UMA MEDICINA

PARA UM
NOVO TEMPO
Míria de Amorim
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molorepti ipient voluptatur
aci beate venis solorrovit quos
etur? Im esserup icienis estis
dit el illores non et eos sim
sundit estia nonet liciam re
nes plicit labor repersperum
Fictasperia core et
exerferum namusdandis
dit repta nimporiant
volorum volumquation
elique doloreiur sitas erum
corrovi delesequam is
nosam ut et que si ut que
que cupti asperum aliquiam
et et poratqui ressum ratur
saperum audit ullorecabo.
Ibus cusciae. Itaerum nullo
eri autemporum reius,
quissunt eosse pero tem
quam et quostrundae abor
alignist, ellaut ute nem
veribus.
Iqui suntur res rectur ad qui
blabo. Sum ea venestotam,
ut eturiaspere postius
doluptam, ommolorum
untiam enit de plantureste
simagniam nos sint qui
si tem volupta volendae
nos consequ iandigent et
expligniene plaborestrum
corerionsed undi con pre nist,
con nestibusam, eritas cor
asperibus audictam et
Da que pe ped maxim
earunduntur reiur ma volorem UMA MEDICINA
vidi id ullit illor sandeni sciume
solestiori que am laborem PARA UM
fuga. Ucipsanti tentibus.
Pudam, sim voloribusa perum NOVO TEMPO
aliquunt autem exerupt ibust,
Míria de Amorim
Pieturita aliquam, simus
porerferoria nobis ilitia et
quam acerro earci reptis et
eaquatus rehent paris vent
quo mi, aut excestis es quati
dere re dolupta dolor apicit
vitem consequas voloressiti
coribus alibus dolor apelibus
rem. Ut omnis am doluptatus
moluptatium fuga. Ad eos et
dolor a nost, quiat que rerit,
eum, expernatis amusdam
dolectem digenist fuga.
Um seque nim aut endus
renit, nullab imperum que
officipic tempore ctaque
peria expediam quodi sus ute
remporum utatur?
Imus ut accus aspicil int
ipsus aut eum et et arcienis
expliquis velessi voluptasi
doluptustiis id mi, quiae
quame plandit assincto
cuptaspellab inullup ieniet
accus nate consercia ea
quodis intur, sit, quatem
Agradecimentos
Este é um espaço verdadeiramente sagrado neste livro, pois, sem
referências do mundo físico e do mundo espiritual, esta obra não
teria sido viável. As malhas luminosas tecidas pelas geometrias
do grande mistério da vida me permitiram caminhar, e a essa hie-
rarquia luminosa coloco meu reconhecimento mais profundo neste
espaço dedicado à gratidão. Todas as coisas do céu e da terra que
me foram delicadamente oferecidas através de sincronicidades têm
o meu reconhecimento: sem isso não teria sido possível costurar
com a criatividade, de forma a manter aceso o grande propósito
do meu coração.
Quero agradecer Àquele que mora no fundo da minha alma
e que me sustentou com Sua luz e com o Seu amor todas as vezes
que bifurcações difíceis me convidavam a desistir. Agradecer tam-
bém a mim mesma, por ter ouvido e acatado a minha própria luz.
Reverencio os meus ancestrais e esta terra mágica do Brasil,
que eu amo tanto, este país que ancorou essa energia de trans-
mutação como uma possibilidade para a humanidade. É do meu
desejo que, no processo de cura, os brasileiros possam um dia
reconhecer a grandeza desta terra e amar este país como ele me-
rece, reconhecê-lo essencialmente. Enquanto não reconhecemos
o que temos, nada temos.
Agradeço à minha família. Aos meus pais, que plantaram se-
mentes de muita luz na minha alma. Ao meu esposo, José Luderitz,
que sustentou o Ting durante todo o processo. Não é por acaso
que, ao final, com sua arte, elaborou em sua alma de artista as
gravuras das etapas e dos sinais mais marcantes dessa trajetória.
Ele esteve sempre no barco comigo, e sou profundamente grata
a esse amor. Meus filhos Sergio, Mainni e Eline, que deram toda a
sustentação que o trabalho exigia ao longo dos anos para viabilizar
a condução dos processos e tornar possível que essa metodologia
chegasse às pessoas de forma justa e bem estruturada. Agradecer
à minha filha Branca, que, da Austrália, há anos vem se preparando
para auxiliar no intercâmbio que será necessário em breve para a
expansão do trabalho.
Um especial agradecimento a Maristela Barenco, minha
orientadora nos últimos anos, por suas correções amorosas, sua
fala instigante e assertiva e seu dom nato de ensinar sobre ques-
tões da vida. Uma das coisas que me dava mais prazer nos últimos
anos eram nossas trocas filosóficas sobre as questões da vida e
nossos cafés, pensando em caminhos para a humanidade. Maristela
e minha filha Eline, nessas conversas sobre a vida, ensinaram-me
que os remédios, sozinhos, não curam ninguém. Os realinhamentos
energéticos nos processos de cura trazem as pessoas certas e, na
realidade, são os grandes amigos que vão nos curando de todas
as feridas que trazemos quando retornamos ao cais, depois de
longas viagens existenciais. Fui muito bem cuidada e agradeço
imensamente às duas por isso.
Agradeço ao corpo de médicos e médicos veterinários, que
considero verdadeiros heróis, pois atravessaram comigo desertos
onde o maná caía do céu através do BioFAO, mas sabíamos ter sob os
nossos pés a dureza desértica do mundo da polaridade existencial.
Traziam com eles milhares de pacientes que nos acompanharam
por muitos e muitos anos. Sabíamos que estávamos fazendo uma
grande travessia e essa história daria verdadeiramente outro li-
vro. Gratidão a toda essa gente iluminada, a todos que cruzaram
a caravana em tantos e significativos momentos. Um dia a gente
entende que a polaridade inclui o bem e o mal, senão não seria
polaridade, e que ela apenas nos convida a ir além. Portanto, aquilo
tudo foi necessário e cada encontro e cada fato foi exatamente o
que precisávamos viver.
Agradeço (in memorian) a Heloisa Pacheco-Ferreira, minha
orientadora de mestrado na UFRJ, que por muitos anos chefiou o
Ambulatório de Toxicologia do HUCFF/UFRJ. Eu a vi muitas vezes medicina até a finalização deste projeto, reconhecendo o apoio que
enfrentando brigas e oposições no meio acadêmico, buscando abrir recebi de muitos colaboradores e amigos. Saliento neste espaço
espaço para essa nova forma de abordar a saúde. Era uma grande que nem todas as pesquisas realizadas e os casos relatados neste
guerreira, e deixo aqui minha profunda reverência e minha saudade. livro têm o aval da UFRJ, mas tão somente a pesquisa realizada no
Um reconhecimento muito especial a Maria Izabel de Frei- período 2006-2007, no Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocu-
tas Filhote, coordenadora adjunta do Programa de Formação de pacional (Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, com os pacientes
Recursos Humanos de Vigilância em Saúde Ambiental LABEAD/ intoxicados cronicamente por agrotóxicos e solventes.
IESC/UFRJ, pela parceria durante muitos anos no Ambulatório Deixo aqui, e de forma muito especial, um agradecimento,
do Hospital Universitário e pelo seu empenho na orientação e com muita emoção, aos meus pacientes, por toda a força e apoio
organização dos dados nas pesquisas realizadas no HUCFF/UFRJ. em todos esses anos, à população do Matutu, na serra da Manti-
Gratidão imensa a Haydée Moreira, bióloga da Faculdade queira, em Minas Gerais, e aos pacientes queridos do Ambulatório
de Medicina de Marília que, no momento em que a universidade da UFRJ, cujo sofrimento me ensinou muito sobre o poder imenso
exigiu a pesquisa básica para que eu pudesse continuar o trabalho que existe no coração de todos os seres humanos de se manter
em humanos, se prontificou a realizar uma linha de pesquisa com no caminho luminoso, apesar de tudo.
resultados em várias patologias e classes de intoxicação química.
Se não fosse a ajuda dessa grande alma, não teria sido possível
prosseguir.
A agricultura ganhou uma fada madrinha, Marli Ranal, pes-
quisadora da Universidade Federal de Uberlândia que trabalhou
quatro anos em canteiros experimentais da universidade e com
trabalhadores de campo, na forma de mandalas, legitimando a
esfera deste trabalho para a área ambiental. Nosso encontro foi
marcado por uma linda sincronicidade e agradeço imensamente
a esse grande coração humano.
Reconhecimento imenso a Manuela Ribeiro, que vem traba-
lhando há anos com pesquisadores na área vinícola de Portugal,
e a Vilson Pigatto, um agricultor brasileiro de Caxias do Sul que
colaborou fortemente para a observação dos resultados na área
da agricultura.
Agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro, por todo
o caminho que me permitiu percorrer desde a minha graduação em
SUMÁRIO
12 PREFÁCIO
22 INTRODUÇÃO

36 PARTE 1: Nas trilhas da síntese

38 1.1: Partindo do um
56 1.2: Desvelando a “matriz de vida”: o Biocampo
75 1.3: Projeto Biocampo e as geometrias multidimensionais

130 PARTE 2: Do outro lado da linha

132 2.1: Referenciais quânticos para uma nova medicina
169 2.2: Novos saberes instituídos pela Práxis

181 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto

Biocampo
182 3.1: Metodologia dos Fatores de Auto-Organização
do Biocampo (BioFAO): uma visão holoinformacional
da saúde
201 3.2: Acompanhamento de pacientes com intoxição
crônica por agrotóxicos e solventes com as
ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO,
no período de 18 meses, no ambulatório do HUCGF

230 PARTe 4: Resultados e casos clínicos na

metodologia BioFAO
232 4.1: Acompanhamento de pacientes com intoxição
crônica por agrotóxicos e solventes com as
ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO
no período 2006-2017, no Ambulatório do HUCGF
245 4.2: Respostas observadas na prática clínica com
médicos colaboradores da metodologia
326 4.3: Respostas observadas na prática clínica com
médicos veterinários colaboradores da metodologia

339 PARTE 5: O circuito coerente para a

auto-organização

348 PARTE 6: A Bioarca

PREFÁCIO
Maristela Barenco Corrêa de Mello
Professora adjunta na Infes
Universidade Federal Fluminense
Petrópolis, verão de 2018
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 13
Tive o grande privilégio de conhecer a Dra. Míria de Amorim atra-
vés de um amigo de infância que há anos cuida de sua saúde com
ela, mas, até que a conhecesse de fato, algumas boas surpresas
aconteceram. Entre elas, uma ocorreu ao final do meu processo de
doutoramento em Meio Ambiente, quando esse amigo me ofertou
o seu livro, intitulado Holismo, homeopatia, alquimia: uma sincro-
nicidade para a cura. Bastou que eu começasse a folheá-lo para
que uma energia amorosa fosse acionada, a partir do reconheci-
mento do valor daquela obra e da identificação com suas ideias,
postulados, referenciais teóricos.
No Meio Ambiente, eu estudava a supressão da subjetivida-
de na epistemologia da ciência moderna, na qual subjetividade e
objetividade constituem realidades disjuntivas e mente, psique e
subjetividade são concebidas com desconfiança e confinadas em
categorias de autoajuda. Eu entendia que, para trazer de volta o
sujeito ao cenário da ciência moderna, teria que, concomitantemente,
propor outra epistemologia, que me possibilitasse pensá-lo como
“sujeito” legítimo de pesquisa. Assim, a tarefa era dupla e árdua:
propor um modelo epistemológico e refundar a subjetividade como
dimensão legítima de um pensar científico. Dessa forma, postulei
a “epistemologia dos nexos”, uma epistemologia plural, compro-
metida com a busca de conexões e nexos entre saberes, pensares
e fazeres que foram separados e invisibilizados, no sentido de
restituir a dimensão de complexidade da vida em suas múltiplas
aberturas e sensibilidades.
Não obstante, meus estudos eram absolutamente teóricos.
Embora eu tivesse os pés bem no chão das práticas sociais e acre-
ditasse que a epistemologia é enunciada em lugares sociopolíticos
determinados, meu modelo era teórico. Qual não foi a imensa
alegria que tive, com um misto de emoção e admiração, quando
comecei a ler o livro da Dra. Míria Amorim. Enquanto eu estava
14 PREFÁCIO
buscando consolidar na academia um sistema teórico legítimo
para reconectar uma ciência disjuntiva, segundo Edgar Morin,1
sem consciência, Dra. Míria já experimentava a epistemologia dos
nexos, em um sistema denominado Fatores de Auto-Organização
do Biocampo (BioFAO), que articulava a mais refinada teoria – uma
síntese entre saberes contemporâneos (nova física e biologia) e a
integralidade dos saberes clássicos (alquimia, homeopatia e filo-
sofias chinesa e ayurvédica) –, com uma consistente prática clínica,
de mais de trinta anos, socializada com um coletivo de médicos
comprometidos e amorosos. Mas, certamente, a expressão de sua
grande genialidade estava no fato de ela não se contentar, por um
lado, com as respostas revestidas de autoridade de uma ciência
clássica que escolheu enxergar, como perspectiva interpretativa
das doenças, agressões que vinham de um fora e, por outro lado,
também não se contentar com uma Homeopatia Clássica que
tinha ainda como referência a doença. Ao querer compreender
os modelos de cuidado e saúde, Dra. Míria evidencia um pensar
que não se reduz ao campo do problema, mas abarca o campo
das possibilidades.
Os Fatores de Auto-Organização do Biocampo (BioFAO), como
se nomeia a sua terapêutica, assentam-se sob as premissas de
um ser humano complexo, constituído por um Biocampo, ou campo
de força energético integrativo. Tal Biocampo é dotado de inteli-
gência e capacidade para dialogar com a totalidade da vida, com
o que chamamos de ordem universal ou matriz da vida, através
de sua habilidade auto-organizativa. É capaz de se alinhar ou se
desalinhar com os propósitos e inteligência dessa ordem universal,
compartilhada de forma holográfica.
A terapêutica BioFAO nasce de uma pergunta (dinâmica pe-
dagógica de seu processo): “Se os medicamentos homeopáticos
apresentam a propriedade de copiar totalidades sintomatológi-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 15
cas ou modelos de desordem emergentes dessa matriz biológica,
não seriam eles também capazes de copiar, de forma idêntica, o
modelo universal de saúde, inerente a essa mesma matriz, ou Bio-
campo? Não poderia haver elementos da natureza que, na forma
de medicamentos homeopáticos (ultradiluídos), pudessem fazer
a leitura dessa normatividade, desse código quântico-holográfico
ou identidade fundamental da própria vida?”. Essas perguntas
inauguravam o campo das possibilidades.
A terapêutica dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo é
constituída de medicamentos homeopáticos clássicos, configurados
como um código quântico que, por meio de sinais eletromagnéti-
cos de seus elementos, possibilita que o sistema da vida recupere
sua memória original de saúde, que significa reabrir as conexões
desse campo profundo com seus propósitos mais essenciais. Como
uma chave, tais medicamentos possuem uma ressonância idêntica
à do padrão de auto-organização. “A auto-organização poderia
ser definida como uma retomada do ser em direção ao melhor de
si mesmo, ao melhor de suas potencialidades quânticas”, postula
Dra. Míria. As doenças, por sua vez, seriam padrões mórbidos que
paralisam o Biocampo em sua capacidade dialógica, promovendo a
sua desorganização e o esquecimento dos propósitos de sua vida.
Este livro reconstitui o estatuto de cientificidade desse pro-
cesso por meio de suas bases e premissas, seus estágios e suas
pesquisas. Por meio dele, podemos compreender as bases arque-
típicas do adoecer e nos reapropriar dessa discussão – que foi
confinada ao saber médico – para um nível filosófico-existencial,
para o locus da vida. “Por que adoecemos?” é uma questão exis-
tencial que a nós pertence!
Convidada para elaborar o prefácio desta obra, eu gosta-
ria de sensibilizar amorosamente o leitor e o pesquisador para
a genialidade dos traços epistemológicos que se encontram nas
16 PREFÁCIO
entrelinhas de sua terapêutica, assim como para os princípios de
uma medicina energética integrativa, para um novo tempo, cuja
prática clínica tem surpreendido médicos, veterinários, agricultores
e as pessoas que dela fazem uso.
A terapêutica BioFAO tem revelado que a verdadeira função
da medicina é organizar o campo energético dos sujeitos, para
que eles se fortaleçam e possam, a partir de si, como gestores,
administrar os fatores que atravessam as condições de vida. É um
sistema que ensina o ser humano a se reconciliar com a totalidade
da existência, inclusive as suas sombras, já que parte da premissa
de que não há nada fora de nós que não faça parte mesmo de nós.
Isso é muito diferente do que colocar o organismo para lutar contra
fatores patogênicos externos, como se o mal viesse de fora e não
fosse expressão da vida. Apesar de dispormos, na contemporanei-
dade, de uma medicina alopática de ponta, capaz de enfrentar os
quadros mais críticos e agudos e de salvar vidas, temos, de forma
concomitante, um ser humano dependente de medicamentos cada
vez mais potentes, incapaz de produzir respostas imunológicas
espontâneas, com supressões de sintomas e, grande parte das
vezes, analfabetos em seus próprios sistemas de saúde.
Focar no campo energético (já chamado de terreno biológico),
e não nas doenças, nem mesmo nos sintomas, como nos propõe
a terapêutica BioFAO, significa construir referências internas
de singularidade, de empoderamento e potência do organismo,
acreditando que, quando ele está realinhado, sintonizado ou em
ressonância com suas memórias de saúde, ele também é capaz
de se auto-organizar. Uma pessoa com um Biocampo estruturado
tem potência para dialogar com os acontecimentos fortuitos da
vida de maneira madura e equilibrada.
Outra percepção da terapêutica BioFAO, na linha de Jean
Yves-Leloup e de antigas práticas terapêuticas, é que “cuidar do
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 17
ser” é algo muito mais abrangente do que tratar doenças ou su-
primir sintomas. Nessa concepção, o ser humano é uma totalida-
de mente-corpo-espírito e o trabalho de cuidado integral faz-se
diariamente. Saúde não significa apenas um bem-estar físico,
mas também um bem-estar emocional, relacional e espiritual
e uma boa conexão com os propósitos de cada alma. Não é por
acaso que o sentido da palavra pecado (em grego, hamartía) sig-
nificava “errar o alvo”, passar ao largo daquilo que nos constitui.
Uma pessoa que esquece seus propósitos e passa ao largo está
desconectada das fontes de vida. Nesse sistema, a saúde significa
a retomada do ser na perspectiva de suas potencialidades, sintoni-
zando boas relações, boas situações, boas oportunidades. Cuidar
da vida supõe a emancipação do Biocampo diante das relações
que o despotencializam.
Na terapêutica BioFAO, curar-se não significa lutar contra
algo que nos acomete. Curar supõe uma abertura amorosa e a
descoberta de que não podemos caminhar em desacordo com os
propósitos maiores da vida. Em vez de continuarmos passivos, à
mercê de remédios que suprimem sintomas, o BioFAO toca em nosso
campo e o abre para um verdadeiro processo de despertar. Não
é ele que cura. Ao relembrarmos do que somos capazes quando
estamos no pleno fluxo da vida, nós mesmos nos comprometemos
com nossos processos de cura. Como diz Dra. Míria, todo processo
de cura é desafiador, pois implica nos darmos conta dos desvios
que criamos para nós como formas de viver, frutos da crença de
estarmos separados da grande matriz da vida. Mas esse é o projeto
mais importante de que uma existência pode se ocupar, já que a
cura é o despertar do dom de cada um de nós. Um autêntico pro-
cesso de cura nos (re)coloca na direção dos propósitos de nossa
alma, daquilo que viemos fazer neste mundo. E essa descoberta
é a nossa grande alegria.
18 PREFÁCIO
E o precioso é que o sistema BioFAO cuida dos seres huma-
nos, dos animais e da natureza. Nessa terapêutica, entendemos
que o adoecimento coletivo criou um cenário de adoecimento em
relação a todas as formas de vida. Hoje, a Mãe Terra é o grande
sujeito adoecido por nossos modelos de sociedade. Nessa tera-
pêutica, sistêmica, que abrange todo um campo energético, a cura
individual implica uma cura relacional e coletiva. Nós nos curamos
curando a tudo o que nos cerca.
No meu trabalho acadêmico de Filosofia na Universidade
Federal Fluminense (Infes/UFF), a terapêutica FAO remete-me a
dois filósofos e suas perspectivas.
O primeiro é Spinoza, 2 cuja ética vem nos despertar para a
qualidade daquilo que nos afeta. Ele não está preocupado com
uma moral que nos ensine a suportar uma vida sem sentido e que
nos diga o que devemos fazer (como os modelos médicos voltados
para a administração das doenças), mas com uma ética que nos
interrogue sobre do que somos capazes (quando sentimos as for-
ças da vida). Sua perspectiva é a da potência, e não a do dever. Do
que somos capazes, podemos perguntar com Spinoza, quando nos
singularizamos, quando aprendemos a cuidar de nós, quando nos
concebemos como integralidade, quando nos reapropriamos de
nossas moradas, quando passamos a ouvir os propósitos de nossa
alma, quando nos sentimos incluídos na grande e abundante festa
da vida, quando nos abrimos aos bons afetos, quando expandimos
nossas potências de agir? Do que somos capazes quando temos
saúde, quando sentimos a energia de vida? Godoy3 traduz “do
que somos capazes?” para “o que a vida pode?”, quando ela não
se reduz ao que existe, quando ela não se acomoda aos modelos
insalubres de existência.
O segundo é Nietzsche,4 cuja estética da existência vem falar
da importância da arte para a vida, não tanto para a criação de
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 19
obras de arte, mas sim para que desenvolvamos um fazer-artista
que está em busca de inventar e esculpir sua própria existência.
Nietzsche não aprecia a arte que vem repousar, acalmar, suprimir,
curar, redimir o sofrimento, que está preocupada com uma energia
de autoconservação e que brota do empobrecimento da vida, de
uma carência, de uma escassez e de uma fome. Nietzsche acredi-
ta numa estética que dá ao vivente consciência de sua potência,
vontade de viver, que dá vazão à sua força e voz a um sofrimento
que nasce da abundância de vida, de sua expressão criativa. Por
isso, pergunta: “Aqui foi a fome ou o supérfluo que se tornou cria-
tivo?”. 3 Em seu aforismo “Tornar-te quem tu és”, Nietzsche acredita
em um ser humano que não precisa implorar por circunstâncias
favoráveis, mas que é capaz de se tornar favorável a qualquer
circunstância da existência.
Eu dizia que, quando conheci a obra de Dra. Míria, reconheci de
imediato algo raro, que era o casamento entre uma epistemologia
sistêmica e uma prática terapêutica de trinta anos. Hoje, alguns
anos depois, posso lhes dizer que Dra. Míria não é apenas uma
médica atual, que se destaca na consolidação de uma terapêutica
inovadora, ela é uma pensadora de nosso tempo, mas que o acessa
a partir de um lugar de antevisão e de sabedoria. Como no arquétipo
do Galo, na filosofia chinesa, consegue enxergar a manhã que se
descortina ainda na escuridão da noite. Como no arquétipo do Boi,
consegue sustentar toda a tradição e vivenciá-la com os pés no
chão, sem se desviar do propósito. O que a diferencia, ela mesma
diz: sua capacidade de sustentar a intenção desse caminho – que
a ciência hegemônica produziu como ausência – ao longo de trinta
anos, em suas fases de oásis e em suas fases desérticas, em suas
fases de muitos sinais e em suas fases de silêncio, em suas fases
de companhia e em suas fases de solidão. Dra. Míria consegue
olhar para a complexidade da situação atual e tecer, a partir daí,
20 PREFÁCIO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 21

fios de sentido e de lucidez que se nos apresentam como pistas apenas pensar os oceanos em seus modelos teóricos. Mas construir
de luz. Ela reinterpreta os arquétipos da humanidade e encontra sistemas no movimento contínuo das embarcações e do oceano,
aí pistas de luminosidade. Em um momento de poucas referências simultaneamente, é raro. E é nesse movimento cartográfico que
intelectuais e terapêuticas em nosso país, seu lugar epistêmico nasceu e se desenvolveu o BioFAO.
não se situa nos grandes gabinetes acadêmicos, mas na escuta Ao meu ver, a grande alma (anima) dessa medicina é sua
cotidiana dos sofrimentos contemporâneos que este tempo tem contraepistemologia: a coragem de reconhecer o Biocampo como o
sido capaz de produzir, como grande alquimista, mestra na arte grande sujeito, aquele que está no centro do processo, que possui
de transformar adoecimentos em possibilidades. uma rede de inteligência, que fala em nome da vida e que conduz.
A terapêutica BioFAO nos convoca a experimentarmos outro Quando a vida fala e o terapeuta ouve, há um casamento entre o
lugar existencial, outro lugar relacional, outro lugar energético, céu e a terra. Daí o nascimento de uma Bioarca.
outro lugar emocional, psíquico, espiritual, para que possamos O convite para conhecer, para aprofundar, para se tornar
acionar nossas memórias de vida, saúde e bem-estar – promisso- um médico, para adotar e disseminar a terapêutica BioFAO está
ras, coletivas, includentes e alegres. Como ela bem diz, precisamos feito! Não tarde a conhecê-la. Afinal, como diz Lenine, “a vida não
retornar a nossa casa, a nossa morada, ao nosso castelo interior para, a vida é tão rara”. 5
– esse é o grande arquétipo curador. Gratidão à Dra. Míria, ao Instituto BioFAO, aos Fatores de
O que o leitor vai experimentar aqui são conceitos, referen- Auto-Organização do Biocampo, à vida e a toda consciência que
ciais teóricos, percursos epistemológicos e práticas clínicas que já brota nessa amorosidade!
foram tecidas a partir desse outro lugar existencial proporcionado
pela terapêutica BioFAO. São modelos em síntese, mas aplica-
dos. Há maior evidência científica que uma clínica de trinta anos?
Quando contemplo a genialidade desse sistema, sempre penso:
será que essa capacidade hermenêutica veio a partir do próprio
BioFAO? De toda forma, a proposta deste livro, como sistema de
cuidado e cura, experimenta e compartilha outra condição de ex-
periência. Isso é notório. E, nesse sentido, será plausível se todos
o compreenderem, mas também se muitos não o puderem aceitar,
afinal, o modelo epistemológico hegemônico da ciência moderna
condicionou-nos, nas grandes viagens, a registrar e conceber
sempre os movimentos unilaterais da vida. Só nos permitimos
teorizar sobre o movimento dos oceanos a partir de embarcações
bem ancoradas. Em embarcações em movimento, permitimo-nos
Introdução
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 23

“
Caminhante, não Assistimos à complexidade diante dos fenômenos do mundo
contemporâneo. Também na visão médica vive-se uma estranha
há caminho senão sensação de que, a cada ano, necessitamos desenvolver uma ha-
estrelas no mar. bilidade crescente para administrar o caos, uma sensação de que
no início de cada consulta clínica somos instados a penetrar um
Caminhante,
espaço vazio e sem sentido onde parecem estar os pacientes que
não há caminho, nos chegam. Amit Goswami1 retrata essa realidade dos últimos
O caminho se faz anos como uma crise de confusão oriunda de uma realidade ma-
terialista da medicina, que postula um universo material, vazio e
ao caminhar. solitário, sem qualquer significado espiritual.
Antônio Machado Essa visão de uma desordem que se instala progressivamente
já era notória no início dos anos 1970, no decorrer dos meus primeiros
anos na faculdade de medicina. Em meio às manifestações diante
da ditadura militar, buscávamos, como estudantes, apreender as
novas mensagens vindas das primeiras ideias estabelecidas pela
física quântica, na tentativa de compreender essa complexidade
crescente que sentíamos surgir em nossos horizontes.
No meu processo pessoal aconteceu que, no segundo ano do
curso de graduação, vivenciei a primeira grande bifurcação exis-
tencial, ao presenciar minha querida amiga de infância tornar-se,
de um instante para o outro, tetraplégica, na vigência de um exame
de arteriografia para diagnóstico etiológico de uma enxaqueca
oftálmica. Esse fato rompeu drasticamente meus vagos e loucos
sonhos de que uma auto-organização na saúde pudesse vir dos
caminhos apontados no âmbito da biomedicina pelas dolorosas
intervenções médicas.
Naqueles dias, esse palco de realidade se descortinava
diante de meus olhos de forma dramática e, no fundo dessa crise
existencial, compreendi que, para contemplar a saúde verdadei-
ramente seria necessário saltar além desse vazio e encontrar um
novo olhar, que me possibilitasse um reencontro com os antigos
24 INTRODUÇÃO
caminhos da arte de curar. Essa é a grande mágica de todas as
crises que vivenciamos e, segundo Prigoggine, 2 exatamente nessas
bifurcações existenciais é que estranhamente encontramos a única
possibilidade de chegarmos a uma nova ordem, a uma nova visão
interna que, de repente, se descortina diante dos nossos olhos.
Em meio a essa crise abriu-se o primeiro olhar para uma nova
forma de ver o mundo. Naqueles anos 1970, a sincronicidade tecia
como pano de fundo um cenário de idealismo contagiante entre
os estudantes, vindo dos novos ventos de esperança trazidos pelo
advento da física quântica. Essa nova pulsão interna conduzia-
-me a participar, como acadêmica de medicina, de movimentos e
grupos de estudo liderados por médicos recém-formados, com
o intuito de reacender a velha chama das medicinas holísticas,
resgatando antigos conhecimentos sobre as leis universais de
cura e a compreensão das dinâmicas de interação mente-corpo.
Era apaixonante viver esse sentimento de encontro com
a nova-antiga medicina, que nos permitia acessar a face oculta
de uma ciência que resgata o respeito pela Energia Inteligente
e Universal. Na época, a prática dos ambulatórios de medicinas
“alternativas” com nossos jovens mestres mostrava-se coerente
na sua forma de tocar o humano e o sensível em cada paciente,
evidenciando uma capacidade intrínseca de traduzir a Ordem como
resposta de cura para o sofrimento humano.
Como acadêmicos, transitávamos simultaneamente em dois
mundos distintos. Um primeiro, representado pela biomedicina,
que, como racionalidade científica, privilegiava, e privilegia até
hoje, muito especificamente o conhecimento das doenças; e um
segundo, cada vez mais esquecido, que as antigas visões de mundo
estudavam e honravam como “a arte de curar”. Diríamos que, nos
tempos atuais, “a arte de curar” transformou-se na face oculta da
medicina, um território esquecido para muitos, até mesmo proibi-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 25
do, que se desvela, entretanto, como possibilidade ímpar para a
compreensão dos processos da vida.
Éramos testemunhas vivas de um grande paradoxo. Nos
encontros extracurriculares estudávamos a compreensão emer-
gente do Universo como campos contínuos de energia integrados
e interdependentes, acessando pesquisas que revelavam que as
leis da física quântica, e não as de Newton, controlavam os mo-
vimentos moleculares que geram a vida. 3 Em contrapartida, no
contexto universitário, vivíamos outra experiência, que ignorava
essas discussões, traduzindo um conflito que ainda hoje confunde
os estudantes de medicina.
Novos paradigmas são frequentemente ignorados no contexto
da medicina ocidental contemporânea, que, como racionalidade,
mantém-se dentro de uma visão reducionista, de fluxo linear de
informações, característica do universo newtoniano, adotando
os modelos clássicos que ainda imperam no conhecimento e nas
intervenções da medicina.4 A biomedicina dispõe de uma tecnologia
avançada para diagnosticar e de uma prática médica reduzida a
intervenções mecânicas e técnicas, insuficientes para dar conta
da questão da cura. 5
A primeira questão seria romper com um paradigma apoiado
na bioquímica, única vertente que nos é dada a conhecer no âmbito
da biomedicina, e assumir uma dissidência consciente, migrando
para uma medicina apoiada na biofísica, cuja abordagem se sus-
tenta na informação eletromagnética por meio das ultradiluições.
Ainda nos anos 1980 era comum confundirmos informação
eletromagnética com efeitos sobrenaturais e, frequentemente, na
posição de médicos, éramos tachados de místicos. Nessa época,
eu exercia os primeiros anos de minha formação como médica ho-
meopata unicista clássica e já havia incorporado a perspectiva de
olhar o sujeito como um ser biopsicossocial, buscando fazer uma
26 INTRODUÇÃO
leitura de um padrão interno psíquico. Observava a totalidade de
sintomas físicos e emocionais e buscava um único medicamento
homeopático específico, que, de acordo com a lei de semelhança,
pudesse neutralizar todos esses sintomas mórbidos, tal como
descrito nas matérias médicas homeopáticas.6
Trabalhava buscando analisar, por meio de anamneses bem
detalhadas, esse “interior” de cada indivíduo, buscando as diferenças
entre os seres, trabalhando no limite da diversidade de cada indi-
víduo. Algumas experiências haviam me marcado muito, tanto em
resposta à minha própria saúde, como em casos impressionantes
que pude observar nos primeiros anos de clínica homeopática. Um
dos casos que mais me marcou foi uma criança que chegou ao meu
consultório com uma pneumonia bilateral e que mandei radiografar
naquela manhã, logo após medicá-la homeopaticamente, com uma
dose única de Lycopodium. Solicitei à mãe que retornasse à tarde
para acompanhar a evolução do quadro e, quando auscultei a crian-
ça, oito horas depois, não ouvi mais nenhum vestígio de estertores,
indicando um pulmão com ausculta normal. Fiquei perplexa e, em
seguida, mandei a mãe levar a criança para radiografar novamente
no mesmo local, e o mesmo radiologista ainda estava no plantão.
Ele se recusou a radiografar, dizendo que eu havia enlouquecido, e,
quando ela falou que o menino não tinha mais nada, ele resolveu
repetir o exame, para provar a minha insanidade àquela mulher, e,
para seu espanto, terminou constatando, como eu, que estávamos
diante de um fenômeno, pois não havia mais nenhum sinal radio-
lógico de pneumopatia.
Experiências assim acontecem aos homeopatas clássicos, e
a questão que se coloca como demarcação inicial para esta longa
trajetória na construção deste perfil epistemológico, partiu deste
questionamento: por que essas respostas positivas não poderiam
ser reproduzidas para todos os indivíduos? Isso porque na lógica
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 27
da Homeopatia Clássica, esse mesmo remédio e dose para uma
outra criança, com a mesma doença, poderia não exercer nenhum
efeito, pois o indivíduo seria outro e os modelos de desordem seriam
distintos. A questão que me angustiava era como ultrapassar a
barreira da especificidade exigida pela Homeopatia Clássica e ope-
rar diretamente na perspectiva de um domínio interno de unidade
entre os seres, de forma a obter respostas coerentes para todas
as populações. Essa era a primeira pulsão que eu experimentava
internamente, um inconformismo de não poder reproduzir esses
resultados para as comunidades, somada à angústia de perceber
que, com a complexidade crescente do mundo atual, se tornava
cada vez mais difícil compor com essa exigência da especificidade
para cada indivíduo, ficando cada vez mais complicado se obter
esse único medicamento capaz de cobrir as comorbidades que
surgiam progressivamente na nossa prática clínica.
No início dos anos 1980, os pacientes eram muito mais aber-
tos a experimentar cada medicamento proposto na Homeopatia
Clássica, até encontrar o medicamento que mais se adequasse
ao seu padrão de semelhança. O processo de cura era entendido
pelo paciente como inclusão de distintas fases, sendo a primeira
um tempo justo dado ao médico, até que o profissional pudesse
conhecê-lo melhor e encontrar o melhor padrão de ressonância
para seu momento existencial. No final dos anos 1980, esse tempo-
-espaço foi encolhendo progressivamente e o médico foi obser-
vando o surgimento progressivamente maior de indivíduos aflitos,
insatisfeitos, esgotados e cheios de responsabilidades, angustiados
em esperar, a grande maioria não se dando, ou não conseguindo,
nem mesmo direito a férias, portanto sem interrupções necessárias
para que os processos de auto-organização se estabelecessem. Esse
agravamento nas questões sociais trazia embutida uma exigência,
de forma subliminar, para que o médico resolvesse as questões
28 INTRODUÇÃO
complexas de uma vida inteira, numa expectativa imediatista, pois
o sofrimento existencial avançava a cada ano de forma escalar.
Em contrapartida, a Homeopatia Clássica estava fundamen-
tada em um tempo que corria numa outra velocidade, em que o
próprio médico, no final do século XVIII, tinha espaço de atuação,
de se colocar horas ao lado do leito de um doente e administrar
um medicamento e avaliar se seria o mais adequado ou não, para
em seguida antidotar e dar outro, até que a resposta favorável
fosse encontrada.
Nos tempos atuais, a grande velocidade dos acontecimentos
leva os médicos clínicos a terem que decidir muito rápido sobre
qual a melhor conduta, pois o paciente está em apuros aqui, em
outra cidade, do outro lado do mundo, e o médico precisa atuar e
encontrar a saída para a questão que se apresenta a cada instante
e pelas vias instantâneas de comunicação.
Naqueles primeiros anos da década de 1980, eu buscava focar
no diagnóstico sobre as diferenças de naturezas entre indivíduos,
de acordo com o previsto pela Homeopatia Clássica, e, a partir de
um ponto bem demarcado em minha memória, comecei a vivenciar
uma percepção interna que, para além dessa diversidade entre
os seres, eu começava a acessar a percepção de um lugar, uma
dimensão nesse diálogo, uma subjetividade que mostrava que eu
e o paciente à minha frente éramos um, que havia um sentido de
unidade, um centro unificador, de onde emanava toda a diversi-
dade em cada ser. Esse centro configurava-se para mim como um
padrão de unidade vital, representava uma identidade absoluta
e que mostrava já nesses primórdios que a primeira lição desse
caminho seria lidar com os paradoxos. Um lugar tão profundo na
alma de cada um que, numa primeira perspectiva, mostrava que
eu e o outro éramos idênticos e que, paradoxalmente, se mostrava
também como o ponto de onde emanava toda a diversidade, ga-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 29
rantindo, com sua excelência, a singularidade de cada ser. Eu não
compreendia em absoluto o que eu estava experimentando, o que eu
estava começando a perceber. Isso permanecia na esfera do sentir.
Na sequência, observei que, quando medicava os pacientes com
um medicamento homeopático preparado a partir do enxofre – o
Sulphur –, percebia que eu tocava esse padrão de identidade, esse
domínio do igual, e, quando esse lugar era tocado, a diversidade
expressa em criatividade e expansão se tornava mais evidente na
experiência existencial desses pacientes.
Nesse momento, exatamente por volta de 1985, coloquei
meu barco no mar. Godoy7 retrata bem esse momento de deixar o
continente de nossas certezas e se lançar no oceano, descobrindo
que não basta deixá-lo, mas que é necessário perdê-lo como re-
ferência. Essa metáfora retrata bem o que experimentei de forma
intuitiva e processual, seguindo apenas um desejo interno de en-
contrar um novo continente para o exercício de uma medicina que
eu acreditava existir no âmbito de minhas percepções internas.
Hoje, numa releitura daquele momento, eu reafirmo que
esse ponto de igualdade entre mim e o outro gerou em mim uma
produção de sentido, uma qualidade de compaixão, que estabe-
leceu um processo intuitivo, única via possível de se dialogar com
essa dimensão de unidade entre os seres que eu ainda não sabia
definir exatamente o que significava.
Dessa percepção inicial surgiu uma primeira pergunta: se,
no âmbito da Homeopatia Clássica, eu utilizava as naturezas para
uma leitura de semelhança em relação às doenças ou modelos de
desordem que emanavam dessa matriz de vida, dessa unidade que
eu percebia, não seria cabível pensar a hipótese de que algumas
naturezas específicas pudessem fazer uma leitura dos padrões
idênticos a uma ordem natural de saúde, uma ordem imanente a
esse centro de unidade existencial? Existiria esse caminho que me
30 INTRODUÇÃO
permitiria mapear um código organizacional, utilizando a informa-
ção eletromagnética dos medicamentos homeopáticos no intuito
de copiar a ordem intrínseca e inata dessa matriz vital, visando
promover auto-organização sistêmica?
Tudo isso era o oceano desconhecido, do qual eu não sabia
absolutamente nada, tendo como bússola apenas esse pressupos-
to de partida, o sentido de encontrar esse ponto unificador, que o
Sulphur, de alguma forma, inicialmente tocava, mas que a prática
clínica mostrava que, sozinho, não tinha lastro e sustentabilidade
para manter o processo de cura.
Avaliando honestamente aquele momento, enxergo que
nessas situações somos tomados de uma paixão mesmo, que, no
meu caso, foi iniciar esse diálogo com esse lugar Eldorado, que se
coloca silenciosamente em cada ser e que representa a própria
vida. Isso significava uma ruptura com meus pares alopatas e
homeopatas e seguir viagem acompanhada por um único sujeito
e mentor, o Biocampo. Tudo que será dito neste livro constela
esse mundo quântico que Hipócrates, o pai da medicina, chamou
de Physis, que Hahnemann, o criador da homeopatia, chamou de
energia vital e que a ciência hoje descreve como Biocampo.
Jung afirmava que, “na consciência, somos nossos próprios
senhores e, aparentemente, nossos próprios fatores, mas, quando
ultrapassamos a linha do inconsciente, percebe-se que somos objetos
de fatores, dessas forças inconscientes, conhecidas como arquétipos
do inconsciente.8 Para curar, a medicina deve saber organizar esse
campo interno, realinhar esses padrões inconscientes, pois nesse nível
começa a doença. Para trabalhar esse estranho mundo, necessita‑se
usar fatores coerentes como uma espécie de chave “viva” que con-
tém um código capaz de abrir a alma de cada ser e penetrar nesses
domínios arquetípicos. Partindo dessa premissa, foi pensado o nome
dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo para esses sete
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 31
cavalheiros, pois, nessa visão, esses medicamentos homeopáticos
específicos deveriam criar um código quântico-holográfico e ter a
credencial quântica para atravessar esse portal.
Por muitos anos caminhei sem estar preocupada com o método
que seguia, eu apenas vivenciava a experiência, que sabia pertencer
a uma linha construtivista. Quinze anos depois, por um curto perí-
odo de tempo, vi-me em parte numa dinâmica de pesquisa-ação,
mas que deixava alguns eixos fundamentais sem ressonância com
a verdade que eu experenciava. Mais recentemente, fazendo uma
releitura do processo, descobri o espelhamento perfeito de toda a
construção do perfil epistemológico do BioFAO, com o que se descre-
ve cientificamente para a metodologia cartográfica, prevista para
registrar processos criativos, que, nesse contexto, exigiu aprender
a dialogar com esse sujeito, aqui representado por essa unidade
essencial que só muito mais à frente entendi se tratar do Biocampo.
No processo de construção da metodologia, os resultados
foram se ampliando e, com a chegada de médicos colaboradores,
nossa prática clínica foi denominada de terapêutica BioFAO.
Hoje, com a visão completa dessa dimensão do Biocampo e
seus resultados na aplicação clínica, em minhas representações
internas, concebo essa metodologia não mais como uma terapêu-
tica, mas como uma medicina para auto-organização.
No meu coração, legitimo esse lugar de medicina para essa
construção epistemológica, pois ela cumpre, em seu corpo teórico e
prático, todos os preceitos que as antigas tradições e a Homeopatia
Clássica ensinam sobre a arte de curar. Reitera-se aqui, portanto,
que esse perfil epistemológico da metodologia BioFAO se utiliza
de medicamentos homeopáticos, mas é distinto da Homeopatia
Clássica, na perspectiva stricto sensu. Do ponto de vista de uma
exterioridade, essa epistemologia encontra-se no arcabouço das
chamadas medicinas complementares e alternativas. No entanto,
32 INTRODUÇÃO
do ponto de vista de uma interioridade, a metodologia BioFAO se
reconhece como uma medicina para a auto-organização sistêmica
da matriz vital, hoje denominada de Biocampo.
Avanço ainda no tema, propondo para o título desta obra “Uma
medicina para um novo tempo”, pois, a meu ver, o realinhamento
interno que ela oferece coloca cada um em um novo tempo de sua
própria história, propõe saltos de consciência que trazem uma nova
visão de mundo e, com isso, uma nova forma de estar e compreender
a vida. Não se trata de um tempo cronológico, mas um tempo que
pressupõe novos espaços criativos e fluidos nos mundos internos
de cada ser. O processo deixa claro que um novo tempo para a
humanidade deverá começar no coração de cada um, e dali para
seus próximos, e esse é o mundo essencial para um novo tempo.
Esse retorno ao que se é verdadeiramente, uma sensação de voltar
para casa, que se inicia com escolhas mais conscientes, que mudam
ritmos internos, renovam velhos cenários arquetípicos viciosos que,
em um ponto da existência, a pessoa não aguenta mais viver.
Por anos a fio permaneci caminhando dentro das dinâmicas da
polaridade existencial inerente ao Biocampo, uma polaridade que,
analisada num primeiro nível, pode ser representada pelas nossas
dominâncias cerebrais direita e esquerda. Com o aprofundamento,
ultrapassaram-se limiares que trouxeram para a nossa experiência
clínica o sentido da síntese e da unidade interior. Nessa trajetória,
buscaram-se referenciais para se navegar nesse mar da vida que
incorporaram a esse conhecimento desde pergaminhos alquímicos
até os livros atuais da física quântica, tecendo um estudo acerca
de todas as antigas tradições. E, seguindo esses sábios passos,
comprovamos, por meio dos resultados observados na clínica, que
esses antigos mestres das tradições milenares possuíam todo o
conhecimento sobre essa dimensão quântica do ser.
O grande desafio neste livro, entretanto, encontra-se na
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 33
linguagem que esse campo disponibiliza para sua compreensão,
pois dialoga somente por meio de símbolos, metáforas, sincro-
nicidades, processos intuitivos e sinais eletromagnéticos e sutis.
Trazer a real dimensão do Biocampo para a linguagem científica
seria uma proposta altamente reducionista. No discurso científico,
a descrição do Biocampo não consegue defini-lo, e apenas por meio
das metáforas consigo compartilhar essas ideias com meus alunos.
Neste livro, penso ser importante iniciar pela síntese, uma
tentativa de andar pelo difícil caminho do meio, fazendo-se en-
tender por gregos e troianos, e explicar um pouco da trajetória e
de como esse perfil foi construído numa linguagem ora científica,
ora metafórica.
Depois proponho uma entrada para um campo denominado
como “o outro lado da linha”, tal como propõe Boaventura de Souza
Santos;9 uma linha imaginária, mas que produz um campo de não
legitimidades, que é exatamente o lugar epistêmico a partir de
onde podemos afirmar a diversidade epistemológica do mundo.
Deste “outro lado da linha” vamos compreender a subjetividade
implicada no adoecer e no curar, do por que adoecemos e como
a auto-organização trabalha nessas esferas internas, trazendo
como resposta o que entendemos por cura.
A seguir, apresentaremos a linha científica, descrevendo o que
denominei de Projeto Biocampo, que contempla toda a construção
do estado da arte do BioFAO, com todas as exigências e referências
científicas que estruturaram essa metodologia e sua descrição
completa, trabalhos científicos que foram desenvolvidos na clínica
médica, publicações e referências na área da agricultura e ambiental.
O ponto de partida desse perfil epistemológico não foi apoia-
do em referenciais ou hipóteses teóricas, mas numa prática clínica
diária de 33 anos da qual participaram – catalogados em bancos
de dados de meu consultório médico – 8.791 pessoas cadastradas
34 INTRODUÇÃO
desde 1995, mantendo uma adesão de aproximadamente 3 mil
pacientes em tratamento. A esse grupo acrescentam-se mais dois
grupos que foram acompanhados clinicamente de forma sistemá-
tica nos últimos anos: um primeiro grupo de pacientes intoxicados
crônicos por solventes e agrotóxicos, acompanhados por 11 anos
no ambulatório de Toxicologia da HUCFF/UFRJ, cujo trabalho será
apresentado neste segmento; e um segundo grupo, de 592 pacien-
tes cadastrados, acompanhados por nove anos na comunidade
do Matutu, nas montanhas de Minas Gerais, distrito de Aiuruoca.
Esses grupos incluem pessoas de todas as faixas etárias,
pois o médico homeopata é requisitado a atender pacientes pro-
venientes de todas as especialidades médicas, incluindo desde a
pediatria até a geriatria, com grande ênfase hoje na psiquiatria. Os
indivíduos que buscam tratamento pela medicina complementar e
alternativa referem sempre não ter conseguido melhoras de seu
estado de saúde em quadros agudos ou crônicos pelos métodos
alopáticos convencionais, o que os instiga a buscar novas possi-
bilidades terapêuticas.
A quarta parte do livro será reservada aos casos clínicos e
testemunhos meus e dos médicos colaboradores que cursaram
longos anos neste caminho observando a resposta desses fenô-
menos de auto-organização na saúde e na vida de seus pacientes.
Penso que o importante neste livro seria preservar o sentido do
que foi visto e religar a pesquisa com a vida, pois, na cartografia, a
beleza está exatamente no caminho, no diálogo com o sujeito, “que,
como num ensaio, se começa pelo meio e nunca mais se termina”.10
Nesse diálogo processual com o Biocampo, se alcança o
sentido verdadeiro da igual importância desses dois eixos exis-
tenciais opostos: o subjetivo, qualitativo e sensível, e o objetivo,
científico e quantitativo. Os dois sentidos são fundamentais para
a compreensão dos fenômenos da vida, pois, da integração dessas
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 35
duas polaridades, surge a síntese e a apreensão do conhecimento.
A humanidade sempre primou por seguir pelos extremos, e saímos
de um animismo, cuja visão era puramente subjetiva, sem nenhuma
referência com o concreto e o objetivo, e fomos para o outro ex-
tremo na era moderna, que propõe uma visão puramente racional
e reducionista, com negação do lado subjetivo e sensível da vida.
Este livro traz a proposta para uma medicina pós-moderna,
buscando integrar suas duas faces, tal como as duas serpentes
descritas originalmente por Hipócrates como símbolo da medicina,
que retratavam as duas dinâmicas intrínsecas desse campo conhe-
cido como a Physis hipocrática.11 As duas serpentes representavam
a propriedade holográfica, inerente ao Biocampo, que consiste em,
simultaneamente, operar pela lei dos semelhantes e dos contrários.
No processo da fragmentação do conhecimento, entretanto, as
serpentes foram separadas, o vitalismo se apropriou da cura pelos
semelhantes e a biomedicina, da cura pelos contrários, enquanto a
vida continuou editando inexoravelmente suas próprias leis.
Compreender o processo de adoecimento e cura torna‑se im-
possível sem a passagem pela metáfora e pela poesia. O aprendizado
nesse lado sensível e feminino da vida foi intenso e, no caminho,
encontramos também a música, integrada aqui pelas sete notas
que os sete fatores de auto-organização têm a propriedade de
tocar no coração de cada ser. Dessa música surgiu a composição
da estrela dos cinco elementos da medicina chinesa, que, por fim,
editou sua sinfonia maior com as geometrias multidimensionais
descritas na Antiguidade como a Árvore da Vida, os sólidos de
Platão e a Geometria Sagrada.
A medicina guarda todo esse tesouro em suas entranhas, e é
sobre esse campo mágico e fantástico que trata este livro que eu
humildemente ofereço a cada leitor, compartilhando a visão que
pude guardar na alma dessa longa viagem pelas águas da vida.
PARTE   1
Nas trilhas
da síntese
38 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 39

