You are on page 1of 45
ye w= v v E, ROQUETTE-PINTO Nota sobre os typos anthropologicos do Brasil Ha dois argumentos frequentes na phrdse dos que versam © problema do povoamehto deste paiz: a) Tem o mais de cito milfSes je meio de km? Si € certo que aqui ghi 535, milhdesadle ytndividuos, a densidade da populagto é de ppr_kilometri eleyal-a_rapidamente, como convém, s6 appelland> para os alien ‘ b) O Bragif predsalde bragos park-thar partido de suas ri- quezas, © assumptd € de importancia excepcional. Primeiro —J porque téca de perto os nosso} interesses espi- rituaes: lingua, crengas, habitos. Segundo -} porque interessa.grandemente a dn certo numero de regides cuja riqueza esta Iatente. Terceiro — porque ha um grande numero de respeitaveis capi- {alistas, agricultores e industriaes, cuja fortuna, de grande importancia para a economia geral do paiz, ndo se desenvolve em passo accen- tuadamente accelerado porque falta o domem, Reconhecendo deste modo, toda a sua grandeza, examinemos de perto os dois argumentos. Os nossos § 4/, milhdes de kilometros jamais poderao receber, integralmente, os habitantes que se lhes quer dar. 12 Conoesso Brasiteizo pe EvoeNts E? indispensavel coriar, naquelles kilometros, a immensa super- ficie que cabe as planicies arenosas. Lembremo-nos do mar de arcia de Antonio Pires de Campos, do grande chapadio que se extende de Mato-Grosso ao interior dos estados do Nord’Este, E nao seré demais juntar algumas regides das seccas... © caso, entio, muda de figura. Ja no temos os taes 8 1/y milhoes a povoar,.. Caleulando muito por baixo cada parcelia_acima_apontada, restam, de facto, para o Brasil oecumenico, no sentido de Ratzel, uns cinco. A densidade| reat deve ser, pois, actualmente, de 7 habitantes { por km?, Estamosylem verdade, muito longe‘da densidade da Espa- é nha (40) ou da fialia) (140) ou de Portugal (63). Mas estes numeros nao sao o ideal.) Ja findigam plethora de gbnte{ Sao esses os paizes da Europa em qhe mpio} emigracio se ferflica. Levadas|em qonth as nossas coddighes dh vida facil (ausensia de inyernos rigorosos, Juedessidades alimdntates mpis, reduzidas...) admi- tase que a debsidade espanhola & optima para fp Brasil. Admita-se, apenas para ragiocinar. Mesmo porque a densidady de populacao nao 6 como pensar os pregociros do povoamento 4 outrance, condisio de progresso. Basta lembrar que os Estados Unidos da America t&m a exigua densidhde de 15 hab. por km.2.., Concedp-se, porém, que sito precisos os 40 habitantes por km? para que o [progresso se desen- cadeie, aqui, airkla mais velozmente, Ora, 0 Brasil tinha cerca de 4 milhdes no comego do seculo pasado, : Em cem annos passou a ter trinta. Desses trinta foram trazidos uns dez milhoes, (negros e europeus). A observagdo estatistica demons- tra que o crescimento global, é de tal ordem que a populagio, aqui, dupliéa em cerca de 30 annos. Quer isto dizer que, ao chegar o fim deste seculo, a populagao do Brasil contaré. uns 150 milhdes approximadamente. ” 1,°_Conaresso Brasiteiro DE Evornia As coisas, de facto, no se passam inteiramente assim. Porque a curva de crescimento da populacao é como a do crescimento de um individio. Nao sébe regular continua. Ha phases de estaciona- mento. Portanto, em 1980 nao seremos, realmente, tao numerosos. Mas seremos, seguramente, cerca de 100 milhdes. Haver’, entéo, por km? de Brasil oecumenico, cerca de 20 habitantes. Isto é, porém, um dado que precisa ser corrigido. Porque, de facto, estamos raciocinando como si 0s nossos portos permanecessem absolutamente fechados aos estranhos, coisa absurda, A immigragao espontanea tende a atigmentar, por diversas causas: Primeiro — porque os que vivem bem aqui, naturalmente, influem para que outros venham.... Segundo — porque as condigdes de conforto e as facilidades de tf@balho, a proone ridade economica do Brasil, fatalmente hao de ir melhorando. 4 Terceiro f jue a verdade sobre Ep do immigrante no Brasil sera cada vep mas bem conherida: as jlossds publicagdes, as via- gens, o cinema, 0 st . jf noticiag nfenos|exageradas (boas ¢ ms) a nosso res} mf Examinerhos, agora, o segundo argumento Desejar braros para as fazendas e as fabficas, sem nenhuma outra consideracad, € um ponto de vista indefensayel. Entdo o problema nao seria mais absolutamente anthropologico, como nao o € o fijuste de um electricista.... Mas, ainda no interesse da demonstragéo, supponhamos que assim seja: faltam bragos? Faltariam bragos — si todas as existencias ja estivessem com a sua capacidade normal esgotada, si todos os bracos ja estivessem uti zados com rendimento acceitavel. Estamos longe disso. A produccio individual, no Brasil, é tf pequena que surpre- hende os que conhecem de perto o trabalhador nacional. Li, uma vez, no Instituto Historico, a copia de uma carta de Martius, dirigida ao Conoresso_Brasiteiro_ pe EvGENI Consul Sturz (1852). O grande naturalisia dizia, naquelle documen- to, que nenhum paiz podia ser comparado ao Brasil com mai verdade do que a ilha de Cuba. Por todas as razdes. Pois bem: sto precisos seis brasilianos para obter a produccio de um cubano (')... Dizer que 0 Brasit precisa de bracos — é affirmar a irremedia- vel insufficiencia da sua gente. Chega-se ao seguinte irrisorio absurdo: € preciso que o Brasil