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Proceedings of the XXVI Iberian Latin-American Cong ress on Computational Methods in Engineering – CILA MCE 2005

Brazilian Assoc. for Comp. Mechanics (ABMEC) & Lati n American Assoc. of Comp. Methods in Engineering ( AMC),
Guarapari, Espirito Santo, Brazil, 19 th – 21th October 2005

Paper CIL 0032

SIMULATION OF THE DYNAMICS OF THE FIRE AT 41 ANGELO PERILLO


ROAD, LIMEIRA, BRAZIL, 2002

Fabio Domingos Pannoni


fabio.pannoni@gerdau.com.br
Gerdau Açominas S.A. - Escritório de São Paulo
Rua Cenno Sbrighi, 170, 2º andar, Edifício II – 05036-010 – São Paulo – SP, Brasil

Valdir Pignatta e Silva


valpigss@usp.br
Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações – Escola Politécnica da U.S.P.
Av. Prof. Almeida Prado, trav. 2, 271 - 05508-900 - São Paulo – SP, Brasil

Ricardo Hallal Fakury


Francisco Carlos Rodrigues
fakury@dees.ufmg.br
francisco@dees.ufmg.br
Departamento de Engenharia de Estruturas - Universidade Federal de Minas Gerais
Av. do Contorno, 842, 2º andar – 30110-060 – Belo Horizonte – MG, Brasil

Abstract: This paper describes the results of calculations using SmartFire v4.0, that were
performed to provide insight on the thermal conditions that may have occurred during the
apartment fire at 41 Angelo Perillo Road, Limeira SP (Brazil), January 3, 2002. Input to the
computer model was developed from 3 sources; the District of Limeira Firefighters, the
apartment´s owner, and the photograph and measurements taken by the authors during site
visit. A CFD model scenario was developed that best represented the actual building
geometry, material thermal properties, and fire behavior based on information from the
authors and physical evidence. The results from this model scenario are provided with this
paper. The CFD calculations indicate that the fire originating on the living room spread
through the apartment, resulting in flames that spread other compartments within
approximately 2 minutes from the start of flaming ignition that started on the TV rack stand.
At this point, this fire started a transition from a single room and contents fire with smoke
throughout the apartment, to a fire that involved the majority of the apartment within
approximately 240s. The hot gas layer temperatures in the living room increased from
approximately 200oC to 300oC to more than 500oC in less than 3 minutes. No one had been
trapped inside the apartment and succumbing to the effects of the fire environment.

Keywords: cfd models; fire dynamics; fire investigation; fire simulation


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1. INTRODUÇÃO

O Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek de Oliveira (Figura 1) foi construído em


1995 na cidade de Limeira, Estado de São Paulo, sendo formado por quatro blocos idênticos,
geminados dois a dois, cada um dos blocos com quatro pavimentos e oito apartamentos por
andar. Os apartamentos são do tipo popular, possuindo 44,29 m2 de área total, com dois
dormitórios, sala, banheiro, cozinha e área de serviço.

Figura 1 – Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek

A edificação possui estrutura principal constituída por vigas e pilares de perfis de aço
formados a frio.
Na noite de 3 de janeiro de 2002, ocorreu um incêndio em um apartamento situado no
quarto andar de um dos blocos do Conjunto Habitacional. Encontravam-se no imóvel duas
pessoas, a proprietária e sua filha menor, que conseguiram escapar ilesas. Todo o mobiliário e
demais pertences do apartamento foram danificados pela combustão ou pela fumaça.
O incêndio desenvolveu-se livremente, sem um combate eficaz, mas, apesar disso, não
se propagou para outros apartamentos do edifício e nem provocou colapso global ou parcial
da estrutura.
Neste trabalho será feito um estudo do comportamento da estrutura de aço submetida
ao incêndio. Para tanto, inicialmente, são descritos os ensaios realizados para a caracterização
do aço empregado nas vigas e pilares, desconhecido por falta do projeto estrutural, e o ensaio
metalográfico, necessário para a obtenção de uma estimativa da temperatura atingida pelo aço
durante o incêndio. O modelamento do incêndio foi feito utilizando-se o SmartFire, um
software CFD desenvolvido na Universidade de Greenwich, onde as possíveis temperaturas
atingidas no incêndio, obtidas pelo uso do software, são comparadas com as evidências
experimentais obtidas pela análise de espécimes retirados da estrutura.
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2. A ESTRUTURA DO EDIFÍCIO

Os pilares e vigas do Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek são constituídos por


perfis de aço formados a frio, em seção caixão, de acordo com a Figura 2(a). Os pilares, com
200 mm de altura e 100 mm de largura, são formados por dois perfis Ue 200x50x30x5,0,
justapostos e unidos por solda contínua de filete. Estes perfis são os mesmos em toda a altura
da edificação. As vigas, com dimensões externas idênticas às dos pilares, são formadas por
dois perfis Ue 200x50x15xt, também justapostos e unidos por solda contínua de filete, com
espessura de chapa (t) de 3,3 mm, 3,75 mm ou 4,75 mm.
Todas as ligações entre pilares e vigas podem ser classificadas como rígidas, ou muito
próximas de rígidas, uma vez que a união entre esses elementos é executada por meio de solda
de filete em toda a volta do perfil da viga, conforme se vê na Figura 2(b).

