You are on page 1of 67
sunlsguer mmm suas nacinslidade, suse Tongs, sas lt pa na pega de sentido univers, & wa tice do Homem, ema et PaaetN iid «psig do homes ms son main al expel, Dataumo Gosatves PERSONAGENS VICENTE LAVINIA... TORO JOSE ¢ ELISAURA ARIANA, ELVINA IESUINA, ISOLINA PACHECO MARCELO MARIA MARIETA DOUTOR FRANCA VAQUEIRO TUPIRA MaRUCO MOROZONT BUGANTA PREFEITO SORNALISTA DRAMATURGO' Mulher de Vieente. Pai de Vicente, Pilba de Marian. Piha de Mariana, Pretendente de Jesuina Amigo de. Vicente Exnoiva de Vicente Mite de Elisaura, Médico da Santa Casa, Antigo Empregado da Fa. valli Uma Prostitute, Vendedor de Doces, Cantora da Tveja ‘antora. Liviea. Uma Vizinha ANIMADOR ... PADRE 2.00.00) ALDNOS DO ‘GiNASIO MUSICOS B POVO DA CIDADE NATAL DE VICENTE Um Professor. A meu pai, elas paixdes que nos separayam ale a0 mesmo tompo nos nian, Jogando-nos em um nastejay ti6 iiverso, mas que levava as mesmag cagas: compreensdo e 0 amon. o io @ mais do que putro modo, uma s0 fima sicessio de Figur nos passa dante 268 lO QU HIRO: PRIMEIRA PARTE CENARIO — Nio hé eenario, EPOCA — De 1922 a 1965 CENA — Quando se abre o pano, hi uma com Dleta escuridio. Pouca a poten, dis. Einguimos alguns casais sentados em tum einema: entre des, Vieente ¢ La vinia. Ouvem-se alguns assobios de protestos, VOZES — Acenda a luz! #ta galinbeito. Pardieire Minuauuuau! Au, du, du, Sul (tietdas.) Miewaduun! Larga 0 0880! VICENTE — Deve ter faltado luz, LAVINIA — if 0 cinema que nao presta. Eu quis assistir a Gece filme quando estava no centro, ‘Todo mundo ‘dizia que era dtimo, Voet nto quis. VICENTE — Nao tive tempo. LAVINIA — Voo6 tinha prevengio contra dle VICENTE — Bstou com dor de eabeca, LAVENIA — Quem manda esquecer os Seutos! (Sabitamente, uma grande tela é iunie tala, onde este sendo projetado 0 filme "AS' AVENTURAS DE TOM JONES". Pasva-se a. cena da cagade. De repente, Vicente, aftito, Tevantarse,) 5 YICENTE — Vamos! Vamos embora, Lavinia! LAVINIA — Mas, Vicente VICENTE — Nao quero ver mais LAVINIA — Estou gostando, ‘Nao vejo nunca um Hime até o tim, 7 | VICENTE — (Grita.) Bntto, fique! (Sai.) TAVINIA — (Sol aivds) Vieentel O que foi, Vie conte? VICENTE — (Aflio.) Nao st YOuRS — Poul Psi! Calem a bdca! Fora! Miguou! ‘v0 momento em gue a cage € pége pelos Gohorros a cent do filme deseporec, et- unto vemos Vicente entrando em Dr ‘tetra plano, carreganico amo malo de via- om. Lavinia vemabrageda e de, eon wna aepressio, prevewpads. 0 filme, de wna Grate tata te estrada de ferro, onde Amite movimento de gaaegeres, de tena que chegtm € parton, € projetado fondo tade. 0 fento ¢ ax taterais do atee) VoUnS — Carierador? Carregador? Taxi? Quer ta: Mo Hospederase Ho Hotel Boa Viagem. ‘Carregador? Taxi? axl? : VICENTE — (Otho para trés, preoeupado) Iu disse oes TAVINIA =A pagem esté com sles no enero, (Acon- hap ey rinoga) cra ge east com imagens das cavinhas. Sa HTIn Assim, ocd fou as coisas mais diticeis, - e = oi VICENTE LAP¥eciso encontrar meu pal. Blo Bee perdida Woe da ita, x noEe te! Mato Grosso, Ha quase Vinte‘Anoa! E necessiario que eu compreen: dda de uma vez por tOdas o que se passou entre nds LAVINIA — (Algo reteseda) # 0 que deseo sci de tudo, VICENTE — ¥ tervivel portencor a um meio, ¢ con- seguir fugir dele, Lavinia. LAVENIA — Nao foi o que sempre quis? VICENTE — Foi. Sonhei com isto ainda adolescente. LAVENTA — Voeé consegulu, Vicente. VICENTE — Mas, ficaram, escondidos em mim, atos que nfo me deixam viver em paz, mo atormentam. O fracasso da minha pega nio me magoa mais. Mas, 6 Sle que esté levantando um passado... que pensei ter esquecido para sempre LAVINIA — Sua poca no fracassou. $6 porque meia disia de idiotas io compreenden yore, 110 Justifica que julgue seu trabalho um fracasso VICENTE — Voce esta invertendo os dados, Lavinia, Foi mein diizia que me compreonden, E minha pe eontava verdades da nossa gente. Gada pessoa que sala do teatro, fazia-me sentir como se 0 men Dalho fosse gratuito, inuti, Paxecia que havla de truide um mundo em mim, e nfo consegutra subst tuf-lo. Bu sei que o fracasso também & positive, m: quando se tem eoragem de voltarse par dentro do-si mesmo e avaliar os erros que cometemos, Devo wroveitilo para entendersme,.. ¢ erluy algurha ceoias, Para isto, preciso compreender daa paseado fe me libertar LAVINIA — B voed to eldjeHano? 0 au ests VICENTE — Eu pensel que tivesse encontrado a eplieagio de minha’ angtstia, de mina vida. Agora, ‘ajo que tenho mentida. A plor coisa que pode acon, tecer a um autor, Lavinia, € perceber que mente ¢ no saber como salt da mente. LAVINIA — Pronto! Jé foi ao extremo, “Agora, €'mentirose, também. Voed exagera tudo, Vieente! VICENTE — Mas, 6 verdade, mea bem. LAVINIA — Voot esté € querendo explicar a vida, através de uma fuge, para um mundo imagindtio, qué serd apenas seu, nezessirfo viver no mundo de todos. No mundo de seus fithos, por exempla, oes vive perguntando sabre a verdade dos outtom, Nunca perguniou sébre as minhas, que sio suas tambim ¢ estdo bem préximas. VIGENTE — Nunca perwuntei?! LAVINIA — Nunea. Mas, en digo: voe8 e quatro filhos VICENTE — (Abrage Lavtnia com carinho.) LAVINIA — £ sempre assim, quando falo de més Voce me ubraga, mas nio nes ¥, Sabe por que? Par= dave vive prisioneivo de uma “ave de seas'de. ago" VICENTE — (Sorry LAVINIA — Uma verdadeire eserayidio! ior inimiga, 3 de seus filha, tara VICENTE — um melo de expressto, Lavh no ona excravida LAVINIA — Mas, quem sofre as consealigncias sou ‘ve meus filhos.Lembraste daguele dia'no cinema? ‘Quando aniu desorientado? Do fine da cagaia? VICENTE — Sei, se, 8 £6 tenho cinco, Minha oi LAVINIA —Qualafoi a explicagio de seu pai dg) gue se Jembrow! 2 VICENTE £S80bx¢ a manha das cagus’ 7 LAVINIA —. la se aplica muito bem ao ave se passa entre nés, Vieento! ; VICENTE — (Alliia-te pouco a powco) Papai dizia aque eertas eagas correm rasto atrés, conftindindo suas persdas, madando de divegao diversas vézes, aé que o eagador fica completamente perdido, sem ssber © ru too que elas tomaram E mutes vézes, slo to esper fas que fieam escondidas bem perto da gente, em lu. gares tio evidentes que nao nes lembramos de pro: Course distentes, deserts de titan de oF trem LAVINIA — (Secode Vicente) Vientet Nao onve Tapio do rom? Desist def? SICENTE — Niow Tu rou, Presio i LAVINIA — Amati mre? VICENTE — Amanhi. Adeus ; LAVINIA — Adeus. (Beljemse com enon) Ci Sido, Viento! Por favor! VICENTE — Fique descansds ie TAVENTA — Adous (0 apito co trem se tranaforma, lentamen- ©) ein om do buaina de-eagn,Voltan os 9 Eu mando Othe as eriangas, latides dos edes. Vicente © Lavinia desa- parecen. A medida que axmentain 0s lac {dos dos edes e se acentua a sem de busiva, cortacse 0 filme. A projecdo de “olides” co lovidos sugerindo uma floresta, ambicnta abstratamente a cons. JOA0 JOSE, otha, to Fizamente para frente, eatd encostade «una arvore ¢ VAQUBIRO, mais distan. te anda & volta, tocando a busing. Jado Jost & grisatho e esté com barba de uma semana, Apescr da idade ainda é forte, disposto ¢ Gait. Vaqueiro é xm negro claro, de ite. de indefinida: tanto pode ter eingilenta gomo setonta anos. Varquetro obserea Judo José, revelando certa preoenpagéo.) JOAO JOSE — Néo adionta, compadre, A eaga amoitou, VAQUBIRO — Velhaea eome esta, en munca vi JOO JOSE — Vamos matular, Vaqueiro. -Depois rastejamos, VAQUBIRO — # a tercoirn vex que ela volta rasto JOAO JOSE — Esté ouvindo o tide? Escutat YAQUBIRO — Ba Lambiseoin. Cachorra:briosa JOXO JOSE — Bla acaba levantando, Deixa trabae naw, VAQUEIRO — Se no levantat, eu levanto, ‘come acl JORO JOSE — Deixa o eabrito brinear, Vaqueivo, le também tem diteito do ter bio, Um ilia a'uente pexa, 0 rad VAQUELROss-Numess caneogue’ tumithacio de of tingueiro ens parupa de cavalo, compadre. JOAO JOSE — Nem ou, (Pousa) Minha mite eostu- mava dizer: “p'ra eatingelro, s6 eagador matreiro" (Quando Jodo José yroruncia. a patavra NAB", ilumina-se o quarto da cast da rus 14, onde MARIANA, deltada, fama em tim eachimbo de barre. Marland tt menos quarenta e chico ens, tem sma expressdo xm powen meaeulina Os eaelos so gua ‘ra en rande coque.. Percabe-se que ela ndo ¢0- Ihece a eaidade, @ nto ser como casa cs Surdeel nos outros. As sobrancethen sto troseas, ex midos dsperns © tem buso lige. Famente wcentaado ; VAQUBIRO — Si Maviana sabia o que falava. (Ob- serva Jodo José) Compsdret TORO JOSE — Que 6? ‘ VAQUBIRO — Set que o senhor néo gosta do. OKO JOSE — (Corte) Se no gosto, no diga,com- baie, VAQUEIRO — As vires, earece de falar. OKO JOSE — Que &? VAQUBIRO — Nao tem vontade de volta, com- patre? TORO JOSE — Nav. VAQUBIRO — Bu tenho. OKO JOSE — Verdade, compare? VAQUBIRO — Tento, sm, JOKO JOS — Agu nfo tom in, rd mia cer povteltal VAQUBIRO —~ gente pode fear doente, JOKO JOSE — Se tier, a natures evra (Oden Maths do ave nqvls Santa Cana’ Ene ene) mort onde bempre tive vontade: no maa te Bepoiyeompadre, somos pares re altar cera ras. Bee mil tlaelren! Gre vamsoe creme ae Cola ain? Je parson’ VAQUEIRO — 86 p'ra dar uma othnda, eompadce, JOKO JOSE — Se noticia ruim nBo velo até aqu, & Dora etd tad fem VAQUEIRO — Tero sandade das srentnas! (Quando Vaaucire aie “AENINAS", wna Ins dius ihemina a ala da case tavae t ISOLINA '¢ JESUINA, sentadan oP, CHBCO, dé 94, enti extitione, Testine's Teolina vestemse mais ou menae ipcars Htios' em tone escuros, comprato, ote Imanaae até os pulses: gla aha fockade Bibre'0 pescopo. “A tudnctr de Sestne tuna’ mistura de antiga ¢ moderna, ode bredomina 0 antigo. Bao a tuoneeninn de fatromo aston. Perechese as ee sogi Motto genton, aa “onenatt Im meian protean «pasion de one Wo. Pacheco apotactegm ine berguie oun @ niidamente do coméco ds seria Balto todon entre‘oe aasonte ser anos Tago tl figutas te nite gate Wem dopinttos JORO 108 — Anpato ame eno sonindas na ss Bonvorannds Gm ePashese. Sedona ti aioe Se YAQUEIRO —Ifomem sober, aque JOKO JOSE — sina eta flandoem lord Aston. VAQUEIRO — Quem & eompatee? Bags df TOKO OSE — Nio, Morten nim aso chanado mane VAQUEIRO — Coitado! TORO JOSE — Nao agientoaqvilo dois dia, (En Serv 6 ase) Vanes age oto Joss inantass, As perncias ‘de Giro, préses © cnt, cuenta 0 sen Dore te delampentto. 0 sorrieo fora eet fat fs seronoy com guatguercoten de inant) KO JOSE — (Gna, com grande forge de vide) Bauru! Fanfarest Mebstrecs toes 4 bain oe padre Bots toes cachorren pra taba (Pagel Pol bustrande) Vamos encinar Prt tra raitaco Se evar rusia air & ats gue emp (foto José pve, sibilamente, ovando a as 0d pei opoeteaat ema Cente (8 anos) apardce atrin da driore « cominke, edimirando a tua) VICENTE — (5 anos.) Papai! P quebrada? JOKO JOS — (A4uia 6 tom.) nenhuma no ¢éu, Vieeate, VICENTE — Eu vi no livro, JOKO JOSE — # deserho, meu flko VICENTE — Vi também no c6u ¢ estava quebrada. Por que, papal? JORO JOSE — Nao sei, VICENTE — (Um poueo aflita.) Por que a lua fica quebrada? Quem sabe? Ninguém sabe) JOKO JOSH: — Vicentet VICENTE — Senhor, JOXO JOSE — Voct ja sabe lagar? VICENTE — Nao. TOKO JOSE — Lagar é mais importante do que saber porque @ na @ quebrada, VICENTE — Por que?! TORO JOSH — Porque é Quer aprender? VICENTE — (Afastando-se, até decaparceer.) Se 0 Senkor me expliear por que n lua flea quebrats, prendo a lacar também, (Sai) VAQUEIRO— (Yotta correndo.) Que foi, compadve? B aquela dor novamiente? ORO JOSE — Nio foi nada, VYAQUEIRO — Esti pensando no mening, compa re? Estava falando sozinho outra vee! ‘Yanon co embora, eompadre! Pela amor de Deus! }OX0 JOSE — Deixa de bestoira, Vaqueito. Corre! Que esté esperundo? Aquéle velhaco vai embarear vo estou vendo Tea VAQUERO-A cs esta bom mesmo, compadred JOAO JOSH AE"Maf" thie do que esta érvore, figado, Herd de iamilia. “La em casa, todo mune 40 sofria do figado. endo, Desaparccrm of "lata: Vaquetro fi tocando a busine, que va se dvtanotane to oc confusdinto ao eptto do trem gue reaparece. Morfana, Telia, Jesu’ ¢ Pee theco movinentancse. 0 spite de trem pea de ealo pare quarto em toned erent: mdauine eidttca ¢ de téeade de VINTE. Pacheco olka orelogie. ‘Marien, serena ns teraz fame an fo-a fumege con ts mos’ ‘Pevechese ve tia‘ eatd rade com eama Ne sd Fenvina ¢ Talte fasem croché. As mes te Tetina “trectiam sutomitictment Tsotina tem 0 penanmento longee deen sata, sé-se Pacheco, com iificudade, pe. trlvada roma anabidade de Paekeen Quando fata, Pacheco no encer. ts pe tonm visonde o carpe Mgeeencds darn oe outros. Os te eonverstn, dado & inpresoto do que ox aamuntos foram Inthaven de vce reetidoe.) SESUINA — (Ouvindo @ apito do trem.) airasado o trem, senhor Pacheco? PACHECO — (Guard 0 relégio.) Como sempre JESUINA — Pensel que o servigo houvesse melho PACHECO — 0 que nasce torto nfo tem consérto JESUINA — De primeiro, andivamos de trole @ ha- via tempo ra tudo. Ha tanta velocidade perigosa ber af, @ ninguém acha tempo nem para ister os PACHECO — As estradas de ferro sempre foram muito mal organizadas, Falta de gente especializada, JESUINA — Nio sabem nem esperar uma senhora ‘deseer. (Olha Pachecr.) Antigamente sabiam expe- rar e ainda davam a mio a gente PACHECO — Delicadezas! JESUINA — Mimos! Mimos, senhor Pacheco! ISOLINA — (Voltando de seus pensamentos,) N&o te pinguém? PACHECO — Ninguém. Tea diving, JESUINA — Por que? PACHECO — As jéias, 2 riqueza e 0 orgulho que hhavia dentro do.navfo, pesavam mais do que éle. hha que ir ao fundo. OLINA — Disseram que nem Deus afundaria 0 Toni. Vicia! ACHECO ~~ Presungées, ABSUINA — Riqueza si trax infelicidades ea Aude e a beleza, castigo de Deus. Que vale a bole Who é, senhor Bacheco? Apardncias, JWOLINA — Lord Astor parecia um principe en aco, (Otka Pacheco.) Um alhar profundo, ISOLINA ~-Hetidil, gentil, Lembrava wm po doutor Fraga, PACHECO — A mesma fronte altiva ISOLINA — Porém, perdia para 0 doutor Franga, Lord Astor era apenas um homem de escol., Frangs fera um grande meico, homem earidoso perdido nes- te sertio, Cientista! PACHECO — Que fot feito de Franca? JESUINA — Volto para a Bahia. TSOLINA — (Suspirante,) Morreu mima cidade so- litdria do interior PACHECO — Magoas insondiveis. ISOLINA — Ainda sem mulher. to triste um jhomem sem companheira, PACHECO — Ia tio bem aqui, Por que partin da- ‘quele jelto, da noite para o dia? SESUINA — (Olha, Higeiramente Isoline.) Coisas de PACHECO — Levei-o A estagio, mas nilo me disse nada. ISOLINA — (Sorri « Pacheco, agradecita.) (Os trée tém um momento de evocasio. Mariana agita-se na cana.) MARIANA — Doutor Fronga! Doutor Franga! RANGA — (Aparece & porta, todo de branco,) Esta entindo alguna coisa, dona Mariana? MARIANA — Claro que nfo. Nao é necessirio um xame rigoroso, doutor, (Algo enigmdtéca.) Ainda fe fOsse em Isolina, Etelvina € forte como Gm boi de carro. FRANCA — 0 que tem Ieotina? {ARIANA — Anda com tanla suspiragio. (ten cong.) Tsolina nao sage se quetsar de mala. Nusen sal o que sente. “0 senlior & mien, quem sabe pode descobrt: Depots, 6 una fa exnln. De pe das raras, Ja disse a ela que tera que prestar got tas a Deus. i eis FRANGA — Por que, dona Mariana? ARIANA — Quem nasee com as qualidade dla, precisa fazer muito na vida, Nao \ 6a das Ue Deus tantos dotes, lina ainda no chen? FRANGA — Nib. MARIANA — (Irviteda.) Ande depressa, doutor (nem est&-doente ste eu FRANGA — (Serri, sentindo 0 cheira da jumaga.) Wstard mesmo, dona Mariana? (Franga sai. Mériave retoma 0 eackinbo com une expresso de enfado com Praca Pacheco mspiva.) JESUINA — Dizem que Jord Astor era também poeta, PACHECO — Na minha modesta opinifo, cea 6 tn érro déle, Brro grave! JPSUINA — Por que, senlior Pacheso? Os poctas fnbeletam a vids, PACHECO — Falar & tua, perdido em alamedas, & nis pra aluados. JHSUINA — Homens sensiveis, senhor Pacheco, Lembra-se, Tsolina, daquela eouferéneta lina de Coc: Iho Neto? 8 ISOLINA ssa, Fol quando Elnura brig rier eer mse aoa SaBUiNa cosa fe ISOLINA — oem, Jofo Jon achou Coelho Ne- fe mie tanto sau'da confetnca TESUINA’ = (Zvomno) "Vim como mariposa testa pai ily peeps npatzsets ka caste Shr cna ne Zitus Soe tvvat™ PACHECO — Tesho parn mim, que cnera& iste tomisio que dé prejtan ISOLINA = Fol que Joo Joxé esl dendo, li- tsura ficou io rngondayeclad, PACHTCO —he ngdeo de poesia mea deu nada TESUIER (roc. a, senor Pasion! Quan ta deuusio! PAGHICO — A verdade & que haf. sempee, quem Quer mops, mse com ope to. ISOLINA — Por fsto nto ee caso? PACHECO — (Como se J enpoaate x porpenta) 6 ogo naseeu da pads, a peda naseeu Qo eo, it~ mezanaee dos of eset do eoragto, Nio nce, TESUINA — Mar isto € poetat, senor Pacheco! PACHIECO — Singles trovar, SESUINA — 86 tenne amor uma ver na vidhs Ma sie ina: quem ese cont guage tn et al quer sorte BACHECO — Muthor de eartus, dona Mari ISOLINA — day ito jena IRSUIA — Oi SUN te ado eaalimea, Non ha em ih JESUINA — Nho sit que peazer voeé tem em falar dover ISOLINA — sou falando que mame era injustae Plo que en saiba, nfo reebomes ain, notin de morte de Joo José JESUINA — Quem pode saber, Seo naguela ISOLINA — Mortos ov nfo, nfo defxam de ter sido injusies, A’ morte no, apagn essas coisas, uito menos a impiedade. ‘Suns marcas ficam em nés pare tidla-a vide. Penso que nada notre, Pacheco, ‘Paso ermaneee fechado enire as Paredes, nas gavelns, {garrado 208 objelos A — Bnelausurade no corasio, dase relicnio 10 — Que foi feito de Vicente? A. — Nunca nos mandow noticias. Mudow ‘le nome, senhor Pacheco! Quer ingratidio maior? ISOLINA — Nao muon, nome literdrio, JESUINA — Para mim, mudow, Hé poueo tempo foi que descobrimos que ds dois nomes eram de uma 1 pessoa. Renegou até o ome do. pai! Batio, isto 6 coisa que se Faga? PACHECO — Melo sem propisito, (Btetvina entra enuzngando as méos no avental. Embora sefe a mais mica das finds, Etetoina tom a enbera. completa mente grisatha. Seu roato, porém, € mogo Geurtido de so, revelanda ser a finien ie faz vabathos fore de etea. Bu mate pe reside com Marian.) ETELVINA “0" ouvivam, hater 8 porta? ISOLINA — Ni! ETELVINA — Preciso largar a cozinha e atender? E vooés sentadas saul ISOLINA — Nio ouvimos, Btelvins. ETELVINA — # sempre assim! JESUINA — Nio sox eopsira ETELVINA — Nem eu, cozinheira, Mas, ee nio co- inho voc#s morrem de fome. (Dtelvina sai.) JESUINA — Comer é tio prosaico! PACHECO — Fastidioso! (Btelvina volte.) ISOLINA — Que foi, Btelvina? Por que esti assim? ETELVINA — (Mostra o telegrama, meio passada.) JESUINA — Telegrama?! Para més?! BTELVINA — Esti em sou nome, Isolina ISOLINA — (Nervoca,) Entio, abra, Htelvina! JESUINA — Nao gosto de telogramas, senhor Pa- theco. 6 trazem noticias més. PACHECO — Mensageiros funestost ETELVINA — Morte niio pode ser. Nao conhose- ‘mos ninguém fora dagul JBSUINA — Esth se esquecende de Jose José’? ETELVINA — Meu Deus! ISOLINA — De quem é, Btelvina’ Diga logo! ETELVINA — Louvado seja Deus! SHSUINA — Deus nos protejat! BTELVINA — (Nion euaswro,) tt de Vicente, JESUINA — Vicente? Que Vicente? ETELVINA — 0 filho de Joio José, Jesuina! ISOLINA — Vicente?! JESUINA — Voed leu diteito, Btelvi EYELVINA das nove. Ar Vicente," ISOLINA — (Comavida ¢ ansiosa.) std com sati- dade da familia, Ble tem familia! Somos n6s! Somos ns, Btelvina! JESUINA — Claro que somos nés telvina? Vocé vivia aeusando o coitads, Estas lrabathando, estudsndo, ilustrands-te, honrando © hhome da fama, "ACHECO — Ds comunidade! TELVINA — Podia ter nos visitado, mandado uma artinha de vex em quando. Para mim & eomo 6 fosse um estranho, ISOLINA — (Terne.) Vicente era muito solitévio JESUINA — Um poweo new ISoLINa (Li) “Chegaved quarta-feira, trem joao rever familia, Abragos sobrinho Esta vendo, — Incompreendido, nada.mais! (Tlunine-se wma vitrola, onde Vicente (23 anos) estd sentado, ouvindo em grande concentracto, Marin “Cenigtic cantando “Vissi darte”, da dpere Tesea do Puccini Por wm momento, todos fieam evocativos como se eseutessem a misica, Arrebate do, Vieente fecha oy thos, segundo cone fas méos, « modular da vor, Quando termi= ne @ misiea, Vieente desaparece,) WLVINA — 2tais do que um estranbo, que nunes consegui compreender, Um me- SOLINA ~ 14 Bit BTELVINA fa era dor © esproitati 5A'Ble) JESUINA = “Xpéblo que agora as 6 RTELVINA — (Saindo.) Preciso vor o que ten daespensa. ISOLINA — Vamos receber muitos convites! JESUINA — Nossa ca outea ver! ISOLINA — Podemos dar reuniées, ferarins JBSUINA — Convidamos 0 poeta do. jornal PACHECO — 8 um bardo e tantat aitas vao nos vai ficar cheia de gente TESUINA —...a cantora da matriz, © dout PAGHECO — Homem de tidas as luzes! SESUINA — ...e.,.0... enfim, as pessoas cultas ao lugar. PACHECO — Os homens grados ISOLINA — 0 filho da comadre Eulilia reeita muito be JESUINA — 0 fitho da comadre Bulélia esti com mais de cingilenta anos, Isolina, « 6 notdvio, ISOLINA — (Desolaie.) J4?1 Mew Deus! BTEI.VINA -— (Reaparece,oflita.) Hoje no ta-feien? PACHEGO —- Até a meia-noite, ETELVINA — Entao, que Vicente vai chegar JESUINA — Agora mesmo, Saito Deus. Ainda bem que o trem esta atrasndo, 2 i ISOLINA — Vamos telegrafar a Joo José JESUINA — Venha conosco, senhor Pacheco. (Sibi. ‘amente aftite.) Etelvinal Voee sabe 0 que eseritor gosia de comer? STBLVINA — (Inipertigada e impertinente,) Antes de ser escritor, tem o nosso sangue, Jesuina’ Bastan-~ te carne de poreo, biscoitos e frango! (Saem. Franga entra no quarto.) FRANGA —'A senhora tem razio, Btelvina é forte ‘como uma eolona! range € de mein idade «hi qualquer Sirs He stent rla-ren, en ‘oslo ésoreno ¢ 08 geaton, salmon Arri- tim conatantemente neato, que cai wo reste) MARIANA — 2 a diniea que me puxou FRANCA — Agora nés, dona Mariana, No hi mais, prtextos, MARIANA — Basta um purgante, doutor. PRANGA — Por que? MARIANA — Isto 6 figado, A familia tOda sofre Ao fix, PRANCA — Como sabe, dona Mariana? ARIANA — Nao posso comer vo, si chupo lima, Howlin ro toma leite, Tzolina nfo stporta laranja e ils Josh iio pode nem ver abacate, Fiea tudo de- Wanjado, Entio, mio & figado? ANGA — Parece, MARIANA ~~ (Qhgerva Franca.) Que idade ter doutor? FRANCA U@idenlis sal MARIANA "Esti na hora de se easar. FRANCA — Ja passou, dont Mariana MARIANA — ‘eu masido também aiando se ca. fou, ja era madurdo assim eomo o eenhor. Ja tinha Farréado bastante, queria sossegar, Si0 05 melho- res casamentos. Casa e sostega, Nio esti vendo a Dburrada que Joto José vai fazer hoje FRANGA — £ na idade déle que a gente deve se casar MARIANA — Meu fitho precisava de uma, eolona, uma italiana daquelas, que o prendesse na fazenda, Sitesee éle teabalhar, ou trabalhasse por éle, Como feu fiz! Maca educada em eolégio de frelra, que Te livro em franeés! O que pode eait dai? P'ra tim, sso eassmento é o eombgo do fim, FRANCA — Pode ser que scontega 0 contririo, dona Marians, MARIANA — Qual! # 0 Oyo @ o esptto, Comprei esta casi s6 por causa de minhas filhas.. Querla tr ranjar casamento para elas, (Insinia.) Garanto 20 senhor que qualquer uma das minha fillns, val acon. panhar o marido, Seia ld p'ra onde 0 dewpragad for. Sabem as obrigagdes de uma mulher, Costar lum pouca déste neyécio de moda, Mus, com a idade, isto passa. FRANCA — Sio moeas, MARIANA — Mas, felas. Me puxaram, 1 homem € bicko muito A-toa. Gosta é de cata bonita... ou Pernas. Casa... ¢ logo pie outra por conta! 0 se- nhor € diferente: médieo, Minhas filhas precisate de um bom reprodutor, Um, assim eomo o seuhor 25 FRANCA — Obrigado, dona Mariana. MARIANA — Conhego o senor. Pensa que nfo set MART ain por af ns gemadas que toma ert casa SRANGA (Ri) Se estou no tempo das gemacissy ERAN a mais emt idade de me casar, dona Mariana. MARIANA — Repée, quem gasta muito! (Shiba, MART NGonhece 0 Pacheco? © dono da companhis de troles? PRANGA — Apenas de vista ARIANA — Hoje, vai partic daui, © primeira MARIA Niue dle devia fazer? Pegar os troles © ven. treme Cideimar.. Mas, nfo! ‘Vai tentar chegar no Jer uitige primige do que o trem, sb para, desmo rriieatrada de ferro, Nao ¢ capadécio? ‘oma xeagio natural, dona Mariana. NARIANA —- le ands. festejando Jesuina. Mas Wien mim, Gai nio vai sar nada PRANGA —- Sas fithas of simpétiens, dons Ma- MARIANA — (Répide.) Por ave, fom la? om eYGA — Por que wo me caso com quem, dans Mariana?! MARIANA — Teotina! Bla gosta muito do senor MARIAN Tie & uma moga salia. Nio tem doenga hienhwna WKANGA — Dona Mariana! . MARIANA — uma 6tima menina, Bom! Nlo ¢ Be etine esi!» mad ser uma boo comps: i FANGA — Nio duvide, Bas, nto pretendo me sin MARIANA: SISNAG'diga isto, doutor, Homem teino 6 trate ERANCS £=46erdade, Nao gosio de Isolina para MARIANA — E Jesuina ou Etelvina? FRANGA — Ova, dona Marianat MARIANA — Com qualquer tims o senhor sera feliz, (Pereebemos Btelvina ne porta, Um Enargo desencanto estampt-se em: seu ros- fo. Logo depois, desaparece.) NA — Algum easo detsado na Bahia GA — Nao, senbors. MARIANA — Entio, no hi problema, Ei Eamento, gostar € 0 de menos, Afinal, 0 que sabe sametmher? Somos Tevadas plra cama ¢ parimos. a'mais. Quando mina mie me participow que de ia casar, eu estava dentro de am régo d'dgua, dan $5 bono em minha boneca. Nao me perguataram & queria ou nao. Com quinge anos, me vi em uma se rom unt homem barbudo ao men lado, Sabe 0 uefa? Bringuel com a barba déle,.. e fiquel ss- Benda o que ert um maridot RANGA —--A senhora sempre disse que fol felt MARIANA — Se felicidade 6 soguvanga — 0 ¢— foi muito, até que descobsi a flauta, FRANCA — Flauta?! MARIANA — Men marido tinh uma... que dle Tactava come aim objeto angeado, Se Hernardino nfo tigease morrido, tinhamos fleado na miséria, Morreu Ga hora esrta,’ Que Deus 0 guande! Pari mim, na ‘quola flanta extava todo 0 mal FRANCA — Ora, por quot MARI F a ra qué um homem quer uma flauia? vida no € feita 86 de trabalho, dona Mariana! MARIANA — A minha, fol. A déle, nfo, FRANCA — Um homem que tinha trinta mil al- queives. MARIANA — Bi trinta mil divides. FRANGA — A senhora esté amarga, hoje. MARIANA — i a verdade. “A vide era aasim, Os homens aprendiam a andar depois que anbiam mon lax a cavalo. Passavam a vida eorzendo atrie das cacas.Enquanto isto, nés mulheres, olhvamos a3 fazendas e as dividas amontoavar, FRANGA — Onde eeta a flauta’ MARIANA — Na fazonda. Um dia, eu dou sumigo helt, Guardei s6 para ndo me esquecer dos nezocies ‘do mew mavido. Para cada compadte que vendia uma fazenda, dava duzentos ou trezentos alqueites de pre- ente. Recolhia em casa, todo mundo que vis. "A humanidade € muito sofvedora, Mariana!” diza, Também!.,. era s6 Ge virar as costa, en punba tit, do p'ra andar, (Pavsa.) uma pena, doutor. RANGA — (Foge ao assiaito.) A senhora ests mn forte do que Btelvina. MARIANA — Eu sei. $6 vou deitar p'ra morrer. FRANGA — nto, por que mandon me chamar? MARIANA — Igolina! finbas fdhas nfo tém nenh- tua inieiativa. Pensam em voods e falam da tna, 130 ‘ai gostar do senhor em silénelo até 0 timulo 1» € 9 bieho mais bébo que Devs esqueces no undo (Paxsa.) Btelvina serio hotmem da familia ‘morter, as outras estio perdidas, PRANGA— Quanta amargura! A senbora esta doen le, mas’é da alma, os MARIANA == Eucaei, doutor Franca. Sinto aquf jentro, Com anpertida <éste trem amulta goisa va seabat FRANCA — Batrada de ferto é progresso, dona Ma viana, 86 pode trazer coisas boas MARIANA — E mis. Obrigado, doutor Prange (Chama.) Eielvina! Etelvinat Acompatthe 0 doutor Pranga. FRANGA — A senhora me permite? MARIANA — 0 qué? FRANCA — Gostaria de beijar sua mio MARIANA — P'ra qué? FRANGA — Admiro muito 2 senhoi MARIANA — Nio gosto de beijagio, Até logo, doutor, FRANGA — (Sorré) Até vista, (Sai) {Pereebese a profinda preoeupagto de Mariana. Jeouina ® Ieoling entram, vine das da rua, vestidas no rigor da moda, mes trazende pano amarrada d eabega. As dues formam ‘contraste bem acentuado coin Eteloina, "Esta, examina as armies com autmiracto sccreta,) JESUINA — Ah! Bom dia, doutor Prana, ISOLINA — Bom dia, FRANCA — Bom dia, Como vio? SBSUINA — Muito bem. FRANGA — Esperei-as, mas agora procieo ir JESUINA — Mamie pensa que ainda estamos na fazenda, quando a visita do médieg erm aprovoitada até para as vacaa! ETELVINA — Onde foram? 