“
1.1: Partindo do um Este é o saber da o emprego de metáforas – não implica apenas observá-lo, não
significa de forma alguma tratá-lo como um objeto, vendo-se
experiência: o que separado dele, criando hipóteses no nível intelectual.
se adquire no modo Aqui, a ação não funciona nessa perspectiva. Simplesmente
arruma-se um jeito de se encolher dentro de si mesmo e atravessar
como alguém vai
o minúsculo portal que leva diretamente para a toca do coelho e,
respondendo ao que ali, se dispor a experimentar, se entregar ao campo e vivenciá-lo.
vai lhe acontecendo Principalmente nos primeiros anos em busca dos Fatores de
Auto-Organização, eu tinha mesmo a sensação de que estava em
ao longo da vida um outro mundo. Cuidava de minha família, de meus pacientes,
e no modo como mas tinha uma estranha sensação de estar também numa outra
dimensão de mim mesma.
vamos dando sentido Nessa toca, por muitos anos caminhando sozinha em bus-
ao acontecer do que ca dos BioFAO, vivi momentos luminosos e sombrios, mas hoje
percebo claramente que mesmo aqueles mais sombrios foram
nos acontece.
fundamentais para me instigar a seguir em frente, transformando
Jorge Larrosa essa trajetória num desafio pleno de sentido.
A primeira pergunta que deve vir à mente do leitor seria:
como se faz para ficar pequenino e entrar nesse minúsculo por-
Pensei em demarcar os pontos luminosos da trajetória da cons- tal? Tudo começa com um sonho, uma visão interna. Depois, dar
trução epistemológica, escolhidos como tal, não pensando no a esse sonho um significado numinoso, capaz de gerar uma forte
sentido do positivo exclusivamente, mas no sentido do que foi intenção. A intenção tem poder e, de repente, o indivíduo vira uma
essencial perceber e experimentar em relação a este mapeamento criança diante do desconhecido, que é a vida. Alice queria dizer isso
cartográfico. A metáfora que gosto de contar sobre esses domí- quando encolheu. Note-se que aqui a infância é uma condição da
nios do Biocampo está muito bem representada no clássico Alice experiência humana,1 e não uma fase do desenvolvimento. Infante
no País das Maravilhas, e significa tornar-se pequeno e conseguir é aquele que não tem voz, que está diante do mundo a balbuciar o
atravessar o portal para o que ela chamava de “toca do coelho”. inusitado. É uma imagem de grande potência. Torna-se necessário
Na infância, achava partes daquela história confusas, mas virar criança e dar-se conta de que não conhecemos nada sobre
faziam sentido para mim, como um mundo estranho que, parado- esses domínios quânticos, representados em última instância pelo
xalmente, parece ser reconhecido por todos. Mapear o Biocampo nosso próprio inconsciente. Um estranho mundo, que se apresenta
– e por isso eu dizia da dificuldade de se explicar o que se viu sem como uma floresta densa, onde frequentemente os seres humanos
40 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
se sentem perdidos, como no fundo de labirintos internos dos quais
não conseguem sair. Tomam antidepressivos, que podem disfarçar
a dor, mas sabem que continuam lá com um sorriso amarelo em
algum ponto sombrio do seu labirinto interno.
Alice propõe um caminho de individuação saudável, que não
pressupõe viver em uma zona de conforto ou à parte dos dramas
da vida. Ela nos fala sobre a roda da vida e propõe a travessia
saudável por todo o nosso caminho arquetípico de individuação.
Nessa roda viva, haverá o tempo de saudar o que se encontra e o
tempo de lutar com o que se encontra. No final, a grande luta com
seu dragão interno e a saída vitoriosa para o mundo, marcando o
empoderamento de si mesma.
Quando se trabalha com o ser humano, operando nesse nível,
observamos a mudança desses eixos no processo de individua-
ção. Nesse caminho, o campo dinâmico precisa estar alinhado aos
domínios universais, pois o indivíduo vai precisar contar com as
sincronicidades, com uma qualidade de suporte, que o povo entende
como sorte, que vem de todas as esferas para sua faixa de experi-
mentação. Sem essa linha de ligação com as dinâmicas universais,
o indivíduo se perde nessa floresta interior e fica preso a padrões
mórbidos e recorrentes. Surge a doença e mais difícil se coloca a
possibilidade de sair do padrão distorcido. Esse é o diagnóstico do
drama e mostra o cenário do desafio para a elaboração dessa me-
todologia. Construir essas linhas eletromagnéticas coerentes com
o domínio universal e favorecer a saída do labirinto – eis a meta!
Na realidade, o desafio seria a construção de uma Bioarca com
essas informações eletromagnéticas, de forma a criar condições
para cada ser conseguir escapar dessa matrix que se apresenta
como dilúvios internos; atualmente, verdadeiros dilúvios virtuais.
Lembro-me esses dias de receber um WhatsApp de uma
mãe me pedindo socorro para sua filha de 4 anos, que há três
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 41
noites vinha tendo pesadelos com minhocas, vendo minhocas na
cama, nas paredes e em todo lugar, não deixando ninguém dor-
mir a noite inteira. Uma criança saudável mentalmente e que, de
repente, parece estar aprisionada ao nível inconsciente, refém de
padrões arquetípicos medonhos. Reprogramou-se o campo com
duas doses do BioFAO, e a mensagem no dia seguinte fala de uma
noite com os anjos. Compartilho esse exemplo para mostrar que o
que nos move no cotidiano é a prática diária e clínica. As reflexões
filosóficas são formas de nomear essas experiências calcadas em
uma forma hegemônica de fazer ciência.
_Os primeiros passos no universo alquímico
Adentrei a toca do coelho guiada pelo primeiro elemento, o Sulphur,
que vibrava em minhas entranhas em minha primeira experimen-
tação por esse caminho. E logo nos primeiros passos ia ficando
claro que o mapeamento de uma fisiologia vital para esse campo
vital exigiria fatores e domínios de grande complexidade, o que me
convidou a um grande mergulho nesse universo de interpretações.
Observei curiosamente que em todos os tratados alquímicos
o Sulphur vinha sinalizando pertencer a uma tríade de elemen-
tos, mencionados como integrantes dos três princípios originais
da vida e descritos como as substâncias que estariam na base de
todo o universo das representações alquímicas. Assim, o Mercurius
solubilis (nitrato de mercúrio), o Sulphur (enxofre) e Natrum mu-
riaticum (cloreto de sódio) estariam na origem de todo o universo
material, englobando os critérios fundamentais para os seres
vivos: estrutura, padrão e processo. Essa trilogia demonstra a
existência de um padrão intrínseco da natureza, descrito desde
a Antiguidade em diferentes culturas: na mitologia egípcia, como
Osíris, Isis e Hórus, no hinduísmo, como Brahma, Shiva e Vishnu, e
na física, como elétrons, prótons e nêutrons. 2
42 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Esse foi um ponto muito luminoso da minha trajetória, pois
comecei a experimentar sincronicidades muito significativas que
me sinalizaram fortemente que eu estava num caminho coerente
com o que havia percebido sobre uma possibilidade para a medicina.
Iniciei a experimentação primeiro com o Sulphur sozinho,
depois com os três elementos, utilizando a ordem que os textos
alquímicos propunham, o Mercurius solubilis, o Sulphur e o Natrum
muriaticum, mantendo exatamente essa ordem. A resposta era
uma potência de sentir muito maior quando se utilizavam os três
elementos juntos e na ordem correta. Eles tocavam esse terreno
biológico de forma muito objetiva, mas observava também que, para
obter saltos de consciência, era necessário trabalhar com doses
de maior potencial dinâmico, e essa foi uma constante na linha de
ação nesses primeiros anos de investigação. Eu, nesse degrau, já
observava uma grande melhora na resposta ao tratamento em
comparação ao que eu obtinha com a Homeopatia Clássica. Minhas
estatísticas positivas me indicavam claramente que eu estava no
caminho de eixos de maior potencial organizacional.
Essa forma de condução do processo, mantendo uma prescrição
de forma unificada para toda a população em tratamento, poderia
parecer estranho a um primeiro olhar, mas depois de muitos anos
nesses caminhos, quando identifiquei o meu realinhamento com o
método cartográfico, e a inclusão dessa epistemologia num viés
construtivista, entendi que não poderia ter sido diferente. Em cada
momento do caminho, cada ganho que eu tinha na percepção desse
Biocampo era o que eu tinha de melhor para oferecer ao mundo.
Na vivência do vasto oceano, os recursos são apenas aqueles
que surgem a cada mudança de rota e, estranhamente, eu já não
encontrava nenhum sentido nas propostas do Velho Continente, e
eles mesmos pareciam mesmo inalcançáveis, pois haviam ficado
nas terras distantes de minhas percepções.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 43
Acontecia como na história do arquétipo de Jonas, descrita
por Leloup, 3 cuja saga nos ensina sobre as escolhas conscientes nas
bifurcações da vida, ensinando que, quando se ruma em direção a
Nínive, que representa o novo, o desconhecido e, ao mesmo tempo,
aquilo que nos faz brilhar os olhos, o que pode vir de Társis, que
representa a normose, o velho e o desprovido de transparência,
não faz mais qualquer sentido.
As escolhas foram acontecendo de forma subliminar na pers-
pectiva cartográfica, não havendo a intenção de isolar o objeto ou
estudar os fenômenos que iam ocorrendo, mas sim valorizar, tal
como descreve Kastrup,4 as redes de forças às quais esse campo
estaria conectado, suas articulações históricas e conexões com o
mundo, em um movimento dinâmico e permanente.
Comecei a vivenciar fenômenos, e quando se trabalha com
o quântico observam-se fenômenos que realmente nos colocam
diante do questionamento de até onde a doença é real, pois vi
repetidas vezes, por exemplo, um paciente ser medicado numa
infecção urinária por Proteus, no dia seguinte mudar o padrão e
acusar uma Escherichia coli e em seguida zerar a cultura. Ou, ainda,
receber pacientes com culturas resistentes a todos os antibióticos
e, depois de realinhar o Biocampo, a cultura no dia seguinte já
mostra sensibilidade à gama enorme de antibióticos. Isso é comum
observar na nossa rotina clínica.
A experiência mostra que o Biocampo tem o poder de trans-
mutar padrões, da saúde para a doença, e vice-versa, trabalhando
em ambos os sentidos a virulência de um germe, de acordo com a
informação que recebe.
Vemos isso todos os dias, inclusive e muito frequentemente
nos CTIs, quando pacientes que são conduzidos com medicamen-
tos supressivos sem o cuidado de equilibrar esse terreno quântico
entram em quadros septicêmicos por germes mais agressivos que
44 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
surgem de um momento ao outro. A contaminação é um fato, mas
o terreno biológico coloca-se como fator determinante nos rumos
que aquele caso vai tomar.
O Biocampo se coloca como um campo gerador da vida, e
hoje a ciência tem como evidência que essa ligação com o terreno
quântico tem que ser ativamente sustentada, mantendo a coerência
quântica, apesar das tempestades termodinâmicas que ocorrem
no interior das células vivas. Perdendo essa conexão, sobrevém
a doença e a morte. 5
Esse terreno biológico, quando informado adequadamente,
mostra-se poderoso, muitas vezes nos dando a impressão de ser
um campo mágico, pois transmuta as informações eletromagné-
ticas na velocidade da luz.
Recordo-me a fase em que entrei para cursar o mestrado e
foi-me solicitada a realização de pesquisas básicas para viabilizar
essa metodologia para os humanos. Essas pesquisas, para desinto-
xicar animais de intoxicações agudas por organofosforados, foram
realizadas na Faculdade de Medicina de Marilia6 e, na ocasião, outro
pesquisador havia trazido uma cepa de Tripanossoma cruzi vinda da
África de altíssima virulência para ser empregada em seus experi-
mentos. Essa cepa foi guardada em local próximo de onde estavam
os medicamentos para a nossa pesquisa, os BioFAO, e, quando foi
utilizada, observou-se que haviam perdido a virulência, para de-
sespero do pesquisador. Isso foi acontecendo sistematicamente,
até que os pesquisadores pediam para que os experimentos com
o BioFAO fossem levados para um outro prédio da Universidade,
assim como os grupos-testemunhos de nossas pesquisas, senão
ocorria um viés, pois apresentavam melhora de 40% do quadro de
intoxicação, só pela proximidade com o grupo tratado com o BioFAO.
Recentemente, o trabalho publicado com o BioFAO para
agricultura por uma equipe de pesquisadores da Universidade
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 45
Federal de Uberlândia (MG) pôde medir o campo de atuação dessa
qualidade de informação eletromagnética obtida com o BioFAO,
que chega a seis metros de diâmetro em torno do vegetal tratado.7
Esses primeiros fenômenos eu já observava com os três
elementos iniciais e, nessa fase, outro dado significativo entrou
em meu universo de observações. A ordem de entrada desses
elementos, quando utilizados terapeuticamente, produzia uma
tremenda alteração nos resultados. Isso se confirmava na descrição
dos tratados alquímicos, que observam categoria de gênero em
relação aos elementos. O Mercúrio é considerado como a chave
do universo, uma força geradora de matéria, a quintessência de
todas as coisas, o espírito universal, ou spiritus mundi, integrando,
com isso, as categorias do feminino, o polo Yin, no contexto do ta-
oísmo. O Sulphur está relacionado à essência solar, ao masculino,
ao formativo, ao Yang, o que produz a combustão, simbolizando a
palavra, a vontade e a atenção. O sal, o Natrum muriaticum, repre-
sentava o corpo, o veículo de suporte da encarnação para o espírito,
colocando-se como fator de interação entre os processos. Esses
tratados deixam muito claro que, nesses domínios, as categorias
gênero e ordem, assim como os ritmos, seriam fundamentais para
o mapeamento desse padrão da vida.8
_Pensando sobre uma possível fisiologia vital para o
terreno quântico
A primeira questão que surgiu nesse ponto foi onde esses três
elementos poderiam estar ancorados em nossa fisiologia vital.
E, nesse quesito, a Homeopatia Clássica foi fundamental no pro-
cesso, não só pelo resgate das leis naturais sobre a arte de curar,
que se colocam como instrumentos seguros capazes de orientar o
caminho, mas por introduzir a informação eletromagnética como
instrumento terapêutico e presentear a humanidade com um
46 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
legado de matérias médicas em que a experimentação de cada
medicamento homeopático no homem são oferece referências
seguras para o mapeamento da fisiologia vital.9
Assim, em busca das configurações possíveis previstas
para esse padrão sistêmico, estudou-se um modelo de similitude
baseado nos sintomas observados a partir da prática e estudos
desenvolvidos por Schultz, que descreve todos os sintomas pa-
tognomônicos relacionados a cada um dos centros consensuais
de consciência ou centros dinâmicos do corpo.10
Esses dados, apresentados por Schulz em sua tese de douto-
ramento, estabelecem um traçado coerente10 em comparação aos
dados descritos por Bertalanffy, que, de acordo com a Teoria dos
Sistemas, propõe a concepção do mundo como organização e como
uma enorme ordem hierárquica de entidades organizadas, numa
superposição de muitos níveis, indo dos sistemas físico-químicos
aos biológico-sociológicos.11 Visto ainda como uma pirâmide de rede
estratificada, com uma hierarquia integrada, que operava como
“uma entidade dinâmica e adaptativa”, de acordo com o previsto
para o pensamento sistêmico contemporâneo.12 Essa hierarquia
integrada pressupõe que qualquer alteração no sistema vai re-
fletir no funcionamento de toda a rede sistêmica, sendo a forma
característica de organização dos sistemas naturais.13
Na realidade, o ponto de assentamento para essa fisiologia
foi pensado a partir da observação de como esses centros dinâmi-
cos, relacionados ao sistema endócrino, poderiam ser os primeiros
pilares de uma grande geometria a ser construída, criando inter-
conexões posteriores com os outros sistemas, pontuados pelas
demais tradições.
Atualmente, esse conjunto composto pelos centros dinâmicos
integra vórtices de energia que são perfeitamente visualizados
pelos exames de termografia, hoje amplamente utilizados para
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 47
diagnósticos precoces de inúmeras patologias. Esses exames ter-
mográficos evidenciam alterações no estado vibracional desses
vórtices de energia e confirmam que o local desses centros dinâ-
micos corresponde exatamente ao previsto pelas antigas tradições.
O movimento seguinte exigia um saber vindo da experiência,
que necessita estar sempre vinculado ao conhecimento da exis-
tência humana. Buscar essas pistas iniciais mostrou claramente,
tal como observou Larrosa,14 que, apesar da enorme inflação de
conhecimentos objetivos e artefatos técnicos, o conhecimento
moderno já não é “o saber ativo que alimenta, ilumina e guia a
existência dos homens, mas algo que flutua no ar, estéril e desli-
gado dessa vida em que já não pode encarnar-se”.
Isso era confirmado pela trajetória de vários cientistas que
buscaram textos de filosofia clássica, na tentativa de compreender a
verdade mais profunda do que estavam buscando, como Niels Bohr,
que escolheu o Tao e a medicina chinesa, ou Heisenberg, a Teoria
Platônica da Grécia antiga, e até Schrödinger, a filosofia hindu.15
O grande desafio seria ressignificar o passado sobre novas
bases teóricas e trazer o que Santos propõe como a Ecologia dos
saberes. Criar um caminho para a medicina que pudesse integrar
uma epistemologia e saberes em consonância com a tradição.16
Reintegrar o conhecimento que a humanidade produziu, não só de
ciência, mas de saberes, compondo uma rede incluída na tradição
sistêmica. Na lógica de Santos, isso pressupõe uma justiça epis-
têmica, pois muitos saberes foram desprezados, produzidos como
inexistências, e, nesse desprezo e irrelevância, encontram-se as
raízes da injustiça social, que reflete a arrogância de não se querer
ver e, muito menos, valorizar a experiência que foi vivenciada por
meio dessas outras esferas de conhecimento, apenas porque está
fora da razão, em que podemos identificar e valorizar.16 Em outras
palavras, podemos falar do imenso desperdício do arcabouço de
48 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
conhecimentos e saberes sobre a vida que vêm sendo produzidos
em todas as fases da história e atravessadas por uma diversidade
cultural e epistemológica.
_Definindo os Fatores de Auto-Organização
A próxima etapa seria avaliar o grau de ressonância desses ele-
mentos da natureza com os centros endócrinos respectivos e, para
tal, foi realizado um estudo comparativo entre os livros de maté-
ria médica homeopática,17 em que se descreve toda uma gama de
sintomas relacionados a cada um desses elementos, e os dados
apresentados por Schultz sobre as respostas emocionais de cada
um desses centros de consciência.10 Esses estudos mostraram uma
relação direta entre o Mercurius solubilis e o centro dinâmico do
laríngeo (relacionado à glândula tireoide e paratireoide), entre
o Sulphur e o centro dinâmico sobre a região do estômago (re-
lacionado ao pâncreas) e entre o Natrum muriaticum e o centro
dinâmico do coração (relacionado à glândula do timo). 2
Entrando na perspectiva de elaboração de uma fisiologia vital
baseada numa rede dinâmica, estariam faltando quatro elementos
para compor-se a totalidade de sete centros endócrinos, descritos
em todas as tradições como os principais pontos de ancoragem
para os diversos níveis de consciência.
Partindo-se da visão de que todo o processo alquímico estaria
intrinsecamente vinculado ao ouro, como sentido final de toda a
trajetória alquímica, esse elemento certamente deveria estar in-
cluído no processo, o que foi confirmado pelas matérias médicas
homeopáticas em relação ao segundo centro dinâmico, localizado
na região próxima ao umbigo e que estaria vinculado às gônadas.17
Segundo Capra, para entendermos cientificamente os modelos
da medicina energética, deveríamos nos concentrar em conceitos
de fluxo, flutuação, ordem, frequência, ritmo, ressonância e sin-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 49
cronicidade.19 Essa ordem, segundo a tradição alquímica, inclui as
questões de gênero, pelas quais o elemento Yin sempre precederia
o elemento Yang na orientação de entrada para a informação do
campo vital.
Essa dinâmica de gênero Yin e Yang entre os elementos
configura um casamento entre polaridades entre naturezas afins.
O metal (Yin) e o seu sal correspondente (Yang) terminaram por
criar pistas importantes para o descobrimento estrutural dos sete
elementos dessa rede estratificada.
Para avançar em relação aos três elementos restantes,
encontrei inicialmente no universo alquímico um fator de muita
relevância na observação de um elemento – o Antimonium cru-
dum (sulfeto de antimonium), que foi referenciado por inúmeros
autores alquímicos como um elemento da máxima importância, e
que Basilio Valentino descreveu como particularmente significa-
tivo, por trazer em si a representação simbólica da terra oculta.
Como símbolo, era conhecido como o lobo cinzento, que traz em
si a própria representação da mente humana. Um elemento in-
significante em sua aparência, mas que se coloca como um dos
remédios cuja eficácia está entre as mais extensas de que poderia
dispor a humanidade. 20
O lobo cinzento é a representação da glândula pituitária, ou
hipófise, de cor acinzentada, que, nesse contexto, está representa-
do pelo Antimonium crudun. Esse elemento relaciona-se ao sexto
centro dinâmico de consciência, localizado entre as sobrancelhas,
e estabelece-se no ponto vital onde o homem experimenta a di-
mensão do “Eu Sou”.18
Nas representações alquímicas, esse lobo cinzento que uiva
para a lua cheia traz a representação de dois símbolos profunda-
mente entrelaçados, o lobo cinzento, que integra a representação
da mente humana, que uiva para a lua cheia, que representa sua
50 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
totalidade de consciência, o retorno ao lar de sua inteireza, sua
própria iluminação.
Trabalhando as combinações químicas desses pares de ele-
mentos que se combinam espontaneamente na natureza, para
identificar as contrapartes que estariam faltando, evidenciou-se
como polaridade do Antimonium crudun, o Kali carbonicum (car-
bonato de potássio), que se combina na natureza com o primeiro
para criar o Antimonium tartáricum.
O Kali carbonicum, relacionado ao sétimo centro dinâmico,
vincula-se, segundo Schultz, diretamente com representações
internas ligadas ao sentido da vida.10 As matérias médicas homeo-
páticas descrevem o sentido da vida como a dinâmica central desse
medicamento. Relaciona-se com a glândula pineal e localiza-se
acima do crânio (região correspondente à fontanela anterior).
Para o fechamento da rede sistêmica desses elementos, o
último a ser encontrado seria o elemento que se combinaria na
natureza com o “ouro” (Aurum metallicum), colocando-se como
seu sal correspondente. Esse lugar foi preenchido pelo Ammonium
muriaticum (cloreto de amônia), que se combina espontaneamen-
te na natureza com o Aurum metallicum, dando lugar ao Aurum
muriaticum. Esse último centro dinâmico estaria localizado no
assoalho pélvico, relacionando-se às glândulas suprarrenais.
Apesar de alguns desses elementos combinarem-se espon-
taneamente na natureza, para a proposta que ia se descortinando,
de se mapear um código organizacional para a matriz vital, era
fundamental que cada elemento entrasse isoladamente e se-
quencialmente no campo do indivíduo, na forma de medicamento
homeopático, obedecendo assim às polaridades Yin e Yang, visando
promover esses casamentos internamente, estabelecendo essas
interações intrinsecamente no próprio campo de cada indivíduo a
ser tratado. Em cada interação entre esses elementos seria libe-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 51
rada uma qualidade de informação, que entraria em contato com
os elementos seguintes, promovendo uma reação estruturante em
cadeia. A prática clínica possibilitava pontuar claramente essas
diferenças, em relação aos ritmos e ordens sequenciais, eviden-
ciando uma queda nos resultados quando os pacientes alteravam
a ordem dessa sequência, por erros na tomada dos medicamentos.
_Níveis de atuação dos BioFAO nos centros dinâmicos
Esses sete elementos denominados inicialmente de Fatores de
Auto-Organização (FAO) formavam três grupos distintos: o primeiro
grupo – Antimonium crudum e Kali carbonicum – trabalha a mente
superior, o intelecto, a razão, o pensamento e a cognição; o segundo
grupo – Mercurius solubilis, Sulphur e Natrum muriaticum – trabalha
os centros emocionais, que, atualmente, estariam relacionados ao
que a ciência vem discutindo sobre os coeficientes emocionais de
inteligência, ou inteligência emocional;21 o terceiro grupo – Aurum
metallicum e Ammonium muriaticum – estariam relacionados à
inteligência instintiva, ainda muito preservada nos animais. O ser
humano, por sua desconexão interna crescente, vem se afastando
dessa classe de inteligência e um fato recente que evidenciou essa
realidade foi o tsunami da Indonésia em 2010, quando os animais
subiram para os morros e escaparam da morte, enquanto o de-
sastre assinalou a morte de quatrocentas pessoas. Na ocasião, foi
muito marcante o fato de dois elefantes, que estavam presos por
correntes, lutarem bravamente para arrebentá-las e, assim que
conseguiram o feito, imediatamente subiram para o ponto mais
alto do morro mais próximo, escapando da tragédia. Esse fenô-
meno deve-se a um tipo de inteligência instintiva que reconhece
uma forma de linguagem que concebemos comumente como o
sexto sentido. No caso dos elefantes, são dotados da capacidade
de captarem infrassons, que estão nas mesmas frequências dos
52 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
abalos sísmicos. Essa inteligência instintiva é visivelmente acio-
nada a partir da ativação desses centros dinâmicos.
Nos onze anos seguintes, na consolidação da metodologia
BioFAO, os estudos foram aperfeiçoados, aprimorando-se doses
medicamentosas, tempos e ritmos. Aplicavam-se os três grupos
de elementos em sequência: grupo um – Antimonium crudum e Kali
carbonicum –, com alguns minutos de intervalo entre eles; depois de
horas, entraria o grupo dois – Mercurius solubilis, Sulphur e Natrum
muriaticum –, com alguns minutos de intervalo, e algumas horas
depois, o grupo três – Aurum metallicum e Ammonium muriaticum
–, administrados também com intervalos de alguns minutos.
No decorrer desses onze anos, muitos médicos foram se
agregando ao trabalho e passaram a fazer parte do grupo de
colaboradores que vinham de várias partes do Brasil.
_Prelúdio da obra incompleta
A primeira apresentação desta epistemologia para o mundo cien-
tífico aconteceu no XXV Congresso Brasileiro de Homeopatia, em
2000 (Rio de Janeiro), tendo sido fortemente rechaçada pelo meio
homeopático, por não contemplar dois dos quatro pilares teóricos
da Homeopatia Clássica. O primeiro, no que diz respeito à exigência
de aplicação de um medicamento único, que a metodologia BioFAO
não obedece, pois utiliza-se de sete elementos para configurar
toda a estrutura sistêmica, sem perder, entretanto, a proposta
colocada por Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia, de se
recuperar a saúde dentro de uma visão de integralidade.
O segundo ponto de exclusão estaria relacionado à cura
pela lei dos semelhantes (que na Homeopatia Clássica requer
uma semelhança entre o padrão mórbido ou os sintomas que se
pretende tratar e o que o medicamento de escolha, sabidamente,
é capaz de curar).
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 53
A metodologia BioFAO buscou uma interseção no sentido de
se pensar além de uma semelhança, para uma identidade perfeita
com a matriz vital; trabalhar com a lei do idêntico, criando a pos-
sibilidade de promover uma ressonância desses elementos com
essa matriz vital, gerando um padrão de perfeita identidade. Esse
realinhamento promove aberturas de padrões de memória para
essa matriz se auto-organizar a si mesma em primeiro plano e,
na sequência, criar sustentabilidade para as suas redes de vida.
Na realidade, eu propunha introduzir uma visão paracelsiana no
contexto hahnemanniano, uma visão que afirma ser o médico
aquele que promove o restabelecimento da ordem por meio de
compostos metálicos e salinos e da máxima de que iguais curam
iguais. 22 Naquela fase, já operando com os sete medicamentos e
tendo resultados muito significativos, eu não poderia imaginar
que ainda caminharia por mais 17 anos para mapear toda a com-
plexidade desse terreno quântico.
Esse congresso foi um marco interessante, pois, por outro
lado, trouxe muitos colaboradores importantes, incluindo cientis-
tas que se dispuseram a dar todo o suporte na área da pesquisa
básica, assim como na área clínica dentro das universidades. Dessa
vivência, dei-me conta de que trazia algo distinto do contexto da
Homeopatia Clássica e que tinha que assumi-lo como tal. Depois
disso, segui alguns anos adiante, com a estranha impressão de
ser homeopata e não trabalhar com homeopatia, apesar de só
utilizar medicamentos homeopáticos. Aliás, eu já estava mesmo
me acostumando com essas esquisitices da toca do coelho.
_Diálogo entre tradições com o pensamento sistêmico
contemporâneo
Interessante pontuar como característica do processo cartográfico
a experiência de ser levada por uma roda viva de conhecimentos,
54 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 55

que iam surgindo e compondo cada fase seguinte do caminho. ressignificando essas verdades numa outra ordem de conhecimen-
Nessa dimensão do Biocampo, as coisas pareciam ser conduzidas to. Partindo de tempos históricos tão diferentes, era fascinante
pela via das sincronicidades, que parecia ser a forma mais direta observar pensadores de todos os tempos trazendo facetas, visões
de saber se eu estava alinhada com essa guiança que o próprio e subjetividades como partes fragmentadas que iam se unindo,
terreno quântico me oferecia. Experimentavam-se as distintas orientadas pelo diálogo com o campo, por meio da prática clínica,
frequências por meio da utilização do BioFAO, na lógica que eu o que me permitia sedimentar e mapear as rotas com segurança.
dispunha a cada momento da trajetória, e os campos de percepção Sem a ajuda das antigas tradições, não teria havido fundações,
se abriam, oferecendo-me uma nova abrangência. E, se o leitor princípios e filosofias que permitissem essa síntese.
acompanhar todo o processo, vai entender que cada tradição Para seguir a compreensão da metodologia, manterei a or-
trabalhou numa esfera bem específica da construção de toda a dem cronológica da construção dessas linhas de conhecimento
complexidade do Biocampo. Poderá observar, mais à frente, que a para manter a linha de compreensão da construção do estado da
integração de todas as visões sobre o Biocampo encontra-se nos arte do BioFAO.
campos geométricos multidimensionais propostos no que os anti-
gos concebiam como a Geometria Sagrada. 23 As demais tradições
trouxeram estruturas que representavam etapas dessa estrutu-
ração dos campos eletromagnéticos, para que essas geometrias
pudessem ser acessadas, compondo a perspectiva de dimensão
holográfica para a matriz vital, o que foi confirmado em nossa
experiência clínica atuando nesse terreno quântico.
Nesse ponto da construção epistemológica, tinha-se uma
primeira visão da alquimia, desvelando os elementos, seguida
da medicina milenar Ayurveda, trazendo a fisiologia vital com os
chacras. Esse tempo era início de 2001, quando surge a medicina
chinesa, integrando essa perspectiva mais ampliada, de forma a
cumprir a roda dos cinco elementos da medicina chinesa, estudo
que entrou em paralelo com um aprofundamento nos conceitos da
Physis hipocrática e do conhecimento sobre Biocampo. À medida
que a compreensão do terreno quântico avançava, desvelando a
si mesmo como um dispositivo para formar planos de expansão de
vida, ia se abrindo um diálogo com autores contemporâneos, com
o pensamento sistêmico contemporâneo, com a física quântica,
56 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
“
1.2: Desvelando a A Alma é esta coisa
“matriz de vida”:
o Biocampo
que nos pergunta se
a alma existe.
Mário Quintana
Neste espaço de conhecimento, busco retratar as distintas visões
acerca desse terreno quântico, desde as antigas tradições até o
pensamento sistêmico contemporâneo. De forma muito marcante,
Hipócrates apresenta a visão desse campo, denominando-o de
Physis, onde se obtém uma leitura bem completa do significado
que essa dimensão quântica tinha para os antigos curadores. Nesse
sentido, busquei trabalhar um campo de estudo que foi surgindo de
uma forma multidimensional e por meio de interações não lineares,
compondo vertentes distintas simultaneamente, unindo, a um só
tempo, processamento e processualidade, imbuída da coragem de
pensar uma medicina livre de um padrão majoritário, lembrando
que a dimensão minoritária não é menor, mas muito potente, já
que tensiona os limites dos sentidos atribuídos aos processos.
Nessa perspectiva cartográfica, os momentos de produção,
análise e discussão de dados ocorrem simultaneamente com o ato
de caminhar, evidenciando um movimento contínuo de passos que
se sucedem de forma inseparável, o que permite um religamento
do que foi desenhado anteriormente com o que vem a seguir.1
Nesse sentido, todos os passos que foram dados tiveram o mesmo
cunho e a mesma assinatura: primeiro ocorria o diálogo entre a
minha prática clínica e essa matriz vital, produzindo dados, ca-
minhos, para, posteriormente, identificar na literatura científica
algum referencial teórico que já tivesse vislumbrado a mesma
perspectiva do que eu venho descortinando, em minha práxis – que
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 57
é tecida de uma prática clínica refletida e estudada –, para, assim,
poder dialogar. Os teóricos funcionaram como sinalizadores de
que eu estaria numa escuta alinhada com o campo vital. Eles não
surgiam, de forma prévia e metafísica, a priori, para me orientar
em relação ao próximo passo a ser dado no processo, mas, estra-
nhamente, surgiram sempre posteriormente, para confirmar que o
passo dado tinha sentido e havia sido coerente, já que significava
o compartilhamento de uma perspectiva. Isso foi uma constante
em toda a construção metodológica.
Os momentos em que o meu racional tentou conduzir o
processo por meio do pensamento lógico foram as vezes em que
encontrei as ilhas no oceano, os desvios, e precisei redimensionar
novas rotas, retornando ao meu devido lugar nesse encontro e
diálogo com o campo. Isso me fez pensar, com Godoy, que, de fato,
as forças da vida não possuem um sentido único a ser desvelado
por uma razão privilegiada, segundo suas palavras, já que o mundo
é composto por forças em relação. 2
Com os anos, incorporei o tipo de linguagem utilizada pelo
campo e passei a confiar nessa relação de total subjetividade, man-
tendo a consciência do meu justo posicionamento no processo, um
lugar de quem contempla e acolhe simplesmente, até que se torne
evidente o próximo passo, e só aí ser instada a avançar. Afinal, na
perspectiva cartográfica, se há sujeitos em vez de objetos, isso sig-
nifica que eles “dizem” e que precisamos ouvi-los. Isso me remete
à epistemologia xamânica ameríndia, que caminha na contramão
da ciência objetificadora, na qual, segundo Viveiros de Castro,
conhecer é personificar, “tomar o ponto de vista daquilo que deve
ser conhecido”, entendendo que aquilo pode ser alguém ou algo. 3
Muitas vezes eu falava a alguns médicos colaboradores, que
não compreendiam e não aceitavam as mudanças sequenciais, na
construção do estado da arte do BioFAO, que essas mudanças não
58 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
ocorriam por minha vontade, mas que a matriz se comunicava, re-
velava e avançava, buscando por desvelar a si mesma, e que não
havia como se estancar o processo. Percebo que essa medicina
não se dá na continuidade dos processos modernos das formas
de curar, mas, ao contrário, pretende fundar também uma outra
epistemologia, capaz de sustentar novo percurso e nova lógica. E
essa tarefa é desafiante demais.
Na minha experiência, a cartografia parece ultrapassar
os limites de um método de pesquisa, pois implica construir a
realidade, atravessada a todo instante pela autorreferência e
pela reflexividade, 4 aportando uma vivência que “inaugura uma
nova forma de produzir o conhecimento, um modo que envolve a
criação, a arte, a implicação do autor, do artista, do pesquisador,
do cartógrafo”. 5
A sensação que se tem ao escrever sobre a matriz vital evoca
uma imagem de algo que foi visto em 3D e que precisa ser trans-
crito para uma dimensão que se situa muito aquém da realidade
desse sujeito. Portanto, torna-se necessário incluir a escrita nessa
processualidade para refletir o que esse holograma complexo
evidenciou em cada um dos seus ângulos simultaneamente. Daí
a importância de uma epistemologia das ciências humanas para
dar expressão a uma realidade que não se comporta como objeto,
mas como o grande Sujeito, que, amorosamente, nos fala, sugere,
responde, nos provoca e orienta.
_A visão da matriz como energia vital
Esse foi o primeiro retrato que me foi mostrado acerca da matriz
vital. Ainda quando cursava o terceiro ano da Faculdade de Medi-
cina, participei de um encontro científico para estudantes e assisti,
maravilhada, a um jovem médico, recém-vindo de um mestrado
em Homeopatia Clássica na Inglaterra, falar sobre a energia vital.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 59
Na ocasião, ele abordou as relações entre saúde e doença e
nos convidou a uma reflexão sobre como pensar a causa dos pro-
cessos mórbidos a partir da perspectiva do campo vital, como fator
determinante, na dinâmica dos processos de cura. Ele apresentou
a visão sobre o grande erro da terapêutica moderna, de estudar a
doença, sem se preocupar com o terreno em que ela evolui.
Ele também apresentou Samuel Hahnemann (1796), o criador
da Homeopatia Clássica, como aquele que propõe um sistema mé-
dico, cujos princípios básicos apontam, como objeto da terapêutica,
o indivíduo doente, e não a doença, passando a ver o ser humano
como totalidade indissociável.6
A Terapêutica Homeopática, em seu arcabouço filosófico,
reintroduz, para o contexto da medicina, uma concepção vitalista da
saúde, conceito filosófico que remonta ao século XVII, e descreve a
força vital inerente apenas aos seres vivos e às substâncias orgânicas.7
Hahnemann descrevia essa matriz vital sob vários ângulos,
e no clássico livro Organon da arte de curar, traz, no parágrafo 9,
a definição mais marcante dessa dimensão, que denominava de
força vital ou energia vital:8
No estado de saúde, a força vital que anima dinamicamente a
parte material do corpo exerce um poder ilimitado, e mantém
todas as partes do organismo em uma admirável harmonia
vital, tanto no que diz respeito à sua atividade ou funciona-
mento, como à sensibilidade, de modo que o espírito dotado
de razão que reside em nós pode empregar livremente esses
instrumentos livres e sãos para conseguir o elevado objeto
de nossa existência.
Nesse contexto, ele afirmava que cada indivíduo, ao adoecer
de uma morbidade qualquer, adoecia “de acordo com a sua história
biológica, psíquica, familiar, sexual, temperamental, caractero-
60 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
lógica etc.”, afirmando que o adoecimento seria, antes de tudo,
“uma questão biológica, existencial e social de vulnerabilidade”.
Os aspectos simbólico e psicológico do sujeito não poderiam ser
deixados de lado. 9
A epistemologia BioFAO teve seu berço teórico na Homeopatia
Clássica, seguindo o grande norte apontado por Hahnemann de se
buscar um direcionamento da consciência humana rumo aos seus
propósitos mais elevados, alinhando todos os eixos existenciais
com as leis naturais de cura. Mas, no que tange à matriz vital, Hah-
nemann, por outro lado, cria um bloqueio epistemológico, quando
fala da não necessidade de se apreender a essência das doenças
e mesmo da impossibilidade de fazê-lo. Segundo Haehl, a energia
vital é colocada por Hahnemann como um segredo que não pode
ser desvendado, obstaculizando a compreensão das propriedades
da matéria e seus processos. Esse bloqueio epistemológico man-
teve a Homeopatia apartada de uma possibilidade de compor os
avanços da ciência e, dessa forma, recebe críticas sobre pontos
marcantes de seus pilares epistemológicos principais.10
Fazendo hoje uma reflexão sobre essa questão, penso que os
homeopatas desenvolvem grande paixão pela homeopatia, como
processo instituído, e eu, talvez pelo impacto daquela primeira pa-
lestra, tenha desenvolvido uma paixão pela energia vital mesmo,
pelo princípio instituinte, que não se deixa aprisionar e paralisa, o
que me fez transpor essa crença e buscar seguir viagem e buscar
conhecer esse grande oceano de vida, essa matriz vital. Afinal, o
oceano descortinava-se diante de mim de forma muito mais ampla
que a embarcação que me conduzia naquele momento.
_Physis hipocrática
Esse domínio de vida, na visão de Hipócrates, apresenta-se repleto
de poesia e significado e, numa visão animista, colocava-se como
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 61
matriz essencial da vida, berço dos deuses e dos homens, campo
gerador da vida.
No final dos anos 1990, trabalhando com a primeira fase
dessa metodologia, que utilizava os sete medicamentos homeo-
páticos em ordens e ritmos que compunham um fluxo descendente
pelos centros dinâmicos ao longo da coluna vertebral, o encontro
com a Physis me trouxe a primeira confirmação da dimensão que
eu experimentava clinicamente no diálogo com essa matriz vital.
Busquei mergulhar em suas representações e significados e di-
mensionar o que o pai da medicina teria percebido no seu encontro
notável com essa realidade.
As respostas que os Fatores de Auto-Organização possi-
bilitavam observar nesses primeiros onze anos revelavam, nas
evidências da prática clínica, uma unidade entre o indivíduo e algo
para além dele, pois as pessoas percebiam uma interconexão com
eixos existenciais sutis em todas as áreas de suas existências,
que se refletiam por meio de sincronicidades, resgaste de dons e
uma significativa produção de sentido na vida dessas pessoas. O
que eu via se coadunava com o que era descrito sobre a Physis,
cujo conceito compreendia a totalidade de tudo aquilo que é. Dela
provinha tudo “o que era, o que é e o que será” – “Sol, Terra, as-
tros, árvores, homens, animais e os próprios deuses”. As relações
humanas em todas as esferas de representação também faziam
parte da Physis, por seus elementos.11
Nessa fase ia tomando um sentido muito claro, que os mo-
delos de desordem que conhecemos como sintomas ou doenças
também brotavam dessa Physis, que, essencialmente, significa
produzir, crescer, desenvolver-se, “indica aquilo que por si brota, se
abre, emerge, o desabrochar que surge de si próprio e se manifesta
nesse desdobramento, pondo-se no manifesto”.12
Nesse contexto, tudo estava integrado nesse domínio da
62 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Physis, pois não havia uma distinção entre natureza animada e
inanimada, e nela atuava um princípio inteligente, reconhecido
como pensamento ou logos. Na sua dinâmica intrínseca existia
uma polaridade entre forças vivas de reunião (amor) e de dispersão
(discórdia), cuja dinâmica de agregação e desagregação deter-
minariam a harmonia e o equilíbrio constituintes da natureza.11 O
mundo operava numa visão não antropocêntrica de totalidade que
prescindia a dualidade corpo e alma, mundo inteligível e mundo
sensível, razão e emoção. O mundo se apresentava como um lugar
íntegro, antes que as dicotomias fossem nominadas. Como até
mesmo os deuses pertenciam à Physis, não havia contraposição
entre o social, o psíquico e o natural. A natureza deveria ser apre-
endida para ser compreendida, e o homem não poderia dominar
a natureza, mas apenas observá-la e contemplá-la.13 Ao humano
cabia a tarefa de se reconhecer como parte.
Czeresnia descreve a recorrência do Pensamento Hipocrático
na medicina, em vários momentos da história, e considera esse fato
uma fascinante evidência da importância da Physis e do seu resgate
frente às questões do mundo contemporâneo. Afirma, ainda, que
essa recorrência evidencia que a emergência do novo se vincula
à elaboração do antigo porque o novo está enraizado no velho, e
a construção do futuro requer a compreensão e a desconstrução
das opções do passado.11
A experiência clínica aguçava uma pergunta que se manteve
como linha de fundo em toda a trajetória de construção do estado
da arte do BioFAO, no que tange à compreensão dos limites entre
o campo vital do indivíduo e o campo quântico universal. A expe-
riência mostrava, pelas respostas aos tratamentos clínicos, que
esses campos eram absolutamente integrados e dialogais, deixando
patente em nossa experiência que quando se informa corretamente
a matriz vital do indivíduo, o universo inteiro parece responder.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 63
Recordo-me claramente de uma paciente do grupo dos in-
toxicados crônicos por agrotóxicos, acompanhada clinicamente
por mim no Ambulatório de Toxicologia do HUCFF/UFRJ, que,
diante de toda a gama de sintomas graves e das dificuldades de
uma vida sem recursos de nenhuma ordem, após dois meses da
medicação inicial, retornou à consulta, dizendo que “Deus agora
estava olhando para ela”. Ela se reportava a um senso de perten-
ça, a um reconhecimento de sua inclusão no grande processo da
vida. Haviam acontecido muitos lances daquilo que comumente
chamamos de sorte, mas que são eixos de sincronicidades, que se
configuram como diálogos diretos do campo vital com o campo
quântico universal. Esse “algo maior” que responde, acolhe e inclui
a todos. Essa era a ideia central da Physis. O campo que provê
tudo, que dialoga com cada ser sobre seu fluxo de vida, trazendo
criatividade, produzindo sentido e integração.
E em todos os momentos dessa construção epistemológica
tem sido muito interessante observar que, para a Physis, não há
impedimentos e, nessa trajetória, muitas vezes eu recebo pacientes
em situações dramáticas de vida, e penso em como a matriz vital
poderia encontrar saída para uma situação como aquela. Para meu
espanto, na consulta seguinte, observo – sempre perplexa! – que
a inteligência inerente ao campo encontrou uma saída, e a pessoa
entra num padrão mais confortável no plano da existência. Confir-
mamos, trabalhando com a Physis, que existe realmente um princípio
inteligente operando no campo, de natureza auto-organizadora e
dotada de propósito, que nos proporciona, quando acionado, uma
oportunidade única de sermos testemunhas dessa realidade.
_Sobre o ponto de assentamento da consciência
Essa ideia de que existe um lugar na matriz onde a consciência se
apoia também foi um outro conceito que apreendi na observação
64 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
das dinâmicas da Physis. Lugar não seria a palavra mais adequada
para uma dimensão que se localiza além do tempo e do espaço,
mas seria a imagem virtual do que concebemos como lugar, como
um ponto de assentamento para a consciência. Lugar então tem
o sentido de um campo de possibilidades.
Digo isso porque, estudando as variações desse campo e,
principalmente, tocando essa dimensão por meio das frequências
eletromagnéticas dos medicamentos homeopáticos específicos,
observa-se que a consciência parece estar localizada em algum
lugar dessa Physis, desse campo que Aristóteles chamou de Alma.14
Nessa linha, a Alma se coloca como uma das representações da
Physis e, em algum lugar desse campo vital, e numa determinada
frequência de vibração, o indivíduo estabelece sua consciência.
Desse lugar, que é único para cada pessoa, o indivíduo vivencia
uma dimensão, uma realidade e uma visão de mundo inerente
aquele padrão.
Quando o indivíduo entra em alguma bifurcação importante
na vida, quando experimenta toda sorte de coisas, como perdas,
tragédias, sustos e doenças, vivencia tal como Prigogine descreve,
uma forte entropia no sistema.15 Nesse contexto, se o indivíduo não
encontra resiliência interna ou níveis de consciência para compensar
o choque e dar um salto para um novo momento, ele pode sofrer
uma quebra de padrão no seu campo eletromagnético e deslocar
a consciência para um outro ponto (lugar-condição) no campo,
que muitas vezes passa a ser estranho para aquele indivíduo. É
muito comum nas anamneses a pessoa relatar que, depois de um
determinado choque na vida, não se reconhece mais, referindo ter
a sensação de não ser mais a mesma, como se tivesse perdido seu
lugar interno, sua própria legitimidade.
Isso é frequentemente observado na queixa do paciente psi-
quiátrico, que pede ao médico suporte para voltar a ser como era
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 65
antes de adoecer, clama por seu ponto de poder interno. Naquele
lugar, antes seu, agora está sentado o medo, a mágoa, a ira, a alie-
nação e toda a gama de frequências que abrem o caminho para
a insanidade. E não existe privilégio maior do que poder assistir
a uma pessoa retornar ao seu lugar de poder interno, retomar a
sua guiança, sua gestão interior como senhor de si mesmo. Leloup,
para falar sobre esse poder interno, traz a passagem evangélica
do Lago de Tiberíades, na qual Jesus dormia no fundo de um barco
que atravessava uma tempestade e atemorizava os discípulos,
que o chamaram. Para Leloup, a doença é um barco desgoverna-
do sobre as ondas de uma tempestade, e a imagem de Jesus que
dorme, apesar disso, equivale ao nosso lugar de poder interno,
à presença que somos e que permanece silenciosa no fundo do
barco.16 Os sintomas físicos então se configuram apenas como flu-
tuações no campo, e se o self retoma o centro de sua consciência,
o campo entra naturalmente no processo de auto-organização, e
os sintomas desaparecem da mesma forma que surgiram.
Nas dinâmicas de atuação da Physis nos processos de au-
torregulação sistêmica, observou-se, desde os primeiros trata-
mentos utilizando os Fatores de Auto-Organização, que, quando
essa qualidade de informação entra no sistema, o campo vital
inicialmente a lê por meio da lei da similitude. Nessa primeira
fase, a informação recebida tem sua linguagem transcrita para
a linguagem do próprio campo, para, na sequência, neutralizar,
pela lei dos contrários, as frequências de ondas não compatíveis
com o equilíbrio do sistema. A Physis parece operar com a lei de
similitude e dos contrários simultaneamente, utilizando sua pro-
priedade holográfica.17
Numa pessoa saudável, a matriz vital se mostra operando
assim todo o tempo, codificando todas as informações que chegam,
sejam de natureza química, biofísica, psíquica, emocional, radioativa
66 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
etc., e, ininterruptamente, transcreve e escolhe, a cada instante,
integrar ou neutralizar cada informação. Quando o campo vital
sofre rupturas importantes, paralisa suas frequências de onda e
perde essa propriedade intrínseca regulatória. A partir desse ponto
surgem o que reconhecemos como sintomas.
O que se pensou na construção desta epistemologia foi se
repassar um código de informação por meio de naturezas resso-
nantes com a dinâmica intrínseca do próprio campo, para gerar
padrões intrínsecos capazes de impulsionar essas frequências pa-
ralisantes, abrindo potenciais de memória, de forma a permitir que
a matriz vital retome sua dinâmica, seu biorritmo, reencontrando
um potencial homeodinâmico adequado para o novo momento.
A questão da medicina, tal como observada por Hipócrates,
seria cuidar da biorregulação desse campo vital, já que se torna evi-
dente, nesse contexto, que não são os medicamentos homeopáticos
que vão curar as doenças, mas sim o próprio campo vital. A matriz
vital se coloca como sujeito único da sua própria auto-organização.
Quando trabalhamos na perspectiva da Physis não estamos
mais no domínio da bioquímica, e sim no da biofísica, e as intera-
ções são de campos eletromagnéticos e outros campos sutis que
operam por biorressonância,18 o que significa que, para operarmos
nessa dimensão, precisamos avançar para um novo paradigma, o
que pode trazer para áreas distintas do conhecimento respostas
importantes para as questões atuais.
Nesse contexto, foram alguns anos dialogando com a Phy-
sis, buscando compreender suas leis, suas naturezas intrínsecas,
seguindo nessa perspectiva até o ano de 2000, quando, já com um
grupo de médicos colaboradores, realizei um trabalho de aprofun-
damento conceitual e teórico sobre o sujeito dessa epistemologia,
que, nessa fase, já denominávamos de Biocampo. Nesse ponto de
nossa trajetória, depois de alguns anos contemplando maravilhados
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 67
a Physis de Hipócrates, iniciei com o grupo uma longa travessia
para compor todas as dinâmicas internas desse Biocampo, de
forma a dar conta do flagrante e progressivo agravamento das
doenças nas populações que procuravam por nosso acompanha-
mento clínico. Esse foi o grande sinal para levantar acampamento
e procurar por novos caminhos, seguindo a viagem.
_Diálogos com teóricos contemporâneos
Muitos autores estão citados na metodologia científica dos Fatores
de Auto-Organização do Biocampo, na linha científica do Projeto
Biocampo, mas algumas abordagens que não foram incluídas
naquele contexto são aqui compartilhadas, para contribuir com
a visão da complexidade dessa dimensão.
_Na biologia
Nos primeiros anos de investigação, inspiraram-me o biólogo
Goodwin,19 que afirma que “tal dimensão promove a interação de
campos biológicos e integra a unidade básica da forma e da or-
ganização dos sistemas vivos”, e Beynam, 20 que introduz, no meu
universo, a terminologia Biocampo e a descreve como um campo
morfogenético (gerador de forma) que se estabelece como um
campo de força não material e que determina, em última instância,
o papel das células individuais, suas propriedades e suas relações
com as células vizinhas.
_O modelo quântico-holográfico de David Bohm e
Karl Pribram
A apreensão dessa dimensão num modo de organização holográ-
fica foi o que o físico David Bohm21 aplicou à Teoria Quântica. Ele
postulou um modelo de universo holográfico, no qual espaço e
tempo são misturados, “embrulhados” em uma dimensão espec-
68 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
tral de frequências, uma ordem oculta, implícita, sem relações
espaço-temporais.
O relevante é que, nos sistemas holográficos, cada parte do
sistema contém a informação do todo e, portanto, a informação
completa sobre o objeto; se quebrarmos a placa em pedaços, cada
pedaço refletirá a imagem tridimensional do objeto no espaço,
demonstrando que o todo está nas partes, assim como cada parte
está no todo. 22
Bohm21 afirma que, “na ordem implícita, tudo está introjetado
em tudo”. Todo o universo está, em princípio, introjetado em cada
parte ativamente, por meio do holomovimento. O processo de
introjeção não é meramente superficial ou passivo, e cada parte
está, num sentido fundamental, internamente relacionada, em
suas atividades básicas, ao todo e a todas as outras partes.
Essa teoria explica a informação não local quântico-holo-
gráfica, na qual esse potencial quântico conduz informação ativa
que guia a partícula ao longo de seu trajeto. O potencial quântico
é descrito por Bohm como um novo tipo de campo sutil em sua
forma, que não decai com a distância. 23
Essa visão do mundo da ordem implícita, ou “embrulhada”, que
se desenrola, dando expressão ao mundo manifesto, coaduna-se
com a visão de Gregg Braden, 24 quando ele descreve o Biocampo na
metáfora de um grande cobertor cósmico que ora se enruga aqui,
surgindo uma pessoa, ora se enruga ali, surgindo uma pedra, uma
árvore e tudo que há, ressignificando a ordem implícita e explícita
postulada por Bohm.
O neurocientista Karl Pribram, 25 na mesma linha, vem dedican-
do sua vida à comprovação experimental de que o funcionamento
cerebral é também de natureza holográfica. Sua Teoria Holonômica
do funcionamento cerebral demonstrou a existência de um processo
de tratamento holográfico da informação no córtex cerebral, de-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 69
nominado holograma neural multiplex, dependente dos neurônios
de circuitos locais, que não apresentam fibras longas e cujos finos
prolongamentos, denominados teledendrons, não transmitem
impulsos nervosos comuns. Descreve ainda que campos neurais
holográficos são gerados a partir de neurônios que funcionam de
modo ondulatório e são, sobretudo, responsáveis pelas conexões
horizontais das camadas do tecido neural, conexões nas quais
padrões de interferência holograficoides podem ser construídos.
Pribram demonstrou que um processo similar está ocorrendo
continuamente no córtex cerebral, por meio da interpenetração
dos campos eletromagnéticos dos neurônios adjacentes, geran-
do um campo harmônico de frequências eletromagnéticas. Isso
significa dizer que:
O nosso cérebro, basicamente, não fala consigo mesmo e
com o resto do corpo por intermédio de palavras ou ima-
gens, e nem mesmo por meio de bits ou impulsos químicos.
Ele se comunica na linguagem de interferência de ondas: a
linguagem da fase, da amplitude e da frequência – o “domínio
espectral”. Percebemos um objeto entrando “em ressonân-
cia” ou “em sincronia” com ele. Conhecer o mundo significa
literalmente estar no mesmo comprimento de onda dele. 25
_Universo participativo de Capra e a festa no céu
Outro físico que trouxe grande contribuição para a compreensão das
dinâmicas do Biocampo foi Capra, 26 quando descreve esse campo
na perspectiva de um universo participativo. Essa é uma visão inte-
ressante sobre o Biocampo que evoca a metáfora sobre a festa no
céu. Existe uma festa no céu e o indivíduo se sente excluído desse
domínio, que é seu de direito. Esse é o drama coletivo da exclusão,
numa abordagem quase sempre relacionada à esfera social, mas
70 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
cujas raízes se encontram na exclusão espiritual dos seres, na se-
paracão que o desequilíbrio do Biocampo promove em relação a
esse campo quântico universal. O indivíduo em desequilíbrio tem
a sensação de estar isolado, de que o universo não mais lhe res-
ponde e que nada mais faz sentido em sua existência. Prigoggine,
na termodinâmica, explica esses desequilíbrios quando o sistema
vivo sai do alinhamento dos domínios universais e, a partir de um
ponto, passa a ser orientado por seu próprio sistema. 27 E, quanto
mais se afasta desse domínio holoinformacional do universo, maior
a entropia, mais perde energia, e isso explica o retrato do que es-
tamos presenciando em escala progressiva nas populações atuais.
A medicina oficial não considera a biorregulação dessa dimensão
do Biocampo, atendo-se apenas a controlar e a suprimir sintomas,
trabalhar os efeitos, ignorando a causa intrínseca das desordens
que entendemos como doenças. A supressão que os medicamentos
vão promovendo, interpretada como efeitos colaterais, muitas vezes
refletem apenas o rebote de um Biocampo suprimido, tentando criar
um novo ponto de equilíbrio. Mas, como as formas de expressão desse
campo, por meio das exonerações que o corpo tenta encaminhar,
também não são compreendidas, e são em geral aplicadas em larga
escala corticoides e imunossupressores, isso leva a uma supressão
e a um agravamento dos níveis mais profundos da saúde, como a
saúde mental, doenças autoimunes, cardíacas e carcinogênicas.
A questão não é dar o foco principal à terapêutica empre-
gada, e sim manter o olhar no sujeito da história, o Biocampo, que
representa a própria vida do indivíduo. Muitos casos graves, com
certeza, necessitam de uma intervenção alopática para preservar
a vida do paciente, mas, muitas vezes, quando os antibióticos não
funcionam mais, como numa septicemia, uma medicina que con-
templasse o Biocampo poderia resgatar facilmente o indivíduo e
auxiliar nos processos.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 71
Isso me faz lembrar o que ocorreu, enquanto escrevo este
livro, a uma médica do nosso grupo de colaboradores, que dividiu
comigo o caso de um paciente de 7 anos que estava internado há
sete dias num CTI, com derrame pleural, drenando quase 250 ml
de secreção purulenta do pulmão duas vezes ao dia. Foi realizado
raio X de tórax, com pneumonia em atividade naquela manhã, e
à tarde a mãe realizou a medicação com duas doses únicas do
BioFAO, administradas com intervalo de uma hora, terminando
às 16 horas daquele mesmo dia. Naquela mesma noite o pulmão
da criança parou de drenar, foram retirados o dreno do pulmão e
a sonda nasogástrica no dia seguinte, tendo em seguida a dieta
liberada. A médica de plantão ficou impactada com a resposta,
pois não tinha como ele ter tido uma melhora tão absurda. Até o
raio X, repetido no dia seguinte, mostrou melhora da imagem, com
alta planejada para os dias seguintes. A mãe ligou várias vezes
para a médica homeopata, agradecendo pela ajuda, pois o quadro
só vinha se agravando nos últimos dias. Essa seria bem a visão
do que trago nesta fala. Tratamos muitos casos de pneumonia e
quadros agudos apenas com o BioFAO, mas haverá casos graves
e gravíssimos em que a hospitalização e a antibioticoterapia se
faz necessária, mas, da mesma forma, a estruturação do terreno
biológico que o Biocampo representa contribuiria para a resolu-
ção de muitos casos em que o terreno biológico está totalmente
paralisado e o sistema entra em falência.
Então, quando pensamos mesmo em superbactérias que vêm
assustando a comunidade científica, na visão desse paradigma,
entendemos que um Biocampo muito suprimido e distanciado
do “universo participativo” do qual fala Capra pode gerar, no
limite, superbactérias e que, ressignificando esse Biocampo para
os domínios de seu equilíbrio interno, essas bactérias perdem
virulência.
72 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Nesse contexto, MacTaggart28 afirma que o campo é a força,
e não os micróbios ou os genes, que determina se estamos sau-
dáveis ou doentes: “a força é que precisa ser utilizada para que
possamos ser curados”.
_Hipóteses atuais sobre o Biocampo
Tiller29 propôs que, além das outras quatro forças conhecidas na
física, que são o campo gravitacional, os campos nucleares forte
e fraco e o campo eletromagnético, existe uma nova força que
explica certas características da vida.
Na Teoria Holoinformacional, Di Biase30 descreve esse campo
de memória-informação como correspondente ao campo quântico-
-holográfico universal, em que matéria, vida e consciência não
são vistas como entidades separadas, mas “uma unidade holísti-
ca indivisível, um campo quântico holoinformacional inteligente,
auto-organizador, que vem se desdobrando há bilhões de anos
em uma infinita e dinâmica holoarquia cósmica”.
Paramahansa Yogananda31 descreve que, para as antigas
tradições hindus, esse campo era conhecido pela palavra sânscrita
Akasha, que era interpretada como éter, o elemento vibratório mais
sutil que existe no mundo material. Físicos, investigando o éter – agora
também chamado de vácuo quântico, de campo quântico ou campo
de ponto zero –, compreenderam que a própria sustentação do uni-
verso é um mar ondulante de energia, um vasto campo quântico. 28
Na realidade, o Biocampo seria uma área do espaço onde
esse campo universal pode ser detectado, medido pela atividade
de campos de força, especialmente dos campos eletromagnéticos,
significaria o ponto de expressão do campo onde enruga o cobertor
cósmico do qual falava Gregg Braden. 24
Na sua obra sobre o campo, MCTaggart 28 explica que, em
nossa essência mais elementar, somos uma carga de energia, e
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 73
que “esse campo de energia pulsante se coloca como mecanismo
central do nosso ser e da nossa consciência”. Situa-se além da
polaridade do eu e do não eu, sendo nosso alfa-ômega existencial.
Ele refere ser esse campo o responsável pelas funções superiores
de nossa mente e, nesse sentido, é “o nosso cérebro, nosso cora-
ção e nossa memória, evidenciando em si mesmo um projeto do
mundo para a eternidade”.
Walter Schempp, 28 o criador da ressonância magnética, no-
minou a sua teoria de “holografia quântica”, que integra a possibi-
lidade de que todos os tipos de informação relacionados a objetos
na forma tridimensional possam ser transportados nas flutuações
quânticas do campo de ponto zero, recuperando e reagrupando
essas informações em uma imagem tridimensional, relacionando
esse campo a um vasto campo de memória.
Hoje, no meio científico, é consenso a visão do Biocampo como
terreno biológico, que, por meio de sua propriedade holográfica,
auto-organizadora e sistêmica, tem a função de biorregular e
coordenar todas as funções da vida. 32,33,34,35 Foi descrito como um
campo eletromagnético extremamente fraco e que promove a
regulação homeodinâmica dos sistemas vivos por meio de infor-
mações eletromagnéticas,18 o que explica a razão de o Biocampo,
durante a construção de sua epistemologia, ter solicitado a cada
momento, e de forma progressiva, um aumento da complexidade
nas dinâmicas eletromagnéticas, de forma a ampliar os eixos de
sustentação de sua estrutura sistêmica.
O desvelamento dessa complexidade ia solicitando no desenho
dessas interações eletromagnéticas a construção de geometrias cada
vez mais estruturantes e abrangentes e, simultaneamente, indicando
a necessidade de uma redução nas potências medicamentosas, o que
se confirmou posteriormente, ao se ter a comprovação de que esse
campo apresenta oscilações eletromagnéticas de baixas amplitudes.
74 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Essa foi uma vertente que exigiu muitos ajustes precisos até
promover modulações que entrassem de forma suave nos campos
dos indivíduos em tratamento. Trabalhar com o Biocampo requer
sempre não só privilegiar a ressonância, com suas naturezas in-
trínsecas, mas também observar as frequências, os ritmos e os
fluxos internos em todo o sistema.
O termo Biocampo para definir o campo biológico foi aprovado
em 1994 pelo National Institute of Health, 36 tendo sido subsequen-
temente aceito pela US National Library of Medicine como um
campo bioeletromagnético e biofísico que participa da regulação
da estrutura e função celular. 37 Segundo Rubik, isso explica a ação
das várias intervenções das medicinas complementares e alter-
nativas, entre elas, as terapias que se utilizam de medicamentos
homeopáticos.18 Significa dizer que a ciência passa a considerar
a existência do Biocampo como um terreno aberto a novas áreas
de pesquisa e atuação no contexto médico, num avanço corro-
borado pelos estudos atuais sobre interações eletromagnéticas
nos sistemas vivos, que, definitivamente, deverão romper com a
distorção e o equívoco de reduzir esses campos dinâmicos sutis a
abordagens místicas e religiosas.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 75
“
1.3: Projeto Biocampo O mundo de
e as geometrias
multidimensionais
Deus é feliz.
Do livro Um curso
em milagres
Esse é o único sentido dessa jornada ou de qualquer uma. No fun-
do, todas as pessoas, em todas as áreas, buscam formas de saída
deste labirinto arquetípico, desta matrix em que estamos inseri-
dos. Seja pelas ciências, pela arte, pela música, pela poesia, por
meditações ou por distintos caminhos da religiosidade. Sabemos
intuitivamente, em algum lugar de nós mesmos, que, para além
desta trama existencial em que fomos inseridos, existe uma paz
inerente aos domínios universais, paz que, para ser estabelecida
como uma paz legítima, inclui em seu silêncio uma passagem
obrigatória pela coragem, pela alegria e pelo amor.
Fui compreendendo, ao longo da construção do estado da
arte do BioFAO, que os campos eletromagnéticos se organizam
em padrões geométricos, muito bem retratados em distintas tra-
dições, com geometrias que vão progressivamente englobando
padrões multidimensionais, de forma a compor todas as inserções
e padrões possíveis para o Biocampo.
Aprendi no caminho que a linguagem dessa expressão amorosa
e universal dialoga diretamente com cada ser vivo por meio dessas
geometrias luminosas, que funcionam como linhas ou padrões de
resgate, que detém em si um único propósito: conduzir os seres para
uma possibilidade de saída dos ciclos viciosos e recursivos da vida.
Na Antiguidade, essas geometrias eram entendidas como
sagradas porque reproduzem os caminhos da embriogênese até
o nascimento de um novo ser completo e pleno em si mesmo. As
76 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 77

