, de um problema de imputacdo. Onde~) quer que se traté de explicagéo causal de um “Tendmeno cultural” — ou de uma “individualidade hist6rica", expresso ja utilizada relativa- ‘Mente & metodologia da nossa disciplina, e agora habitual na Igica, Juma formulagao mais precisa —, 0 conhecimento das leis da) lade nfo poderé constituir 0 jim mas antes o meio do estudo. fA possibilita a imputagio causal dos elementos dos fen dos importantes para a cultura pela sua individualidad x © as suas causas coneretas. E apenas na medida em que presta esse servigo que poderé ter valor para o conhecimento das conexdes individuais. E quanto mais “gerais”, isto 6, abstratas, sio as leis, menos contribuem para as necessidades da imputagéo causal dos fenOmenos individuais e, indiretamente, para a compreensio da sigificacio dos acontecimentos cculturais. Que se conclui de tudo 7 De modo algum que, no campo das ciéncias da cultura, o conhe- ~ [ cimento do geral, a formagéo de conceitos genéricos abstratos, 0 co- C\E ) nhecimento de regularidades © a tentativa de formulacdo de relagies “regulares” no tenham uma justificagio cientiica. Muito pelo con- | trério. Se o conhecimento causal do historiador consiste numa imputacao de certos resultados concretos a determinadas causas concretas, entio \é impossivel uma imputagio vélida de qualquer resultado. individual [sem uilizagfo de um conhecimesto_“nomolégico” — isto é, do Jeonbetimento ‘dns regularidades_dos conexies caus, Para saber se a um elemento individual e singular de uma conexa0 cabe atribuir, na realidade, uma importincia causal para o resultado que se trata de explicar causalmente, apenas existe a possbilidade de proceder & avalia- lo das influéncias que nos habituamos a esperar geralmente tanto deste como de outros elementos do mesmo complexo que sejam pertinentes a explicaglo. Essas influéncias constituem, por conseguinte, os efeitos adequados” dos elementos causais em questi. Saber até que ponto 0 historiador (no sentido mais lato da palavra) 7 € capaz de realizar com seguranga esta imputacio, com o auxilio da sua imaginagio metodicamente educada e alimentada pela_sua_expe- rigneia_pessoal_davida, e até que ponto estard dependente do auxilio de determinadas cigncias especializadas postas ao seu alcance, € algo | que depende de cada caso particular. Mas em qualquer ¢as0, ¢ portanto tambén-no campo dos fendmenos econdmicos.complexos, a seguraica i dia Imputaeio € tanto maior quanto mais seguro ¢ amplo for o nosso = conhecimento-gerat.O-valor desta J petO fato de que munca, mesmo nas chamadas “lis econd- | micas”, se trata de conexdes “regulares” no sentido estrito das cigncias da natureza, mas sim de conexSes causals_adequadas, expressas_em regras, © portanto de uma aplicagio da_categoria_da_“possbilidade obietiva”, que no analisaremos aqui com mais_pormenores. Ocorre que 0 extabelecimento de tais regularidades nao ¢ a finalidade, mas sim tum meio do conkecimento. E quanto a saber se tem sentido formular fr 96) como “lei” uma regularidade de conexées causais, observada na ex] rigneia quotidiana, no é mais que uma questéo éncia cada caso concreto, Para as ciéncias exatss da natureza as leis si tanto mais importantes e valiosas quanto mais geral 6 a sua validade, Para_o conhecimento das condigdes coneretas dos fendmenos histéricos as leis mais gerais si0 freqiientemente as men0s valiosas, por seremh ag mais_vazias de comtetdla, Isto porqué quanto mais vasto € 0 cimpo abrangido pela validade de vim conceito genérico — isto 6, quanto maior fa sua extensdo —Ctanio mais nos afasta da riqueza da realidade> posta ‘que, para poder sbranger 0 que existe de comum vo maior nimero possivel de fendmenos, forgosumente deverd ser o mais abstrato ¢ pobre de contesdo. No campo das ciéncias da cultura, © conhecimento do geral nunca tem valor por si propris = De tudo o que até aqui se disse resulta que carece de razio de ser um estudo “objetivo” dos acontecimentos culturais, no sentido em que ‘0 fim ideal do trabalho cientifico deveria consistir numa redugéo da realidade empirica a certas leis. Carece de razao de ser, nao porque — como freqiientemente se sustentou — os acontecimentos culturais ou, se se quiser, os fenémenos espirituais evoluam “objetivamente” de modo menos sujeito a leis, mas: 4) porque 0 conhecimento de leis sociais néo € um conhecimento | do sociaimente real, mas unicamente um dos diversos meios auxiliares ‘que 0 nosso pensamento utiliza para esse efeito, = ) porque nenhum conhecimento dos acontecimentos culturais | poder ser concebide senfo com base na significagdo que a realidade da vida, sempre contfigurada de modo individual, possui- para nds-em determinadas relagées_ singulares. ee Nao existe qualquer lei que nos mostre em que sentido e em que | condigies isso sucede, pois 0 decisivo so as idéias de valor, prisma sob segmento Finito do décurso infinito ¢ destituido de sentido proprio do mundo, a que © pensamento conferiu — do ponto de vista do homem — um sentido © uma significacdo. E continua a ser assim mesmo para quem se opie a uma cultura concreta como inimigo implacavel © pre- coniza o “regtesso & natureza”. Pois apenas pode adotar essa. po | iano compara extn cultura concrea seas propria ies J valor I afigurando-se-Ihe aquela como “demasiado superficial”. Referimo-nos [precisamente a esta circunstincia puramente Idgica