29 ESUINA — Arrumar a igveia OLINA — Bsti Tindal Um ninbo de flores! RANUA — Hntio? Tudo pronto para as bodas? JESUINA — Tudo, TELVINA — E Joti José? ISOLINA — Fol se vestir no hotel ETELVINA — Ni vai aparecer mesmo?! JESUINA — Cabegudo, sé le. I ISOLINA, LINA — Também! Mamie tem eada uma! # a ga de quem Gle gosta, nio é doutor Franca? ANGA — Demonstra que & ESUINA — Palxdo amasadoral Jouo José disse que nfo visia aqui, se sme mio #ésse a9 cxsamento. Cumpre a palavra ETELVINA — Mas, mame esti doente! TESUINA Jodo José nto acredita, B quem aere- ita? Bla vive dizendo que s6 deita pira morrer! y Is 1 (Sidbitemente, Jeauina tira 0 pano da eo: eon. 0 enbelo eartade “a la yarconne”, di « ela tom tome Kgeiramente ridieute.) ‘SUINA — Tire também, Isolinat LVINA — Mas, voces, OLINA — (Paceira.) O que tem nés? TELVINA — (Cont inveja ora.) Cortaram o SUINA — Gosta, doutor Pranga? ANCA — Esti usando muito INA — Somos eseravas, mas da moda. Nao fi a Isolina? — Para as diss mas preciso me FRANGA:“UPulsie ber! ETELVINA02’AWAA FisRO T8ACY FRANCA SLBMpero que gostem da festa, JESUINA — Promote muito. ISOLINA — Nao vai, doutor?! FRANGA — Nao post. JESUINA — 0 senor € tho solitivio! ISOLINA — Temos tio poucas festa JESUINA — (Ola Isotine,) B raros casamentos, ISOLINA — Nao vai nem a estagio?! FRANCA — Nit silo todos os dias que assistimos ao naseimento de uma estrada de ferto, Mas, tenho obrigagées, JESUINA — (Amenge com 0 leque.) A-vida vai pasando, doutor. FRANCA — De qualquer maneira ola passa, JESUINA — Pode passar em atitudes namoradast ISOLINA — (Com mais evidéncia do que penea.) Cheia de afetos! FRANGA — Ou de'espizhos, SBSUINA — Séo of afetos que nfo deixam os esp. hnhos naseerem, FRANCA — Alfzuns jé nascem conosco, ISOLINA — (Falso horror.) Mew Deus!,.. quanto JESUINA — © seresteiro da moda vai cantar na teaticho, ISOLINA — O Gondoleiro do Amor ANCA — No € una eangla Impropria para» SESUINA — & a dniea que éle canta, ISOLINA — Sabe que a Corina val reeltar, doutor? FRANCA — Ontea vert! JESUINA — A Morte da Aguia! Jé ouvimos & mor- te desta dguia milhares de vézes, ISOLINA — A Morezoni vai repetir 0 sueesso de domingo “Vissi darte, visi amore”, FRANCA — Bla canta bem ISOLINA — Vai cantar em cima da plataforma da miquina, Imagine, outor (Com fragiidade wm pote fe acentuada.) Tn morrerin de mde! RANGA — Tem coragem, Bom! Espero'que nin- sim tome o trem sem querer ISOLINA — (Ouve-te a banda que te aprozine ¢ vaese.) Nem 20 easamento a senker vai? FRANGA— A Santa Casa me enpera. JESUINA — Nem t0as ag pessoss de quem o senhor iteve euldar, estio na Se a'Case, doutor ISOLINA — Doutor Prange parece nfo gostar de ceriménias Tatinas..'Nuea 0 vemos A misse WRANGA — Sou descrente ISOLINA —(Paceirn.) Desitusées?! FRANGA — Sou livre pensador. ISOLINA — Abt Que colsn mais fea, doutor! JESUINA — Os homens ste assim mesmo. ‘NGO hereditam em nada! RANGA — 'Apenas disse ue fago_pensaduvas Caratvos. ISOLINA — Um jago de equivocos? VRANCA — (Ponelizado,) Sim, De oquivocos. IRSUINA — rocadithista? Mais ume prem de ex- Brito ue aio, conhoela no senhor PiaNGA tent multas acuta, até topo Divictam-set UINA — Ate toro. DLINA— (Sussurvo,) Adcus! (Franga ex.) JBSUINAO- Cup ne otheseerme rapt) "RR ‘pguentavarmais minha cars. ISOLINA — (Trite,) Muila gente vai se ralar de Snvej. JESUINA — Se val! (Sibitamente,) Vooé notou al ‘guma coisa, Iselina? No dostor Francs? Bstava com um ar misterioso, Pareceu-me tio esyuive! ISOLINA — Cientista! Sto. misteriosoe como os poets SESUINA — Devem amar também como éles: em ‘leneiot ISOLINA — (Perdida,) So 08 mais sinceros, Du: sadouroe! JESUINA — 0 meu Pacheco nfo 6 poeta, mas tam- bam ge mantém em silencio, ISOLINA — £ sentir diffell de se externar JESUINA — Mas, descobri o meio de fazer Pacheco Se declan ISOLINA — £7! Como?! JESUINA — Vou mentir que seguirei na primeira viagem, ISOLINA — Que étima! Val fiear aterrado. JESUINA — Subirei na plataforma, prometendo es. trever e quando éle fiear desolado, recitarel Da bdea farel tintelro, Da Hngua, pena aflada, Dos dentes, letras midds Dos othes, eartas gravadas! JESUINA — Af dle ge declata.. @ partizemos jun- tos! Partir! Partie! Que aensagio dololtoya! Partir para cuaiquer lugar (Othacta ag eat.) ISOLINA — (Ollie no expel.) Naver em tran- ‘utlinticost . 3 FESUINA — (Ollase wo eaato) ioe IOLINA — (tteaewo epi) 8 TESUINA = (Olesen exptioy ds dy eb A ines lee inde signet TESUINA “Cotta wo enpetio) Sto a agar corages! TSOLINA' =" (Sibement) Veet val magote hint Oe ta | Hele eonosono? VESUINA'™ Dir queso tf rigorifio para rine h vita de Se que sal apie ea ISOLA" ""R claude te comenta! JPSUINA fle to stot, Ie operat Bs- Ui sore eto oes is alee "Haynes Aven ‘an nyiptin veel © qo echans Quem & anvels de arminho tf a expelio.) Com vestido per- Je- ISOLINA — Mew amor, mew doutorzinho! ‘Mew amor, que Deus me dew! Dona Mariana governa tudo! Quecer bem, governo en! INSUINA — Que lindo! (Canta dante do espetto.) Tua voz é a eavatina Dos palicios de Sorento! PIBOLINA — (Acompanta,) Por isto ex te amo queridot Quer no prazer, quer nw dor! enpelho,=vetoenndo- ‘coo. dente: da ct ‘eusamento.) tifa 8 inte te Depois, desunifen asmeino tempo, ETELVINA — Mamie! Vou ao easamento, MARIANA — Jodo José nio vem mesmo? ETELVINA — Nio, senhora, MARIANA — Aqutle eaboca dura. ETELVINA — £ bem filho da senhora. MARIANA — Teimoso como uma mula BTELVINA — Vamos, mamae! Ainda dé tempo, MARIANA — Nao. Nao vou TELVINA — Fica flo, mame! MARIANA — Que me importa. J estamos entran. do com o noive, Btelvina, a tiniea coisa realmente im- Ba mais dificil! Voeés ETELVINA — A senhora devia pensar em Joo Jost MARIANA — £ por isto mesmo, Meu filho nfo vai er feliz ETELVINA — Por que no? Val easur com quém ost MARIANA — Até parece que milo eonhece new Irmo, ETELVINA — Corthego muito bem, MARIANA — Joo Joné 6 um cubic ‘que nanea Tew um lisxo, Primitivo e selvagem como rn potro, Nio estudou, ndo tem profiasll, depend aid £2 zenda! E com quent vat easar? Com a fillsn do coro- nel Sebastido Villela, um homem que nunca saiu da cidade! Uma casa onde 40 toea piano! Moga de eida do! Diante-do primeira taeho de anbio, vat desmatar. osso ir nesta igreja, se é isto que vou ouvir © padre falar? “Nao, néo von mesmo. ETELVINA — Bles ierdo que viver eonoseo, mame. MARIANA — Na fazenda. Aqui, nto (Stbuamen, te.) Vooé nto pereebe que suas irmis vao depender Ae Toko José ou de vocé? Se perdermos 0 que sobrou, vocés vii viver como? De bisa? LVINA — A gente trabalha, mame MARIANA — Vocé trabalha! Quanto mais penso, ais raiva sinto de Bernardino. BTELVINA — Nig fale mals de pa Morreu, MARIANA — Trinta mil alqueives jogados fora! aquela flauta! ELVINA — Nao vamos falar sObre isto, mame, Por favor! MARIANA — ® bom mesmo. Senio, aeabo xingando nguile mera! EYELVINA — (Pavea.) Mamde! A senhora vo devia ter dito aquilo ao doutor Franga, J pensou no que significa para Tsolina? MARIANA — Ji pense até me doer a eabeca. Ma iquclas mio tam ito, PTELVINA — Nie tém jeito, por que? MARIANA — A feiura’é tina desgraca, minha filha! BIELVINA ho tiga nada a ela, mame. Nab, Usolina & Jesuine eparecem & porte, no vamente com os panos ne cebege.) WOLINA — (Diefarga, forganto naturatidede.) & Wro)h esti linda, mame! WBUINA — Enfeitaram todos os altares MARIANA, — (esp ISOL Rtelving MARIANA =1"EL malieiona.),Gostatia de ver Jo’o José no meio de tanta flor! (Com reiva.) enfeitando o eabresto! Quando éle vira o azreio na barriga, dles vio ver. ISOLINA — Elisaura vai entrar na igreja, pisando lores MARIANA — Logo sentiré os espinh ETELVINA — Mamie! MARIANA — (Bzplode,) Delxa eu falar, Btelvina! SESUINA — Ajudamos Elieaura arcumar a mala! ‘As camigolas sto lindas? ISOLINA — Tédas hordadas MARIANA — (Ri com prazer.) Pois niio vai usar nenkuma! Joao José quando... 1 da.) Esbanjamento A = Rohtizam. a. gaxeccom,netnlas de floral ETELVINA — (Adverte.) ‘Mamie! MARIANA — Que signifien G48e pano na cabeca, isolina? ISOLINA — (Afeio aftéta.) 2 para no desmanchar © penteado, JESUINA — Nao estamos chiques! MARIANA — Os vestidos fo Indeconto JESUINA — # a moda, mame, MARIANA — oda de artiste’ do revista, Gente -toa! Que significa ésse cornghe pital Sesuina? JESUINA — Usa, mami MARIANA — Vai lavar a earal No @ tudo que se ré em revista que uma meh de fauhlia tsi! JESUINA ~~ Fique a senhora sabendo, que algném fisse que et estava linda! 28 (Btetwina sai para dle! Precisa pensar em outra Tsolina, deixe de rodear o doutor Fran- ata fiear pensanda em um homem que A sonhiors Geseabrindo tena pene ya capame” < SH ISOLINASO(iibitanente, arranee o sant (A — Mas... 0 que é isto?! SOLINA — (Desufiante.) Cortamos MARIANA ue an JESUINA — Mamie! Nao diga isto: _ minha frente com essa cara de mulher étoa! ISOLINA ~ 2 a eara que n sehorn non den, Ni guém nos procure, nenhum mégo serve para és... me agarrei com todos os Santos. Gastei di: le que nds. Papai conhecen a sephora depois de estar “asado. Tenho pena déle, oe ee minha filha. Mas, os tempos mudaram, I mudar mais ainda! - tsém vou fazer um coragio a eats By bet pranie! sempre descontiei de que voods duns etumn fille da quela flata! i “e pen Neu 0 pane da eae 2 Usotina ¢ desing, arrebatadas, sacim do quarto, MARUCO aparece wa sala com digune tabuleivos vazios, Bnguarto espera euta “SB SONO ROSE FIORIRANNO”.) ARUCO— Dona Btelvna! Dona Btelvina! wee A 2 Genta com touletrs chor de Teer) ‘Bom dia, aru, Heeco Bun somo, dona Btelvina, 54 soube! MRRLVINA —"‘Nessbemts-e telegram. hole ceo. SEERUCO — ata... esto tndas! MARANA aig gone de servigo mal. sito. [iim pertemes = frets ead the pende!_Ninguém vende sao gs hose “A cldade no parla de ostea cee ee eee Sito real deste regress, Marco, ELYINA pine She recent No Calé Central end @ pe ae ear do min EPELVINA <- uma eoisa que mio entendo, Ma. are iy de foto Yous metio nessa cise! Ten hates! a Mela for mult MART eG Gamo pageao feo! Parece que fi fate remo gue Je Jon actu Se ee Asta € breve, dona Btelvina! STEVI trabalhosa, Maruco! Acho que ere non far eaucear fama con. 4 eral «cee, os os ae traames jun! Stantico —~ Dezemte anos, se Rca — DeaesoatennpaT! Nio aio aye teri Si ae ea uma mule Fela, Mateo. 40 $5 via o lade fille das Siac Cortada! Quade tia Tingwa., Isto, tree ae fete a, cu pereebe MARUCO — A senhora sabe que em du eltos feat ‘vazios? EMBLVINA — A'semana passads vot disse aue sda saad, Maral MARUCO — to diase?! £ questa lingua maledetta! De certo queria dizer outra cosa! we BTBLVINA — Enlfo, seria possfvel anmentar a encomenda? MARUCO — (Reépifo, como se ji exporasse © pe- dido.) Ma, clara! Jé trouxe seis tabuleiros. ° EIBLVINA Sele?! MARUCO — Os fregutses aumentaram, questo! ETELVINA — Voet faz ito para me niuar MARUCO — Mi... che ajudar! - ETELVINA — i ei, Marueo, MARUCO — Una visiin importante di despocss, dona Etelvina, Estava com medo qu n aenhorn ns A — Accito, sim, Su preelan MARUCO — Questo foie Tien Pres, ETELVINA — 5x fago mal MARUGO — & uma obrigagon, Un artist 6 un at tistal Se dle morasse nt Tilia ani serie fea munteinale! ETELVINA — (Comevida.)” Obrigada! MARUCO — Non paviare. Non parte CRE ceocativa.L Wa, no linha papas nal HH" dapsatOF (Othe do as olhos. Maruco horas os (isotina e Jeewina entram muito exci teas.) 4 ELISAURA — A verdade é que a senhora @ papsi lo compreendem porque gosto de Joao José MARIETA — Nao compreendemos mesmo, minha fitha! ELISAURA — Eu compreendo, Isto nfo basta? MARIETA — Falo para que figue preventda. minha obrigagao, ELISAURA — Sei o que quero! MARIBTA — (Pausa.) Sabe como sio chamadas? ELISAURA — ‘Utfente). Nao. MARIETA — As mégas da rua quatorze. As meni nas de dona Mariana, ELISAURA — Que &que tem’ Blas moram na quae torze e sto filhas de dona Mariana. MARIETA — Recitam por ai As meninas jf chegam aos trinta! Team eoque, gaia eurta e pinta! Mas, da cartério nfo usam tinta! RLISAURA — Quanta maldade, meu Deus! MARIETA — 6 dona Mariana!... a culpada, Nin- guém serve para as filhas BLISAURA — A senhora nfo vin que as duas i cortaram 0 eabelo, mandaram fazer para o casamé to, modelos que eu escalhi? Quando dona Mariana ppereeber, estar tudo mudado naquela cass. MARIETA — Voeé nfo vai poder com cla, Elisaura ELISAURA — Posso, sim. MARIBTA — E uma mulher tersivel, minha filha BLISAURA — (Irvitada,) Terrivel’ por qué, ma- MARIETA — Prepotente! Li, 36 vivem como ela fquet, Domina a familia eomo se vivesse no séeulo passado, Vai obigar voe’ ae levantar de madiu- 4 nda para fauer:hiseoitos, quitandas e nio sei mie © qué. Edueaslaeomoswot@ foizsciesin terminat Jira de umstadho de sabot Como posso compre: BLISAURA — (Ri) Nao vox me easar com ela, MARIETA — (Orgatlo forido,) 0 edmsulo da gt0s- seria nflo assistir ao casamento do filho. Quem € aque ela pensa que &? ELISAURA — Ela esté doente. MARIETA — Fingimento! Aquela mulher morte, nfo fiea doente! ELISAURA — Hoje, é 0 din do men casamento, amie! Até parece que vou para o exilio. ott set condenada & morte, MARIETA — Vocé gosta, esti certa em se casa. Mas, estando prevenida, poder enfrentar melhor certas situagbes, nfo sofre dosilusdes. F uma violenta, indiferente, 56 pensam em eagadas, eaehor- os @ eavalos, ELISAURA — Jodo José 6 rude, mamfe, ou sei Mas, € 20 lado dele que quero viver! fle iosta de mim, sera diferente comigo, MARIETA ~ Sio incapazes de carla atengées 10 A wenhorn esti me predizendo! MARIETA — i que 6 0 titimo momento que en... ! LISAURA — (Belja a mac.) Nao precisa teier. © amor modifiew tudo, MARIETA — Deus queira TLISAURA — Eu quero, Agorn... um_sorviso Bele 6 o dia mais feliz da minha vida, No temo nada, mame, Ruim com 6le, muito por sem élet 45 Eu gosto muito de Jodo José, mane? Mais do que tudo’ na vida MARIETA — (Segurando aa kégrin fa faga muito feliz, minha filha, ELISAURA — (Uma esperanca profunda lumina sex rosto.) Ba serei feliz. Terel muitos filhos, Jota Jout sora 'b mais terno dos maridos e ev... ed serel ‘a tinica aga que tle procurou realmente na vida. Vamos! Papal esta nos esperande! ue Deus (Marieta, comovida, abraca Blisaure, en fuanto desaparecent. Deis ow trés apitos Gortem a cena, Meta dizia de misicos wont Formizadog surgem ao furdo ¢ crizam & Gena em diregdo a estacdo, Nos instrie innloe est esevilo? EUTERPE MUSI- CAL, A medida que passam, aumenta o Danwino de vozes e vivas. Um filme de Snauguragdo, em 1922, de wma peqwena ¢s- fasta de estrada de ferro, € projetada, to- mando todo. 0 fundo eas laterais do Cendrio. A mndquine ercece no sentido da latéia, Bm cima da platarorma do fren Te jor. entre a fumaga, wna. melinrosa cote. “Wiest arte, da épera Tosea de Apesar de ter uma Dele vor, perecbense gue ela ndo conhece, a arte Tho canto, Os homens ¢ as mulheres es. do vestidos como fulgam sero rigor da modi. Op vestios, Iantejoutas, videos, mmissangae, chapéus, aigrettes, lengos ¢ Ic- ie, dita grande colorido d cena; « excita Ho, 0 médo, a expectativa e a afegria, dao