rupturas que os indivíduos sofrem nos processos existenciais, _Encontrando os sete elementos da rede sistêmica
desde a vida uterina e no decorrer da vida, bloqueiam os fluxos Nessa primeira fase tínhamos os sete fatores de auto-organização
naturais dessas geometrias multidimensionais, representadas e suas ligações com os centros endócrinos. Estudos mostravam a
por eixos eletromagnéticos específicos configurados em nosso ligação de elementos da natureza com cada um desses segmentos:
campo vital. A partir dessas interrupções, o indivíduo fica encar-
1. Antimonium crudum (sulfeto de antimonium) – relacionado
cerado em geometrias parciais, pelo meio do caminho, mantendo
à glândula hipófise; centro dinâmico frontal: representa
a sensação de exclusão, de não ser inteiro, de estar separado de
o elemento água.
algo maior. Ele percebe dentro de si uma espécie de solidão, uma
2. Kali carbonicum (carbonato de potássio) – relacionado à
saudade de algum misterioso lugar que não sabe definir, que se
glandula pineal; centro dinâmico do coronário: representa
traduz numa ausência de algo, que não é outra coisa senão a falta
o elemento ar.
da completude de seu próprio campo, única coisa capaz de trazer
3. Mercurius solubilis (nitrato de mercúrio) – relacionado à
a felicidade mais verdadeira, que se coloca como um estado de
glandula tireoide e paratireoide; centro dinâmico laríngeo:
ser inerente aos princípios universais.
representa a força governante central que, na Estrela de
Este capítulo se propõe a compartilhar um pouco dessa cons-
David, está indicada pelo triângulo que desce do céu para
trução geométrica, que, a partir desse lugar de complexidade, leva
a terra.
essa epistemologia a uma condição de projeto, que denominei de
4. Sulphur (enxofre) – relacionado ao pâncreas; centro di-
“Projeto Biocampo”. Penso que estas próximas linhas de construção
nâmico sobre a área do estômago denominada de plexo
do conhecimento ultrapassam o limiar do que é descrito para um
solar: representa a força governante central que, na Es-
perfil epistemológico e, pelo tempo e grau de complexidade dessas
trela de Davi, está indicada pelo triângulo que ascende
investigações, coaduna-se com o que se define como um projeto
da terra ao céu.
dentro de uma epistemologia para auto-organização sistêmica.
5. Natrum muriaticum (cloreto de sódio) – relacionado à
No processo cartográfico para essa investigação, vale lem-
glândula timo; representa a força governante central,
brar que nunca se sabe o que se vai encontrar, principalmente
incorporando o símbolo da Estrela de David na junção do
quando se trata de um terreno quântico. E cada resposta desse
triângulo ascendente e descendente, indicando o centro
campo implica uma mudança na visão de mundo do observador,
do ser – o coração.
que nunca mais será a mesma. É importante ter em mente que
6. Aurum metallicum (ouro) – relacionado às gônadas; centro
esse campo não se comporta como um mapa fixo e é, portanto,
dinâmico do abdome: representa o elemento terra.
sempre passível de interferências. Por isso a cartografia exige um
7. Ammonium muriaticum (cloreto de amônia) – relacionado
rigor que se apoia não só na sustentação da singularidade e da
às suprarenais; representa o elemento fogo.
invenção, mas também em relação aos conceitos que vão sendo
incorporados na processualidade da pesquisa.1
78 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Passando pela primeira fase de encontro dos sete elementos,
trabalhamos os eixosde fluxos, ordens, ritmos, num esquema tera-
pêutico que, depois de onze anos, se mostrou ineficiente para a onda
de complexidade que vinha se avolumando no contexto da saúde
humana. O mundo ia mudando assustadoramente, e a onda crescia
diante do pequeno barco que tínhamos. Assim, foi sendo constru-
ída o que denominei de Bioarca. O mar de complexidade crescia, e
a arca eletromagnética tinha que sofrer mudanças e reforços. Foi
muito emocionante essa trajetória com os médicos, pois algumas
vezes entrava água na arca e, no sufoco, as novas diretrizes vindas
do próprio campo reconfiguravam os planos de reparo e tínhamos
uma outra calmaria, até o próximo maremoto. De maremoto em
maremoto, a Bioarca foi sendo construída, até porque não existe
invenção sem a necessidade e a pressão por resolutividade.
Benevides de Barros2 afirma que é extamente nesse “en-
tre” os maremotos que a invenção acontece. Exatamente nessas
interconexões surgem as pistas, que, por sua vez, servem como
referência, criando uma oportunidade de calibragem que segue
norteando todo o percurso da investigação. 3 Nesse sentido, o car-
tógrafo sabe que deve se pautar em uma qualidade de atenção
sensível, aberta à captação do inesperado, para apreender o que
não conhecia, embora já estivesse ali, virtualmente.4
Nessa fase, os sete medicamentos eram utilizados inicialmente
numa dinâmica de fluxo descendente na coluna vertebral, de acor-
do com a questão de gênero, prevista no universo alquímico, em
que o metal sempre deveria anteceder ao seu sal correspondente,
enquanto, na tríade, Mercurius solubilis, Sulphur e Natrum mu-
riaticum, o Mercurius solubilis sempre deveria preceder o Sulphur,
mantendo igualmente o sal, como elemento final, como polo Yang.
Como essa era uma rede estratificada de pequena com-
plexidade, que chamei de prelúdio da obra incompleta, para
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 79
obter saltos de consciência e mudanças de padrões internos,
precisávamos trabalhar esses elementos com potências medi-
camentosas altas.
Ao longo dos primeiros 11 anos, as potências medicamentosas
foram aumentando e trabalhávamos na linha das dinamizações
em MM (milhões), até que, por volta do ano 2000, a complexidade
havia aumentado muito e o grau de lesionalidade das pessoas
que buscavam tratamento foi se agravavando progressivamente,
sinalizando, então, que esses doentes graves já não comportariam
mais as altas dinamizações. Essa foi a primeira grande bifurca-
ção nessa trajetória, pois o Biocampo solicitava claramente uma
investigação maior, no sentido de se ampliarem os eixos de sus-
tentabilidade no próprio campo para os processos de cura, com
diminuição progressiva das potências medicamentosas. Essas
bifurcações sempre exigiram, dentro de uma perspectiva carto-
gráfica, sustentar a condição de plasticidade do processo, pois a
realidade aqui é concebida como uma mapa móvel, um campo em
constante processo de transformação. 3
Nessa fase publiquei o primeiro livro sobre os Fatores de
Auto-Organização, intitulado Holismo, homeopatia e alquimia:
uma sincronicidade para a cura, que considero hoje um docu-
mento sobre a fase alquímica da cartografia do BioFAO, em que
os autores e as inspirações vinham muito fortemente daquela
visão de mundo e suas representações, produzindo as primeiras
sementes do diálogo desses saberes com o pensamento sistêmico
contemporâneo. 5 Uma das abordagens com que trabalháva-
mos era sobre as fases alquímicas nos processos de cura, que,
curiosamente, se configuravam num modelo de subjetividade
realmente observado na evolução clínica dos processos de auto-
-organização na saúde.
80 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
_As três fases do processo de cura
No universo alquímico, denominam-se as três fases de cura de
Nigredo, Albedo e Rubedo, indicando que sempre deveriam ser
contempladas em um processo legítimo de cura.6 A partir da pas-
sagem de uma informação coerente para o Biocampo, a primeira
fase que surge é o que se denomina de Nigredo, que representa a
fase em que o Biocampo faz a releitura do padrão mórbido pela
lei dos semelhantes, para, em seguida, pela lei dos contrários,
desprogramar o padrão. Durante esse processo inicial de leitura, o
indivíduo torna-se consciente desses padrões, no sentido de uma
autorreferência. Não existe o que entendemos por auto-organização
sem a participação direta da consciência, que, diante do padrão
que é trazido de volta para ser examinado, reabre a possibilidade
de realizar uma nova escolha consciente a partir, agora, de um
Biocampo alinhado com os padrões universais.7
Na fase de Nigredo, a pessoa assiste ao seu filme de um
lugar central e estruturado e, ao mesmo tempo, vê apenas, no
filme, o necessário a ser visto, a dor necessária e importante, para
que ocorra o processo de liberação do padrão mórbido e, nesse
sentido, observa-se a inteligência e a amorosidade imanente ao
Biocampo. Isso eu pude testemunhar inúmeras vezes como reso-
luções nascidas de uma mescla de graça e misericórdia inerentes
a essa matriz vital.
A segunda fase, denominada de Albedo, que nos domínios da
alquimia representa o renascer da matéria bruta mediante as etapas
sucessivas de purificação, propõe a iluminação desses padrões até
se chegar ao símbolo que representa a lua de prata, a expansão e a
possibilidade de decidir sobre o que foi examinado. Nesse momento
se realiza a escolha consciente por uma nova visão ou um novo
caminho, pois existe clareza, os centros de inteligência e os radares
do sexto sentido estão realinhados e operando adequadamente,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 81
e o indivíduo assume a consciência de sua gestão interna. Retoma
a responsabilidade de ser ele mesmo, entendendo que a decisão é
sua por direito e então, simplesmente, decide por caminhos que se
orientam para uma consideração ética e estética do ser humano.
A última fase, conhecida como Rubedo, representada pelo
ouro alquímico, estabelece a entrada nos domínios da ação, após
ter os padrões mórbidos elaborados. Vem carregada de sentido,
pois representa o encontro com a verdade e a essência de si mesmo.
Nesse momento do processo surge a compreensão sobre como
lidar com padrões mais sutis, como o descascar de uma cebola.
Nessa fase se entende a saúde como um processo a ser elaborado,
uma ação contínua por percepções mais abrangentes, com uma
qualidade de atenção que se desenvolve, ao cuidar dessa matriz
como sua própria nave, seu veículo energético neste mundo. Isso
é uma consciência que vai sendo integrada progressivamente.
A importância de se explicar sobre as fases de cura seria
entender que, nessa primeira fase do trabalho, em que o único
recurso que se tinha era empregar potências medicamentosas
muito altas para promover saltos de consciência, o que se obser-
vava era que, em vez de o indivíduo entrar primeiro na Nigredo,
ele transpunha essa fase e entrava primeiro numa Albedo muito
forte e passava a ver um mundo cor de rosa, como se ficasse
apaixonado, e, por conseguinte, não via problema em nada, se
sentia poderoso, e permanecia nessa onda de energia por um
mês ou mais. Em contrapartida, quando essa fase se esgotava, o
indivíduo entrava na Nigredo, que vinha com muita intensidade,
mostrando uma sombra que ia além do que se precisaria ver num
processo de cura. Então isso era uma indicação de que as doses
deveriam diminuir, e de que se deveria pensar em outras formas
de promover os saltos de consciência necessários à cura. Assim
foi-se construindo a necessidade da fase seguinte.
82 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
_Os cinco passos para a auto-organização
Autores contemporâneos descrevem, na psicologia, as fases ne-
cessárias para o processo de auto-organização sistêmica, que, em
nossa observação clínica, incluem as fases alquímicas e trazem
uma relação direta com as leis de cura traçadas no contexto ho-
meopático clássico.
Nessa visão, a Psicologia descreve cinco passos que devem ser
seguidos numa ordem específica: observar, exagerar o padrão de
comportamento identificado, desintensificar, esperar e reorganizar.8
O que a informação eletromagnética coerente precisa propor-
cionar é um descolamento inicial, criar um espaço entre o padrão
mórbido e o self consciente do indivíduo. O self precisa se separar
do objeto de identificação para que o observador surja e retome o
seu lugar de poder interno. As pessoas não se transformam por-
que simplesmente não enxergam sua loucura, não conseguem ter
uma autorreferência do seu padrão mórbido. Se o Biocampo está
ativado por uma informação que reforce o seu potencial holográ-
fico, ele vai funcionar como um espelho e a pessoa, de repente, se
enxerga, ou seja, ressurge finalmente nas representações internas
o protagonista desse cenário existencial. Nesse contexto é que
ouvimos muitos relatos de retorno nos processos de cura, em que
os pacientes relatam: Onde eu estava que não via isso?
Em seguida, a informação eletromagnética correta deverá
exacerbar levemente o padrão a ser curado e, no contexto homeo-
pático, chama-se a essa fase de agravação homeopática. Essa é a
fase de Nigredo no contexto alquímico. A pessoa toma consciência
de seus atos e do que precisa ser redirecionado.
Segue a fase de desintensificar – quando os sintomas come-
çam a desaparecer e que se mistura com a fase seguinte, que é a
da espera. Algo novo está sendo gestado, e atualmente ninguém
quer esperar por nada, mas se mantém no processo, porque o
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 83
campo, inexoravelmente, vai exigir um tempo para que todos os
processos possam ser elaborados, até que se inicia a fase de Albedo,
que corresponde a uma sensação de se ter achado o caminho de
saída, uma qualidade de esperança, de encontro de sentido dessas
representações internas.
Como última fase do processo, ocorre uma reorganização
desses conteúdos internos, com entrada de muitas sincronicidades,
que deixam clara uma conexão entre o indivíduo e essas dinâmi-
cas universais, uma sensação de se estar acompanhado pela luz,
pela leveza e um estar junto de algo que, paradoxalmente, não
aprisiona, mas liberta.
Os processos de auto-organização devem seguir sempre
quatro sentidos fundamentais: sentido de organização, de sincro-
nicidades, de reconciliação e de integralidade.
Essas são as quatro pérolas que o médico observa na fala
e na alma de seus pacientes por essas vias de tratamento. As
pessoas começam a organizar a vida do ponto onde estão, seus
espaços, seu tempo, suas relações. Observam as sincronicidades
entrando, que estabelecem a consciência de que a existência de
cada um está ligada ao todo, e que esse todo é minucioso e aten-
cioso aos mínimos detalhes. Para tal, mobiliza situações, muitas
vezes, de largos espectros na dinâmica social, para, de repente,
resgatar a autoestima de alguém que está saindo de seu labirinto
interior. Observa-se muitas vezes nessas dinâmicas que o mundo
inteiro se envolve na cura de uma só pessoa. Mesmo este mundo,
com todo o caos aparente, inclui-se e participa do processo, na
medida exata do que seja necessário.
O sentido seguinte é o da reconciliação, e esse é o mais es-
pantoso e divertido de se acompanhar. De repente, aquela mãe que
era insuportável deixa de ser, e ninguém nunca mais vai saber quem
melhorou, se a mãe, a filha, ou as duas. A reconciliação acontece
84 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
como um fenômeno natural, quando se faz o caminho de saída
dos labirintos internos. E como são as relações que constituem
as pessoas, uma vez que se altera o padrão relacional, muitos
processos são alterados qualitativamente.
O sentido final é o da integralidade, que implica, nas etapas
de individuação, que a roda da vida arquetípica vá girando, de for-
ma a trazer uma forma consciente de estar no mundo, mais sábia,
mais humana e mais de acordo com os seres espirituais que somos.
_Respostas fisiológicas ao tratamento
Essas etapas do processo de auto-organização, na observação
fisiológica dos quadros clínicos, evidenciam, na fase inicial de
Nigredo, o que se conhece como uma explosão respiratória, que
representa a ativação de todo o sistema autoimune, reforçando
a ideia de que todo o sistema endócrino é ativado em uníssono
pelos sete elementos do BioFAO.
Essa ativação dinâmica pode ser sentida apenas como uma
sensação de grande energização no corpo, ou como um grande
relaxamento inicial, ou, ainda, uma exoneração por via intestinal ou
respiratória. Se o paciente estiver sendo tratado para um quadro
agudo, pode ocorrer um pico inicial de febre antes de se iniciar o
processo da melhora.
Na sequência, observamos sistematicamente o que é descrito
como metabolismo de reparo e nossas avaliações clínicas durante
esses anos conferem, como descrito por Elissa Epel e Elizabeth
Blackburn em O segredo está nos telômeros, quando o sistema, de
alguma forma, consegue promover um alongamento dos telôme-
ros. Essas seriam partes distais dos cromossomos, que poderiam
ser comparadas à ponta de plástico de um cadarço de sapato, no
sentido de um segmento que reforça e protege a extremidade do
cromossomo. O DNA está localizado na extremidade dos cromosso-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 85
mos que contém os genes e, nessa condição, ele não funciona como
código, e sim como uma defesa física, protegendo o cromossomo
durante o processo de divisão celular. Os telômeros são descritos
como “fundações básicas do envelhecimento e da saúde”.10
Na observação dessas pesquisadoras, pessoas que estão
dentro do espectro da saúde apresentam telômeros mais alonga-
dos e uma taxa sanguínea maior da enzima telomerase, que está
diretamente relacionada a uma estruturação desses padrões de
saúde, não só no que tange à saúde física, mas também à saúde
mental, às inter-relações sociais e ao envelhecimento. O contrá-
rio se observou nos indivíduos que estariam dentro do espectro
da doença, seja por estresse, traumas, predisposições genéticas,
iatrogenia, processos inflamatórios crônicos ou doenças recidi-
vantes nos quais se observa sempre um encurtamento dos telô-
meros, com redução dos níveis de telomerase. As experiências que
as cientistas apresentam demonstram que mudanças no hábito
alimentar, meditação e estilo de vida têm influência no aumento
da telomerase e no alongamento dos telômeros. 9
Se observarmos as respostas obtidas por meio da biorregu-
lação sistêmica promovida pelo BioFAO e compararmos com os
dados relativos ao que se observou em indivíduos com telômeros
mais alongados e com níveis altos de telomerase, podemos con-
cluir que existe um forte indício de que essa metodologia pode
atuar no nível dos telômeros; caso contrário, não conseguiria
promover a melhora de casos clínicos de muita complexidade,
cuja resolutividade, obrigatoriamente, necessita passar por uma
reprogramação no nível do DNA.
Tenho conduzido ao longo dos anos pacientes com doen-
ças genéticas autossômicas dominantes, como, por exemplo,
a doença de Charcot-Marie-Tooth, também conhecida como
atrofia fibular muscular (APM), uma doença desmielinizante
86 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
que se caracteriza por debilidade e atrofia muscular progressiva
da panturrilha (atrofia muscular fibular), podendo ocasionar
incapacidade progressiva, com déficits sensitivomotores e pro-
blemas ortopédicos.10
Numa paciente que venho acompanhando há muitos anos,
observou-se que a doença parou de evoluir a partir do início do
tratamento, com ganho importante nos anos seguintes. Norma-
lizaram-se os níveis enzimáticos de desidrogenase láctica e cre-
atinoquinase, que nunca mais se alteraram nos últimos 12 anos
de tratamento. Outro caso que, inicialmente, era diagnosticado
como neuropatia periférica de causa idiopática, recentemente,
teve o mesmo diagnóstico e, exatamente, a mesma evolução nos
últimos 15 anos. Isso indica claramente que estaria ocorrendo
efetivamente uma atuação no nível do DNA.
_Aprendizado com o vazio
Nessa fase, após a apresentação do prelúdio da obra incompleta,
no XV Congresso Brasileiro de Homeopatia (2000), eu já seguia com
um grupo expressivo de médicos colaboradores que foi se amplian-
do até 2007, por conta das apresentações de trabalhos em vários
congressos, em diferentes estados brasileiros. Esses encontros
sempre agregavam colegas que se interessavam por essas ideias
e que seguiam comigo, trabalhando dentro do mesmo traçado.
Eu me reunia mensalmente com os grupos, para discussão de
casos, e visitava os grupos de diferentes estados para dar suporte
e atualizar sobre as novas descobertas sobre o Biocampo. Eu diria
que, dos duzentos médicos que fizeram o curso de formação na
metodologia BioFAO nesses anos iniciais, um grupo de 60 médicos
se manteve unido e operante na técnica nesses últimos 17 anos,
atravessando todas as bifurcações e compreendendo exatamente
o significado desse processo cartográfico.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 87
Muitas vezes, estranhamente, depois de fases profícuas,
com muitas curas, os movimentos do Biocampo se esgotavam
e todas as certezas pareciam desaparecer. Ficávamos no limbo,
aguardando o próximo insight intuitivo. Lidar com o vazio foi algo
que precisei aprender nesse diálogo com o Biocampo. Parece que
uma onda de criatividade conduz o processo e, de repente, surge
o vazio, que se apresenta como a única coisa que você tem para
experienciar. O vazio parece se configurar como uma clareira numa
mata densa, necessária para se integrar o novo e para que o fô-
lego seja retomado nessa intensa viagem cartográfica. No início,
uma imensa aflição diante da responsabilidade com a saúde dos
pacientes e com os médicos que seguiam nesse deserto comigo.
Era um aprendizado sobre a espera, pois o Biocampo tem o seu
tempo, que parece não ser o cronológico, e não se tem nenhuma
insurgência sobre ele. Era apenas esperar e, de repente, surgia o
insight, tudo parecia fazer sentido novamente diante de uma nova
forma mais avançada de lidar com a complexidade crescente. Esse
foi o padrão durante todo o processo, uma alternância entre o
vazio e o insight criativo, e essa parecia ser a forma de linguagem
com essa dimensão da vida.
_Encontrando a roda dos cinco elementos da medicina chinesa
A demanda forçava por ampliar o traçado eletromagnético para o
Biocampo. Nessa fase, o insight apontava para a criação de fluxos
ascendentes e descendentes na coluna, que foram construídos com
os BioFAO, sempre pareando os centros dinâmicos ao longo da
coluna vertebral. Partimos de um fluxo inicial descendente, como
descrito para a primeira fase, e, em seguida, criou-se, obedecen-
do os mesmos critérios, um fluxo ascendente. O que se observou
como resultante foi a percepção de que os pacientes não se sen-
tiam tocados pela energia de forma suficiente. Aumentou-se para
88 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
uma terceira volta na coluna e os resultados deram um grande
salto, com uma interessante fase de euforia no grupo. Ficamos
trabalhando nessa perspectiva durante uns dois anos, como um
oásis no deserto, e, de repente, o movimento parecia se esgotar. Eu
sentia em minhas representações internas que não poderia deixar
a chama desse fogo se apagar. O esgotamento das dinâmicas do
Biocampo tinha que ser alimentado por uma atenção vigilante às
respostas e aos insights, pois desse cuidado em manter acesa a
chama dependeria a continuidade do projeto. Ocorria que muitos
médicos ainda estavam experimentando a fase de euforia com os
resultados e eu já estava percebendo o esgotamento do Biocampo,
e levantava acampamento. E, nessas mudanças, muitos médicos
não entendiam por que eu mudava e seguia, e abandonavam o
trabalho, pois, a cada intervalo para o esgotamento, eu avançava
numa nova proposta e reacendia a chama.
Lembro-me de uma paciente que, como muitos, acompanhou
com sua família essa trajetória por trinta anos. Um dia ela veio
me dizer que ela achava incrível que, a cada consulta, a forma de
tomar o medicamento nunca fosse a mesma. Mas, olhando fundo
nos meus olhos, disse que sabia que eu estava procurando uma
forma mais profunda de curar as pessoas e que ela se sentia muito
orgulhosa por estar conscientemente colaborando com o processo,
ao qual confiou por anos toda a sua família. Emociono-me muito
escrevendo isso, pois esses médicos e esses pacientes caminharam
por esses caminhos desconhecidos na pura confiança nesse mágico
campo que nos guiava, e esse foi um capítulo à parte da história.
Avançamos para a quarta volta ascendente na coluna
vertebral e constatamos que o Biocampo não aceitava nenhum
programa de números pares e que os eixos ímpares se mostra-
vam mais coerentes em suas respostas positivas. Assim, partimos
para a quinta volta descendente na coluna, que se iniciava com o
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 89
Antimonium crudum e finalizava com a o Ammonium muriaticum,
como sétimo elemento, e a sensação foi de que havíamos pas-
sado do ponto ótimo. Foram necessários alguns meses de ajuste
para retomar alguns tratados alquímicos e perceber que, nesse
universo de interpretações, tudo deve estar ancorado no centro
dinâmico coração. O coração, representado no contexto dos Fato-
res de Auto-Organização pelo Natrum muriaticum, evoca em sua
simbologia alquímica o grande centro da Estrela de David, uma
chave fundamental, que ressignifica o centro do ser. Partindo en-
tão das cinco voltas ao longo da coluna vertebral, dentro de uma
traçado lógico, foram necessários ajustes de natureza intuitiva
que indicavam a importância de se retirarem dois elementos finais,
o Aurum metallicum e o Ammonium muriaticum, de forma que o
último elemento de toda a sequência terminasse no Natrum mu-
riaticum, que se relaciona ao coração. Nessa perspectiva, abriu-se
mão das repetições que aconteciam na virada de ascendente para
descendente, e vice-versa, finalizando esse fluxo dinâmico com
25 doses de medicamentos, na perspectiva dos sete elementos,
repetindo-se em um fluxo ascendente e descendente ao longo da
coluna vertebral.
Dentro dessa fase de mapeamento, já haviam transcorrido
alguns anos e, nesse processo, outra propriedade do Biocampo
havia sido apreendida. Quando se operava com os fluxos na coluna,
o Biocampo demostrava sempre uma resposta de esgotamento
se todas as cinco voltas fossem realizadas com a mesma potên-
cia medicamentosa. Em virtude dessa propriedade, programei a
informação da primeira volta na coluna com os sete elementos
iniciais em uma potência medicamentosa mais alta, que seria a
nossa dose de eleição para compor o quadro agudo ou crônico,
seguida das 18 doses seguintes, que compunham os quatro fluxos
restantes na coluna, com potência medicamentosa a mais baixa
90 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
possível. Criava-se o que eu havia convencionado como potencial
on/off e os casos fluíam com respostas significativas.
Nessa fase cartográfica, desde que iniciamos os fluxos na
coluna vertebral, as potências medicamentosas foram reduzidas
drasticamente para a decimal hahnemanniana, com potências entre
8DH e 15DH. Essas fases no mapeamento cartográfico indicavam,
como afirma Martinez, um tempo atravessado continuamente por
descobertas, novas percepções, impedimentos e, consequente-
mente, redirecionamentos.11
O esquema criado, representando o fluxo de cinco voltas ao
longo da coluna vertebral, denominei de esquema penta e só mais
tarde fui compreender que esses fluxos contemplavam os cinco
elementos da medicina chinesa (terra, fogo, ar, terra e madeira)
e que o sistema on/off era previsto no modelo matemático do
genoma celular como um sinal estimulador e supressivo inerente
ao Biocampo. Curiosamente, o modelo matemático do genoma
celular compunha-se de cinco nodos que se influenciam recipro-
camente de modo positivo e negativo, num desenho idêntico ao
gráfico clássico dos cinco elementos da medicina chinesa.12 Esses
sistemas de cinco nodos (que copiam exatamente o diagrama
dos cinco elementos da medicina chinesa) perfilam a dinâmica
de sistemas abertos (como o nosso) e estabelecem sempre a al-
ternância de um sinal estimulador e um sinal supressivo.12 Essa
polaridade oferece as condições ideais para o sistema operar
dinamicamente, o que foi evidenciado claramente com a prática
clínica, que mostrou a necessidade dessa polaridade on/off para
compor melhores resultados.
O mais curioso foi uma participação em um curso de Biofí-
sica na Associação Paulista de Homeopatia em outubro de 2004,
ministrado pelo Prof. Vitor Mattos, quando o assisti afirmando
que, “se a homeopatia pretendia ser uma ciência médica e ter uma
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 91
metodologia médica que usa a física como base (já que não usa a
química), teria que obedecer às leis da física, que pregam a pres-
crição de uma ressonância fundamental, seguida dos acordes que
se complementam”. Ele descreveu ainda que, “sendo a homeopatia
uma terapia por ressonância, isso implicaria uma prescrição em
acordes, resumindo que o significado da Teoria Eletrônica envol-
vida no tratamento com o medicamento homeopático exigiria a
administração de um grupo inicial de medicações com ressonância
fundamental e, a seguir, medicamentos harmônicos, sendo estes
últimos estabelecidos como acordes complementares”.
Causou-me perplexidade ouvir essa explicação, pois a prática
clínica anteriormente havia conduzido o estado da arte do BioFAO
exatamente a essa perspectiva, pois já estávamos utilizando as
primeiras sete doses, que expressam, na realidade, a dose para
a qual se quer prescrever, como uma ressonância fundamental,
evocando uma potência mais alta, tendo, na sequência, as 18 doses
dos quatro ciclos restantes numa potência mínima, que corres-
ponderia aos acordes complementares. A linguagem on/off que
já vínhamos utilizando, num trabalho com a perspectiva de duas
frequências de dinamizações, introduzia essa qualidade de pola-
ridade, que depois vimos ser fundamental nas regras previstas
para o modelo matemático do genoma celular.12
Mais recentemente, esses dados foram corroborados por
Rubik,13 que descreve como uma das propriedades do Biocampo
o fato de ele apresentar uma largura de banda espectral ampla,
composta de muitas frequências eletromagnéticas distintas, aná-
loga a uma sinfonia musical com muitos harmônicos.
_O coração como maestro da vida
Outra visão interessante é perceber que a construção da roda
dos cinco elementos, a partir de informações eletromagnéticas,
92 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
se inicia com elementos relativos ao nosso cérebro (o Antimonium
Crudum), tendo como último elemento o Natrum muriaticum,
relacionado ao coração. A roda dos cinco elementos une, na sua
relação alfa-ômega, o cérebro ao coração e neurofisiologistas, hoje,
comprovam que o nosso cérebro emocional-cognitivo tem uma
conexão direta e imediata com o coração e que, por meio dessas
conexões neurais, os sinais positivos e negativos da nossa resposta
ao presente são enviados ao coração momento a momento. E, na
realidade, é a partir das frequências do coração que o cérebro e
o corpo transcrevem a nossa experiência individual no mundo.14
Mais interessante ainda é, quando se observam os fluxos
da informação eletromagnética ao longo da coluna vertebral,
constatarmos que eles sobem e descem, sempre passando pelo
coração no caminho e, dali, para os centros dinâmicos da cabeça, e,
na volta, do coração para os centros dinâmicos inferiores, criando
um movimento que os antigos alquimistas chamavam de solve e
coagula, retração e expansão, e, a cada movimento, sempre um
toque no coração. Segundo estudos atuais, o campo magnético do
coração é holográfico e coordena os campos eletromagnéticos que
vão orientar o nosso sistema neural seletivamente para desenhar
as distintas formas de estruturar o mundo.14
Nessas 25 doses, na roda dos cinco elementos, era obser-
vada a questão dos ritmos, em que elementos do mesmo grupo
eram administrados sempre com minutos de intervalo entre eles,
enquanto que, para os intervalos entre os grupos, era solicitada a
espera de uma hora. As 25 doses vinham organizadas num kit, com
os intervalos entre as doses pontuadas a cada espaço, e os pacien-
tes levavam um dia inteiro para completar todo o código previsto.
Constatava-se, nessa fase do trabalho, que as pessoas re-
latavam grande melhora, mas esses ganhos à saúde demonstra-
vam exatamente a resposta obtida por meio de um tratamento de
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 93
acupuntura, em que se percebia uma melhora completa no campo,
mas que não se sustentava, necessitando de doses repetidas, em
poucos dias, para que o processo pudesse seguir em curso. Era
nítido que faltavam ainda algumas leituras sobre o mapeamento
desse código quântico-holográfico.
_A primeira síntese para o composto único
Nesta fase, por volta de 2005, estudando tratados alquímicos,
criei uma tecnologia capaz de reduzir a informação contida nas 25
doses, sintetizando toda essa dinâmica em um composto único, tal
como era elaborado dentro do conhecimento alquímico, mantendo
as configurações geométricas e sem gerar nenhuma interferência
nos procedimentos previstos pela farmacopeia homeopática bra-
sileira na elaboração de compostos homeopáticos. Assim, nascia
o BioFAO em síntese, que permaneceu em testes na pesquisa bá-
sica por três anos, observando se os resultados corresponderiam
exatamente aos resultados obtidos com as 25 doses da roda dos
cinco elementos.
Toda essa série de pesquisas, realizadas na Faculdade de
Medicina de Marília, demonstrou que a dose única oferecia uma
síntese exata de toda a construção dinâmica da roda dos cinco
elementos, inseridos nas 25 doses do composto BioFAO.15,16,17,18,19
Isso era uma condição importante para que o trabalho pudesse
avançar para maiores níveis de complexidade, pois os pacientes
já demonstravam grande resistência em tomar 25 doses, devido
à exigência de ter que obedecer a tempos e ordens. Muitas vezes,
erravam quase no final da sequência e eram orientados a repetir
toda a sequência, gerando grande dificuldade para a aplicação
da metodologia.
Em 2007 foi criado o Instituto BioFAO, entidade sem fins lu-
crativos, no intuito de sistematizar os conhecimentos acumulados
94 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
ao longo dos anos, promover os cursos de formação para médicos
e médicos veterinários e trabalhar a divulgação e aplicação do
método na agricultura, criando projetos de apoio na área social e
ambiental. A visão desse instituto se coaduna com o documento
planetário A carta da Terra em seus princípios e valores para um
futuro sustentável e tem como missão desenvolver e acolher to-
dos os estudos em prol da auto-organização do Biocampo. Nesse
espaço realizam-se os encontros médicos para estudos de casos
clínicos e outros saberes e terapêuticas que venham contribuir
para a auto-organização sistêmica. Anualmente, o Instituto BioFAO
promove jornadas científicas para troca de experiências, apresen-
tações de pesquisas e dados clínicos coletados pelos colaboradores
nos estados brasileiros, atualizando o corpo médico sobre novos
saberes sobre o Biocampo.
_Corrigindo erros do passado
Em relação à pratica terapêutica, eu diria que em meu primeiro
livro (2000), na primeira edição, estavam incluídas exatamente as
doses e as sequências que empregávamos nos tratamentos e, como
resultante, tivemos leigos preparando remédios homeopáticos e
se automedicando, o que procurei corrigir já na segunda edição,
retirando os detalhes para evitar esse viés.
Nesta descrição cartográfica, o intuito não foi focado em
ensinar a prescrição médica, e sim trazer a visão de como foi rea-
lizado esse diálogo com o Biocampo, reservando aos médicos, em
um curso de formação ministrado pelo Instituto BioFAO, o domínio
e a compreensão das potências medicamentosas e de sua aplicação
clínica. Por trabalharmos sistematicamente com doentes graves,
em quadros agudos e crônicos, reconhecemos internamente que
estamos lidando com uma medicina para auto-organização, o que
implica a responsabilidade de se oferecer esse processo de cura
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 95
a populações, reservando exclusivamente ao médico o papel de
orientador e cuidador do processo. Da mesma forma, essa me-
dicação utilizada na metodologia BioFAO só é disponibilizada ao
paciente mediante prescrição médica.
_Significado arquetípico dos campos vitais geométricos
Entrando nesses domínios, ia ficando claro que estávamos acessando
o grande deserto da polaridade existencial, conhecido no contexto
homeopático como campo psórico. Representa, metaforicamente,
o lago profundo do inconsciente que, no momento da ruptura, que
acontece em algum momento da infância, acolhe essa essência, que
mergulha no domínio inconsciente a partir desse primeiro trauma
vivenciado pela criança. Essa ruptura, que a criança experimenta
como uma separação da fonte, representada pela mãe ou pelo pai,
inaugura um drama que vai se desenrolar na sombra do incons-
ciente, sustentado e retroalimentado pelo script que vai sendo
construído na construção da personalidade do indivíduo, dando a
cada indivíduo uma visão de como ele vai interpretar o mundo. Na
metáfora arquetípica A Bela e a Fera, essa essência permanece na
sombra do inconsciente, tal como o arquétipo da Fera, até que a
Bela, que representa o self, um dia possa encontrá-lo e, com isso,
trazer vida novamente para toda a Terra.
A Fera, que representa essa essência, está aprisionada no
inconsciente numa dimensão orquestrada pela polaridade que, no
caminho existencial, vivenciamos em cada um de nós. Esse campo
inconsciente guarda o trauma da ruptura que o indivíduo sofreu
em algum momento da infância e, segundo a interpretação que a
criança vai dando a esse fenômeno, vai se configurando como o eixo
interno de todas as suas escolhas inconscientes, suas represen-
tações de mundo, gerando histórias e dramas existenciais de alta
complexidade. A essência aprisionada pode seguir em sua escalada
96 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
de desequilíbrio e escolher dois eixos de defesa, seguindo seu pri-
meiro impulso instintivo, de fuga ou luta, os quais são conhecidos
no âmbito homeopático respectivamente como sífilis e sicose.
Nessa fase cartográfica que se iniciava, os estudos trata-
vam dessa dimensão do inconsciente, o que significava conhecer
o arquétipo da Fera, e, dentro de uma perspectiva cartográfica,
isso implicava conhecer minha própria fera, mergulhar nessas
representações e compreender os processos, observando o que
o Biocampo trazia sobre esses padrões submersos. Isso implicava
entrar fortemente em contato também com a Fera de cada um que
participasse do processo, como colaborador e como paciente nessa
travessia. Foi forte, doloroso muitas vezes, mas instigante sempre.
_A vesica piscis – o campo duplo
Naqueles dias, trabalhando com as 25 doses da roda dos cinco ele-
mentos, que contemplava especificamente os meridianos de ener-
gia da medicina chinesa, parecia-me que, para além dessa energia
que corre essencialmente nos meridianos e nos chacras, existia um
campo ampliado que, nas pesquisas de agricultura com o BioFAO,
foi medido e detectado. 20 Sobrevinha uma percepção de que, nos
dias atuais, o campo vital das pessoas está tão gravemente com-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 97
prometido que trabalhar só os meridianos de energia da medicina
chinesa não oferecia mais as respostas coerentes que observávamos
no passado. Essa era a fala também de alguns médicos acupuntu-
ristas que se aproximaram desse trabalho. Não sabíamos exata-
mente como, mas o Biocampo das populações havia seguido para
patamares de maior desequilíbrio e complexidade, o que trazia o
insight intuitivo de que esses desequilíbrios haviam atingido campos
ampliados, para além dos meridianos de energia. Metaforicamente,
no contexto da alma humana, onde estariam ancorados, então,
nesse novo tempo, os padrões mórbidos do inconsciente?
A primeira representação de como se poderia ampliar a rede
de complexidade do Biocampo foi pautada numa gravura do Au-
reus Tractatus de Philosophorum Lapide (1652), 21 representação do
hieros gamos – o casamento sagrado entre o céu e a terra –, que
compunha toda a trajetória que havia se desvelado até aquele
momento nesse processo cartográfico.
Nessa pictogravura estava presente a representação do
triângulo ascendente (fogo), representando o enxofre – fixo –, do
triângulo descendente (água), representando o mercúrio – volátil –, e
da união de ambos surge o Selo de Salomão, formando o hexagrama
da Estrela de Davi – o sal. Observa-se nos quatro cantos da tela a
representação dos quatro elementos: Antimonium crudum, como
o elemento água, o Kali carbonicum, como o elemento ar, o Aurum
metallicum, como o elemento terra, e o Ammonium muriaticum,
como o elemento fogo. Esses quatro elementos são governados
pelos três elementos centrais, que se alinham na Estrela de Davi,
situada no cerne do coração do ser. No centro, a imagem de um
poço, que representa a fonte da vida, alimentando os sete arcanos
representados pelos centros consensuais de consciência, dos quais
o que representa o centro cardíaco segura uma lira, pontuando
esse centro dinâmico como o centro de expressão do ser.
98 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
O novo passo cartográfico se mostrava por meio dos dois
anéis superior e inferior, que indicavam, cada um, cinco estrelas,
que representavam as cinco voltas na coluna vertebral ou a roda
dos cinco elementos. A cada lado, o sol e a lua, indicando que, nesse
nível, estávamos no mundo das polaridades. E, naquele momento
da trajetória, o que me instigava era exatamente a representação
de dois anéis fechando entre eles um campo, um domínio no qual
essa representação de vida acontecia.
Evidenciava-se que, para representar esse campo de intera-
ções, a representação alquímica usava duas vezes as representações
das cinco estrelas, que, no contexto desta epistemologia, estava
assentado nas 25 doses ao longo da coluna, e que essa roda dos
cinco elementos se colocava então como uma unidade, a semente
de um potencial de construção geométrica.
Propus, nesse momento, trabalharmos com duas sequências
de 25 doses, inicialmente com a primeira caixa de 25 doses em dose
mais baixa que a da segunda caixa, de 25 elementos. Nessa fase, já
havia integrado o conhecimento de que a linguagem do Biocampo
exigia sempre diferença de padrão dinâmico e que doses repetidas
e iguais não dariam uma resposta satisfatória. Assim, no início de
2008, iniciei o trabalho com essas prescrições e essa diferença de
potências medicamentosas, em que a primeira caixa era aplicada
com uma potência medicamentosa mais baixa que a empregada
na segunda caixa de medicamentos, e convencionamos que esse
esquema de uma primeira caixa com dose baixa seguida de uma
segunda caixa com dose alta seria o esquema off/on.
_Descobrindo a via seca e a via úmida na polaridade
existencial
Entramos inicialmente num novo oásis, uma grande euforia no gru-
po, pois os resultados se ampliaram muito. Realizamos, em 2008,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 99
um simpósio na cidade de Búzios, e o grupo estava exultante. Mas,
nos meses seguintes, algo estranho acontecia nas observações.
Observei que 50% dos pacientes iam muito bem e outros 50%
não tanto, e pareciam estar no que os alquimistas denominavam
de via seca. Essa era uma visão da qual não se podia abrir mão. O
processo de cura, de qualquer forma, aconteceria, pois os medica-
mentos eram os mesmos, mas os spins não, e os tratados antigos
descreviam que os processos de cura poderiam seguir duas vias
distintas: uma primeira via, que denominavam de “via úmida”, em
que os processos seguem com fortes sincronicidades e muita su-
avidade, e uma segunda via, que chamavam de “via seca”, em que
o processo parece seguir com mais dificuldade, mais sintomas no
momento de desprogramar o campo, e isso era muito bem obser-
vado em nossa prática clínica.6
Diante desse impasse, resolvi inverter a polaridade para
aqueles que não haviam ficado tão bem com a sequência off/
on e, para eles, apliquei a sequência on/off (primeira caixa com
potência mais alta, seguida de uma segunda caixa com potência
mais baixa), e os resultados se mostraram positivos e coerentes.
Era fato a existência de uma qualidade de polaridade, pois me-
tade dos pacientes respondiam com as duas sequências em off/
on (dose mais baixa seguida de dose mais alta) e a outra metade
respondia com as duas sequências em on/off (dose mais alta se-
guida de dose mais baixa).
Essa foi uma bifurcação das mais difíceis de se transpor, pois
essas duas polaridades estavam relacionadas ao que os antigos
alquimistas chamavam de natureza mercurial e sulfúrica, que
contemplam as dominâncias cerebrais direita e esquerda.
O Biocampo, nesse momento, ia mostrando, por meio da
clínica, que as pessoas de dominância direita e esquerda, apresen-
tam spins contrários no seu campo dinâmico de energia, quando
100 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
se trabalha ainda no nível da polaridade. Isso explica por que na
pesquisa básica, hoje, se exige que os medicamentos sejam efetivos
em ratos (dominância esquerda) e coelhos (dominância direita) e nós
estávamos, nesse momento, descobrindo o porquê disso. Porque as
respostas são muito diferentes para uma natureza e outra. Cada
espécie animal apresenta uma dominância cerebral específica, e a
espécie humana é a única que apresenta os dois spins contrários
na mesma espécie. Estudamos muito profundamente os animais,
inicialmente para suporte na pesquisa básica, quando foi solicita-
da, e, na sequência, para o aprofundamento da área de medicina
Veterinária, que se coloca numa das vertentes desta epistemologia.
Isso significava que, no contexto humano, daquele ponto em
diante, para se medicar, se precisaria fazer o diagnóstico de quem
seria dominância direita e esquerda. Estávamos começando a atra-
vessar um grande deserto e um grande inverno até chegar ao cas-
telo onde vivia a Fera, essa essência que intencionávamos resgatar.
Foi dramático e, novamente, o universo alquímico pôde me
ajudar a decifrar os primeiros passos para a construção desse
diagnóstico sobre a polaridade existencial.
_Mergulhando fundo na polaridade existencial
Esse foi um tempo de grandes estudos, mergulhando no que a
alquimia ensinava sobre as duas naturezas, estudos da psicologia
sobre as rupturas na infância e sobre os nove tipos de personali-
dade, conhecidos como eneagrama. 22 Cruzavam-se, em seguida,
todos esses dados com o conhecimento atual sobre as dominâncias
cerebrais no âmbito cientifico. 22 Nossas anamneses, nessa fase,
eram muito detalhadas, para não perder nenhum sintoma que
pudesse desviar o nosso diagnóstico, pois era importante avaliar
corretamente esse parâmetro, uma vez que isso faria diferença
nos nossos resultados. Na sequência, ainda trabalhamos uma
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 101
fase observando os olhos dos pacientes, pois a fotografia parecia
mostrar o olho dominante em muitos casos, e isso foi um capítulo
exaustivo do trabalho, buscando um profundo conhecimento da
natureza humana, investigando no limite o que poderíamos extrair
do olhar de cada um. Hoje enxergamos isso com a naturalidade de
um processo em curso, mas naquele momento se mostrava como
uma trajetória dura e extremamente exaustiva para o corpo de
médicos colaboradores.
_Características da dominância cerebral direita
De nossas observações clínicas e nossos estudos por alguns anos,
compartilho o retrato do que observamos no contexto humano:
O núcleo do indivíduo de dominância cerebral direita se refere
àquele que apresentou rupturas precoces e, portanto, relacionadas
à mãe, figura que, pelas circunstâncias naturais da vida, está mais
ligada às primeiras etapas de formação e de desenvolvimento dos
seres. Por alguma razão aleatória, o indivíduo interpreta, a par-
tir de algum fator externo, que ocorreu uma separação dele em
relação à sua essência (representada por essa mãe) e interpreta
que se perdeu ou foi separado dessa fonte original. Ele, ainda em
idade tão precoce, vê-se na ilusão de estar sozinho e desamparado
e o mundo passa a ser, para ele, ameaçador. Aquela unidade de
amor interno como expressão de sua essência foi rompida no seu
imaginário, foi retirada dele, e ele passa a criar um universo de
interpretações a partir dessa leitura primordial: “Isso aconteceu