e formal, quando afirmamos que todo o individuo hist6rico esta arraigado, de modo Togicamente necessério, em “idéias de valor”. ‘© qual consideramos_a “cultura” em_cada_easo. A “cultura” € um | ¥ ¢ a7 A premissa transcendental de qualquer ciéncia da cultura resi nao no fato de considerarmos valiosa uma“‘cultura” determinada_ou qualquer, sas sim na circunstincia de sermos homens de cultura, dota- dos da capacidade € da vontade de assumirmos uma posicdo consciente | face ao mundo, e de Ihe conferinmos um sentido. Qualquer a te sentido, influiré para que, no decurso da nossa vida, extraiamos dele nossas avaliagdes de determinados fendmenos da convivéncis humana ¢ assumamos perante eles, considerados significativos, uma posicdo (posi- tiva ou negativa). Qualguer que seja 0 contetido dessa tomada de posigio, estes fendmenos possuem para nés uma significagdo cultural, que constitui a base tinica do seu interesse cienttfico, Por conseguinte, quando utilizamos aqui a terminologia dos légicos ‘moderns [Rickert] ¢ dizemos que o conhecimento cultural é condi nado por determinadas idéias de valor, esperamos que isso 10-seja suscetivel de ma\-entendidos 10 grosieiros como opinio de que apenas se deve atribuir significagao cultural aos fendmenos valiosos. Pois tanto a prostituigo como a religiio ou o dinheiro sio fendmenos ‘culturais, E todos trés 0 slo, nica e exchusivamente, enquanto a sua cexisténcia e a forma que historicamente adotam correspondem direta ou indiretamente aos nossos interesses culturais, enquanto animam 0 nosso desejo de conhecimento a partir de pontos de vista derivados das idéias | de valor, as quais tornam significativo para n6s 0 fragmento de realidade || expresso naqueles conceitos. \ isso resulta que todo 0 conhecimento da realidade cultural & sempre tum conhecimento subordinado a pontos de vista especificamente articulares, Quando exigimos do historiador ou do soci6logo a premissa elementar de saber distinguir entre o essencial e 0 secundério, de possuir para esse fim os “pontos de vista” necessitios, queremos unicamente dizer que ele deverd saber referir — consciente ou inconscientemente — ‘05 elementos da realidade a “valores culturais” universais e destacar ‘aquelas conexées que para nés se revistam de significado. E se € fre- ‘lente a opinido de que tais pontos de vista poderdo ser “deduzidos da propria matéria”, isto apenas se deve A ingénua ilusio do especialista ‘que no se da vonta de que — desde 0 inicio © em virtude das idéias Jde valor com que inconscientemente abordou o tema — destacou da imensidade absoluta um fragmento ‘nfimo, ¢ particularmente aquele ‘cujo exame Ihe importa [A propésito desta selecdo de “aspectos” specials e individuais do devir, que sempre e em todos os casos se realiza consciente oo (3) (28) inconscientemente, reina também essa concepeio do trabalho cientifico- cultural que constitui a base da to repetida afiemagio de que o elemento “pessoal” & 0 que verdadeiramente confere valor a uma obra cientifica, Ou seja, de que qualquer obra deveria exprimir uma “perso- nafidade” paralelamente a outras qualidades. - Por certo que sem as idéias de valor do investigador nao existiria qualquer principio de selecio nem conhecimento sensato do real singular \ e, assim como sem a crenca do pesquisador na significacdo de um con- | teado cultural qualquer resultaria completamente desprovido de sentido | todo © estudo do conhecimento da realidade individual, também a orientagio da sua conviecdo pessoal a difragio dos valores no espelho da sua alma conferem ao seu trabalho uma ditecéo. E 0s valores a que 0 génio cientifico refere os objetos da sua investigagio podero determinar a “concepgio” que se faré de toda uma época. Isto é, n3o s6 poderao ser decisivos para aquilo que, nos fendmenos, se considera “yaliosos”, mas ainda para o que passa por ser significativo ow insigni- ficaate, “importante” ou “secundério”. \), © conhesimento ciemtifico-cultural tal como_o entendemos encon- Se es ee 7 Gcupar daqueles elementos da realidade que apresentem alguma relagio, por muito indireta que seja, com 0s acontecimentos aque conferimos ‘uma significacao cultural. Apesat disso, continua naturalmente—W ser lum canhecimento puramente causal, exslamente como conhecimento de eventos naturais individuais importantes, que tém carter qualitativo. Paralelamente 3s numerosas confus6es originadas pelo imiscuir do pensamento juridico formalista na esfera das ciéncias cultassis, surgiv recentemente [em obra do jurista R. Stamler], entre outras, a tentativa de “refutar” a “concepgio materalista da HistSria” através de uma si de engenhosos sofismas. Para tanto argumenta-se que, dado que toda a vida econémica deveria evoluir dentro de determinadas formas reguladas de modo legal ou convencional, qualquer “evolugdo” econdmica deveria adotar 0 aspecto de aspiragbes para 2 criagdo de novas formas furidicas Isto 6, que apenas poderia ser compreensivel a parti de certas méximias Imorais, e seria por isso diferente, em esséncia, de qualquer “evolucio natural”, © conlecimento da evolucio econdmica teria assim um caster Steleot6zico Sem querermos discotir aqui o significado ambiguo que 0 conceito Y" comporta nas ciéncias sociais, nem 0 conceito igualmente (9% amibiguo, do ponto de vista légico, de “teleolégico”, cabe deixar assente que @ economia ndo é necessariamente “teleolégica” tal como pressupSe essa concepgio. Mesmo no caso de uma total jdentidade de forma das normas jurfdicas vigentes, pode mudar de modo radical a significagio cultural das relagdes juridicas de caréter normativo e, conseqiientemente, as proprias normas. Pois se nos permitirmos um mergulho em divagagbes sobre o futuro, poder-se-ia imaginar, por exemplo, como teoricamente realizada uma “socializago dos meios de ptoducao”, sem que se houvesse produzido qualquer “aspirago” conscientemente dirigida para esse resultado, e sem que houvesse necessidade de acrescentar ou supri- mir qualquer artigo da nossa atual legislacdo. Em compensagao, freqiiéncia estatistica das diversas relagdes legalmente normalizadas seria sem dGvida modificada de modo radical e em numerosos casos ficaria reduzida a zero, e uma grande parte das normas juridicas.perderia praticamente qualquer significagS0, € toda a sua significagao para a Cultura se tornaria ixxeconhecivel. Por conseguinte, a concep¢ao “mi terialista” da Hist6ria poderia assim eliminar com razio as discusses de lege ferenda {referentes 4 legislagao futura}, dado que 0 seu. ponto de vista bisico afirmava precisamente a mudanca inevitavel de signifi- cardo das instituigées juridicas. Todo aguele que cré que o modesto trabalho da compreenséo causal da realidade histérica constitui uma tarefa inferior poderd desinteressar-se dele, mas & realmente impossivel substitui-o por qualquer “teleologia”. Na nossa concepgdo, “tim” € a representagio de um resultado que se_cofiverte em_caysa de uma acdo. E fomamo-la em consideracao tal como a qualquer causa que contribua fou possa contribuir para um resultado significative. A sua signficagio specifica baseia-se unicamente em que podemos ¢ queremos nio s6 constatar a atividade humana, como também compreendé-la, B indubitdvel que as idéias de valor sio “subjetivas”. Entre o interesse pela evolugao dos maiores fendmenos imaginéveis, que durante largas épocas foram e continuam a ser comuns a uma nagio ou a toda a humanidade, existe uma escala infinite de “significagdes", cujos graus se apresentardo, para cada um de nés, numa ordem diferente, E natu- ralmente esta ordem também varia historicamente de acordo com 0 cardter da cultura e do pensamento que domina os homens. B evidente, no entanto, que nao devemos deduzir de tudo isto que 1 investigagdo cientiico-cultural apenas conseguiria. obter resultados subjetivos", no sentido em que so vélidos para uns, mas ndo para outros. O que varia € 0 grau de interesse que se manifesta por um ou 100 por outro. Por outras palayras: apenas as idéias de valor que domina || iovestigador © uma época podem determinar 0 objeto do estido © 0} || limites desse estudo. No que se refere ao método da investigacio — 0, “como” — € 0 ponto de vista dominante que determina a formagao dos - conccitos auxiliares de que se utiliza; e quanto 20 modo de utlizé-os, J yo investizador encontra:se-evidentemente ligado_s_normas de nosso = ew LO Ser valido para todos os que querem averdade, Ora, daqui se deduz a total insensatez da crenca, que por vezes encontramos mesmo entre historiadores da nossa especialidade, segundo fa qual o alvo das ciéncias da cultura poderia ser a claboragio de um sistema fechado de conceitos, que de um modo ou de outro sintetizaria a realidade mediante uma articulagio definitiva, a partir da qual se poderia de novo deduzi-la © fluxo do devir incomensurdvel flui incessantemente a0 encontro, da etemidade, Os problemas culturais qué Tazem mover a humanidade rénascem a cada instante e sob um aspecto diferente ¢ permanece varigvel GP), tmbio daqulo que, no fuxe etetmamente infinito do individual F/ adquite para nés importincia e significaglo, e se converte em “indivi dualidade_hist6rica” relagies_intelect quais so estudados $ ile compreendidos, Por conseguinte, 0s ponios de partida das cifnclas da cultura continuario a ser variéveis | | no imenso futuro, enquanto uma espécie de imobilidade chinesa da | eesti sto decor a Ronasdade de ce pegs 4 | | sempre inesotivel vith. ‘Um sistema das ciéntias culturais, embora 56 0 fosse no sentido de uma fixagio definitiva, objetivamente vélida ¢ sistematizadora das ‘questdes e dos campos 60s quais se espera que tratem seria um absurdo em si. Uma tentativa deste tipo poderd apenas rematar por uma justa- posicao de diferentes pontos de vista, especificamente particulares, € ‘uitas vezes heterogéneos e dispares entre si, sob 05 quais a realidade tem sido e permaneceré para nés “cultura”, isto 6 significativa na sua particularidade, ‘Apbs essas prolongadas discussdes podemos finalmente dedicar-nos A questo que 10s interessa metodologicamente a propésito do estudo _ da “objetividade” do conhecimento nas ciéncias da cultura. Qual 6 a | funglo légica ¢ a estrutura dos conceitos com os quais trabalha a nossa | cigncia, & semelhanga de qualquer outra? Ou, para o dizer de outro_| ‘modo ¢ em fungio do problema decisivo: Qual a significagio da teoria 101 ¢ da formagio teérica dos conceitos para o conhecimento da realidade cultural? ‘Como j& vimos, a economia politica tinha sido originalmente uma “técnica”, pelo menos no que se refere a0 miicleo dos seus estudos. Isto 6, considerava os fendmenos da realidade sob uma perspectiva prética de valor, estével ¢ univoca pelo menos na aparéncia: a da perspectiva do crescimento da “riqueza” da populacéo num pais. Por outro lado, desde 0 inicio que a Economia Politica no era apenas uma “técnica”, dado que se incorporou A poderosa unidade da concep¢ao do mundo do século XVIIL, de caréter racionalista ¢ orientada pelo Dircito natural. Mas a particularidade dessa concepg4o do mundo, com a sua f€ otimista nna racionalizagio tedrica e prética do real, comportou um efelto essen- cial, a0 evitar que Tosse destoberto o carter problemético da perspectiva que clapressupunha ser evidente. Do-mesmo modo que o est racional da realidade social Tiavia nascido em estreita relagio_com a evolugao moderna das ciéncias da_natureza, assim também semielhante-& las nO-mOdO"de encarar 0 seu objeto. a perspectiva pratica de valor relativa ao que € diretamente iit mente se encontrava em estreita relagio com a esperanca — herdada da Antiguidade e desenvolvida posteriormente — de que, pelo caminho generalizador da abstragio ¢ da andlise do empirico orientadas para as relagbes legals, seria _possivel_chegar_a um conhecimento_puramente “objetivo” — isso significa, aqui, um ‘conhecimento desligado de todos os valores — e a0 miesmo tempo absoTUTamente racional — ou seja, um ‘conhecimento monista [fundado num principio nico] de toda a realidade matintiou Z| “Ora desde o inicio que, nas disciplinas das(Géncias da natureza,) | e'tiwe do qualquer “conngéoca™ odie, sob 0 aspcto de tm | sistema conceitual de vatidade metafisica ¢ forma matemtica, [As disciplinas das cigneias da natureza que se encontram ligadas a pontos de vista axiol6gicos, tais como a Medicina clinica, ¢, mais ainda, a chamada “Tecnologia”, converteram-se em puras “artes” priticas Desde o principio que estavam determinados os valores que deveriam servir: a sade do paciente, 0 aperfeigoamento técnico de um processo de produgio etc, Os meios a que recorreram eram, ¢ s6 podiam ser, a aplicagio pritica dos conceitos de lei descobertos pelas disciplinas te6ricas. Qualquer progresso de principio na formacao das leis era também, ¢ podia sé-lo, um progresso na disciplina prética. Porque, | quando os fins permanecem inalterdveis, a reduclo progressiva de ques- Ges préticas (um caso de doenca, um problema técnico) a leis de validade geral e a conseqilente ampliacao do conhecimento teérico ¥| 102 ligam-se & ampliago das possi com ela. Quando Biologia _modéRA conseguiu. englobar igualmente os elementos da reatidade que nos interessam historicamente (pelo fato de haverem ocorrido precisamente assim ¢ no de qualquer outro modo) Gentto do conceito de um principio de evolugdo de validade geral, que pelo menos na aparéncia — mas nao na realidade — permitia ordenar todo o essencial daqueles objetos dentro de wm esquema de {eis com validade geral, dirse-ia que, sobre todas a8 ciéncias, pairava ameace- doramente o crepisculo dos deuses de todas as perspectivag axiol6gicas) Dado que também o chamado devir histérico era um fragmento da realidade total, e que o principio de causalidade — premissa de qualquer trabalho cientifico — parecia exigir a reducao de todo o devir a “leis” de validade geral, e dado também o descomunal éxito das ciéncias da J natureza, que heviam incorporado esse principio, parecia impossivel conceber tum trabalho cientifico que nao fosse 0 da descoberta de leis do devir em geral. O elemento ido pelo aspecto “Tegal”, enquanto que 05 "aco ‘cimentos 5 podiam Tk ‘am Tinha~de" conta como “tipos”, © que Sianifica, aqui, como representantes ilustralivos das leis © interesse_por_eles_proprios ¢ enquanto era considerado-um_ interesse “cientifico”. 2 cer lades técnicas e priticas € se identifies | Torna-se impossivel pormenorizar aqui as importantes repercuss6es deste estado de espirito cheio de confianca do manismo naturalista sobre as disciplinas econémicas. Quando a critica socialista @ 0 trabalho dos historiadores comecaram a transformar em problemas as perspec- tivas axiol6gicas originais, a poderosa evolucao da investigagio biolégica, por um lado, ¢ a influéneia do panlogismo [doutrina da ra24o universal] hegeliano, por outro, impediram que a Economia Politica reconhecesse com precisdo toda a amplitude da relacio entre 0 conceito e a realidade. (© resultado disso, no que nos interessa aqui, é que, apesar do formidével dique erguido pela(filosofia idealista alemdesde Fichte, [pelos sucess0s da escola histérica do Direlto e pelos trabalhos da escola histérica alema da Economia Politica contra a infiltragio dos dogmas (| matraistas, no foram ainda superados, em determinados sspectos \| Gecisivos, os pontos de vista do naturalismo, e, em parte, essa situagdo corre por causa desse esforco. Entre cles, cabe citar a relagio, ainda problemética, que na nossa disciplina existe entre o trabalho “te6rico” 103 Ainda hoje 0 método teérico e “abstrato” se ope de manciraly direta © aparentemente incontorndvel & investigacKo hist6rico-empirica. Fle reconhece com toda a exatida0 2 impossibilidade metodolégica de substituir 0 conhecimento histérico da tealidade pela formulagio de “Jeis", ou de, pelo contrério, chegar ao estabelecimento das “‘Ieis", no sentido estrito do termo mediante a mera justaposigio de observagées hist6ricas. Para conseguir estabelect-tas — pois esté convencido de que esse & o fim supremo da Ciencia — parte do fato de que experimen- tamos constantemente as relagdes da atividade humana na sua realidade