prende mavinentaedo.) Puecini. MOROZONI +=, (Gania.) Arie e amor tém sido tolge ‘a minha vida Raksiucera pa wuba,fé, Por que, ob Deus! me abangonas nest hora de ncvessidade? (Entro as pessoas, perecbemos Jesuina Isolina. Quando a Morozoni aeaba de can tar, hé muitas patmas ¢ grande mvrmirio Todor examina a méguina, encantados ¢ temeroses, Lin dos prasentes oferece, ga- ante, a mio @ cantora. A Morozoni desce @ corre pare o-meio das mdgas, exeitata ‘como se tivesse cometido nm ato mais do ‘gue temerdrio, Owveate um apito. Algi- too pesos, apavoradns, sue corvende ‘utras se abrapent, Algumas ndgas escon- ens 0 rosto, fanginule wm médo ineontrolé ‘vel. Alpine mapas, afoitos, bate aa Ben ‘galas ne méquina como ae batessam em tem aatimal perigoso.) cs JBSUINA — Meu Deus! 14) ISOLINA — Ab! Que médo! JESUINA — Onde esti Joto José? ISOLINA — Jé entrou, JESUINA — Voed viu? Onde? ISOLINA — Camo vou saber? Um trem tho grande! YOZES — Sori que nto sal dox trilhow! Hats po gando fogal E assim mesmo! Hath pegnndo foxo! them as jautelas! Fechem! Val partir! Culdado! Ofna nn evingast Cuda! Grefol Page ns Ja- MARISTA — Elisaural ‘Adeus! Nio abs Hllanurn, miuba fiat a janelad | i ee ro a JESUINA — dodo José! Adeus! Adeus, Joao Jos! MARISTA — Sela muito feliz, Blisaura! (are Sena co barutho do trem ruse Sladen fn om, si tnermar direedo, abanando tencos. COT teat tae varia te Marion) ETHLVINA — oto Js a pm vss Teer ae Jet! te ep eri! Quem riba! “ Cerne trom sass does do Beene Nt cur ue nen, MARIANA — Nie ceThagts an fs EAEVURS — Gouutia)” Dice tm vans ng tno Pas vl pb cn do Roe ~~ Pe agans 2 eternal) He Ye MARIAN Seat UB vn = Lon sr SEAN = (Dect) At May — race mae oesa. sociedad ¢ diets (ha do coronel Sebastifo Villela.. Pecan STRTANA ~~ (Iteemunga) Hummm? Coronel mento grailos do BTELVINAIGEMP.e dp sun excclntisima ¢ dona, Bani MIB SEAB RAAT MARIANA — Ut, nereosa) Abastadst 2/0808 the pense. ETELVINA — . nbastado fazendeligipeste muni tipio, emerito exgador © + MARIANA — (Ciniwiosa) At Talo te 6! Cosador fle 61 Sem igo! ERELVINA =. emdsto eagadore forte esteio da Futura politica oct the do MARIANA. — Jato José?! Politico? ETBLVINA — Delsorme ler mamiel... fitho do saudoso eoronel Bernardino Venaneio e de dona Ma- viana Vendneio, dama de nerisoladas wirtudes @ ex: felsos done de eoragto. — (Sorrito de seereta satisfagio.) Pie MARIANA ETELVINA — ..,A0 ensejo do onlac de par em par os amplos_portées, mansio dos Villelas. MARIANA — Nao tem dez anos... a tal manslio! ETELVINA — Assim, nfo posso continuar, MARIANA — Lela! BTELVINA — ...mansio dos Villelas MARIANA — Miansio! ETELVINA — Mamie! MARIANA — (Explode,) Bntdo, nfo lela mais esta abrivam-ae " traielonal Incontiveis amigo fejar 0 feliz evento. Na corbeille da ceustosos mimos, que bem falavath dh afeto que todos nutrom pelo aimphtles # J 50 MARIANA — (Resmunga depreciativa.) ETELVINA — Aos presentes foi oferecida uma lauta mesa de doces em caprichados arranjos, "Ao champagne usou da palavra, saudando os nubentes, © doutor Ezequiel Pouzadas, conhecido beletrista, estimado poeta, brithante jomalista, jlustrado Pr motor que exoxna com seu inflamado verbo os Ziros @a Comares, que em sentidas palavras, repassadac de suave emoglo, disse da alegria que todos sentiam pelo grato acontecimento, Ao depois. MARIANA — (Bwfoda.) Ainda tem mais?! BYBLVINA — Ao depois, noma primorosa coinci éncia, seguiram todos para a novel ¢ suntuosa es. tagio focal, de onde partiria o nosso primelro trem, Tevando para outras, plagas o feliz casal, 0 boliga cropitante de nossa vida moderna e agitada, as novas ale que nossa cidade entrava para o coneérto tas vandes cidades do Estado. MARIANA — Bo nosso sosségo também. BTELVINA — Bem eerta estava a nos ratres. sumus omnes”, MARIANA — Quo é isto?! ‘livin — ETELVINA — -.-somos todos irmios. MARIANA — Abt EPELVINA — ....quo vai simbollzar ao vivo, a exis: \neia em eomum dos naturais do lugar, com homens ido Vodas as procedéneias da mundo, que desembars euro em nosen urbe MARIANA — (Privnfante.) Nfo falei, Etelvina?! Jui se foi 0 sosségo para sempre. Hott amber! BYELVINA — ...0s maviosos e afinados acordes da Sociedade Euterpe Musienl, a tina vou de extrac oxdinkcA’ GON 0 ca iin gun rohoaran BM) ovo tre omar ania events, {Oteem-se os apitos das muiquines — elé rica e da décnda de VINTE. Um se dis. txeia ¢ outro te aprozine.) MARIANA — (Com tvstese) $6 quto ver 6 aus Ma dat le oo ho ed ere) G VICENTE — (5 anos.) 0 io est chelo de igara és! Olha, papni! Quantos! A lua quebrada esta hoiando néle! BL (Vieowte (18 anos), agitedo, surge av fun- to. Vicente (53 anos) 86" cowtrat ainda mais.) VICENTE — (15 anos.) Por que se encarnigam tanto coniea mim? "Ser que nfo poder comp VICENTE — (5 anos. Adre o bragos © anda equ Ubrande-se.) Preciso perguntar pira vows... como € que gente grande 6; por que choram escondides debaixo da mangueira; por que nfo respondem mi- thas perguntas. | VICENTE — (23 anos. Entra, wervose, seguro por Maria.) MARIA — Vicente! Vicente! VICENTE — (23 anos.) Deixe-me, Maria. Va embora! MARIA — (Segura Vicente, desesperada.) Niol Nao! VICENTE — (29 anos.) Aqui no posso viver. Voed no compreende?! MARIA — Leva-me com vo VICENTE — Que vida eu ia dar p'ra voc8, Maria? MARIA — (Afastando-se.) Vieenle! Eu espero voet. Eu espero... Vicente! VICENTE — (2 anos.) Sinto-me acuado, Maria HARIA — (Despareeonds.) Bu espero, Vice Bu espero... MARIANA — (Destaco-te de sombre, fremente da raiva.) Homem nfo chora! Néo faga como sam FICE TE one Abmgece an perce Mae riana.) Por que a lna esti quebrada? Por qué? MARIANA — Nos somos assim. P'ra que serve uma igreja coberta de flores, se cada mulher que nasce 6 motive Gi Wee LAE tus Ha” EGR via a No fnew tem ldo! VICENTB as @snanoeaGaminanitvanefionradey Nao diga detoyiors! A lua mora nas nuvens, as flores so lindas!... ¢ os rios esto sempre eami- rihando, cobertos de fldres © de luas! (Os trés VICENTES caminham, desapa- vreeendo.) MARIANA — Mergulhe num pr'a ver! (Reveltada.) ¥ nquela flautal Tambéml.,.vizon penieo de sol Gado na revolugio de $21 (Volla-ze ¢ sai.) (Vicente (43 anos) domina-ve, pega a inala'e entra va sala,” Desopereeen os “slides”, voltande a Iuz fria que euvacteriza as cenas das tins, Vicente pra ¢ vira 2 reste, nfo podendo suporter « visto das tias, Bscande 0 rosto, enquanto é sacutido pelos eolucos, Subitemente, ndo aguentan- Mo mais, Feolina addiantase.) ISOLINA — Vicente! Vocé esta. chorando? iho... Meu Urolina © Vicente se abrosam. Btoleina @ Jeanina enswgam 08 athos, enquanto,..) CORRE 0 PANO Fim da primeira parte, 3 SEGUNDA PARTE CENA — Quando se abre 0 pano, as tiss, amigos, futoridades ¢ inteleetuais, realizam segéo’ literdia fm homenagem a Vicente. Sentado entre as tins, Vicente observa os presentes, Eugénia, muito bran- ca, com vestido de babndos ¢ rendas que lembra um poueo Violeta Valery, canta a iia da Traviata: “Ab, Tors’ lui, As expressdes revelam enlévo sincero Jesuina e alguns dos presentes sondam Vicente, ten- tando deseobrir o que éle sents, Vicente parece per- fide em si thesmo, Isolina, possessiva, acaricia « mio de Vieente. Ha uma cumplicidade afetuosn ¢ qvoeativa entre os dois. Subitamente, todos ficam (statieos, enquanto a vor de Eugtnia. yal sumindo, Tentamente, até ficar quase inaudivel, As Iuzes aba sam, deixando a sala na penumbea, Stmente Ssolins Tiea iluminada, Vicente (23 anos) surge no func, passa entre os convidadlos e vem se sentar ent pri: tneiro plano, examinando atentamente o livro que trax ISOLINA — (Bnguanto Vieonte pasea,) Ji disse prea voe8 pavtir, mew fio, VICENTE — (23 anos. Parada em prineiro piano) ‘rudo comegou, tia, em umm engada com meu pai. O (4° & ISOLINA — (Apreensioa) Que se fe sex pai, View! VICENTE — tre nos, # inevitével. ISOLINA — 0 que scontecen? : VICENTE — (Distanciando-e, pouco e pouco) fle ri nar. Ew queria me ensin f mot pal que estava cai covtroneo de uma arvore. Ele se esc de mim, plando, ehamant uvindo 8 resposta fae ela dese Ge mim nicomo! De tma grande bata, parte DATO 6 Pot af que a pergunta brotou pela primels ‘rou? ‘quem? Bra o eanto que come- a vers aver) mba verdade sain da terra, cresceu sua razio! Poi ra ver: quer 50 Srultrapaseon a mata, Partir da minha casa, mo... e ehegar a0 signiici t ‘mo, imentos de trabalho, apenas as palavrns € inet fe, ‘Nao usar nenhum suor, nko aer 0m entam, baws, sle meni, exeets 9 inh SSmuricariat. Seria tu Samatas Papal void Eegurando sua peésa, Buy fui fa minha bem firme mt no alto das arvores 6 sei, Sempre acontecom coisas en- a ave, desejando intensamente obrisse 0 logo, (Senta-se, ohana, pers Tos nora gato) Ohno copa dan Aone Pee, testar embatxo do meu cole Slovelada, numa. magia estranba. Exqueci-me ‘These compreender, interpretar ¢ transmitir! passou entre voed iio quetia aprender. Disse meee deiterame encostado one diatante og macuco, Figuel imével, ‘iio. A mata fieou move, Sentime no, comego de ide algo tersivel! O mundo hromem diate de ‘i ‘Pereedi.... como devin ser Thinka gente, de mim mes mado de tudo, tendo como Hoe oeus,’ Nenburua intel it, eva eer ee! me a! De" repeute, um tiro e200 > me eneonire, e0Frident, prencontro dele con tos, sentinda que volta vane ISOLIN Ao (unite, lineirired coe’ gh ze realizar, Vigne! VICENTE ohne feildrtnasod) Taba liaar comosrcaeyniions vile qui vor! (Sai) ISOLINA — (Carinhota ¢ eonsiota) Conte em si ome! Voeb uinda val ser importante! (Quando Vicente die “eu me conuniearia”, comega-ee a own ume misiea poprtar moderna. Lentamente, "slides" de mulheres @ homens @ rigor, eabrom ae parcdes da cena. Durente as palmes, 0 ANIMADOR adianta-se. Agora, sdmente Vicente (43 tenes) fiea iluminado: a rememorasao é ‘tete) ANIMADOR — E agoral., 0 prémio de melhor autor, Devo adiantar, que ésse primio velo c iim problema de decoragio para a mulher do autor, pois €.0 quarto que éle recebe, (Sivbitamente) Me: Thor autor nacional do ano... VICENTE! (Vieonte ee adianta. Lavinia wunge Jundo, muito bem vestida) LAVINIA — (Beifa Vicente) Satisfelto? Agora. im prémio em eada estante! VICENTE — (48 anos. Abaiza a voz) Hum papa- sao em enda Banco, LAVINIA — Néo recomece, Vicente. VICENTE — # 0 rosuitado de efneo pegas prontas ‘que ninguém quer encenar LAVINIA — P'va qué tanta amargura, Vicente? st Pum! Proibida a matanga.de vacas. Abs # comixe Pao. Larguel mfo. Que havia de fazer? Vives Te uns jurinhos, © 0 que facot VINA — (a Jozin) Nossoe .g nenbuima. Nao deixam o povo trabalh GAIWAO — Vi grandes cantatrizes morrerem divi; Cafe na, Traviata, Quando era estudante no Raments aneiro, fui muitas vézes compasa nas (em poradas lirieas. TRUINA —- Veedade, doutor Galvao? TES yAO —_ A olsa era curta, Fwi eseravo na Aida, GareMo na Tosca... matei muitos Cavaradossis sola? ATURGO. —— Sabe ane, 10 passado, asssti- aaennag a segoes de teatros memoraveis? EEF RITO ~~ Tivemos um belo teatro, avantajado, ample, PACHECO — Teatro Aurora PS MATURGO — (Olhando 0 Prefcito com repro- vagao) All, onde 6 hoje a garagem da Ford. TEBV INA _~ Hilério de: Almeida esereveu ume pegs finda sobre a fandagio da cidade. DRAMATURGO — (Sorvi, agradecide) PREFEITO — 0 que vom provar que nossa ckiade Jiao 4 26 terva de orelhas de zebt. PORTA — Sandices! PREFEITO — Gente da oposicio BRAMATURGO — (Agradecida, otha o Poeta) HE Piibem oulvas eoians que se meder % eldade SORNALISTA — 0 bardo, of THerar com uma de sias produgdes ™ Stuito bem! Otimo! Ou (Despeitade) Postas que nio difun- fons letras, mas espalham theta oo JORNALISPAIGLG: antor, Vicente, & uma, dessa RN pcos) age beotadvdospor wu fPans, perfumadd vie laresreewaDteagranela. das petals J versos Inspirados, SORTA — (Adianta-se) Genetliaea! (Ezplica) Qve weir 0 nascimento de alguma coisa Rotrélas feativas no infinito eintilam! Hii trovees no espigo ribomba! sibre a terra — madenhacosa! Teito de mil féthas, gencrost Gavem-ce passos de alma destemcrosa! De eld de rimitivos tempos Que batendo mil teguas afoitane Gand aportow 96 e desteniitamente Para lavea, elégios © eapelas erawer, B un tmenso chido santifiar Bunge, assim, 0 eruzeiro altanciro De wna eidade, vagido primeiro! VOZES — (Palmas) Muito bem! Tem substance Hpico! Grandioso! Luminar! Pie ALISTA —- Agorn, vamos ouvir nosso €870 Vicente VieINTE — Nao sei falar. Deseulpem-me See ATA —- Queremos ouvir uma de stat poesins POGENTE — (Apavorado) Nunca escrevi poesia JESUINA — Nem dig isto! TEOLINA — (lntime.) Pensa que me esquel? “Tet we dork tun motint” Bra uma poesia linda, Vi rente! SEMENTE — (Expresso de desgéste) VARNALISTA —— Nés sabemos que vooe é um grande poeta PREFELLO — Um puro-sangue da arte VICENTE 2~ Apenas exerevo para teatro e nio sei ler 0 que esereve, PREFEITO — E quem esereve teatro nfo & poeta? E 0 grande Xakespir? (Ola para o jornaliste, sa tsfeito vor ter se tembrado do nome.) JESUINA — Diga, Vieente! ISOLINA — Nao seja modesto, meu fiho, (Abaira 4 voz) Prometi a éles que voeé reeitaria VICENTE — $6 uma ver escrevi po das pegis. Querem ouvir esta? ISOLINA — (Exeitada,) Queremos! para uma (Todos, excitados © axsiosos, preparan-se Para ouvir. Troeam de tugar, procirendo melhores pocigses. Ao mesmo tenipo, ile ‘mina-se 0 quarto, onde Blisaura, nes tit timos tempos da gravides, esta fondo. Htel- vine entra com uma sieara te elit) VINA — Tome, Blissura! ELISAURA — Nao quero ETELVINA — Voce precisa pe ELISAURA — Néo tenho fome. BTBLVINA — Bsa tristeza faz mal p'ra voce PEISAURA — Bu sei o que me faz mal, Btelvina PIBLVINA — En guardo, voee toma depois, (Sti m0 icaray sar em sex Filho, (Vicente vai fiear quase encostado em Elk sure. Eliscura sori enterneeida,” sen. lindo 0 fitho mexer em sew ventre.) INTHE qu’ @ menino nasceu? ‘orrienine snessen ‘Cuminhando, falow! (© menino crescewt nndlo, canton! O'menino sofveu Cantando, amou! © mening viveu Amando, sonhou! © menino morrew Sonhando, Pira gue o menino nascou? fe sompe on antigo, Teolina «Vicente fata} JBSUINA — Continue, Vicente! rs) VICENTE — (Disjarga.) Nao terminel ainda de es- JESUINA — Ah! Mas, voe8 deve terminar! Nio 6 senhor Prefeito? 