tenha muitos milhdes de habitantes para realizar © que outro qualquer paiz consegue com poucos milhoes. Falhas da terra? Da gente? Rio Branco. ‘ E a gente A gente vai resgivehdo os seus cafos| pratipos, vencendo, ga- Ihardamente a congtista das Suas riquezas territoriaes} com uma valentia ¢ com uma tenacidade unicas nos fastos universaes. Repito sempre os A terra, de facto, ndo € aquelle fugar 0 do pale, de que falou Americo (Vesphicio. Mas é pes oa» como queria mesmos exemplos:|o movimento bandeirante, a occupatao da Amazonia a conquista da! Rondonia. Repito, porque desejarla que todos os brasilianos pudessepi recordar esses episodios quando, fm hora de desa- nimo, perguntassenj: que tem feito a minha gente dé realmente gran- dioso, para que vélte a ter confianca nella? rmidaveis episodios so coisas $bjectivas, certas, indiscutiveis. Nao a0 afirmagdes sentimentaes, nem Hyetoricas... Mas, além disso, a gente vai tambem resolvendo o seu proprio problema, eliminando suavemente certos typos ¢ plasmando-se em outros de que este trabalho dara noticia. De onde, entdo, provem a insufficiencia? @) BRASIL: Sup. — 5.511.190 k2. Pop. — 36.871.000 1 Por k2 = 4.3 hb, Exportagao — 3.970.273:4588000. Per capita CUBA: Sup. — 114.525 k2. Pop. — 3.569.000 hb, Deasidade por kt = = 51 hb, por ket. Bxportagio 2.613,600,0008000, Per capita — 625000. (Knauss = Welt — Atlas — 1928), 1,9 Conoresso BRASILEIRO DE EUGENIA Unica e exclusivamente de um elemento decisivo; falta de organisacéo nacional. (Alberto Torres). O Brasil, pregava o homem de genio, fem de ser obra de arte politica. E? uma nagao que sera 0 que as classes cultas fizerem della. Organizacao nacional, no Brasil, quer dizer principalmente, educacio do povo, nacionalizacdo da economia e circulagao das ideias € da siqueza, i Quando © immigrante € collocado ao lad} do nosso homem rustico (S. Bernardo — S|. Paulo) — nacionaliza-se-depressa. Mas passa a ter a mesma diminutd e/fitiencia paradoxat apo! fo) Quando isolado, em boas condigdes de pueicl comecaa produzir pogresso (colonias de S. Paulo, Paran4, S. Catharitta, Rio Grande do Sul) — thas no se nacio- naliza téo depressa quento ferip desejavel, pdr dulpa flaquellas causas. O ambiente mAo € favdravel. Logo, no & da hapa a deficiencia, uuma vez que ja se apontou o que ella vale, Falta de \bracos significa méu aproveitamento Yos bracos existentes. j a A politica dd povoamento do Brasil, desde o ificio, foi sempre baseada em maus expedientes: a) Trucidot. 0 indio. b) Importou negros escravos — o que foi uma necessidade — mas os deixow absolutamente embrutecidos. Nio deu um passo para eleval-os e preparal-os para a liberdade. c)—Mandou buscar, a peso de ouro, gente branca, sem esco- tha, nem fiscalizacao, entregando-Ihe desde logo um capital apreciavel; terra, casa, ferramentas, assistencia. .. d) Abandonow 4 triste sorte da sua indigencia os melhores elementos nacionaes. aay . brite! i; Visto que o seu modo de agir, na luta pela conquista da terra, ndo permitte que se considerem os mestigos do Brasil como gente 124 1 Conaresso Brasiteino pe Evora moralmente degencrada, vejamos si as suas caracteristicas anthropolo- gicas mostram signaes de decadencia anatomica ou physiologica; veja- mos si é gente physicamente degenerada, Comecei ha cerca de vinte annos a colligir dados anthropome- tricos, para verificar as caracteristicas da populagio do Brasil. Nao desejo dar por terminado este trabalho porque julgo ser conveniente ir sempre acompanhando a evolugio morphologica dos typos. E? por isso um trabalho, digimos, que nao acaba... Como nfo acaba a observagdo do crescimento de uma arvore secular que 6, até certo ponto, indeterminado. Em vez de me servir das fichas obtidas (cerca de 2,000) e determinar as differentes medias arithmeticas, preferi fazer a analyse dos typos, realizando a seriagao dos caracteres, de accdrdo com a sua apazes de todos os es jihos e netos de bra- silianos, de 20 a 22 ankos, 10003 sapi0s € sujdtos g mesmas condicdes de vida. O numero dbs ingividuos poderia tet, sigv mhjor. Mas isso, de facto, importa pouco, ysto que,fazendo aseriagio,ho fish de um certo numero obtem-se uma cuyva ygono de frequencia, dijo vertice se mantem nas proximidades da sheshia abscissa, embor v4 bybindo, naturalmente, com o numero] de observagdes. Foi mesmo por jisso que, depois de estudar todas ag fichas, procedeu-se 4 selecgao mais|rigorosa do material, abandonando gfande numero e s6 aproveitando as|que se apresentavam isentas de quacbquer sendes em relagdo com a tecljnica anthropometrica adoptada (2). A techhica empregada foi a mesma que ta descripta no vol. II~ne 3 do Holetim do Museu Nacional pelo Pr§f. Frées da Fonseca, Desde} 1923 acham-se publicados os resiltados geraes destes trabalhos no Relatorio.do.Director.do.