jmediata, Em face disso, julga poder tomar esse curso dos eventos diretamente inteligivel com evidéncia axiomética e assim exploré-los nas suas “leis”, A tinica forma exata do conhecimento, a formulagio de Ieis imediata e intutivamente evidentes, seria ao mesmo tempo a énica ‘que nos permitiria deduzir os acontecimentos nao diretamente observé- yeis, Conseqientemente, o estabelecimento de um sistema de propos ges abstratas © puramente formais, por analogia com 8 proposigées Gas ciéncias exatas, seria 0 tnico meio de dominar ‘a diversidade social, pelo menos no que se refere aos fendmenos | fundamentais da vida ecandmica, ‘Apesar de ter sido 0 criador desta teoria {H. Gossen, precursor da teoria marginalista na Economia, em 1854] 0 primeiro tinico @ efetuar uma distingZo metodolégica de principio entre o conhecimento Tegal ¢ o histérico, atribuiu uma validade empirica as proposighes da teoria abstrata, no sentido de uma possibilidade de deduedo da realidade a partir destas “leis”. B certo que 0 nao fazia no sentido da validade temipitica das proposigdes econdmicas abstratas por elas préprias, mas sim no sentido de, uma vez alcangadas teorias “exatas” correspondentes fa todos 0s outros elementos que entram em linha de conta, dever 0 Conjunto de todas estas teorias abstratas conter a verdadeira realidade das coisas, isto é, tudo aquilo que, da realidade, fosse digno de ser conhecido. A teoria exata da Economia estabeleceria a influéncia de tun motivo psicol6gico, enquanto que outras teorias teriam como tarefa desenvolver analogamente todos os restantes motives num conjunto de ‘praposigées de validade hipotética. Em relagdo com o resultado do trabalho teérico — isto 6, das teorias abstratas da formaco dos precos, dos juros, dos rendimentos etc, — houve quem divagasse que, numa suposta analogia com as pso- posigdes da Fisica, seria possivel empregé-las para deduzir de premissas reais dadas, resultados quantitativamente determinados — portanto leis ‘em sentido estrito — com validade para a realidade da vida, posto que 104 face a fins dados, a economia humana ficaria claramente “determinads em relacio aos meios. Nao se levava em consideragio que, para alc {tal resultado, ainda que fosse no mais facil dos casos, seria necessét estabelecer previamente como “dada” e pressupor como coahecida a Sha etesiaiete’ aa renlstace' diiron ineTai nil foci ax?oves relectcal ane E que, se alguma ver 0 espititofinito conseguisse alcancar esse conhe= cimento, nio seria imaginavel qual o valor epistemol6gico de uma teoria ) abstrata, ®@ © preconceito naturalista segundo o qual se deveria nesses conceitos claborar algo de semethante as ciéncias exatas, havia precisamente Tevado a uma interpretagio errOnea do sentido dessas formacées te6ricas do pensamento. Acreditava-se que se tratava do isolamento psicol6gico de."impulso” especifico do homem, a do instinto da aquisic¢éo, ou entio da observacio isolada de uma méxima especifica da atividade humana, a do chamado principio econdmico. A teoria abstrata julgava poder se em ariomas psicolégicos. Isso teve como conseqiiéncia os | Rime deees exigirem uma psicologia empirica, de molde a comprovar ‘a no validez. desses axiomas, ¢ poderem deduzir psicologicamente 0 | eurso dos processos econémicos. Nao 6 nossa intengio criticar aqui em pormenor a significagio de ‘uma cigncia sistemtica da “psicologia social” — ainda nao consttuida — como futura base das ciéncias culturais, e especialmente da economia social. As tentativas, em parte brilhantes, de que temos conhecimento até agora, de uma interpretagio psicolégica dos fendmenos econémicos, demonstram precisamente que a partir da anélise das qualidades psico- légicas do homem nao se progride indo até & anélise das instituicbes sociais, mas sim que, inversamente, 0 esclarecimento das condigées € dos efeitos psicol6gicos das instituigées pressupde 0 exato conhecimento estas ltimas e a andlise cientifiea das suas relagdes, A anilise || psicol6gica significa pois meramente, em cada caso concreto, um valioso 4 || aptotundar do conhecimento do seu condicionamento hist6tico © da sua (| siniicagto cultural: O-que nos Tneress-ma contur-te-homer, dentro do Ambito das suas relagdes sociais, € especificamente particularizado |, segundo a significacio cultural especifica da relagio em causa. Trata-se de causas e influéncias psiquicas, extremamente heterogéneas entre sie extremamente concretas na sua composigio. A investigagio sociopsicol6gica significa um exame aprofundado dos diversos géneros, ‘particulares e dispares de elementos culturais tendo em vista a sua acessibilidade para a nossa revivéncia compreensiva. Partindo do conhe- cimento das instituigées particulares, esse exame auxiliar-nos-4 @ com 105 fender intelectualmente e em medida crescente 0 seu condicionamento © significacio culturais, mas néo nos ajudard a explicar as instituig6es {4 partir de leis psicolégicas ou de fendmenos psicolégicos elementares. Por conseguinte, bem pouco fecunda tem sido a polémica desen- ‘eadeada ao redor da questao da legitimidade psicolégica das construgSes leGricas ¢ abstratas, bem como do alcance do “instinto de aquisicao”, | do “principio econémico” ete. ‘As construgées da teoria abstrata s6 na aparéncia sio “dedugies” . 