porque eu não merecia estar com esse amor, ou não tinha valor
para isso, ou não tinha capacidade, eu não era ninguém e esse
amor nem me enxergou”.
A essência, contraparte, foi para a sombra do inconscien-
te e o abandono passa a ser interpretado como uma realidade
que, no fundo, simboliza a falta de uma outra parte de si mes-
102 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
mo, sombra essa que passa então a ser projetada neste mundo
manifesto em miríades de interpretações. Essa contraparte que
permanece ilusoriamente presa ao inconsciente coloca-se como
nosso lado esquecido, exatamente aquela parte que adoece em
cada um de nós.
No indívíduo que apresentou uma ruptura precoce e, por-
tanto, mantém no self consciente uma visão de mundo compatível
com a dominância direita mantém na sombra inconsciente sua
contraparte com uma natureza alinhada ao hemisfério cerebral
esquerdo. As pessoas que vão se trabalhando interiormente na
vida buscam como foco essencial a integração dessas duas visões
de mundo, a união dos dois hemisférios cerebrais, esse resgate
que vejo dar sentido a uma visão mais ampla do que seria uma
medicina integrativa. Vejo as medicinas integrativas dentro dessa
visão da consciência, e não como simplesmente uma medicina que
integra várias terapêuticas dentro das medicinas complementa-
res e alternativas. Nesse sentido mais profundo, eu enxergo esta
epistemologia como uma medicina integrativa.
O indivíduo que sofreu uma ruptura precoce na infância e
que, portanto, apresenta dominância cerebral direita, segundo
nossos estudos e a observação clínica, estariam relacionados
aos tipos classificados como 5, 7, 4, 3 e 9 do estudo dos tipos de
personalidade do eneagrama. 22
Essa pessoa que vivencia uma ruptura mais precoce apre-
senta uma natureza mais sensível e, se tem a sorte de se de-
senvolver em um ambiente de muito equilíbrio, vivendo em
uma família estruturada, vai conseguir manter essa angústia
existencial em níveis muito subliminares, conseguindo lidar com
esse jogo de ilusões, com muita possibilidade de transposição e
crescimento no seu processo de individuação. Caso não tenha essa
estrutura de apoio, ela vai viver essas ilusões da separatividade
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 103
em contextos mais complexos, que geram barreiras difíceis de
ser superadas.
Essa falta de estrutura e ausência de apoio podem dar se-
quência a um crescente desequilíbrio interno, e passa, então, a
expressar os sintomas clássicos do desequilíbrio da dominância
direita, tal como a procrastinação dos seus compromissos, vivendo
na ilusão de um mundo sempre ameaçador.
Escolhe, por conta disso, suas rotas de fuga que integram a
mentira, o disfarce, a autossabotagem, falta de foco, desatenção,
sensação de perda, menos-valia, vergonha, sensação de não dar
conta, de não ter competência, de não ser capaz de realizar o que
veio fazer aqui, medo da carência, da ausência, da miséria, de não
dar conta do seu sustento, do fracasso, da escassez, de não ter o
suficiente para viver, suficiente amor, amigos, felicidade. Aqui há
a ilusão de que o mundo roubou isso dele, que o mundo lhe tirou
isso, e, exatamente por esse motivo, o mundo passa a ser visto
como ameaçador e, muitas vezes, essa pessoa se coloca no lugar
da vítima. Essa é a ciranda das ilusões na dominância direita.
No contraponto, o dom desse hemisfério cerebral direito é
o da visão de novos paradigmas, da percepção, da intuição, e os
indivíduos que apresentam um hemisfério direito desenvolvido se
lançam naquilo que acreditam, são bons estrategistas e diplomatas,
e desenvolvem o seu senso de invenção, filosofia, arte.
Isso se explica porque o hemisfério cerebral direito está re-
lacionado à energia feminina do cérebro e armazena a emoção. É
analógico, sintético e está relacionado ao sentir, o que vem abrir
a expressão da arte e da fluidez no sentido de deixar as coisas
seguirem seu fluxo. São intuitivos, empáticos, receptivos, cola-
borativos, informais e utilizam bem a comunicação não verbal.
Tendem a olhar a floresta e não focar na árvore, numa percepção
mais global da realidade. 23
104 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
_Características da dominância cerebral esquerda
Essas seriam as pessoas que entram no jogo da vida e sofrem
rupturas mais tardias, nas fases de desenvolvimento, e que estão
relacionadas ao pai, que, simbolicamente, representa aquele que
leva para o mundo.
Essas crianças, que permaneceram mais tempo em contato
com sua unidade interna, sua própria essência, nesse contexto, repre-
sentada sempre pela mãe, desenvolvem uma estrutura imunológica
mais fortalecida e estruturada, com leituras de pós-rupturas que
partem de ilusões tais como: “Quem tirou de mim o amor que eu
tinha?”; “O que pode ter acontecido?”; “Quem foi o culpado por isso
ter acontecido, fui eu?”; “Será que não fui perfeito o suficiente?”; “E
se eu tivesse feito isso ou aquilo, eu poderia ter evitado?”; “Se eu
tivesse ajudado mais a minha mãe ou a alguém... talvez isso não
tivesse acontecido”; ou, ainda, “preciso fazer justiça sobre isso, isso
não vai ficar assim”. Isso gera medo, medo de ser traído novamente,
de falhar, de não ter sido responsável o suficiente e por isso ter
acontecido a ruptura, evento esse que, na realidade, não poderia
ter acontecido – “Por que comigo?”. A pessoa sente culpa, sensação
de que, se não der conta desses fatores externos, se não conseguir
controla-los completamente, tudo pode se romper outra vez, tudo
pode desabar novamente – “e se... e se...”. Permanece, então, nessa
ilusão básica, que evoca o sentido de que o poder está dentro, de
que se é mais poderoso que o mundo. Portanto, ele teria que ter
dado conta e não deu. Surge o medo de errar e falhar novamente,
e a responsabilidade, a crítica interna e externa implacáveis, uma
imensa cobrança por tudo. Se esse indivíduo tiver, em sua fase de
formação, uma família cujos processos são mais estruturados,
ele consegue transpor essas ilusões em seu próprio campo (do-
minância esquerda) e trazer seus dons natos, que emanam uma
capacidade natural de estruturar novos paradigmas, capacidade
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 105
de organizar, de confrontar com responsabilidade, de liderar com
amor, de lutar com garra para chegar aos seus objetivos, de cuidar
dos demais com esmero, de ter um sexto sentido absolutamente
apurado, capaz de prever a chegada dos tsunamis da vida, um
cuidado pelo outro com responsabilidade, sentido de preservação,
de proteção, de acolhimento, segurança diante dos desafios. Caso
não tenha estrutura em seus processos de individuação, tenderá
a um núcleo neurótico, muito autocentrado no controle de tudo
e de todos, na autocrítica, no querer o poder a qualquer custo e
no medo de perdê-lo, numa autoexigência que, normalmente, se
torna a causa de seu adoecimento, por conta da culpa. Como no
adoecimento, perde cada vez mais a clara visão do caminho (que
vem do hemisfério direito, que ele normalmente nega), entra na
dúvida, na desconfiança dos demais e no medo.
O indivíduo que sofreu uma ruptura mais tardia na infância,
portanto, apresenta dominância cerebral esquerda e, segundo
nossos estudos e a observação clínica, estariam relacionados aos
tipos classificados como 1, 2, 8, 6, 9 do estudo das personalidades
do eneagrama. 22
Diante desse drama que somos incitados a percorrer em
nosso processo de individuação, é importante inaugurar a clara
visão de que somos e temos o potencial luminoso dos dois campos
representados pelos hemisférios cerebrais. Nascemos e sofremos
a ruptura para iniciar o jogo num dos lados e aprender a vencer as
ilusões dentro do nosso campo, para avançar com o processo de
individuação e fazer o “gol” no campo da nossa contraparte, que, na
realidade, é aquela parte que adoece em nós, que ficou esquecida
na sombra do inconsciente. O lado tido como desconhecido, nossa
Nínive da história do arquétipo de Jonas, constitui aquele lugar
desconhecido e misterioso em nós para o qual nunca vamos, que
não conhecemos, não visitamos e que adoece com os anos, pela
106 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
ausência do self. Na representação arquetípica da história da Bela
e a Fera, esse self evoca a figura da Bela, que em algum momento
precisa alcançar seu castelo interno e encontrar a sua essência,
que se encontra prisioneira de uma espécie de magia, represen-
tada pela nossa ilusão de separatividade. Num sentido figurado,
conclui-se que cada um encerra em si mesmo todo o seu campo de
vida, com os jogadores, a bola, os adversários, que, na realidade,
se configuram como partes de nós mesmos a serem integradas
para que possa haver vida e consciência plena.
Pelo fato de o hemisfério esquerdo do cérebro estar relacio-
nado à polaridade masculina, ele armazena a razão. Isso explica a
tendência de os indivíduos de dominância esquerda se mostrarem
predominantemente racionais, competitivos, analíticos, com uma
visão mais linear e lógica da realidade. São assertivos e objetivos,
detalhistas, exibindo um padrão de olhar a árvore, e não a floresta,
numa percepção mais focal da realidade. 23
_Os desafios da nova fase
Nessa fase de estudo das dominâncias cerebrais, dois graves desa-
fios entraram em nossa prática médica. O primeiro relacionou-se
com o esgotamento das respostas observadas no Biocampo, pela
repetição do esquema duplo, que não mostrava mais os saltos
de consciência como observávamos no início. Eu já antevia que
o movimento novamente se esgotaria, pois o mesmo processo já
havia se mostrado anteriormente, indicando ser uma das lingua-
gens do campo. A segunda questão, nessa fase, seria o desafio de
os pacientes tomarem duas caixas de 25 doses, levando dois dias
para integrar toda a sequência dos medicamentos.
Sobre o tema, resolvo trazer para o grupo a síntese des-
sas 25 doses do BioFAO, que já vinham sendo trabalhadas para
validação por três anos de pesquisa básica, como anteriormente
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 107
referido. Eu sabia que essa decisão seria um tsunami verdadeiro
no grupo, e assim foi.
Houve uma resistência inicial muito grande por parte dos
grupos de colaboradores, mas que, com os meses, foi sendo apa-
ziguada pelos resultados, que mostraram ser realmente idênticos
aos das 25 doses. Para além das decisões que deveriam ser to-
madas para que o trabalho não morresse, como a síntese para a
dose única, havia a questão do esgotamento do Biocampo com o
esquema duplo e os novos rumos que precisavam aparecer.
_Criação do esquema trino
Se me perguntassem qual teria sido o momento de maior criativi-
dade no diálogo com o Biocampo, eu diria que foi essa passagem
para o esquema trino. Esse foi o momento de maior luz e de maior
escuridão, pois se configurou a fase mais difícil de trabalho com
o corpo médico. Estávamos todos vivenciando as questões da
polaridade existencial, diagnosticando as dominâncias e, num
primeiro momento, nem todo mundo se via na dominância cor-
reta, com o agravante de que todo mundo queria ser dominância
direita. Hoje achamos graça daquele momento, mas vivê-lo foi
muitas vezes dramático naqueles anos. Alguns queriam voltar
para a primeira fase do trabalho, para aquém das dominâncias,
não compreendendo que havíamos saído daquela perspectiva
porque a complexidade do mundo havia nos incitado a caminhar,
ao mesmo tempo em que era preciso sustentar a crise no grupo,
a pressão era para encontrar a nova saída para esse novo esgo-
tamento do Biocampo.
Percebi como insight criativo que o próximo campo seria o
de três elementos e que, novamente, a medicina chinesa, por meio
do símbolo do Tao, poderia me dar os subsídios para produzir esse
mapeamento.
108 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Examinando o símbolo do Tao, pude integrar alguns dados
importantes, que partiam da visão de que o esquena trino contem-
pla a verdade de que dentro do Yang se inclui o Yin e vice-versa
e, nesse contexto, o esquema trino exigiria a leitura desse padrão
complexo por meio de um traçado com as potências medicamen-
tosas, utilizando as 25 doses na perspectiva da roda dos cinco
elementos, utilizada aqui três vezes, agora na forma de três doses
únicas do BioFAO, que representariam 75 doses ao total.
Esse Yin e esse Yang, representando a polaridade existencial
por meio das diminâncias cerebrais e suas dinâmicas off/on e on/
off, deveriam ser incluídos no esquema.
Como terceiro fator do esquema trino, implicaria entender
que o indivíduo com dominância cerebral esquerda (Yang) tem, em
seu ponto interno, a energia Yin. Isso significa dizer que a parte
do self que se expressa conscientemente no mundo é a esquerda
(Yang), enquanto que na ruptura em algum ponto da infância o
que corresponde ao seu hemisfério direito ficou aprisionado na
sombra do inconsciente (pequeno ponto Yin). Para os indivíduos
de dominância cerebral direita, o self consciente (Yin) carrega
essas crenças, enquanto sua essência, que foi para a sombra do
inconsciente, guarda as características da dominância esquerda
(pequeno ponto Yang). Portanto, quem tem um self mais frágil
e sensível guarda uma essência de muita força e poder e quem
traz um self poderoso e dono do mundo, guarda na essência uma
grande sensibilidade.
Aldous Huxley fala desse afunilamento que a mente sofre,
resultante de uma válvula redutora do cérebro e do sistema nervoso
que deixa sair do outro lado apenas um “mísero filete” de cons-
ciência. O indivíduo passa a vivenciar a realidade por meio de um
filtro que integra uma percepção condicionada por um sistema de
crenças, que se torna a fonte de sua versão particular da verdade. 24
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 109
O hemisfério direito guarda a nossa visão e criatividade e o
hemisfério esquerdo cuida da ação, execução e sustentabilidade
dos processos. Um mundo em desequilíbrio, como assistimos nos
dias de hoje, mostra uma realiadade em que 50% dos indivíduos
têm a visão, mas acham que não vão dar conta de mudar o mundo,
e a outra metade acha que dá conta, mas não enxerga o melhor
caminho, pois não tem a visão. Esse é o drama que vivemos! Se
a sociedade se desconecta das dinâmicas holoinformacionais do
Universo, perde as interconexões externas no domínio de uma
construção social de realidades saudáveis, assim como as cone-
xões internas para a integração dos dois hemisférios cerebrais em
cada sujeito da sociedade.
Observamos, por exemplo, por muitos anos estudando as
dinâmicas das dominâncias cerebrais nas famílias, o fato de os
casais buscarem dominâncias opostas para criarem essa forma
mais integrada de observar o mundo, como se os dois criassem,
por meio do casamento, realmente um ser completo, onde ora a
visão de um se torna primordial, ora a ação do outro, cumprindo
a necessidade de ancorar processos. Isso nos conduz à percepção
de estarmos realmente inseridos numa matrix, num jogo vivo de
videogame, com seus entroncamentos e fases sequenciais, com-
pondo uma dinâmica muito inteligente, com trajetórias de saída
do labirinto que acontecem por meio de saltos de consciência, que,
para ocorrerem, exigem apenas que, de alguma forma, estejamos
alinhados aos fluxos coerentes do Biocampo.
Esse entendimento do Yin dentro do Yang e vice-versa
colocou-se como fundamental para a construção do esquema
trino, compondo a leitura das dinâmicas que representam o mo-
vimento de tai chi chuan, no qual, para se fazer um movimento
de luta à frente, antes deve-se fazer um pequeno contramovi-
mento, no sentido inverso, para depois seguir novamente com o
110 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
movimento à frente, agora com grande força e intensidade. Na
leitura do Tao, primeiro se compõe com a pequena esfera Yin
dentro do Yang, para em seguida fazer o movimento Yang, o pe-
queno círculo preto dentro do branco, e vice-versa. O esquema
trino estebelece-se como um tai chi chuan e esse movimento
traduz o movimento do Tao.
Recontextualizando esse movimento para a perspectiva das
dominâncias cerebrais, no momento de medicar um indivíduo de
dominância direita, que vinha no esquema duplo na dinâmica off/
on – dose mais alta seguida de dose mais baixa –, antes, dever-se-
-ia fazer uma pequena prescrição em esquerda, cuja dinâmica é
on/off, para dar o contramovimento inicial, para em seguida fazer
o movimento off/on e contemplar a dinâmica completa do tai chi
chuan para a dominância cerebral direita.
Portanto, para prescrever as três doses – cada uma repre-
sentando a síntese das 25 doses da roda dos cinco elementos –,
se estivéssemos prescrevendo para um indivíduo de dominância
direita, as duas primeiras doses seriam para esquerda, on/off, com
o mínimo de diferencial na potência medicamentosa, para, em se-
guida, na terceira dose, abrir o off/on, que representa o potencial
dinâmico para a dominância direita e para a qual se intenciona
prescrever. Esse segundo intervalo off/on deveria conter uma dife-
rença de potência medicamentosa maior que no primeiro intervalo
entre as doses, para dar um input maior em relação à dominância
cerebral relacionada àquele paciente. O oposto era equacionado
para os pacientes de dominância esquerda.
Com a entrada do esquema trino, a roda de energia sai do
esgotamento e volta a fluir. Tornava-se claro que agora se tinha
na mão a unidade, representada pela dose única, síntese das 25
doses, o duplo (duas doses únicas que integram cinquenta doses)
e o trino (três doses únicas que integram 75 doses), que poderiam,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 111
portanto, tornar-se arcabouço estrutural de qualquer geometria
de maior complexidade.
Esse é o motivo de minha consideração em relação ao esque-
ma trino como um portal que permitiu a essa cartografia seguir
no seu diálogo com o Biocampo, pois, nesse contexto, é exigido do
cartógrafo uma atenção à espreita, que, ao mesmo tempo, deve
ser flutuante, concentrada e aberta para que ocorra o rastreio,
uma qualidade de varredura que segue na direção de uma meta,
localizando pistas, sinais e processualidades. 25
_Descobrindo os sólidos de Platão
O esquema trino entrou trazendo renovação e muitas perspectivas
para nossas observações clínicas. Mostrava-se muito suave para
o tratamento dos doentes crônicos e, ao mesmo tempo, mostra-
va pouca potência para a resolução dos quadros agudos com a
velocidade que esperávamos. Nesse momento, a pista passava
a indicar geometrias que pediam mais amplitude. Iniciei então
estudos para entender os sólidos de Platão e exatamente o que
significavam.
Para Platão, esses sólidos correspondiam aos padrões
essenciais da criação física. Quatro deles, o tetraedro, o cubo, o
octaedro e o icosaedro, eram considerados padrões arquetípicos
por trás dos quatro elementos primordiais (respectivamente, fogo,
terra, ar e água), tendo como quinto elemento o dodecaedro, rela-
cionado ao éter. 26 Inicialmente, eu não entendia muito claramente
o que isso significava, até começar a fazer o link com estudos da
embriogênese, que mostram claramente o papel da geometria na
criação da vida.
Nessa visão, ia se tornando claro que, para se recriar a saúde
em novos moldes, era fundamental que se pudesse promover um
renascimento, uma recodificação de todo o campo, repassando
112 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
as memórias da própria embriogênese, reordenando o sistema de
acordo com essas geometrias.
Nesse sentido, Rubik descreve que “um modelo científico
completo do ser humano pode, na verdade, necessitar de elementos
que vão além do espaço-tempo, da matéria-energia, e requerem
geometria multidimensional ou outros conceitos novos”. 27
_O pentagrama
Num primeiro momento, propus o pentagrama, que se configurou
como a junção do trino, seguido de um duplo, com intervalos de
tempo maiores entre as duas geometrias. Mantinha-se sempre o
cumprimento de ordens e ritmos, e nessa fase sabia-se da impor-
tância de não se repetir a mesma geometria, ao mesmo tempo sa-
bendo que as alternâncias eram muito bem aceitas pelo Biocampo.
Importante pontuar que cada dose única teria uma confi-
guração interna de 25 doses – na roda dos cinco elementos – e
que o esquema de cinco doses englobaria, portanto, um esquema
multidimensional de 125 doses, abrindo muito claramente a pers-
pectiva de um campo ampliado para além da visão dos meridianos
de energia e dos centros consensuais de consciência (chacras).
O esquema penta nos ofereceu um grande salto em relação
aos quadros agudos, que respondiam com muita velocidade, mas
deixava claro que nos casos graves e crônicos ainda teríamos
que aumentar a abrangência do campo. Permanecemos alguns
meses nessa perspectiva e propus seguirmos para eixos de maior
complexidade na geometria.
Vale notar que, em todo o caminho, não existia um sentido
lógico para percorrer toda a geometria, mas apenas um sentido
interno de avançar até onde fosse necessário para contemplar o
campo que integra toda a angústia existencial dos indivíduos, o
campo psórico, tal como descrito anteriormente. Era fundamental
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 113
chegar a uma geometria que conseguisse enquadrar qualquer
padrão mórbido e reprogramá-lo, pois as geometrias funcionam
como fatores de enquadramento e realinhamento com um fluxo
coerente, criando a perspectiva de trazer os padrões do caos para
o estado de ordem na perspectiva holoinformacional do Universo.
A percepção de onde parar no avanço pelas geometrias seria
então pautado por essa percepção subjetiva de uma globalidade
do Biocampo, que, em seu mapeamento, mostrava um sentido
claro dessa completude, ou não, no encontro com cada paciente.
_Esquema octa – o Ovo da Vida
O octaedro se colocava como a próxima geometria de Platão, pon-
tuando o momento dentro da embriogênese logo após a fecundação
do óvulo, quando acontece a formação do Ovo da Vida, que se apre-
senta como oito esferas aglomeradas e como princípio formador do
corpo e da vida. A nossa existência física depende dessa estrutura,
nossas características genéticas, e a recodificação de nossas sin-
gularidades. 29 Era considerada pelos egípcios uma forma masculina
(Octaedro) e eles buscavam em suas meditações um diálogo dessa
geometria com a forma feminina (a esfera), que se encontra como
próximo passo no conhecimento sobre a Árvore da Vida. 28
Até essa fase do trabalho, eu relacionava a Árvore da Vida a
estudos sobre a Cabala. De repente, vi-me percorrendo uma geo-
metria viva, uma a uma, seguida por muita gente que acompanhava
essa grande jornada. Experimentamos cada momento desse caminho,
observando o que traziam de percepções internas, de avanços, e,
nesse contexto, o esquema octa se mostrou bem poderoso. Quando
avancei para geometrias mais complexas, alguns médicos ficaram
aí por um bom tempo. Muitos colaboradores iam se apaixonando
por geometrias no caminho e um dos aprendizados era também o
desapego. A regra era observar e deixar fluir, estar contemplan-
114 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
do e atento todo o tempo aos sinais que o Biocampo oferecia, no
sentido de pontuar o momento exato de mudar de padrão e seguir.
O octaedro foi estruturado a partir da construção de um
esquema hepta, ao qual acrescentava-se uma dose única no fi-
nal, administrada seis horas depois do esquema hepta finalizado.
Como as geometrias não podiam se repetir para manter os fluxos
coerentes no Biocampo, o esquema hepta foi estruturado com
sete doses, iniciando-se a sequência com duplo, horas depois o
trino e horas depois um duplo. Aqui, as sete doses, sínteses de 25
doses iniciais, perfaziam 175 doses, atuando como configuração
eletromagnética no Biocampo.
Para criar o octaedro, acrescentava-se uma unidade seis
horas após o hepta e a configuração, agora em oito doses únicas
de 25 doses cada uma, resultaria num campo eletromagnético de
duzentas doses implicadas.
A dose única final aplicada no esquema octa era exatamente
quando o médico modulava o padrão medicamentoso sob o qual
queria operar, em quadros agudos ou crônicos, e de acordo com
o grau de lesionalidade do paciente. Aqui acrescentava-se o cui-
dado com a dominância cerebral do sujeito, que tinha que estar
privilegiada dentro da construção de cada geometria.
No octaedro, os resultados tomaram velocidade nas respostas
clínicas, eram mais coerentes, com boa resolução nos casos agudos,
mas ainda não fechava toda a complexidade necessária para tra-
balhar os casos muito graves. Eu sempre tinha a sensação de que,
ao caminhar com o grupo, uma onda crescente de complexidade
avançava em paralelo à nossa retaguarda. Isso me estimulava,
como alguém que pressente a chegada de uma tempestade e se
apressa em seguir para um abrigo.
Em nosso país, ainda tínhamos de dar conta de uma violência
urbana crescente, que se coloca como um fator de agravamento
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 115
do estado de saúde das populações expostas, intensas campa-
nhas e protocolos de vacinas que outros países nem sonham em
exigir e contornar os efeitos deletérios do país que mais utiliza
agrotóxico no mundo. Num cenário que ultrapassa em muito as
questões mencionadas, surgem sequencialmente inúmeros fatores
socioambientais desestabilizantes para o equilíbrio do Biocampo
e, como médicos, muitas vezes nos sentimos como malabaristas,
com pratos girando no ar e na atenção de não poder deixar ne-
nhum deles cair em meio às turbulências que se apresentam como
uma constante no caminho. Quanto tempo ainda falta para que
introjetemos uma cultura em que possamos ter consciência de
que cuidar do mundo é cuidar de nós e que cuidar de nós implica
um cuidado com o mundo?
_O mistério do dodecaedro
Avançamos para o dodecaedro em meados de 2014. Essa geome-
tria era vista desde a Antiguidade como o padrão por trás do éter
(aether), o elemento primário universal que dá origem a todos os
demais e ao universo “físico”, reconhecido como a energia vital
dos gregos, que trazia em sua configuração a representação do
próprio espírito. 29 Essa importância do dodecaedro era conheci-
da pelas antigas tradições e levou Pitágoras e seus discípulos a
mantê-lo em segredo, por temer o poder destrutivo de tal padrão
se ele fosse mal utilizado. 30
Essas geometrias, na realidade, sustentam um tipo particu-
lar de conceito energético vibracional e não se colocam apenas
como um símbolo, mas emitem uma vibração, um efeito nos seres
vivos. 28 Nesse contexto, a Geometria Sagrada se apresenta como
uma metáfora da ordenação do Universo, incluindo estudos de
proporções, padrões, sistemas, códigos e símbolos que se estru-
turam como fonte da própria vida.
116 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Em nossa construção epistemológica, seguíamos adiante
do octaedro, acrescentando a ele um trino e uma dose única, já
que essa seria a única forma possível de se acrescentar quatro
unidades, sem repetir, dois mais dois, pois as repetições não eram
bem aceitas pelo Biocampo.
O dodecaedro foi pensado como duplo – trino – duplo – uno
– trino – uno, sendo que as doses de comando do médico seriam
orientadas pelas doses unas na oitava posição e na décima segun-
da posição. Aqui, as doze doses únicas do composto homeopático,
cada uma com 25 doses, compunham um campo eletromagnético
de trezentas doses. Importante relembrar que essa dinâmica seguia
em duas vertentes – off/on para os pacientes de dominância direita
e on/off para os de dominância esquerda. Para todos os esquemas
utilizados até aqui, as prescrições de acordo com dominâncias ce-
rebrais eram imprescindíveis. Esses esquemas eram administrados
com intervalos de três a seis meses, de acordo com o caso.
Em nossa observação clínica, o dodecaedro nos oferecia a
dinâmica do que era descrito na Geometria Sagrada como a Flor
da Vida, que contém em si todo o mapeamento do Biocampo em
sua completude, por isso ele era tido como a imagem do éter, na
realidade, um espelho holográfico do campo de ponto zero.
Essa geometria se estabelece como a Flor da Vida, com seus
19 círculos entrelaçados, e vai se estabelecer como o padrão de-
terminante da formação da realidade física. Depois de um ano e
três meses trabalhando nessa perspectiva, ficou muito claro que
estávamos trabalhando todo o campo das angústias existenciais,
concebido no contexto homeopático como o campo psórico, aquele
que guarda a essência como luz do espírito, mas também os padrões
mórbidos do inconsciente. A estruturação desse campo representava
a possibilidade de trazer os indivíduos de seus desvios pelos meca-
nismos de luta e fuga (padrão neurótico e psicótico respectivamente)
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 117
de volta para a angústia existencial básica e daí, realmente, criar a
possibilidade de uma integração interna. A grande dificuldade nos
processos de cura é trabalhar as couraças e deslocar o indivíduo
desse lugar defensivo em relação ao sofrimento.
Apesar de deixar clara essa representação global do Biocampo,
o dodecaedro parecia pedir por um fator desencadeante para essa
transmutação interna, uma faísca capaz de gerar uma Flor da Vida
de transmutação. Os resultados com o dodecaedro iam mostrando
que estávamos realmente num caminho bem coerente, com respostas
clínicas no mental e no emocional das pessoas que apontavam para
uma integralidade, mas faltava um apoio, que, como na metáfora
de um grande balão, requer o comando a partir de alguém que se
encontra no cesto de comando. Essa foi a primeira imagem que me
veio quando eu avançava na construção dessas percepções internas.
Em todos os registros encontrados, o dodecaedro englo-
bava todos os centros vitais por meio da Flor da Vida, atuando
e ancorando todos os centros de consciência. Ele se configurava
como o corpo de todo o tecido de um balão, se pudéssemos pensar
nisso como uma metáfora global para o Biocampo, mas deixava
a pergunta sobre quem seria o baloeiro que viajaria no cestinho.
_Descobrindo a décima terceira força
Estávamos aí trabalhando ainda com todas as dificuldades inerentes
ao diagnóstico das dominâncias cerebrais, quando, em outubro de
2015, acompanhando um trabalho realizado com um agricultor que
cuidou de seus animais com o BioFAO em dose única (na perspectiva
da roda dos cinco elementos – de 25 doses), pude observar que os
resultados haviam sido bem efetivos para os animais do campo,
com desequilíbrios mais psóricos ou superficiais, não conseguindo
ter estrutura para sanar os quadros de animais muito adoecidos
– em que o Biocampo já havia se movimentado para níveis de de-
118 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
sequilíbrios mais profundos (desvios de luta ou fuga – neurose ou
psicose –, que representam a sicose ou sífilis homeopática).
Esses dados mostraram claramente, a partir dessas observações,
que havia dois tipos de processo de auto-organização: um primeiro,
em que o indivíduo ainda se encontra diante de sua angústia básica
e não partiu ainda para os mecanismos de defesa, e um segundo, em
que o indivíduo avança em direção às defesas mais estruturadas,
desenvolvendo padrões mórbidos, com doenças físicas e mentais
resultantes desses desvios pelos mecanismos de luta e fuga.
Era instigante pensar, naquele momento, que a função do
dodecaedro seria promover um campo dinâmico capaz de trazer a
consciência do indivíduo, destes desvios de luta e fuga, de volta para
seu sofrimento original e psórico, para esse lugar aquém dessas
defesas reativas, onde se encontram esses animais que vivem no
campo, tal como observado na propriedade desse agricultor. Se o
indivíduo já estivesse nesse lugar mais centrado em relação à sua
angustia existencial, tal como os animais que vivem na natureza,
e as plantas, então a roda dos cinco elementos, sozinha, teria ca-
pacidade de resgatar e transmutar para a cura. Assim observamos
em nossas pesquisas com a agricultura, na qual a roda dos cinco
elementos em dose única foi suficiente para dar conta daqueles
níveis de complexidade. 20
No entanto, se o indivíduo já tivesse migrado para defesas
internas mais estruturadas nas linhas internas de luta e fuga,
necessitaria da complexidade do dodecaedro, com sua estrutura
de trezentas doses, para trazê-lo para esse lugar central, onde
poderia vivenciar então a transmutação.
Ficou muito claro também que esse fator de transmutação se
configurava mais uma vez nessa dose única contendo as 25 doses
– na perspectiva da roda dos cinco elementos, que mostrou esse
potencial nas observações dos animais da propriedade do agricultor.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 119
Nesse contexto, eu já vislumbrava que essa roda dos cinco elemen-
tos, se fosse administrada algumas horas depois da geometria do
dodecaedro, incorporaria o arquétipo do baloeiro, esse ponto de
consciência que surgia no processo como condutor do balão.
_Encontrando o fruto da vida
Considero esse o momento mais auspicioso do trabalho, quando,
no trabalho de análise dos dados obtidos com o agricultor, en-
xergo, como num clarão, a dose única proveniente da roda dos
cinco elementos (25 doses) como uma linha Yin, semente de um
potencial que, isolada, incorpora, nos indivíduos realinhados com
sua angústia existencial e para aquém de suas defesas egoicas de
luta e fuga (isto é, psóricos), a função de promover a transmutação
necessária ao processo de cura.
Isso inaugurava a visão mais bela do trabalho, indicando
a entrada na décima terceira força, conhecida como o fruto da
vida, que trazia para as minhas percepções internas eixos muito
profundos para a compreensão da história da humanidade. Essa
seria a força capaz de resgatar esse campo psórico de sua ilusão
de separatividade. A décima terceira força que surge a partir da
Flor da Vida surge como treze círculos e se estabelece como uma
das formas mais sagradas de toda a existência material.
120 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
A geometria compatível com o fruto da vida foi convencionada
nessa metodologia como esquema integral, e foi composto da
seguinte forma: duplo – trino – duplo – uno – trino – uno – uno.
Esperava-se fechar a geometria do dodecaedro e então,
depois de algumas horas, entrava-se com a décima terceira força,
representada por mais uma dose única.
Era necessário um dia e meio para o indivíduo ser medicado
com todo o esquema, obedecendo a ritmos e ordens precisas, de
acordo com as dominâncias cerebrais. A dinâmica completa do
esquema integral englobava 13 doses únicas, compostas por 25
doses cada uma, numa configuração de 325 doses para esse pa-
drão geométrico.
_A grande surpresa
A primeira coisa estranha que comecei a observar é que antigos
pacientes, que vinham utilizando anos a fio a medicação em domi-
nância direita, pareciam agora estar com o tratamento andando
pela via seca, numa resposta de menos sincronicidades e curas
mais lentas, enquanto as pessoas medicadas para a dominância
esquerda davam excelentes retornos e seguiam pela via úmida,
com fluidez nas respostas e com resoluções importantes nas
questões existenciais.
O que poderia estar acontecendo? De repente eu parecia en-
xergar todo mundo como dominância esquerda e não sabia definir
se era uma alteração em minha percepção, ou o que poderia estar
acontecendo. Outros médicos começaram a perceber a mesma
coisa e, nesse ponto, descortina-se um momento muito luminoso
para a nossa trajetória, pois esse esquema integral – do fruto da
vida – inaugura a consciência de uma décima terceira força que
se configura numa força arquetípica de transmutação. A décima
terceira força evoca a dinâmica arquetípica da Força Crística e nos
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 121
redimensiona para uma dimensão planetária. Dessa perspectiva,
abandonamos o velho barco das polaridades do nosso ego, e
embarcamos no spin da própria Terra, um planeta que gira para
a esquerda.
Todos os pacientes respondiam magnificamente bem com
o esquema para spin esquerdo, o que significava que havíamos
ultrapassado o mundo da dualidade esquerda e direita e seguido
para um movimento integrador.
Pensando na dinâmica dos centros de consciência, essa ge-
ometria coloca o Biocampo na vibração do sexto centro dinâmico
ou chacra, que se encontra além da dualidade, na dimensão do
“Eu Sou”. 31
Isso era inicialmente assustador, mas era a realidade que
estávamos todos experimentando e era exatamente aquilo que o
Biocampo nos oferecia como surpresa. Na sequência, o vislumbre
de essa metodologia poder agora se abrir para populações maiores,
já que havíamos transposto a necessidade do diagnóstico para as
dominâncias cerebrais, que era muito complexo, principalmente
nas crianças e em pacientes com dificuldade de expressão.
Sobre esse momento, Lao Tsé, no contexto do Tao Te Ching,
traz duas abordagens significativas: na primeira visão sobre o
assunto, o sábio aborda a questão do Ting como a integração do
cálice e da alça, que formam o caldeirão do cerimonial. 32 Esse
cálice, que assistimos representados em muitos contextos espi-
rituais na história da humanidade, traduz o símbolo do caldeirão
onde ocorre a transmutação do sólido em sutil, onde os desvios
da sífilis e da sicose (luta e fuga) possam ser trazidos ao centro
para a transmutação, para transformar polaridade em unidade
de consciência.
Nos últimos 14 anos de processualidade nessa cartografia
médica, os sete primeiros anos foram construindo o princípio
122 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
maleável do Tao, representado pela linha Yin, a roda dos cinco
elementos da medicina chinesa de 25 doses, agora em dose única,
a alça do Ting. Nos sete anos seguintes foi-se construindo o Ting, o
princípio fixo, composto pelas doze linhas Yin que, com a entrada
da décima terceira dose, transforma esse Ting numa força Yang,
no princípio transformador, no redentor que representa a essência,
o cordeiro do mundo.
Assim, pude compreender, vivendo os caminhos dessa me-
dicina, por que o Cristo necessitou de doze apóstolos, que repre-
sentavam todas as facetas da humanidade, para entrar como a
décima terceira força capaz de transmutar as energias desse
mundo, como um cordeiro restaurador da Luz. O cordeiro repre-
senta o que não possui defesas, aquele que se entrega integral-
mente ao processo da redenção.
Lao Tsé, sobre essa configuração, complementa trazendo
o hexagrama do ponto de mutação, no qual descreve que o mo-
vimento do Tao é o retorno e que, na antiga China, o soberano
costumava retornar periodicamente ao centro de seu reino para
solidificar a reciclagem e marcar o início de uma nova era. Nessa
imagem do ponto de mutação, a energia Yang surge como uma
faísca, deixando um rastro indelével, sendo protegida pelas demais
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 123
linhas Yin, que se voltam para o broto, reafirmando a devoção
receptiva da terra ao acolher os novos frutos que dela irrompem
a cada novo florescer. 32
Essa disposição ia se confirmando como fidedigna em nossas
observações clínicas, fazendo-me entender, mediante minha prática,
o sentido das afirmações de que a força criadora do universo no
mundo da manifestação é de natureza feminina. No final, a Grande
Mãe Cósmica, a partir de sua natureza Yin, se multiplica em doze
linhas Yin e, a partir de um ponto de mutação, com a entrada do
décimo terceiro elemento, gera o Yang, seu divino filho, que, somado
às suas doze costelas, gera novamente o Yin, seu divino amor, que,
por sua vez, gera o Yin e o Yang, dando sequência à criação. Esse
processo foi vivenciado nessa cartografia não como um modelo
teórico, mas como experiência, como processualidade.
_O casamento arquetípico – a coniunctio
Nesses dias, no final de 2016, já vínhamos há um ano trabalhan-
do com o esquema integral (treze doses) e eu observava que,
apesar de as curas serem completas e profundas, com grandes
saltos de consciência, estávamos trabalhando no caldeirão, no
campo psórico, observando a transmutação. A natureza do Ting,
composto inicialmente de doze linhas Yin, incorporando agora a
décima terceira força, que representa a alça do caldeirão, per-
mitia que ele fosse levado ao cerimonial, para a transmutação
pelo fogo, que o transforma em Yang. Era isso que víamos nas
respostas clínicas, mostrando um campo vibrante, transformador,
intenso, e me parecia necessária nesse contexto a suavidade
do feminino.
No conto arquetípico A Bela e a Fera, a Bela surgiu para res-
gatar a Fera e só quando a Fera estava pronta para o processo a
Bela surge, pois assim se configura o processo mesmo da criação.
124 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
Nessa fase, pensar numa décima quarta dose tornaria o
processo inviável. Os pacientes já levavam dia e meio tomando as
sequências, e os erros aconteciam, o que os obrigava a recomeçar
todo o processo. Outra preocupação eram os quadros agudos, que
só melhoravam depois de terminada a série, e isso levava muitas
horas, o que, em quadros muito agudos, ia se tornando um pro-
blema a ser equacionado.
Novamente outra bifurcação, que apontava para a premência de
se preparar uma segunda síntese, agora das 325 doses do esquema
integral (dinâmica Yang), utilizando a mesma tecnologia empregada
para a síntese das 25 doses da roda integral (dinâmica Yin).
No início de 2017, comecei o trabalho com este casal arque-
típico: a síntese da roda dos cinco elementos da medicina chinesa
de 25 doses (Yin), seguida da síntese do esquema integral das tre-
ze doses, originalmente 325 doses (Yang), totalizando um campo
informacional de 350 doses. Assim, a roda e a integral passaram
a configurar o composto BioFAO nesse momento.
_O último passo juntos
Em novembro de 2017 participamos da Jornada Integrativa dos
Fatores de Auto-Organização do Biocampo, no Rio de janeiro e,
após esse encontro, criamos um grupo de WhatsApp com esses
médicos, que estavam alinhados às últimas atualizações, para
acompanhamento de casos, aprofundamento da metodologia
e suporte clínico. Foi muito interessante, pois o último passo da
cartografia foi testemunhado em tempo real, na construção por
todo o grupo, quando dei o toque de que o composto roda-integral,
apesar dos bons resultados, estava mostrando uma via seca, e
propus a inversão, entrando a integral na frente e a roda dos cinco
elementos depois, com resultados que mudaram efetivamente
para uma via úmida nas leis de cura.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 125
Esse grupo tem sido uma das coisas mais divertidas e emo-
cionantes que já vi na vida, pois os médicos a cada dia vão com-
partilhando seu espanto diante das respostas que o Biocampo
oferece em processos agudos e crônicos na vida de seus pacientes.
Tudo entra em tempo real e, se algum dia, o WhatsApp tiver valor
científico, esse documento oferecido pelo grupo será motivo de
estudos para a humanidade. É mesmo impactante!
_Da complexidade absurda a uma simplificação
extraordinária
A perplexidade desse final de processo cartográfico, até o presen-
te momento, surpreendeu a todos, pois saímos de uma tremenda
complexidade, construída ao longo de muitos anos, e vimos a onda
se colapsar diante dos nossos olhos de um instante para o outro.
Agora, numa faixa de sete potências medicamentosas mínimas
na escala decimal hahnemanniana, o médico usa sua maestria
para escolher entre cinco dinamizações mais baixas (sínteses do
esquema integral), uma dose para compor com a perspectiva da
dinâmica Yang, e, a seguir, escolher entre duas dinamizações mais
altas (sínteses da roda dos cinco elementos), uma dose para compor
a perspectiva da dinâmica Yin. Passa a dispor de 12 possibilidades
de frequência vibracional dessa prescrição dupla, para adequar
a quadros crônicos e agudos, ajustando ao grau de lesionalidade
de cada paciente e à necessidade em quadros agudos e crônicos.
Essas duas doses, hoje, são administradas com intervalos de uma
hora e sempre sob prescrição médica. As doses da integral (Yang)
antecedem sempre a roda dos cinco elementos (Yin) e devem ser
utilizadas nas doses mínimas possíveis, pois contempla a angústia
existencial e sugere o toque com a maior suavidade possível.
Já a dinâmica da roda dos cinco elementos (Yin) estabelece
a força que resgata, o feminino que suaviza, que dá movimento e
126 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE
fluidez ao processo. Deve, portanto, ser aplicada em doses mais
altas que a dose empregada na integral (Yang).
A integral-roda, no contexto da metodologia BioFAO, equivale
ao que se descreve na geometria multidimensional como Tórus.
Em todas as representações sobre essa organização dinâmica
que envolve os entes vivos, inclusive a própria Terra, observa-se
a interação dinâmica de dois campos com amplitudes distintas e
que se mantêm interconectados por um fluxo toroidal de energia.
Nesse perfil epistemológico, o campo de maior amplitude cor-
responde ao esquema da integral e representa o polo Yang e o
de menor amplitude corresponde à roda dos cinco elementos da
medicina chinesa e integra o polo Yin.
_A chegada
Nos dias que se seguiram à entrada da integral-roda, pude sentir
uma enorme alegria no coração, e lembrava de Moisés chegando
com o seu povo na Terra Prometida. Os resultados mostravam
claramente que o deserto havia ficado para trás e que a nossa
caminhada havia valido a pena. O casal arquetípico, convencionado
como integral-roda, chega às nossas mãos no momento exato em
que o Brasil atravessa o eixo de maior escuridão de sua história.
Sinto-me verdadeiramente abençoada por ter essa medicina nas
mãos e poder oferecer essa Biocarca, que construímos por tantos
anos, a esse povo tão sofrido neste momento crucial de sua história.
Recordo-me de uma paciente que iniciou o tratamento re-
centemente, tomando cinco remédios psiquiátricos, incluindo an-
tidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos e, depois de dois meses,
estava bem, sem remédio algum, e me dizia: “Doutora, eu queria
entender como eu, há três meses, estava cheia de remédios, vivia
com medo e pânico de tudo, e agora, diante dessa crise monumen-
tal, com todas as pessoas fechando suas lojas e abrindo falência,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 127
eu, em uma semana, abri três lojas que estão vendendo superbem,
com tudo na minha vida caminhando bem... O que é isso? Como
pode ser isso?”. Nunca vou esquecer a energia daquela mulher à
minha frente, absolutamente vibrante e luminosa.
Esse trabalho nasceu numa cidade chamada de maravilho-
sa, penso que por sua beleza, mas também por sua qualidade de
espelhar holograficamente o mundo interior das pessoas. Nela
se encontram coisas do sétimo céu e também do sétimo inferno.
Todos os mundos existem aqui e por isso ela é maravilhosa, porque
mostra a face exata de todas as coisas. Não há luz sem sombras.
Penso ter sido o lugar perfeito para esta construção epistemológica,
pois ela evidencia claramente o nível de proteção que o Biocampo
realinhado oferece aos pacientes, apontando para sincronicidades
marcantes, grandes sinalizadores do caminho.
Considero este ponto a finalização da construção epistemo-
lógica dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo, mas não
considero o fim deste diálogo com esse grande mestre, o Biocam-
po. Todo dia ele me ensina sobre a arte de curar e a entender a
profundidade do drama humano, a importância do resgaste da-
quela essência em cada um, que reflete sempre e cada vez mais o
meu próprio resgate. Em uma cultura considerada moderna, cuja
epistemologia científica coloca os aprendizes (nós, pesquisado-
res) como sujeitos, e os mestres (como o Biocampo e as forças da
vida) como objetos, podemos compreender melhor o fenômeno
do adoecimento humano e a transformação das formas de curar
em formas de administrar a doença. Há muito o que se aprender
nessa trajetória. Estamos apenas no início de um tempo em que
novas consciências estão a emergir.
Esse trabalho me permitiu ver a transmutação de muita
gente e de comprovar que tudo que não é expressão de amor no
ser humano é doença a ser tratada. Todas as formas de trans-
128 PARTE 1: NAS TRILHAS DA SÍNTESE