-MuseuNacional (Rio, 1923). Alguns dados esto expostos ao publico nas salas da Secgao de Anthro- pologia. (2) “Da nie alle Individuen ciner Gruppe aterstioht werden kinnen, sou: deen gewohnlich nur ein ganz geringer Bruchtel der Beobachtung auganglich ist, 0 ist wiederholt die Frage aufyeworfon worden, wie gross ein Material sein misscy um guverlissige Resultate, dis fir das Ganze yelten, at gewinnen, Je grosser dic Individuenzahl, um so grosser ist natirgemiss auch die Wahrscheinlichkeit, dass die berechacton Durchschaittswerte, die Grenzen der Variabilitit nay. mit den wirklichen Verhiltuissen der Gesamitgruppe ibercinstiniwen. im allgemeinen wird diese Usber- cinstimmung eingetreten sein, wenn das eiamal gewonnene Resul’at durch Hiazufigen neuer Fille nicht mehr veraadert, d. k. wenn ein berschucter Durchschnittswert in seiner gesamtem Zahl konstant wird,” “Rudolf Martin — Leiriuch der Anthropologie, Zweite, Vermshrte Anflage. —Erster band: Somatologie— Jena. 1928." 1.9 CoNoREsso BRASILEIRO _DE_EUGENIA Os principaes typos anthropologicos caracterizados na popula- fo brasiliana podem ser, reunitas em 4 grupos: 1—Leucodermos (Brancos). 2—Phaiodermos (Branco x Negro). 3—Xanthodermos (Branco x Indio). 4—Melanodermos (Negros). Todos os outros typos: Cafusos, Xibiros, Caborés, etc, sao numericamente insignificantes. Em 1922, pelos estudos realizados no Museu Nacional, a constituigio anthropologica do povo brasiliano era a seguinte, expressa no graphico annexo (pg. 20): Bisogsay one sero roo Mulatos. : i 22 efo Caboclos. ‘ x ale Negros.f.. re 3 4 fe Indios Nears ae Os brasiliangs leu claros, Sio mais freqentes no sul do paiz. Italianos......... 158 a 1,66 Portuguezes........ 16300 — Mendes Corréa Brasilianos ~ ; juette-Pinto, Prancezes)......... z fi illon. Russos...... _ : Rojdestwensky. Polonezes .. as Magicrowski, Rumiaicos.. sip... 5 Pittard. Belgas......... Houzé, Bgvaros, 26s. .c su: 5 Ranke, Dhaohee vis Pittard, Hollandezes. .. Deniker. Brasilianos..... 1,69 Roquette-Pinto, Seis eae eer eae 4 . Lajorevitch. Suecos. 472 — Iandborg-Linders. ‘As estaturas predominantes nos leucodermos no denunciam degeneragio, Ao contrario, Collocam esses typos entre os mais bem dotados da raga branca. ~ - A curva de frequencia do indice cephalico mostra notavel ho- mogeneidade, ao redor do indice 81, que corresponde 4 moderada bra chycephalia:, Suecos..... . 77 — Lamdberg-Linders. Ttalianos.............. 785 a 859 — Livi. Japonezes. bs 80,5 — Matsumura, Brasilianos ea — Roguette-Pinto, Normandos............ 813 — Spolikowsk, Russos brancos........ 815 — Rojdestwenski Eskimés. ..).. . 816 —| Boas. 818 eis 818 be 819 The Wes if i Dolichocephatos. x +759 fesocephalos....... 760 + 809 rachycephalos. ses BHO 85,4 typerbrachycephalos..... 85,5 x (R, Martin) © indice nasal dos leucodermos brasiliants segue uma que apresenta dois pontos de maior densidade: 62 e 68. Suecos.... so. 627 | = Lundborg-Linders. Brasilianos.......... Roquette-Pinto Portuguezes. ........ Mendes Corréa, Escossezes pi eat Beddoe. Armenios % Pittard. Inglezes 020... Beddoe. 5 Collignon. . 1673 4 688 — Livi . 68 Roquette-Pinto, 68 Boas, 60 Pittard, 80 — Risley, 1.° Conoresso BRASILEIRO DE _EUGENIA Pelo indice nasal, os brasilianos brancos occupam lugar de destaque entre os representantes das racas de nariz mais afilado (Leptor- thinos) : Leptorthinos, ee x — 699 Mesorrhinos.. 70 — 849 Chamoerrhinos. .... 85 — 99,9 A altura da face é, nesses typos, muito menos variavel do que a largura. Na. curva da linha bi-zygomatica notam-se dois pontos salientes (134 e 140). Acredito que nos typos brancos a face larga (140) denuncia ea *, de sangue indio. Creip que a largura bi-zygo- matica 6 no seat , factor amatello doriinante. A et an fas cae do perimejro fhoracico ¢ da espiro~ metria, nos leucoflerm interessante; Emqudnto, nos brasilianos Restraint Sach itracete minantes (85 € 91), a capa- cidade respiratorial nio|apfesenta os mesos accidentes; anda por 3,7 litros a mais frequente. Os typ brasilianos leucodermos podeny ser caracterizados, em resumo: Individybs de pelle branca em gerat triguéiya, (Ns. 10 a 19 da Escala de von Laschan)-cabellos-negros-e ondulados (kymatotrichos), olhos em geral escuros (pardos ou negros), estatura mediana, ou peque- na, brachycephalia, leptorrhinia accentuada. . : 7 eee Pee Os mulatos brasilianos tém estatura predominante ao redor de 1m,64, Mas apresentam um outro typo, menos frequente, perto de 1,73. A curva movimenta-se claramente para a estatura menor levando- 0s para as proximidades dos brancos mais baixos. E? certo que a maioria dos africanos recebidos pelo paiz tenham vindo da’ costa occidental. x 1.9 Conoresso_BrasiLeiro pe EvoeNia Braz do Amaral, aponta as regides de Lagos, Abeokuta, Loanda, Mossamedes, Serra Leda, como origem do maior numer Nessas regides, orgam as ¢staturas pela media dos nossos mulatos (1,04). Pygmeus no receben o paiz,nem seria razoavel importar escravos 20 pequenos. Alguns hottentotes, visivelmente, foram trazidos. Mas deve correr por conta dos negros Mandingo — ou dos Sudanezes a estatura mais elevada que nos phaiodermos se encontra; em alguns deriva do sangue branco dos leucodermos mais altos, Nos Estados Unidos a estatura elevada dos mulatos (1,69) parece ter proveniencia branca. A curva de frequencia do indice cephaljco, nos mulatos do Brasil, denuncia uma krone homogeneidade ao {redor do-indice 78. Elles tém a cabeca mais longa do que (os brancos. Sio meso- Occidental. cephalicos proximos Vas fpop sea. niegras, da \friga A curva db indice nasal dos mulatos do Brakil ¢ extraordina- riamente interessante, visto que se trata do mais injportante caracter anthropologico. Vébe bem, pelo exame desse tragado, § grande variagio