15 nas vigas
30 nos pilares
3,3 a 4,75 nas
200 vigas
5,0 nos pilares

100 cantoneira para


facilitar a
montagem
(a) Seção transversal (b) Ligação típica

Figura 2 – Vigas e pilares

Os elementos estruturais não possuem revestimento contra fogo, mas podem ser
considerados parcialmente protegidos pelo contato com a alvenaria, constituída por blocos de
concreto revestidos por argamassa, em várias partes de suas superfícies externas, conforme a
planta do apartamento, mostrada na figura 3.
As lajes são constituídas de vigotas pré-moldadas de concreto e lajotas cerâmicas, com 70
mm de espessura, com 50 mm de capa de concreto moldado in loco, perfazendo 120 mm de
espessura.
Como medida de proteção ativa contra incêndio, a edificação possui apenas extintores
manuais.
Salienta-se que todas as informações sobre a estrutura foram obtidas por meio de
medidas no local, por não ter sido localizado o projeto da mesma.

3. O INCÊNDIO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

A Figura 3 mostra a planta do apartamento incendiado, com uma simulação do mobiliário


existente, feita a partir de informações da proprietária do imóvel, e com a indicação do local
de início do incêndio, a sala, em tomada localizada atrás do televisor.
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A Certidão de Sinistro emitida pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de


São Paulo (2003), que ainda informa que:
- a causa provável do sinistro foi um curto-circuito, provocado por sobrecarga ou defeito na
instalação elétrica;
- o incêndio consumiu totalmente o mobiliário e materiais combustíveis diversos, tais como
cortinas, tapete, televisão, aparelho de som, livros, etc., existentes na sala e na cozinha.

Local
de
início

Figura 3 - Planta do apartamento com mobiliário e local de início do incêndio

Como pode ser visto na Figura 3, a carga de incêndio do apartamento é típica de


habitação popular. Não havia carga de incêndio incorporada à edificação, ou seja, janelas,
alvenarias internas e externas, forros e pisos eram formados por materiais incombustíveis.
Na região onde o incêndio se iniciou houve desprendimento de pedaços de lajotas de
cerâmica da laje (Figura 4). Visualmente, esse foi o dano mais significativo.
Os revestimentos das alvenarias se soltaram, o que também pode ser visto na Figura 4.
Nas paredes não houve fissuras e tampouco nas lajes, mantendo-se, assim, a estanqueidade
desses elementos.
De acordo com a proprietária, não houve a propagação do incêndio para os dois
dormitórios e para o banheiro; no entanto esses cômodos foram duramente atingidos pela
fumaça, ficando completamente escurecidos. Evidentemente, o incêndio não se propagou pelo
fato de que a compartimentação, apesar de imperfeita, foi eficaz.
Conforme explicitado anteriormente, a estrutura de aço não entrou em colapso e não
apresentou danos visuais importantes. Como era de se esperar, ficou escurecida por estar
exposta à fumaça. A Figura 5 mostra, para efeito de comparação, uma parte da estrutura antes
e após a ocorrência do incêndio.
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Figura 4 - Detalhe das lajotas cerâmicas danificadas

(a) Antes do incêndio (b) Após o incêndio

Figura 5 – Visão de parte da estrutura

4. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO AÇO E DA TEMPERATURA

Devido à ausência do projeto estrutural, houve a necessidade da realização de ensaios


para a caracterização do aço empregado nos pilares e vigas. Assim, foram feitos ensaios para
a determinação da composição química e dos valores da resistência ao escoamento, da
resistência à ruptura e do alongamento após ruptura do aço. Foi feito ainda ensaio
metalográfico, para estimar a temperatura atingida pelo aço durante o incêndio.
As amostras de aço utilizadas nos ensaios foram extraídas de elementos estruturais da
sala, dependência mais afetada pelo incêndio. Ao todo, foram retiradas sete amostras, sendo
três de pilares e quatro de vigas, medindo cada uma 300 mm de comprimento e 60 mm de
largura. A figura 6 mostra o local de extração das amostras (A1 no Pilar P1, A3 e A4 no Pilar
P2, A2 na Viga V2, A6 e A7 na Viga V1 e A8 na Viga V3), e a figura 7 o pilar P2 após ter as
amostras A3 e A4 retiradas.
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A1 (1,10 m do piso)

A3 (0,60 m do piso)
A4 (1,30 m do piso)

Figura 6 - Local de extração das amostras

Local de
retirada
da

Local de
retirada
da
Figura 7 - Pilar P2 após a retirada das amostras A3 e A4
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Os ensaios químicos e metalográficos:


- Não detectaram alterações significativas na micro-estrutura, incluindo o tamanho de grão,
e nas propriedades mecânicas do aço, e indicaram que os elementos estruturais foram
submetidos a temperaturas inferiores a 723ºC (a temperatura eutetóide, A1);
- Indicaram que o aço utilizado é compatível com aços estruturais do tipo patinável, com
valor característico de resistência ao escoamento de 445 MPa.