5 a partir de motivos psicolégicos fundamentais. Na realidade, trata-se antes do caso especial de uma forma_da_construgio dos conceitos, de fo propria das ciéncias da cultura humana c, em_certo grav, indispensdve. sl Vale a pena empreender aqui a sua caracterizagdo mais profunda, dado que assim nos aproximaremos da questio ldgica sobre a significagio da tcoria nas ciéncias sociais, Para tanto, passaremos por alto e de uma vez para sempre a questéo de saber se as construgSes tebricas que utili- aremos como exemplos ou a que faremos referéncia, correspondem, tal como sio, ao fim a que se destinam. Isto é, se foram formadas praticamente de maneira apropriada. ‘final, a questio de saber ai6 onde se deve levar a atual “teoria ahstrata” € também uma questio da economia do trabalho cientifico, que comporta ainda outros problemas. Também a “teoria de utilidade marginal” esta subordinada “lei da utlidade marginal” Na teoria econémica abstrata temos um exemplo_dessas_sinteses & que se costuma dar © nome de ‘idéias” dos fendmenos bisticos. Oferece-nos um gitadra-idealdos eventos no mercado dos Bens de con- sumo, no caso de uma sociedade organizada segundo o principio da troca, da concorréncia livre ¢ de uma acéo estritamente racional. Este ‘quadro do pensamento reine determinadas relagdes e acontecimentos 1) da vida hist6rica para formar um cosmos no contraditério de relagdes | ensadas, Relo seu contetdo, essa construgdo reveste-se do cardter de umaCufdpia) obtida mediante a acentuacio_menial_de_determinados| 2) C7 clementosda_realidade, A sua rélagdo com os fatos empirieamente dados consiste apenaS"em que, onde quer que se comprove ou suspeite de que determinadas relagdes — do tipo das representadas de modo abstrato na citada construgdo, a saber, as dos acontecimentos depen- dentes do “mercado” — chegaram a atuar em algum grau sobre a realidade, podeinos representar ¢ tomar compreensivelpragmaticamente a natureza particular dessas relagdes mediante um (tipo ideal.) Esta possibilidade pode ser valiosa, e mesmo indispensdvel, tanto para a_ inyestigacfo como para a exposigio. 105) a 07 "No que se refere & investigago, 0 conceito do tipo ideal propie-se Sf formar o juan de atribuigaa, Nao _é uma “hip6tese”._mas_pretende spontar ecaminns para_a formagio de hipsteses. Embota ndo constita lima exposiedo da realidade, pretence conferir’a ela meios expressivos Imivocos. E, portanto, a “idéia” da organizagdo moderna e, histor mente dada da sociedade numa cconomia de mercado, idéin essa que volui de acordo com 0s mesmos principios l6gicos que serviram, por txemplo, para formar a da “economia urbana” da dade Média & maneira de unf(conceito “genético”,)Ndo 6 pelo estabelecimento de uma imédia dos. prindipios econbmicos que realmente existram em todas as | | idades examinadas, mas antes, pela construcao de wm tipo ideal, que |] este timo caso se forma 0 conceito de “economia srbana”™ “fndistria, obtido a partir da abstragio de determinados txagos da grande fidistria moderna para, com base nisso, tentar-se tragar a utopia de ima cultura “capitalista”, isto é, dominada unjcamente. pelo interesse de valorizagao dos capitais privados. Ela acentuaria diferentes tragos difusos da vida cultural, material ¢ espiritual moderna, ¢ os reuniria hum quadro ideal 80 contraditério_para-efeitos da nossa investigaclo. Ente cuadro constituira entée umd tentative &: tragar uma “idéia” da ‘cultura capitalista — quanto a saber se i886 € possivel, € como, née serd tratado agora. corre que & possivel, © deve mesmo considerar-se como certo, formular mtuitas e mesmo inimeras utopias deste tipo, das quais ne~ mhuma se pareceria com outta, das quais nenhuma poderia ser observada |] sm std empltea come ‘ordem sealmente vilida numa sociedade, mas cada uma das quais pretenderia ser uma_representacao da “idéia” “) °” seas Comialste cada vima das qualspoderia realmente pretender, 2, na medida_em que selecioné as caracteristicas da_nossa_cultura °°” icativas na sua especificidade, reuni-las num quadro ideal homo- no. Poo Tenens gue_nos interessam_como_manifestagbes Jipny/ culturais derivam regra sefal_o seu interesse — a _sua_signifeacdo Cultural — de idéias-de_valot muito diferentes, com + qvais_podemos felaclonélas, Do mesmo modo que existem os mais diferentes “pontos de vista”, a partir dos quais podemos considerar como significativos os fendmenos citados, pode igualmente fazer-se uso dos mais diferentes principios de selecto para as relagoes suscetiveis de serem integradas no tipo ideal de una determinada cultura. ‘Qual é, em face disso, a significagfo desses conccitos de tipo ideal para uma ciéncia empiriea, tal como nés pretendemos praticé-la? Que- _ remos sublinhar desde logo a necessidade de que os_quadros_de_pensa- xs y rmepio_que_aqui-traamos,“ideais” em senfido_puramente_ldgico, seism tipo ideal mediante a acentuacdo unilateral de um pon . © encadeamento de grande quan- tidade de Tendmenos isoladamente dados, difusos-e discreios, qe se podem dar em maior om menae nimero ou mesmo faltar por complet, ©) que se-ordenam segundo os pontor-de vista unilaeraimente_acentua- do quadro-homogéneo de pensamento, Torna-se oki fim de se formar um impossivel encontrar empiricamente na realigads esse quadro, na sua purrs sonst, pik tate de umaCazopd) A aiade Metri- yal detronia-se com staf de dsterninrém ex caso paren 3 a proximidade on afastamento entre a realidade € 0 quadro idcal, “em || ave medida portanto o cardter