do caracter fundamental no typo instavel que é 0 dos njulatos, oscillando entre os extremos @m que se firmam os progenitores. Em todo 'faso, nota-se que existem tres accertuados accidentes na curva (72, 78 84) e mais que o seu movimento é francamente dirigido no sentidg’ dos indices menores. Ha uma tendencia marcada nos mulatos para os indices leptorrhinos. O° confronto das curvas dos indi- ces nasaes de Ieucodermos ¢ pliaiodermos permitte verificar que existem numerosos mulatos que, pelo esqueleto do nariz, se acham na vizinhanca dos brancos ou, possivelmente, com elles confundidos. E? hem menor ‘0 dos que tendem & raga negra, De qualquer modo, mais uma vez fica bem demonstrado que no existe, nunca, a cerebrina fusdo das racas... Os graphicos referentes ao comprimento e 4 largura da face, a0 perimetro thoracico e mesmo 4 capacidade vital dos mulatos con- firmam a variedade do typo. 1,9 Conaresso BRasitrino DE EUOENIA So mais frequentes as faces estreitas. A curva de frequencia da linha bi-zygomatica coincide quasi com a dos leucodermos (184-140). Mas, tendo a mesma largura na face, 03 mulatos apresentam um typo de muito maior comprimento ou altura (127) que, nos brancos, se nfo encontra. Quanto ao perimetro thoracic, ha nos mulatos dois typos, um de peito menor (85) que ¢ 0 mais numeroso e outro de thorax amplo (01). Esses dados coincidem tambem com o que se vé nos brancos. A capacidade vital é um pouco maior nos mulatos. Mas nisso influem mais do que a raca as condigdes profissionaes. Os mulatos flo Brasf format um’) 2: (he homogeneo. Ha nelles accentuada tendenga para a ragd bfancal de que muito se approximam por difiprentts faracteres. Neghuf dds caracteres estu- dados (estatura, indige cephalico, indice nasal, perimetsh thoracico, com- primento da face, largura bi-zygomatica, espirometrid) permitte consi- deril-os como typos} involuidos. 5 Podem serljem resumo, assim caracterizados Individuos Yle pelle parda mais oa menos bscura (Ns. 20a 30 da Escala de ybn Luschan),; olhos escuros (negros ou pardos); cabellos wlotrichos; ¥statara mediana; mesocephalos; hresorrhinos; face estreita, A estatura dos brasilianos xanthodermos (caboclos) apresenta dois pontos de maxima densidade (1,63 ¢ 1,69). O movimento geral da curva dirige-se visivelmente para a estatura mais clevada. Afasta-se a curva da que enconiramos nos phaiodermos ¢ approxima-se bastante da que se verifiea nos brancos. Os indios mais altos do Brasil (Bororo — 1,73 — Karaja — 1,08 — Nahugqui — 1,68) pouco influiram no cruza- mento. Os Tupi, Aruak e Carahiba do estremo norte, alguns Gé do Sul da Bahia e de Minas deram o contingente maior. Sio todos de pequena estatura (1,53 a 1,61). De sorte que deve correr, francamente, por conta do sangue dos brancos a estatura relativamente elevada dos nossos caboclos. O indice cephatico, bastante homogenco, superpde-se ao dos leu- codermos (81). A curva do indice nasal denuncia dois typos. Um, ao redor de 67, leptorrhino vizinho de alguns brancos (68); ¢ outro junto do indice 82 mesorrhino proximo dos mulatos. O movimento da curva fazse no sentido da leptorrhinia, como era de esperar, visto que o nariz estreito € saliente é caracter mendeliano dominante, sobre o nariz chato (Fischer). A influencia da raga branca é alias notavel visto que 0s indios do Brasil que conhecemos tém indices muito maiores: Auetd — 09,5; indios do Xingd — 73,6; Nahuqua — 75,4; Pareci — 713 Nambikuara 85, Nos cabetlos a largura da face z| jomogenea. Orga pelos 134 mm. Quantof 4 al aD as faces curtas ir lonjinam de maneira nota- vel (117). Pare sum_segundo ide face mais longa (126). A caracterizaga ot mn vai-se fazendo{ ng sentido do primeiro. © perfmetro do thorax, nesses typos, ¢|relativamente grande (880). Mas, aptzar da regularidade da sua curva) nota-se que a capa- cidade vital ngo segue a mesma linha e aprestnta dois pontos de maxima densidnde (34 a 4!). A curva da espirometria ajusta-se facilmente 4 dajestatura. Isso parece indicar um typh de respiracdo abdo- minal predomirginte; dependente mais da estatura do que dos diametzos do thorax. ‘ Caracteres geras dos Xanthodermos: Pelle 20 a 30 de von Luschan; cabellos negros, lissotrichos; olhos escuros, ds vezes, de fenda palpebral levemente obliqua; face larga; estatura mediana ou pequena; brachycephalos; leptorrhinos ou mesorrhinos. Os brasilianos melanodermos grupam-se, quanto 4 estatura, ao edor de 1m,64. Ha, entre elles, um segundo typo mais alto (1,73) que a curva parece indicar estar perdendo terreno em beneficio do primeiro, 1.9 Conaresso BRAsiLEIRo DE _EUGENIA 13 Tudo isso esta de accérdo com o que se sabe a respeito das tribus negras importadas durante os seculos da esctavidao. A massa geral, como ja vimos, veiu de regides em que a estatura de 1,64 predomina (Joruba, Minas, Angola). Dos povos afri- canos de estatura mais elevada vieram poucos (Mandingo, etc— 1,70). © indice cephalico dos negros brasilianos anda pela brachy- cephalia (81 a 84). Sio os negros africanos, em geral, dolichocephalos (72 a 75). Entre elles, de craneo curto, citam-se apenas os Sara (82,5), medidos pelo Dr. Poutrin, gente aparentada com os Rte nacio mahome- tana que deu em A898 os revoltosos de 8-de Junho, na Bahia (°), A bac surpresa, on ju alia geral