3 PREFEITO — Tem substincial PORTA — # poesia moderna, nfo é VICENTE — ‘Nao sei POBTA — Tenho lido muito! Apagase 0 inagom de Elisa, Ble Sit Gree. com ue bandeja com stearas & uns truvesen hla de Dacolos« Drew: tates) JESUINA — Vamos tomar eafé com brevidades. NINA — Como voeé sox tava, Vicente (Siditancnte, wm gosta, 0 Pocta bute no Drago de Btelving, derrubando a travessa Por ww momento, ax trmds fieam iveon othande pave Jozina) ssianags — Abt an w Deus! A travessa que eompret VINA — Poremos outta no lugar, JOUINA— Guers entto gauche BTELVINA —(Worvow) Aiden Jen ISOLY ) ee ISOLINA — (Fenta salar ok sparénciea) Atina, JESUINA — (Abaize @ vor) Pelo amar de Deus! ISOLINA — Temos tantas! SOZINA'— Mas, esta era minha! Distaree, Etelvinal! (As trés irmas fiea (Ani in om volte de traves- As outres pessoas sac) VICENTE — Que toi, tia? IBSUINA — Nada! ISOLINA — Nada, Vieente, JESUINA — Btelvina € muito nervosa RTELVINA — Vamos deixar de mentees, Jesu «Nao suport mais isto, “ VICENTE — Nao suportta 0 qué, tia? TELVINA — Ate mos tBda a louga. «VICENTE — Pediram emprestado? Ku pao BTELVINA — Nao. Serko entresues, Inovrer’ a ilkima de nés essa, ndo era nossa, Jé ve Hlepois que JESUINA O48 Rtelvina! SPELVINA®2 Nata his WEP PAH: nem casa, nem lougisy HAR tristais VICENTE — (Horvorizado) Mas... isto um saque contra a morte! ETELVINA — E contra o que deveriamos sae VICENTE — (Confuso, ndo sabe responder) ETELVINA — (Iesolvendo,) Por que voltou, Vi- cente? ISOLINA — Voc8 tem cada uma, Btelvina! BPELVINA — (Com crescente animosidade) Voot partiu, esquecen.so da gente, volta sem x mulher e 08 filhos... p'ra qué? P'ra fazer a gente sofrer com coisas que passaram... que milo gosto nem de lem bra? Ja mdo basta © que tivemos de agientar s Zinhas? (Bieloine ¢ as irméa ajoetham-se em volta de traveesa quebrada, Sibitamonte, estd- teas, Jesuina e Teolina fieam olhando para frente, com expressaa de desespernnga,) ETELVINA — Velo procurar 0 got? A agonia demorads de tudo? O rapido desaparceimento do ppoueo que restou? Que adianta falar agora? (Vai se acontuando, poweo « poweo, 0 apito de umm trem que ae distancia. x vezes, te: mos impressdo de que 0 apito se confide ‘com 0.0m de time flute. £, porém, wma faisa muito vaga) ETELVINA — Voeb disse bem: fizemos om aque fcantra a morte. Foi o que nos restou de tudo, Moe oss vestidas de fthan de Mati, lvoe te Soe santinhos ¢ os caminhos da igreja e do cemiteng, Fol ab lato que, homeny como seed fog ie."A. sun verdadst ‘A sua verte Pe le tte etoos tet cast Syed seth, meio de fugir para um mundo sé de Trche (0 apito do trom torna eatraventar a cone Jsatina com 08 othos marcjudes de Kin ‘mas, levauta a cabego, enqvanty, vemos dontor Franga. paste’ cont na. ‘at, acomnenhad por Pacheco. Logs: duos desaparecem) a ELELVINA — Os amigos foram desaparecendo, um a um! A pobreta acabou levantando uma cerca de espinhos em volta desta easa!O lupit.-. onde de, ‘ora as mégas da rua quatorze, Que diselto tem yoeé de vir pedir que soframos mais wma vez, heme Ihaghes, angsatis | vergonhas tantas ver soft las? Era preciso trabathar e esquecer. $0 isto! Ty balhar @ rezar! Noite e dial Nao havia outra saida para ngs. Rezei! Rezei para no morrer, Eu era bivra de earga! Forte como uma colonia. p ruta para aquilo que sou hoje: o homem da cheat (Sibitanente, Btelvina eomega e solugas Vicente vei 'se afastende” Sugueater ee tds ema eat eee dimes De aeparece a cena, Tamiinese 0 quarte do ‘Blisawra) z MARIANALICA\ii infelicidade & que & sonsivel mais! “Chetaractea? ELISAURAUINAo estou chorando, MARIANA — Se tivesse fieado na fazenda, no vi- veria longe de seu marido, Nem éle longe da fazenda, onde ¢ o lugar déle. ELISAURA — A senhora conhece seu filho melhor do que eu, Sabe que no tenho exp, MARIANA — Sel 0 que? ELISAURA — A yerdale, Que nio importa morar Hi ou no. ho & isto que esti err MARIANA — 0 que est errado, ents BLISAURA — (Nerensa,) P'rn que conversae sdbre fsto? MARIANA — Porque eu quero, ELISAURA — Mas, eu ndo quero MARIANA — Pode conyersar, brigar & vontade Gravider ndo é doenga. ‘Tive tados os meus ‘ilhos, sbzinka na fzenda, 86 com una eotona, ELISAURA — En nfo sou a aenhors MARIANA — Nunea onvin dizer que as mulhores gravidas, maream os filhos eom suns preoeupagics? ELISAURA — Onde a senhora quer chegar’? MARIANA — Que, se continuar assim, seu filho val sair um chordo, s6 pensando em coisas de delicadesa, Quando eu estava ‘esperando Jono José, coloquel a flauta do pai déle pendurada no banheiro, Pelo me- hos uma vez por dia, eu xingava ela, ELISAURA — Foi por isto mesmo que néo figuei ha fazenda, NBo queria passa meus dias xingando cachorros... © ver essa mentalidade apatecet mal tarde em meus filhos. MARIANA — Se gosta de ler, eteolha livsos que mi. fagam voob chorar ELISAURA — Com estampas de goinbas, mithos, lachos © panelas? MARIANA — Seri mais siti BLISAURA — 0 rosto de quem a senhora quer que eu veja? Nao hastam os que me rodeiam? MARIANA — 0 nosso, nfl, Eu sei que somos Zeiss. ELISAURA — (Amarga) Se depender do presengs, men filho nfo tert nada do pal MARIANA — Jogo José é um cabega dura, mas & bom, ELISAURA — Espero que meu filho tonha mane MARIANA — P'ra qud? P'ra sofrer também? BLISAURA — Sofrer por que? MARIANA — Voct nao est sofrendo? Gente fraca, sofre i-toa, Reze! Reze para que éle soja igual a0 i. Veja bem onde Gle vai viver! Jodo José é exois- fo, duro... e assim é que 6 bom. Faz sofrer, mas AAO sofre, Pelo menos Isto eu consegui, xinganda aquela flauta, pendurada bem em frente da privads, ELISAURA — (Bzplode) Quero que éle seja tudo, menos jigual a seu filho. Que viva em qualquer par te, menos aqui. Nunca desejai qualquer coisa na vila, to intensamonte! MARIANA — (Roivosa) E voeé diz que gosta de Joo José? ELISAURA — Gosto. Ainda gosto! MARIANA — Diga logo a veriade! Deixe de fingi- mento, BLISAURA — A senhora também nao xingava sexx nuarido? Xinga até hoje, MARIANA — Nunes disse que gosta hhomem que me deram, 6s fa dle, Foi o ELISAURA,S Sli, a aSBRsguHEIG, | Meredle respeito, MARIANA "S$ ostava querendo ajudar. ‘Tome! Isto € seu. (Entvega a carta.) ELISAURA — 0 que é isto? MARIANA — Carta de Joie José. 0 Augusto che- fou da eagads. Joo José vai fiear mais quinze dias Comece a xingsr. Mativa voed tem! Unquanto Blisawra 18 a carta, Vicente (5 anos) entra no paleo. Pereebense que le apna flores, Sinultineamente, ‘ve- mos Viewnte (43 anos), Ieolina e Jesuina ‘ajoethaitos uo timilo de Elisaura) VICENTH — (5 anos.) Zinias, margavidas, .. faves de tOdas as edres para minha avé! Zinias, zitinias, ailllings, zinias. 1 VICENTE — (48 anos) Quem euida dos timulos de ISOLINA — Sou pai defxou dinheiro #6 para isto. ESUINA — Procisamos plantar margavidas. Elas turam bastante, VICENTE — (48 anos, Distante) E ainins! (Sibitamente, 0 lero © « carta eaem no clio. Blisaura, com of otkoe eapazeados vevelando espanto ¢ ira, parces indefeon, Fragi ELISAURA — (Suasurro dotoraso) Meu Deus! MARIANA — Elisaura...! ELISAURA — (Profundamente ferida) Que impie- dade! 09 MARIANA — (Preocupada) Que foi, Blisaura? ELISAURA — (Sibitamente, contorce-se,) Meu ti Tho... mew fibot MARIANA — (Abraga Blisaura) Bu ajudo voc ELISAURA — (Empurra Mariana © sai eambale- endo) MARIANA — (Aflite.) Blelvinal Jesuinal aju- dem... ELISAURA — Stzinhal... eu quero... sdzinha...! VICENTE — (5 anos) “Zinias, xinias e mais af. MARIANA — (Roivose) Deixa aquéle “argola de lago” chegar, que quero ensinar é (Enquanto Elisaura sai se contoreendo, fuménase a Deira do ria, one Joao Joss ‘std dianto de duae voras de pesear: uma ‘maior e outra menor, “Slides” eoloridos ‘onde pereebemos, eagamente, diversas lias, inisterados aoe “slides da floresta, dlumi- ‘nam todo 0 paleo.) JOAO JOSE — Vicente! VICENTE — (5 exos) Senhor. JOAO JOSS — Venha, meu fitho! Tem tambari me- xendo na vara, VICENTE — (5 anos) 34 vou, papal (Todo José observa o garéto brincar, Vi- conte (43 anos) 4 lovante do tionula e $0 fapresime do garéto. Jesuine Ieolina dee suparecem, Vicente (5 anoe), ainda co Thendo flires, sui do paleo. Joao José, sempre ollando 0 filho, ve levanta ¢ ca: minke egoio se fésse eeguito, Vaguetly Aloridda porn. caper, surge. ao fundo be Gprastnal Reaparediin to ond ede buzinas) VAQUEIRO — 5 al, compadre? JORO JOSE — Aj, eu pense ladino vai em- eu essa volta e velo amoitar no 0, quando levantar vai eomo uma flexa no rio. Mas, 0 safado, numa matreirice, desu- sada, levantou, corre rasto atris e perden. TA da nado! B agora? VAQUEIRO — (Conhocedor) Bra eair em cima do rasto! JORO JOSE — (Eyvressio matreire) Claro! Eu ti- ha ume eserita antiga com dle, A velhacaria dle 34 tinka enehido um bor Chamet aLambise g6ia, a Fanfiara e a Bratina — o trio tira-prosa =e cai em cima do rasto do velhaco. Pulow aqui, ppulou ali, fx que foi mas nao fol, dew uma enga- nada..."e foi amoitar moma unbale-gato. Vim rastejado com as eachorras e dei com 01 olhes do hicho. Olhou p'ra mim e dew uma abanadinha de orelha, 0 atrevido! (Abuisa w vos, numa rivadinka easquetra) Vai see A una, pensel YAQUEIRO — (Bzpresnto astvta) Ah, ex li! JOO JOSE — De repente, o icho eapirrot e ea ipeitels vai manhoso, .. filho da putal Hoje, nbs va mos fechar nosen eseritat VAQUEIRO — B fol no rio, 0 malicioso? JOO JOSE — Ficow sé na intengio, Quando dle espirrou, na varzea, ex e @ Lambisgéla espirramos, juntos. Ehseés!,.." compadne! O lombo da cachor- ra foi estieando, esticando,.. aghatou no chlo 0: m quando vi... of dois rolaram! 0 velhaco deu o siti mo berro, vidrou os olhos ja nesses bragos! VAQUEIRO — (Observa Joao José, preoeupado) Pols eu digo que ésse cervo, € ainda mals velhaco, 4H trés dias que malicia com a gente! JORO JOSE — Mi neabar numa parede! VAQUEIRO — (Patusa) Compadre! Nao 6 hora nf de dona Hlisaura adocver? (Adverte com toto) A. Jus é danada pra mudar as coisas! JOAO JOSE — Mais uma semana, compadre. Desde Pequeno, meu filho vai aprender’ que pode ter c gador to bom quanto eu, melhor, no! Vai saber ‘que nunca voltei sem minkas eagas! E 6 éaee eervo ave (Diversos cachorros comegam « tatir. Jofo José satta de pé, vira-se com ox musculos todos retesados,' Seu porte & majestoso.) JOXO JOSE — B Ale! B Ale, compare! Corre, Va- quelro! Cerca que éle vai pro banhado outra’ ver! VAQUEIRO — J4 est na garupa! JORO JOSE — (Joga o chapén no cho) Virou ca veira de parede! Presente pro meu filho! VICENTE — (43 anion, Perdido em si mesmo) Pre- sente para o meu filha! (Vequeira cai tocando @ busina, enmuante Vieonte (5 anas) entra no pates. Foto Jo~ sé se dirige para onde esto as varay de esear) JOXO JOSE — Vicente! VICENTE — (5 enas) Bstou indo, papal, JOKO JOSE — Voce veio pesear ou iio? VICENTE aqutes ernm inlecentes, Oiite sa via lvro com mlher pelada na eapa? Inglis ren vere xonha!'Na sua iad, ew sei int qué eevve vt Com ‘mulher pelada! Nag € icin que sempre dencontiel desta inglesada do friporitico! ISOLINA "Nao adiants, Vicente, Ela nfo entende MARIANA — Nio entendo mesmo. ‘Logo ehone époea das tachadas de goiubada, ou presieas de utto papel. Ja marque elguns bor ISOLINA — Os mets a sonora naa Quetma, Nao fe attera! MARIANA — Ent, tire da minba vista VICENTE — 4 senhora manea leu, vove? MARIANA — “ino? Nio Tago isha orgies to ISOLINA — (2roca wm sorriso depreciativo com Jenna.) VICENTE — Digo, romance? MARIANA — Vamos conversar sibre coisas impor: tanies! Como estan tazenta, Vieente? VICENTE — Nagiela atidinha’ som dinheive, sem trator. VICENTE — (48 anor) B meito pavor de Banco MARIANA — Compnhin e ajuda, €0 qua ae ecpara fe tm lho, Vieente ISOLINA— Bo que'e espera de um pai? Compresn. si, pelo menos MARIANA — Toolina! Voot j esti possadona, mas ainda pode lear ns tapas, VICENTE — Ajuda, nto € bem o que papai espera de min $e gostasce de eagar e mn contentase om tna rocina agit © ones aly i tudo bon a senhor tron! 85 MARIANA — Cagar é 0 divertimento que seu pai renile TSOLINA — A senhora mesma vive chamando Joo José de atrasadao. MARIANA — Eu posso falar. Ninguém mais JESUINA — fle é mesmo. i MARIANA — Antes isto do que viver de dinhelro fa juros, Como muitos por af que no tem peito nem para sustentar uma mulher. JRSUINA — Isto ¢ pra mim?! MARIANA — 5, sim. £ p’ra ésse bundudo do Pa- checo que nio emprenha nem sai de cima NINA — Mamie! Por favor! ‘A — Que vulgaridade, mamfe! E na frente de Vieonte! SEARIANA — Vicente nfo 6 mais erianga. Trsinaa, maliciosa) Jé & um homem! . JESUINA — Pacheeo ainda. ndo esta em condigbes p’ra easar. Desde que éle perdeu os troles IANA — (Corta) A estrada de ferro ji est fando velha, ¢ éle ainds pensa naquelas porcarins tle troles. Sei Vamos todos assistir a tse eas fhento... no aiém! Melhor! Assim, contaremos com da parenies do eemitério e com Bernardino. Seu pai fockra a mareha nupeial naquela flantal ‘OLINA — Sem falar de papai a senhora nfo pasa, MARIANA, — E vee’, Isolina, vive me eensurando vr eausa de am homtem que no quis vee8. Um mé fico. que vivia amigado com uma preta! ISOLINA — Nao 6 verdade. MARIANA — Foi com éle para a Bahia, ISOLIN, -a-umna empregada déle, Uma empre- aia fel! MARIANA “88 Gue 0 ogo. eva na, gama! Pid do que essai Gulag baraulats que mindhts, hoje, na eldade. Quaito a voce, Vieente, deixe de’ censtrar seu pal VICENTE — (Criepade) $6 quando estiver bem Tonge daqui MARIANA — (Violenta) Seu lugar’ 6 na fazenda, aajudando seu pal. E pare com @sso negéeto de rio de flores © de lune! Lua 6 lua, flor é flor, rio é rio, Voed nfo esti mais em dade p'ra isto, (Vine-se para Feolina.) Pois eu no gostei nada “daquilo” (Depre- lative.) "Penas de prata!” Pena que conhego é peta mesmo, VICENTE — (Indignado) A sonora meseu em MARIANA — Meso em tudo aqui. Quem nfo gostar ‘que coma menos. De prata, hasta aquela flaata, ‘yoo’, Tsolina, quem anda pondo essas hesteiras exbega de Vieente. Que ningém se atreva a falar fem viagens em minha presenga. (Avuma-re) Hoje dia de novena no eemitéeio, Venham! (Volta-se para Vieente) Que aconteceu entre vert, meu filho? Por que esta raiva? Voed e seu pai nio trocam meia disia de palavras sem se ageedit! VICENTE — Nao sai, Pergunte dle! MARIANA — (Temerova) Se continuam assim, onde yao parar? VICENTE — Onde éle quizer! Diversos tiinutos s4o projetados na parade dde ¢xquerda, Mariawe, fadocda pelos filhas, fande vo meio dites, rezando. Concentradas @ Merdtieas, eles camninham com expres fo de reveréncta profunde, Vicente US fo anos) 20 apoia en um dos timulos e fica sree vendo, numa rememoragao Gngus- tose.) MARIANA — Padre Bierno, nés oferecemos 0 sat wee reciostesimo de Nosso Senhor Jesus Cristo para fue Pre almas mais abandonadas no Purgatorio. » aie dias, @ de mea marido! Suplico-Vos protecso cutee ¢uinha familia, Lluminai meu filho € mew Pefot Ave Maria, chela de graga... ete FILHAS — Santa Maria, mie de Deus... ete. Enavanto owsimes 0 ora, Vicente (15 Brava ere um Hiro e rtira dive’~ eee ie diaheto, Dopo, evr run ss ere de fuga. Uertagto, A ¢ste- movanerogdris € projetada ne parede da ee tcomotie, rested Derti, toa ide pre do Pee, Ae, ined Pee Grons, Martane. «08 flee, fuel Wiceade (19 anos) 96 a0ro~ sep aan, pent, Viente 3 exon) VICENTE — (15 anos) Uma passagem para Sao Paulo. : ‘oe Fao, (Que ressda em tdda a cena) Vork esti 267 VICENTE — Estou Que Wade tem? ‘VICENTE — Dezassete YO7 — Quinze! Vi andando, Vicente! - VICENTE — Eu anero uma passngem para S50 Paulo. 