econdmico das Condigies de determinada cidade podera ser qualificado como “economia urbana” em sentido Conceitual, Ora, desde que cuidadosamente aplicedo, esse conctito cumpre as funges especificas que dele se esperam, em beneficio da investigacio ¢ da representacio. k Para anatisarmos ainda outro exemplo, pode-se tracar igualmente a “idéia” do “artesanato” sob a forma de ums wiopia, para 0 que se procede @ reuniio de determinados tragos que se manifestam de modo rigorosamente separados da nogio do dever ser, do “exemplar”. Trata-se difuso entre os artesdos das mais diversas Epocas e pafses, acentuando | Lda construgio de relagSes que parecem suficientemente is_para | de modo unilateral as suas conseqiéneias num quadro ideal no con- 1 nossa imaginagao ©, conseqilentemente, “objetivamante possiveis”, € | tradtério, © referindo-o a uma expressio de pensamento que nele se 0 Gque parecem adequadas 20. nosso saber nomol6pico} | Ranfese, Alem dis, podese tenar deiner'oma socedae na qual Serre de-atvidade econdmia © menos alvidade ited 2 ; = pee adeno eae eves poeta ser una copia "sem pressposges” de fatas “abe a eee cae geome teal So Sep Th ca ee eae a igo Wea ‘E's ove po Weal do artesaato pode anda opera, por aR es se a ee vw orcad east ues incall ea0Se Pe sentido I6gico, e que o mais simples extrato de stes au documentos 2 cad ae sb rida e ac oscars cop a apenas poderd ter algum sentido cientifico em relacdo a “significacoes” ‘Quem for da opiniéo de que o conhecimento da reatidade hist6rica (oo assim, em Gltima andlise, em relagio a idéias de valor, consid {nigio” segundo 0 esquema “genus proximum, differentia specifica’; no entanto a construg&o de qualquer espécie de “stopia” hist6rica fe faca a prova. Este modo de comprovacao da significagao das 109 um meio ilustrative perigoso para a objetividade do trabalho cientitico, Pilavras apenas existe no campo das diseiplinas dogméticas, que tra- © com mais freqiéncia, como um simples jogo. E, de fato, sunca bitham com sfogismod, Também néo existe, ou apenas na aparéncia, poderd decidic a priori se se trata de mero jogo mental, ou de uma cons: ma mera “decomposigao descritiva” desses conceitos nos seus elemen- J trugio conceitual fecunda para a citncia, Também aqui apenas existe os, posto que © que importa é saber quais desses elementos dever um critério, oda eficdcia) para o conhecimento de fendmenos culturais ter considerados essenciais. Se queremos tentar uma definigao genética concretos, {anto nas suas conexdes como no seu condicionamento causal Yo conteado do conceito, apenas resta a forma do tipo ideal, no sentido € na sua significagao. Portanto, a construcéo de tipos ideais abstratos fnerionmente estabelecido, Trata-se de um quadro_de a wo inset como in, maw ia eexcavanent como malo 9 Pan es aa aa meat ore nig serve de-esqutma-no-gual se pode i a.mancira / Qualquer exame atento dos elementos conceituais da exposigfo de_exemplar. Tem ames 0 significado de um _conceito limite pura- histérica mostra, no entanto, que o historiador — logo que tenta ir mente ideal, em relacdo a0 qual se mede a realidade a fim de esclarecér além da mera comprovacio de relagdes concretas, para determinar a 6 canteido empirico de alguns dos seus elementos importantes, ¢ com 0 significagdo cultural de um evento individual, por mais simples que seja, qual esta € comparada, Tais_conceitos s6o_configuracées_nas_quals ito 6, pats “camceilo" — tabalh, fom de taal, com co ye» tsuutos ages, pla ulizagio da categoria 4 # ceitos que via de regra apenas podem ser detemjinados de modo preciso tiva, que a nossa imaginacdo, formada ¢ orientada segundo a realidade, e nl 0 sob a forma de_tipos ideais. Ou seri que 0 conteudo de concakos BIEComS “indi Be uber ae joan ao julga adequadias. i Eee are) rainy ee Sete ee conceituais deste tipo, mediante’ as quais pr reali apreender_os individ ‘ou_os_seus_diversos_elementos_em dade pela reflexio ¢ a compreensio, deverd set determinado mediante ‘coneeiios genéticos, Tomemos como exempio os conceitos “igreja” © 1 dastrie, “sem prestposos” eum fendmeno conceio, OU. emia See rere, Gauieagio pura, podemos anaiselos mum com- | mediante a sinew, por abstragio, daquilo que € comum a varios plexo de caracteristicas, com 0 que no s6 0 limite entre ambos os fenémenos concretos? A linguagem em que o historiador fala contém conceitos, como 0 seu contetido, permanecerdo indistintos. Pelo contratio, centenas de palavras que comportam semelhantes quadros mentais ¢ se queremos compreender 0 conceito de “seita’” de modo genético, isto que sio imprecisas porque escolhidss segundo os necessidades de com referéncia eertassignificagées culturais importantes que 0 “espi- xprasto no Yocabultcorents no elaborado pela rellenio, ¢ cua tito sectério” teve para a eivilizagdo moderna, tornam-se entio essenciais signiticagdo inicialmente $6 € intuida sem ser pensada com clareza. Em certas caracteristicas_precisas_de ambos, dado que se encontram_ numa iniimeros casos, e sabretudo no campo da hist6ria politica descritiva, 0 relagio causal adequada relativamente aqueles efeitos, Ora o$ conceitos carater_impreciso do contetdo dos conceitos no prejudica de modo ge tornam entio tpos Heals, isto & no se manifestam na sua plena algum a clareza da exposicao. Nesses casos, basta que sintamos aquilo ‘pureza conceitual, ou apenas de forma esporadica