dos nossos degra actuaes é assim uma elella dever correr_por gbnta,de uma differenciagio elmepte joriunda de velhos| cruz}mentos. A menos que mulacdo (Davenport), gu influencia da peristase. local, muito possi nao seja caso d (Boas). , E? no eftanto, quasi certo que nao existam| hoje negros puros no Brasil, a no sed os centenarios, vindos directameste © seus raros des- cendenites. E” 0 Que parece demonstrar a curva de} frequencia do indice nasal dos brasilianos melanodermos. Acham-se della tres pontos de densidade 70, 74 € 85. No entanto, percorrendo pps indices nasaes de todos os negros verifica-se que elles se encontrim sempre entré os platyrrhinos, de}85 para cima. Os negros da cdsta occidental, cujos representantes ifundaram o Brasil, attingem indit (Angola — 107'— Mandingos — 101). Ora, os meianodermos brasilia- nos “de nariz mais achatado (85) sio comparayeis, desse ponto de vista, aos Bastardos do Sul da Africa (Fischer), aos Philippinos (Bean), ¢ acham-se #6ra do grande grupo negro. Sendo o indice nasal o mais importante dos caracteres anthropometricos, na discriminago das racas, € quasi certo que isso corra por conta dos factores apontados (+). ‘A face tende para o alongamento. A largura bi-zygomatica, porem, € grande no maior numero. Ella é mesmo muito maior nos negros do que nos caboclos. Ainda aqui, acredito, hia influencia do cru- zamento xanthodermico que 6 no esqueleto se péde encontrar. O thorax (®_Austratianos, 68; Neo-Caledoneos, 7 71; Bakongo, 72; Fulbé, 73; Hotentotes, 743 Papuas, 74; Hausade, 7 76. (Deniker). @ PI Bastardos, 85,5;' Polynesios, 69,8; Pygmens, 91,7; Malés, 94,5; Dinkas, 98,9; Bushmen, 102; Achantis, 107; Australianos, 107.(R. Martin), 132 1.9 _Conoresso_BRrasiLeiro DE EUGENIA dos negros é amplo (870), vizinho da frequencia encontrada nos cabo- clos. A espirometria leva-os para perto dos mulatos. Caracteres geraes dos Melanodermos: Pelle 30 a 36 de von Luschan; Olhos escuros; lophocomos ou eriocomos; estatura mediana ou alta; brachycephatos; face alongada. Os processos biometricos so realmente preciosos no estudo de certos phenomenos considerados pelos naturalistas, $6 elles per- mittem verificar, na enorme desordem apparente, os differentes rythmos da creagio. Galton afficmou que nada conhecia mis apto a manifestar a ordem existente no Cosmos do que a fei de fkequencia, Os grezos, continuava 0 sabio, cy iam personificado ¢ @fdeiisado si a tivessem conhecido, «Ella rena, Mies e serena, Spbrq) a mais. selvagem anthropologos paral o esjud das observagdes réplizada: a) A deferminagio da media dos valores; b) A serfacdo dos valores; ©) O caleulo biometrico. De facto) os tres processos, inoje, sio dpplicados simul- taneamente. No ¢ftanto, nas monographias anthropplogicas dos pri- meiros tempos, quiisi que sé encontramos as médias. lo que foi Quetelet desde }1835 quem, na Belgica, iniciou o movimento biome- trico. Em Franca, fnuito mais tarde, em 1863, AdolpheyBertillon propoz na Soc. d’Anthroplogie a adopeto systematica do methodo de seviaczo. Em 1880, Morselli, na alia, introduziu esse methodo de mancifa bri- Ihantissima. Mas desde 1875, na Inglaterra, Galton havia iniciado os seus notaveis trabalhos, seguindo 0 mesmo rumo. Na Allemanha, em 66, j@ Welcker havia usado a seriagio no exame do material anthropo- Jogico. confusaio ». Tres procetsos fém sido empregddo$ sucgessivamente pelos € a compardciq do fnaterial resultante Do methodo biometrico séricto sensu & inegavel que cabe a F. Galion a iniciativa, Elle mesmo, porém, attribuiu a Karl Pearson ¢ a Wel- don a definitiva constituicio da bfometria. , Roguett-Pinto — Nota sobre os typos w anthropotogieos do Brasil Ne s§ Phaiodermos . N ° 2 7 7 os 64 67 00 * 4 n= oor ‘ Indice cephalico . , Roquette-Pinto — Nota sobre os typos ‘anthropologicos do Brasil | Ne6 Phaiodermos : | 1 = ] TH ee S84 «56 60 G3 SHOOT: wD. 9 n = 320 Indice nasal , Roguette-Pinto— Nota sobre os typos ‘anthropotogicos do. Brust Ne7 Phaiodermos “A {es ae ates a4 sa (aint) . n= 287 By-zygomatico © 136 # , Roquette-Pinto — Nota sobre o8 typos ‘anthropologices do Brasil Nos Phaiodermos 790 @20 880 880 910 940 970 1000 E (aitmetos) Perimetro thoracico a ele Co +.) ao = , Roquette-Pinto — Nota sobre os typos “antheopotogicos do Brasil Neg Xanthodermos 30 * - 20 ] ) | | [ / | 0 {s ee = ° N 2 a n= 129 Indice nasal 7° ene) E, Roguett-Pinto — Nota sobre os typos ‘nthropologices do Brasil Ne 10 Xanthodermos 1m 128120 1 13487 HOSA lines) n = 128 By-zygomatico 136 < Melanodermos , Roquette Pinto —Nota sobre os typos ‘anthropologices do Brasil Neo wr 20) sa 6 64 «67: 7077S Indice nasal n= 175 1.0 Conoresso_ BRASILEIRO DE_EUGENIA 337 guns milheiros de pessoas. E,por outro lado,é a provincia de homens excepcionalmente dotados, como resistencia physica € firmeza moral. Fo- ram elles, principalmente, que conquistaram o immenso territorio da Amazonia. Nao ha um rio da grande bacia, onde nao exista hoje um estabelecimento, por assim dizer civilizado, ou antes, christao. E? tra- balho desses filhos do nordeste, no meio de perigos ¢ difficuldades sem numero. E? talvez a regido em que houve o maior cruzamento leuco- dermo x xanthodermo, ‘A. mestigagem| branco x negro da, em |geral, familias pouco numerosas. Nao por causa de