gressão, de aberração, de crueldade são doenças que emanam de

uma essência assolada no escuro de um castelo mal-assombrado
no interior de cada ser.
Muitas áreas da ciência vêm pensando sobre novas formas
de se estar no mundo, mas a medicina oficial esteve sempre re-
fratária a olhar para uma perspectiva quântica e holográfica da
vida. A resultante está aí, diante dos nossos olhos. Costumo dizer
que, numa civilização em que crianças precisam tomar antide-
pressivos para sorrir, precisamos admitir que esta civilização está
no limite de sua ruptura. Mas, como do caos sempre ressurge a
ordem, e do Yang sempre ressurge o Yin, ofereço este trabalho
como contribuição para este novo tempo, cujos brotos já florescem
no coração de muita gente. Ele representa, entre tantas outras
coisas inefáveis, a justiça epistêmica de recolocar a vida no lugar
pleno de sua centralidade e de colocar a minha vida à escuta e a
serviço dessa linda causa.
PARTE   2
Do outro
lado da linha
132 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
“
2.1: Referenciais O organismo fabrica
quânticos para uma
nova medicina
uma doença para se
curar a si próprio.
Georges Canguillhem
Durante toda a descrição da metodologia BioFAO, muitas vezes
citei a palavra cura, com plena consciência de que esse termo se
encontra excluído do contexto da racionalidade científica, tal como
ocorreu em relação à saúde e à vida. No contexto da medicina
moderna, a saúde passa a ser vista como ausência de sintomas,
e não como afirmação de vida, e a cura, substituída “apenas pela
cessação de sintoma”.1
A medicina moderna não estabelece como sua prioridade
regular esses campos vitais, de forma a trazer de volta a saúde,
e sim insiste cada vez mais na intervenção medicamentosa como
forma de derrotar a doença.1 Com isso, mantém o constante foco
apenas em eliminar sintomas, num conceito muito fragmentado
da realidade, em que o paciente nunca é visto como um sujeito,
mas como um conjunto de partes estanques que adoecem e cujos
sintomas precisam ser sempre controlados.1 Nesse contexto, Morin2
faz uma crítica ao paradigma moderno, chamando-o de paradig-
ma da simplificação. Busca-se um sentido de disjunção e redução
nesse viés hegemônico da ciência, traçando uma visão da realidade
ordenada e simplificada, que, por meio de reducionismos, busca
eliminar o problema da complexidade.
Tangenciando essa linha, Boaventura de Souza Santos descreve
que, na ciência moderna, a ruptura epistemológica simboliza o salto
qualitativo do conhecimento do senso comum para o conhecimento
científico e que a ciência pós-moderna estaria realizando um cami-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 133
nho de volta para o senso comum, “sem desprezar o conhecimento
que produz tecnologia, mas entendendo que o conhecimento deve
se traduzir em autoconhecimento e que o desenvolvimento tecno-
lógico deve se traduzir em sabedoria de vida”. 3
São, contudo, as encruzilhadas da vida que colocam o sujeito,
em algum momento, diante da pergunta elaborada por Rousse-
au4 sobre o papel de todo o conhecimento científico acumulado
no enriquecimento ou empobrecimento de nossas vidas e de que
forma essa ciência estaria contribuindo positiva ou negativamente
para a nossa felicidade.
Gostaria de usar aqui outro conceito de Santos, quando ele
se refere ao pensamento moderno ocidental como pensamento
abissal. Santos5 refere-se a um sistema de distinções visíveis e
invisíveis, sendo que estas fundamentam aquelas. As distinções
invisíveis, que sustentam as visíveis, seriam, segundo Santos,
estabelecidas por uma linha abismal que separa o mundo deste
lado da linha e do outro lado da linha. Todas as hegemonias do
mundo se situam deste lado da linha e produzem o outro lado da
linha como inexistência e invisibilidade.
Embora tudo o que exista deste lado da linha tenha a legiti-
midade de ser considerado contemporâneo, moderno, hegemônico,
carrega, por sua vez, o estigma de constituir o grande cenário da
crise que atravessa todas as dimensões da vida. Por isso, está mais
do que na hora de todos os sistemas que foram colocados do outro
lado da linha reconhecerem-se como potências, como alternativas,
como pistas da reconstrução de novos modos de ser e viver a vida.
Muitos sistemas de saúde foram colocados do outro lado
da linha, tendo sido transformados em derivativos de um único
modelo, considerado científico.
É desse ponto de vista que uma nova medicina, focada em
um novo tempo, se orgulha em desvelar ao mundo toda a riqueza
134 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
que existe e subsiste do outro lado da linha, sobretudo em sua
potência de tocar a humanidade naquilo de melhor que ela tem
e pode voltar a ter.
Nessa perspectiva do outro lado da linha, somos instados a
retomar outra visão de mundo, que propõe considerar a questão
da vida e da saúde em termos teóricos e no contexto da prática
clínica, contemplando distintas representações que os sujeitos nos
oferecem nos processos de cura e suas dinâmicas intrínsecas, além
de considerar os fatores de interferência que a complexidade do
mundo atual impõe a esses processos continuamente.
_Bases arquetípicas do adoecer
As dinâmicas que estudamos na construção da geometria multi-
dimensional do Biocampo, que é descrito no âmbito da psicologia
como psique, tem a perspectiva de reprogramar todo o sistema,
como se o indivíduo, para neutralizar esses padrões doentios, ne-
cessitasse renascer a cada vez, e de forma contínua. Importante
trazer essa visão do continuum, uma sucessão de eventos que
essas geometrias vão criando de forma a manter a dinâmica da
própria vida.
Nada acontece de forma separada e fragmentada desse
outro lado da linha e, no processo de cura, nossas dores precisam
ser reintegradas ao self na forma de uma energia transmutada a
partir de um olhar da consciência. A transmutação traz uma re-
presentação de morte, como se o velho em cada um tivesse que
morrer, dando lugar ao novo, mas indicando, na realidade, apenas
que algo doentio está abrindo espaço para que surja uma nova
configuração interna.
Assim também acontece com o que reconhecemos como
defeitos de personalidade; na realidade, um script criado para a
estruturação do ego que gera um grande estado de confusão,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 135
em que essa entidade formada (o ego) quer tomar o lugar de seu
criador (self ou psique), ou mesmo se fazer passar por ele, mos-
trando ser realmente um exímio criador de confundimentos, tal
qual assistimos na conjuntura atual do mundo.6
Do que pude observar nos processos de cura e nas dinâmicas
internas dos pacientes, esse me parece ser o jogo desta dimensão
em que vivemos nesta realidade consensual. Depois da ruptura na
infância, o self entra na criação de sua ilusão de separatividade
por meio da estruturação de um script elaborado mediante um
conjunto de crenças específicas que se transformam no filtro pelo
qual se passa a interpretar a realidade.
Segundo Jung, toda personalidade é formada a partir de um
centro, que é responsável por seu desenvolvimento, colocando o
self como essa totalidade, esse centro de vida, que, por meio de
acessos e ativações de arquétipos, motiva a formação e o desen-
volvimento do ego.7
O self, nesse contexto, como formador ou criador dessa en-
tidade chamada de ego, vai progressivamente estruturando a sua
criatura, que se transforma naquilo que entendemos como perso-
nalidade. Como esse ego surge de uma ilusão (de separatividade),
sua existência não é real, o que parece ser a única consciência que
o ego tem, a de não ser real. Partindo dessa irrealidade, ele sabe
que se a Bela (self), seu criador, encontrar em algum momento
a Fera (essência), a sua magia será desfeita e ele perderá o seu
reinado de sombras. Desse modo, o seu propósito fundamental se
institui em confundir o self para que esse casal arquetípico jamais
se encontre, perpetuando Maya, conhecida como a ilusão do mundo.
Essa dinâmica que deveria correr no sentido de um processo
natural de individuação, é desvirtuada, pois esse indivíduo, para
seu azar, nasce num contexto em que a medicina oficial ignora esse
drama e, ao longo dos séculos, vem construindo o imaginário de
136 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
que todas as forças que se opõem ao equilíbrio dos sistemas vêm
de fora, inclusive a doença, que é vista como um mal invasor, como
um inimigo que se apossa desse interior e pode então destruí-lo.8
Segundo Luz,1 a medicina vai se colocando então como a grande
aliada do homem nessa guerra sem fim, desvirtuando o sentido
dos ciclos dinâmicos da vida, o que termina por levar o indivíduo
a um ciclo vicioso, contrário aos fluxos coerentes da vida.
Exatamente aí começa a grande confusão, pois a medicina,
ignorando o que ocorre com os atores internos que constelam a
mente humana, e desconhecendo as dinâmicas existenciais desse
campo vital onde acontece continuamente o desenrolar desse
drama, passa a interpretar o mundo ao contrário. Em vez de buscar
dar estrutura ao campo para que ele ressignifique os processos
e promova auto-organização, ela impõe uma ordem médica que
combate toda a expressão do próprio campo e, como inimiga, busca
calar sistematicamente os gritos do corpo representados pelos
sintomas, sem se preocupar em recriar essa ordem intrinsecamente.
Em vez disso, estabelece essa guerra, e sua arma nesse contexto
são os remédios1, mais precisamente chamados de drogas, que a
cada ano vão se aperfeiçoando na arte de suprimir sintomas, prin-
cipalmente pelo uso maciço de corticoides e imunossupressores.
Deste outro lado da linha, os sintomas funcionam como
nossos aliados, que se colocam no papel de sinalizadores que in-
dicam que o Biocampo precisa de biorregulação naquele momento,
alertando que, por algum motivo, o sistema entrou num modo de
instabilidade. Desprovida desse olhar, a medicina moderna buscar
calar, cessar esses gritos de socorro, sem entrar no mérito das
possíveis causas para aquela batalha estar em curso. Tal como
descreve Canguilhem, 9 a doença não é somente desequilíbrio ou
desarmonia; ela é também, e talvez sobretudo, o esforço que a
natureza exerce no homem para obter um novo equilíbrio.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 137
Reforçando esse tema, de acordo com as leis naturais de
cura, quando um sintoma é cessado, apagado, sem ser trabalha-
do holograficamente pelo campo, ele mergulha para níveis mais
profundos por meio dos meridianos de energia e, na categoria de
um padrão dinâmico, migra para sistemas hierarquicamente mais
importantes na estruturação da saúde.
Inserido nessa perspectiva, o sujeito recebe o remédio alo-
pático e, se cessam os sintomas, após um tempo surgem outros
sintomas em outro órgão ou sistema que podem ser interpretados
como efeitos colaterais do medicamento empregado ou, como
acontece mais comumente, podem ser diagnosticados apenas
como uma nova enfermidade que surge, o que obriga o pacien-
te a buscar outro médico, de outra especialidade, para de novo
combater os novos sintomas. Essas batalhas sem fim colaboram
no imaginário do paciente para o sentido de sua fragmentação
interna, reafirmando, a cada vez, ser ele feito de mil partes, cada
uma, inclusive, parecendo viver totalmente dissociada das de-
mais, e, por isso mesmo, ele precisa de outro especialista. Assim
as pessoas vão perdendo o centro, virando coisas, não sabem
mais quem são.
Esse aprofundamento dos padrões mórbidos tem uma séria
implicação no drama inicial entre o self e o ego, pois essas supres-
sões alopáticas ampliam em larga escala a entropia do sistema,
favorecendo o aumento de forças dissipativas que, de acordo com
a segunda Lei da Termodinâmica, tendem a desviar progressiva-
mente o sistema dos domínios universais.
Nessa escalada rumo ao caos, a supressão do Biocampo vai
seguindo uma hierarquia na contra mão das leis de cura, signifi-
cando que as doenças começam de forma superficial, na pele e
como doenças exonerativas e, com as supressões medicamentosas,
vão seguindo o caminho contrário pela roda dos cinco elementos
138 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
da medicina chinesa, até chegar aos sistemas de maior hierar-
quia representados pelo meridiano do coração, com o infarto do
miocárdio ainda ocupando o primeiro lugar em mortalidade na
população mundial. Seguem nessa linha de aprofundamento, entre
outras, as doenças autoimunes, as doenças mentais e o câncer,
que se coloca como a grande sombra que a humanidade enfrenta
nos dias de hoje.
A saúde coletiva, nesse contexto, enfrenta um momento
histórico tão grave diante da supressão alopática que a insani-
dade mental tem se mostrado como uma evidência que sinaliza
que alguma coisa está muito errada, a partir do retrato social que
se obtém das populações atuais. É nítido o aumento, em escala
geométrica, de pessoas atingidas pelo medo, por angústias, com
altíssimos índices de suicídio, inclusive entre os jovens e as crianças.
Nesse painel, reedita-se o drama arquetípico em que o ator,
o self, representado pela psique, a alma mesmo do indivíduo, e
aqui, no nosso contexto médico, vista como a consciência ima-
nente do Biocampo, encontra-se cada vez mais perdida, esgotada,
desorientada, num potencial psíquico que espelha a confusão do
mundo. Esse desvio em direção ao caos vai roubando do self seu
carisma, seu poder interno, esse lugar de pertencimento original
que possui a pura graça da presença.
Destituindo-se progressivamente de si mesmo, o self, sob
essas dinâmicas supressivas, encaminha-se para um lugar de
fragilidade e passa a ser cada vez mais servil ao poder de sua
própria criatura egoica, inclusive defendendo-a.6
Portanto, essa criação do self não partiu de uma verdade
interna, e sim da ilusão que a criança interpreta e constrói para
ocupar o vazio deixado pela essência diante da ruptura na infância,
criando, por meio dessa personalidade, uma espécie de “recurso
secundário” para se afirmar no mundo.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 139
Assim, um processo em que o ego foi originalmente colocado
como um desafio natural a ser transposto para um processo de
autorrealização passa a ser vivido como um caminho de acessos
intransponíveis para a grande maioria das populações, pois toda
a mídia e as estruturas corporativas têm grande interesse nas
políticas pró-egoicas.
A grande maioria dos seres humanos vive essa perspectiva nos
domínios do self individual, como se na história A Bela e a Fera não
conseguissem sair do capítulo de uma Bela adoecida (e não mais
adormecida como nos contos das antigas tradições), tornando-se
impedida de um amadurecimento interno natural que a possa levar
às portas de seu castelo interior, a fim de resgatar sua essência.
Apenas as pessoas que buscam largas escalas de autoco-
nhecimento ao longo de sua trajetória de vida conseguem escapar
dessa roda que gira ao contrário, dessa via seca imposta pela ordem
vigente e que nos coloca na contramão de uma escala evolutiva.
Mesmo assim, muitas vezes são pegas por supressões alopáticas
que criam grandes barreiras, colocando-as em verdadeiros labi-
rintos internos.
Lembro um paciente de 75 anos que ficou alguns anos
sem retornar, utilizando a alopatia, e na consulta de retorno me
pareceu totalmente disperso, parecendo estar fora de si, desa-
nimado e dizendo que sua esposa falava seguidamente para ele
que ele precisava voltar: “Volta, fulano, volta!”. Mediquei esse
paciente e, em seguida, ele fez uma eliminação pela pele, criando
um círculo pruriginoso em torno da região do cardíaco, indicando
saída de uma energia mórbida que estava instalada naquele nível
do centro dinâmico do coração. Enquanto o corpo exonerava, o
mental e o emocional iam melhorando progressivamente. Dias
depois ele me telefonou dizendo que havia voltado. E repetia:
“Eu voltei! Eu voltei!”.
140 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
Esse é o mistério, esse lugar em que o self fica aprisionado
sob essas forças egoicas, como fantasmas internos, formas de
pensamento que sequestram a consciência. Pelo que pude ob-
servar nesses processos – e aqui vale a pena lembrar que não
estamos trabalhando conceitos teóricos, mas sim aquilo que foi
percebido como práxis utilizando a metodologia BioFAO –, quando
o indivíduo recebe uma informação que abre esferas de auto-
-organização, essas forças dispersivas, esses fantasmas internos
passam a servir de lenha para acender o fogo do próprio espírito.
Significa que o self, a partir desse realinhamento interno, passa a
reconhecer sua identificação com o ego, enxerga-se separado de
sua criatura e, num estado de coerência quântica, passa a deter
um poder interno capaz de realizar a escolha de transmutar cada
um desses fantasmas, cada uma dessas formas de pensamento,
de volta para sua fonte original, que é ele mesmo. Ele consegue
uma qualidade de desidentificação em relação a esse padrão mór-
bido recorrente e, diante de um estado de presença, no momento
de desafio interior, consegue dizer a si mesmo: “É impossível ver
dois mundos. Busco a minha liberdade e liberação e isso não faz
parte do que eu quero”.10 Essa qualidade de presença dá poder à
palavra e o self toma de novo para si mesmo a energia que era sua
originalmente, e que estava aprisionada pelas dinâmicas egoicas.
Essa visão de mundo recupera alguns sentidos fundamentais co-
nhecidos pelos antigos saberes, tal como afirma o grande teólogo
das florestas brasileiras Kaká Werá,1 que diz que, de acordo com a
tradição tupi-guarani, “a palavra tem espírito”,11 evocando o verbo
como potência de criação e de dispersão de realidades.
A verdade se coloca como potencial que o Biocampo, como
self consciente, oferece como meio de trazer de volta para si o que
lhe foi roubado pelas ilusões, coloca-se como um fator integrador
desses padrões dissociativos que precisam ser des-criados por meio
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 141
da presença consciente, da intenção sagrada e do verbo, trazendo
esse potencial dinâmico para a sua fonte de origem, o self, aqui
interpretada como a psique. Esse processo interno coaduna-se
com outra qualidade de integração que se observa no processo
de autorrealização e se coloca como um papel magistral dessa
polaridade feminina, representada pelo self, na salvação do seu
próprio mundo.
Examinando as implicações dessa trama existencial de muitas
facetas, torna-se evidente o papel da medicina como responsá-
vel pelos níveis de consciência na humanidade, pois Biocampos
adoecidos vão gerar líderes adoecidos, legitimados a entrar no
poder por povos adoecidos, reforçando ciclos viciosos de retroa-
limentação de processos que buscam sua própria perpetuação. O
que proponho com esta reflexão é a observação sobre a origem
do caos que estamos presenciando e dos seus muitos significados.
Vale dizer que, na perspectiva deste outro lado da linha, pas-
samos a interpretar todas as aberrações, corrupções e crueldades
a que assistimos simplesmente como mentes que se desviaram
a tal ponto que o ego tomou inteiramente o comando daquele
indivíduo, não existindo mais uma consciência como presença e
como ator daquela realidade existencial.
Como estamos falando de mundos multidimensionais,
simultaneamente, a essência segue prisioneira na sombra do
inconsciente, sendo também assolada pelo aprofundamento
desses padrões mórbidos, com crenças cada vez mais arraigadas
pela distorção desse ciclo vicioso dominador. Lá no castelo es-
quecido, a Fera, tal como no drama arquetípico, na qualidade de
essência, vai perdendo progressivamente seu sopro vital e, a cada
dia, assiste o desfolhar de cada pétala da sua rosa mágica, numa
contagem regressiva para sua última chance de se expressar no
mundo, o Amor que É.
142 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
As pétalas caem todos os dias no inconsciente dos seres,
buscando lembrar que algo precisa ser feito para a saída dessa
condição e que o self, representado pelo nosso lado consciente e
gestor da vida, nossa psique, precisa alcançar a tempo essa es-
sência e salvá-la. Isso está retratado sempre e de diversas formas
em todas as histórias arquetípicas que a nossa civilização acredita
terem sido criadas apenas para as crianças.
Quando, a partir desse outro lado da linha, pensamos em cura,
estamos falando em trazer primeiramente os self de volta para o
seu lugar de poder interno, a consciência de não fugir mais de si
mesmo, refazendo primeiramente suas questões humanas, recom-
pondo suas relações, descobrindo seus elos perdidos, resgatando
seus dons, se cercando de verdades que estavam obliteradas para
ele. Trata-se primeiro de voltar a se sentir humano, e agir a partir
do coração, enxergando a dimensão do social como extensão de
si mesmo. Depois, a consciência de ancorar sua sustentabilidade
no mundo, refazendo a conexão com suas linhagens, sua cultura,
cuidando do próximo, daqueles que estão diretamente relacionados
a ele, pois não existe nenhuma coerência em alguém se considerar
salvador do mundo quando seus próprios filhos passam fome de
amor e de sustento.
Voltar a esse lugar de si significa, num primeiro momento, o
self encontrar a si mesmo em meio a esse turbilhão do mundo e
perceber que o caminho agora está nele mesmo e, assim, partir de
um ponto; as sincronicidades começam a acontecer, criando todas
as condições para que, de repente, ele se veja diante da porta de
seu castelo interior.
_A cura como um processo
A cura, nesse contexto que estamos construindo, pressupõe encon-
tros e, portanto, experiências na esfera do sentir, do compreender
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 143
e do assumir. E a recuperação da saúde, como uma experiência
integrativa, que pressupõe acessar outras esferas do ser, se coloca
como uma primeira dificuldade, pois, nos tempos atuais, esse lugar
da experiência foi ocupado simplesmente pela informação que, su-
perficialmente, se quer “possuir” sobre isso ou aquilo, o que não leva
a nenhuma mudança de estado de consciência, pois não passa pela
experiência. Este mundo contemporâneo, segundo Walter Benjamin,12
se caracteriza pela pobreza de experiência, apesar da torrente de
informações que nos chegam como nunca visto anteriormente.
Sobre o tema, Larrosa13 deixa clara a importância de se separar
o saber da experiência daquilo que absorvemos como informação
simplesmente, afirmando que o saber da experiência está cada
vez mais raro, pela falta de tempo e pela velocidade das coisas,
que, no limite, transforma tudo em efêmero e fugaz. Ele acrescen-
ta ainda que a velocidade do mundo moderno e a obsessão pelo
novo impedem a conexão significativa entre os acontecimentos,
obliterando os mecanismos de memória, já que os acontecimentos
vão substituindo uns aos outros sem deixar vestígio algum.
Essas representações no mundo atual colaboram para
manter esse self separado de qualquer possibilidade de contato
com dimensões mais profundas de si mesmo, transformando a
vida numa passagem sem sentido para aquela pessoa. Isso leva
o indivíduo a uma desconexão que, em seu imaginário, rouba de
sua mão os ingressos para a entrada no portal que leva ao interior
dele mesmo. O ser humano sente essa forma essencial de exclu-
são, de simplesmente não poder estar conectado ao restante do
Universo, e isso em termos holográficos significa que seu pequeno
holograma, seu Biocampo, não vibra mais em consonância com os
sons da eternidade.
O processo de cura pressupõe então poder entrar na expe-
riência de si mesmo e entender que aí temos que contemplar o
144 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
movimento do campo, que não temos nenhuma ingerência no que
diz respeito a acelerar processos, dar jeitinhos de contornar. Aí,
o único pastor é o Biocampo, que vai conduzir suas ovelhas pelo
caminho que sua inteligência holográfica determinar.
Digo isso porque essa dimensão egoica da atualidade im-
pregnou nos indivíduos uma forma de estar no mundo, mantendo
sempre o controle, desviando o processo, encurtando caminhos
e, portanto, roubando de todos os seres a oportunidade de entrar
na experiência.
Nas linhas coerentes com a cura deve haver uma entrega,
deve-se deixar que essa energia inteligente trabalhe trazendo sig-
nificados, fatos, encontros positivos ou aparentemente negativos
que sempre estarão diretamente relacionados ao que o indivíduo
precisa acessar e compreender.
É muito comum, durante essa auto-organização, as pessoas
encontrarem antigos amores, amigos e situações que parecem
trazer lembranças de coisas que, no instante da cura, estão sendo
redimensionadas pelo Biocampo.
Temos muitas vezes a impressão de que todo o universo se
mobiliza quando uma pessoa está sendo curada, parecendo ser
mágico mesmo, pois engloba muitas coordenadas simultaneamente,
levando a momentos em que a onda colapsa e várias vertentes
se juntam novamente para que aquela pessoa possa reintegrar
aquele padrão interno.
Lembro do relato de uma paciente que, na semana seguinte ao
recebimento da informação do BioFAO, estranhou ter encontrado,
depois de muitos anos, com todos os seus ex-namorados em uma
mesma semana, sendo que um deles, o que detinha o nó principal
das suas questões emocionais, tinha vindo de um país distante
exatamente naquela semana e, casualmente, se encontraram numa
festa. Ela referiu que na hora do encontro batia uma brisa morna
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 145
em seu rosto, exatamente da mesma forma como sentira quando
os dois se encontraram pela última vez, muitos anos atrás. Como
um espelhamento holográfico que retorna, ela referia as mesmas
impressões de perfumes do ambiente, de cenário, como se mon-
tassem o mesmo palco para o self novamente entrar em cena e
dessa vez se colocar como deveria ter feito anos atrás e não havia
conseguido. Parece que o indivíduo é trazido de volta para as bi-
furcações que Prigogine fala e tem a chance de escolher outra vez.
Esse aspecto do holograma inteligente demonstra a delica-
deza da natureza em trazer detalhes, como se, de repente, a vida se
preocupasse com o batom que você perdeu, cuidando de detalhes
minuciosos, como se todo o conjunto de coisas implicadas tivesse
igual importância. Esses caminhos inteligentes da vida apontam
para uma natureza intrinsecamente amorosa e seus cuidados com
os detalhes nos trazem uma percepção de que, para esse amor
imanente da vida, tudo parece ser valioso e singular.
Esse trabalho de condução dos pacientes de um universo
para esse outro lado da linha requer que eles vão aprendendo
aos poucos a entender que eles estão migrando mesmo para um
mundo de novas representações, que, no início, pode lhes parecer
estranho, mas que, em seguida, eles reconhecem como a sua forma
original de lidar com os processos da vida.
Em relação ao que vai acontecendo no trabalho de recupera-
ção da saúde física, emocional e mental, essa energia inteligente
opera alinhada com o previsto pelas leis de cura, descritas no
vitalismo homeopático por Hering. Essas leis preveem que a ela-
boração dos sintomas, no processo de cura, deve seguir um fluxo
no organismo, de cima para baixo, de dentro para fora e na ordem
inversa do aparecimento dos sintomas.14
O Biocampo detém memórias e, portanto, todas as su-
pressões que foram realizadas em relação a inúmeros sintomas
146 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
deixaram padrões de memória sinalizados em órgãos e sistemas
específicos do corpo e, quando o indivíduo entra em dinâmicas de
auto-organização, o sistema passa por ali decodificando esses
padrões, retirando esses pontos de impedimento que ficam obli-
terando as esferas emocionais e mentais dos indivíduos.
Então, por exemplo, uma pessoa que apresentou por anos um
quadro crônico de gastrite numa época em que foi exaustivamente
perseguida pela sogra, e não conseguia se colocar ou trabalhar o
padrão de forma a ressignificar aquela dor, em algum momento
do processo de cura, vai sentir, de alguma forma, um desconforto
na região gástrica e, simultaneamente, vai surgir alguma situação
que traga um evento ou uma lembrança para ressignificar aquele
padrão. Essa pessoa vai entrar em contato com alguma situação, ou
lembrança – até mesmo com a própria sogra –, que vai trazer a ela
uma oportunidade de encontrar novamente a expressão que não
encontrou no passado, encontrar não só a sua expressão daquele
padrão em relação ao mundo, mas o resgate do significado que
aquela experiência teve para ela, retomando para si a energia que
no passado que lhe foi roubada pelo evento. Percebo claramente,
na dinâmica do BioFAO, o resgate de sequestros de energia que
aconteceram durante a trajetória existencial. Exatamente por esse
motivo que líderes espirituais autênticos e carismáticos detêm um
fortíssimo potencial de energia no self, o que significa alguém que
integrou em si mesmo todas as suas partes dispersas. A consciência
desses seres, conhecidos como “iluminados”, transforma-se em um
supercondutor, como um laser, cuja energia se torna magnetizante
para as pessoas que os rodeiam, não só por sua presença, mas
pelos seus atos e emanações.
Esse é o sentido de que, para nos curarmos, devemos olhar
para dentro e criar um senso de autorreferência, o que é instigado
nos encontros psicoterapêuticos desde sempre. Trazer conteúdos,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 147
memórias e padrões que obscurecem a consciência – essa é a base
de qualquer processo terapêutico.
A informação que a metodologia BioFAO insere no Biocampo
movimenta as águas do lago profundo do inconsciente, trazen-
do os padrões necessários, e apenas os necessários, para que a
consciência possa entrar no fluxo universal.
Encontra-se nesse ponto a maestria para a cura, porque
mexer no lago é bastante fácil, mas mexer trabalhando as leis de
forma correta e tornando o instrumento suave o suficiente para
que o self receba a informação de forma estruturada e coerente
exigiu um trabalho de muitos anos para a estruturação de todos
os detalhes dessa metodologia. A arte de movimentar as águas
do grande lago interior, representado pelo Biocampo, foi a grande
questão desse trabalho.
Explicando essa elaboração dos sintomas, significa que al-
gumas memórias importantes no processo e seus sintomas podem
retornar momentaneamente e depois desaparecem segundo os
fluxos previstos pela natureza, e inclui-se neste segmento o que
foi descrito anteriormente sobre as fases da cura. Importante ter
claro que a fase da depuração se torna essencial a esses padrões
eletromagnéticos desorganizados, pacotes mórbidos de informa-
ção, denominados de miasmas no contexto homeopático, ou de
energia perversa no âmbito da medicina chinesa. Esse lixo interno,
guardado por anos, precisa ser eliminado, sem contar os padrões
mórbidos herdados por antepassados por meio de síndromes ge-
néticas clássicas, ou estigmas familiares que se encontram nessa
linha de reatividade.
As pessoas guardam um imaginário de que processos de cura
pelas leis naturais de cura são lentos, mas só existe um processo
de cura, uma forma de andar de acordo com a natureza, pois essa
dinâmica é única. A outra forma não é de cura, é supressão que,
148 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
como no filme Alien, o oitavo passageiro, enquanto bombardeavam
o monstro num lado do navio, ele surgia inesperadamente em ou-
tro lugar, para desespero dos tripulantes. Os miasmas funcionam
assim, de forma surpreendente, exigindo maestria na condução
dessas dinâmicas, de forma a levantar o lençol do fantasma da
doença e desvendar todos os circuitos criados pela ilusão.
Sobre essa questão de a cura ser muito lenta, digo que, mes-
mo se demorasse, valeria a pena diante daquilo que finge curar,
mas não cura e, no limite, nem admite que cura, como acontece no
contexto da medicina moderna. A questão de velocidade também
foi um dos quesitos de ajuste durante o percurso do processo
metodológico do BioFAO, de forma que as potências medica-
mentosas pudessem contemplar as leis de cura da forma mais
rápida e mais suave possível. A partir de um ponto ótimo nesses
ajustes, devem-se aguardar os processos. Muitas vezes, uma dor
está ligada, por exemplo, a uma saudade, e a pessoa tem que
encontrar sincronicidades que possam trazer conforto para esse
sentimento antes que essa dor deixe de existir. O Universo deve
buscar recursos, que às vezes devem vir de muito longe, para que
uma pessoa sinta uma espécie de bênção, uma outra perspectiva
que o universo holográfico utiliza para curar processos.
A vivência desse outro lado da linha também volta a dar vida
a certas palavras que desapareceram de nosso cotidiano, e ben-
ção é um exemplo. Essa palavra foi usada muitíssimo nos tempos
passados por gerações que emitiam esse tipo de intenção para
seus entes queridos, abençoando-os, em geral, numa emanação
de amor dos mais velhos para os mais jovens, em um tempo que,
coincidentemente ou não, parecia ser mais humano e integrador.
Esses valores e símbolos foram desaparecendo de nossas repre-
sentações internas e os seres humanos não deram conta das peças
fundamentais que foram sendo retiradas sorrateiramente e que
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 149
representavam forças estruturantes da psique humana.
Em relação à velocidade de respostas nos processos de auto-
-organização sistêmica, existe uma diferença nítida na resolução
mais rápida para aqueles pacientes que já vêm cuidando do campo
vital de diversas formas, no que tange à alimentação, hábitos e
trabalhos de autoconhecimento, em relação àqueles que estão
completamente desconectados de qualquer percepção de si mes-
mos, o que significa dizer que os processos de cura começam de
pontos diferentes para cada um, pelo que parece que uns começam
do curso básico e outros já se encontram em nível superior, não
tendo essa comparação nenhuma relação com o nível concreto
de escolaridade. O paciente, dessa forma, está exatamente onde
conseguiu chegar, e não cabe também ao médico julgar isso. Im-
porta que ele caminhe de onde está para diante, não se perdendo
de vista as singularidades, mesmo porque, muitas vezes, quem
parece estar muito mais perdido pode voltar iluminado na consulta
seguinte, surpreendendo o médico. O ser humano bem informado
energeticamente é sempre um berçário de surpresas.
Recordo-me de um caso interessante de uma paciente que,
certa vez, pediu-me uma série do BioFAO para ajudar um mendigo,
morador em situação de rua, pois estava num projeto social que
distribuía sopas à noite para mendigos no centro do Rio de Janeiro,
e um deles era um homem profundamente inteligente, que falava
inclusive vários idiomas, mas estava ali vivendo pelas calçadas
como um “sem teto”.
Ela ficou profundamente consternada ao ver uma pessoa tão
preparada e inteligente há anos naquela situação e perguntou-lhe
se aceitaria tomar uma homeopatia para equilibrar seu campo
energético, e ele prontamente disse que sim. Ela me solicitou e
prescrevi uma série do BioFAO para ele e, meses depois, essa pa-
ciente me ligou dizendo que ele havia saído da condição de mendigo
150 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
e agora havia se tornado o que chamamos aqui de flanelinha, um
guardador de carros, e que havia alugado um sobradinho no centro
da cidade para viver. Depois não o viu mais e, na época, os cole-
gas de rua disseram que ele tomou outros rumos e seguiu a vida.
Quem trabalha com pessoas em situação de rua sabe o quanto é
difícil retirá-los desse padrão. Uma série do BioFAO apenas, e ele
encontrou novamente sua força, reconhecendo a si mesmo e todo
o potencial de conhecimento que trazia, retomando essa dimensão
do “Eu Sou”. Trago esse caso para mostrar que existem caminhos
de reintegração para os seres excluídos do palco social, e que esse
é um trabalho que deveria se iniciar pela área da saúde, criando-se
políticas que pudessem apoiar o tratamento dessas populações
marginalizadas em nossas sociedades contemporâneas.
_Sobre o diagnóstico
Nesse outro lado da linha, apesar de o médico ter sido exausti-
vamente treinado a diagnosticar, vindo de uma clínica moderna,
racionalista, que prima essencialmente pelo diagnóstico, visando
a uma ação intervencionista, aqui ele passa estranhamente a
reconhecer que o diagnóstico se transforma no “par de sapatos”
que ele precisa deixar do lado de fora da porta antes de entrar
para essa nova forma de observar a vida. Um lado de sua mente
guarda o conhecimento que esse médico deve saber, para avalia-
ção dos riscos e dos processos evolutivos dos quadros mórbidos,
na emergência dos quadros agudos que vai certamente precisar
pontuar, mas, internamente, nesse novo lugar, ele reconhece que
precisa fazer um deslocamento epistemológico, saindo de uma
disciplina voltada exclusivamente para as doenças, e voltar para
uma arte de curar indivíduos doentes, encontrando nesse retorno o
seu paciente como sujeito e protagonista de seu próprio processo.
Sair das amarras do diagnóstico, que se coloca como um disposi-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 151
tivo de negação da complexidade e expressão de singularidades
dos indivíduos e reduz toda a subjetividade de uma vida a uma
palavra, como, por exemplo, a depressão, que tem mais sentido
de sentença do que de possibilidade.
No que tange aos quadros agudos, objetivamente, fica evi-
dente que ele deve informar sobre o quadro, dados que apareçam
em exames, mas buscar sempre trabalhar o sintoma que está
ocorrendo e as possíveis causas emocionais que constelam cada
oscilação no Biocampo. Olhar o sintoma não como quem busca
um diagnóstico, mas como quem ajuda a interpretá-lo, religando-
-o a um sentido na compreensão da trajetória existencial desse
sujeito. Isso significa que esse novo tipo de observação nos leva
naturalmente a colocar o discernimento no lugar do julgamento
que o diagnóstico impõe.
Atualmente, um grande número de pacientes que iniciam
o tratamento relatam estar tomando remédios para depressão,
pois tudo que o ser humano possa sentir hoje de desconfortante,
opressor, desafiador passa a ser confinado nesse diagnóstico.
Assim, tristeza, luto, mágoas, sensação de abandono, rejeição,
raiva, ódio, solidão no mundo, preguiça, desânimo, rigidez interna,
falta de libido, angústia e toda nuance de expressão desse Bio-
campo sofre uma cruel redução para uma única palavra, que é a
depressão, destituindo “a doença de sua condição de ser, para uma
condição de estado”,1 que agora deve estar subjugada a condutas
e protocolos preestabelecidos de forma massificada.
Como exemplo, podemos citar um indivíduo, por exem-
plo, que sofre uma violência urbana e, nos dias seguintes ao
evento traumático, busca um médico e recebe o diagnóstico de
depressão, sem ao menos se levar em consideração que, antes
do episódio, esse paciente se encontrava bem e que, mesmo no
contexto alopático, essa conduta seria precipitada e incoerente,
152 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
pois a depressão pressupõe uma doença crônica com uma gama
importante de sinais e sintomas que deveriam estar relacionados.
Assim, esse mesmo paciente, diante do médico, sofre um segundo
impacto quando se vê encarcerado dentro de um diagnóstico de
depressão, enquadrado na categoria de um doente crônico, e, a
partir dali, condenado a tomar algum remédio por muito tempo,
quiçá pelo resto da vida.
Ao longo de minha vida profissional cuidei de muitas pessoas
que adoeceram pelo impacto de diagnósticos, que, muitas vezes,
são muito mais assustadores para os pacientes do que a própria
doença. Com a doença a pessoa já vem lidando, da sua forma, pois
esse sintoma surgiu a partir de seu campo vital, portanto não se
apresenta como uma natureza estranha ao indivíduo. O diagnós-
tico, sim, é estranho, encarcera, diminui e tira o poder pessoal do
indivíduo de lidar com a questão, pois não se consegue lidar com
o desconhecido, com o que se apresenta como bizarro.
Deste outro lado da linha, buscamos nos ater a toda a história
de vida desse sujeito, como surgiram os primeiros sintomas, em
geral provenientes de inúmeras supressões medicamentosas que
foram realizadas ao longo da vida, em que um problema de pele
é suprimido por corticoides e, tempos depois, ressurge como uma
asma, que novamente é tratada com corticoides e evolui para uma
doença autoimune, seguindo uma trajetória única e integrada de
aprofundamento de padrão mórbido, muito bem conhecida pelos
homeopatas.
Buscando ouvir toda a história, vemos os sentimentos e trau-
mas que essa pessoa sofreu, buscando pontuar esses momentos de
dor como pontos de avaliação para as emoções implicadas. Esses
pontos servem de referencial para marcar os portais que precisam
ser abertos para aquela pessoa, no sentido de observar, nos retor-
nos seguintes, se ela conseguiu ter uma abertura de consciência
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 153
em relação àquelas questões. Reduzir toda essa complexidade
humana a um só diagnóstico, como depressão, transtorno bipolar
ou outro qualquer, nada de objetivo acrescenta ao paciente, não
serve de nenhuma referência interna e apenas o induz a entrar
na internet e iniciar uma rota de desespero, criando certezas de
prognósticos desoladores. Esse estresse torna-se uma forma de
paralisar toda a criatividade inerente ao Biocampo, anulando os
estímulos naturais para que essa propriedade inerente de autor-
regulação encontre saídas inteligentes.
Tenho assistido ao drama de crianças e jovens com caracte-
rísticas de dominância cerebral direita que, quando desequilibram,
perdem foco, não conseguem concluir suas tarefas, oscilando
muito entre a tristeza e a alegria, tal como descrito anteriormen-
te, recebem diagnósticos de bipolaridade, distúrbio de atenção e
outros diagnósticos cada vez mais sofisticados, quando todo o
distúrbio está simplesmente na não observação do equilíbrio do
campo vital. Organizando esse campo, essas crianças encontram
novamente o sentido de estar no mundo.
E o que eu insisto em frisar é que, deste outro lado da linha,
essas crianças não são enquadradas como doentes e que uma
das coisas mais espetaculares de se assistir aqui desse lugar é ao
brilho voltar ao olhar dessas criaturas, quando ouvem que o que
elas apresentam se trata apenas de um desequilíbrio do campo
energético e que isso pode ser trabalhado em suas vidas.
Outro dia recebi uma paciente que chegou à consulta com o
intuito de retirar os antidepressivos, dizendo-me que, realmente,
nunca mais havia chorado depois que iniciou o tratamento alopático,
mas que também nunca mais havia sorrido como antigamente, e
que queria voltar a rir e a chorar, pois tinha a impressão de estar
sob a influência de um chip e de não ser mais ela mesma. Esses
relatos são constantes na nossa prática.
154 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
Quando operamos dialogando com o Biocampo das pesso-
as, olhamos a saúde imanente e esse olhar do médico tem uma
força arquetípica que muitos profissionais não têm consciência.
A palavra de um médico tem muito poder sobre o Biocampo de
seus pacientes, pois ele ocupa hierarquicamente um lugar de
mestre e cuidador dessa dimensão humana. E quando a pala-
vra é proferida por pessoas que ocupam posições arquetípicas
na sociedade, torna-se muito potencializada para influenciar o
imaginário das pessoas.
Então, ouvimos a dor daquela pessoa com respeito e bus-
camos avaliar as possíveis saídas para o drama, pois a doença
surge sempre a partir de um drama existencial, de um desvio. O
que precisa ser trazido para a luz da consciência daquela pessoa
torna-se um sentido de caminho que o médico mergulha a cada
vez, e a cada consulta, tentando encontrar as pérolas que estão
no fundo daquele ser e que, comumente, a pessoa cria resistências
para não enxergar. Muitas vezes os médicos caçam pérolas, outras
vezes entram em verdadeiros infernos com os seus pacientes, pois
lá pode estar a resposta para a questão daquele momento. A be-
leza desse encontro está fundamentada exatamente na busca da
causa do adoecimento, e não há espaço algum para diagnóstico
dentro dessa percepção, que deve ser integrada. Nesse encontro
só há espaço para um terceiro princípio, conhecido como “ter-
ceiro incluído”, que se apresenta como síntese, trazendo insights
e ressignificações.
Penso ser importante manter a riqueza do diálogo com as
emoções humanas, suas aspirações e necessidades, ampliando a
consciência do indivíduo em vez de reduzi-la, fazendo da consulta
um encontro entre dois seres, de forma a pessoa saia da consulta
médica refletindo sobre algumas questões interessantes sobre a
sua existência. Quando se faz um diagnóstico de forma a reduzir
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 155
uma história de sofrimento de toda uma vida a um único nome,
está-se roubando do ser humano a sua maior riqueza, a sua
possibilidade de ressignificar aquele material para o seu próprio
amadurecimento, para chegar a maiores níveis de compreensão
e sabedoria.
Os antigos atravessavam guerras terríveis com suas famílias e
superavam os dramas sem fazer drama, pois as pessoas se sentiam
fortes em si mesmas, não eram depressivas, simplesmente porque
não havia esse diagnóstico em lugar nenhum. As pessoas ficavam
tristes, muito tristes, viviam lutos, desesperos e angústias, mas a
cada coisa era dado um significado e, com essas representações,
pareciam se fortalecer com as intempéries da vida. Hoje, assisti-
mos a pessoas fragilizadas sem motivo aparente e a depressão
avança como uma guerra fria sobre as populações, insuflada por
interesses corporativos de um capitalismo realmente selvagem.
Essa se traduz numa visão importante que eu pensei em trazer
sobre este “outro lado da linha”, de onde se enxerga essa loucura
instalada, o sofrimento crescente agora também das crianças,
quando, na realidade, tudo que objetivamente acontece são fatores
desestabilizantes no Biocampo, causados por processos internos
que necessitam ser revisitados por essa luz interior, que se torna
mais acessível num processo de cura legítimo. Ao que parece, a
reorganização do campo com o BioFAO incrementa por um lado a
coragem no indivíduo de dar o passo e olhar para o que existe ali
e necessita ser visto, aquilo do qual ele fugiu a vida inteira e, por
outro lado, parece favorecer um fluxo que traz esse padrão para
diante dos olhos desse sujeito, desse self, vindo de sua própria
consciência, agora realinhada.
Outra recordação, de alguns anos atrás, é de um menino
de 7 anos, vindo de outro estado brasileiro, que entrou em meu
consultório em um estado bastante alterado de consciência, di-
156 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
zendo estar vendo demônios à sua frente que o incitavam todo o
tempo a enfiar uma faca na barriga de sua mãe, mostrando em
sua história um enorme sofrimento em relação à escola, à qual
não conseguia ir, baixa autoestima, medos, sem foco e com muita
confusão mental.
Enquanto levantava a história, providenciei medicamento
na farmácia homeopática e imediatamente eu mesma fui medi-
cando aquela criança em caráter de urgência, mantendo-o em
meu consultório algumas horas até terminar toda a sequência do
BioFAO. Em seguida, o menino foi se acalmando, os diabos sumi-
ram, e ele saiu tranquilo para casa. Seguiu sua vida, sem outras
intercorrências. Agora, dez anos depois, numa consulta anual,
perguntei-lhe se havia tido alguma percepção estranha ao longo
de todos esses anos e ele respondeu que nunca mais havia sentido
nada daquilo e que aquela fase havia se apagado completamen-
te de sua mente. Hoje ele se encontra bem socializado e pronto
para a vida.
Não dei diagnóstico. O que tratei foi um menino que via de-
mônios que o incitavam a matar sua mãe, profundamente inseguro,
com muitos medos, e que não conseguia dar conta do seu meio
social. Cada um desses padrões foi olhado, trazido para a luz da
consciência, com seus demônios e suas representações, e ele foi
integrando um a um, de forma a transmutar essas energias para
outra realidade interna. Naquele momento, fechar um diagnóstico
para aquela criança teria sido enquadrá-la em um padrão desco-
nhecido para a sua percepção anímica.
Diagnósticos podem ser perversos e colocam a alma huma-
na num lugar de estranheza e impotência, pois ela não encontra
recursos internos para lidar com encarceramentos tão pode-
rosos e, ao mesmo tempo, profundamente distantes da nossa
própria humanidade.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 157
_Reencontrando o cuidador
Essas configurações necessárias para que a saúde seja reorganizada
tiram o médico do lugar de prescritor simplesmente e o devolvem
para um lugar de cuidador que, em um primeiro momento, pode
parecer mais pesado, mais comprometedor, mas desprovido de
liberdade, mas digo que é exatamente ao contrário, o arquétipo do
cuidador devolve ao médico sua magia, ao se religar com campos
integrados da consciência e descobrir que trazer reintegração e
esperança ao coração dos outros se torna muito mais represen-
tativo para sua existência do que permanecer em sua zona estéril
e individualista, como sustenta a ordem médica.
Nesses novos caminhos, o médico vai percebendo que o pa-
drão que ele vê como digno de curar no outro é preciso em geral
olhar e trabalhar em si mesmo, e cada lágrima que se derrama em
seu consultório também tem a ver com sua própria dor. Estar no
outro lado da linha pressupõe que o cuidador vá à frente daqueles
que ele intenciona curar.
Interessante observar como os pacientes apresentam uma
qualidade de percepção aguçada, e intuem exatamente como o
seu cuidador está interiormente, buscam identificar esse lugar
interno onde o seu médico se encontra em relação ao que esperam
para eles mesmos. Isso significa dizer que o médico deve buscar
um realinhamento interno para que, nesse encontro, o paciente
sinta que o médico chegou a um lugar ou uma condição que se
torna um referencial subjetivo para ele, como paciente, no sentido
de uma condição de equilíbrio interno, à qual ele, como paciente,
também intenciona chegar.
O cuidador deve chegar antes para abrir a porta da casa
e esperar a chegada de seus pacientes e amigos. Se ele mesmo
estiver perdido, os pacientes acolhem essa percepção e todos os
terapeutas sabem que, quando não estão bem, seus pacientes
158 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
desmarcam as consultas. Isso inclui-se num fenômeno conheci-
do como ressonância mórfica. Rupert Sheldrake15 descreve essa
classe de interação de campos perceptivos como uma qualidade
de comunicação que acontece de forma não local entre indivíduos
de uma mesma espécie.
Nesse novo lugar, o médico faz uma anamnese detalhada,
buscando apreender os focos de tensão, a partir do drama principal
que o paciente aporta a cada consulta. Interessante observar que,
a cada consulta, o paciente se refere como protagonista de um
desafio distinto ou fazendo parte de um novo drama existencial,
que espelha cada padrão que ele vai transmutando em sua consci-
ência. O cuidador examina com atenção os traçados que o paciente
traz daquela vez e vai compondo os padrões que se estabelecem
a cada momento. Na consulta seguinte, a pessoa já ultrapassou
aquele padrão e traz outra história, de outra bifurcação que ele
agora precisa resolver.
Nesse encontro, o cuidador examina em seguida o paciente
e aprende a fazer algumas leituras para detectar a vibração dos
centros dinâmicos, para ver como estão os padrões de frequência
no Biocampo. Ele realiza o exame físico, das funções vitais, e a
observação dos exames laboratoriais e de imagem de acordo com
cada caso. A seguir, observa um prognóstico clínico dinâmico desse
paciente para a escolha da melhor potência medicamentosa do
BioFAO em relação ao quadro agudo ou crônico que se apresenta.
Ele avalia a evolução do quadro ao longo dos dias que se
seguem, dá continuidade ao cuidado observando se o quadro agu-
do foi equacionado e vai acompanhando os possíveis retornos de
sintomas, exonerações que, dependendo do caso, ele regula com
ajustes nas doses do BioFAO.
Em geral, quando o paciente inicia o tratamento, o cuidador
se imbui do papel de explicar como as coisas funcionam do outro
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 159
lado da linha. Depois de atravessada essa primeira fase, em que os
miasmas são equacionados, os pacientes retornam a cada quatro
meses, seis meses ou um ano para reprogramar suas medicações
anuais e seguem sem nenhuma intercorrência.
Outro ponto importante que o cuidador busca ensinar em sua
prática diária diz respeito à não existência de dogmas nem normas
deste outro lado da linha, onde o paciente é orientado a buscar
sua escuta interna e observar suas sincronicidades, de forma a
cumprir seus anseios sobre a forma correta de como se alimentar
melhor e de trabalhar sua espiritualidade. São incentivados sem-
pre a seguir essa pulsão interna, no sentido de reencontrar suas
raízes, seguir suas linhagens e o que sua natureza lhes determina
como melhor, afinal, eles estão inseridos num processo de auto-
-organização que pressupõe que essas linhas surjam a partir de
suas próprias singularidades.
E como nessa dimensão as coisas funcionam diferentemente
das do mundo objetivista, o cuidador percebe que, cuidando do
outro, ele também é cuidado, e que o que aparenta estar sendo
dado por seus cuidados, está na realidade sendo recebido no fundo
do seu ser, cumprindo-se um velho desígnio segudo o qual quanto
mais se oferece, mais se parece receber.
_Quadros agudos
A visão que se tem aqui dos quadros agudos é distinta das inter-
pretações que o modelo científico hegemônico propõe. O quadro
agudo não é visto como um fenômeno a ser combatido, mas sim a
ser regulado, pois indica sempre mudança de potencial dinâmico
no Biocampo. Quando mudam as frequências para padrões mais
mórbidos ou, da mesma forma, quando se retorna para padrões
mais compatíveis com a saúde, os agentes mórbidos funcionam
como vetores de mudança de frequência.
160 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
Mantemos o foco na representação de que, diante de um
quadro agudo, o indivíduo precisa ter essa passagem reorganizada
rapidamente, mas a forma de ver e interpretar é distinta do que
aprendemos a inferir nas escolas de medicina.
Quando um sujeito sofre um impacto emocional, trauma,
desgosto profundo, como uma falência financeira, sequestro
ou luto, em geral, vai seguir por dois caminhos: ou apresentará,
pouco tempo depois, um quadro agudo, um quadro inflamatório
agudo, uma virose ou uma infecção aguda; ou, numa segunda
linha, depois de um intervalo entre seis meses a um ano e meio,
dará lugar à instalação de um quadro crônico, resultante de um
processo mal elaborado internamente, em geral com doenças
mais profundas, sendo esse um cenário muito comum no caso
do câncer.
Na primeira vertente, o quadro agudo indica que houve uma
mudança de padrão dinâmico com aquele choque emocional, mas
que se encontra em níveis mais superficiais, que buscam, através
da doença aguda, uma forma de buscar um novo equilíbrio para
o sistema. Então, um germe patogênico se traduz, dentro dessa
visão, como um vetor de passagem de uma frequência a outra. O
grau de morbidade desse quadro agudo vai depender da gravidade
do potencial dinâmico do Biocampo.
Observou-se, nessas dinâmicas de biorregulação, que no
processo de cura, algumas vezes, as pessoas fazem quadros ti-
pos viróticos, que, da mesma forma, indicam que o padrão está
voltando para o equilíbrio, pois agora, o mesmo germe, de forma
muito mais benigna, permite exonerações de alguns sistemas,
como eliminação de mucos, coriza, diarreias que liberam energias
perversas ou padrões mórbidos do Biocampo, acompanhados
simultaneamente de grande melhora do mental, emocional e da
sensação interna de bem-estar.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 161
Quando entramos com a informação coerente do BioFAO sobre
um quadro agudo, buscando regular o Biocampo de acordo com seus
princípios, examinamos primeiramente não só a resposta rápida aos
sintomas físicos, com melhora do estado mental e emocional, como
temos a certeza de que não haverá desvios da energia, no sentido de
um aprofundamento do miasma ou padrão mórbido, com processos
infecciosos para órgãos mais profundos ou quadros septicêmicos.
Nesse contexto, nesses muitos anos acompanhando grande
número de pacientes, nunca observei quadros de glomerulone-
frites, febres reumáticas, meningites, endocardites e septicemias
decorrentes de uma má evolução secundária a um quadro agudo.
No contexto homeopático clássico, esses desvios são conhecidos
como metástases mórbidas e se colocam certamente como o maior
fator de estresse para um médico.
Se o campo está bem orquestrado, o quadro agudo não apro-
funda, e uma otite se mantém circunscrita a uma otite, e o médico,
através dessa metodologia, aprende a trabalhar com potências
medicamentosas compatíveis com cada grau de lesionalidade de
seus pacientes.
Costumo dizer que temos que estar revendo livros de medicina,
pois passamos muitos anos sem ver doenças agudas mais graves,
e nosso universo se mantém numa esfera de quadros agudos que
indicam oscilações num contexto mais superficial.
Portanto, quando uma criança pega uma virose e faz uma
amigdalite, refaz-se a sequência do BioFAO e o quadro imedia-
tamente se põe em marcha para o equilíbrio. O grande tempo de
construção metodológica foi devido à composição de estruturas
através dos campos multidimensionais geométricos de sorte a ter
uma abrangência que tocasse toda a completude da rede sistê-
mica, para favorecer uma reação adequada do próprio campo, de
acordo com sua inteligência intrínseca.
162 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
Trabalharam-se mecanismos sutis, de forma a dar velocidade
às respostas, pois nos quadros agudos, diferentes dos crônicos, as
leis de cura preveem uma resposta rápida de retorno, obedecendo
a mesma velocidade do vetor de adoecimento. Então, se não se
experimenta essa lei tal como prevista, deve ser ajustada a potên-
cia medicamentosa, de acordo com o padrão mórbido em curso.
Nesse contexto, observamos, por exemplo, que as viroses
requerem potências medicamentosas mais altas que as infecções
bacterianas e que o grau de lesionalidade do campo do paciente
também se coloca como fundamental. Portanto, em pacientes
mais graves, a mesma bactéria vai responder com potências me-
dicamentosas mais baixas, reafirmando que a ordem de comando
não parte do germe, mas sim do Biocampo.
Da mesma maneira, alguns quadros, como, por exemplo
enxaquecas graves, de pessoas que, para se livrarem de suas
crises agudas, precisavam tomar remédios muito potentes e com
intensos efeitos colaterais, depois de receberem a informação do
BioFAO apresentam retornos nos primeiros dias, mas muito mais
suaves, que respondem agora com analgésicos normais. Mostram
claramente que as frequências do campo se encontram com suas
ressonâncias mais estáveis, até que as ondas e frequências sejam
harmonizadas.
Em outros casos, como citei anteriormente, a própria infec-
ção inicia-se com um agente patológico que desaparece, dando
lugar a outro, como se a mudança de padrão fosse mudando os
vetores. Isso se traduz numa conversa do Biocampo com o cui-
dador e significa que estamos ainda aprendendo a interpretar
essa forma de linguagem que a vida oferece a cada quadro que
examinamos.
E sempre vale dizer que o Biocampo é tão poderoso no adoe-
cer como no curar. Causa-me espanto ver como as pessoas foram
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 163
condicionadas pelo establisment científico a acreditarem no poder
da doença e a não ter nenhuma confiança nesse terreno quântico
como o orquestrador da nossa saúde.
_Quadros crônicos
Olhando sempre o sujeito, e acolhendo o que possa vir, recebemos
pacientes vindos de todas especialidades médicas, com todos os
graus de lesionalidade, que chegam inicialmente desejando alívio
para suas dores e seus sintomas físicos, emocionais e mentais. Após
algum tempo de tratamento nessa nova visão sobre a medicina,
eles vão compreendendo que a proposta segue além, rumo a pro-
mover cada vez mais auto-organização e saltos de consciência.
Muito raro receber alguém iniciando tratamento sem uso
de medicações alopáticas, mas, ao contrário, chegam com vá-
rias receitas provenientes de muitas especialidades médicas. A
primeira regra, sempre, é nunca interferir em medicações pós-
-cirúrgicas, os pacientes são orientados sempre a seguir toda
a conduta recomendada pelos cirurgiões e só após seu término
busca-se realinhar o Biocampo e liberar os efeitos colaterais que
sempre surgem.
Os doentes crônicos que iniciam com receitas psiquiátricas,
cardiológicas e outras especialidades, em uso de corticoides e
imunossupressores, iniciam o tratamento nessa proposta de auto-
-organização sistêmica e, com a melhora dos sintomas, os próprios
especialistas iniciam o “desmame” dos medicamentos.
Os pacientes em uso de medicação psiquiátrica são orien-
tados a não retirarem a medicação sem orientação médica, pois,
quando o campo realinha, eles têm uma sensação subjetiva de
estarem novamente equilibrados e deve ser evitada a retirada
dessas medicações sem acompanhamento médico, para evitar as
síndromes de abstinência a essas substancias químicas.
164 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
Atendemos com frequência pessoas com casos gravíssimos
e terminais, que também recorrem ao tratamento para se se senti-
rem tranquilas e mais conscientes para enfrentar o inevitável. Na
perspectiva do vitalismo homeopático, classificamos os pacientes
em funcionais, lesionais leves, lesionais graves e incuráveis, es-
tando nesta última linha de lesionalidade, para esta metodologia,
apenas os pacientes considerados terminais. Hoje, muitas pessoas
que na medicina moderna são considerados incuráveis, não o são
neste contexto, pois, na alopatia, a perspectiva da doença crônica
não tem abrangência de cura, e sim de controle de sintomas. Os
casos clínicos que serão descritos ao final do livro trarão evidên-
cias suficientes para o que estou afirmando aqui.
Mesmo o paciente terminal tem muito a ganhar quando re-
cebe uma informação coerente para o seu Biocampo.
Lembro-me de uma paciente que, certa vez, me ligou dizendo
que seu pai estava internado no hospital com um quadro terminal
de câncer e que gritava desesperado com medo de morrer, tendo
que permanecer sedado para suportar a dor emocional.
Diante do desespero dessa mulher, busquei tirar os dados
sobre seu pai e prescrevi uma série do BioFAO. Tempos depois ela
me telefonou dizendo que seu pai havia falecido há dois dias e que
estava ligando para agradecer, relatando que, depois de tomar
a série BioFAO, ele perdeu completamente o medo e ficou um dia
reflexivo. Em seguida, pediu para que colocassem uma poltrona
no seu quarto de hospital e, a cada dia, chamava uma pessoa que
achava ter sido seu inimigo na vida ou com quem tinha tido algum
problema sério de mágoa anteriormente e ficava uma hora ou
mais conversando com cada uma dessas pessoas, a sós. O que a
família conseguia ver eram as pessoas saindo do quarto com o
rosto iluminado e sempre muito emocionadas. Pediu, em segui-
da, para que fossem regularizados todos os seus documentos,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 165
facilitando a herança para os herdeiros, por sua livre vontade.
As dores foram muitíssimo aliviadas e ele esperou a morte como
quem espera a vida. Esse relato foi muito elucidativo e espelha
muito bem o que acontece.
Não significa lutar contra a morte, mas encaminhar processos
com equilíbrio e consciência, resolver pendências, se auto-orga-
nizar antes de partir e, acima de tudo, estar no seu lugar interno
de poder, não um poder sobre os outros ou sobre o mundo, mas
um poder de escolha sobre as redundâncias do seu próprio ego.
Segundo Jean-Yves Leloup, chegar a um lugar de si mesmo onde
não se identifica mais a realidade de sua doença, deixando de
ser “objeto” de um câncer, mas sujeito de um câncer, ou de outras
doenças físicas e psíquicas.16
Consegue-se ultrapassar esse pequeno circuito egoico, a
normose, que encarcera o ser com a velha mesmice, oferecendo
o mesmo amargo de suas velhas mágoas e rancores, e se escolhe
estar num novo lugar, a olhar nos olhos do outro e descobrir o
inusitado, aquilo que une, uma verdade singular.
O cuidador experiencia vivências únicas, como, por exemplo,
quando cura um caso de psoríase e chegam muitos iguais, como
se ele só curasse psoríase. Muito interessante que muitas famílias
assistem a casos muito fortes de cura em casos de doenças crôni-
cas e não conseguem alcançar que seria uma dinâmica aplicada a
qualquer outro paciente, mas permanecem focados na doença que
foi curada. Entende que, se o tratamento resolveu aquela doença,
ele só serve para aquela doença. Isso exige todo um trabalho do
cuidador nas famílias, pois essa metodologia tem uma perspectiva
muito significativa no âmbito familiar. Pode existir uma medicina
que não seja de família?
Lembro-me ainda de outro caso, de uma outra colega, que
iniciou o tratamento de uma criança que tinha um pai muito vio-
166 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
lento e a criança e sua mãe sofriam violência familiar. Apenas o
menino foi medicado e, na consulta seguinte, o pai compareceu e
perguntou à médica se haveria alguma possibilidade de o menino
ter sido medicado e ele ter sofrido influência, pois não conseguia
bater mais no filho e na mulher. A médica disse que sim, que o
campo do menino interfere no campo da família, tal como obser-
vamos nos animais de laboratório e na agricultura.
Mas, para além dessa explicação, que se coloca como um
lado da história, existe um segundo lado. Se a criança tinha uma
crença interna e um padrão inconsciente de ter um pai violento e
uma mãe vítima dessa violência, tal como ele mesmo, quando esse
padrão é liberado no seu campo de memórias inconscientes, o pai,
por ressonância mórfica, não consegue mais ser aquele homem
agressivo, pois as vítimas não existem mais. Não existe mais o
programa, e o outro não consegue mais agredir.
Assim também acontece com a violência urbana, pois, se
estamos com o campo organizado e foram trabalhados esses
eixos sobre vitimização versus violência, o indivíduo não vai atrair
esse tipo de experiência. Todo conflito começa no desequilíbrio,
na desarmonia no Biocampo, que progride em circuitos que vão
se ampliando na esfera social.
Gosto de pensar nesses circuitos, coerentes como o princípio
da fé, que ensina um pouco do que Jesus dizia sobre cuidar de
seu campo e tudo lhe será acrescentado, o que observamos muito
claramente nas dinâmicas que as famílias evidenciam através
das relações entre vítimas e algozes, assim como cidades com
altos índices de violência, que também colocam essa temática
em xeque sistematicamente.
Em relação aos principais eixos de resposta dessa metodo-
logia, considero que as doenças neurológicas têm surpreendido,
mostrando uma recuperação significativa dos pacientes, que
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 167
atestam a propriedade intrínseca do Biocampo de desenvolver
redes de neuroplasticidade bastante evidentes nos processos de
auto-organização.
Há trinta anos atrás havia uma prevalência maior na procura
para casos de alergia e distúrbios imunológicos e, com os anos,
pudemos testemunhar o agravamento da saúde nas populações
que hoje aportam muitas doenças mentais, cardiológicas, au-
toimunes, distúrbios de comportamento, sobretudo em jovens e
crianças, além do câncer, que tomou nos últimos anos uma forma
avassaladora.
Nessa dinâmica, a patologia que o paciente refere quando
chega como queixa principal serve como norteadora do grau de
lesionalidade do Biocampo e, junto com os sintomas mentais e
emocionais, vai sendo acompanhadao nas dinâmicas das fases
de cura até a resolução.
No decorrer da biorregulação que vai cursando no proces-
so de cura, o paciente vai passando como num scanner, onde a
energia começa a trabalhar na cabeça e vai descendo até os pés.
Com isso, se a pessoa veio tratar de enxaqueca crônica, deverá
sentir, nem que seja por 15 minutos, uma cefaleia. Depois, ela desce
para a garganta e o seu pigarro costumeiro se agrava por dois
dias. Depois, ela sente um pouco sua gastrite por um dia e a dor
na perna vai acusar, a seguir, as pernas pesadas. Depois, enfim,
há uma grande melhora. Enquanto sentia a dor de garganta, ela
lembrou das fases em que sofria bullying na escola e, naqueles
dias, encontrou alguém que falou no assunto e assim por diante.
O holograma vai tocando teclas do físico e suas notas respectivas
no programa mórbido instalado no Biocampo.
A um paciente que inicia tratamento com um problema no
pé, eu inicialmente explico que ele vai ter que esperar o scanner
descer até chegar naquele pé, pois não temos como alterar essa
168 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
ordem, pois ela segue uma lei natural. Lembrando que a medicina
chinesa afirma que a energia perversa entra pelos pés e sobe e,
nos processos de auto-organização, assistimos claramente a sua
saída descendo pelos pés. Algumas pessoas sentem, depois de uns
dias de tratamento, um peso nas pernas, como algo congestiona-
do, representando o acúmulo da energia perversa se organizando
para ser eliminada.
Nesses casos, peço para o paciente caminhar à beira-mar,
andando na areia para descarregar essas frequências ou fazer
um escalda-pés à noite com sal grosso, que era um recurso muito
utilizado por curadores de antigos saberes.
Em condições normais, as doses são repetidas de um a seis
meses e, em condições muito favoráveis, as pessoas passam um
ou mais anos sem necessidade de medicação. Muita gente retorna
depois de anos dizendo que andou bem, mas que agora sente que
precisa de suporte. O que vai nortear a percepção dos pacientes em
relação à necessidade de biorregular o campo estará apoiado nos
quadros clínicos, quando os sintomas existem, ou, mais à frente,
apenas na sensação subjetiva de perceber que perdeu equilíbrio
interno e que agora fica muito mais difícil navegar pelas águas
da vida. Essa é uma linguagem que agora também o paciente vai
introjetando, aprendendo essa qualidade de atenção, de ouvir
todos os sinais que surgem a partir do Biocampo, uma escuta
atenta aos seus sentimentos, às emoções e à qualidade de seus
pensamentos, que são os primeiros a sinalizar, como acordes mu-
sicais dissonantes, que está na hora de o barco retornar ao cais
e buscar por reparos. Essa é uma interessante imagem de como
funciona a biorregulação.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 169
2.2: Novos saberes instituídos pela Práxis
_Interferência no programa eletromagnético do Biocampo
Depois de vários anos trabalhando nesta construção epistemológica,
era sempre uma queixa dos pacientes nos primeiros tempos o fato de
que recebiam um input da energia através dos medicamentos e pou-
cos dias depois parecia que os efeitos declinavam progressivamente.
Comecei a estudar o fenômeno e, através de relatos de
Hahnemann, pude constatar que ele antidotava a informação do
medicamento homeopático com cânfora, quando aquela informa-
ção não se mostrava a mais adequada para o processo em curso.
Ele solicitava então que o paciente cheirasse cânfora e, depois de
poucas horas, retomava com a informação seguinte de sua escolha.
A cânfora funcionava, assim, como um apagador de informação
eletromagnética que a natureza oferecia como recurso natural.
Depois, em viagens, pude constatar que países europeus
ofereciam dentifrícios sem menta, compatíveis com tratamentos
homeopáticos, e nesses países essas regras eram observadas com
bastante rigor em relação à cânfora, ao eucaliptol e à menta, pois
essas substâncias contêm o mesmo radical químico responsável
pela propriedade de deletar a informação eletromagnética do
medicamento homeopático.
A partir dessa fase, comecei a solicitar aos pacientes que não
utilizassem cânfora, menta ou eucaliptol, e pude observar que a
informação medicamentosa permanecia estável por muitos meses
trabalhando no campo vital dos pacientes.
Na época em que foram realizadas as pesquisas básicas para
comprovação da metodologia BioFAO como exigência do mestrado,
a pesquisadora bióloga da Faculdade de Medicina de Marília, em
São Paulo, desenvolveu alguns trabalhos que confirmaram que
essas três substâncias alteram efetivamente a informação de
medicamentos dinamizados homeopaticamente.
170 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
O modelo experimental baseava-se em protocolos com
animais que eram intoxicados na DL50 com organofosforados
e que saíam do quadro agudo comprovadamente em seguida à
administração do BioFAO, de acordo com resultados de muitos
trabalhos apresentados em diversos congressos, mostrando essa
primeira linha de trabalho.
Para essa segunda linha de pesquisas, a mesma dinâmica era
repetida para promover a biorregulação em relação aos envenena-
mentos. Eram envenenados com a DL50 para organofosforados e,
quando começavam a apresentar os sintomas de envenenamento,
administrava-se o BioFAO e estabilizavam completamente. Horas
depois eles eram divididos em três grupos, que eram expostos
respectivamente a cânfora, eucaliptol e mentol. Dentro de uma
escala percentual, 100% dos animais expostos à cânfora retor-
navam para o quadro de envenenamento, 80%, no grupo dos que
foram expostos a eucalipto, e 70% dos animais expostos ao mentol
retornavam aos sintomas do envenenamento, deixando patente
que havia um campo eletromagnético que mantinha a biorregu-
lação, levando até a resolução completa do quadro, e que, se essa
informação fosse cortada precocemente, eles voltavam para os
sintomas de envenenamento.
Da mesma forma, foi examinada, através desse mesmo
desenho de pesquisa, a alteração dos resultados positivos com
a intoxicação por organofosforados, utilizando medicamentos
homeopáticos previamente à exposição ao raio X das esteiras de
aeroportos. Na mesma linha, outro grupo foi tratado com medi-
camentos homeopáticos na metodologia BioFAO, mas receberam
radiação de celulares. Os dois experimentos confirmam que, além
de os animais não saírem do envenenamento com esses medica-
mentos alterados pelas radiações, apresentaram sintomas dis-
tintos. O grupo relacionado à interferência por raio X apresentou
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 171
convulsões, sintoma que não fazia parte do quadro de intoxicação
aguda por organofosforados, enquanto o segundo grupo, rela-
cionado à interferência dos celulares, demonstrou sintomas de
calafrios intensos, também não observado normalmente nessa
classe de intoxicação química.
O experimento reforça o sentido de se preservarem as nor-
mas que as leis brasileiras sancionaram em nossos aeroportos,
permitindo, mediante a apresentação de receita médica, que o
medicamento homeopático não passe obrigatoriamente pelo raio
X da esteira de mão, já que não pode ser despachado nas malas,
onde a carga de radiação é infinitamente maior.
Os pacientes, quando iniciam tratamento, recebem, portan-
to, uma longa explicação para terem atenção com todas essas
classes de interferências e, muito especificamente, em relação a
produtos que contenham agentes químicos com radical canforado
ou mentolado, os quais estão sendo utilizados de forma maciça
pelas indústrias como fragrância ou para melhorar o sabor dos
produtos, com a recrescência característica do mentol.
Na nossa observação clínica, o paciente, quando em estado
de equilíbrio, sente perfeitamente quando entra em contato com
algum canforado, mentolado ou eucaliptol, pois fica patente a
sensação de quebra energética. O centro dinâmico que parece
ser sensível aos canforados é o plexo solar, localizado na região
do estômago, relacionado os padrões de ansiedade, insegurança,
agressividade, irritabilidade e alterações de humor e comporta-
mento. Fica bastante evidente no contexto humano essa predis-
posição a desequilibrar esse centro vital, considerado nos dias de
hoje o mais fundamental para as relações sociais, pois é o centro
em que se apoia a personalidade.
Os medicamentos homeopáticos também não podem ficar
expostos a intenso calor ou sol, por isso os materiais de acondi-
172 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
cionamento dos glóbulos homeopáticos devem ser específicos e
dentro de normas de qualidade, pois o material plástico também
interfere na qualidade da informação.
O único exame de imagem que afeta a informação medi-
camentosa em curso é a ressonância magnética, pois interfere
no campo eletromagnético, desprogramando a informação. Os
pacientes, nesse caso, são orientados a repetir a medicação após
o exame.
Todos os alimentos são liberados, mesmo a hortelã e outros
temperos, como a sálvia e o alecrim, que também apresentam
algum núcleo canforado, mas que, na forma de tempero, não
têm concentração suficiente para alterar a informação medica-
mentosa. Sendo, entretanto, recomendado evitar chás e sucos
que contenham altas concentrações de menta, hortelã, sálvia e
alecrim, pois em concentrações maiores podem interferir com as
frequências do Biocampo.
Todos os perfumes são permitidos, mas óleos essenciais
muitas vezes apresentam altas concentrações de radicais canfo-
rados, como o tea tree (melaleuca), a lavanda em óleo, o eucalipto,
a sálvia e o cipreste em óleo essencial.
No início, as pessoas estranham essa redução de uso dos
mentolados e canforados em sua vida diária, mas, quando expe-
rimentam a primeira quebra do campo por esses produtos, fazem
uma escolha consciente em ficar ou não na informação. Coloco
muito para os adolescentes a história de que eles estão como
alguém no mar, no meio dos tubarões, lutando com seus medos
e numa confusão sem fim, e a informação vem como algo que os
coloca num navio, mas a escolha de ficar ou não no navio fica sob a
responsabilidade deles, de aprender a cuidar de sua pequena nave
de energia. Eles entram no processo e desenvolvem essa qualidade
de atenção e, estranhamente, as crianças se mostram como as
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 173
mais cuidadosas, no sentido de evitar esses agentes químicos. A
menta hoje se coloca como uma partícula química extremamente
ativada, não tem nada de natural e nada tem de semelhante à
hortelã que os antigos colhiam de suas hortas.
_Sobre a veterinária
O Biocampo, logo nos primeiros anos de caminho, foi deixan-
do claro, em minhas percepções, que se tratava de um campo
unificado, com resultados que se mostravam positivos quando
aplicávamos nas plantas e nos animais, mostrando ser um cam-
po unificado e universal. Essa perspectiva foi progressivamente
abrindo caminhos, criando a ideia de uma inusitada globaliza-
ção interdisciplinar, que seguiu seus rumos de ampliação e, no
final de 33 anos, estava no perfil de uma transdisciplinaridade,
mesmo que não fosse essa a minha intenção na condução desta
construção epistemológica.
Os animais, desde o início dessa práxis, vinham acompa-
nhando o caminho, através dos sistemáticos pedidos de socorro
dos pacientes, que muitas vezes ligavam aflitos por seus cães e
gatos, solicitando um apoio com o BioFAO. Nesses primeiros anos,
eu caminhava sozinha, não tinha nenhum veterinário capacitado
a medicar com os BioFAO, e buscava, nesses casos de urgência,
oferecer uma ajuda com os tratamentos que vinham sendo condu-
zidos na veterinária alopática. Numa dessas experiências, descobri
que esse trabalho tinha uma forte inserção na área da toxicolo-
gia, quando uma paciente me ligou desesperada dizendo que o
seu vizinho havia jogado um veneno conhecido como chumbinho
para matar os gatos da região e o seu animal estava agonizando
para morrer. Imediatamente, pedi que administrasse o BioFAO e,
para desespero do vizinho, no dia seguinte, a sua gata estava lá,
tranquila, em cima do muro. A partir desse relato, conversei com
174 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 175

minha orientadora sobre a possibilidade de trabalharmos na área _BioFAO na agricultura – histórico e perspectivas
de toxicologia e observar os resultados com outras classes de Marli Ranal1
intoxicação por agentes químicos.
Em 2009, quando se começou a idealizar o que poderia ser feito na
As nossas histórias mais lindas vêm dos animais, pela forma
região do Triângulo Mineiro, com o uso do BioFAO na agricultura, o
como se realinham, mostrando comportamentos de quem assume
primeiro ponto que deu impulso para o planejamento experimental
o seu centro interno, assim como os humanos.
foi o fato de que as plantas não têm o senso crítico que caracteriza
Hoje, essa disciplina está encaminhada em nosso instituto
os humanos. Nenhuma planta se rebelaria para utilizar os medi-
por um corpo de médicos veterinários que colocarão alguns relatos
camentos e, muito menos, poderia mimetizar sintomas para gerar
de sua experiência com o método no capítulo de casos clínicos.
algum resultado, coerente ou não com o que se conhecia até então
sobre homeopatia em plantas. Nenhum efeito placebo era espe-
_Agricultura e as questões ambientais
rado e, muito menos, efeito de condicionamento. Teoricamente, o
Iniciei experimentos na agricultura na vigência do meu mestrado,
que o método científico vigente apregoa é que plantas não têm o
em 2001, realizando muitos canteiros experimentais em Nova
discernimento próprio dos seres com sistema nervoso central or-
Friburgo, com a ajuda de um agricultor da região serrana do Rio
ganizado, que permite ao portador fazer escolhas e emitir opiniões.
de Janeiro. À época, esses resultados foram apresentados em
O segundo ponto importante foi que os resultados obtidos
um filme, realizado em parceria com o IESC/UFRJ, demonstrando
poderiam ser amplamente divulgados na região de Uberlândia,
as respostas positivas no plantio de tomates, que se mostravam
considerada um importante polo agrícola do país, em especial pelo
fora do tamanho padrão esperado para os orgânicos, um sabor
impacto que a universidade gera no entorno. Por ser um município
muito diferente do convencional e uma rica produção, com o uso
progressista, o novo ou o velho remodelado, incluindo a produção
apenas do BioFAO.
de orgânicos, poderia ser a base para a construção de um novo
Posteriormente, outros estudos foram sendo desenvolvidos
modelo agrícola, se os agricultores tomassem conhecimento de
ao longo de muitos anos, empregando BioFAO em vinhas e outras
uma alternativa que pudesse trazer melhor qualidade ao seu
culturas – em propriedades de Caxias do Sul, no Rio Grande do
produto. Esse princípio é fundamentado na ideia de que os lucros
Sul – e em vários centros de estudos em Portugal.
desse segmento de mercado podem ser compensados pela alta
De 2011 a 2014, foi realizada uma série de pesquisas na
qualidade do produto final.
Universidade Federal de Uberlândia, da qual participaram trinta
Dos experimentos que foram realizados, 2011 foi o marco
pesquisadores coordenados pela Dra. Marli Ranal. Esses resul-
inicial. Os resultados obtidos até o ano de 2014 estavam restritos
tados foram publicados em um livro lançado em 2017 intitulado
ao meio acadêmico, tendo se tornado públicos com o lançamento
BioFAO na agricultura: recuperação natural da defesa das plantas.
Compartilho agora este espaço com a pesquisadora, para que ela
1. RANAL, M; AMORIM, M. BioFAO na agricultura: recuperação da defesa natural das plantas.
traga seu olhar sobre essa possibilidade para a agricultura. Rio de Janeiro: Bonecker, 2017.
176 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA
do livro editado por Ranal e Amorim (2017). A etapa seguinte já
foi iniciada, ampliando-se os horizontes de divulgação do BioFAO,
com palestras elucidativas de apresentação do produto e dos seus
resultados, no sentido de estimular mais produtores a experimen-
tarem o produto, até que a mudança de paradigma na agricultura
aconteça, de baixo para cima. O consumo de produtos de alta qua-
lidade, livre de agrotóxicos, está puxando a alavanca para que os
órgãos comprometidos com a saúde coletiva estabeleçam novas
normas, que darão as diretrizes para que a população recupere
seu estado de saúde natural e bem organizado.
Três experimentos foram realizados em 2011 para testar o
controle de fitófagos, sendo dois na couve-manteiga e um na cul-
tura do café. Os experimentos realizados com a couve-manteiga
foram instalados em estufa e a cultura do café estava implantada
em condições de campo convencional. Com base nos resultados
obtidos, a equipe do Instituto BioFAO efetuou algumas modifica-
ções, reduzindo de três aplicações, com intervalo de duas horas
entre elas, para duas aplicações, com intervalo de quatro dias entre
elas, com o intuito de minimizar a emissão de gás carbônico pelos
tratores de pulverização em grandes áreas e a compactação do
solo. Apenas um experimento foi realizado em 2012, com a nova
formulação, tomando-se novamente a couve-manteiga como
modelo para os testes. Outra série de experimentos foi prepara-
da em 2013 com a couve-manteiga e o pimentão, este último em
cultivo aberto, em uma das fazendas da Universidade Federal de
Uberlândia. Nessa série, foram testadas duas versões do BioFAO:
uma delas com duas aplicações, em intervalo de três horas; e ou-
tra com uma única aplicação, em potência baixa. A recomendação
desta última versão foi a de que, se houvesse necessidade, diante
do aparecimento de algum sintoma, uma segunda aplicação pode-
ria ocorrer, de preferência com intervalo de dez dias. Essa versão
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 177
mostrou-se a mais apropriada e foi testada em 2014, em área
aberta, de cultivo orgânico.
Desde 2009, algumas perguntas foram formuladas e orien-
taram a realização dos trabalhos, conforme apontam Ranal e
Ribeiro-Oliveira (2017): (1) O BioFAO forma um campo protetor
ao redor das plantas?; (2) Qual o tamanho desse campo?; (3) O
que acontece com os fitófagos/herbívoros?; (4) A visitação dos
fitófagos/herbívoros acontece junto das plantas tratadas com
BioFAO ou o Biocampo formado os impede de acessar as plantas?;
(5) O que acontece com os fitófagos/herbívoros quando eles se
aproximam e mesmo experimentam a planta?; (6) Os fitófagos/
herbívoros morrem ou são repelidos?; (7) Se são repelidos, o que
acontece com a planta para repeli-los?; (8) As plantas aumentam
a produção de substâncias de defesa?; (9) O que acontece com
os inimigos naturais dos fitófagos/herbívoros e com os insetos
polinizadores?
Essas perguntas e algumas respostas interessantes foram
obtidas com o uso dessa agro-homeopatia (Ranal e Amorim, 2017)
que, segundo Ribeiro-Oliveira e Ranal (2017), deixaram importantes
pontos a serem considerados ou retomados para aprofundamen-
to. O BioFAO estimula a visita de insetos nas plantas e o controle
biológico, provavelmente pela produção de compostos de defesa
voláteis. Mesmo as plantas autocompatíveis, como o pimentão,
acabam sendo beneficiadas com as visitas dos insetos benéficos,
como as abelhas, que são polinizadoras efetivas e eficientes, e
isso pode aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos
formados. No caso do pimentão, do pepino e do tomate, os frutos
produzidos foram mais saborosos e digestivos quando as plan-
tas foram tratadas com BioFAO. Os resultados obtidos também
mostraram que as plantas tratadas com BioFAO mantiveram o
processo fotossintético com padrão similar ao das plantas não
178 PARTE 2: DO OUTRO LADO DA LINHA