88 You — quer-queschame suapw05t-Ou cagudle-ssh, dado ali? ; = a VICENTE ~>.Hh hie oxdons pare. yipiar YOu — Conpedesgults vest Boman preveritos por dona Mariana, We andando! Outro, por favor VICENTE — (Desesperuo) 8 a minha vee! (Gri {e) Me dé una paasegem! Bu vou embora? You tra balhiar © estudas! Nio quero morae na fizenda, Lar gueme! Deixe-mel Agut, nfo consigo viver 1 Nao fotwo sero que sou! Vao me ferit..v1 Por favor...! (Ousem-se 08 apitos de partide, Vicente corre na direeio da locomotiva, enquanto esta parte, crescendo ens sua divecda como te foese passar por cima dle. O apito vai fe dietanctando. até sumir. Vicente (15 ‘tnos). fies narado em grande solidao. 0 some do apito ai se eonfundindo com o som de wona flauta, Hunithado, Vicente ee afas- ta, até desaparocer, Vieente (12 anos) 0 segue, sentindo @ mesma aod.) VICENTE — (48 anos. Rememora, profundamente ferido,) Seria melhor... que nfo ‘ivesse navcido! (Sivbitamente, Vicente ve votto, aflito, Len- famente, Joao José, sentado e' perdido em pensamento, 4 theminado, Pereebe-te que Sens pensamontor 0 forluram, que divida Ieumiliante te corrot « alma.) MARIANA — (Entra ¢ para enraivecida.) Joio ‘José! Fazendeizo presisa levantar © urinar no chi iqueito, Sdo 08 alhos do douo que engordam os por- 5 cos, Ji empobresemos demals, meu filho, Poram até os aneis, naquela maliita crise, Néo deixe que nos arranguem 0s dedos. A fazenda esta 18, 20 Deus dard, JOAO JOSE — (Concentrado.) feu vejo gente, MARIANA — Vicente no esté na fazenda? JOAO JOSE — Quem sabe onde ésse menino anda! Do mundo da tua le no sai nunea, (Pavsn,) Elie saura morreu e me deixou um filho assim! MARIANA — Voré quer 6 obrigar 0 menino a gosta o que nfo gosta, Vieente & hem diferente quando festa longe de voed, Josie Jost JOAO JOSE — Pols, comigo, é sempre aguela vergo= nheira. Se for preciso arrancar n roupa © cerear tuma eaga no rio, le prefere morver de hota e tudo! MARIANA — Jofo José! Aconteceu alguma coisa na eagada? Entre voe’ e Vieente? Desde aquéle ia que vivem como cho © gato! Aqui, pelo menos, (0 GAROTO, ESCONDENDO ALGuMA COISA, SURGE CORRENDO, Pita, MEIO "ASSUSTADO, OLHA PARA OS LADOS E DESAPARECE, RAPiDO.) JOAO JOSE — Sempre ove sina! Agor is &rvores do pomar para ler ia paesande a eavala no meio da snvernada, olho sontece tudo entre nds, P contents miais em por Um dia deezes, 4 eima ¢ quem vejo? Vicente, lendo, salho mais alto de aim ipél MARIANA — De certo, 6 onde se vé livre da sua entada no JOAO JOSt9er B-anendo.peneuntehoA me Tazends, sabeserqne me responded? Que proc uma ave com penas de prata! (Sibitemente,) 3a mide! Nés temas slgum sso de loueura na familia? MARIANA — $6 se fr na de sau pai. Os meus foram sempre uns mineiroes multe normals JOAO JOS® — A senhora nfo viu Vieente vestido {de noiva a semana passada? (Contendo-se.) Ja esto Falando déle, mame, ‘Teno certeza! MARIANA — Falando 0 qué, oio José? JOXO JOSE — Falando! MARIANA — Marcolo © os amigos dile também cestavam fantasidos de noiva JOAO JOSE — Desejei tudo para sle, mane, Por ‘que detesta 0 que ew gosto? Por que no & uxt com. panheiro pra mim? Parece que dle tem prazer em ie fein MARIANA — (Condofda.) Vicente & ninda wma crianga. Depois que saa mulher morreu, voct quase virow ‘um bicho, vivia soeado no mato, eagando...¢ Ble eresceu entre quatro mulheres velhas. NAO de. sespere. Procure ajudar o menino! JOXO JOSE — Jé tontoi. Fieon uma fora, Aca. bhmos brigando.,"(Bxplode.) Na idade dale ety era om homem. Tina até mulher por minha eo MARIANA — 6 voed quem desconfia de seu fl Sei muito bem como foi que aldo: empuirrand 0 ‘menino ma eama de uma pital J isto que @ ser ho- mem p'ra yoo’? JOXO JOSE — (Violento,) 181 # into mesmo que é ‘ser homem! E ge éle nio assim, prefira que ele prefiro que... Seria melhor que no tivesse nine ida! o fo com > apito alguer .) Por or que Sinko cobras, Cada palavra, um expinhar, Cada per. qtuta, um levantar de fnsetos daninbos! Por que? Por que, meu Dew TSOLINA — Bles nfo podem eompreender, men filho VICENTE — Mas, é justamente o que me desespera Vinemos dsolados!” Ninguém ge eompreende, 0 €0- rmunica, tia! ISOLINA — © aif JACENTE — (Coneentrado.) Como vengor dave ho- Uise que mo barra todos of eaminkos! Bxtow come: endo a duvidar de mim mesmo, ti $EOLINA —- (Preocupada.) O que é que vocd expers, Vicente? VICENTE — (Pzalte-se.) B4capat diste mundo, Teee para mim, e me communica... de Uma mt Seira ou de outrs. Deve haver im melo! Usotina senta-se, abragada @ Vicente. Bn. Giineo fala, acaricia on eabelon déle com Grande termura, tentando acaimdcto, | O Gur, DISTANTE, DE UMA BLAUTA, ‘ACOMPANHA A CENA, Inolina perte-se ‘ama rememoragdo repteta de anor.) JSOLINA — Voot me Jembra, multo papal, J ver- Jade! dle nos compreenderia LPapal ara lindo, Pa eas um poeta, ‘Tinha alma do powin,, Ira Intell Terie, nabre senaivel. .. sentie pam de todo mundot Fe Piumanidade € muito sokredoral') isl. i cont pedo mundo em casa, Ao entarsaner Kenta cathia poncire e toeava mastens para nok fle tan hem gostava de olha® inn, Contavn une is Tirtatinda, sobre m Iute da Tenth com & Lain por teria Hoa), A tua perdia @, envargonnnds, ocultava 93 NICAMP MARIANA, Nilo se atrev (Dé uma bofeiada em Jodo José.) diger isto em misha presena! Isio G que € loveura! Manin de gente fraca (Amarge.) So aieer, que um dia, voc’ foi um sol pra mim! Enguanfo trabalhava como uma burra, eu pensavay le vai fazer tudo isto germinar e 0 mundo seré um| feampo tombado, e sementes déle, espalhario expigas € cachos amarelos p'ra todo lado. E os trinta mil Elqueites voltardo para nés, outra vex! B uma paca. fez voce rodar num rlo qualquer! Bu disse que seu. tasamento ndo daria certo. Veja no que deu! 86 pego a Deus, aue esta raiva nao vire éiio. Vocts Zinda vo se ferie de mancira impiedosa, meu fio! Nio quero estar aqui... quando isto acontecer. (Mariana ¢ Jodo José sacm. Vieente (15 anor) abrés da porta, trespassedo, sem 9o- der. fazer qualguor smovimento, abserve. a ‘tide de Joao José. Bm sua imobilidade, sentimos ima niégoa imensa, A porta deve fer ilaminada, tentamente, durante a wilt ma. cena. ncastado a parcde, otkando Vi- fente (23 anos), muna evocdgta dolerose, éstd Vicente (43 anos.) Mais distente, Iso- fino, revoltade, observa Vicente (15 aos), ‘que dé vast ao seu desespéro, batenda com &s méog no batente de porte.’ Volta 0 epito flo trom que se distancia, com qualoxer foie de profundaniente triste.) “ISOLINA — Vicente! 13% VICENTE — (15 auos, Nao se eontém mais.) Por jue se encarnigam tanto contra mim, tia? Por ave Miko posso ser o que sou? Cada gesto mev, vira ninho, de cobras, Cada (paiivtAi"um espinhar. Cada per ata, um levantar ae Hfa8t0s"damatost Pon que? Por que, meu Dewe?? ISOLINA — Bles nfio podem compreender, mes fitho VICENTE — Mas, é justamente o que me desesnera ‘Yivemos isolados!” Ninguém se compreende, se co- unica, tint ISOLINA — # diffcil, meu filho. VICENTE — (Coneentrado.) Como vencer tase ho. Trem que ime barra todos os cansinhos! Bstox come- fgando a duvidar de mim mesmo, ti FSOLANA— (Preveupeda.) 0 que ‘ave voe8 espera, VICENTE — (Bralta-te,) Egcapar déate mundo, Caduco para mim, e me comuniear... de wma ma- Seira ou de outa, Deve haver um meio! Usotina senta-se, adragada a Viewnte, En ruanto fala, acaricia os eabelos déle com Grande terra, tentondo acalmd-lo. 0 SoM, DISTANTE, DE UMA PLAUTA, ACOMPANHA A CENA, Isolina porde-se ‘uma remenoragdo replete de enor.) ISOLINA — Voo8 me lembra muito papal. f ver~ fade! Ble nos compreenderla !Papai era lindo, Pa eee um poeta, ‘Tinka alma de poeta, Era intel ‘ponte, nabre sensivel. .. sentia pena de todo mundo! EQ fumanidade @ niuito sofredora!", dizia, B re- ccalhia tolo murido em exsa. Ao entardecer, gomtaca- Geno alpendre e teava misicas para nés. Ble tam- fom ostava de olhar as estrélas. Contava uma his: fore lida sobre a luta da Terra com n Lua, por Causa do sol. A lua perdia e, envergonhada, ocultava, fa face iluminada, mostranda a faee obscura, Era assim que tos explicava ae fases da lua, Lembro-me de que tle dizin que mamae era como a terra: sene- rosa, mas impledosa, Enis, as filhas, éramos as tris Marlas! (Sorriso dolorose.) Sempre juntas! fem. um eéa limpo!... assim seria nossa vidal. (Eica perdida, com oa alhos marcjatos.) VICENTE — (43 anos. Perdido em sue remomo- ‘ragdo.) Ninguém se corspreende, se comunica...! VICENTE — (15 anos. Preeeipado ¢ carinlioso.) Tint... tia Teolina! ISOLINA — (Sibitamente, levanta-te.) Nao fique nesta casa, Vieente! Vao ferir voee! (Cala, mas determinada,) V4 embora, men fitho, antes que o pior acontega! Nao vio entender voe@ nunca (Vieento (15 woe) ¢ Vieonte (42 anos) fuminham na mesma directo, enguento Thotina se afaste, dcsaparecendo. Sibite- imente, domiado por agitagdo crescente, Vicente (43 anos) 2 volta, soltando wna praga. Lavinie entra, preooupeda e ner- wvopa, Vicente (15 anos sai.) VICENTE — (48 anos.) Maldita condigdo! “Sera ssaivel que ninguém eompreende! LAVINIA — Que foi, Vicente? ENTE — Nao sel como veneer essa incompre- LAVINIA — Que incompreensto? VICI — No govérno passado, eu era aristo- vata... um fageista | Agora, aon subversivo! Minha obrigagio, como eseritor, & denunciar o-que esta frtado, € dizer a verdade, Lavinia, Doa a quem doer! o Exerevi sbbrelih fatongAbliadn mos ora; em 1. ‘88 rovisti#e 'qaequerem mais? LAVINIA — Sempre 0 fracasso desta pega! Es: ‘quega iso, Vicente, pelo amor de Deus vic queeer como? Ble explien tudo! La Explica também que vive socado na- ucle eserit6rio, depois de passar o dia Intelro no Ginasio, esqueeendo-se de que tem familia? VICENTE — Expliea isto também, porque ela des pende de mim... e eu estou em um béeo sem saida LAVINIA — Vood podia ter feito © programa da io, Vicente! Ajudaria! ENTE — 0 que élos queriam era demais! Ina. ceitavel! (Indignato,) Nio podemos fazer tudo que © pablico quer, Lavini LAVINIA — Devolveram seu trabalho? VICENTE — Nao. Contrataram uma pessoa para reeserevé-lo... € el'ndo aceitei. Nio assino trabalho Ge ninguém, Nao permito que assinem o meu, Sabe? Quem manda é 0 nimero de earias que 0 programa recebe! Se o pibtico nio gosta de uma person: les simplesmente cortam! Acha que podis aceitar LAVINIA — Sempre o sou trabalho!... a hous date artistica!... 4 coerénela! E sua familia? Vooé mal conversa com seus filhos, Vicente. Vive perdido hho mundo das suas So éles. Brine VICENTE — Que 6 que voo quer? Que deixe ‘men trabalho, nas pouess heras que tenho, para ir Dbrinear? LAVINIA — Faria bem a vooé! VICENTE — Cispevo.) Que quer dizer? LAVINIA — (Bsalta-se.) Que vive obcecado, que- vendo provar elgums colse a um pal que nio.vé VICENTE — (Agressivo.) Nao é verdade! LAVINIA — Se tem o seu mando, eu tenho o men gue também & seu. disto que se esquece. Voed ge fecha... e praticamente nos deixa de fora. Passa 08 colhos por n6s, mas no nos ve. VICENTE — (Aténito.) 2 assim que tem se sen- tido?t LAVINIA — (Magoada.) E nao 6 verdade? VICENTE — (Siditamente, abraga Levinio,) La- LAVINIA — (Entrega-te, anorosa,) Vicente! VICENTE — Compreends, men bem! Estow com mais de quaventa anos e ainda Iutando para me rea- lizar. Preeigo me comuniear... de uma maneira ott de outra! Mas, sinto que falta sentido em tudo! {Sibitamente, atormentado ¢ consiga mesmo.) Seri que estou no caminho errado, Lavinia? Vivemos numa sociedade em erise, de estraturas abaladas, valores negados, solug6es salvadoras que nfo leva ram a nada...1 (Obsessive.) Qual o eaminho certo? Onide achar’resposta? No presente? No pascado? Ser que fiquel apenas em lamentagées sdbre a de cadéneia... som ter saido delat! LAVINIA — Voed esti no eaminho corto, Vieente! Se no veneer seus fantasmas, nao ter pat VICENTE — (Pordendo-s0 end vez mais.) Nao posso passar a vida, perguntando quem sou eu! (St bitemente, atemorizade.) Ser qne a incompreensto tem sido minha? A verdade j& estard solta nas russ... ¢ eu lo estou vendo? Acroditar em qué %6 este vrai} CHboeae & Levin) ,0 que rrado corey) tavinie? jade mnt LAVINIE '{Bctremamente preceurada,) Yote Ii, Vicente! Sent conhecet' pordué da sua consis no. peda encontrar” a eamithe ‘erlo.