infertilidade; a razao € outra e prende- se sobretudo a caugas ociaes. E? que a fai condigao essencial para a proteccto d; gee é, muito precatia entre esses_mestigos (branco x negro of = devido 4 te de efiucacao. E? preciso nao esquecer que qs segs §v6s foram estrafos, ¢xpostos as peiores condigdes de morajidade. [2.91 se remontar 4 tetceira ou quarta geracao, pode-se alcangar pnesmo africanos anthropophagds... Por isso a mortalidade de méstigos (sobretudo de mulatos) @ muito mais alta na primeira infancla. Mais tarde faz-se uma verdafeira seleccio dos mais robustos. Mas, continuando a sua vida|de homens que nao receberam a minima instrucc&o, comprehende-se que as doencas (sy- philis, malaria, verpinose), muito mais que os vicids (embriaguez) os climinem ainda jovens, Nao é pgr fraqueza constitucional que estes mesticos estado desapparecendo; é!sobretudo-pela-intluencia-de-conditoes sociaes, —” } Do ponto de vista intellectual, os mestigos ndo se mostram, em coisa alguma, inferiores aos brancos. E? verdade que elles ndo sao tao profundos, embora sejam, as vezes, mais brilhantes. Mas ainda ahi é possivel citar exemplos denunciando que é sobretudo uma quest&o de cultura, orientadg segundo qualidades que os povos latinos pre- zam de modo particular. Os mestigos que recebem instrucgdo technica (mecanicos, operarios especializados, ete.), sio tio bons quanto os curopeus. Os que ndo conhecem sindo os mesticos degradados das grandes cidades, onde 0 meio cosmopolita corrompe facilmente aquelles que a educagio nao fortifica, € os que sé conhecem os mestigos opilados ou impaludados do interior, nao podem fazer idéa da perseve- ranga, da firmeza, da dedicaggo de que da prova o do hinterland, cuja sobriedade ¢ proverbial. 1.0 Conoresso Brasiveiro pe EvoENIA Do ponto de vista moral, no entanto, 6 preciso reconhever que os mestigos manifestam uma accentuada fraqueza: a emotividade exagerada, optima condicio para 0 surto dos estados passionaes. O problema das ragas nao existe no Brasil. Negros, indios, mestigos ou. brancos, todos gozam mais ou menos das mesmas consi- deragdes sociaes que s6 dependem do grau de instrucedo ou de riqueza. D’ahi decorre que os critzamentos sio frequentes, dando uma descendencia no meio da qual vém-se filhos que tendem para a raga negra ou india g outros que ndo podem ser jseparados dos brancos, por nenhum dos caragteres indicados pela re natureza dos cabellos, cor da pelle, indice’nasyl, etc. dgses eae sé un (2) io poder descobrir pfopdrgdes“do} corpo: comprimento dos Teed oh Winecta saad cab es barriga da perna.cte. "gerdi, kypos drancos| chia qv & negra, podem ser postos entry os Uvancos mediterranéos da Eyiopa sem que se possam reconhecds, Isso no tem nada de surprehendite porquanto 0 e3- chema mendelianb o explica. E? um erro crer que op fithos de mulatos sdo sempre mulgios. L L — Leucodermos M — Melanodermos P = Phaiodermos 1.° Conaresso Brasiteiro pe Evoenta Consideremos, por exemplo os dois casaes A e B. Sejam dois italianos ou dois allemaes ou dois portuguezes que se cruzem com duas negras. Na primeira geracdo (F. 1), 0s filhos sio sempre mulatos. Em geral, no entanto, a unio nao se faz entre 0 homem branco a negra. E? antes entre 0 branco © a mulata, que & sempre um typo bem coustituido, quando os paes nao tém taras pathologicas. Si os descendentes (F. 1) se casam entre si, € 0 caso mais frequente, teremos mulatos, negros e brancos, segundo as leis de Mendel, que regem os éruzamentos na especie humana, de accordo com as obser- vacdes de Fischer no Sul da Africa, que os meus estudos, no Brasil, confirmam_plenamente. Examinando-se os graphicos, verifica-se que, por simples jogo de heranca mendeliana, chega-se a ver, como eu ja vi muitas vezes, uma crianca branca (a), nos bragos de uma negra, sua avd (ns). Entre as duas forrentes, uma que affirmal a heranca mendeliana na especie humana (Davenport), ¢ outra que g coptesta — (Boas) — as minhas observagdés lefam-me a preferir a ra. No entantoJ o ihdivfduohegto, off og indiyiduos mulatos ori undos do cruzament aqu I4mbrado, nao t¢mJas mesmas garantias de longevidade. Porque} embpra| nao exista a yudstdo \le racas no Brasil, nao é€ menos cerfg que ‘negros e mulatos nao ehgontram a mesma facilidade de vida, ) mesmo amparo social, que os Hrancos. A aceao cdajugada da heranca mendeliana eda selecéo social nao pode, destarte, ser desprezada quando se coysideram os typos anthropologicos do} paiz. E? possivel que a mais notavel tentativa até hoje realizada para a caracterizagio psychologica das ragas tenha sido a de S. D. Porteus © M. E. Babcock, effectuada em Hawaii. O livro que a respeito publicaram (Temperament and Race — Boston — 1925) é obra interes- santissima, cheia de notas curiosas ¢ inegayelmente escripta com accen- tuado espirito critico. No capitulo da comparacdo psychologica dos grupos raciaes do Hawaii, a obra mostra no entanto os pontos fra- cos das pesquizas emprehendidas — ¢ os autores nfo escondem as falhas existentes no proceso adoptado. Assim procuraram elles deter- minar o que chamam 0 Racial Efficiency Index, depois de haver aban- donado as conclusdes colhidas em relatorios de oficiaes do Bureau of Immigration. «The method, dizem elles, of basing conclusions ou such reports and opinions is of course a rather insatisfactory one...» 1 Conoresso BRasiteiro pe _EUOENIA Para o Indice de Efficiencia Racial seguiram outro caminho. A populagao obreira de Hawaii constava de: JapOMeIES™ ws. are ose Lier} a 208 Filipinos. 