tratadas, com algumas vantagens, que incluem redução da tem-

peratura foliar que favorece a atividade da enzima mais impor-
tante para a assimilação do gás carbônico; reabertura estomática
no final da tarde e maior eficiência no transporte de elétrons, o
que permite maior acúmulo de massa para as plantas em função
da recuperação do estresse térmico e lumínico. Sem dúvida, a
substituição dos agrotóxicos pelo BioFAO trará benefícios não só
para as plantas, mas também para a saúde humana, em função
da redução ou eliminação da ingestão de substâncias altamente
tóxicas e mutagênicas.
Diante desses resultados, é possível afirmar que o BioFAO
é uma agro-homeopatia que pode ser adotada amplamente, com
benefício para o ambiente e para os organismos que nele vivem e
dele dependem (Ribeiro-Oliveira e Ranal, 2017).
PARTE   3
Perspectiva
científica:
Projeto
Biocampo
182 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
3.1: Metodologia dos Fatores de Auto-Organização do
Biocampo (BioFAO): uma visão holoinformacional da saúde
Míria de Amorim1
Haydée Maria Moreira2
Heloisa Pacheco-Ferreira3
Este trabalho descreve o método terapêutico dos Fatores de
Auto-Organização do Biocampo (BioFAO), fundamentado na
construção metodológica de um programa preestabelecido, que
utiliza ultradiluições a partir de naturezas específicas, na forma
de medicamentos homeopáticos clássicos, como meio de informar
sistemas vivos e promover o equilíbrio do terreno biológico. Tal
abordagem abre para o contexto médico a possibilidade de uma
intervenção direta nessa matriz biológica, trabalhando na mudança
dos padrões de consciência, de forma a orientar adequadamente,
e com propriedade, o processo de auto-organização.
Respostas experimentais e clínicas eficazes foram obtidas no
tratamento de diversas patologias no âmbito da saúde coletiva, como
intoxicações químicas, doenças infecciosas, alérgicas e distúrbios
imunológicos, entre outras, resultando em melhora nos padrões de
saúde física e mental dos indivíduos humanos. O método de trata-
mento homeopático clássico já havia sido testado em outras espécies
de indivíduos (Carneiro, 2011) e, no contexto da metodologia BioFAO,
foi desenvolvido quase que concomitantemente em três vertentes
de ecossistema, ou seja, plantas, animais e seres humanos, com a
possibilidade de recuperação da saúde de toda a cadeia de vida.
1. Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do
Ambulatório de Toxicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
2. Bióloga, Professora Titular da Faculdade de Medicina de Marília (Famema).
3. Médica, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 183
_Intodução
O presente estudo teve seu berço teórico no paradigma cientí-
fico homeopático, elaborado por Samuel Hahnemann em 1796,
que propõe um sistema médico cujos princípios básicos apontam
como objeto da terapêutica o indivíduo doente, e não a doença,
na perspectiva de que se passe a ver o homem como totalidade
indissociável (Clover, 1993).
Na observação clínica dos primeiros anos em tal especiali-
dade médica, esbarrou-se na questão descrita por Novaes (1986),
segundo o qual, na visão paradigmática da homeopatia, a causa
das doenças estaria na interioridade do ser humano, e esse interior
teria que ser qualificado para se entender o processo mórbido.
Traduzindo-se essa afirmação para a prática, para se buscar uma
abrangência mais sistêmica do paciente, seria preciso qualificar
esse “interior”. Descortina-se, assim, a questão que fundamenta as
severas críticas recebidas pela homeopatia em toda a sua história.
Tais críticas assentam-se na suposição ad hoc da sensibilidade
individual, a qual, de acordo com Lourenço (1989), “torna a teoria
praticamente inacessível à refutação, alegando sempre que os
indivíduos relacionados não são sensíveis à substância”, o que
não abre espaço para ser empiricamente contrastada. Tornava-se
clara a necessidade de uma investigação de outras possibilidades
de diálogo com esse “interior”, ou essa dimensão de terreno bioló-
gico, hoje largamente estudada em vários segmentos científicos,
de forma a criar novos enfoques teóricos e pontes metodológicas
que permitissem transpor a questão da susceptibilidade individual.
Diante da complexidade dos fatores ambientais, que progres-
sivamente causam impacto à saúde dos indivíduos, promovendo
desordens sistêmicas cada vez mais complexas, levanta-se a
discussão em torno da necessidade de uma terapêutica que atue
diretamente nessa dimensão mais intrínseca do ser, não só utili-
184 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
zando uma informação bioquímica, tal como exerce a biomedicina,
mas acessando uma qualidade de informação biofísica, que se
traduz na proposta das terapêuticas que utilizam as ultradiluições
(Amorim, 2003).
Existe uma consciência crescente do papel construtivo da
desordem, da não linearidade e da auto-organização, e uma visão
biofísica da vida está emergindo da teoria dos sistemas dinâmicos
abertos não lineares, distantes dos sistemas de equilíbrio, que
oferecem uma perspectiva complementar e abrange as carac-
terísticas complexas, holísticas e dinâmicas da vida, bem como
novas interações eletrodinâmicas e bioinformáticas (Rubik, 2002).
Na construção do método BioFAO (Fatores de Auto-Organi-
zação do Biocampo), buscou-se uma compreensão dos fenômenos
de regulação sistêmica, estudando-se a dinâmica do adoecer, e
outras possíveis, para a auto-organização como um processo ine-
rente aos sistemas vivos. Para tal investigação fenomenológica e
qualitativa, foi necessário estabelecer um estudo simultâneo em
três vertentes distintas.
Numa primeira instância, foram descritas as pesquisas cien-
tíficas que comprovam que informações de natureza eletromag-
nética apresentam a propriedade de orientar sistemas vivos. Na
segunda vertente, foi estabelecido o estudo dinâmico da matriz
biológica, ou Biocampo, e toda a sua esfera de complexidade,
desenvolvendo-se os referenciais teóricos que apoiam a possi-
bilidade de existência de uma dimensão quântica nos seres vivos
como base de sua normatividade vital.
A terceira vertente assentou-se no desenvolvimento do
método dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo, aprimo-
rado durante 33 anos de investigação clínica, com a participação
de uma equipe interdisciplinar de médicos de diversas especiali-
dades, que contribuíram para a discussão dos múltiplos aspectos
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 185
referentes à aplicação da terapêutica BioFAO. Mais recentemente,
ampliou-se esse grupo com profissionais das áreas de veterinária
e agricultura. Os estudos experimentais realizados nos últimos 11
anos contribuíram para a construção do método, norteando, com
seus resultados, a elaboração da terapêutica.
Referencial teórico
_Informação e as ultradiluições
A ciência, nos últimos cinquenta anos, tem redesenhado seus mo-
delos descritivos, evidenciando que “forças invisíveis”, de espectro
eletromagnético, têm grande impacto sobre o funcionamento da
biologia. Segundo Lipton (2007), frequências e padrões específicos
de radiação eletromagnética regulam o DNA, o RNA, a síntese de
proteínas; controlam os genes, a divisão das células, sua diferen-
ciação, a morfogênese (processo pelo qual as células se agrupam,
formando órgãos e tecidos), a secreção hormonal, o crescimento
e as funções nervosas.
Na mesma linha, anteriormente, MacClare (1974) havia com-
parado a eficiência entre os sinais de energia e os sinais químicos
nos sistemas biológicos. O autor concluiu que os processos de
sinalização energética, como as frequências eletromagnéticas,
são centenas de vezes mais eficazes na transmissão de infor-
mações ambientais do que os sinais químicos, como hormônios
e neurotransmissores. Uma das principais vertentes dessa linha
de pesquisa relaciona-se aos estudos da nova biologia, que des-
creve as proteínas integrais de membrana (PIMs) e, em especial,
uma classe delas, as receptoras, que, segundo Lipton (2007),
funcionam como verdadeiras antenas de captação de campos de
energia vibracional, como luz, sons e frequências de rádio. Em seus
estudos, Lipton concluiu que “o comportamento biológico pode
ser controlado por forças invisíveis e isso serve de base científica
186 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
para o desenvolvimento de medicamentos energéticos que não
envolvam produtos bioquímicos”.
Nas duas últimas décadas, cerca de duzentos anos após a
criação por Hahnemann do método de dinamização, temos acom-
panhado a literatura que vem demonstrando a efetividade das pro-
priedades físicas das ultradiluições, comprovando que os princípios
que regem a terapêutica homeopática não estão fundamentados
nas propriedades químicas das substâncias empregadas, mas sim
nas propriedades físicas das altas diluições, o que significa que
cada medicamento homeopático corresponde a uma assinatura
eletromagnética capaz de gerar informação diretamente carreada
para as membranas celulares da maioria das células, senão para
todas (Boironetal, 1981; Lechuga, 1991; Poitevin, 1992; Popp, 1994;
Smithe Endler, 1994; Shulte, 1995).
Corroborando esse processo, recente pesquisa de Montagnier
e Lavallee (2009) demonstrou que algumas sequências de DNA
bacteriano apresentam a capacidade de induzir ondas eletro-
magnéticas em ultradiluições aquosas, jogando definitivamente
por terra a velha polêmica da impossibilidade de veicular-se essa
classe de informação através da água, tal como proposto pelas
ultradiluições na forma de medicamentos homeopáticos.
Desse modo, as pesquisas da nova biologia supracitadas,
que demonstram os processos celulares capazes de traduzir tal
qualidade de informação eletromagnética de forma local e não
local, somadas às observações de Montagnier e La Vallee (2009),
sugerem, de forma bastante pertinente, a possibilidade desse di-
álogo vivo entre os campos celulares e as informações carreadas
pelas ultradiluições.
Contextualizando esse tema no âmbito da física, há inúmeros
trabalhos que demonstram que a informação quântica deve se
processar por meio de campos vibracionais e coerência quântica
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 187
(Jibu e Yasue, 1995), processo que ocorre por meio dos microtúbulos
(Hameroff, 1994; 2007; Hameroff e Penrose, 1996; 2003).
Essas informações já haviam sido apresentadas nos es-
tudos experimentais desenvolvidos por Pribram (1993) e outros
pesquisadores, que observaram a existência de uma dinâmica
cerebral quântica própria das sinapses, dos microtúbulos neurais
e da organização molecular do líquido cefalorraquidiano, que de-
terminaria, em última instância, a formação de condensados de
Bose-Einstein, evidenciando a ocorrência do efeito Frölich nesses
sistemas (Jibu e Yasue, 1993). O efeito Frölich, por um elevado grau
de alinhamento de moléculas biológicas, funciona como um estado
altamente unificado e ordenado, tal como ocorre nos raios laser
e nos supercondutores (Di Biase, 2009).
Para que ocorra auto-organização, torna-se necessário uma
mudança de padrão de consciência, e a consciência depende de
coerência quântica, um estado altamente ordenado. Nesse sentido,
os Fatores de Auto-Organização do Biocampo cumpririam o que
fora descrito por Bejin: um sistema auto-organizador se nutre de
ordem e de ruído e, sendo um sistema ciberneticamente aberto,
tal como descrito por Ashby (1973), só pode ser modificado por
fatores alheios a ele (Bejin, 1974).
Segundo este último autor, existem apenas duas possibilidades
de modificação para um sistema auto-organizador. Uma dessas
vias ocorre por meio de um programa preestabelecido que é inje-
tado no sistema, o que, segundo o autor, não caracteriza um ruído
no sentido da teoria das comunicações. A segunda possibilidade
se daria por meio de fatores aleatórios que não se configurariam
como um programa. Nesse contexto, a Metodologia dos Fatores de
Auto-Organização do Biocampo (BioFAO), teve como pressuposto
a elaboração de um programa de informação preestabelecido, tal
como descrito por Bejin (1974), no intuito de criar um fluxo quântico
188 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
holoinformacional (Di Biase, 2009) construído epistemologica-
mente pelas assinaturas eletromagnéticas inerentes a elementos
específicos da natureza na forma de ultradiluições.
_Biocampo ou campo quântico holoinformacional
Os primeiros passos na construção epistemológica do BioFAO foram
guiados por uma visão essencialmente hipocrática, que eviden-
ciou, no decorrer dos estudos, a perfeita identidade entre a matriz
biológica descrita como a Physis hipocrática e o campo quântico
holoinformacional, descrito pela física quântica (Di Biase, 2009).
Hoje, essa dimensão quântica, descrita na Antiguidade como
Physis, é postulada pelos biofísicos como “Biocampo” (Rubik, 2002)
e pelos físicos como “universo participativo” (Capra, 1983), ou
“mundo da ordem implícita ou dobrada”, tal como assinalado por
Bohm (1998). O matemático Schempp (1998), criador da ressonância
magnética, descreveu essa dimensão como “campo de ponto zero”,
porque as flutuações no campo ainda são detectáveis em tempe-
raturas de zero absoluto, o estado energético mais baixo possível.
Nesse sentido, o Biocampo e o campo de ponto zero podem
ser vistos como campos contínuos de energia, sendo o Biocampo
mediado por um campo de forças eletromagnéticas que cria uma
região de influência em que sua carga e seus efeitos podem ser
detectados, enquanto que o campo de ponto zero nos introduz
no mundo quântico, e esses campos quânticos não são mediados
por forças, mas sim pela troca de energia que é constantemente
redistribuída em um padrão dinâmico (Mc Taggart, 2008).
Segundo Di Biase (2009), na teoria holoinformacional, esse
campo de memória-informação corresponde ao campo quântico-
-holográfico universal, em que matéria, vida e consciência não
são vistas como entidades separadas, mas como “uma unidade
holística indivisível, um campo quântico holoinformacional inte-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 189
ligente, auto-organizador, que vem se desdobrando há bilhões de
anos em uma infinita e dinâmica holoarquia cósmica”.
Tal dimensão de unidade existencial foi descrita também por
diferentes filósofos contemporâneos, entre eles Canguilhem, em
O normal e o patológico. Nessa obra, Canguilhem afirma “que a
vida não é indiferente às condições nas quais ela é possível, que a
vida é polaridade e, por isso mesmo, posição inconsciente de valor.
Em resumo, que a vida é, de fato, uma atividade normativa” (1978).
Bateson, que considera inadequado lidar com os fenômenos
da vida numa linguagem lógica, afirma que precisamos entender
a linguagem da natureza, o que torna coeso o tecido das coisas
vivas, o padrão de organização comum a todas as criaturas vivas.
E pergunta: “Que padrão liga o caranguejo à lagosta, a orquídea à
prímula, e todos os quatro a mim? E eu a você?” (1986).
Na mesma linha de pensamento, Morin (2002) também propõe
pensarmos nessa dimensão como uma “identidade fundamental”,
como uma “chave única” presente em todos os entes vivos, desde
os microorganismos até os seres humanos.
O Biocampo, descrito como um campo biológico de natu-
reza holística, holográfica e global, de efeito organizador – que
regula e coordena todas as funções da vida –, é consenso entre
diferentes autores (Rubik, 1993 e 1997b; Tiller, 1993; Popp, 1996;
Savv, 1997 e 1998).
A base biofísica que comprova a hipótese da existência do
Biocampo foi apresentada por Rubik (2002), que o descreve como
um campo eletromagnético extremamente fraco e que promove
uma regulação homeodinâmica nos sistemas vivos através de
bioinformações eletromagnéticas.
O termo Biocampo para definir o campo biológico foi apro-
vado em 1994 pelo National Institute of Health (Rubik, 1994a),
tendo sido subsequentemente aceito pela US National Library
190 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
of Medicine como um campo bioeletromagnético e biofísico que
participa da regulação da estrutura e função celular e tem sido
usado para diagnosticar doenças com base em sua frequência
informacional (Movaffaghi, 2009).
_Modelo holoinformacional da consciência
Na construção do método BioFAO buscou-se, com a utilização
de ultradiluições com medicamentos homeopáticos específicos,
elaborar um código ou um padrão dinâmico, de forma a gerar um
fluxo quântico informacional passível de estabelecer um processo
de auto-organização nessa dimensão do Biocampo. Nossas obser-
vações clínicas ao longo dos anos demonstraram respostas coe-
rentes com o que é descrito no modelo teórico holoinformacional
da consciência postulado por Di Biase, que concebe “o universo
como uma vasta e dinâmica rede holoinformacional inteligente
de troca de informações, energia e matéria” (2009).
A teoria evidencia o conceito dinâmico de consciência, baseado
em um “fluxo holoinformacional” (informação não local quântico-
-holográfica, além da informação local clássica newtoniana), que se
estabelece como um fluxo auto-organizador quântico-informacional.
“Tal fluxo auto-organizador teria a propriedade de interconectar
a dinâmica quântica cerebral informacional holonômica com a na-
tureza quântico-informacional holográfica do universo” (Di Biasi,
2009). Portanto, o ponto de partida para a elaboração do perfil
epistemológico da metodologia BioFAO, como mencionado acima,
fundamentou-se na construção de um programa preestabelecido,
por meio de ultradiluições, a partir de naturezas específicas, na
forma de medicamentos homeopáticos clássicos, como meio de
informar os sistemas vivos. Esse programa, ou código quântico-
-holográfico, demonstra a propriedade de reabrir, de forma am-
pla e direta, a interconexão entre a dinâmica quântica cerebral
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 191
informacional holonômica e a natureza quântico-informacional
holográfica do universo, copiando um fluxo informacional idêntico
ao previsto essencialmente para os padrões compatíveis com a
saúde. Como resultante, o indivíduo como um todo insere-se em
um processo de auto-organização e auto-regulação sistêmica que
se desdobra em todos os níveis de sua existência.
_Os centros consensuais de consciência
Schulz (1998) relata a existência de centros dinâmicos no corpo,
os quais denominou de “centros consensuais de consciência”, rela-
cionando cada determinada área do sistema endócrino. A autora
descreve sintomas físicos e psíquicos como resultantes de alterações
dinâmicas desses centros consensuais de consciência, interligando
cada centro dinâmico ao comando específico de cada glândula do
corpo, o que estabelece, em última instância, segmentos específi-
cos ao longo da coluna vertebral. Segundo Schulz, cada centro de
consciência opera como uma central de informações que, em toda
sua complexidade, estabelece uma rede estratificada, tal como
prevista para os sistemas naturais. Tais centros dinâmicos com-
põem um campo de interações informacionais com frequências e
ressonâncias distintas que evocam a ideia de uma fisiologia vital.
No perfil epistemológico dos Fatores de Auto-Organização
do Biocampo evocou-se, inicialmente, a ideia de construção de
um possível fluxo informacional ao longo do eixo vertebral, o que
poderia ser obtido a partir da sequência de administração de cada
medicamento específico. Para essa compreensão, era fundamental
obter-se uma visão que buscasse ampliar todas as inter-relações
sistêmicas, pois, segundo Capra (1996), um modelo de medicina
energética deveria integrar os conceitos de fluxo, flutuação, or-
dem, vibração, ritmo, ressonância e sincronicidade, inteiramente
compatíveis com a moderna concepção sistêmica da vida.
192 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
Para a realização do projeto, tinha-se como base o referencial
das Leis de Cura da medicina pré-newtoniana, resgatadas pela
homeopatia hahnemanniana (Hahnemann, 1984), que traçavam
as diretrizes previstas para a normatividade biológica, criando
um respaldo seguro na condução das avaliações e das respostas
esperadas para uma dinâmica de auto-organização.
Isso tornou possível a realização de estudos comparativos e o
cruzamento desses dados possibilitou a escolha dos medicamentos
homeopáticos idênticos a esse padrão de auto-organização, assim
como a compreensão dos ritmos, fluxos e ordens precisos para a
administração desses elementos, de forma a compor exatamen-
te a dinâmica capaz de contemplar uma perfeita identidade com
o Biocampo.
_Desenvolvimento do método BioFAO
Trabalhou-se inicialmente na compilação de determinados me-
dicamentos homeopáticos de natureza metálica e salina, mais
comumente empregados e estudados no contexto da Homeopa-
tia Clássica. Seguiu-se a elaboração de um estudo comparativo
entre os sintomas descritos nas matérias médicas homeopáticas
(Lathoud, 1989; Vijnovsky, 2003) para alguns desses elementos
e os sintomas publicados por Schulz (1998) para cada centro di-
nâmico correlato.
Nessa primeira fase do trabalho, os sete medicamentos
homeopáticos que compunham a dinâmica do Biocampo, os quais
foram denominados de Fatores de Auto-Organização do Biocampo
(BioFAO), foram o Antimonium crudum (sulfeto de antimonium), Kali
carbonicum (carbonato de potássio), Mercurius solubilis (nitrato
de mercúrio), Sulphur (enxofre), Natrum muriaticum (cloreto de
sódio), Aurum metallicum (ouro) e Ammonium muriaticum (cloreto
de amônio).
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 193
Definidos esses elementos e a partir dos referenciais teóricos
expostos, trabalhou-se essa dinâmica, observando-se a ordem,
o fluxo e o ritmo entre os elementos, criando-se uma estrutura
dinâmica que foi finalizada com 25 doses dos sete elementos, que
se alternavam, tocando os diferentes centros endócrinos, em se-
quência ascendente e descendente, determinando cinco voltas na
coluna vertebral. Cada ciclo ascendente e descendente na coluna
vertebral estaria contemplando cada um dos cinco elementos da
medicina chinesa (metal, ar, água, terra e fogo). A partir dessa
dinâmica, os resultados obtidos na clínica e na pesquisa básica
confirmaram uma resposta compatível com o esperado no equi-
líbrio desse sistema, que abrange todos os meridianos de energia
da medicina chinesa (Ross, 2003; Unschuld, 2003).
Alguns anos mais tarde, foi obtida uma técnica na prepa-
ração dos medicamentos que permitiu utilizar essa dinâmica
intrínseca das 25 doses, sintetizada num composto único, man-
tendo-se nesse processo o cumprimento de todas as normas
exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa,
2003). Vale ressaltar que, essencialmente, o composto em dose
única foi elaborado a partir dos sete medicamentos clássicos
da homeopatia, mas a técnica empregada na elaboração desse
composto permitiu manter intrinsecamente o mesmo potencial
dinâmico observado na utilização das 25 doses, quando usadas
isoladamente e sequencialmente. Essa técnica enquadra-se, em
seus anos de estudo e aprimoramento, na categoria de produção
intelectual com patente concedida pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI).
A técnica empregada permitiu sintetizar a dinâmica e tornar
viável essa metodologia para os vegetais, pois as 25 doses isola-
das tornariam o método inviável para a aplicação na agricultura,
e mesmo no contexto humano e veterinário.
194 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
Para a elaboração desse método e da comprovação da efe-
tividade do composto em dose única, contou-se com a pesquisa
básica desenvolvida no laboratório de Biologia da Faculdade de
Medicina de Marília (São Paulo), nas áreas de toxicologia e infec-
tologia. O estudo experimental com animais foi fundamental para
se confirmar a eficácia da técnica de elaboração e uso do complexo
homeopático, descrito no trabalho de Moreira et al. (2008). Em
todos os estudos realizados (a maioria apresentada em congressos
e reuniões específicas), foram usadas as escalas decimal, centesi-
mal e cinquenta milesimal (Moreira et al., 2011). As pesquisas com
animais seguiram as normas pescritas na Resolução n. 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS), hoje atualizadas e descritas
na Resolução n. 466/12 do CNS, e foram aprovadas pelo Comitê
de Ética da Faculdade de Medicina de Marília (SP).
A construção do estado da arte dos Fatores de Auto-Organi-
zação do Biocampo foi realizada através do método cartográfico,
originalmente descrito pelos filósofos franceses Gilles Deleuze e
Félix Guattari, ao final da década de 1960, cuja abordagem qua-
litativa, num viés construtivista, surge nos últimos anos como
proposta metodológica para a produção de conhecimento na área
da saúde através da construção de mapas que permitem a capta-
ção da complexidade presente no campo e nos dados produzidos
(Martinez e Colvero, 2013).
A cartografia, como portadora de certa concepção de mun-
do e de subjetividade, coloca-se como a representação metodo-
lógica do que foi experenciado em todo o percurso desse perfil
epistemológico da metodologia BioFAO, pois integra, em seu eixo
de sustentação, a invenção e o abraço do pesquisador com o seu
campo, tendo como base o pressuposto de que o conhecimento
é processual e inseparável do próprio movimento da vida e dos
afetos que o acompanham (Rolnik, 1989).
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 195
Esta construção epistemológica, nessa vertente cartográfica
e seus conceitos, tem legitimidade para ancorar esse estado da arte
dos Fatores de Auto-Organização do Biocampo, pois, como ferra-
menta de investigação, consegue abarcar a zona de indeterminação
que acompanha a complexidade e, em cada situação, investiga o
coletivo de forças que interagem a cada momento, no cuidado de
não se curvar aos dogmas reducionistas (Romagnoli, 2009).
Na metodologia BioFAO, partiu-se de um pressuposto de
que, havendo medicamentos homeopáticos capazes de dialogar
com a doença, então poderia haver uma chave capaz de dialogar
com a saúde inata ao Biocampo. Na ciência clássica busca-se
como objeto de estudo algo que está determinado previamente
pela hipótese. Aqui, o que se tinha inicialmente era uma única
pergunta, direcionada ao sujeito, o Biocampo, que, como contexto,
ia definindo o que se poderia encontrar nesse diálogo com o pes-
quisador, tendo como apoio as respostas clínicas e o alinhamento
com as Leis Naturais de Cura, conhecidas previamente no âmbito
da Homeopatia Clássica.
Na cartografia, o pesquisador nunca sabe o que vai encon-
trar e, a cada fala do sujeito, há uma mudança no problema e na
visão de mundo do pesquisador, que nunca mais será a mesma.
O sujeito da pesquisa não se comporta como um mapa fixo, e o
processo não é neutro nem livre de interferências.
Na sequência do processo cartográfico, depois de observa-
da a questão dos meridianos de energia em toda a sua extensão,
os centros consensuais e seus fluxos, que contemplavam a roda
dos cinco elementos da medicina chinesa, iniciou-se, em torno do
vigésimo primeiro ano de estudos com a metodologia BioFAO, um
trabalho com interações de campos dinâmicos, na perspectiva de
que pudessem oferecer maiores recursos, principalmente para os
doentes mais graves, que surgiam progressivamente em maior
196 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
número em nossa demanda clínica, como resultante da comple-
xidade dos tempos atuais.
Rubik (2002) descreve como possibilidade para um mapea-
mento do Biocampo pensarmos em campos geométricos multidi-
mensionais, uma realidade que foi se delineando como um achado
natural na construção do estado da arte do BioFAO. Partindo-se
de uma unidade ou semente desse potencial geométrico, repre-
sentada pela síntese de 25 doses – que compunha a roda dos cinco
elementos da medicina chinesa –, operou-se num primeiro momento
com campos duplos e trinos, e progressivamente avançou-se para
campos de maior complexidade, como o pentagrama, o hepta, o
octaédrico, o dodecaédrico e uma geometria mais avançada, des-
crita pelas antigas tradições como o fruto da vida. Essa geometria
última surge da inclusão de uma décima terceira força central à
geometria do dodecaedro, transformando as treze linhas Yin iniciais
em uma geometria resultante de polaridade Yang, que passa a se
configurar como um campo que engloba toda a complexidade e
abrangência das interações para os padrões dinâmicos do Biocampo.
Nesse ponto da trajetória constatou-se que as respostas clí-
nicas obtidas confirmavam que estávamos efetivamente operando
nos campos geométricos descritos como os sólidos de Platão, que
estão incluídos no conhecimento que Platão resgatou do antigo
Egito sobre o que denominava de Geometria Sagrada, incluindo,
nesse contexto, o conhecimento sobre a Árvore da Vida. Nesses
estudos, relacionavam-se essas geometrias com cada fase da
embriogênese, estabelecendo-se como um príncipio orientador
dos padrões estruturantes e essenciais à própria vida.
De acordo com essa perspectiva, para se promover a auto-
-organização, o padrão mórbido que se apresenta como uma doença
ou um sintoma, a partir de uma informação coerente, deverá ser
reconfigurado por essa rede dinâmica multidimensional e trazido
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 197
para padrões compatíveis com essas geometrias originais e estru-
turadoras da vida. Ocorre uma reprogramação, um realinhamento
do padrão mórbido através dessas simetrias.
Quando se repassa a bioinformação através de eixos ele-
tromagnéticos específicos e coerentes em relação aos padrões
holoinformacionais universais, propõe-se, em uma dimensão além
do espaço-tempo e da matéria-energia, um retorno a uma nova
ordem, entendido cientificamente como auto-organização.
A Metodologia BioFAO integra em sua dinâmica final 350
doses medicamentosas dos sete Fatores de Auto-Organização
do Biocampo, que foram tecnicamente reduzidas a duas doses
únicas do composto: um primeiro composto, que representa a
polaridade Yin, elaborado a partir da síntese das 25 doses que
compõem a roda dos cinco elementos da medicina chinesa, e um
segundo composto, representando a polaridade Yang, elaborado
a partir da segunda síntese, de 325 doses, trazendo a abrangência
de toda a rede estratificada multidimensional do Biocampo, que
engloba a geometria do fruto da vida. Essa segunda síntese foi
elaborada com a mesma tecnologia empregada na primeira fase de
redução da informação e, de igual forma, permitiu manter intrin-
secamente o mesmo potencial dinâmico observado na utilização
das 325 doses, quando usadas isoladamente e sequencialmente,
mantendo-se igualmente nesse processo o cumprimento de todas
as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa, 2003).
Na visão da medicina chinesa, o Biocampo, em sua totalida-
de, traz a representação do próprio Tao e pressupõe sempre uma
inter-relação entre a polaridade Yin e Yang. A metodologia BioFAO
utiliza essa informação global, que inclui a utilização da síntese
da polaridade Yang (325 doses) associada à síntese da polaridade
Yin (25 doses), aplicadas com uma hora de intervalo, de forma a
198 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
compor o código quântico-holográfico, que se coloca como a chave
fundamental e como objeto último deste estudo.
Na prática clínica, essas doses são empregadas em dina-
mizações homeopáticas específicas, na escala decimal hahne-
manniana, e as potências medicamentosas são avaliadas pelo
médico de acordo com a gravidade do quadro agudo ou crônico,
levando-se em consideração o grau de lesionalidade do paciente e
as implicações de cada caso. A análise dessas variáveis vai definir
os intervalos de tempo ideais entre as prescrições e a variação das
doses ao logo do processo terapêutico.
_Conclusões
Portanto, têm-se como pilares da Metodologia dos Fatores de Auto-
-Organização do Biocampo (BioFAO): a auto-organização em toda
a sua concepção sistêmica; a utilização das ultradiluições de sete
medicamentos homeopáticos clássicos que, obedecendo à dinâmica
de ritmos, ordens e fluxos em sua preparação, estabelecem um si-
nergismo intrínseco que se traduz num código quântico-holográfico;
a utilização desse código como um idêntico holográfico, que se
coloca como resultante última dessa proposta terapêutica e inte-
gra em si a propriedade de estabelecer uma perfeita ressonância
entre o Biocampo individual (fluxo holoinformacional holonômico
cerebral) e o fluxo holoinformacional mente-universo, de forma
a deflagrar o processo de auto-organização, fundamental para a
recuperação da saúde dentro de uma abordagem sistêmica; a visão
do código quântico-holográfico como programa de informações
eletromagnéticas na forma de medicamentos homeopáticos clás-
sicos específicos, os BioFAO, que englobam toda a complexidade
do Biocampo na visão do Tao da medicina chinesa.
A ciência da homeopatia é orgânica, ecológica, holística e
sistêmica (Capra, 1983) e as premissas desse perfil epistemológico,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 199
com ultradiluições homeopáticas no método BioFAO, aplicam-se
ao contexto humano, tal como ao animal e à agricultura.
Os resultados obtidos com a Metodologia BioFAO demonstram
que, numa visão sistêmica da saúde, contempla-se o equilíbrio
do terreno biológico como eixo fundamental da resolução do que
entendemos como doença e que essas dimensões operativas não
estabelecem, nesse contexto, apenas uma receita técnica, mas
inspiram um princípio fundamental, um paradigma.
Sua aplicação na agricultura vai ao encontro do que foi
proposto pela certificação dada pela Unesco/Fundação Banco do
Brasil, em 2004, para a homeopatia na agricultura, classificando-a
como uma tecnologia social efetiva.
Nesse contexto, a metodologia BioFAO utiliza medicamentos
homeopáticos clássicos, tecnologia simples, barata e acessível a
todos os agricultores, passível de solucionar o problema do uso
da terra na produção de alimentos saudáveis e mais saborosos,
livres de resíduos e de alto valor biológico (Ranal e Amorim, 2017).
Inclui-se no processo de utilização do BioFAO o respeito à
biodiversidade e o abandono definitivo dos agrotóxicos, preser-
vando a saúde ambiental e a autonomia dos agricultores. Dessa
forma, coloca-se, tal como descrito por Cupertino (2008), como
ferramenta para a agroecologia e o desenvolvimento rural sus-
tentável, por privilegiar a dinâmica dos processos vivos da natu-
reza e as leis naturais de equilíbrio. Acrescenta-se a isso o fato
de a metodologia BioFAO incorporar todas as multidimensões da
sustentabilidade descritas por Caporal e Costabeber (2007), que
se estabelecem como ecológica, ética, social, cultural, econômica
e política.
A abrangência sistêmica da metodologia BioFAO também
privilegia toda uma cadeia que se inicia na saúde ambiental,
preservando o solo e as plantas dos agrotóxicos, passando pela
200 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
recuperação da saúde do trabalhador intoxicado por agrotóxicos,
com potencial de transformar todo o ciclo vicioso de adoecimento
do indivíduo e do seu meio ambiente num ciclo virtuoso que favo-
rece a sustentabilidade dos sistemas vivos.
A partir da validação da metodologia e do interesse de pro-
fissionais médicos em conhecê-la e aplicá-la, foi criado o Instituto
BioFAO, cuja missão é “promover e preservar a saúde através do
conhecimento em auto-organização do Biocampo, em todas as
suas abordagens e esferas de atuação, contribuindo para a saúde
individual, coletiva e ambiental” (disponível em <http://www.ins-
titutobiofao.org.br>) e que tem como objetivos disponibilizar para
médicos e médicos veterinários cursos de formação na metodologia
BioFAO, que, por operar no nível de terreno biológico, evidencia
respostas que contemplam todas as especialidades médicas.
O Instituto BioFAO também promove cursos para orientação
da aplicação da metodologia BioFAO na agricultura, com resulta-
dos que comprovam ser possível a substituição dos agrotóxicos
por uma bioinformação que privilegie a recuperação da saúde
ambiental (Ranal e Amorim, 2017).
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 201
3.2: Acompanhamento de pacientes com intoxição crônica
por agrotóxicos e solventes com as ultradiluições
homeopáticas na metodologia BioFAO, no período de 18
meses, no ambulatório do HUCGF – Acompanhamento
do tratamento utilizando ultradiluições homeopáticas na
metodologia BioFAO, aplicado no período de 18 meses no
Ambulatório do HUCGF/UFRJ em pacientes comintoxicação
crônica por agrotóxicos e solventes
Míria de Amorim1
Heloisa Pacheco-Ferreira2
(IESC/UFRJ)
_Pesquisadores responsáveis
Miría de Amorim – Médica homeopata, presidente do Instituto
BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Saúde Am-
biental e Ocupacional (Toxicologia Clínica) da Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre pelo Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/
UFRJ) – área de produção Ambiente e Saúde.
Heloisa Pacheco-Ferreira – Professora adjunta da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e co-
ordenadora do Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocupacional
(Toxicologia Clínica) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) (in memoriam).
_Introdução
Atualmente, os quadros de intoxicação crônica por diferentes
substâncias químicas se impõem como um problema de saude
pública de graves proporções. Este estudo se propôs a acompa-
mnhar clinicamente populações de pacientes intoxicados croni-
202 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
camente por agrotóxicos e solventes, que são as populações que
mais procuram o Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocupacional
(Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, buscando mitigar os agravos
à saude decorrentes desses agentes quimicos, referindo como
principal causa a exposição ocupacional.
No âmbito dos agrotóxicos, o Brasil se coloca como o país
que mais utiliza esses agentes químicos na agricultura comercial
e familiar, o que vem se perpetuando nesse cenário, sem nenhum
controle sobre os agravos à saúde dessas populações expostas,
que sentem esses reflexos, não só pela manipulação direta desses
produtos, como agricultores, como também pela utilização indireta
através do consumo dos alimentos contaminados que mantêm altos
índices residuais desses pesticidas. Dados mais alarmantes da Anvisa
(2012) indicam ainda que no Brasil, dos cinquenta agrotóxicos mais
utilizados nas lavouras, 22 deles são proibidos na União Europeia
(Carneiro et al., 2012, p. 206), colocando o Brasil à frente dos países
que mais utilizam agrotóxicos já proibidos em outras nações.
Esse descaso que se perpetua através de políticas públicas mal
conduzidas reforça o aumento dos agravos à saúde das populações
expostas, apesar dos inúmeros alertas que cientistas, ambientalistas
e agentes de saúde vêm pontuando nos últimos trinta anos, o que
resulta num retrato dramático de populações afetadas diretamente
ou indiretamente, com aumento significativo de demanda em am-
bulatórios de referência na área de toxicologia clínica e ambiental.
Segundo Valdez (1995), o uso indiscriminado desses produtos
tem resultado em um sério problema de saúde pública e a quan-
tificação de seus efeitos (morbidade e mortalidade) – sejam eles
crônicos, agudos ou letais – é imprecisa, devido ao grande número
de subnotificações, à falta de especificidade dos efeitos clínicos e ao
pouco conhecimento das equipes de saúde a respeito da ação desses
produtos químicos e dos seus efeitos nos indivíduos contaminados.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 203
Nessa abordagem, o autor aponta ainda para a preocupação com
os efeitos neurotóxicos provocados pelos organofosforados, que
se caracterizam por modificações psíquicas, comportamentais e
motoras e se manifestam dias ou meses após a exposição.
Nas intoxicações crônicas por organofosforados, observam‑se
sintomas não específicos presentes em diversas patologias e
que, frequentemente, representam as únicas manifestações de
intoxicação por agrotóxicos, razão pela qual raramente se esta-
belece essa suspeita diagnóstica. Esses sintomas compreendem
principalmente dor de cabeça, vertigens, falta de apetite, falta de
forças, nervosismo, dificuldade para dormir, e resultam em qua-
dros sintomatológicos combinados, mais ou menos específicos,
que se confundem com outras doenças comuns em nosso meio,
levando a dificuldades e erros diagnósticos, além de tratamentos
equivocados (OPAS/OMS, 1987; 1996).
Nas intoxicações por agrotóxicos observam-se diminuição
das defesas imunológicas, anemia, impotência sexual masculina,
cefaleia, insônia, alterações da pressão arterial, distimias (altera-
ções de humor) e distúrbios de comportamento (surtos psicóticos),
frequentes entre agricultores, determinando, por vezes, a proibição
médica do trabalho na lavoura e a orientação para outro tipo de
atividade profissional (Levigard, 2001).
Esses pacientes intoxicados cronicamente por organofosfo-
rados apresentam sintomas de neurotoxicidade que refletem uma
alteração sistêmica no nível emocional e fisico de ampla repercussão
e de difícil remissão, mesmo após a interrupção da exposição por
esses agentes químicos. Muitas vezes, nessa classe de intoxicação,
esses agravos são confundidos inicialmente com outras patologias,
já que esses pacientes são poliqueixosos e, nesses casos, a anam-
nese médica na busca pelo fator causal ajuda a direcionar a análise
correta dos agravos, orientando para um diagnóstico correto.
204 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
Entre as populações que buscam atendimento ambulatorial
por intoxicação por organofosrados, encontramos pacientes agri-
cultores, incluindo nesse grupo também os guardas de endemias
(“mata-mosquitos”), que relatam em algum momento de sua his-
tória de vida e ocupacional um ou mais episódios de intoxicação
aguda e uma subsequente exposição crônica a esses produtos,
decorrente do uso inadequado de equipamentos de proteção in-
dividual (EPI), da falta de orientações no preparo e na aplicação
dos produtos, bem como em seu armazenamento, ou de falhas
nos sistemas de informação e fiscalização para a proteção da
saúde do trabalhador.
Pelo fato de esses agravos à saúde decorrentes de longo
tempo de exposição aos compostos organofosforados configura-
rem-se sintomas de caráter irreversível e refratário ao emprego
da terapêutica alopática, evoca-se a questão da importância da
interdisciplinaridade para a prevenção e o tratamento desses
agravos através do emprego de medicinas complementares e/ou
as denominadas alternativas.
Na reflexão sobre o tema, levanta-se a questão da impor-
tância de uma abordagem terapêutica voltada diretamente para
a totalidade dos sintomas da doença, sem deixar de levar em
conta as causas e as circunstâncias adjacentes, mas que objetive,
no somatório desses sintomas, o que realmente deve ser tratado
no paciente, enquadrando o aspecto mental, emocional e físico.
Nesse contexto, os grupos de pacientes (grupo dos intoxica-
dos crônicos por solventes e agrotóxicos) foram acompanhados no
Ambulatório de Toxicologia Clínica, Ocupacional e Ambiental do
Hospital Clementino Fragas Filho/IESC/UFRJ, entre os anos de 2003
e 2011, por uma equipe interdisciplinar que integrou as disciplinas
de neurotoxicologia, clínica médica, homeopatia, neuropsicologia,
otorrinolaringologia, enfermagem ocupacional e fisioterapia.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 205
O segundo grupo de maior demanda por atendimento clínico
especializado encontra-se nos intoxicados crônicos por solventes,
com pacientes que, em sua grande maioria, são provenientes de
vários setores da indústria, exibindo uma gama de sintomas graves,
decorrentes, em sua maioria, de um quadro de encefalopatia crônica
por solvente (ECS) (Azevedo, 2011). Nessa amostra de pacientes,
destacam-se os trabalhadores das grandes indústrias químicas,
vítimas de intoxicação por solventes, em especial o tolueno, benzeno
e o xileno. Além dos fatores de risco químicos, muito comumente
observa-se a exposição direta a esses fatores deletérios à saúde
sem a proteção adequada, o que torna a atividade laborativa in-
salubre, excluindo, a médio prazo, o trabalhador tanto de sua vida
diária como das suas atividades laborais. Tais condutas, fruto de
políticas internas excusas nessas empresas, burlam normas e se
eximem de proteger adequadamente a saúde do trabalhador em
relação a esses agentes mórbidos, inclusive, muitas vezes, sem
que os trabalhadores tenham o devido reconhecimento de seus
direitos trabalhistas no momento em que surge a recomendação
médica para afastamento da exposição em questão.
Os solventes, do ponto de vista toxicológico, são substâncias
orgânicas, lipossolúveis, que atravessam a barreira hematoen-
cefálica com facilidade, produzindo uma alteração no estado de
consciência, similar aos níveis mais leves de anestesia (Echeveria
et al., 1991). A principal via de introdução é o sistema respiratório e
a segunda via potencial de exposição é a dérmica, podendo ocor-
rer, neste caso, sintomas de ressecamento e dermatite alérgica,
entre outros. O potencial para intoxicação aumenta à medida que
a exposição aumenta, tanto do ponto de vista temporal como
quantitativo, e a exposição a misturas de solventes leva à possibili-
dade de efeitos aditivos, sinérgicos ou potenciadores imprevisíveis
(Andrews e Snyder, 1991).
206 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
São empregados principalmente como desengraxantes, ae-
rossois, corantes e adesivos, laquês, sínteses químicas, combustí-
veis, aditivos, tintas e seus componentes (Leite, 2008.) Outro eixo
importante relaciona-se à contaminação ambiental como forma
de disseminação dos solventes carreados por veículos distintos
(Bruckner, Anand, Warren, 2008).
No caso da exposição ocupacional apresentada neste estudo,
o diagnóstico da síndrome tóxica é facilitado porque a exposição
excede os níveis estabelecidos para efeitos biológicos e os sintomas
seguem os padrões clássicos para intoxicação. Mesmo em situações
de toxicidade bem definida do sistema nervoso central (SNC), rea-
ções psicológicas e emocionais podem influenciar a persistência de
sintomas, podendo complicar a recuperação (Foster e Tannhauser,
1994). O diagnóstico diferencial de sintomas neuropsiquiátricos inclui
doenças mentais orgânicas; reações psicológicas ou emocionais
secundárias à exposição e resultante doença; e doenças psiquiá-
tricas preexistentes ou concomitantes (Sullivan e Van Ert, 1992).
Rosenberg et al. (1988) fizeram estudo com intoxicados crô-
nicos por solventes e verificaram atrofia cerebral difusa; perda
da diferenciação entre a substância branca e a cinzenta ao longo
do SNC; e hiperintensidade periventricular da substância branca
em T2, o que foi confirmado por Filley et al. (1990), que obtiveram
achados patológicos semelhantes em relação às alterações na
substância branca.
O diagnóstico preciso de síndromes neuropsiquiátricas as-
sociadas à exposição depende de: história detalhada da exposição
e cronologia de sintomas; conhecimento de possíveis efeitos neu-
rotóxicos da exposição; avaliação psiquiátrica, incluindo história
psicossocial, história de uso de álcool e outras drogas, exame do
estado mental e neurológico; e resultado de exames complemen-
tares, tais como testagem neuropsicológica, eletrencefalograma
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 207
e neuroimagem (Sullivan e Van Ert, 1992).
Os dois grupos de intoxicados crônicos, por agrotóxicos e
solventes, apresentam em comum uma gama de sintomas de difícil
reversão, com importante alteração da parte psíquica, emocional
e cognitiva, sendo que os pacientes intoxicados por solventes
apresentam distúrbios psíquicos de largo espectro, resultado de
uma encefalopatia crônica, o que os leva muito comumente a um
isolamento social e familar, por sua extrema agressividade, alte-
rações sensoperceptivas e comportamentais.
A metodologia BioFAO, no contexto das medicinas comple-
mentares e alternativas, utiliza-se de ultradiluições homeopáticas
clássicas numa lógica de equilíbrio de terreno biológico (Amorim,
2009) e foi pensada inicialmente como tratamento para esses
dois grupos de pacientes, primordialmente, porque essas intoxi-
cações crônicas se apresentam como uma desordem sistêmica em
vários níveis de complexidade e também porque eles não haviam
respondido anteriormente às prescrições alopáticas de escolha
para esses agravos.
Os medicamentos homeopáticos promovem a melhora do
estado geral de saúde do indivíduo, estimulando seu sistema imuno-
lógico a desencadear respostas adequadas para cada situação, ao
contrário do que se observa com as drogas utilizadas pela medicina
alopática, que atuam exclusivamente sobre processos fisiopatoló-
gicos relacionados aos sintomas das doenças (Buchi, 2002). Nesse
contexto, a abordagem com ultradiluições homeopáticas permite
ao indivíduo não só restabelecer a saúde, mas também prevenir
a doença, sem, no entanto, produzir os efeitos colaterais experi-
mentados em muitos tratamentos convencionais (Ullman, 1995).
No contexto das medicinas complementares/alternativas), a
metodologia BioFAO, por não depender de especificidade entre as
naturezas homeopáticas empregadas e os sintomas específicos,
208 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
consegue contemplar toda a complexidade inerente a essas classes
de intoxicações químicas (Amorim, 2003). Esse fato, corrobora-
do pelos resultados positivos apresentados na pesquisa básica
aplicando a metodologia BioFAO em animais intoxicados crônicos
por diferentes agentes químicos, determinou a possibilidade de
introduzir essa metodologia nessa área de pesquisa, de forma a
contribuir com a saúde dessas populações expostas. A pesquisa
básica inicial se colocou como a primeira exigência para que essa
metodologia pudesse ser viabilizada no contexto humano e foi
desenvolvida na Faculdade de Medicina de Marília, em São Paulo
(Moreira et al., 2008). Segundo Buchi (2002):
A medicina homeopática tem obtido um notável reconhecimento
nas últimas décadas na procura de novas soluções terapêuti-
cas para a prática médica. Com essa nova abertura, ampliou
e enriqueceu o conhecimento médico com novos conceitos e
critérios, permitindo o impulso dado pelas pesquisas na área
biológica para encontrar caminhos que representem fontes
importantes de esperança e de alívio para o ser humano.
Nesse contexto, esse projeto, utilizando medicamentos
homeopáticos através da metodologia BioFAO, foi pensado para
pacientes intoxicados cronicamente também em resposta à própria
Organização Mundial da Saúde (OMS), que vem estimulando o uso
da medicina tradicional/medicina complementar/alternativa nos
sistemas de saúde e de acordo com seu documento “Estratégia
da OMS sobre medicina tradicional 2002-2005”, que reforça “a
importância do desenvolvimento de políticas com foco na quali-
dade de vida, eficácia, uso racional e acesso aos medicamento”.
O Ministério da Saúde (MS) do Brasil aprovou a Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no
Sistema Único de Saúde (SUS), por entender que as práticas inte-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 209
grativas e complementares se incluem num universo de abordagens
denominado pela OMS de medicina tradicional e complementar/
alternativa. Nessa perspectiva, essa política de caráter nacional
recomenda a adoção de incremento das ações e serviços relativos
às práticas integrativas e complementares pelas secretarias de
Saúde dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.
Obedecendo a critérios estabelecidos na criação do Ambu-
latório de Toxicologia Clínica, Ocupacional e Ambiental do IESC/
HUCFF/UFRJ, fui convidada, como pesquisadora voluntária, a incluir
este projeto de pesquisa no quesito que previa proporcionar expe-
riências de aprendizados aos pós-graduados (stricto e lato sensu).
Para tal, inicialmente foi solicitado um projeto piloto com
pacientes intoxicados crônicos por solventes e agrotóxicos, cada
grupo com 11 pacientes escolhidos da totalidade de pacientes acom-
panhados no ambulatório, para se observar a eficácia e efetividade
do tratamento homeopático na metodologia BioFAO nos quadros de
intoxicação por solventes e agrotóxicos em pacientes previamente
tratados alopaticamente e que não apresentaram resposta clínica
favorável em relação a distúrbios imunológicos e neurológicos.
Tais resultados preliminares definiriam a aprovação para o
projeto de pesquisa propriamente dito, que seria elaborado para um
projeto de um ano (12 meses) de acompanhamento. Os dois projetos
pilotos foram realizados, com quatro meses de acompanhamento,
e esses primeiros resultados foram apresentados em pôster no
XIV Congresso Brasileiro de Toxicologia, em Recife (PE), em 2005.
I. A justificativa para a segunda fase do projeto (2006-2007)
A partir desses primeiros resultados apresentados no XIV Congresso
Brasileiro de Toxicologia, em Recife (PE), em 2005, preencheu-se a
prerrogativa para a execução da segunda etapa de atendimento
dos pacientes cronicamente intoxicados, agora incorporando um
210 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
número maior de indivíduos ao grupo inicial, pacientes esses que
deveriam contemplar os critérios de inclusão e que espontane-
amente desejassem participar desse projeto, de acordo com os
termos de consentimento.
Esse trabalho piloto pôde observar a evolução de um grupo
de 11 pacientes intoxicados cronicamente por agrotóxicos e, nes-
se grupo, uma paciente não retornou para a segunda avaliação
clínica. Os demais pacientes avaliados apresentaram melhora de
cerca de 70% da sintomatologia, nos primeiros quatro meses de
avaliação. Observou-se uma acentuada melhora do estado geral
e dos sintomas emocionais desses pacientes, com boa resposta
clínica para os sintomas digestivos e respiratórios. Observou-se
uma resposta positiva também em sintomas referentes a altera-
ções imunológicas, como quadros alérgicos graves, assim como
quadros fóbicos, confusão mental, depressão, tremores, taquicar-
dia, vertigens, parestesia de extremidades, artralgias, mialgia e
síndrome do pânico. Esses sintomas correspondem aos principais
sintomas pertinentes a essa classe de intoxicação. Nesse período,
entretanto, obteve-se discreta melhora em sintomas específicos,
como visão turva, perda da memória e dificuldade de concentração.
O segundo grupo desse projeto piloto evidenciou, na epi-
demiologia descritiva sobre o grupo de 11 pacientes intoxicados
cronicamente por solventes, que todos retornaram para a segunda
avaliação, referindo melhora em cerca de 70% dos sintomas nos
primeiros quatro meses de avaliação. Observou-se melhora sig-
nificativa de sintomas como tonteira, parestesia de extremidades,
palpitação, sintomas digestivos, dermatites alérgicas, dispneia,
cefaleia, peso nas pernas, com dificuldade de deambulação, astenia
e desânimo. Na área emocional e mental, observou-se melhora
acentuada dos sintomas de depressão e síndrome do pânico, difi-
culdade de processar informação, confusão mental, torpor, desvio
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 211
acentuado de comportamento com quadros de extrema agressivi-
dade (inclusive dormindo), desejos de matar, hipersensibilidade a
qualquer estímulo externo, ansiedade por antecipação dos fatos e
alterações sensoperceptivas (sensação de que o corpo se expan-
de). Observamos, entretanto, que nesses primeiros quatro meses
os pacientes referiram discreta melhora em sintomas como delí-
rios persecutórios, perda acentuada da memória e diminuição da
concentração, sem nenhuma resposta naquela primeira etapa de
quatro meses em relação à mitigação de sintomas como zumbido e
perda da capacidade auditiva causada por esses agentes químicos.
II. Objetivos
a. Objetivo geral
Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar a exposição
crônica a diferentes substâncias químicas e avaliar a indicação
clínica para o uso das ultradiluições homeopáticas na metodologia
BioFAO em casos crônicos refratários à medicação convencional na
população exposta a substâncias químicas no ambiente de traba-
lho que busca atendimento no Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho/UFRJ, numa perspectiva de mitigar esses sintomas e
sugerir mudanças que tragam melhorias para a qualidade de vida
e para as questões ambientais.
b. Objetivos específicos
(i) Realizar uma pesquisa no sentido de avaliar as condições de
trabalho e saúde de uma população exposta cronicamente a
substâncias químicas; (ii) Avaliar a indicação clínica para o uso
das ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO em ca-
sos crônicos refratários a tratamento prévio convencional, com
enfoque nas alterações imunológicas e neurológicas; (iii) Pensar
alternativas de monitoramento dessa população, viabilizando
212 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
pesquisas no contexto das medicinas complementares e alterna-
tivas (MCA) como opção de tratamento e prevenção aos agravos
à saúde ocasionados pelas substâncias químicas.
III. Metodologia
Foi realizado um estudo de eficácia e efetividade do tratamento
utilizando as ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO
nos quadros de intoxicação por diferentes substâncias químicas
em pacientes previamente tratados alopaticamente e que não
apresentaram resposta clínica favorável em relação a distúrbios
imunológicos e neurológicos. A metodologia empregada encontra‑se
descrita no capítulo anterior deste livro, com o titulo de “Metodo-
logia BioFAO: um modelo holoinformacional da saúde.
a. Critérios de admissão dos pacientes
Além do consentimento livre e esclarecido, os pacientes que fi-
zeram parte do estudo deveriam manifestar a patologia por um
período mínimo de um ano, sem resposta prévia aos tratamentos
convencionais, e não apresentar qualquer outra doença clinica-
mente importante que pudesse interferir na evolução e/ou na
avaliação do quadro em questão.
b. Critérios de exclusão
Foram impedidos de participar dos ensaios pacientes que faziam
uso de corticosteroides ou imunosupressores, pacientes que
apresentassem distúrbios psiquiátricos (não correlacionados à
patologia em estudo) e/ou importantes anormalidades anatômi-
cas em algum órgão patológico (Teixeira, 2002). Esses pacientes
foram direcionados para atendimento em outros consultórios do
Ambulatório do HUCFF ou encaminhados para outras unidades
do Sistema Único de Saúde de acordo com a patologia de base.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 213
Os encaminhamentos foram feitos por escrito e, em alguns casos,
precedidos de contatos telefônicos pelas equipes das unidades
de saúde.
c. Elaboração do modelo do ensaio
(i) Paciente foi avaliado pela equipe que coordena a rotina do am-
bulatório, a qual validou a inclusão ou não do paciente no projeto
de pesquisa; (ii) Foi dado um enfoque aos distúrbios imunológicos e
neurológicos decorrentes das intoxicações crônicas por diferentes
agentes químicos; (iii) Foram realizados os retornos no terceiro e
oitavo mês, com reavaliação clínica, neuropsicológica, neurológi-
ca e laboratorial; (iv) Foi permitida a utilização de “medicação de
escape” para aliviar os sintomas dos pacientes nos momentos em
que os pacientes solicitaram por intercorrências, inclusive relacio-
nadas a outras especialidades médicas. Como no caso específico
de intoxicação irreversível por determinados agentes químicos
não existe um tratamento alopático específico para essa classe de
intoxicação, a medicação de escape nesse contexto clínico cumpri-
ria apenas a função paliativa e a frequência de utilização dessas
medicações faria parte da avaliação do tratamento; (v) Após o
término do estudo piloto inicial ocorreu o acompanhamento dos
pacientes por mais um ano, no intuito de quantificar a melhora
temporal e dinâmica através de exames clínicos e laboratoriais;
(vi) Após essa etapa de um ano, prevista pelo projeto de pesquisa,
o ambulatório permaneceu aberto para esses dois grupos de pa-
cientes, com a finalidade de receber uma livre demanda relativa
aos acompanhamentos clínicos normalmente disponibilizados aos
pacientes vinculados aos HUCFF/UFRJ.
d. Prescrição homeopática na metodologia BioFAO
Os pacientes, ao longo desses anos, participaram de toda a evolução
214 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
do estado da arte do BioFAO, recebendo, inicialmente, os kits com
doses isoladas das ultradiluições homeopáticas, aqui denomina-
das de Fatores de Auto-organização do Biocampo (BioFAO). São
eles: o Antimonium crudum (sulfeto de antimonium), Kali carboni-
cum (carbonato de potássio), Mercurius solubilis (nitrato de mercú-
rio), Sulphur (enxofre), Natrum muriaticum (cloreto de sódio), Aurum
metallicum (ouro) e Ammonium muriaticum (cloreto de amônio).
Foi administrado inicialmente um kit com os medicamentos
descritos, em potências de dinamização que variavam entre 8dh e
60dh na escala decimal hahnemanniana, que são obtidas através
da utilização de técnicas previstas pelas normas da Farmacopeia
Homeopática Brasileira, contendo cada vidro cinco glóbulos de
cada medicamento empregado, os quais foram administrados
obedecendo-se o previsto para as fases metodológicas do BioFAO,
supracitadas.
Esses medicamentos foram inicialmente organizados em um
kit para serem utilizados, trazendo especificados as sequências
corretas e os intervalos de tempo, de modo a evitar os erros no
momento da utilização. Posteriormente, com o desenvolvimento da
metodologia BioFAO, passaram a ser administrados em uma dose
única do composto homeopático, utilizando a faixa de potência
medicamentosa entre 8dh e 60dh na escala decimal hahneman-
niana. Essas medicações eram aplicadas a cada quatro meses de
intervalo ou com intervalos maiores.
e. Os medicamentos
A medicação homeopática para a pesquisa foi oferecida gratuita-
mente pelo Laboratório Homeopático, que se prontificou a cola-
borar com o projeto, fornecendo medicamentos para a população
incluída durante toda a duração do projeto e enquanto se perpetuar
o atendimento a essa população.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 215
f. Análise dos dados
Foram criados bancos de dados e realizadas a crítica e a análise
dos dados em microcomputador, por meio do programa EPI-INFO,
versão 6.04. A fase de crítica envolveu três subfases indepen-
dentes e sucessivas: crítica quantitativa, para detectar e corrigir
erros de digitação; crítica qualitativa; crítica da análise do exame
neurológico, a fim de verificar se os dados clínicos eram ou não
característicos da intoxicação por agentes químicos. Os testes
estatísticos utilizados serão c 2, o t, de Student, e outros que se
fizerem necessários.
g. Aspectos éticos
O projeto incorpora os aspectos éticos recomendados pela Reso-
lução n. 196/96, hoje n. 466/12, do Conselho Nacional de Saúde
sobre pesquisa envolvendo seres humanos, incluindo, entre ou-
tros critérios, a obtenção do consentimento livre e esclarecido
dos indivíduos, e não apresentava atividades que pudesse levar
a danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social,
cultural ou espiritual dessas pessoas. Propõe-se também a dar
amplo retorno à sociedade sobre os resultados coletivos oriun-
dos da pesquisa.
h. O sujeito da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa tiveram garantia de livre consentimento
após total esclarecimento de todos os benefícios e possíveis riscos
que podem advir do processo investigatório.
i. Período de desenvolvimento do projeto para os
intoxicados crônicos por agrotóxicos e solventes
Primeira etapa – projeto piloto – quatro meses.
Segunda etapa – integra a pesquisa propriamente dita – 18 meses.
216 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
IV. Resultados
a. Resultados relativos ao grupo intoxicado
cronicamente por organofosforados
Da amostra final de 19 pacientes, dois pacientes foram retirados
da análise gráfica no oitavo mês, um por retornar à exposição
química aos organofosforados e o outro, por não comparecer para
a última avaliação ambulatorial. Nos últimos seis meses, outros
dois pacientes não compareceram para avaliação clínica e foram
excluídos. Com os 15 pacientes que permaneceram aderidos ao
tratamento, foram realizados três cortes de análise, respectiva-
mente no quarto, oitavo e décimo oitavo mês, respectivamente
em maio de 2006, setembro de 2006 e julho de 2007. Na análise,
inserida em três gráficos que demonstram a evolução dos sin-
tomas a partir do gráfico inicial, observa-se nos pacientes uma
evolução positiva de 24 sintomas compatíveis com essa classe de
intoxicação química, delineando graficamente sua dinâmica no
período de 18 meses.
Nos gráficos a seguir, avalia-se a amostra de 15 pacientes
em janeiro de 2006, mês de início do tratamento.
No gráfico 1 (pg. 218) foram incluídos 15 pacientes e obser-
vamos que sintomas considerados mais graves e específicos de
intoxicação crônica por agrotóxicos, como vertigens e tonteira,
depressão, perda de memória e diminuição da concentração, fo-
ram referidos entre 80,0% e 100,0% da população examinada,
enquanto confusão mental, parestesia de extremidades, agressi-
vidade, visão turva, tremores, taquicardia, apatia e diminuição da
força muscular foram referidos entre 26,7% e 73,3% da população
examinada. Outros sintomas, como náuseas, cefaleia, ansiedade
por antecipação, irritabilidade, apesar de expressarem sintomas
mais gerais e inespecíficos, estão relacionados aos sintomas en-
contrados nessa classe de intoxicação e demonstraram índices
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 217
significativos na amostra, que foram observados entre 80,0% e
100% da população examinada. Os sintomas dispneia, insônia,
tremores, epigastralgia, síndrome do pânico, diarreia, mialgias e
artralgias e quadros alérgicos, também mais gerais e inespecíficos,
foram observados entre 26,7% e 66,7% da população examinada.
Analisando os gráficos 2 e 3 (pag. 218 e 219), observamos uma
melhora dos sintomas que foi evidenciada já na avaliação referida
no gráfico do quarto mês, construindo uma redução progressiva
dos sintomas nas avaliações seguintes.
No gráfico 4 (pg. 219), no âmbito geral, no prazo final de
18 meses, observou-se em 100% da amostra a negativação dos
sintomas de tremores, parestesia das extremidades, apatia, dimi-
nuição da força muscular, síndrome do pânico, diarreia, câimbras
e agressividade; melhora de 80% a 90% entre pacientes com os
sintomas de irritabilidade, cefaleia, vertigem/tonteira, insônia,
visão turva, depressão, náuseas, dispneia e sintomas digestivos;
melhora entre 60% e 70% da amostra dos sintomas de ansiedade,
confusão mental, taquicardia, quadros alérgicos, dificuldade de
concentração, mialgias/artralgias. Para o sintoma de distúrbio da
memória, houve resposta de apenas 30% da amostra.
No prazo de 18 meses de tratamento desses pacientes lesionais
graves de caráter irreversível, encontramos: 32,1% da amostra com
remissão de 100% dos sintomas; 15,2% com remissão de 90% dos
sintomas; 32,1% com remissão de 70% dos sintomas; 10,3% com
remissão de 50% dos sintomas; houve retirada de um paciente da
amostra por manter exposição aos agrotóxicos e três pacientes
que não retornaram para a última avaliação ambulatorial.
Esses resultados foram apresentados em pôster no XV Con-
gresso Brasileiro de Toxicologia, em Búzios (RJ), em 2007.
218 PARTE 5: O circuito coerente para a auto-organização BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 219

Gráfico 1 Gráfico 3

tremores 4 tremores 0
parestesia de extremidades 4 parestesia de extremidades 0
diarreia 4 apatia 0
mialgias/artralgias 5 diminuição da força muscular 0
câimbras 5 agressividade 0
síndrome de pânico 6 síndrome de pânico 1
visão turva 7 diarreia 1
taquicardia 7 cefaleia 1
diminuição da força muscular 7 câimbras 1
sintomas digestivos 7 visão turva 2
confusão mental 9 vertigem /tonteira 2
quadros alérgicos 9 confusão mental 2
insônia 10 depressão 2
apatia 10 taquicardia 2
dispneia 10 sintomas digestivos 2
agressividade 11 insônia 3
depressão 12 mialgias/artralgias 3
náuseas 12 dispneia 3
vertigem /tonteira 13 náuseas 4
cefaleia 13 quadros alérgicos 4
irritabilidade 15 irritabilidade 5
ansiedade 15 ansiedade 5
distúrbio de memória 15 dificuldade de concentração 8
dificuldade de concentração 15 distúrbio de memória 13
Gráfico 1 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a agrotóxicos na pri- Gráfico 3 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a agrotóxicos
meira fase do tratamento com as ultradiluições homeopáticas no primeiro mês – Ambulatório de Saúde tratados com as ultradiluições homeopáticas no oitavo mês – Ambulatório de Saúde Ambiental
Ambiental e Ocupacional (Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, em janeiro de 2006. Rio de Janeiro/Brasil. e Ocupacional (Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, em setembro de 2006. Rio de Janeiro/Brasil.

Gráfico 2 Gráfico 4

tremores 0 tremores 0
parestesia de extremidades 1 parestesia de extremidades 0
câimbras 1 apatia 0
taquicardia 2 diminuição da força muscular 0
diminuição da força muscular 2 síndrome de pânico 0
sintomas digestivos 2 diarreia 0
dispneia 2 câimbras 0
visão turva 3 agressividade 0
apatia 3 visão turva 1
síndrome de pânico 3 vertigem /tonteira 1
diarreia 3 insônia 1
cefaleia 3 epigastralgia 1
mialgias/artralgias 4 cefaléia 1
agressividade 4 confusão mental 2
quadros alérgicos 4 depressão 2
confusão mental 5 taquicardia 2
náuseas 5 mialgias/artralgias 2
vertigem /tonteira 6 dispnéia 2
insônia 6 náuseas 2
depressão 7 quadros alérgicos 2
irritabilidade 8 irritabilidade 3
ansiedade 8 ansiedade 5
dificuldade de concentração 10 dificuldade de concentração 6
distúrbio de memória 15 distúrbio de memória 11
Gráfico 2 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a agrotóxicos Gráfico 4 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a agrotóxicos
tratados com as ultradiluições homeopáticas, no quarto mês – Ambulatório de Saúde Ambiental e tratados com as ultradiluições homeopáticas no 18º mês – Ambulatório de Saúde Ambiental e
Ocupacional (Toxicologia Clínica) do HUCFF/UFRJ, em maio de 2006. Rio de Janeiro/Brasil. Ocupacional (Toxicologia Clínica), em julho de 2007. Rio de Janeiro/Brasil.
220 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 221

Dado de relevância nas observações sentava na ocasião vômitos e diarreias frequentes e recebeu
Apesar de um paciente ter sido excluído da pesquisa, por retornar alta com dieta.
à exposição aos organofosforados, seu relato histórico traz um
dado de relevância importante para discussões futuras: VCI
O paciente L.F.A.R. fez parte do grupo piloto na primeira etapa Caxumba, rubéola e sarampo. Refere pneumonias frequentes na
desta pesquisa, em 2005, e em sua primeira consulta refere uma infância.
história de exposição a organofosforados desde 1997, chegando ao
atendimento no Ambulatório do HU em final de 2002, com quadro HF
de dores nas pernas (mialgias) de caráter contínuo que não chegam Pai falecido de enfisema pulmonar e mãe viva e saudável. Dois
a impedir a realização de suas atividades diárias. Referia câimbras filhos saudáveis.
frequentes, com parestesias e diminuição da força em MMII, de caráter
esporádico. Associadas a esses sintomas, relatava ainda astenia e Exame clínico
dores articulares crônicas sem caráter inflamatório. Queixava-se de Paciente, lúcido, orientado holo e autopsiquicamente, normoco-
cefaleia frontal e região periorbitária que, com o tempo, se tornou rado, anictérico, hidratado, eupneico, acianótico, afebril ao toque.
holocraniana e cefaleia de moderada intensidade em aperto, podendo Tireoide impalpável, com ausência de linfonodos palpáveis em
eventualmente apresentar um caráter pulsátil. Negava náuseas e cadeia cervical, supraclavicular e occiptal.
vômitos relacionados à dor, que melhora com analgésicos comuns.
ACV
História ocupacional RCR 2T, BNF s/ sopros.
Exposição de 11 anos a compostos fosforados como guarda de
endemia. Não usava EPI. Quando tinha, era um equipamento em AR
péssimo estado de conservação. Certa vez, caiu inseticida em seus MVUA s/ RA.
olhos e ele ficou três meses sem enxergar. Até hoje tem a visão Abdome peristáltico, atípico, indolor à palpação superficial e pro-
turva e embaçada num dos olhos. Eles usavam óculos colados no funda. Hepatimetria de 17 cm. Fígado com borda irregular Traube
rosto, mas, como não funcionavam bem, terminavam embaçando livre. MMII – sem edema.
a visão e tinham de ser retirados para que se pudesse trabalhar.
O capacete também deixava toda a região do pescoço exposta. Exame neurológico
Nistagmo bilateral. Sensibilidade superficial distal em MMII e MMSS.
HPP
História de internação prévia durante dez dias por intoxicação HD
aguda e apresentou fortes sintomas digestivos em 1997. Apre- Neuropatia periférica a esclarecer.
222 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
O paciente evoluiu na primeira fase do projeto piloto, em 2005,
e, por volta do quarto mês no curso dessa fase de pesquisa (maio
de 2006), retornou à avaliação e, respondido o questionário com
os sintomas relativos à pesquisa, todos os sintomas de intoxicação
estavam zerados. Referia uma lombalgia com dores na coluna,
tomando analgésicos esporadicamente. Relata uma melhora de
dor precordial, que era um sintoma antigo e que agora estava
surgindo de forma esporádica, estando em acompanhamento com
cardiológico, sintoma esse não relacionado à intoxicação crônica.
No retorno no oitavo mês de acompanhamento ambulatorial, ele
refere estar assintomático para todos os sintomas de intoxicação
crônica, queixando-se da lombalgia e colocando a problemática de
ter retornado ao trabalho de campo como agente de endemias por
questões financeiras e pressões de chefia, portanto, retornando
à exposição por organofosforados.
Foi orientado a sair dessa exposição, mediante laudo médi-
co solicitando seu afastamento, e orientado a compreender que
não seria eticamente viável seguir com o tratamento, usando-o
numa lógica de sustentar uma exposição ocupacional a agentes
químicos, quando não são rigorosamente obedecidas as normas
de segurança para proteção da saúde do trabalhador. Como o
paciente estava isento de sintomas, optou em não retornar mais
ao acompanhamento clínico e parece ter feito a escolha de manter
a exposição química, apesar de ter recebido um laudo solicitando
que se mantivesse afastado desses agentes químicos.
Apesar de estar fora do perfil estatístico da pesquisa, por ter
entrado no critério de exclusão, esse caso isolado traz o alerta sobre
o cuidado ético que deve ser observado para que a possibilidade
de desintoxicação desses trabalhadores não venha a alimentar
lógicas perversas resultantes do descaso e do mínimo cuidado nas
observações ao rigor em relação às regras de segurança para os
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 223
trabalhadores expostos aos diferentes agentes químicos e outros
agravos de origem ocupacional; um alerta contra a lógica de que,
se existe uma forma de corrigir a intoxicação, isso possa ser mal
direcionado, minimizados ou excluídos os cuidados com as normas
de segurança para os trabalhadores expostos.
As observações dos determinantes presentes nas organizações
da saúde e do ambiente das populações estudadas reforçam a cons-
ciência emergente em relação à complexidade e à inter-relação de
todas as questões envolvidas, enfatizando a necessidade de uma visão
mais integrativa, levando em consideração que todos os segmentos
de assistência são imprescindíveis para que possamos obter resulta-
dos positivos em prol do meio ambiente e da saúde do trabalhador.
Diante do impacto que os agrotóxicos causam à saúde do
trabalhador e à saúde ambiental, torna-se premente pensar numa
possibilidade de implantação e implementação de políticas públicas
saudáveis que favoreçam a abertura de um justo espaço para abor-
dagens terapêuticas que se incluem no contexto da medicina comple-
mentar e alternativa, de forma a contribuir para a melhora da saúde
e da qualidade de vida das populações expostas aos agrotóxicos.
b. Resultados relativos ao grupo dos intoxicados
cronicamente por solventes
Da amostra final de 14 pacientes, dois pacientes foram retira-
dos da análise gráfica quadrimestral, pois não compareceram à
última avaliação. Foram realizados três cortes de análise, res-
pectivamente no quarto, sexto e décimo oitavo mês. Na análise
inserida em três gráficos que demonstram a evolução dos sinto-
mas a partir do gráfico inicial, observam-se nos pacientes uma
evolução positiva de 24 sintomas compatíveis com essa classe
de intoxicação química, delineando graficamente sua dinâmica
no período de um ano.
224 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 225

Nos gráficos a seguir, dois pacientes foram retirados da amostra. sintomas digestivos; melhora entre 60% e 70% da amostra dos
No gráfico 5 (pg. 225), observamos que sintomas considera- sintomas de irritabilidade, palpitação, ansiedade por antecipação,
dos mais graves e específicos de intoxicação crônica por solventes, parestesia de extremidades; melhora entre 40% e 50% da amostra
como diminuição da concentração, depressão, perda da memória, para os sintomas de cefaleia e diminuição da concentração, perda
foram referidos entre 100% e 91,7% da população examinada. de memória e tonteira; melhora entre 17% e 25% para os sintomas
Os sintomas de apatia, tonteira, confusão mental, agressividade, de transtorno do sono e dermatite alérgica. Não ocorreu remissão
também tidos como graves e específicos, foram referidos entre do sintoma dano ao canal auditivo.
66,7% e 50% da população examinada. Enquanto sintomas como No prazo de 18 meses de tratamento desses pacientes, clas-
parestesia de extremidades, distúrbio de comportamento, falta sificados no âmbito homeopático como lesionais graves de caráter
de coordenação, alterações sensoperceptivas e danos nos canais irreversível, observou-se 28,6% da amostra com remissão de 100%
auditivos, também específicos da intoxicação crônica por solven- dos sintomas; 14,4% com remissão de 90% dos sintomas; 7,2% com
tes, foram referidos entre 41,7% e 25% da população examinada. remissão de 70% dos sintomas; 28,4% com remissão de 50% dos
Outros sintomas, como cefaleia, síndrome do pânico, astenia, sintomas; 7,2% com melhora de 20% dos sintomas; dois pacientes
sintomas digestivos, irritabilidade, apesar de expressarem sinto- (14,2%) não retornaram para a última avaliação ambulatorial.
mas mais gerais e inespecíficos, estão relacionados aos sintomas
encontrados nessa classe de intoxicação e demonstraram índices
significativos na amostra, em que foram observados entre 100% * criar referência ao gráfico 8 (pg. 227)
e 66,7% da população examinada. Já os sintomas de dermatite
alérgica, dispneia, ansiedade por antecipação, transtorno do sono,
palpitação, peso nas pernas e intolerância ao álcool foram obser-
vados entre 50% e 16,7% da população examinada.
Os resultados evidenciaram uma melhora progressiva após
o quarto mês de tratamento, o que fica explicitado nos gráficos
6 e 7 (pg. 226 e 227), compátivel com a terceira avaliação, no
oitavo mês.
No âmbito geral, no prazo final de um ano, observou-se
em 100% da amostra a negativação dos sintomas de dispneia,
agressividade, astenia, síndrome do pânico, intolerância ao álcool,
apatia e desvio de comportamento; melhora em torno de 80% dos
pacientes com os sintomas depressão, confusão mental, peso nas
pernas, falta de coordenação, alteração sensoperceptiva, desânimo,
226 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 227

Gráfico 5 Gráfico 7

dispneia 2 palpitação 0
alterações sensoperceptivas 3 alterações sensoperceptivas 1
danos no canal auditivo 4 apatia 1
dermatite alérgica 4 cefaleia 1
palpitação 4 dermatite alérgica 1
desvio de comportamento 5 dispneia 1
falta de coordenação 5 parestesias de extremidades 1
parestesias de extremidades 5 peso nas pernas 1
peso nas pernas 5 síndrome de pânico 1
agressividade 6 astenia 2
intolerância ao álcool 6 confusão mental 2
transtorno do sono 6 tonteira 2
confusão mental 7 agressividade 3
tonteira 7 danos no canal auditivo 3
apatia 8 depressão 3
cefaleia 8 desvio de comportamento 3
síndrome de pânico 8 falta de coordenação 3
ansiedade por antecipação 9 transtorno do sono 3
astenia 9 intolerância ao álcool 4
sintomas digestivos 10 perda de memória 4
depressão 11 ansiedade por antecipação 6
perda de memória 11 diminuição na concentração 6
diminuição na concentração 12 irritabilidade 7
irritabilidade 12 sintomas digestivos 7
Gráfico 5 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a solventes Gráfico 7 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a solventes
tratados com as ultradiluições homeopáticas no priemiro mês – Ambulatório de Saúde Ambiental tratados com as ultradiluições homeopáticas no oitavo mês – Ambulatório de Saúde Ambiental e
e Ocupacional (Toxicologia Clínica), em janeiro de 2006. Rio de Janeiro/Brasil. Ocupacional (Toxicologia Clínica), em setembro de 2006. Rio de Janeiro/Brasil.