-” wert a team! “Fags isto! Por mim! VICENTE — Bsté certo, Lavinia, Bu vou! (Lavinia sei. Vicente adianta-se, sentindo. Se perto de acontecimentos penosos. Pon co a-pouco, Jodo José vai eendo iuminado, sentado com a cabepa entre as M06, em grande preoeupagdo. Alguma coisa 0 tore ura profundamente. Vaqueire surge ao {unde ¢ othe, yreoepado, para Jou ord, “Slides” com formas estranhas, eugerindo grades, sto projetador em t6ila @ cena, Por wn momento, votlam on “slides” de eb. ‘ree sombrias do final do primeira ato.) VICENTE — (49 anor) ue impicdde consiees, Papal? Ge momento fi ae ue ns sparen? Oude Pecurer malt mqueeatolce min ean Bo densa tvdde de coo Teale fl A tina agar gue pres sor dviutt Yor que veloc sores # cia qve i neat d (Vices ts euuaitoVanuond se eprosima VagtTRS "Vino se enfoss, Compedtel Ya Diosirer ae Hing dna ve SOKO Jos "Sal tank, Vaquero! fe dee somtys YAQUBIRO — Pim qué oontimar nesla ponte! JOKO JOS8 — (Visine) Quem dae Que Denanda® YAQUEIRO — Nom cagar s gente tem cagado, come padrel ORO Joss Dia e moite,. VAQUEIRO 0 senhor nao tem sa de Arvore! JORO JOSE — Sade o que o Vicente me disse uma vez? “Ha outros eaminkos, outras matas onde tum hhomem pode se perder! Deve haver eagas que a gente ndo pera nunea VAQUEIRO — (eis preocupado.) Compadre! JORO JOSE — «que amoitam,..1 (Agitido, pas. sa mao pelo pelto, ELISAURA surge, ao fundo) Sai daqui, Vaquelro! Nesta engada voce nio entra ELISAURA — 0 fitho que vou dar a voce! Pique comigo! JOKO JOS& — (Doninado por um pensamento obse- ante.) Anda, Vaqueiro! Nao volte aqui enquanto undo chamar. (Vaquero sai.) Numea eacei tanto em minha vida! 0 déste troneo {Btelvina, Jeeuina, Teotina ¢ Marina en- fram ¢ saem rapidamente, repetinda as frases’ fore da ceva.) MARIANA — Delxe o menino, Jofio José! fl uyienta! ETELVINA ~ WeSUINA ISOLINA — 9 judie dle, Vicente Judie da erianga! io" judie do menino, Joio José! (As vozes vio s¢ distaneiande. A aperi: ‘do de Etisaura 6 wm poueo irreal, Quuendo Blisaura se aproxin, am frémito pereorve © corpo de Jono José. O ganito entvn cor rende'¢ rhudt0, varando quanta vista 0 pai, ode depois, Vicontes eiaae), con oar eilurtda: 6"Yangaeperjune na onan asia ad Fundo © para, observandy Tods José. Viconte (48 anos) entra examinan. o atentamente um livre. Vieente (1s anos) surge ao fundo, fontasiadd de notoa, Dra ¢ alla Jodo Josd com expreseéo ect, ‘ida, de desafio. Joan José sea as tnace ne exdera como se quisesse afugentar uma lembrange. Por alguns momentos, Joas Joes parece cereado. Os quatro VICEN. TBS, espreitando Joao Josi, vio se apro. rinendo cou, expressao que & 1m misto de raivo, carinko ¢ siiptiea de compreenséo A exyressio evodui conforme a idade, atin. gindo 0 sen ponto mais exesperado em Vicente (15 anos.) Oz movimentos que far zem parecem te” qualquer coisa de. tonco, de muspeito: € coma Jodo José 09 ve. MARL CHLO ¢ mais sete adetescentes, entra Fantasiados de noiva, £les andam, ja melo Lebedos, fazendo com que os véus se age tem no ar. O garéto, rindo, sai corrento edesaparece. Enervado, Véeente (22 anos) oltaase © sai, Jodo José se envolve no Bloco e diz qualquer coisa « Marecto, en. tregaudo-the wn pacate de dinteiro’ Uleco, evoluindo sempre em siténcio, ab sainto de cona.) MARCELO — (Sibitemente.). Vieonte! Venha Va- tmios entrar no Maringa. A puiada esti tudo peladay 0 VICENT} Dante, MARCELO — La vem voed com suns frases, VICENTE — Nio posso ver aquelas earas. . MARCELO — (ti) Na hora ‘3 gente — (Conbateia.) Como no inferno de (Blisaura vai se afastando até desapare- cer. Como que atraido, Jodo José desapa- rece na mesma direc VICENTE — (Agarre-se « Marcelo.) Sabe que gosto da gua irm& Masia? Domingo, na missa, ela contou fque sonhou comigo: MARCELO — Entiio, foi um pesadtlo, VICENTE — Bserev p'ra ela: Assim como you em seus sonhos! Meu amor ¢ to grande, mew bem! Que as brisas em bailados risonhos! ‘Trace voe8 om mens souhos também! MARCELO — Nunea ouvi plores. Se protende ser i, desista de car, VICENTE — You aniar Maria a vida inteira MARCELO — Ai vem ® sua paraguaia, Firme, Papaz! vic — (Gem rwmo.) Que paraguaia. ..? (upira, fantasinda do boneca, entra ¢ mira, observando Vicente com desgésto.) ) — (Entrega 0 dinhelvo @ Jupiva.) Bs > tm amb, SJUPIRA — a ja primeira ved que levo una 1 p'ra cama. MARCELO -LSffagl ie niall lia TUPIRA — ¥5"fengo trinta anos de ventana... ¢ nfo vi una eiudad como esta, Nunca encontrel pa. ddres to apresurados como nesta tierra! Parece tna ‘questi de honor! Venhs, chiquito mio. Vamos abrir la eartilla. Por enquanto, es como un efego que em- pieza a deseobrir el mundo. MARCELO — Yo tambien estou cio! Nfo vejo nadie JUPIRA bien... val (RE com prazer.) Venga usted tam- Cupiva sai abragada o Vicente ¢ Marcela, A recardagio humithante, faz Vicente (53 fauos) te contrair, Vieonte (23 auoe) Moria entrar entasados, sobreponda-se ae figuras de Jupira'e Vieente (15 anos.) Véo surgindo, & miedida que Vieente (48 aoe) levanta’o roste, angustiade.) MARIA’ — Nunes tive um baile de carnaval tio Hiinebre, VICENTE — corclagoes. VICENTE — (43 anes, Contraiste, reeardando.) MARIA — Bu quero acabar com elas, voet nfo delxa VICENTE — (27 anos.) Voré acha que casemento fusions como apagador em quadro negro? MARIA — B por que nio? 8 uma vida mais impor- tants que comeca. VICENTE — ‘Apenas thais coisas serdo eseritas, Importantes, eu sel, Mas, nfo apaga nada, 2s anos.) Carnaval me traz mis re- 101 MARIA — Estamos noives 0° io enanmoe mnea Bo ue velo exrito hi dois anes VICENTH — Nao solacionamos a vide, apenas ca- sando. 14 outras coisas precisando de Soltgto. Tm. Dortantes também? on MARIA “"(ifagoada.) Mais do que ev, nfo 6? VICENTE — 0" brotiga to 6 Bie! Ca exsa fem sua importinels, Mavia. Sou eu que preci fere-- alguém oe. voce respelte © meus “lho, amir MARIA'— Mas, ser quem?! VICENTE — Nao eel. Gostaria de viajar; toxho nevessidade de saber... de'me-comumiear. Precise eserever, Maria! MARIA'— Bserover 1! Eserver o au VICENTE — its tenia coisa ersada ‘Tanto soietmente Ans? MARIA — B 16 estrever VICENTE — Nio @ tao féel MARIA — Por que mio? VIGBNTB — ‘Tenho procurado resposta ¢ nfo en Contzo, De tanto vver pesinis semn respostas, ou ceabec andando.& aan vollas. endo ehegarel tinen am olagio, MARIA — (Fechando-s.) Solugio do qué? VICENTE — Atko que... eicapar dgese die » dia ie no muda ninea. 0 inego, igre, © cinema, ‘sina! Pavece que nfo fagooutee clan, que assis (ir a agonia da minba gente, de tao! Dove haver m melo» de escapade Tita. de ser lgutrn. ARTA —i8 6 depois de dois auoa que vem me dizer vic INTE — (Cai em si.) $6 preciso de um prazo ‘Maria... porque quero p'za voed, um mundo ue sefa meu, aia 96 g4,piseo conuistar, Um mundo Aierente déste aie ioe tedesay e o daar tale Sento, Para iif gpygilo mir Restaae MARIA — E sera! uma noiva eterna, eomo sua tia? Vicente! Ou sera agora, on nunca VICEN TIO — Vood: tcha- gue “sePifeli7“assim? asada com um homem que ainda nto encontean verdade dele? Que mio sale o que €27 MARIA — Que importincia tem, Vicente?! VICENTE — Se me easar agora, teri de morar na fazenda, Maria, feu no sow facenlelee. Cosane assim... eu seria ines e a faria intel tambon MARIA — Trnbath at VIcEN’ o € questio de trabalhar, Sera que ter a vote a} aay ir feo manda be de mim, Maria?! ‘ me MARIA’ —O'que mals posso esperar? VICENTE — (Nam grit) Tu MARIA — Tudo 0 qué, Vicente VICENTE — (Desesperado, alias Marie.) Nao em qualquer | MARIA — Ja fui sua! Fiz tndo por voeé! Que mais posso fazer, Vicente? VICENTE — $6 sei que no consigo viver aqui, Maria, ‘No entanto, amo tudo ...1 Men Deus! Pore que iio viver como todos? Por que iio aceitar esse mundo como éle 6? Nio sei como me realizar, Maria, Sintome aeuado. O que esta ervado comigo? (Com sigo mesmo.) Quem sou eu? Quem 2" MARIA — Vicente! Nio fique assim. Eu espero vyooé. Hu espero... Vicente. 103, (Os dois 0 beijam, © vio se deilando, ox. gerindo wma posse. Desaparece a tena, saindo os "stides". Faseinady, no limite de una descoberta, Vicente (48 anes) cn minha para o fundo do paico, come quo atraido por uma grande forge.) VICENTE — (48 anos.) Quem? Um grande egoista, ‘que 36 pensa em seu trabalho. Passa os olhos por nis mas no nos vé. Eu tinha necessidade de saber, Mavi Precsava ter fos te lero to mundo!” reocupar-me com os problemas da minha gente! conhecimento da verdade. (Diversos “slides” do ginasianoe ado pr Jelados nes paredea. “As expresssee io ositieas, de grande determinagios io alegres, sadiaa ¢ abertas, Tre dcles' se adiantam em diregio de Vicente.) VICENTE — (Sabitemonte,) Continvamos, hoje, osga Kitura andlige da pega "O Cao Oppentor mer”, Onde paramos? ALUNO 1 — Pagina sels. Oppenheimer fala sobre Binstoin, VICENTE — Param a, pare que fens bem claro a, mporticia dest fun, Die Oppenhviner “Recat ts einco ou seis telefonemas, Hiataln te disses se ft pudesse eseolher outra vod, ina far funiliro on vendedor ambulante, para gozar, wo menos, de vm modesto quinho de Independencia’ Laly Fernando! Que conelussio voed tira desta fal? " ALUNO 2— Bom, profetgor! Peino qu os clentis- 44s foram usados para outros fig) que ilo On Ga ciinela, 104 FASENTE — Sohatd, ea aoe doer oup pose cA feser om sme a ainda ea fesu a Btieenldace tsende gant Posen instrumento ego, 7 ALENO 2 "Como sas, profesor? ViGENTE — Sete o mata rene oder eeonnico« pole mar nies que no 86 os levou a depente Cote tan ta exlotincta leak mento de ments ova eta 4 ts lata eas iN Evresondie mgt 0 que foi? ; ALUNO 1 — 0 senor nko soube? 5 vicar — 9 ine APBNO 8 —0 ate se pasou me ata de slips VICENTE — Nao, y sere Vicente oa fasta, enauante entra ¢ PADRE.) ‘ PADRE — Que foi que vot dase? NO 2 —" (Eepreaidn malian, provoant, Que sou aten! “ae ee PADIB —"Voes no sate 0 que diz SLUNG — 6 ton sets no precisa do Deas 21 fab to reise Te Dap Ue AlSSE que um cientista nBo prec ALUNO 2 — 0 professor Vicente! Be ere oy SMPTE 0 professor Vicente! O que mats 105 ALUNO 2 — Precisa mais, professor?! PADRE — Nio. Mas, esta certo! Certo para uma pessoa como e professor de teatre, que todo mundo Sabe mio passar de mm comunista notorie, Pior finda? subversive! ‘ALUNO 3 — £ Oppenheimer quem 6 acusado de comunista, nilo o professor de tentro. PADRE — Isto no € teatro! Bsta poga nfo presta, Como ndo presta também a pega do professor Vicente, encenada na cidade. ALUNG 1 — (Apressivo.) Nao presta por que? Iu gostei muito! PADRE — Porque 6 uma mentira, Aquela perto- nagem nfo fol daguele jeito. # baseada no avd dele, fe todo mundo sabe que nfio passou de um frequene tador do meretricio, (OS ALUNOS FALAM TODOS AO MESMO TEMPO.) ALUNO 2 — Entfo,o senhor nfo entende de teatro! ALUNO 1 — A'personagem nfo &o a00 diet ALUNO 8 — Simbotiea'n mantalidade do antes de ‘ints é ALUNO'2 — ...0 queda de familias lo café ALUNO 1— ..vitimas da evise de 29! ALUNO —" Sto questbes eeontmicas e no reli ‘iosas! ALUNO 1 — Problemas sociais...t ALUNO 2 — E'que me Impori se o a00 dle fo PADRE — (Grita, tontondo dominar 0 bolbiotia.) ‘Beco autor nea paso de um fazendeito fracassado dive aenbou vendendo fazenda 106 ALUNO 1 — le nunca fod tazendeire fm drama turgo! PADRE — £0 que guifies um dramaturgo nesta terra? Nada! ALUNO 2 — Mas, dle esti entre os melhores. Eo senhor," como padre? ALUNO 1 — Que vern aqui fazer uma delagio? ALUNO § — Bata entre 03 piores! ALUNO 2 — Nao se usa mais padres como o fsenhor! ALUNO 1 — © sonher veio ensinar religiio, nto falar mal dos outros! PADRE — Sajam da classe! ALUNO 8 — Isto 6 falta de éticn professional! PADRE — Calem a béea! ALUNO 2 ea boca, mio senhor. Em. nosso lum professor argamenta ! (Siditamente, sai enfurecito.) — (Procurando se dominar.) Bm peimel- ro lugar, ningném falou que eientista no precisa ce Deus, Isto & problema déles... ¢ nem 6 0 da peca, Cientista € ateu, fulano é comimista, sierano & fas cista! Isto 6 rotular... © demonstra intolerinein « falla de cultura, Comentamos, apenas, a ironia de se mandar um homem jurar em’nome de Deus, quando se deseja a yerdade, e nao se lembrar de Deus para teatarsetenta mil pessoas com ua oma! NBO fe ALUNO 1 — Foi, aim sexhor, VICENTE — Nao podia ter acontecido incidente mais feliz, para exemplificar as raizes do Drocesso de Oppenheimer, e provar a exatidiio das palavras de 101 manda um Binstein, de que o fim dag nossas aspiragdes, deve ser © conhecimento da verdade! Quanto a mime] ALUNO 2 — Que foi, professor?! VICENTE — (Perdéndo-se em. si mesmo.) Nada, Lembrei-me do uma estévia antiga, due tambien falava de intolerancis ... de incompreensio! (Os alunos sem © Vicente caminka, Perdido em si mesmo, enquanto “ales coloridos, de ieroe. 'feehados, —abertos, samontoados, em estanter, om livarias, eo brem as poredes da cena. Sibitamente, Vi. conte ee volta: © gardto urge correnio ¢, ripido, entra dobaizo da cama. fied aulnirando os téoroe, que tle vat enpithan. do, Vicente (15 ano) @ Vicente (29 ance) entram tendo atentamente, eructin 0 nedeo ¢ vio se sentur em ladow opostor, ficando absortos aa leitura, Vicente past de wm para outro, muna agitagdo erescen- te, Jodo José aparece sentado, na mesma posigao em que estava, Silbitamente, lex vanta-ee ¢ vai recuando afd ve encostar & parede, ficando entre os livros. A recorda- sto dotorosa, desfigura sou rosto, Turina. #8 0 quarto de Mariana. Ela estd recostada em travessciros. Jodo Joni, agitado, upro- zimase da cama, seguilo por Vicente (43 anos.) MARIANA — Basta eu fechar o§ olhios... o esta Incompreensio odienta vai acabar com 0 poueo que JOAO JOSH — Um fitho que s6 sorvia p'ra me ator- “mentar, 108 MARIANA — Bela. {oj miphe ipa: pascen vida zo meio de homens bast, Na minha Ita... contra aquela flauta, @ na sua contra 2 inclinagio de seu fitho, consumiu-se tudo! JOKO JOSE — Nao diga isto, mamie, Nio neste momento! MARIANA — Lutel « vida inteira contra um fan. tasma... e perdi. O que foi que féz na vida Joao 6? Uson a favenda pra eagar. Voee pensa que finda esta no tempo antigo, Desde que o trem chegou aaguf, «que tudo mudou. E voeé nao peroebeu, meu filho, JORO JOSE — Se Ale tivesse me Ajudado. MARIANA — Nao adiantaria nade, O mal... esta fem vood também. Coitado do meu filhol i ainda fuma erianga,,. correndo mim mando sem por teiras) VICENTE — (48 anos. Reeua, penatizado.) Papait Agora, en compreendo! MARIANA — (Vendo Viconte (28 anos), se apro- simar.) Bo mew neto... um menino perdido no mundo da lua! (Conéraisse.) ‘Trinta mil alqueires, mea Deus! (Sabitamente.) Minhas fhas! Onde esti minkas filhas. (Btolwine, canada © suada, aparece me- endo wm tacho. Jesuine ¢ Ivolina, debree gailas & jonclo, olham quem passa na rua. Volta 0 apito lo trem que se distancia 6 se compute ao vom da flauta,) MARIANA — (Agita-se, engustinda.) Bu sempre ache... que Bernardino... acabaria ganhando a pa radal (Retesada.) Maldita flautal Niuho de cig le tee quatro fithos Pobreza...1‘(Osliewta,). Queto. ene dino... "nas profundezas do interne ww Berna formar won verdadeity dete com Joi José ¢ Vicente, Jono fave tae 89 find. 0 sorvise forma seu rou ae ‘anfantil.y ee J0KO 40S — ht. prave on tray ty as fa in lta a, at cabrito ja esté na garupa. A vel haenria déte ji Sil onder tah nl de Cha bapal, ¢ estivamos tio perto.., perdidos no mesne levants a enea que qutm mas deve altaya ey (Os “stides" don livros deseparecem, Joio Yosé entra procuranda Vicente em diverees lugares, Durante tida @ cena, toao Tose ‘vai ae preparendo para wna cagada. Poe 0 perneiens;eixtemio- dr=buioa\-tatae;Ins én, cies Kigheehande suas coisas noe lus pares, isle cation, Vicaade fo¢sane de latidang ag divsind, vee ainnenlando poueo 4 poueo.) JOAO JOSH — Vicente! Onde esta vocé, meu fitho? Vieente! (Othe a came.) Vicente! Quer que eu ay Fungue vod dai? P'ra_ gud se esconder, ‘nieu ilho’? VICENTE — (5 anos.) Nao estava escondido, papal. JOAO JOSE — (Sorvi.) Amoitado pior do que’ ca tingueiro! VICENTE — # @ minha gruta, papal JOAO JOSE — Gruta? VICENTE — Onde guardo minas coisas. Como se fsse_ um sogrédo JOAO JOSE — Também podemos chamar de amoi- tadox, fidho. VICENTE — Que 6 isto? JOAO JOSE — Lugar onde ax eagas amoitam, (Seindo.) Nao acho minha perneina, Casa sem mit Ther 6 um inferno! (Jomo José s0 aprovima de Vicente (1s anes), gue continua absorto na leita Joao ore pega @ perneira ¢ observe Vis vente.) JOKO JOSH — 0 av8 & isto? VEGBNIDE (9 tne) Um sol HOi0 dose Aa Palio at VIGNE — Sobre a sstado den mine gue poo fine, vv gar'no mad dagen Ec saul ut JOAO JOSE — B por isso sente solidio? VICENTE — Sente-se perdido, JOKO JOSH — (Satisfeito com a oportunidade,) Ah! Nio sabe so orientar, nao 6? Noo fale tin Yood? Nunca me perdi. Por pior que fosve 0 mare Isto nilo acontece a um verdadeiro cagulor. see, Jo encontrei cage que me desarientasse, VICENTE — (Sorri superior.) 