2... fi 438 Chinezes . - . Sheets 80 Koreaiios gs arse 4 Porto-riquenses..... 0... 7 Hawaiianos . . . : 16 Portuguezes. 2... 62 Espanhoes . . . ae 4 Diversos . . . . : 6 Quasi todos dedicavam-se 4 industria assucareira, seja nx parte agraria ou na nee A respeito\da populagio foram obtidos 25 depoimentos de pessoas conhecedgras da terra e da gente{ 16 fram administradores de fazendas, outros gram, chefes industyiac§ midicos e educadores. As investigagdes Jevardn ‘em conta *apenfis eis grupos raciae 1 — Japontezes;]2-4 Chinezes; 3—]Poltuguézes; 4— Hawaiianos; 110s; 6 — Porto} riqhienses. ons Como § portuguezes frequentemente occupavam os postos de responsabilidade | (skilled and semi-skilled jobs) — fos autores pediram aos 25 juizes que se guiassem antes pela sua fpropria experiencia passada do quéypela consideracdo da «present coiflition of affairs in plantation work}. Isso porque os taes portuguezes «may perhaps be above the average of their racial group>... © questonario de Porteus e Babcock aprestntado aos 25 juizes foi o seguinte: “1, — Group: planning. capacity" Das 6 racas consideradas qual é a que demonstra possuir a maior capacidade de planejar, qual a que tende mais ao preparo do futuro, qual a que mais se esforca por adaptar os seus proprios meios ao fim collimado, «to be long-headed» (sic.). "2 — Resistance to suggestion—self determination” Qual € 0 grupo mais suggestionavel, qual o que tende a agir de accordo com a ultima opinido recebida de outrem? “3 — Inhibition of impulse—Prudence” Qual € 0 grupo racial mais impulsive, 0 que mais age sem adequada ponderacio? 1,0 ConoResso BRASILEIRO DE EvGENIA “4 — Resolution — Determination" Qual o grupo mais resoluto em frente as difficuldades ou perigos ? “5 — Self control” Qual € 0 grupo que mais consegue controlar as emocdes, man- tendo a mesma linha em circunstancias inusuaes? “6 — Stability of interest” Qual o grupo que demonstra maior pertinacia e maior esta- bilidade no rumo do seu objectivo? "7 Sac attitude—Tact" Qual € 0 que menor consideragio presta aos que se ares 4 sua aml Mao el ef Qual 6 0 i: * manifesta mbio fe a ne mais cuidado no cumprimento el itractos € fe es 7 | Dos seis }grupos raciaes do Hawaii, interssam-nos aqui os Portuguezes, os Japonezes, os Chinezes € os Porto-rhjuenses. Os resulfidos_obtidos on pele autores foram 6s seguintes. (Ma- ximo=5_pontos): Previdencia: Japonezes Chinezes . Portuguezes . Porto-riquenses . Resolugio: Japonezes Chinezes . . . Portuguezes Porto-riquenses . 1.9 Conoresso BRasiLeino De EUGENIA Estabilidade: Japonezes . . . Chinezes Portuguezes . Porto-riquenses . Self-Control: Japonezes Chinezes . . . Portuguezes . Porto-riquenses Previdencia: Portosiquenses 22... Fidelidatie (Dependability): Chin Japonezes . Portuguezes Portofriquenses Conciliagio: Chinezes Portuguezes Japonezes . ere eee Porto-riquenses ant aoe Os autores commentam, em seguida, os dados colligidos... mas se esquecem de dizer si no cram norte-americanos os taes 25 juizes. A respeito dos Porto-riquenses escrevem «Racially the Porto Rican is a hybrid of widely different blood stains, a misture of spanish, negro, and aboriginal Indian — (como os brasilianos) — so that in his racial affinities he may be said to out-Mexican the Mexican, He shaws the worst qualities of the Portuguese and the Philipino...» E? quasi certo que os 25 juizes eram norte-americanos. A posigao occupada pelos Japonezes, nesse inquerito anthro- ° po-psychologico, € mais uma prova brilhantissima contraria aos que maldizem os cruzamentos. Si ha povo de origem — hybrida, como dizem os autores — so 08 Japonezes, derivados de velhos cruzamentos entre os typos humanos que tambem concorreram no Brasil: ainos (brancos), mongées (amarellos) e indonésios (negroides). / Nao é precis6 encarecer as falhas do,ttabalho aqui resumido. Ellas se ostentam i(imindsamente, no simples (enustiado do metitodo € dos resultados apragentddos« No entanto, ale)a pena cotejar aquelles dados com os que foram ofjtidos no Brasi Em 1926] Sociedade Nacional de Agricditura publicou um grande volume cditendo os resultados de um inguerito realizado a respeito da immigyago. Foram distribuidas 6.000 girculares, contendo uum questionario d@ que s6 nos interessa aqui uma dhs perguntas: «X—Qugts as idéas de V. Ex. a respeito do trabaihador nacional, sua localizagao, sew apegowa terra, suaaptiddo para a lavou- ra ea criagdo?> Foram. recebidas 166 respostas provenientes de agricultores, medicos, advogados, engenheiros, industriaes, jornalistas, etc. Os resultados obtidos acham-se assim expressos: Francamente favoraveis . . . . 84 Fayoraveis em principio, mas reclamantes de providencias pela prophylaxia, bygiens, educagio © instrucgio Suan) Sem opiniio a respeito..... 2... 