o fazem. Aqui, como de que o historiador fem uma vaga conzepeao, ou enti que nos conten- | i ‘em qualquer outro campo, qualquer conecito que nao _seja puramente temes com a presenga difusa de uma especiicagéo particular do con-|/F) = nos afasta da realidade. tefido conceitual, no caso singular de que ele cogita : Mis'a natrcaa’ discusies Giaemmterebesioento, « circanstiacla de apenas captarmos a realidade através de uma cadeia de transforma- tivo de um fenémeno cultural, tanto mais imperiosa se toma ‘goes na ordem da representacdo, postula este tipo de taquigrafia con- ecessidade de trabalhar com conceitos claros, que no tenham sido 1 Geitual. E bem certo que a nossa imaginagio pode com freqiiéncia determinados segundo um s6 aspecto particular, mas segundo todos. prescindir da sua formulagio conceitual explicita ao nivel dos meios da (Ora, seré absurdo conferir a essas sinteses do pensamento hist6rico uma investigagdo, mas em numerosos casos, torna-se imprescindivel @ sua Mas quanto mais clara consciéncia se pretende ter do cardter 110 utilizagao no campo da anélise cultural quando se trata da exposigio, © enquanto esta pretender ser univoca, Quem dela prescinde completa ‘mente, forcosamente se devers limitar a0 aspecto formal dos fenémenos culturais, como por exemplo 0 hist6rico-juridico. © universo das normas juridicas pode ser claramente determinado a partir do ponto de vista conceitual e, ao mesmo tempo, & vdlido para a realidade histérica (em sentido juridico). Mas é da sua significagdo pritica que se ocupa 0 | trabalho das ciencias sociais, tal como as entendemos. & muito fre- Iaiente, porém, apenas se poder tomar univocamente consciéncia: desta Sguiicarto quando se rfere 0 emplrcamente dao um caso limite Se 0 historiador (no sentido mais lta da pslavra) rejcita a tenta- tiva de formular um tipo ideal como esse sob o pretexte de consituir uma “consirugig, terica", ou seja, algo init ou desnecessério para © fim eonereto do conhecimento, resulta entdo, regra geral, que este historiador utiliza, consciente ou inconscientemnents, outras mar | Secs Ta foam op atamsae apace CE Se omnes eatere anna oes Nada hi decerto de mais perigoso que @ confusdo entre tcoria 62) eae at ancl dog ec ca a ater a CO apresentar-se quer soba forma de se acreditar na fixagdo em tais qua- Eee a aa cloaca re canta aS oR ‘utilizagdo A maneira deleito de Procrysto, no qual aHistéria deveré in aa alaaeeat sinks asando asin esas fossem a realidade “propriamente dita” ou as “forgas reais” que, por detras do fluxo dos acontecimentos, manifestam-st na Hist6ria. Este ‘iltimo perigo € tanto mais constante quanto mais habituados estamos a entender por “idéias” de uma época os pensamentos e ideais que i craraien thctcu Gat eres eco caaTas tata Pence ieee oceania arse eer (cloaca ici deteawers esa Rito eee ee fugar, a circunstdncia de que entre a “idéia", no sentido de tendéncia do pensamento pritico e tedrico de uma época, ¢ a “idéia”, no sentid Pali \isalkconenents, scsleoaactom haa teneiia) auxiliar, existem por via de regra determinadas relagSes. Um tipo ideal ge are ouLAa ine Roe ee seated ee ee ea Ee eee pean a okra omit eats eer eae a na lott oe cea 114 Jago de certas relagies sociais. Assim acontece com a “idéia” da Mprotecdo dos bens de subsisténcia” ¢ de outras teorias dos canénicos, pecialmente de Santo Tomés de Aquino, em relagio com o jé citado onceito tipico-ideal da “economia urbana” medieval utlizado atual- mente. E, com maior razdo, assim sucede com o famigerado “conceito fundamental” da Economia Politica: 0 do “valor” econmico. Desde « escoldstica até a teoria marxista, aqui se entrecruzam duas nogies, » do Sobjetivamente” valido, isto é de um dever ser, ¢ a de uma abstracio 1 partir do processo empirico da formacao de precos. A idéia de que 6 “valor” dos bens deveria ser regulado segundo determinados principios do “direito natural”, teve um incomensurivel significado para o desen- Yolvimento da nossa eiviizaggo — e nfo apenas na Idade Média — € ainda hoje o tem. Em espécial, influiu intensamente no processo ‘empirico da formacio dos precos. Ora, & apenas mediante uma construcio rigorosa dos conceitos, ‘ou seja, gragas a0 tipo ideal, que se torna possivel expor de forma unt ¥| Voca o que se entende e pode entendes pelo conceito tedrico do valor. | Ee dots aed © farczund acarea deq(Tablasonadad? da teora absrata "= deveria ter em conta, pelo menos enguanio 30 for capaz de nos foferecer em seu lugar slgo de melhor, o que aqui significa algo de mais claro. ‘A relagdo de causalidade entre a idéia historicamente comprovével ‘que domina os homens ¢ 0s elementos da realidade hist6rica dos quais se pode fazer a abstragio do tipo ideal correspondente pode adotar formas extremamente Variaveis. Em prinefpio, deveremos apenas recor- dar que ambas as coisas sao fundamentalmente diferentes. E aqui surge @ nossa segunda observacio. As “idéias” que domi- naram os homens de uma época, isto é, as que neles atuaram de forma fuse, 6 poderdo ser compreendidas, sempre que formem um quadro Yao gensarente' comlicado, com igor oats, 08 @ forma de um tipo ideal, pois empiricamente elas habitam as mentes de uma quantidade “Fndeterminada e mutével de individwos, nos qaais eslavam expostas_a0s mais diversos matizes, segundo a forma -e-0-conteido, a

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