0 senhor vé tudo em termos de eagada! (Consigo mesmo com win got.) Ha cagas que niio pegamos nuneat (Vettando) HA outros eaminhos, outras matas onde tn hero) Pode se perder, papa, TOKO JOSE —sse caminho nfo foi aberto, nem eresce a mata que me fuga perder. VICENTE — Falei em sentido figurado, papal, Tem gente que nile sabe o que & 3OAO JOSE — Voed niio sabe quem 671 VICENTE — Nao. Acho que nao. cet O40 JOSE — Voce & um homem. # 0 meu-filho! VICENTE — Nao se trata disto! TOKO JOSE — Se aceitasse meus conselhos, nio se sentia asin, VICENTE Joao sos = VICENTE — entende outral OKO JOSE — Porque vive pensando 0 que nko eve, meu filo, VICENTE —Pensando em qué? 3080 JOSE — Vaquelro mercontou o que anda at endo a dle, m2 preciso cacar, andar a eavelo (rritase.) "0 'senhor 10: compreen- fem ver de flear grudado em eu digo uma coise, 6 senhor VICENTE — feet, mesmo, dou pho de cae, e JOO JOSE — 8°U iibanhetzo que yued ndo quer ter VICENTE — Nio posso ver asso coitado... sem fentr vergonha do que fizcramn dle. Passed a Sit farejando, correndo, certands aga apa JOKO JOSE —"Devia sentir vergonta de outras tote VICENTE — (Retesse) Do gut, papaitt 4OKO JOSE —(Preocipado.) Por que nto ae abre cornigo, filo? MIGENTE — Nao esconio nada. Pelo menos nko excondo 0 que o aonhor purer ORO JOSE — Quero saber gum 6 voce! VICENTE —“Tambiém estou yuerendo aber quem, sour JOKO JOSE — 0 qun quer da vida! VICENTE — ‘também nto 7 (rritado, Joao José entra onde esta Vi- eente (3 0s) TORO JOSE — Que 6 que vood amoita VICENTE — (5 anos.) Quer ver?! (0 garoto entra répide debatzo da coma « Joga para fora, pastes, estojos, caderos, Horas, ete.) VICENTE — # « minha eserivaninta, JOROJOSH — Que livros sio éstes? VICENTE — Nao sei. Peguel p'ra mim. ~ JOAO JOS! — Sous primos estio at VICENTE — Nao quero ver ninguém, JOXO JOSE — Vi brinear! Sain déste quarto! VICENTE — Nao quero, papal. A JOKO JOSE — Tem hora p'ra tudo. Lé fora esté tum dia bonito e voeé socado debaixo da camal VICENTE — Gosto 6 dos meus livros. JOKO JOSE — (Pura Vicente.) Bu é que sei do que ord dove gostar. VICENTE — Também sei, papat JOK0 JOSE — Vai ver seus primos! Ande! Nao ‘quero encontrar mais yoe® aqui! (Jodo José 80 aproxima de Vicente (28 noe.) VICENTE — (22 anos.) Nio mexa em meus livros! JOXO JOSE — A esorivaninha é minha. Lugar dos meus borradores, ‘Tire esta poreariada daqui! VICENTE — Borradores! Os eternos intocaveis! JOAO JOSE — Gosto déles assim. Vou fazer a es- crit, VICENTE — Eserita de cagas abatidas, nascimento de eachorras e ele. A outra nao sai nunca, JOXO JOSE — Por que nfo faz? Voe® nao é o admi- nistrador? VICENTE — 86 para constar. JORO JOSE — 0 que quer dizer? VICENTE — Sem dinhsivo e miquinas nate & pos JORO JOSE — Comprar méquinas, como? VICENTE — Existem Bancos que finaneiam a eom- pra de trator TORO JOSH — Nunea d@ um passo maior do que as pernas. 14 vicEn‘ie — Pee'isfp jitemo ude chegames a lugar alum, FORO JOSE LGiahaa HEAR TREVINE dono, Yaga a5 besteisad MUC duiser : VICENTE ~ Garanta. que nio farei tantas! JOA0 JOSE — Como? “Lando romances no terrago da fazenda? VICENTE — Uma coisa ni impede a outra. JOXO JOSE — Pondo amises na eabega dos empre- ados? VICENTE — zles ganham uma miséria mesmo. JOXO JOSE — Eo que ev posso pagar. VICENTE — Nem por isto deiva de ser uma mista JOXO JOSE — a vi que expéeie de fazendelro vai bers Se 6 que val! TCENTE —"Cada um faz 0 que fem eapacidade, © uectentaaiti disends, amt eso tor ote hor fol FOKO JOSE — Delxa seabar! Deixar terra p'ra quem? ‘Fazenda exige gente dsposts, com on 3 1a VICENTE — (Sorrt-nmargurade, a0 ver o pai des erever 0 que dle prépria nao 6) TOKO JOSE — Voed vive com o pensamento no Inundo da ual VICENTE — Pra dar certo, era presiso tor o pen- saunento-no mundo dos biehos? JOA JOSE — (Baplede,) No mundo dos homens, inetmo,.. eu burro! VICENTE — Nos vamos devagnr, papal Nao te mos press, Mas, nds chegamos I laveendp-aeu: nos vamos esamoltar ata caga! endo... soltaremos tOda a eachotrada,.. e No on- tardeser, quando iio nos restar sento n ntl remos com ela, 4 de olhos vidrados, pendente da garupa susda do’ nosso édie. JOAO JOSE — (Confugo.) De que & que. esti fa- lando?! ‘VICENTE — De cacas amoitadas, nada mais. Amoi- tadas dentro de nés, nas moitas dos. olhares, dos estos © dos siléncios! Cagas ferozes que nio ats cam, mas cercam e isolam-.. até que suas présts morram de incompreensio @ solidao! JOAO JOSH — Com vor’ ndo adianta conversar Nio eniendo voct. (Chegando diante da came.) One esto os livros? VICENTE — (6 anos.) J4 guardel na minha grata, papa. JOAO JOSE — (Corrige.) Amoitador! VICENTE — Prefiro grita mesmo, papal JOAO JOSE — E ou, amoitador. B amoitador! VICENTE — (Olha para a cuma, firme em seu pro pésito de ndo mudar.) JOAO JOSE — (ntrando onde estd Vicente (15 xcs.) "Nao viu minha eartucheira? VICENTE — (15 anos.) Nio. JOAO JOSE — Sera que vod milo tem outra cotsa pra fazer? VICENTE — Nao. JOAO JOSE — Va agarrar em orelha de boi! Voce passa 0 dia intelro pendurado em orelha de livro! VICENTE — Sho as orelhaa de que on gosto, JOAO JOSE — Vamos engar! Anda! VICENTE — Nao quero, JOXO JOSH — Voed precisa eagar, Vicente! ‘Todos 4 parentes eagam, VICENTE — Que tenho com élos? JOAO JOSE — Hu tenho! no VICENTE — Hike; Gide o Bedi JOAO JOSE NiO, seu burro, 6 gue podem pene ar de’ voet A BESUUISA E VICENTE © Gifihigo déles nfo me interessa JOO JOSE — Interessa a mim. Jé estio lalando de voed! VICENTE — Deixe falar, JOAO JOSE — Hstou cansado de brigar por sua VICENTE — Nao brigue! JOAO JOSE — (Descontrolade.) Hoje, voce vai hem que seja de arrasto! VICENTE — Bu vou. Mas, vou toreer pela eaga Sou pelos mais fracos. JOA0 JOSE — Porque é um fraco também. VICENTE — Isto depende de conecita de fraqueza! JOAO JOSE — Lingua afiada vost tem, Prépria {das mulheres! f VICENTE — B dos homens tamiém, Daqueles que tem alguma coisa ma eabega, JOAO JOSE — $6 espero que tena um filho igual a vocd mesmo. .. © que face porguntas edbre a lua, Sobre isto vooé saber responder, VICENTE — Sabere! mesmo, Lin quebrada @ mine guante, quando ndo se planta nada, ® assim que tomos vivido! Minguante ¢ tambem decaddnela, Dos cadéneia! Compreende, papal? JOAO JOSE — Pique em easa, costurando com wun avi! (Sai) VIGENTE — (Ferido.) Eu sabia que o chegar ait “ 3OAO JOS# — (Aproximand tudo datt VICENTE — (6 anos.) 3040 Jo! sabe nda, VICENTE — Nao tiro, ni, papal JOKO JOSE — Como? VICENTE — 0s livros so meust FORO JOSE — (Grita.) "Tite tudo, {4 disse! — Sun tin & uma solteirona que’ nio Sai.) (0 garéte, assusiado, ativa-se debeico da cuma. Vicente (22 anos) vivase, witbitar mente, pondo-se de vé, quando dodo Josd entra onde dle esti.) JOA JOSE — 8 de se ticar loveot Em eada lugar Ge.entro, encontro voce geudado numa porearis a, liveo, Vi isto a vida inteiral VICENTE — (23 anos.) E ainda nio desistin de imple? SOKO JOS8 = Vocd ven & fuzendaas pire ter?! VICENTE — Boo senhor? $6 p'ra cagur?, 1 viva 4 minguante! ilies JOKO JOSE — Lingua afinda voc Tempe tive VICENTE — Propria das mutheres. Ji ouy! isto, TOKO JOSE — E vou dizer quantas vézes for pees cise, VICENTE — 0 senhor niio eonsegine mais me ffir, ORO JOS — Feri?! ‘Sexia ate uma cone VICENTE — 0 senhor eomegou quando ta tigha apenas eines anos ORO JOSE — IE vou continuar, Até voet aprender! VICENTE — IB assim, chegaremos diante dace, altura! OKO JOSH — (S41NDO.) Chegaremost NICENTE — (15 anos.) Nio ha lugar parn meus livros nesta casa, us JOAO JOSE — RsaENMIO Ax BaEi"e AcE Mae TE ~ (Gmas}sPosso por na exer uha, papal? JOXO Joss (Sai) AMGENTE — (29 anos.) Nao sti como no faloy ainda em minhas prendas doméstiact {040 JOSS — 0 que pretende ser na vida? MUG ENTE — (28 anos.) Nada? Contints em min uante! VAR YOSE — (SAINDO.) Eston tem arranjado, 2 er Ey gi tte) Eu quis eatudar Howe: © senhor nio deixou, TOKO JOSE — (SAINDO) Isto & profisio de mulher VICENTE — (5 anos.) Q © senhor me dos livros? {OKO JOSE —(SAINDO.) Por que x: Agronomia? VICENTE — (28 anos.) Porque niko gosto OKO JOSE — Ja sei do que voed sesint — Saino.) tii cheia de chumbo, ilo ew aprender a ler, estidou (Os VICENTES fazom movimentos cireue fares mo paleo, Joéo Josd parece vereade, acuadto,) = (#9 anon.) Com o senhor niko adianta ~ (25 anos.) 0 senhor nto entende! FAGENTIE — (6 anos.) © seuhor me devolve, peu? JOKD JOBIE — (Ao do 23 anoe.) Por mais wee ene fem oe nfo vejo nada mew VICENTE — (43 anos. Corre, prevendo o que vai ‘acontecer,) 9 a {QAO JOSE — (Viotento.) Nem parece fitho meu! JoGENTE — (23 anes) Nem voce, parece how al! Fant JOSE — (Ao de 1 shoe) Oaue gee esti fazendo?! . VIGENTE — (15 anos.) Corre! Salvese! FORO JOSE — Voce esis loucst! JAGENTE — (69 anos.) Fide don) eashorses] JeA0 JOSE — Néo me envergonhe dante toe com. atheiros! VICENTE — (15 anos.) Seja livre) Corral PAO JOSE — (Fore de si) Nao tage ine! YIGENTE — (5 anos) Eu camo de nmeitator Gage NTE — (15 ene) Sou pelos male tris js = (22 anos.) Salvel a cagat PAGENTE — (5 anos.) Deixeane com meus livros, Paral! (Agarra-se de pernas de dodo Jove > JPAO JOSE — (Rasga o tivro.) Voed maton o ca PACENTE — (43 anog.) Assim, terminou minha primeira eagada! (Zodoe se afastam, enquanto.o gerito, 0. ~ Meando, se ajoetha, ajuntando os peace Mo Mero. Joo José também ve asoetien aotrendo pelo eachorva morte, ‘Eteiina Jeoling entram, eorvendo. segue vs, eente (28 anos) Jodo Jost.” Vicente 5 gna) © Vicente (15 awos) desapareces, MARIA SURGE NO PUNDO LO Par D 0 TEP ULVINA — Por que esta taiva entre vocds? 14 ‘lez anos que nfo fazem outta eolsny aenio Iniceey 120 FOO JOSE — Bscnacfazenda que é lugar sale, Fraglvina. ‘Mas, oiab Ble-muer es paste al Sees fazer nada. $6 cuidamdonde coisas que ningugn se tende, HICENTE — (23 anos.) Que s6 0 senhor nfo en tende, OKO JOSE — Sabe de ums coisa, meu filho? ‘Tenho Pe Tasty ee, Nesta idade e aintu nio sabe o auc Jil fezer da vida. Vai ser moeinho de esquina © vig inteire... namorando 2 lua! (VICENTE —"Para aceitar'o que nos rodela, pretiro Heer peas Wnético, fugir para um mundo impos, alvel, Pelo menos dase, seri men. Que fazetth Senger foi? Fazendeivo de um mundo sem divin? FERLVINA — Nao briguen, pelo amor de Dont {OKO JOSH — Voce no foi torments mene ETELVINA — Joko José! Em nome de ware VICENTE — Vou embora, Nada mais me prende aqui Va ser esquisito peta vida a EIELVINA — Joio José! Por fave VICENTE — Senti-me a vida intelva como se esti. és xo de uma exma lesmanchava seu noivada. ‘Casavas ¢ (eget homem responsivel, Decentel Mas, é isto que voed quer: nfo tor responsabilidade meee VICENTE — (Solta-se de: Feolina.) Caste © fiear fem suas mos, cheio de ilhos esa YARIA — (Vai se afastando.) Bu espero, Vicente... VICENTE — ® isto que o senhor quer? + fem nenhuma dee 1 MARIA eente,. JOXO JOS: do gente, VICENTE — 0 senhor tem felto tudo para que ex me sinta culpado, por nfo pensar conio 0 seulhor, por nia ter sido o que esperava que eu fésse. Quer que on farregue essa culpa por téda a vida, eomo um tsnlor B uma imaneira de destruir 9 que gout. Mas, io val conseguir. © senior me abandonou a vida Intelva, 86 porque no era cacador, uma eépia sun! Agora quer que ex carregue sua ‘terra coma 0 tice hes, gue a vida pode dat? Pois saiba que hd muilos! ‘Tuclo aqui passou a ser insuportavel, quando con, Dreendii que haviam outros bens que podlam ser cor auistades, E compreendende, ful levado. a. tim exasperagio que o senhor nunea poude entender. a terrae @ vide que o senhor quer me tpingit, so serviriam para me prender A minha anrdstia, © nao ‘me deixariam jamais sair dela JOXO JOSE — Sabo de uma ef io passa de um vencido, ISOLINA — Ni tiga isto, Joto Joss! VIGENTE — Yencido ¢ 0 senhor que a6 cagou na ETELVINA — Men Deus! Socorta-nos! (Sunindo.) Eu esper Eu espero, Vie — Quero que seja homem com profi meu filho? Voes Umpotentes diaxte do pior que se anun- cia, Btelvina e Lsoline ge afostarn, enguan. to Jodo ¢ Vicente se aproximam, como qo atrastes pelo mesmo perigo, Sontenve que les precieum ir até 0 firm, Sao como ete ‘20 sentir o eheira de aga Tongamente tase tejada.) OKO JOSE —~ Here. Nao fn out goisn. as, hinguém 1éz albedo die @, Nasiea” Vonlei sent inhag eagas. BWR Que 6 que fez na vida? Quem ‘ood? Ovque quer? Nada! Nem cagar! VICENTE “io sei me tivertir cont morte, nem ‘esto cim a de um animal. Isto € que ¢ ser hemem? TOAO JOS#— £1 28 Isto mesmo! VICENTE —B foi por isto que me humilhou a vida inteirat? Enifo, ser homem €se diverlir en: ‘qeento «mulher morro? JOKO JOSE — Tivemos a mesma culpa. Eu pela uséncla vost pela revenge VICENTE “Mas, fol eu home que ela gritou na agenia! FORO JOSH — Agonia que voed trouxe... pita ela ® pra iim! VICENTE — Foi voet quem me desejou! JOKO JOSE —" Nao etme’ voce velo, em como oce VICENTE — Sou coma me fé2, e vim como vocd quis: sbzinhot Shanhos vivemos...°e sheitha la JOXO JOSH — Bie morved, enquanto eu colecionava Dresenies pra voet. Cada’ dia’ que amannielay ere fomo ae these cagar oma bonito, “Bra 6 Gye ee Podia dar de melhor w wm filho. Mas, nto"a ven Htho ome vo VICENTE — Fol ly na Santa Casa, que dln eaiu! Fol n aun fnderenga. nossa pior cashosra.

You might also like