6. O MODELAMENTO DO INCÊNDIO

O software SmartFire é composto de certo número de ferramentas mutuamente


acopladas que permite ao usuário simular incêndios de forma relativamente rápida e
confiável. O software permite a criação detalhada da geometria para a simulação do incêndio
e o cenário, criar uma malha CFD e, então, simular os efeitos do cenário de incêndio ao longo
do tempo.
O primeiro passo para o modelamento passa pela criação, em escala, do ambiente a ser
simulado. Este módulo do SmartFire é denominado SmartFire Case Specification Module. As
paredes, lajes, aberturas e combustíveis são criados, considerando suas características
geométricas, térmicas, etc. A Figura 8 mostra o ambiente assim desenvolvido, incluindo o
sofá, o rack de TV e a árvore de natal. A única forma geométrica aceita pelo software é o
paralelogramo, assim, estes componentes da sala são representados por esta forma
geométrica.

Figura 8 – O módulo de criação do ambiente do SmartFire é chamado de Case Specification


Module.
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A segunda etapa passa pela criação da malha CFD. Ela é processada no mesmo
módulo anteriormente descrito, e pode ser feita com diferentes níveis de refinamento. A
Figura 9 mostra a malha utilizada nesta simulação.

Figura 9 – A malha CFD criada para esta simulação.

O passo seguinte é o da implementação do modelo no engine CFD do SmartFire. Após


a escolha de alguns parâmetros tais como a velocidade de captura de imagens, tipos de
respostas gráfica, limites de erro, etc., o módulo passa a simular o incêndio.
A Figura 10 mostra a curva de liberação de calor do sofá. Do mesmo modo, foram
criadas as curvas de liberação de calor do rack de TV e da árvore de natal. A seqüência
escolhida de inflamação dos combustíveis presentes na sala de estar foi: rack de TV inicia o
incêndio, que se propaga para a árvore de Natal e, em seguida, se propaga para o sofá.
A Figura 11 ilustra algumas das possibilidades gráficas de resposta do programa. É
interessante observar que o pico de temperatura acontece justamente atrás do sofá,
aproximadamente a 0,5 metro de altura a partir do piso. Neste ponto, a temperatura
provavelmente ultrapassou os 1200oC. Entretanto, a temperatura decresce rapidamente com a
temperatura. A partir de 1 metro de altura, a temperatura se aproxima de 550oC. A maior
temperatura obtida na simulação aconteceu atrás do sofá, tendo atingido cerca de 1300oC.
Entretanto, esta temperatura decai rapidamente com o distanciamento deste ponto de máxima.
É também interessante observar que as máximas temperaturas foram obtidas entre o
primeiro minuto e o segundo (Figura 12). Isto também é esperado, visto que o sofá e a árvore
de Natal são constituídos de materiais que liberam grandes quantidades de calor. Os vetores
de velocidade dos gases mostram que, já a partir do segundo minuto de queima, os gases
aquecidos e a fuligem se alastram por outros ambientes próximos (quartos, cozinha e
banheiro).
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Figura 10 – Curva de liberação de calor do sofá.

6. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi descrito um incêndio ocorrido em 2002 em um apartamento do


Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek de Oliveira, em Limeira, Estado de São Paulo,
que possui vigas e pilares constituídos por perfis de aço formados a frio, em seção caixão.
Observou-se que o incêndio iniciou-se na sala do imóvel e que, devidos às boas condições de
compartimentação, usuais neste tipo de edifícios, não houve propagação das chamas para os
outros cômodos e nem para os apartamentos vizinhos. Foram feitos ensaios para
caracterização do aço estrutural e para avaliação da temperatura atingida pelo incêndio. A
estrutura de aço foi verificada à temperatura ambiente e em situação de incêndio, usando-se
procedimentos de normas de projeto.
A simulação computacional revela que a temperatura de diferentes pontos da estrutura
metálica da sala não ultrapassou, em nenhum momento, a temperatura de 723oC (a
temperatura eutetóide, A1). Espécimes retirados da estrutura confirmam esta hipótese.

7. REFERÊNCIAS

Eurocode 3 – Part 1.2 (1995): Design of Steel Structures-Structural Fire Design. European
Committee for Standadization, Brussels, Belgium.

Soares, C. H. (2002), Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados


a frio em situação de incêndio. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em
Engenharia de estruturas, Escola de Engenharia da UFMG, Belo Horizonte, MG.
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Figura 10 – Algumas das respostas obtidas para a simulação de 60 s de simulação.


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Figura 11 – Algumas das respostas obtidas para a simulação de 120 s de simulação.

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