22 Desfavoraveis paar ach senate 166 Os vinte e um depoimentos desfavoraveis justificam 0 voto, em resumo, affirmando que sito instaveis, impu tantes ou doentes. A titulo de simples ensaio, de valor muito aleatorio, pelas raz6es apresentadas acima, quando foi apreciado o trabalho de Porteus Babcock, em Hawaii, foram consultadas pelo Museu Nacional 15 pessoas, capazes de opinar — (naturalistas, medicos, professores, enge- nheiros, militares, fazendeiros) — todas ellas conhecedoras profundas da terra e da gente, dofadas de alto censo critico,| representantes das di- versas racas. Foi-l ee. questionario! jdentico ao daquelles autores. Os result ‘pésqutizas- $30 sguintes’ (Medias): 1) rs si Ul. Leucotlermos 4,50 Phaii Xanth Melanddermos . .. . 2) Sugpestibilidade: Phaiodtrmos . . . . : Melangdermos.... . 3) Impulsividade: Phaiodermos 4,00 . Xanthodermos - 3,60 , Leucodermos epee 310 Melanodermoss ss 44+ +, ---- 280 4) Decisdo: Xanthodermos ... . Fy feet sree a0 Leucodermos . . . . pcre 00) - Melanodermos ... . . optic: sie 850) Phaiodermos. . .. . : +> ee, , Roquette-Pinto—Nota sobre 08 typos ‘anthropologicos do Brasil i isu | iy LEUCODERMO ahh MELANODERMO XANTHODERMO av hnl a. oh CAS ego 1,9 CONORESSO BRASILEIRO DE _EUGENIA he 5) Dominio proprio (Self-Control) : 1 Xanthodermos . . a’ 4,20 Leucodermos . . . faiths 1ic244,00' Melanodermos Nee Mehra the «LO Phaiodermos .. . . . + pts wee a0 6) Pertinacia: Seurodermos (an aces vay 4,50 Xanthodermos . ome, ia tee Phaiodermos . . . . . + new e ae ey OTD Melanodermos « Es 2,50 7) Conciliagao: Phaiodermos). . . . . . 3,80 Leucodermos.. . . ss 3,50 Melanoderfnos 2,80 Xanthodehos: 2,50 8) Fidelidgde Xanthodednos al 3,80 Melanodérmos . as: 3,70 Leucodernos 3,60 Phaioderinos . 1,50 dominantes em cada grupo em g-lacio aos outros: Caractere: 1) Leucoflermos — Previdencia, Pertinaci 2) Phaidgermos — Suggestibilidade, — Imptilsividade, — Con- ciliagap, 3) Xantybdermos — Decisio, — Self-Control, — Fidelidade. “ A’ vista de todos os dados condensados nesta menographia, péde-se concluir que nenhum dos typos da populacdo brasiliana apre- senta qualquer estigma de degeneragio anthropologica. Ao contratio. As caracteristicas de todos elles, sto as melhores que se poderiam desejar. Fica tambem provado mais uma vez que o cruzamento, Ionge de ser uma justo ou caldeamento, seguiu aqui leis biologicas ja conhecidas, e de nenhum modo — documentadamente — pode ser ° _ considerado factor dysgenico. Cononesso Brasiteizo DE Evaexta © numero de individuos somaticamente deficientes, em algu- mas regides do paiz, é realmente consideravel. Isso, porém, nfo corre por conta de qualquer factor de ordem racial; deriva de causas patho- logicas cuja remocdo na maioria dos casos independe da anthropologia. E? questio de politica, sanitaria e educativa. Os caracteres de duas racas que se cruzam, diz muito bem Eugen Fischer, ficam lado a lado, nos descendentes a espera que a selecgao suscite 0 predominio de um delles. Srheidt — (1925) — é ainda mais explicito+» «Todas as observacdes figorosas até hoje rea- lizadas — infelizmerite, ainda pouco numeros; mostram que nfo existe dominancia 4e umha raca sobre outra, sédo hs caracteres raciaes s cc particulares herda Csislantaga cofyplexo de caracteres aeterminados, no ¢uzanent, como tal, pdde |desajparecer, ¢ em geral desapparece, repreentartlo}o mestico uma ndva cdmposi¢io de varios caracteres raciaeg‘vecebidos. dos progenitdress, ‘A expresso — mistura de racas — 6 absumla. A mestissagem € antes combinac4o — que bem se pdde aproximar flas que se passam em certas reaccdgh chimicas. As substancias que enttim no phenomeno no apparecem, fo resultante, com os seus caractpres globaes, nem conservam as sugs propriedades. Outras propriedades surgem, entio, que, 4s vezes, fada fazia prever houvessem de|se manifestar no producto da combinacdo. No Brasil € o que se est verificando. E’ pregvcupagao ociosa e _anti-scientit pretender que © Brasil seja uml dia: habitado-por-wm-typo-antiopologico. $6 03 que, erradamente, confundem raga ¢ povo desejam para este paiz aquella utopica unidade, Resta agora saber si os typos da raga branca poderdo um dia por si s6 crescer e dominar todo o paiz; si nao thes fardo falta alguma gottas de sangue amarello ou negro. Os alpinas © mediterrancos € fora de duvida que se aclimatam muito bem sob os tropicos. Dos nordicos ja se nio péde dizer 0 mesmo. Fischer affirma a convicgdo de que si alguns nordicos po- dei viver nos climas quentes o grupo nao se adapta nem mesmo no sul da Europa. Ripley j@ dizia outro tanto, alinhando numero exhaustivo de anthropologos do mesmo pensar. No entanto, multiplos factores, que se enquadram na selec¢io, agem de modo silencioso e seguro. Hoje sabemos que o proceso : 1.9 ConaResso BrAsiLeigo pe EUGENIA selective nao é de facto o infinito transformador de organismos, Mas € fora de duvida que elle é capaz de desarticular os phenotypos, dando relevo aos genotypos. Os documentos reunidos agai demonstram isso mesmo na populagio brasiliana. ‘Aos responsaveis pelos destinos deste paiz presta, assim, a anthropologia, um enorme servigo, apresentando-Ihes documentos que no devem ser desprezados em beneficio de phantasias rhetoricas desa- -animadoras. A anthropologia prova que o homem, no Brasil, precisa set educado © nao substituido. © processo geral de adaptago das racas aos differentes meios brasilianos segue de accérdo com o que a sciencia péde desejar. A anthropologia do Brasil desmente ¢ desmoraliza, os pessimistas. hia

You might also like