Gráfico 6 Gráfico 8

alterações sensoperceptivas 1 agressividade 0

dispneia 1 apatia 0
palpitação 1 astenia 0
apatia 2 desvio de comportamento 0
peso nas pernas 2 dispneia 0
síndrome de pânico 2 intolerância ao álcool 0
cefaleia 3 síndrome de pânico 0
dermatite alérgica 3 alterações sensoperceptivas 1
parestesias de extremidades 3 confusão mental 1
astenia 4 depressão 1
danos no canal auditivo 4 falta de coordenação 1
depressão 4 palpitação 1
intolerância ao álcool 4 peso nas pernas 1
transtorno do sono 4 parestesias de extremidades 2
confusão mental 5 sintomas digestivos 2
desvio de comportamento 5 ansiedade por antecipação 3
falta de coordenação 5 dermatite alérgica 3
irritabilidade 5 irritabilidade 3
sintomas digestivos 5 cefaleia 4
tonteira 5 danos no canal auditivo 4
agressividade 6 tonteira 4
ansiedade por antecipação 6 transtorno do sono 5
perda de memória 6 diminuição na concentração 6
diminuição na concentração 7 perda de memória 6
Gráfico 6 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a solventes Gráfico 8 – Relação dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes expostos a solventes
tratados com as ultradiluições homeopáticas no quarto mês – Ambulatório de Saúde Ambiental e tratados com as ultradiluições homeopáticas no 18° mês – Ambulatório de Saúde Ambiental e
Ocupacional (Toxicologia Clínica), em maio de 2006. Rio de Janeiro/Brasil. Ocupacional (Toxicologia Clínica), em julho de 2007. Rio de Janeiro/Brasil.
228 PARTE 3: Perspectiva científica: Projeto Biocampo
V. Discussão
a. Discussão sobre a pesquisa com intoxicados
crônicos por agrotóxicos
Sob a perspectiva de novos paradigmas no âmbito da saúde, as
respostas obtidas nos achados clínicos descritos nesta pesquisa
confirmam a teoria sobre a regulação do terreno biológico através
da utilização do método que utiliza ultradiluições homeopáticas,
tal como proposto na metodologia BioFAO, reforçando o que foi
descrito por Patel (1987) em relação às avaliações clínicas de me-
dicinas holísticas. Segundo o autor, essas avaliações têm de estar
baseadas em uma abordagem global de saúde e compreendidas
como uma rede de equilíbrio dinâmico.
b. Discussão sobre a pesquisa com intoxicados
crônicos por solventes
Em vista de as pesquisas apresentadas neste estudo demonstrarem
a eficácia da metodologia BioFAO em relação a essa classe de into-
xicações por agentes químicos, e conhecendo-se a atual dificuldade
para se encontrar uma abordagem terapêutica capaz de mitigar os
agravos decorrentes das intoxicações crônicas por solventes, sugere-se
uma avaliação desse modelo terapêutico, que utiliza ultradiluições
homeopáticas na lógica de promover auto-organização sistêmica,
de forma a observar seus resultados nessa classe de intoxicações.
Nesse contexto, evidencia-se na pesquisa clínica que a meto-
dologia BioFAO é capaz de oferecer respostas coerentes e positivas
na relação entre as doses empregadas e os sintomas observados, de
forma a poder abrir espaço para o seu emprego como terapêutica
alternativa nessa classe de intoxicações. Essa possibilidade insere
a condição de repetitividade nos experimentos, o que, segundo Lou-
renço (1989), determina um alto grau de confirmação empírica, ou
seja, um apoio dedutivo, o que favorece a retirada dos obstáculos ao
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 229
enquadramento das terapias que se utilizam de medicamentos ho-
meopáticos do figurino epistemológico dos estudos de caso controle
e duplo cego, o que possibilita, segundo Marchat (1996), pensar essas
terapêuticas inseridas no contexto das medicinas complementares
e alternativas em um novo eixo de desenvolvimento e pesquisa.
VI. Conclusões
a. Conclusão sobre a pesquisa com intoxicados
crônicos por agrotóxicos
Os resultados desta pesquisa evidenciam a eficácia do tratamento
utilizando ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO,
dentro de uma visão de equilíbrio de terreno biológico, e contex-
tualizam a questão da dificuldade, na abordagem terapêutica
convencional, de mitigar os agravos decorrentes da intoxicação
crônica por agrotóxicos, em cuja abrangência se propõe a inclusão a
utilização da metodologia BioFAO como uma possibilidade de auxílio
no tratamento e na prevenção das doenças de origem ambiental.
b. Conclusão sobre a pesquisa com intoxicados
crônicos por solventes
Torna-se pertinente trazer para o debate, no âmbito da saúde
coletiva, os resultados mencionados no presente estudo, que,
elaborados por meio de enfoques interdisciplinares e interseto-
riais, têm como objetivo trazer uma contribuição das medicinas
complementares/alternativas para a questão das intoxicações
por substâncias químicas em populações ambiental e ocupacio-
nalmente expostas a esses agentes químicos.
Esta investigação estabeleceu um compromisso de caráter trans-
formador, não só no sentido de elaborar estratégias de intervenção
para o problema, mas também de contribuir com o tratamento e a
prevenção de novos riscos nessas populações ambientalmente expostas.
PARTE   4
Resultados e
casos clínicos
na metodologia
BioFAO
232 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
4.1: Acompanhamento de pacientes com intoxição crônica
por agrotóxicos e solventes com as ultradiluições
homeopáticas na metodologia BioFAO no período 2006-
2017, no Ambulatório do HUCGF – Acompanhamento
ambulatorial dos pacientes intoxicados crônicos por
solventes e agrotóxicos que se mantiveram aderidos ao
tratamento por livre demanda de 2006 a 2017
Míria de Amorim1
Heloisa Pacheco-Ferreira2
(IESC/UFRJ)
_Pesquisadores responsáveis
Miría de Amorim – Médica homeopata, presidente do Instituto
BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Saúde Am-
biental e Ocupacional (Toxicologia Clínica) da Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre pelo Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/
UFRJ) – área de Produção, Ambiente e Saúde.
Heloisa Pacheco-Ferreira – Professora adjunta da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e co-
ordenadora do Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocupacional
(Toxicologia Clínica) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) (in memoriam).
I. Justificativa
Após a conclusão de um ano de acompanhamento clínico com
respostas positivas, que seguiram se ampliando em relação à
primeira fase, algumas considerações foram pensadas. A primeira
premissa que surge se insere na área da toxicologia, que, como
regra básica, pressupõe nunca dar alta a pacientes intoxicados
cronicamente, pois nessa categoria de agravos qualquer exposição
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 233
mínima a agentes químicos, como, por exemplo, os domissanitários,
podem desencadear respostas imunológicas que necessitam de
acompanhamento clínico.
A segunda questão esclarece que esses pacientes estão vincu-
lados diretamente ao Hospital Universitário, tendo sido atendidos e
acompanhados a cada consulta com o prontuário hospitalar. Nesse
contexto, esses pacientes solicitaram que o acompanhamento clí-
nico com medicação homeopática continuasse, pois tinham receio
de voltar a adoecer caso não contassem mais com a assistência
especializada para esses agravos.
A terceira premissa assenta-se no compromisso ético que
um trabalho de pesquisa deve cumprir, no sentido de manter a
assistência e o medicamento gratuito enquanto o paciente precisar
e buscar esse recurso espontaneamente (Resolução n. 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde).
Essas foram as justificativas que mantiveram em curso o acom-
panhamento desses pacientes por mais dez anos, o que permitou
aferir a resolutividade dessa metodologia ao longo desses anos,
mantendo a adesão espontânea de 69% dos pacientes intoxicados
crônicos por agrotóxicos e 82% dos pacientes intoxicados por solven-
tes, comparados com a amostra do iníco desta terceira fase, em 2007.
II. Metodologia
Foi realizado um estudo de eficácia e efetividade do tratamento
utilizando as ultradiluições homeopáticas na metodologia BioFAO
nos quadros de intoxicação por diferentes substâncias químicas
em pacientes previamente tratados alopaticamente e que não
apresentaram resposta clínica favorável em relação a distúrbios
imunológicos e neurológicos. A metodologia empregada encontra‑se
descrita no Capítulo III – “Metodologia BioFAO: um modelo holoin-
formacional da saúde”.
234 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
a. Prescrição homeopática na metodologia BioFAO
Os pacientes, ao longo desses anos, participaram de todo a evolu-
ção do estado da arte do BioFAO, recebendo inicialmente kits com
doses isoladas das ultradiluições homeopáticas, aqui denomina-
das de Fatores de Auto-Organização do Biocampo (BioFAO). São
eles: Antimonium crudum (sulfeto de antimonium), Kali carboni-
cum (carbonato de potássio), Mercurius solubilis (nitrato de mercú-
rio), Sulphur (enxofre), Natrum muriaticum (cloreto de sódio), Aurum
metallicum (ouro) e Ammonium muriaticum (cloreto de amônio).
Foi administrado inicialmente um kit com os medicamentos
descritos em potências de dinamização que variavam entre 9DH e
15DH na escala decimal hahnemanniana, que são obtidas através
de técnicas previstas pelas normas da Farmacopeia Homeopática
Brasileira, contendo cada vidro cinco glóbulos de cada medica-
mento empregado, os quais foram administrados obedecendo-se
o previsto para as fases metodológicas do BioFAO, supracitadas.
b. Critérios para permanência do acompanhamento
clínico além do prazo de um ano
A continuidade dos pacientes no acompanhamento ambulatorial
se estabelece unicamente a partir da solicitação por parte deles,
como indivíduos vinculados diretamente aos cuidados de saúde
do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, (HUCFF/UFRJ).
Essa permanência além dos prazos previamente estabelecidos pela
pesquisa deve ser cumprida em obediência às regras da ética para
pesquisas clínicas, em que o tratamento e a medicação devem ser
oferecidos ao peciente enquanto solicitado por ele e cujo efeito
tenha sido satisfatório (Resolução n. 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde). Nesse contexto, há especificidade de o paciente estar
oficialmente vinculado ao hospital em que é tratado e ao local de
realização da pesquisa.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 235
III. Resultados
a. Intoxicados crônicos por agrotóxicos
Ao grupo do projeto piloto, de 11 pacientes intoxicados cronicamente
por agrotóxicos, foram incorporados cinco pacientes ao projeto
inicial, com posterior abandono de cinco pacientes ao longo dos 11
anos seguintes. Portanto, foram incluídos nesse grupo de pacientes
avaliados apenas os 11 pacientes que permaneceram desde 2006,
para evitar vieses na comparação estatística entre 2006 e 2017.
Portanto, os sintomas foram catalogados a partir de 2006, não
levando em consideração a melhora obtida na primeira fase do
plano piloto, de quatro meses.
Pelos dados obtidos na etapa de acompanhamento clínico
dos 11 pacientes que permaneceram aderidos ao tratamento es-
ponataneamente, observa-se em 100% da amostra a negativação
dos sintomas de agressividade e apatia; melhora em torno de 90%
e 80% nos pacientes com os sintomas cefaleia, quadros alérgicos,
astenia, insônia, dispneia e taquicardia; melhora entre 60% e 70%
dos quadros de redução da força muscular e irritabilidade, mialgias,
artralgias e sintomas digestivos, ansiedade e síndrome do pânico,
parestesia de extremidades e quadros de labilidade emocional; me-
lhora entre 40% e 50% dos casos de câimbras, tremores, confusão
mental, depressão, dispneia e visão turva, vertigens e tonteiras;
resposta apenas entre 25% e 30% nos sintomas de diarreia, difi-
culdade de concentração, distúrbios de memória e peso nas pernas.
Resumindo, no percurso desta avalição clínica no grupo de
intoxicados crônicos por agrotóxico que se manteve aderido ao
tratamento ambulatorial por 11 anos encontramos:
Total de participantes: 11 pacientes
Total de sintomas em 2006: 149
Total de sintomas em 2017: 58
Redução percentual de 2006 para 2017: 61,07%
236 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 237

b. Intoxicados crônicos por solventes Gráfico 2

Nesse grupo inicial de 11 pacientes não houve entrada de pacientes apatia
0
novos e durante 11 anos houve abandono de dois pacientes. Os dados agressividade
0
comparativos estão apoiados nessa amostra de nove pacientes, síndrome do pânico
1
diminuição da força muscular
que se mantiveram aderidos ao acompanhamento ambulatorial 1
taquicardia
por livre demanda no período de 2006-2017. quadros alérgicos
1
1
Dados comparativos entre 2006 e 2017 para esse mesmo insonia
1
grupo de pacientes indicam melhora na evolução de todos os astenia
1
sintomas analisados em nossa amostra. cefaleia
1
dispneia
Observa-se em 100% da amostra a negativação dos sintomas diarreia
1
2
de astenia, síndrome do pânico, dispneia, alteração sensoperceptiva, tremores
2
desvio de comportamento, falta de coordenação, intolerância ao caimbra
2
álcool, apatia, depressão, agressividade, confusão mental, desâ- mialgias e artralgias
2
dintomas digestivos
nimo, diminuição da concentração e irritabilidade. 2
zumbido
2
Observa-se também uma melhora em torno de 80% e 90% confusão mental
2
nos pacientes com transtorno no sono, perda de memória, pa- depressão
2
restesias de extremidades, ansiedade por antecipação, sintomas ansiedade
2
irritabilidade
digestivos, palpitação e peso nas pernas; melhora entre 60% e 2
labilidade emocional
2
70% das dermatites alérgicas, intolerância ao álcool, tonteiras, parestesias de extremidades 3
cefaleia; e melhora de apenas 33% dos danos de canal auditivo. visão turva 3
Resumindo, no percurso desta avalição clínica no grupo de intoxi- peso nas pernas 3
vertigem e tonteira
cados crônicos por solvente que se manteve aderido ao tratamento 4
dificuldade de concentração 7
ambulatorial por 11 anos encontramos: distúrbio de memória 8
Total de sintomas em 2006: 126
2006
Total de sintomas em 2017: 14 2017
Redução percentual de 2006 para 2017: 88,89% Gráfico 1 – Análise comparativa por números absolutos de sinais e sintomas dos pacientes into-
xicados por agrotóxicos tratados no Ambulatório de Saúde Ambiental e Ocupacional (Toxicologia
Clínica) entre os anos de 2006 e 2017. HUCFF/UFRJ – 2017.

* criar referência aos gráficos 1 e 2 (pg. 237)

238 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 239

Gráfico 2 IV. Discussão

astenia 2
Aponta-se o alto índice de aderência espontânea ao tratamento por
0
dispneia 3 um longo período nos dois grupos acompanhados, demonstrando
0
síndrome de pânico
0
3 ganhos progressivos na saúde do trabalhador e na qualidade de
alteração sensoperceptivas 4
0 vida desses pacientes. Esses dados são demonstrados na sequ-
apatia 4
depressão
0
4
ência, trazendo também a descrição de alguns relatos de casos
0
desvio de comportamento 4 e informações relevantes que foram observados nas populações
0
falta de coordenação
0
4 acompanhadas clinicamente ao longo desses anos. Esses dados
4
intolerância a álcool
0 confirmam a mudança de qualidade de vida dessa população que
agressividade 5
confusão mental
0
5
foi exposta a agentes químicos, levando-se em consideração as
0
desânimo 6 questões socioeconômicas complexas que constelam a vida des-
0
diminuição na concentração
0
7 ses pacientes.
7
irritabilidade
0 Esse grupo de pacientes foi acompanhado no período de
dermatite alérgica 4
1
5
11 anos, mantendo dados positivos, apesar das intercorrências
palpitação
1
peso nas pernas 5 que surgem ao longo de muitos anos de tratamento clínico, como
1
sintomas digestivos
1
5 óbitos de familiares e amigos, doenças de familiares, além do
6
ansiedade por antecipação
1 grande estresse que vivenciam, em sua maioria, em consequência
parestesias de extremidades 7
1
8
das injustiças que sofrem por conta de suas causas trabalhistas.
perda de memória
1
transtorno do sono 8 O grupo de intoxicados por solvente, apesar de uma maior
1
dano de canal auditivo
2
3 gravidade nos sintomas iniciais, respondeu com remissão total
6
cefaleia 2 dos sintomas em muitos pacientes da amostra. Pela gravidade do
tonteira 7
2 quadro que apresentavam inicialmente, esses pacientes parma-
2006
neceram mais aderidos ao tratamento.
2017 A pesquisa, ao logo dos anos, demonstra um dado relevante
Gráfico 2 – Análise comparativa dos pacientes intoxicados por solventes tratados no Ambulatório sobre o conceito de auto-organização sistêmica, confirmando que
de Saúde Ambiental e Ocupacional (Toxicologia Clínica) entre os anos de 2006 e 2017. HUCFF/
UFRJ – 2017 – Rio de Janeiro – Brasil. a saúde surge a partir de um processo dinâmico que vai se estru-
rando na linha do tempo de forma progressiva.

V. Conclusão
A metodologia BioFAO, no contexto das medicinas complementares
e alternativas, mostrou-se efetiva na mitigação dos sintomas físi-
240 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
cos, mentais e emocionais dos pacientes intoxicados cronicamente
por agrotóxicos e solventes. Confirmam-se, dessa forma, os dados
previamente assinalados na pesquisa básica, que evidenciou em
estudos preliminares uma resposta positiva também para quadros
de intoxicação aguda por agentes químicos.
Diante dos resultados apresentados, podemos afirmar que
a metodologia BioFAO tem muito a contribuir com a saúde do
trabalhador exposto a diferentes substâncias químicas, pois não
depende de especificidade em relação a agentes químicos distin-
tos, mas se orienta para o equilíbrio do terreno biológico, descrito
cientificamente como Biocampo.
Nesse sentido, a metodologia BioFAO inaugura um novo pa-
radigma, que se abre em uma ampla esfera de abrangência para
equilíbrio da saúde humana, animal e ambiental.
Relatos para avaliação de mudança de qualidade de vida
dos pacientes e dados relevantes observados:
_Relato da D.F.C.
Dia 3 de agosto de 2007. Paciente faz seu acompanhamento
ambulatorial referindo apenas dor nos joelhos. Relembra seu
quadro de intoxicação crônica por solventes, apresentando sin-
tomas graves em 2004, como tonteiras, edema importante de
MIS, quadro de dores articulares graves que a impediam de de-
ambular ou mesmo ficar de pé. Cefalalgia grave, dispneia e um
quadro de ansiedade que lhe trazia sensação de sufocamento
[sic.]. Chorava à toa, quando não conseguia resolver uma coisa,
começava a chorar [sic.].
Hoje refere apenas uma dor na articulação dos joelhos por
osteoartrose e, apesar de ter o mesmo peso, fica em pé o dia in-
teiro trabalhando em cozinha, preparando recheios para batatas
recheadas para restaurantes por encomenda, e não sente nada.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 241
Se sente muito feliz de ter voltado a trabalhar e afirma que sen-
te que preparar o alimento para alguém abre a possiblidade de
transformar a vida do outro que come o alimento e também a vida
da pessoa que prepara o alimento:
Antes, não conseguia fazer nada, e agora trabalho o dia in-
teiro. O quadril não está doendo mais e vou voltar para as
caminhadas. Emocionalmente estou bem e não tomo mais
remédio para dormir. E, agora, quando uma coisa quer me
aborrecer, eu paro e respiro e penso. Não esquento mais a
minha cabeça com besteira. A vida é muito curta e, se perder
tempo com bobagem, nada se resolve! Eu amo tanto a minha
cozinha e esqueço até do tempo!
Esse relato pode nos remeter ao que escreve Boff (2017):1
Não é o joelho que dói. Sou eu, em minha totalidade existen-
cial, que sofro. Portanto, não é uma parte que está doente,
mas é a vida que adoece em suas várias dimensões: em
relação a si mesmo (experimenta os limites da vida mortal),
em relação com a sociedade (se isola, deixa de trabalhar e
tem que se tratar num centro de saúde), em relação com o
sentido global da vida (crise na confiança fundamental da
vida, que se pergunta: por que exatamente eu fiquei doente?).
_Relato do W.O.
Paciente que trabalhava colando tubulação e iniciou tratamento
em 2006, com alterações sensoperceptivas, dano no canal audi-
tivo (perda da audição do ouvido esquerdo), falta de coordenação
motora, transtorno do sono, tonteiras, apatia, sintomas digesti-
vos, depressão, perda de memória, diminuição da concentração,
irritabilidade e desânimo.
242 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Na última avalição de agosto de 2017, referia apenas ton-
teira, que surgiu há dez dias, e nenhum outro sintoma. Afirmava
estar com a cabeça ótima e relatou como conseguiu na Justiça,
sozinho, ganhar da empresa, advogando em própria causa. Esse
paciente anteriormente era totalmente deprimido e apático, já
que os intoxicados crônicos por solventes apresentam distúrbios
graves de comportamento, sendo, na grande maioria dos casos,
separados do convívio familiar por agressividade ou alterações
importantes de humor. Nos anos que foram sucedendo sua re-
cuperação de saúde, ele foi estudando pela internet sobre todas
as leis e aprendendo sobre todos os recursos para lidar com os
advogados dessas grandes empresas que, em quase 100% dos
casos, negam aposentadoria ou os direitos pelos danos à saúde,
em geral, nesses casos, sempre forjando dados de doença prévia
e ignorando laudos extensivos das equipes médicas que atestam
o agravo à saúde por exposição ambiental a esses agentes quí-
micos das indústrias.
Com sua melhora física e mental, acessou pela internet da-
dos da RN7, da portaria 19, com todas as leis relativas a pessoas
que trabalham com ruídos e agentes químicos. Estudou sozinho
os gráficos de audiometria, nexos causais, e através de modelos
de outras jurisprudências foi estudando modelos de petições e
escreveu sua própria defesa em termos jurídicos. Elaborou sua
própria petição. Ele relata que o seu sindicato não o apoiou, e en-
tão redigiu tudo sozinho. Entrou na segunda instância e descobriu
que aí existe uma lei que lhe dá o direito de se defender. Criou
uma assinatura digital, que deu a ele a condição de peticionar o
documento. Depois de preparado o documento, o enviou direto
para a Justiça Federal. Colocou toda a petição e ganhou a sen-
tença sozinho, contra todos os advogados contratados por essa
poderosa empresa.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 243
Abriram recursos contra ele, que foram negados por um de-
sembargador. Está em fase de publicação e o paciente vai ganhar
ou a aposentadoria ou a reabilitação. Ele conseguiu provar que a
empresa não dava aos seus funcionários equipamento de proteção
individual, e ele foi construindo todos os nexos de causa e todas
as provas que tornaram incontestável o processo. Ele relata:
Lembro que tinha, entre outros danos, uma insônia grave.
Hoje não tomo remédio nenhum. E não me aborreço como
antes. Estou fazendo estudos de gráficos na internet, faço
cálculos, e busco desenvolver a minha mente. Não tive mais
depressão e penso que, quando a gente desenvolve a inte-
ligência e toma consciência dos nossos direitos, as pessoas
muitas vezes não te entendem e, às vezes, você se sente
mais isolado dessas comunidades, de gente que só pensa
em fuzil, beber, funk e churrasco, umas pessoas que não têm
consciência pelo país e não têm nada de interessante para
conviver. Ninguém se liga nos seus direitos, se preocupa em
reclamar na prefeitura, e acham que está tudo certo, e o
certo é agir, é saber o porquê das coisas.
Em todos os casos houve uma reintegração desses pacientes
em suas famílias, e podemos assitir à beleza dos processos de
criatividade que acontecem, mesmo em populações com sérias
questões socioeconômicas, como aconteceu com o paciente P.B.S.,
intoxicado crônico por solventes, que vivia com sérios problemas
de saúde e de ordem familar e que recuperou a saúde física e
mental e sai agora para dançar com a esposa todos os sábados,
descobrindo na dança de salão a graça da vida.
Outra paciente, E.C.S., intoxicada por organofosforado, que
não conseguia sair à rua, com muito pânico e sintomas graves de
intoxicação crônica, diz ter recuperado sua saúde e sua identidade
244 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
e sai hoje com seu violão por comunidades carentes, cantando
para crianças doentes em hospitais, fantasiando-se de palhaço
e vivendo uma história de contribuição com o social que é verda-
deiramente emocionante.
Como dado relevante, gostaria de assinalar que um paciente
intoxicado por solventes com leucopenia crônica de muitos anos,
devido à aplasia de medula, teve um aumento significativo nas
taxas de leucócitos, demonstrando uma reatividade da medula
por neuroplasticidade promovida como resultante de fenômenos
de auto-organização sistêmica.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 245
4.2: Respostas observadas na prática clínica com médicos
colaboradores da metodologia
Nesta seção abaixo, queremos partilhar relatos de casos clínicos
de médicos e médicas que vêm encontrando importantes resul-
tados com a terapêutica BioFAO. Há relatos de cura e há relatos
de mudança de qualidade de vida, seja através de um novo equilí-
brio físico, emocional, mental, ou espiritual. Importante, contudo,
salientar, que os médicos e médicas não seguiram um modelo de
descrição de relatos de casos, mas compartilham aqui os seus
registros e sínteses, de formas diversas.
Estas respostas clínicas, que muitos colaboradores do tra-
balho se prontificaram a compartilhar por sua livre vontade e
responsabilidade, trazem diferentes olhares sobre a dinâmica de
auto-organização, algumas com observações mais restritas aos
dados quantitativos e lógicos e outros, trabalhando o sentido
qualitativo que essa abordagem oferece. Seguem os testemunhos:
_1_
O maior tocante, para mim, no trabalho com a metodologia BioFAO
é poder assistir à forma como o Biocampo age nos processos de
cura. A minha percepção é que todos os pacientes passam por um
processo de reconciliação.
O adoecimento começa quando o ego cria a ilusão da separação,
a perda do lugar de unidade do qual todos viemos. Esse processo
começa lá na infância, com a primeira ruptura que sofremos com
a mãe, a polaridade feminina. Nos dias de hoje, essa primeira
ruptura se dá cada vez mais precocemente. Poucas mães conse-
guem vivenciar a maternidade com plenitude, aquele momento
de conexão importantíssimo que se dá através da amamentação,
depois que o ser rompe neste mundo. As mães estão vivenciando
246 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 247

muito mais a polaridade masculina e não conseguem fazer essa metástase para ovário e aderido ao peritônio. Prescreveu‑se
conexão com seus filhos de forma satisfatória. BioFAO em 2010 e foi, depois de 15 dias, para o procedimento
de histerectomia. Os médicos, no centro cirúrgico, começaram
No consultório, deparo-me com muitos casos de mães que não
a discutir sobre quem havia feito o laudo histopatológico, pois
conseguiram amamentar, que tiveram que retornar cedo ao tra-
o tumor tinha regredido 60% e as metástases no peritônio, que
balho, e seus filhos adoecendo desde cedo, crianças hiperativas
anteriormente estavam aderidas, estavam soltas na cavidade
e com déficit de atenção, agressividade, entre outros problemas.
abdominal, segundo o relato do cirurgião, “como batatas em óleo
Lembro-me do caso de uma mãe que levou o filho para consulta
quente”. Ele não precisou dissecar nenhuma região e queria saber
em 2017, com essa história de muita agitação, dificuldade para
o que a paciente havia feito para mudar seu prognóstico, já que
dormir, sempre demandando muita atenção, e sentimos durante
ela não realizou nenhum procedimento quimioterápico. A paciente
a consulta que ela precisava também fazer o tratamento. No
falou ao cirurgião que ela havia feito o BioFAO. O cirurgião, do Rio
mesmo dia que tomou o BioFAO, essa paciente fez um processo
de Janeiro, e que estava operando em Volta Redonda, disse: “Ah,
alérgico extenso na pele que durou em torno de 48 horas. Em
entendi, é a Dra. Míria, não é? Com o tratamento dela, já operei
seguida, conscientizou-se de que rejeitava aquele filho, que
uma outra pessoa, no Rio, nessas circunstâncias. Está explicado”.
concebeu em um momento de dificuldade no casamento, após
descobrir uma traição do marido. Relatou-me que nunca havia Elisa Tatiana
Volta Redonda, Rio de Janeiro
conseguido amamentar seu filho e que essa ficha havia caído, Homeopatia, medicina da família
que a alergia era relacionada à criança. Logo depois, seu coração
se abriu para receber esse filho e, ao mesmo tempo, no processo
_3_
de cura do menino, ele regrediu, demandando mais a atenção
Senhora de 50 anos. Consulta em março de 2014: Depressão
da mãe, que, naquele momento, estava apta a doar o tempo e
grave, início há cinco anos, após falecimento do filho de 20 anos,
a atenção que não havia conseguido antes, uma reconciliação
por leucemia. Apresentava importante desânimo, apatia, ficando
linda entre mãe e filho que a energia promoveu. Após esse perí-
a maior parte do tempo deitada e, quando conseguia disposição
odo inicial, a criança se tornou mais calma, mais independente,
para tomar banho, era sempre no final do dia, com desespero e
e passou a dormir melhor.
muito choro. Ideação de suicídio. Delirava, colocando o prato do
Silvia Barros filho na mesa, ouvindo o som da moto do filho chegando e ficava
Teresópolis, Rio de Janeiro
Medicina integral, clínica geral
aguardando-o. Não conseguia fazer as tarefas do lar. Acompa-
nhamento psiquiátrico e medicada com Fluoxetina, Nortriptilina,
Carbamazepina, Haloperidol, Lítio e Rivotril.
_2_
Paciente com CA de colo de útero, carcinoma in situ invasivo, com Prescrito o BioFAO, após sete dias a paciente relatou que estava
248 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
se sentindo melhor, fazendo tricô e arrumando a casa. Não fica
mais deitada, toma banho pela manhã e não teve mais crises de
desespero. Depois de 14 dias começou a cantarolar para realizar
as tarefas de casa. Começou curso de crochê. Retirada gradual de
Carbamazepina, Haldol e Lítio.
Retorno após quarenta dias:
Doutor, estou me estranhando, porque estou muito bem!
Parece que saí de um casulo! Voltei ao que era, alegre e co-
municativa, fazendo tudo o que gosto e namorando o meu
marido. Agora preciso arrumar o túmulo do meu filho! Cinco
anos da minha vida que não vivi! Voltei a viver!
Basílio Costa Neto
Curitiba (PR)
Clínico geral, homeopatia
_4_
Paciente masculino, 46 anos, comerciante, foi atendido em 11 de
junho de 2008, após três dias com fortes pontadas em tórax di-
reito, dor de cabeça e febre. Apresentava “estado melancólico” de
longa data, além de muita ansiedade e “pensamentos violentos”,
para os quais vinha usando medicamentos naturais.
Na radiografia do mesmo dia apresentava uma consolidação
pulmonar em terço superior do pulmão direito, fechando o diag-
nóstico de pneumonia.
Foi prescrito o BioFAO e, horas depois, apresentou bastante expec-
toração. Após 24 horas, não tinha mais dor ou febre, com ausculta
limpa. Com cinco dias, repetiu radiografia, que evidenciou resolução
quase total da condensação.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 249
O uso da Terapêutica BioFAO demonstrou uma resolução rápida e
eficaz nos casos de pneumonia, evidenciando uma superioridade
em relação à evolução esperada com a terapêutica convencional.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_5_
Paciente masculino, primeira consulta em 2006, então com 44
anos, história de placas de urticária há oito meses, após a perda
de sua cadela de estimação, com grande dor emocional e estresse.
Afirmava ter mais afeição por cães do que por pessoas. “Sempre
fiz o que quis, sem medir consequências” – afirmava, com grau de
exigência elevado, considerando-se um workaholic e personalidade
ansiosa. Relatava alergia a AINH, AAS e paracetamol. Esteve com
diversos dermatologistas durante esse período e fez uso de anti-
-histamínicos diversos e acupuntura, sem o resultado de controle
desejado. Curioso que, no dia da consulta, foi atendido no exato
horário agendado, por coincidência. Ao entrar, sua primeira fala foi:
“Eu não tolero atraso. Se tivesse atrasado cinco minutos, eu teria
ido embora”. E ainda: “Já estive com diversos dermatologistas que
não resolveram meu caso. Indicaram o BioFAO e eu vim para ver
o que é... Se não resolver, vou sair por aí difamando o tratamento.
Se resolver, vou ser seu garoto propaganda e mandar muitos pa-
cientes para cá!”. Foi-lhe prescrito o BioFAO na época. Retornou
em janeiro de 2007, apresentando algumas reações urticariformes
difusas em MMSS e tórax, com o quadro muito melhor do que an-
tes. Só voltou para nova consulta em agosto de 2007, sem sinais
de urticária durante todo esse tempo, mesmo tendo feito a vacina
contra a gripe, em maio desse ano.
250 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Resumindo: o paciente se encontra sob tratamento com o BioFAO
há 11 anos, de forma regular, estando bem de saúde, sem nunca
mais ter tido a urticária, tendo reduzido muito sua ansiedade e
aumentado sua afeição pelas pessoas (voltou a casar-se). Vive
feliz com a vida que tem, com nova esposa, novo cachorro e via-
gens frequentes.
André Luiz Brito de Araújo
Salvador (BA)
Clínica médica
_6_
Paciente masculino, com 7 anos, admitido na UTI pediátrica em 16 de
agosto de 2017 com diagnóstico de crise convulsiva de difícil contro-
le. Permaneceu internado nesse CTI por cem dias. Relato que, uma
semana antes do início do quadro, apresentou linfoadenomegalia
cervical e febre. Tratado como amigdalite na emergência, recebeu
inicialmente penicilina benzatina e amoxacilina/clavulanato oral.
Quatro dias depois, voltou a apresentar febre e queda do estado
geral, e foi novamente levado à emergência, onde teve crises con-
vulsivas que não responderam ao uso de diazepam, fenitoína, nem
fenobarbital. O quadro permaneceu sem controle do dia 14 até o
dia 15 de agosto, quando foi entubado e solicitada a transferência
para a UTI do Instituto do Cérebro. Na internação na UTI necessitou
de aumento da dose de midazolam e associação com tiopental e
lacosamida. O diagnóstico foi de encefalite sem etiologia definida.
Evoluiu com múltiplas sepses de etiologias variadas e megacólon
tóxico medicamentoso, com isquemia de alças, que necessitou de
ressecção de cólon, íleo e colostomia em 27 de novembro. Evoluiu
com ileostomia, fístula prévia e GTT funcionantes, traqueostomi-
zado ventilando em ar ambiente, em uso de dieta enteral.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 251
Foram utilizados pulsoterapia, imunoglobulina, cetamina, lacosa-
mida, fenobarbital, fenitoína, ácido valproico, valproato venoso,
clobazam, risperidona, clonidina, biperideno, levetiracetam, clo-
nazepam, dieta cetogênica.
Estado de mal convulsivo super-refratário, secundário à encefalite
sem diagnóstico etiológico (LCR com PCR negativo para HSV em
20 de agosto; VDRL, CMV e bandas oligoclonais; EBV e anti-NDMA
negativos em 22 de agosto e culturas para germes comuns ne-
gativas em 15 e 20 de agosto). Fez hipertensão intracraniana no
doppler transcraniano em 22 de agosto.
RNM de crânio 13/10 – hiperintensidade nos tálamos e substância
branca subcortical frontais, parietais posteriores e perirolandicas.
Aumento importante da atrofia parenquimatosa difusa, em córtex
motor bilateral, núcleos da base, com maior ectasia das fissuras
sylvianas e do sistema ventricular supra-tentorial. Aumentou a
hiperintensidade de sinal da substância branca periventricular
(transudação liquórica periependimária). Redução volumétrica e
aumento da intensidade de sinal dos hipocampos bilateralmente.
Em novembro de 2017 é transferido para a pediatria do HFL.
Na pediatria, também evoluiu com novas sepses e dificuldade no
ajuste da dieta, apresentando hipertonia, abalos difusos e sudo-
rese intensa. Apresentou trombose da femoral direita e está há 33
dias em uso de clexane 40mg/dia. Em 20 de dezembro o doppler
já evidenciava redução do trombo e sua adesão à parede do vaso.
Em 20 de dezembro, por conta da intensa espasticidade e abalos
difusos, com hipertermia e sudorese abundante, a dose do baclofen
que já havia sido aumentada de 1 mg/kg para 1,3 mg/kg em 14 de
dezembro, foi novamente aumentada 2 mg/kg/dia. Em 21 de de-
252 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
zembro de 2017 fomos chamados para avaliar uma possível abor-
dagem com BioFAO no caso. Apresentava-se febril, com sudorese
intensa, faácies de dor, com contratura difusa, por vezes fazendo
opistótono, com abalos contínuos. Na noite anterior apresentou
diarreia, distensão abdominal e episódio de broncoaspiração. Não
conseguia nem mesmo dormir por mais de dez minutos, devido à
frequência e intensidade da contratura muscular e dos abalos.
Culturas colhidas em 19 de dezembro positivaram para Serratia
marcercens e iniciaram tratamento com cefepime, com previsão
de dez dias (31 de dezembro).
No dia 21 de dezembro foi administrado o BioFAO. Também foi
prescrito um creme com óleos essenciais para massagem, visando
acalmar e aumentar o relaxamento do paciente. Evoluiu com me-
lhora do sono na madrugada. Nos dias subsequentes apresentou
progressiva redução do tônus, dos tremores difusos, depois, das
mãos e dos pés. Houve redução da diarreia e da distensão abdomi-
nal e progressiva tolerância à dieta, apresentando tremor apenas
quando estimulado, dormindo bem durante toda a noite. Voltou a
interagir com familiares e a assistir à televisão.
Hoje, dia 2 de janeiro, evoluindo afebril, estável clinicamente,
com importante redução do tônus e dos tremores, dormindo bem,
aceitando dieta plena e já sem hidratação venosa. Ileostomia com
conteúdo de consistência pastosa. Ventilando bem em ar ambiente
FR 40 ipm/ FC 127 bpmsat O2 -98%.
Em que pese a possível melhora do quadro clínico devido ao aumento
da dose do baclofen e do início do cefepime, para o tratamento da
Serratia, tanto a equipe médica quanto a mãe referem que houve
uma expressiva redução do tônus, dos tremores e da sudorese, além
da melhora do sono e da interatividade do paciente. Face calma e
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 253
tranquila, dorme frequentemente durante o dia. São uníssonos em
referir que as melhoras ocorreram numa intensidade nunca vista
antes. A mãe referiu melhora também com o uso do creme com óleos,
que trouxe uma certa calma, quando aplicado. Além disso, a própria
resposta clínica ao quadro infeccioso foi rápida e eficaz. O paciente
se encontra em vias de alta hospitalar, talvez ainda esta semana.
Consideramos, assim, que a abordagem complementar com o Bio-
FAO foi um sucesso, trazendo uma excelente resposta no curso de
apenas 12 dias, tanto do ponto de vista clínico quanto neurológico.
Os resultados com o BioFAO já foram observados com apenas 24
horas após seu início, mostrando rapidez de ação e alta efetivi-
dade, mesmo dentro de um contexto clínico de grande gravidade
e complexidade, abrindo uma nova perspectiva de associação
terapêutica para os pacientes.
Andréa Paranhos Araújo
Rio de Janeiro
Medicina integrativa, hepatologia e homeopatia
_7_
Infecção urinária alta (pielonefrite aguda) em um idoso, com me-
lhora em 12 horas.
Esse caso me impressiona muito, porque fiz o diagnóstico e esti-
ve à frente da administração do BioFAO. O paciente é meu pai e
pude acompanhar de perto sua evolução. Em setembro de 2016,
com 83 anos, diabético, apresenta disfunção de bexiga e pequena
obstrução de uretra, facilitando infecções urinárias. Estava sendo
atendido em casa pelo fisioterapeuta, que se comunicou comigo
porque estranhou sua prostração e verificou que ele estava febril.
Quando o examinei, ele se queixava de dor lombar, dificuldade
254 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
com dor ao urinar e mal conseguia ficar de pé. Estava com sinais
leves de desidratação e temperatura axilar de 38º. Sua glicemia
estava elevada no teste feito em casa. O diagnóstico provável era
pielonefrite aguda. Pela sua condição clínica, a conduta habitual
seria internação para hidratação e antibioticoterapia injetável.
Resolvi hidratá-lo em casa e comecei o BioFAO. Em menos de 12
horas após o início seu estado geral era muito melhor! Já sem fe-
bre ou dores, apenas leve desconforto ao urinar, ótimo apetite e
recuperando sua vitalidade de forma que me pareceu milagrosa.
A velocidade de atuação e a qualidade da melhora, com evidente
sensação subjetiva de bem-estar paralela aos parâmetros clíni-
cos, são fatos que testemunho frequentemente e que continuam
me encantando. É uma felicidade contar com esse recurso para
cuidar de meus pacientes!
Diana Damour
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia, clínica médica, ayurveda
_8_
Consulta em 2014: Menino de 11 anos com ceratocone bilateral, des-
coberto há oito meses, enxergando turvo. Muito nervoso, ansioso,
agitado. Bronquite asmática desde um ano, em uso de cortisona
Alenia 400 mg/dia e de bombinhas de Aerolin, com capacidade
respiratória diminuída. Muito alérgico a picadas e coçando o nariz
o tempo todo. Ceratoscopia (topografia de córnea), acuidade visual
com ambos os olhos 0,7 s/c e com correção 0,9.
O paciente teve melhora grande em 14 dias após BioFAO.
Passou bem, com diminuição do prurido nasal, mais calmo, com
melhora de todos os sintomas, e mais tranquilo. Espirometria dois
dias depois, com grande melhora após o BioFAO.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 255
Acuidade visual sem correção AOV 1,0 (100%), e era 0,7, e com
correção era 0,9, e está enxergando 1,1(120%).
Retorno de trinta dias após BioFAO: associado apenas com alenia
200 mg e sem bombinhas de Aerolin, não apresentava mais falta
de ar. Mostrou-se enxergando mais claro sem óculos, acuidade
visual sem correção: com ambos os olhos 1,2 (150%). Suspenso o
uso de óculos.
Retorno de dois anos muito bem e, após três anos e meio, enxer-
gando bem e sem óculos e sem medicamento alopático e sem
BioFAO há algum tempo.
Tomoé Sewo Mitsuhashi
Curitiba (PR)
Oftalmologista e homeopata
_9_
Paciente, sexo masculino, 17 anos, há seis anos com diagnóstico
de PTA (Púrpura Trombocitopênica Idiopática), mantendo média
de plaquetas em 20 mil (mínimo de 6 mil), sem manifestações
hemorrágicas recentes.
Quadro atual: Há 15 dias fez forte quadro viral, com alteração
do nível de consciência e suspeita de hemorragia cerebral, desde
então evoluindo com dor de cabeça diária.
Hemograma de abril de 2007: 19 mil plaquetas.
Prescrição do BioFAO em maio de 2007.
Evolução: Melhora total da dor de cabeça imediatamente após a pri-
meira caixa da prescrição, normalização do nível de consciência e muito
melhor do alto “nível de estresse” de que se queixava inicialmente.
256 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
ABRIL/2007 MAIO/2007* AGOSTO/2007
Plaquetas 19 mil 80 mil 88 mil
* Exame realizado seis dias após a prescrição.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_10_
Paciente feminino, gestação sem intercorrências, parto cesáreo, a
termo, em 2007. US com 35 semanas de gestação evidenciou cisto
pélvico sem localização específica. US logo após o nascimento
mostrou na pelve esquerda um cisto de 3,2 -2,8-3,6 cm. O ovário à
esquerda não podia ser identificado separado da lesão (exames).
Indicado exérese do cisto, sem garantias de preservação do ovário
esquerdo, o que não foi aceito pelos pais.
Medicada com a terapêutica BioFAO. Após trinta dias, a criança foi
submetida a nova US pélvica, com resultado normal, sem evidências
de massa ou cisto na pelve esquerda, para surpresa do médico, que
chamou outro colega, pois não conseguia visualizar o enorme cisto
ovariano (verificável em exames). A resolução favorável em trinta
dias de um grande cisto congênito de ovário, com envolvimento da
gônada esquerda, determinando urgência cirúrgica, e com riscos
de danos irreparáveis ao ovário de uma recém-nascida, tratada
apenas com medicamentos da terapêutica BioFAO, surpreendeu
a equipe cirúrgica que a acompanhava.
Tereza Mitchell
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia clínica e pediátrica, clínica médica, oftalmologia
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 257
_11_
Consulta em 2018. Homem casado, 39 anos, com cisto pilonidal,
relatando cinco dias com dor, edema no local, com indicação de
antibióticos pelo proctologista e indicação cirúrgica, caso os sinto-
mas não melhorassem. Após o BioFAO, resolução em 24 horas, pois
já se encontrava sem dor e sem edema. Estado mental de alegria
por ter escapado da cirurgia, que é a conduta usual. No quinto dia
surgiu novamente dor e edema local, percebido logo ao acordar,
xingando o mundo ao me comunicar! Repeti novamente o BioFAO
e ficou bem novamente em 18 horas, cedeu a dor e o edema. Está
em estado de felicidade, sentindo-se muito bem.
Tomoé Sewo Mitsuhashi
Curitiba (PR)
Oftalmologista e homeopata
_12_
Paciente do sexo feminino, 42 anos, casada, vem apresentando
quadro de psoríase e urticária. Refere ser de origem emocional,
iniciando todas as vezes que fica nervosa. Possui histórico de
alergia, evoluindo com edema de glote. Refere lesões de psoríase
em cotovelos, lateral do tronco e costas.
Emocionalmente, conta que vem sofrendo pressão da chefia em
busca de resultados e metas, resultando cansaço, sofrimento por
antecipação. O fato de ser observada lhe deixa muito estressada,
nervosa. Sente medo de errar. Esse episódio atual remonta ao
histórico passado da paciente, que teve na infância uma mãe to-
talmente repressora e dominadora. Relata não suportar injustiça.
Sonha que está fugindo.
Foi prescrito o BioFAO em agosto de 2012. A paciente retornou à
consulta em outubro de 2012 com o seguinte relato:
258 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Fiz (medicação) no domingo, na quarta-feira fui trabalhar
com o gerente e não fiquei nervosa, não transpirei. Até ele
percebeu. Na quinta-feira parecia que ele nem existia. Não
tive aqueles brancos. Deu diferença muito incrível, não fiquei
nervosa, o que tenho agora é nervosismo próprio do ser hu-
mano. Melhorei 100% do que estava antes, dentro de três a
quatro dias da medicação. “Você está muito calma” – dizia
ele. Da psoríase, agora ando com camisa de manga curta,
melhorou muito, o pouco que aparece não estou nem aí para
ela. Fui em um casamento com vestido que nunca pensei que
usaria um dia. Estou muito bem mesmo.
Amilton Froehner Junior
Umuarama (PR)
Homeopata, médico do trabalho
_13_
Paciente do gênero feminino, 32 anos. Primeira consulta em 2017.
Quadro diagnosticado de trombocitemia essencial desde janeiro de
2015 e realização de quimioterapia (Hydrea 2 cap/dia) desde julho
do mesmo ano. Separação conjugal logo após o diagnóstico de sua
doença. Referia intestino irritável há dois anos, sendo que há oito
meses cursava com obstipação intestinal. Tonturas e enxaqueca
perene, com perda ocasional da visão, andando sempre com anal-
gésicos na bolsa, pois sempre sentia dor de cabeça. Trabalha muito,
tem medo de perder o emprego (é remanescente de um grupo que
já foi despedido). Relata formigamento em extremidades, sufusões
hemorrágicas e petéquias como efeitos colaterais da medicação.
Ao exame, demonstra seus centros energéticos fechados, com
exceção do coronário. Foi-lhe prescrito BioFAO nessa data, que
fez uns dias após.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 259
Dois meses depois retorna para revisão, informando nunca mais
ter tido enxaqueca, fato de que nem sequer tinha se apercebido,
sendo seu namorado quem lhe chamou a atenção. Surpreendeu-se
a si mesma e a todos ao enfrentar sua chefe, sem medo de falar
sua verdade diante das injustiças verbalizadas por ela, quebrando
um padrão de “baixar a cabeça e ficar calada”. Núcleos energéticos
abertos, fluindo normalmente.
Nova consulta dois meses depois, referindo cefaleia ocasional, leve.
Resultado dos exames mostram tendência à elevação das plaquetas
(atualmente em torno de 530 mil) nos últimos meses, apesar do
uso do Hydrea. Mental bom, autoconfiante, com esperança de não
ter que tomar a medicação “para o resto da sua vida”, pensa em,
finalmente, tomar coragem e procurar outro hematologista para
ouvir uma segunda opinião, atitude que nunca quis tomar para “não
magoar a médica”, que, no entanto, não lhe dá o suporte e atenção
necessários quando entra em crise e nem sequer lhe autoriza a
ligar no momento de urgência. No momento, núcleos energéticos
inferiores fechados, e sem apresentar alterações físicas evidentes.
André Luiz Brito de Araújo 
Salvador (BA)
Clínica médica
_14_
Menino com 5 anos, tendo como queixas principais ansiedade, me-
dos e insônia. Com oito meses de vida ficou resfriado e o quadro
evoluiu para uma pneumonia. Com relação ao sono, não dormia
bem, eram cochilos, e acordava duas a três vezes na noite para
mamar (enquanto leite materno). Ele era um bebê que “estranha-
va” muito as pessoas que não eram do convívio dele. Não gostava
de barulhos, criança tímida, não gostava de ambientes com muita
260 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
gente, mas esse quadro melhorou no primeiro ano escolar. Com
um 1 e 6 meses, nova pneumonia. Ficou bastante tempo tomando
Montelair 4 mg, corticosteroides via nasal. Melhorou com Home-
opatia Clássica. Começou a estudar com 3 anos e meio, a fase de
adaptação foi tranquila. Em 2017, voltou à mesma escola, mas
estranhou a nova professora.
Desde o início apresentava ansiedade ao ir à escola, o que depois
foi evoluindo para recusas a entrar. Ele começou a se desculpar
por tudo, por coisas que nem tinham tanta importância, quase
chorando. Em maio de 2017 a mãe sofreu uma queda, na frente
dele, quando ele foi atravessar a rua correndo e, no ímpeto para
segurá-lo, caiu e fraturou o braço. Ele ficou extremamente aba-
lado, pedia muitas desculpas e ficou chorando por quase duas
horas, inconsolável. A partir daí ele dizia que a culpa era dele. A
mãe precisou se internar para cirurgia desse braço, sem comunicar
ao menino que se ausentaria, e ficou internada por uma semana.
Ele sentiu muito, até que, com três dias, ele já não falava mais na
mãe e perdia o sono. Foi para a psicóloga, pois estava extrema-
mente ansioso. Acordava chorando muito, relatando pesadelo
(reprodução de jogo eletrônico). Já não queria sair de casa. Tinha
medo de carros, do barulho do motor de carros, não conseguia sair
do portão de casa, queria sair, mas não conseguia, por medo. Foi
medicado com o BioFAO no final de setembro de 2017.
Relato da mãe do que observou após medicar o menino:
Na primeira semana já notei grande progresso nele, está uma
criança mais confiante e segura de si. E sente-se orgulhosa
disso, cada pequeno gesto que ele vê que consegue fazer so-
zinho pontua isso para nós. O medo de barulhos, carros, sair
de casa passou completamente. Está muito mais sociável,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 261
não está mais com a agitação psicomotora inicial. Fala sobre
o que está sentindo (se está inseguro ou com medo de algo).
E, ainda que apresente tais sentimentos, ele os enfrenta, e
isso eu acho muito bacana. Hoje em dia ele se permite errar,
pede ajuda quando alguma atividade lhe parece difícil. Gosta
bastante de caminhadas, não fica mais “preso” ao celular e à
TV, está uma criança muito mais confiante e feliz. Dorme muito
melhor, não tem tido pesadelos frequentes. E, quando tem,
sabe diferenciar o que é sonho e o que é vida real. Consegui
levá-lo à escola, e isso foi o ponto máximo para mim. Mesmo
inseguro, ele foi! E foi durante toda a última semana. Brincou,
se divertiu e até participou da apresentação de Natal! Temos
conversado bastante sobre o retorno às aulas. Enfim, só tenho
a agradecer a você! Meu filho teve uma evolução fantástica!
Elizabeth Lira
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia, pediatria, pneumologia infantil, clínica médica
_15_
Paciente masculino, com 40 anos, atendido em maio de 2016,
portador de HTLV. Em novembro de 2015 percebeu um aumento
de volume na face à esquerda, na região maxilar, que foi aumen-
tando e atingiu a região ocular à esquerda. Dirigiu-se à UPA, onde
foi tratado como alergia e prescrito Benzetacil. A seguir, buscou
a odontologia, fez raio X panorâmico, cujo resultado evidenciou
uma alteração, na forma de um cisto. Posteriormente, consultou
um clínico que solicitou uma ultrassonografia (dezembro de 2015),
com conclusão de lesão neoplásica vascularizada em região malar
esquerda. Sugerido realização de tomografia computadorizada com
a seguinte impressão diagnóstica: formação expansiva com realce
heterogêneo pelo meio de contraste nas partes moles superficiais
262 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
da região malar esquerda, erodindo a parede anterior do seio ma-
xilar esquerdo, infiltrando a pálpebra inferior e a porção inferior
da gordura extraconal, tocando a margem inferior do globo ocular
homolateral, de aspecto neoplásico (mede cerca de 4,7x4,0x4,5cm);
imagem nodular de aspecto semelhante à massa anteriormente
descrita, erodindo a parede anterior do osso frontal ao nível do
seio nasal relacionado e o septo que o divide, também com aspecto
neoplásico; ausência de ossificação das paredes lateral e teto da
órbita direitas e parede póstero-lateral do seio maxilar esquerdo,
não se observando lesões nodulares nessas topografias; discreto
desvio do septo nasal para a direita.
Esse paciente vinha em uso de Decadron e acompanhado por he-
matologista no hospital, com programação de tratamento com
Interferon e AZT. Foi encaminhado ao Ambulatório de Infectologia
para receber o AZT. A médica que o assiste considera esse linfo-
ma incurável e com altas taxas de refratariedade. Prognóstico
bastante reservado.
O paciente não relatava outras queixas, além de dormir mal.
Sentia que o local da biópsia não estava bem cicatrizado, achava
que havia “material enclausurado”. Referia como se o globo ocu-
lar estivesse sendo deslocado. Às vezes precisava de analgésicos
e antinflamatórios. Alimentação regular. Não é fumante. Bebia
“moderadamente”, agora retirou o álcool.
Iniciou o uso do BioFAO em de maio de 2016. Em agosto, consegue
se alimentar e dormir melhor referindo estar mais animado. Antes
o paciente não falava. Todo o relato era feito pela esposa. Repe-
timos os exames laboratoriais em julho de 2016. Foi mantido AZT
e Interferon até a quimioterapia. Fez novamente o uso do BioFAO
por referir queda do estado geral.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 263
Em janeiro de 2017 o paciente relatou melhora clínica e regressão
da tumoração. Persiste em uso de AZT, que será mantido até o
resultado do PET-SCAN.
Retorno com três meses. O paciente informa que a oncologista
que o acompanha no hospital ressalta a melhora maior do que a
esperada o caso, e a ausência de reações colaterais à quimiote-
rapia. Usou novamente o BioFAO nessa data.
Em abril de 2017 o paciente evidencia excelente quadro clínico.
As lesões em face e orofaringe desapareceram. Está feliz e acha
que está com a vida “quase normal”. Ainda falta um pouco de vi-
gor para o trabalho e sentir melhor o gosto dos alimentos. Ainda
com “sensibilidade” nos dentes. Traz exames de fevereiro de 2017.
PET-CT em 10 de março de 2017 – Não mais foi observada a for-
mação expansiva e hipermetabólica ocupando todo o seio maxilar
esquerdo. Não mais foi evidenciada imagem nodular com densidade
de partes moles em região frontal. Em hipocôndrio direito, lesão
residual pós-tratamento. Faixa atelectásica em lobo inferior es-
querdo de aspecto sequelar. Resposta metabólica completa. Score
de Deauville 1 (critério de Lugsno). O paciente não está mais usando
o AZT há cerca de uma semana (não tolera mais). A última sessão
de quimioterapia (oitava) foi em 21 de março de 2017. Optamos por
fazer carga pró-viral de HTLV e carga viral para Epstein Barr. A
conduta, nesse caso, está pautada em continuar o uso do BioFAO,
quando necessário, e acompanhar a cada três meses com novos
exames. Pedimos relatório à médica assistente do hospital.
19 de maio de 2017 – Fez uso novamente do BioFAO. Sem queixas
e bem-disposto, já havia realizado coleta de material para de-
tectar carga pró-viral para HTLV e carga viral para Epstein-Baar.
Aguardando resultado dos exames. 
264 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Carmen Sande Cruz
Salvador (BA)
Homeopatia
_16_
Pude assistir à reconciliação acontecer em casos de crianças ado-
tivas, com histórias de ruptura ainda intrauterina, com mães que
sofriam agressão física e eram usuárias de drogas e que, após
iniciar o tratamento com o BioFAO em 2017, regrediram, retorna-
ram a uma etapa anterior do seu desenvolvimento.
Lembro-me de um menino de 5 anos que havia sido adotado com
cerca de 1 ano e que logo após tomar o BioFAO, em 2017, regrediu
e voltou a engatinhar e a querer morder os colegas, retornou à
fase oral, querendo colocar objetos na boca. Depois, a mãe ado-
tiva relatou que esse menino nunca havia engatinhado, pois era
deixado o tempo todo no berço do abrigo. Esse menino também
apresentava muita agitação e dificuldade de relacionamento com
outras crianças. Após esse período em que voltou a ser um bebê,
pedindo colo, pedindo aquela conexão perdida e, naquele momento,
podendo receber isso da sua mãe adotiva, saiu bem mais tranquilo
e se relacionando melhor com o mundo.
Silvia Barros
Teresópolis (RJ)
Medicina integral, clínica geral
_17_
Paciente feminina, com 54 anos, maio de 2007. Sem relatos de doen-
ças crônicas. Vivenciou período de muito estresse cerca de trinta dias
antes de adoecer. Iniciou quadro respiratório com muita tosse, febre
alta, astenia. Passou alguns dias sem febre e voltou a apresentar
novamente picos febris, quando iniciou tratamento com antibióticos
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 265
por sete dias, após diagnóstico de pneumonia (raio X). Voltou a apre-
sentar os mesmos sintomas três dias após o término do antibiótico,
sintomas esses que persistiram durante vinte dias, debilitando-a
significativamente. Iniciou o tratamento utilizando apenas o BioFAO
A ausculta apresentava estertores crepitantes na base do pulmão
esquerdo (raio X e hemograma), com temperatura de 38,5ºC, tosse
seca persistente. A melhora das crises de tosse se deu em 12 horas
após a medicação. Sem febre e astenia 24 horas depois de medicada.
O seu bem-estar foi geral e progressivo. A paciente evoluiu bem
e teve resolução do quadro, com evolução satisfatória, clínica,
radiológica e laboratorial, enfatizando-se que foram utilizados
apenas medicamentos BioFAO e que a paciente havia feito anti-
bioticoterapia durante o mesmo processo infeccioso, sem melhora
do quadro, com agudização do mesmo quadro vinte dias após o
uso de antibióticos, ressaltando-se que, quando o tratamento com
antibacterianos é eficaz, o paciente apresenta melhora do quadro
infeccioso em 48 a 72 horas.
Com o BioFAO, a evolução foi satisfatória, com remissão dos sin-
tomas clínicos em 24 horas. Melhora importante laboratorial e
radiológica em 48 horas (raio X e laboratorial).
Tereza Mitchell
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia clínica e pediátrica, clínica médica, oftalmologia
_18_
Paciente de 4 anos, sexo masculino, com dificuldades de adaptação
na escola, mesmo após dois anos na mesma escola.
Ao chegar, todo dia, agarra o braço da mãe ou do pai, arranhando,
a ponto de sangrar o braço dos pais. Recusa-se a participar e até
266 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
mesmo a assistir aulas de balé ou dança. Em dias de apresentação
nem vai à escola e, recentemente, se recusa a sair de casa até para
ir a festas de aniversário dos amigos. Quando viaja, tolera ficar
um dia fora e depois quer retornar para casa.
Gestação tranquila, a avó paterna faleceu quando a mãe estava
grávida de seis meses. Parto cesárea, sem intercorrências. Não
quis mamar no peito nem na mamadeira. “Bebê muito quieto, não
se mexia, parecia parado”. Mãe trabalha em casa, dificuldade de
se alimentar recente. Foi para a creche com 2 anos e levou dois
socos no rosto pelo colega. Estava bem, mas depois disso não quis
ir mais. A mãe o retirou da escola por um tempo e ele retornou
meses depois, com um pouco de resistência, mas vem piorando.
Piorou quando houve um evento na escola e esta não avisou que
era para chegar mais cedo. Ele não viu a mãe entrando pelo portão
e, desde então, não quer mais voltar para a escola.
Tem bom relacionamento com o irmão mais velho, tende a man-
dar nele em casa. Fala o tempo todo em casa, se mexe muito, mas
na escola parece uma múmia “parada” e estática. Enfrenta para
defender o outro e não a si mesmo, mas apenas em casa. Sempre
diz em casa: “Minha mãe é minha esposa, minha lady”. Não gosta
quando o pai chega perto da mãe.
Inseguro, piorou agora, com a avó materna fazendo tratamento
para câncer. Até 7 anos teve rinite, resfriados e amigdalite. É adepto
a rotinas, não gosta de dormir fora de casa, gosta da cama dele
e do quarto dele.
Foi ministrado o BioFAO.
Assim que tomou a caixa de medicação disse para a mãe: “Tem
muito sofrimento no mundo, mãe. Eu não queria ficar aqui”. Ficou
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 267
mais calmo em casa. No primeiro dia após o BioFAO, na escola,
agarrou o braço dos pais, mas soltou logo, sem arranhar. No se-
gundo dia, segurou o braço e soltou quando a tia se aproximou. No
terceiro dia, ele correu ao redor da mãe em círculos, brincando de
pega-pega com a professora. No quarto dia, não agarrava mais.
Começou a assistir à aula de dança e apresenta na sala de aula,
mas ainda não na frente de todos. Continua não falando muito
em aula, em completo silêncio. Deixa o pai tocar a mãe, mas ainda
possessivo. Logo assim que a energia da caixa se esgotou, ficou
muito sensível, chorando, porque a água do planeta ia acabar e
todos iam morrer. Disse à mãe que não queria que eles morressem
e a irritação retornou.
A avó precisou ser internada com embolia pulmonar e ficou falan-
do da morte com muita raiva. Sentia o coração disparado quando
ficava angustiado.
Repetiu o BioFAO. Retorno, depois, com mental bom. Viajou e fi-
cou alguns dias, interagiu com todos na escola, participa da aula
quando chamado, senta para lanchar com os colegas no chão (ao
invés de ficar de fora), está brincando no recreio com os amigos
(nunca brincava) e, quando o colega tentou tirar seu lápis da mão
à força, ele lutou e disse que não ia emprestar. Segurou até o lápis
quebrar e cobrou do colega um novo jogo de lápis.
Seria um espectro autista? Interagindo muito bem, chegou a ficar
oito meses sem precisar tomar nova dose e conseguiu ler em voz
alta na frente de todos.
Priscila Rebelo Pessamilio
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria, medicina chinesa, homeopatia
268 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
_19_
Paciente, 18 anos, masculino, história de hiperatividade desde crian-
ça, grande dificuldade de manter a atenção, falta de sintonia com a
realidade, muito agitado e ansioso, inúmeras mudanças de escola,
falta de interesse pelos estudos, compulsivo por jogos de computador
(chega a dizer para os amigos que está doente para não sair de casa),
dificuldades de estabelecer amizades por se achar sem assunto para
as conversas e não saber conversar, dificuldade em seguir regras
básicas da casa, relação conflituosa com irmã e madrasta.
Prescrição em março de 2007.
Observações sobre o paciente depois da prescrição: Em maio de
2007, conta que, após o BioFAO, passou a se interessar mais pelos
estudos, ler revistas semanais e jornal (o que antes era impossível),
tendo feito vestibular para Direito e passado. Mais paciente, boa
melhora da compulsão por jogos de computador (passou a sair
mais com os amigos e começou a surfar), elogiado pela madrasta
pelo seu comportamento no período. Descobriu que os conteúdos
de suas novas leituras lhe davam assunto para conversar com as
pessoas e, quando flerta com as garotas, já não gagueja e sente
que tudo flui mais fácil.
Antes era muito aperto que eu sentia, como se algo me aper-
tasse dos dois lados, deixando apenas um caminho estreito,
que eu tinha de passar correndo, vendo uma luz no final
que nunca chegava. Agora me sinto com mais espaço, não
é muito, mas já consigo caminhar com mais tranquilidade e
sei que vou chegar ao final, só tenho que ter persistência.
Tempo para resolução do quadro: poucos dias.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 269
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_20_
Paciente masculino, 13 anos, primeira consulta em 15 de julho de
2016. Quadro de atopia severa, caracterizada por rinite intensa,
respiração bucal, lesões urticariformes difusas e pruriginosas,
dermografismo e conjuntivite alérgica intensa, com hiperemia
intensa de conjuntivas há cerca de cinco anos. Encaminhado pelo
oftalmologista, após não ter bons resultados com medicações
utilizadas (colírios anti-histamínicos) e, tampouco, com corticoides
e anti-histamínicos orais prescritos por diversos dermatologistas.
Filho único, relação com o pai com atritos, apresentava-se como
um adolescente sociável, porém introspectivo, tímido, sem doen-
ças prévias, porém com história de atopia familiar. Sono agitado,
frequentemente com tremores.
Prescrição do BioFAO. Retorno um mês depois, tendo tido melhora
inicial do quadro e retorno dos sintomas (rinite e eritema ocular).
Tomou novamente o BioFAO. Nova avaliação dois meses depois,
apresentava-se com melhora considerável da conjuntivite (85%
de melhora!) e do prurido, agora cada vez mais raro. Mostra-se
mais questionador com os pais e com os colegas, defendendo
suas posições e sendo considerado “mais difícil” de controle pe-
los pais... Mental bom, sem problemas na escola, dormindo bem,
seguindo dieta sem laticínios. Ao longo desse período até a data
da última consulta (22 de novembro de 2017), um ano depois, o
paciente vem apresentando ganhos significativos de comporta-
mento, autoconfiante, comunicativo, episódios de hiperemia ocular
ocasionais e de curta duração e melhora do quadro pruriginoso,
270 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
havendo restrição da dermatite atópica nas áreas das dobras de
cotovelos e joelhos. Última prescrição em 22 de novembro de 17
com o BioFAO, ainda sem retorno.
André Luiz Brito de Araújo 
Salvador (BA)
Clínica médica
_21_
Paciente masculino, com 17 anos.
O paciente teve o diagnóstico de epidermólise bolhosa 48 horas
após o nascimento, em Brasília, e foi acompanhado por médica
homeopata até os 7 anos, quando a família mudou para Salva-
dor, há dez anos. A mãe, que dirige uma associação relacionada
à doença, refere que a homeopatia fez o diferencial no caso dele.
Ela relata boa cicatrização das lesões quando aparecem, intesti-
no funcionando diariamente, sono sem alterações e bom apetite.
No acompanhamento de Brasília, feito por uma médica pediatra
e homeopata em um hospital em Taguatinga, ele fez uso de vá-
rios medicamentos em potências crescentes, sendo que os mais
constantes foram Sulphur, Chamomilla, Staphysagria, Arnica,
Pulsatilla, Silicea e Calcareas. As potências variaram de C6 a C50.
Teve, paralelamente, diagnóstico de Síndrome de Asperger.
Junho/2017 – Iniciou no Ambulatório o BioFAO.
Junho/2017 – Recebi várias ligações da mãe e mensagem por
WhatsApp, falando que ele teve uma câimbra fortíssima no joelho
após ter feito um movimento com a perna, imitando um desenho
que estava assistindo. Gritou muito, desesperado com a dor, teve
muito inchaço no joelho e, em movimento de descida, a câimbra
atingiu o pé, chegando a rachar a pele numa ferida extensa. A mãe
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 271
também referiu que, depois do BioFAO, as lesões ficaram bastante
inflamadas e, dois dias antes da câimbra, os ferimentos começa-
ram a secar. Como estavam de férias em uma cidade do interior,
sugeri que colocasse gelo ou Maravilha Curativa no joelho, que
ficou muito inchado, embora sem dor.
Junho/2017 – Recebi por WhatsApp fotos de mãe e filho muito
alegres com a seguinte afirmação da mãe: “O BioFAO é muito bom.
O pé está todo cicatrizado”.
Julho/2017 – Ainda apresentando a lesão inicial no pé direito. A
lesão da região plantar, causada pela câimbra, cicatrizou rapida-
mente, assim como as outras lesões que inflamaram após o Bio-
FAO. Também apresentou três episódios seguidos de inchaço nas
pálpebras, com lacrimejamento, que era um sintoma recorrente,
principalmente quando morava em Brasília. Não tem apresentado
medo de escuro, embora não goste de dormir só.
Janeiro/2018 – Em todo esse período após o uso do BioFAO, o pa-
ciente não apresentou quadro de viroses e tem estado menos
cansado fisicamente. Anda mais animado e reagiu bem à separa-
ção do irmão mais velho, a quem sempre foi muito apegado e que
foi estudar e morar em Brasília. Raramente se zanga, só se for
provocado. Adora fazer amizades, faz seus próprios curativos e
se irrita com barulhos. Chama a atenção o fato de aguardar sen-
tado e calmo pelo atendimento (nas primeiras consultas, andava
impacientemente todo o tempo).
Carmen Sande Cruz
Salvador (BA)
Homeopatia
272 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
_22_
Paciente, 73 anos, há vinte anos com início de sintomas, com diag-
nóstico de Parkinson, há dois anos com piora da fala e disfagia
progressiva, com duas pneumonias por aspiração este ano, sub-
metido a gastrostomia há oito meses. Vem mantendo picos febris
isolados, a despeito de antibioticoterapia. Em uso de prolopa 250
mg 5 vezes/dia e Rivotril.
Prescrição em setembro de 2007
Observações sobre o paciente depois da prescrição
Em outubro de 2007 – Contam os familiares que “presenciaram
um milagre” já no dia da tomada da primeira caixa, quando passou
quase 24 horas sem necessitar do Prolopa, pois não tinha qualquer
tremor. Após período inicial, estabilizou uso do Prolopa em 3 vezes/
dia. No dia seguinte à segunda caixa, após mais de um mês sem
sair de casa, resolveu ir ao banco e depois foi tomar um sorvete.
Passou a ingerir os alimentos por via oral, apesar da orientação da
fono em contrário. Vem bem ativo. Único pico febril uma semana
após os BioFAOs. Leucocitose reduziu de 12.500 para 8.000.
Tempo para resolução do quadro: Melhora imediata e em andamento.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_23_
Paciente do sexo masculino, 35 anos, casado, bastante racional.
Primeira consulta em fevereiro de 2016, com lesões de pele, com
edema, calor e vermelhidão na região cervical, no tórax, abdômen
e membros superiores, com prurido intenso. Apresentava tam-
bém edema de pálpebras superiores e inferiores. Relata muito
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 273
calor interno e queimação no estômago. Paciente em crise aguda.
Relata estresse no trabalho, receio de perdas financeiras e difi-
culdades de relacionamento no casamento. Após a primeira medi-
cação com o BioFAO, o quadro agudo persistiu nos dois primeiros
dias e, a partir do terceiro dia, começou uma melhora acentuada
dos sintomas físicos. Os sintomas retornaram após trinta dias de
uso da medicação por somente um dia e também regrediram es-
pontaneamente. O paciente, então, começou a se preocupar com
suas questões emocionais e também existenciais.
Retorna em junho de 2016, com episódios semelhantes aos iniciais,
após tomar sol. Foi medicado novamente com o BioFAO.
Os sintomas persistiram por um dia e houve, logo a seguir, regressão
espontânea. Em setembro de 2016, retorna muito triste, relatando
ter tomado a decisão de se separar conjugalmente. Embora tenha
a consciência de que era o melhor que tinha a fazer, sente-se em
luto pelo término do casamento. Sem sintomas físicos. Tomou mais
uma vez o BioFAO. Após essa terceira dose, ficou três dias muito
triste e desanimado. Uma semana depois, manda notícias dizendo
estar melhor, começando a cuidar da aparência.
Retorna em fevereiro de 2017, sem sintomas físicos. Relata estar
bem, começando um curso preparatório para uma nova profissão. Diz
que é um desafio, está contente por essa nova chance e confiante.
Retorna em junho de 2017, trazendo também para a consulta a
nova namorada, com quem se relaciona desde março. Está feliz,
sem sintomas físicos. Em dezembro de 2017 manda notícias, di-
zendo que está muito bem. Foram feitas, ao longo de um ano e dez
meses, três medicações com BioFAO, sem uso de nenhuma outra
medicação alopática.
274 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 275

Esse caso é muito interessante porque mostra a ação curativa de vias aéreas inferiores (IVAI) compreendem as laringotraque-
do BioFAO na evolução dos sintomas físicos, seguindo as leis de obronquites, bronquiolites e pneumonias. O perfil nosológico da
cura, com retorno de sintomas que se tornaram mais brandos IRA é, em sua grande maioria, composto de quadros benignos
com o decorrer do uso da medicação. E também porque, além da de fácil resolução. Verificou-se neste estudo que os episódios
eliminação dos sintomas físicos, possibilitou ao paciente o reco- de IVAS correspondem a 76,4% dos casos e que somente 23,6%
nhecimento e a coragem de romper um relacionamento que já são IVAI.
não lhe fazia bem. Promoveu também um recomeço na sua vida
A rinofaringite é o diagnóstico mais frequente em todas as faixas
através do encontro de uma nova relação amorosa e uma nova
etárias. Os sinais e sintomas mais encontrados foram tosse e coriza.
perspectiva profissional.
A importância das rinofaringites na prática pediátrica está aqui
Hadla Gama Kauss refletida, pois, além do sofrimento individual que acarretam, têm-
Rio de Janeiro (RJ)/São Paulo (SP)
Homeopata
-se a sua alta frequência e, principalmente, o potencial de com-
plicação que delas advém: otite média aguda, sinusite, amigdalite
e pneumonia. O uso inadequado de medicações chega a mais de
_24_
50% dos casos
Dados estatísticos: revisão de prontuários – dados coletados
em outubro de 2015.1
Precisa ser assim?
As infecções respiratórias agudas (IRA) são mundialmente reco-
Foi realizada uma revisão de prontuário de um consultório pediátrico
nhecidas como sendo uma das principais causas de morbidade e
para averiguar essa questão, utilizando os seguintes critérios de
mortalidade em todas as idades, particularmente em crianças. A
inclusão: crianças até 5 anos com diagnóstico de IVAS de repetição,
alta taxa de morbidade faz da IRA a principal causa de utilização
atendidas desde 2007 e que retornaram em 2015 para consulta
dos serviços de saúde, representando em todo o mundo de 20 a
médica e tinham no mínimo um ano de acompanhamento neste
40% das consultas em serviços de pediatria e 12 a 35% das inter-
consultório. Todos foram tratados com a terapêutica BioFAO.
nações hospitalares. Em zona urbana, estima-se que cada criança
apresente de cinco a oito episódios de IRA por ano nos primeiros
Resultados
cinco anos de vida e, em áreas rurais, de um a quatro episódios
Grupo I – Crianças menores de 2 anos
de IRA por ano.
Foram encontradas oito crianças com uma média de uso de 1,7 an-
As IVAS (infecções das vias aéreas superiores) compreendem as tibióticos/criança/ano, antes do BioFAO, que foi reduzida para 0,07
rinofaringites, otites médias agudas, amigdalites. As infecções antibióticos/criança/ano após o tratamento com BioFAO. Houve
uma redução de 95,5% de uso de antibiótico e também redução
para 0,07 IVAS por ano depois do tratamento.
1. Estudo de caso apresentado na Jornada Integrativa de 2015
276 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Grupo II – Crianças de 2 a 5 anos
Foram encontradas 14 crianças com uma média de uso de 1,3 anti-
bióticos/criança/ano, antes do BioFAO, que foi reduzida para 0,08
antibióticos/criança/ano após o tratamento com BioFAO. Houve
uma redução de 94% de uso de antibiótico e também redução para
0,07 IVAS por ano depois do tratamento.
Concluímos que a terapêutica BioFAO reduziu os episódios de in-
fecções respiratórias para 0,07episódio/ano, o que significa uma
redução de 86 a 91% de IRA ao ano. E reduziu-se a necessidade
de uso de antibiótico em 95% no Grupo I e 94% no Grupo II, signi-
ficando uma excelente opção terapêutica para essa faixa etária.
Maria Olivia Sarno Neves
Salvador (BA)
Médica pediatra
_25_
Menino de 9 anos, com púrpura trombocitopênica idiopática, início
do quadro em fevereiro de 2013, com epistaxe espontâneo no início
da manhã, que perdurou por sete horas durante infecção viral.
Histórico pregresso de vários episódios de estresse com seu pai e
fobias. Teve mais dois episódios de epistaxe, tendo que ser levado
às pressas até o serviço de hematologia na cidade vizinha, onde
fez corticoterapia por um período e apresentou discreta melhora:
estava com 42 mil de plaquetas e foi a 64 mil. No momento não
usa outra medicação. Aspecto cansado, com hematomas em região
de membros inferiores.
A primeira prescrição do BioFAO foi em maio de 2013. Após cin-
quenta dias, o paciente apresenta-se mais calmo, refere estar
bem em casa, com melhor relacionamento com seus pais e mais
estável, em paz, mostrando o seu lado criativo, emotivo.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 277
Após cinco meses, o nível de plaquetas havia subido para 185 mil.
Foi realizada novamente a prescrição BioFAO, devido a um quadro
de dor de garganta, tosse, episódio de sangramento de moderada
quantidade e irritabilidade – havia entrado em contato com cân-
fora há cinco dias.
Acompanhamentos: melhora do estresse e da irritabilidade, reali-
zou extração dentária sem manifestar sangramento importante.
Melhora de quadros fóbicos e relacionando-se bem na escola.
Plaquetas em 249 mil após dois meses do medicamento.
A contagem de plaquetas está em 270 mil após oito meses de
tratamento.
Amilton Froehner Junior
Umuarama (PR)
Homeopata, médico do trabalho
_26_
Paciente feminino, 31 anos, 25 semanas de gestação, evoluindo
desde março de 2006 com dor progressivamente mais intensa em
fossa ilíaca esquerda com diagnóstico de pancreatite e cisto pan-
creático e internamento hospitalar. Tinha risco de interromper a
gestação caso evoluísse com piora do quadro, além de intervenção
cirúrgica. Queixa ainda de obstipação crônica (1x/3-4 dias). Exames
em 21 de março de 2006: amilase=380, ast= 47, alt= 74, hb=10,8.
Prescrição em março de 2006.
Observações sobre o paciente depois da prescrição:
Maio de 2006: Grande melhora após o BioFAO, passando a ter
dejeções diárias, com maior consciência de sua dinâmica familiar
e se posicionando mais diante dos pais e do esposo. Quase total
278 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
normalização das taxas hepáticas e pancreáticas, cujas previ-
sões eram de se manterem altas até o parto. Cisto persiste sem
alterações. Obstetra já cogita possibilidade de parto natural.
Exames de 28 de abril de 2006: alt= 34, ast= 24, amilase= 161
(28-100), lípase= 84 (13-60), bt= 0,5, hb= 11,8, leuco= 9.630 (72%
de segmentados).
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_27_
Paciente do sexo feminino, 42 anos, casada, dois filhos.
Sua queixa principal é a depressão profunda há anos, em uso de
antidepressivos e medicação para dormir, ansiedade, pânico e
tentativas de suicídio. Obesidade, hipotireoidismo e aumento de
insulina.
Consulta em dezembro de 2017 e a paciente tomou o BioFAO cinco
dias depois. Apresentou resposta mental, emocional e clínica muito
rápidas e profundas, conforme relatos pelo WhatsApp, a seguir.
Em dezembro de 2017, diz: “Não sei o motivo, mas estou otimista.
O otimismo já não passava pela minha timeline há algum tempo...
kkkk”.
Dias depois, continua:
Ontem o dia foi ótimo! Mas a noite foi péssima... Passei a noite
em claro, ansiosa, sensação de morte. Dor de cabeça. Hoje
também estou um pouco nervosa e ansiosa... Mas senti que
dei uma mudada no padrão de pensamento, sentindo-me
mais conectada com Deus.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 279
Um dia depois, completa: “Bom dia! Dormi superbem essa noite,
sem a magnólia e sem nada”.
Poucos dias depois, diz:
Boa noite! Três dias que estou fazendo exercícios e estou com
menos ânsia de doces. Meu marido está numa felicidade só!
Estou superbem. Você pode achar pouco, mas até TV estou
assistindo. Antes ficava no quarto fechado, enquanto todos
estavam na sala. Não queria nem ver TV, me entediava e me
irritava. Agora estou vendo novela na sala com a minha so-
gra. Coisa inimaginável antes.... Além disso, parece que estou
sentindo um novo sentido na vida, coisas simples estão me
deixando feliz. Em paz!
Christiane de Roode Torres
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria, homeopatia
_28_
Um caso que tocou muito meu coração foi o de um paciente que
eu mediquei em 2013 à distância, porque ele vivia solto em uma
terra da família, porque era muito agressivo, com diagnóstico de
esquizofrenia. Foi medicado na época com o BioFAO, pela mãe, que
era a única pessoa que ele permitia que se aproximasse dele. Em
poucos dias se aproximou da casa e pediu para tomar banho, e
permitiu cuidados como barba, cabelo e quis ir ao dentista, o que
me causou muita preocupação. Repetiu o BioFAO novamente, após
o tratamento odontológico, por conta da quebra da informação
medicamentosa pelos mentolados empregados nos procedimentos.
Foi voltando aos poucos para casa e logo a mãe adoeceu, falecen-
do após três meses com câncer de pâncreas. Foi ele quem cuidou
280 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
dela e, quando eu tive notícias, há algum tempo atrás, ele fazia
tapetes e outras peças de tear para vender e morava na casa da
mãe. Foi iluminado com o BioFAO! 
Audrey Lemos
Passos (MG)
Homeopatia, pediatria
_29_
Maio de 2015, paciente do sexo feminino, 45 anos, casada, mãe de
dois filhos, sem patologia prévia. Apresentava quadro com uma
semana de evolução de febre baixa, a rondar os 38ºC, mal-estar,
fadiga acentuada, odinofagia ligeira, toracalgia base direita, com
características mialgias, sem tosse ou sinais de dificuldade respi-
ratória. Referia também cefaleia, associada aos picos febris, que
cedia dificilmente ao paracetamol. No dia anterior tinha se dirigido
ao médico de família, que pediu análises e ecografia abdominal. Ela
realizou os exames no mesmo dia, tendo sido diagnosticada com
mononucleose infecciosa. A ecografia revelou hepatoesplenome-
galia importante. Apresentava alterações marcadas no nível do
hemograma, com uma fórmula leucocitária inespecífica, leucopenia
(2.700 leuc./ml) e trombocitopenia marcada (56 mil plaquetas/ml),
alterações que impeliram a médica de família a orientá-la para
os cuidados hospitalares. As análises revelaram também ligeira
alteração da função hepática, com a subida da ALT para 85 UI/L.
A paciente me procurou para uma segunda opinião. Estava preocu-
pada com o diagnóstico, com o prognóstico, com os filhos e, princi-
palmente, com o quadro que se arrastava sem sinais de melhoria.  _30_
Foi tratada com o BioFAO, reforçando a indicação de procurar os
cuidados hospitalares, mas também da eventual necessidade de
tomar novamente o BioFAO. Alguns dias depois já não tinha febre,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 281
nem cefaleia, apesar de manter a fadiga e estar bastante animada.
No dia anterior, tinha tido consulta no hospital, onde repetiu as
análises: o hemograma estava com o nível normal de leucócitos
(4.600 leuc./ml), a hemoglobina tinha subido de 12,9mg/dl para
13,8mg/dl, e as plaquetas, de 56 mil para 105 mil (plaq/ml). Apesar
de as plaquetas estarem ainda num nível abaixo do normal, tinham
praticamente duplicado o valor em cinco dias, o que era um fator de
prognóstico excelente. Os marcadores hepáticos apontavam para
uma destruição mais intensa dos hepatócitos, com o ALT a subir
de 85 para 200UI/L, característica de uma doença mais agressiva.
A mononucleose infecciosa, provocada pelo vírus de Epstein Bar,
é uma doença muito frequente na população, que tem, de forma
geral, uma evolução benigna. Em certos casos, principalmente
anomalias do sistema imunitário ou comorbilidades, a evolução
pode ser muito debilitante, arrastando-se durante meses, com
fadiga marcada, complicações graves e, em poucos casos, pode
até ser fatal.
No caso relatado acima, trata-se de uma forma complicada de
mononucleose, acompanhada de hepatite anictérica, leucopenia e
trombocitopenia marcada. A partir da administração do BioFAO, teve
uma mudança rápida e visível na sua evolução clínica e laboratorial.
Raluca Ivanov
Lisboa, Portugal
Medicina geral e familiar
Paciente, 35 anos, feminina, consulta em fevereiro de 2013, uso
de medicamento omeprasol e com endoscopia digestiva alta, com
diagnóstico de esôfago de Barret (citopatológico com metaplasia
282 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
intestinal) e micropólipos hiperplásicos em mucosa gástrica. Útero
com mioma e ciclo menstrual irregular e importante TPM.
Primeira prescrição BioFAO, com retorno em quarenta dias, com
cansaço, azia e ciclo menstrual irregular.
Segunda prescrição do BioFAO em junho de 2013, com retorno em
57 dias, com piora inicial do refluxo, muita irritabilidade e melhora
do sono. Atualmente assintomática e sem omeprazol.
Novo retorno, 35 dias depois, com ciclo menstrual regular, sem
TPM, com nova endoscopia com biópsias de esôfago distal, sem a
presença de metaplasia intestinal e sem micropólipos gástricos.
Terceira prescrição do BioFAO, após seis meses, com crise agu-
da de laringite e amigdalite. Recebeu outra dose logo depois,
apresentando sono profundo e muita transpiração, com melhora
progressiva e rápida.
A paciente evoluiu muito bem, saindo de um quadro lesional para
funcional, superficializando a manifestação de seu processo crô-
nico. Ela e sua filhinha de 2 anos vêm em acompanhamento no
consultório.
Gerso Martinelli
Porto Alegre (RS)
Homeopatia, gastroenterologia e endoscopia digestiva,
ortomolecular
_31_
Paciente de 50 anos, há nove anos apresentando poliartralgias,
particularmente em ombros e joelhos, dores na região dorsal to-
rácica, sensação de fadiga crônica, sono não reparador, acordava
com a sensação de que não havia dormido. Associada aos sintomas
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 283
físicos, referia uma vida de muitas preocupações e estresse. No
decorrer desses anos, já havia tentado alguns tratamentos, que
tinham se mostrado ineficazes. 
Em fevereiro de 2009 iniciou seu tratamento com o BioFAO, que
melhor atendeu às suas demandas físicas, emocionais e mentais. A
partir daí, tem usado a medicação em um ritmo de aproximadamente
quatro meses, o que tem lhe dado uma qualidade de vida bastante
satisfatória, com a melhora da qualidade do sono, a melhora das
dores e com o retorno da vitalidade para os afazeres diários.
Norma Célia Lima de Moura
Salvador (BA)
Homeopata, clínica médica
_32_
Testemunho sobre experiência com BioFAO
Meu esposo chegou para um checkup com a Dra. Elizabeth Lira.
Depois de alguns exames, ela o diagnosticou com Hepatite C e o
encaminhou para um hepatologista muito conhecido e respeita-
do no meio. Após a biópsia de fígado, o diagnóstico foi de cirrose
hepática, evoluindo rapidamente para câncer. O hepatologista
indicou uma cirurgia para a retirada dos nódulos. Ao término da
cirurgia, meu esposo foi desenganado. Restou um nódulo do ta-
manho de um limão, inoperável por estar entre músculos. Cientes
de que a medicina convencional nada mais tinha a nos oferecer e
inconformados com a falta de perspectivas, vivemos momentos
muitos difíceis. Foi quando a Dra. Elizabeth Lira, personificação do
amor e da competência, nos apresentou o BioFAO. Esse tratamento
trouxe energia, disposição e vitalidade. Meu esposo recuperou a
saúde e permaneceu assintomático, apesar do câncer. Esteve todo
o tempo profissionalmente ativo, motivado e feliz. A cada seis
284 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
meses visitávamos o hepatologista para exames que confirma-
vam a Hepatite C, o nódulo inoperável e o câncer, mas, ao mesmo
tempo, comprovávamos também a eficácia do tratamento com
o BioFAO. Gratidão à Dra. Elizabeth Lira, que, através do BioFAO,
me possibilitou uma vida plena e feliz ao lado do meu esposo por
mais oito anos, após ele ter sido desenganado.
Elizabeth Lira
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia, pediatria, pneumologia infantil, clínica médica
_33_
Em 2013 o paciente tinha 4 anos, quando seus pais me procura-
ram, com diagnóstico de autismo. Não falava, só emitia sons, não
controlava os esfíncteres, apresentava um olhar triste, mas não
interagia ao olhar, ao toque, nem quando falávamos com ele. Foi
para a fonoaudióloga, psicomotricista e psicoterapeuta. Já havia
sido testado antes e também quanto à audição, onde não apre-
sentava nenhum distúrbio.
Era medicado com o BioFAO todo mês, dos 4 aos 8 anos. Hoje, o
paciente fala, escreve, foi alfabetizado. Relaciona-se e interage
com as pessoas, tanto da família quanto da escola, não apresen-
tando nenhum sintoma de autismo.
Aos 8 anos foram sendo espaçadas as doses do BioFAO, não
acontecendo nenhuma regressão de seu quadro, estando mui-
to bem situado entre seus pares e apresentando um olhar de
criança feliz.
Bertine Carlos Bezerra
Rio de Janeiro (RJ)
Psiquiatria
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 285
_34_
Primeira consulta: 14 anos. Início da psoríase aos 9 anos. Começou
pelo dedo médio da mão esquerda, depois para os demais dedos.
Espalhou para a outra mão, para os pés. Usou corticoide oral por
dois anos; quando suspendia o corticoide, piorava.
Nos últimos meses, havia se disseminado para a nuca, as pernas,
os braços, o tronco e se intensificou muito nos pés e nas mãos.
Tem dois primos com psoríase. Era muito calada.
Na escola sempre reclamavam da sua falta de participação, não
tinha coragem de perguntar dúvidas à professora, nem aos cole-
gas. Tinha medo de os colegas rirem dela, não gostava de falar,
não respondia nem as perguntas de seu pai e sua mãe. Desde o
primeiro BioFAO houve melhora gradativa dos sintomas, apre-
sentando uma gripe leve e o início de uma inflamação no pé. Logo
depois, uma melhora significativa de todas as crostas. Sentiu-se
mais animada. Saiu do isolamento.
Eu era muito calada e agora tenho conversado com mais
pessoas que não conheço. Na escola também tudo mudou,
e fiz amigos. Fui a festas de aniversário e vou até fazer a
minha própria festa. Tudo certo entre mim e meu pai. Desde
a primeira dose parei de falar sozinha no terraço.
Suas demais doses de BioFAO deveram-se ao retorno leve dos
sintomas de pele. Após a terceira dose, o mental continuava bem.
Havia ressecamento nos calcanhares e na ponta dos dedos, com
excelente resposta. Trabalhando, aprendendo um ofício, namo-
rando com a vida, de fato, no trilho. Antes aceitava tudo, mesmo
se estivesse péssimo para ela, e agora se posiciona e reivindica
seus direitos. Pele curada.
286 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Há três anos que os sintomas não retornam e continua muito bem
emocionalmente.
Pessoas com doenças de pele apresentam geralmente um sen-
timento de exclusão que gera a doença e, com o sintoma, esse
sentimento se exacerba.
Portanto, uma cura em níveis profundos só vem se passar pela
mudança dessa condição.
Nesse caso, mesmo a cura tendo sido iniciada por outros medica-
mentos homeopáticos, o grande progresso veio rapidamente após
a entrada do BioFAO, com garantia da mudança de rumo na sua
vida. Isso é o trabalho sobre os altos fins da existência humana,
nosso sonho de consumo.
Simonete Aguiar
Belo Horizonte (MG)
Pediatria
_35_
Paciente do sexo feminino, 28 anos, casada, alegre, muito respon-
sável e organizada. Vem à primeira consulta em janeiro de 2006
e relata que não menstrua. Fez controle da curva térmica por
alguns meses e não houve alteração, chegando à conclusão que
não estava ovulando. Fez tratamento com ginecologista, mas não
obteve melhora e queria fazer tratamento homeopático, porque
queria engravidar.
Feita a medicação com o BioFAO. Não relatou nenhum sintoma
físico. Um mês após a medicação ficou menstruada. Um mês de-
pois estava grávida do seu primeiro filho. Gestação e puerpério
normais.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 287
Dois anos depois retorna com as mesmas queixas. Depois do parto,
não menstruou mais. Está querendo engravidar novamente. Nova
medicação com o BioFAO. Sem nenhum sintoma físico. Um mês
depois ficou menstruada. Um mês depois nova gravidez, do seu
segundo filho. Gravidez e puerpério normais. No ano passado voltou
ao consultório, queria tomar a medicação para poder menstruar.
E após tomar a medicação, os ciclos normalizaram.
Esse foi um caso que, quando chegou ao consultório, achei que
seria difícil ajudar essa paciente, porque ela não ovulava e teria
que ser um tratamento mais específico. Mas, para minha surpresa,
na primeira medicação com o BioFAO o ciclo dela se normalizou e
ela conseguiu engravidar. O processo de cura dessa paciente se
deu de forma suave, desde o primeiro uso do BioFAO.
Hadla Gama Kauss
Rio de Janeiro (RJ)/São Paulo (SP)
Homeopata
_36_
Paciente, 41 anos, sexo feminino. Dois dias após ter sentido forte dor
causada por picada de pernilongo, iniciou febre e mialgia intensa.
Seus leucócitos totais ficaram em 2.200 e iniciou plaquetopenia
(143 mil). Evolui com piora dos sintomas, seguidos de náuseas,
vômitos e diarreia, além de dor abdominal difusa. Deu entrada
no hospital já com hipotensão grave (70/50) e foi internada na
UTI. Transaminases hepáticas bastante elevadas (TGO-3911 e
TGP-3455) e plaquetas 58 mil. Dois dias depois, TGO-5091 e TGP-
3272. Albumina de 2,8. GGT de 1.400 e BT de 2,0. LDH chegou a
13.450. Ureia e creatinina sem alterações. Não teve sangramento.
Foram descartados laboratorialmente dengue, hepatites A, B, C e
confirmada sorologicamente febre amarela.
288 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
Recebeu a primeira dose de BioFAO no dia 17 de janeiro de 2017,
dois dias após internação. O quadro se estabilizou logo no dia
seguinte, com melhora do estado geral, tolerância alimentar e
melhora dos índices laboratoriais. Repeti a dose três dias depois,
porque usou menta em pasta de dente, o que pode alterar a po-
tência medicamentosa.
Plaquetas subiram em 24 horas para 77 mil e, 48 horas depois,
para 86 mil. TGO reduziu para 3.400 e TGP para 2.557 em dois dias,
LDH já em 5.876, confirmando franco movimento de involução de
doença tão grave, com tanto potencial para mortalidade.
Simonete Aguiar
Belo Horizonte (MG)
Pediatria
_37_
Paciente, sexo feminino, 7 anos, através de consultas seriadas,
no período de junho de 2003 a junho de 2004, de cisto ósseo na
metáfise e diáfise proximal e média do úmero esquerdo.
História anterior de três fraturas patológicas de úmero.
Tratada com diversas doses do BioFAO, entre junho de 2003 e
fevereiro de 2005.
Resultados: Evoluiu, nos seis meses seguintes, após a utilização
do BioFAO, com preenchimento das trabéculas ósseas ao raio X,
de provável natureza fibrosa, correlacionando-se com os exames
anteriores, evidenciando melhora de 90% da imagem cística. Não
apresentou mais fraturas patológicas desde o início do tratamento.
Conclusão: Não houve intercorrências durante o tratamento com
o BioFAO, nem sequelas após três fraturas múltiplas, como, por
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 289
exemplo, encurtamento do membro acometido. A paciente retomou
as atividades esportivas com segurança, passando a levar uma
vida normal e de qualidade.
Naiza Cruz
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria
_38_
Primeira consulta em 2013. Menino de 4 anos, com convulsões há
15 meses, com gritos, parecendo sempre ter se assustado, apre-
sentando convulsões com salivação e tremores. Em vigência das
crises, mantinha os olhos fechados por cerca de dois minutos e
meio. Após cada crise, dormia por algumas horas e acordava bem.
Convulsões diárias, o máximo foi de nove crises por dia. Todas as
noites apresentava crises, umas três vezes, quando acordava gri-
tando em meio à crise convulsiva. Muitos pesadelos o acordavam
de sobressalto. História pregressa de convulsão aos cinco meses
durante febre.
O início das convulsões coincidiu com a separação dos avós e o
afastamento do avô, que era muito próximo em sua rotina diária
e por quem tinha grande afeto. Paciente medicado com Valpakine
300 mg, duas vezes ao dia, e Trileptal 150 mg, duas vezes ao dia.
Utilizando medicação homeopática clássica, Belladona 200 CH,
que foi suspensa.
Ministrado o BioFAO, retorna em 27 dias, mais calmo. Apresentou
uma única convulsão nesse período, dorme bem, não teve mais
pesadelos, não grita mais à noite. Não acorda mais assustado.
Assiste à TV com a família e está mais alegre.
Acompanhamento com dois meses do medicamento, quando relata
290 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
ter tido crises leves por quatro noites e, após uma crise leve, de
um minuto, na semana seguinte, quando dormiu por quatro horas
e voltou ao normal.
Acompanhamento de três meses e meio: a mãe relata que a crian-
ça dorme bem e que iria iniciar a escola. Teve um episódio de um
grito às 23 horas e outro às 4 horas da manhã aos três meses de
evolução após o BioFAO.
Acompanhamento após oito meses: paciente indo bem na escola,
alegre, dorme bem e come bem e sem crise desde o terceiro mês
depois da prescrição. Foi realizada uma única prescrição.
Tomoé Sewo Mitsuhashi
Curitiba (PR)
Oftalmologista e homeopata
_39_
Paciente do sexo feminino, 45 anos, foi atendida por mim em abril
de 2017, com quadro de pneumonia bilateral, muita astenia, cansaço
extremo, mal conseguindo vir ao consultório para medicar. A paciente
tem concomitantemente uma síndrome reumatológica de Sjögren e
nos últimos meses vinha apresentando alguns sintomas da doença.
Iniciei uma dose de BioFAO para ela e, já no segundo dia pós-
-medicação, apresentou grande melhora, febre cedendo, tosse
diminuindo, grande recuperação da força física, ânimo e disposição!
Seguiu se recuperando em dias e segue bem até o momento. Mostro
nesse caso a eficácia da medicação para tratamento de quadro
infeccioso agudo, com boa resposta. A paciente seguiu com ótima
organização do mental e emocional, tomando novo fôlego para
a vida, sentindo-se mais forte e decidida, tanto na vida pessoal
como profissional.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 291
Segue seu relato:
O que foi para mim tratar com BioFAO? Há muitos anos me
trato com Homeopatia Clássica, mas não conhecia o BioFAO.
A Dra. Andrea Paiva me atendeu numa emergência, num
quadro de pneumonia, em que estava me sentindo muito
mal. Logo depois que tomei a “caixinha mágica”, já comecei
a sentir a plena rotação no meu corpo. 
Além da pneumonia, sou conhecedora do que o corpo pode
produzir de bom e de ruim – quando estamos em baixa, é
precária a rotação! Tenho uma síndrome reumatológica autoi-
mune chamada de Sjögren, desde meus 28 anos. Hoje tenho
45, e já passei por um câncer de mama, tratado há dez anos.
Então, conheço dor, resistência, fraqueza e força. Aprendi a
perceber o que o corpo é capaz de dizer, manifestar, curar.
E a experiência com o BioFAO tem me ensinado mais uma vez
a acreditar e a investir na sua potência, na capacidade que
temos todos nós de transmutar as energias, refazer nossas
histórias, impressas nas nossas células, ressignificar a nossa
vida. Tudo é energia ou, pelo menos, quase tudo! 
Sinto que, com essa terapêutica e manutenção, meu corpo se
lembra da força que tem e da qualidade de vida que posso
conquistar. Isso sim é o lugar da medicina, na medicina que
acredito e quero para mim. Obrigada, Dra. Andrea Paiva!
Andrea Souza de Paiva
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria e clínica médica
292 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
_40_
Paciente com 25 anos, primeira consulta em maio de 2016.
Queixa: dermatite atópica desde os 17 anos. Iniciou com perda
progressiva das digitais. Piora importante nos últimos três anos,
com lesões em mãos, punhos, cotovelos, região cervical e pe-
riorbital. Visitou consultório de vários dermatologistas de Belo
Horizonte nos últimos anos. Recebeu diagnóstico de dermatite
atópica grave e foi-lhe prescrito corticoterapia tópica e injetável.
Não obteve melhora.
Sintomas mentais: ansiedade, imediatismo, não consegue se desligar.
Relata “pele de cobra” na infância. Pais separados desde criança.
Prescrição: BioFAO
Retorno em junho de 2016: relatou melhora seguida de piora das
lesões. Está sem corticoide. Foi prescrição de BioFAO.
Retorno em setembro de 2016: melhora importante das lesões.
Nova consulta em agosto de 2017: Tem ficado muito bem, mantendo
lesões apenas na mão direita (onde se iniciaram as lesões anos
atrás: polegar e indicador direito). Conta de projeto concretizando:
vai mudar-se para os EUA para pós-graduação.
Agosto de 2017: Tem ficado bem, quase não toma remédio. Ape-
nas polegar direito e indicador direito com lesões pequenas. Foi
prescrito jasminum tintura e creme base e BioFAO.
Mudou-se para os EUA em setembro de 2017.
Mensagem celular em 30 de novembro de 2017: “Dra Cynthia,
minha mão está ótima! Voltei a ter cutícula e digital. Queria te
agradecer por tudo!”.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 293
Cynthia Nunes
Belo Horizonte (MG)
Homeopatia
_41_
A escolha do relato do tratamento dessa paciente foi feita por
se tratar de um diagnóstico, distúrbio menstrual, frequente em
ginecologia e por sua evolução e resolução terem sido em curto
espaço de tempo e eficazes, com a terapêutica BioFAO, no pri-
meiro tratamento.
O estudo dessa paciente confirma que, quando existe a escolha
da potência adequada, o equilíbrio de pontos do Biocampo é du-
radouro e permanente.
Paciente com 31 anos, veio para consulta ginecológica em junho
de 2006, por atraso menstrual, frequente desde a menarca, aos
14 anos.
O intervalo médio do ciclo menstrual era igual a quarenta dias,
e muitas vezes ficava sem menstruar por mais de sessenta dias
(amenorreia).
A paciente já havia passado por psicoterapias, tendo tido oportu-
nidade de trabalhar o simbolismo da menstruação.
Por muito tempo usou anticoncepcional oral, com menstruações
(sangramento de privação hormonal) regulares.
Paciente retorna com exames laboratoriais e ultrassonografia
transvaginal compatíveis com síndrome dos ovários policísticos
(SOP) e desejosa por gravidez. Propus e expliquei o tratamento
com BioFAO. Tomou o BioFAO no 27º dia do ciclo menstrual, apre-
sentando a seguir dor de garganta, um sintoma antigo, e sentindo
294 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
irritação, que logo passaram. Após 17 dias da tomada do BioFAO,
retorna, informando a menstruação estar atrasada mesmo para
ciclos maiores de quarenta dias de intervalo.
O exame de beta HCG no sangue estava positivo e confirmado
uma semana depois com níveis maiores e compatível com gravi-
dez em curso.
A paciente foi medicada, ovulou e engravidou.
A gravidez evoluiu bem até o termo, paciente alegre, feliz com a
gravidez, submetida a parto cesárea por amniorrexe prematura
(não houve dilatação do colo uterino).
Passou bem no puerpério, amamentou por dez meses, voltou a
menstruar regularmente a seguir.
A paciente evoluiu muito bem, está feliz com a maternidade, con-
tente e referindo espontaneamente reconhecer que o filho é uma
criança tranquila, pelo tratamento recebido com BioFAO durante
a gestação. Relato da paciente:
Percebo que meu filho é um menino muito especial, ele sem-
pre foi tranquilo, obediente, paciente e maduro. Parece que
já nasceu com um amadurecimento e entendimento sobre a
vida, que eu mesma obtive após meus 30 anos e, coinciden-
temente, após o tratamento com o BioFAO.
Eu sinto realmente que eu consegui me conectar comigo
mesma e acredito que o BioFAO possa ter atingido o efeito
desejado tão rapidamente porque eu estava disponível em
um nível sutil, não era apenas vontade e desejo, foi mais do
que isso, era algo da alma da minha essência, eu me abri e
me conectei ao BioFAO.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 295
Por isso acredito que o BioFAO atua nessas camadas mais
sublimes e, se conseguimos nos conectar, e com ajuda do
tratamento, a mudança será eterna, afinal já se passaram
11 anos do meu tratamento e desde então eu sinto que sou
uma nova pessoa. Eu acredito ainda que o tratamento BioFAO
não atua somente para os problemas físicos, é algo muito
mais intenso, pois eu sinto que mudei para melhor, amadu-
reci e aprendi a ver a vida de uma maneira diferente, mais
assertiva, empática, paciente e madura.
A minha impressão é que, como tomei o BioFAO e engravidei,
eu sinto que meu filho recebeu o mesmo benefício do trata-
mento, pois a mesma conexão que tive com o tratamento eu
tive com meu filho desde meu ventre, e ele foi beneficiado e
por isso é um menino tão especial.
Sandra Savoia Allegro
São Paulo (SP)
Ginecologia e obstetrícia
_42_
Paciente, sexo feminino, 31 anos, solteira.
Apresento esse caso pelo seu fascínio da mudança de paradig-
mas e de rota de vida. Desde a primeira consulta, mostrou-se
inteiramente engajada politicamente, referia que “a luta deveria
ser a favor dos menos favorecidos”, tendo se filiado a um partido
político, sindicatos de classe e movimentos de greve, inclusive.
Iniciamos a terapêutica com BioFAO em maio de 2015, devido a
múltiplas queixas digestivas (gastrite, refluxo, síndrome do colo
irritável) e, por se encontrar em um relacionamento que a inco-
modava muito (diversidade de ideias), apresentava incapacidade
296 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
de manter o ritmo de estudo e de sono. Retorna em sessenta dias,
com remissão completa dos sintomas digestivos e mais harmonia
emocional. Tomou o BioFAO em dezembro de 2015 e julho 2017,
tendo evoluído para uma nova visão política (preparando-se para o
concurso para juíza do trabalho), onde entende que “ajudará muito
mais pessoas do que atuando no sindicato”, hoje com uma visão
sistêmica do ser como cidadão e substituindo as intermináveis
noites de discussão política por horas de meditação e abertura
para a espiritualidade. Profundas mudanças no estilo de vida, de
vestir e pensar, além da qualidade de saúde.
Nilsa Dominga Franco Monteiro
Curitiba (PR)
Dermatologia, fisiologia do antienvelhecimento
_43_
Paciente, 6 anos, muito adoecida desde o nascimento, foi concebida
um pouco antes de a mãe tomar conhecimento de problemas sérios
na familia. Gravidez emocionalmente muito conturbada, porém os
pais seguiram juntos. No final de setembro de 2017 foi sua primeira
consulta. Mãe relata parto prematuro na 34ª semana de gestação,
devido a descolamento de placenta, e que, após o nascimento, a
criança precisou ficar seis dias na UTI neonatal devido a quadro de
hipoglicemia. Fez alergia ao complemento alimentar e do primeiro
para o segundo mês de vida só ganhou 100 g.
No segundo mês fez uma conjuntivite bacteriana e, de lá para cá,
teve diversos episódios de sinusite, otite, amigdalite, um episódio
de pneumonia e dois episódios de escarlatina (último em agosto
de 2017). A mãe disse nunca ter visto a filha sem secreção nasal
e, por sua saúde ser muito “frágil”, a criança não conseguia nem
aproveitar a cobertura onde mora, pois qualquer vento a adoecia.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 297
Disse também que nos primeiros dois anos de vida da paciente,
a relação conjugal estava péssima, mas que depois as coisas se
acalmaram e que hoje viviam harmoniosamente. Da aquisição do
BioFAO até ele ser administrado, passaram-se duas semanas com
a medicação guardada no armário do casal, pois a própria mãe
queria supervisionar a administração do medicamento e estava
sem disponibilidade de tempo para fazê-lo.
Exatamente 15 dias após o uso do BioFAO, a criança fez um qua-
dro de amigdalite que, infelizmente, foi tratado com antibiótico,
já que a mãe não conteve sua ansiedade de aguardar o processo
de exoneração concluir-se por si mesmo. No início de dezembro
entrei em contato com a mãe, pois, desde o episódio de amigdalite,
no final de outubro, não tinha tido notícias da paciente.
A mãe disse que a filha não havia ficado doente no período, que
o nariz estava seco, sem secreção alguma, e que ela finalmente
estava aproveitando a cobertura da família. Disse também que
havia se separado do marido e que tanto a energia da casa como
a saúde da paciente estavam incrivelmente diferentes. Até o final
de janeiro de 2018 a paciente estava bem, não havia feito sequer
um quadro de virose e não teve necessidade de ser remedicada. 
Alessandra Sampaio
Rio de Janeiro (RJ)
Clínica médica
_44_
Outubro de 2017, paciente do sexo feminino, 59 anos. Sua queixa
principal é a enxaqueca. Relata que a sua primeira crise foi aos 11
anos. A crise se repetiu aos 21 anos. Passou a usar analgésicos,
com boa resposta. Daí em diante, perdeu as contas do número de
crises. Em torno dos 40 anos, passou a ser mais frequente, com
298 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
mal-estar, náuseas e vômitos. Tentou acupuntura, com acompa-
nhamento de especialista em clínica da dor, e o quadro persistiu
por dois anos, sem melhora. Faz massagem, acompanhamento com
neurologista, sem resposta alguma. Nos últimos seis anos está sem
qualquer tratamento específico. Nos últimos dois meses, precisa
tomar dois analgésicos e sem melhora; já se automedicando: “Já
estou na fase de seguir o que dizem, mas também sem melhora.
É quase incapacitante, pois tenho medo de sair de casa com medo
que a dor venha. É terrível! Tenho dez partos normais, mas não
suporto essa dor de cabeça”.
A cefaleia se dá na região frontal, acima do olho esquerdo, aper-
tando, às vezes, à noite, às vezes, pela manhã, às vezes acorda
na madrugada pela dor. Precisa deitar em função do mal-estar,
chorar e caminhar ao ar livre, pois aliviam. Não tem fotofobia.
Sente náuseas, sem vômitos. Relata que chorar parece que des-
bloqueia alguma coisa e melhora. A paciente relata que dizem
que é mandona, teimosa, gentil e que tem facilidade de ouvir as
pessoas. Não gosta de ver coisas erradas, vai atrás para resolver.
É pró-ativa.
Foi medicada com BioFAO e retorna após um mês de uso. Traz
tabela mostrando melhora das crises de enxaqueca, precisando
cada vez menos de analgésicos. Fez quadro infeccioso na garganta
e muitas aftas, mas o otorrino lhe prescreveu antibiótico e fez uso.
Ao exame: orofaringe sem hiperemia, sem pontos de pus.
Oriento cheirar óleo essencial de menta ou eucalipto – refaço
BioFAO, já que havia iniciado o processo de cura com quadro de
IVAS e aftas, seguindo leis de cura, com leve exoneração de vias
aéreas superiores, mas que foi suprimida pelo uso do antibiótico.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 299
Retorna em 45 dias: Muitos retornos de sintomas antigos, as crises
de enxaqueca voltaram a aumentar em frequência, mas diminuir
em intensidade, só às vezes precisa de analgésicos, não fez novos
quadros agudos.
E eu me sinto melhor. É impressionante! Eu sinto! Estou me
sentindo mais leve, as coisas se acomodando. As coisas pa-
recem naturais...uma coisa muito boa, sem muita explicação.
É interno... vem de dentro, como se eu tivesse uma ajuda
que vem de dentro, e eu não sei de onde veio, mas que está
me deixando mais tranquila. Quando estou muito cansada,
choro. Acho que é vontade de ser cuidada. Como se estivesse
faltando carinho.
Paciente segue em acompanhamento, com sensação subjetiva de
bem-estar geral, melhora do estado mental/emocional, fazendo
mudanças no estilo de vida, buscando autoconhecimento, toman-
do consciência de suas escolhas. Enfim, seguindo seu caminho de
volta à saúde.
Maria Thais Porto Vindusek
Salvador (BA)
Cardiologia, homeopatia
_45_
Paciente, sexo masculino, 17 anos, em acompanhamento com o Bio-
FAO há dois anos e meio, com história de asma brônquica, queixas
gastrointestinais, rinite alérgica e sobrepeso. Evoluiu ao longo do
período com resolução total da asma e melhora expressiva dos
demais sintomas.
Consulta em novembro de 2007. O paciente relatou tosse, falta
de ar e febre durante 24 horas, evoluindo com vômitos. Ao exame
300 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
físico, encontrava-se prostrado, com falta de ar ao menor esfor-
ço, febril, além de achados à ausculta dos pulmões. A radiografia
apresentava uma clara pneumonia em base de pulmão direito,
além de elevação dos leucócitos no exame de sangue. Medicado no
mesmo dia à noite com o BioFAO. Após a dose, iniciou expectoração
“escurecida”, a febre desapareceu na mesma noite e não retornou
mais. Acordou muito melhor da prostração, com expectoração
clara, retornando fome e comendo normalmente. Progrediu com
melhora rápida até resolução total do quadro com 72 horas.
Na radiografia de controle, três dias após a medicação, não havia
qualquer sinal da pneumonia. Tendo essa radiografia sido realizada
no mesmo serviço de imagem, o radiologista perguntou ao paciente
o que ele havia tomado, pois nunca tinha visto uma pneumonia
desaparecer tão rápido.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_46_
A.G, 32 anos, foi aos 17 anos que desenvolveu os primeiros sinto-
mas respiratórios, com polipose nasal e asma brônquica. Cinco
anos mais tarde apareceu a intolerância aos medicamentos,
como alguns antibióticos (macrolidos, penicilina e derivados) e
anti-inflamatórios esteroides e não esteroides, configurando um
quadro de síndrome de Samter. Referia ansiedade e cansaço físico
marcado. Antecedentes familiares positivos do lado materno e
paterno para doença alérgica.
A tríade de Samter manifesta-se como uma doença respiratória
crônica, com três características clínicas: asma, sinusite com polipose
nasal recorrente e sensibilidade ao ácido acetilsalicílico e outros
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 301
anti-inflamatórios não esteroides. Apesar de as crises poderem
ser desencadeadas por ingestão ou inalação dessas substâncias
anti-inflamatórias, não se conhece a verdadeira causa e os seus
sintomas não respondem muito bem aos tratamentos convencionais.
Quando procurou a alternativa com terapia BioFAO, em março de
2007, estava a ser seguida em otorrinolaringologia, com história
de três intervenções cirúrgicas no nariz, devido aos problemas de
obstrução nasal. Estava medicada com anti-histamínicos, corti-
coides orais e bombas inaladoras e já tinha tentado acupuntura
e fitoterapia, com alguma melhoria e aumento do intervalo livre
entre as crises.
Fez tratamento com BioFao durante três anos, cerca de duas a três
vezes por ano, com uma melhoria lenta e gradual, com diminui-
ção das crises de asma, melhoria da obstrução nasal e completa
resolução de alergia aos corticoides e antibióticos. Referiu mais
calma, melhor qualidade do sono e diminuição notória das crises
alérgicas. No segundo inverno, durante o seu acompanhamento,
referiu não ter tido nenhum episódio de resfriado ou gripe, melhoria
que se manteve ao longo do terceiro ano também.
Em abril de 2010 fez pela última vez tratamento com BioFAO.
Continuava sem pólipos, com poucas crises de asma, já sem anti-
-histamínicos.
Raluca Ivanov
Lisboa, Portugal
Medicina geral e familiar
_47_
Paciente de 20 anos, sexo feminino, compareceu à consulta em abril
de 2012 com queixa de cefaleias semanais, hemicraniana esquerda,
302 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
na região frontal, pulsátil, de forte intensidade, incapacitante, de
duração entre um a dois dias, que vinha associada a fotofobia,
ruídos e cheiros. Relatou melhora com medicações antálgicas.
Diagnosticada com enxaqueca, iniciou o tratamento com o Bio-
FAO, referindo melhora do quadro, com diminuição acentuada da
frequência e da intensidade, queixando-se de dois episódios em
um período de onze meses.
Em março de 2013 a paciente retorna ao consultório, com retorno
dos sintomas, porém em menor frequência do que a relatada na
primeira consulta, sendo remedicada e evoluindo com melhora
total dos sintomas, que permanece até hoje.
Norma Célia Lima de Moura
Salvador (BA)
Homeopata, clínica médica
_48_
Dezembro de 2017. Paciente com 27 anos, do sexo feminino, relata
estresse contínuo com questões da rotina diária, como demanda
do trabalho, companheiras de casa, julgamentos alheios. Relata
medo de não conseguir conquistar aquilo que almeja. Relaciona-se
bem com a mãe, porém relata dificuldade de relacionamento com
o pai, com tristeza contida, por achar que ele apoia muito mais a
irmã do que ela. Não consegue ficar em paz pela quantidade de
coisas que faz e isso gera muita ansiedade. Tomou o BioFAO em
dezembro de 2017.
Em janeiro de 2018, ela relata melhora do estresse, com maior
resiliência frente a situações da vida. Relata expressar seus
sentimentos ao seu pai e uma grande melhora da sua relação
com ele. Relata mudança de emprego e planos de vida. Refere
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 303
manter a calma mesmo em momentos difíceis e diminuição da
ansiedade, com maior energia e coragem para a realização dos
seus sonhos.
Mensagem de WhatsApp com as palavras da paciente:
Após tomar o medicamento BioFAO, consegui expressar
melhor os meus sentimentos, coisa que era quase impossí-
vel para mim. Inicialmente tive ataques de choro, acho que
estava colocando para fora tudo o que estava guardado
dentro de mim. Tinha dificuldades de mostrar o que estava
sentindo para o meu pai, isso atrapalhava a nossa relação
e eu não sabia que esse era o motivo. Um dia liguei para
ele, chorando, e acho que pela primeira vez ele percebeu o
quão mal eu estava. Nesse dia conversamos e a partir daí
ele passou a apoiar as minhas decisões e a estar junto co-
migo, mesmo que morando em outra cidade. Também após
a medicação tomei decisões que antes tinha medo e vi com
outros olhos algumas situações: largar o emprego que não
me fazia bem, mas que ia me proporcionar a mudança para
o Rio de Janeiro, cidade em que gostaria de morar e abrir a
minha empresa. Decidi continuar morando na minha cidade,
lugar que está me proporcionando coisas incríveis, e estou
elaborando meu plano de negócios para abrir a empresa no
final de julho aqui na cidade. No todo, a minha comunicação
melhorou de uma forma inacreditável, estou conseguindo
manter a calma nos momentos difíceis e minha ansiedade
diminuiu. Às vezes me estresso, mas rápidamente consigo
me centrar e ver o lado bom das coisas e, assim, o estresse
passa. Antigamente ficava remoendo por muito tempo os
problemas, hoje vejo as soluções. Sei que ainda tenho muito
para melhorar, mas a mudança foi percebida muito rápida-
304 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
mente, entre uma e duas semanas após a medicação. Após
esse tempo, estou muito bem e parece que todas as coisas
boas estão vindo para mim.
Laura Guimarães Loureiro
Rio de Janeiro (RJ)
Acadêmica do 10º período – caso acompanhado com supervisão de Míria
de Amorim
_49_
Caso de obstrução intestinal alta em paciente de 48 anos, do sexo
feminino, que apresentava vômitos de cinco a sete veze por dia,
há três dias, sem melhora com uso de antieméticos. A paciente já
vinha com história de três cirurgias abdominais.
Raio X abdominal com níveis hidroaéreos e alças distendidas.
A paciente foi encaminhada para o hospital para avaliação com
cirurgião geral.
Durante o percurso para o hospital, em 2007, a paciente iniciou o
tratamento com o BioFAO. A caminho do hospital, a paciente apre-
sentou um vômito abundante e bilioso, verde garrafa. Após duas
horas, chegamos ao hospital e se repetiu o raio X simples de ab-
dômen, mostrando que a obstrução se desfizera.
A paciente evoluiu bem, sem vômitos, e conversando alegremente,
em nada parecendo com a pessoa de duas horas antes.
Recebeu alta no dia seguinte, absolutamente normal.  Na primeira consulta em 2007, relata dor no baixo ventre, cólicas,
Vania Pettersen
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia, clínica médica
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 305
_50_
Paciente, sexo feminino, 42 anos, casada, florista.
Quadro dermatológico em evolução desde os 6 anos, com lesões
em placas eritêmato – descamativas de variados diâmetros, com
períodos de melhora e recidivas, atualmente com placas dissemi-
nadas e acometendo inclusive o couro cabeludo, intenso prurido
e profundo sofrimento estético. Como comorbidade, apresentava
hérnia discal em coluna cervical, nódulos de tireoide, hérnia de
hiato, artropatia quadril esquerdo.
Medicada com BioFAO em setembro de 2015, retorna em novembro
de 2015, com desaparecimento de 80% das lesões de pele, sem
dor na coluna e no quadril, tendo suspendido a terapêutica para
tratamento da hérnia de hiato e os analgésicos.
Paciente atualmente assintomática, algumas poucas lesões dis-
cretas no couro cabeludo, que regridem espontaneamente.
Nilsa Dominga Franco Monteiro
Curitiba (PR)
Dermatologia, fisiologia do antienvelhecimento
_51_
Paciente com 34 anos, do sexo feminino, apresentando infecções
urinárias de repetição por Escherichia Coli por 7 anos, sendo tra-
tada nesse período (2000-2007) com os mais diversos tipos de
antibióticos, culminando em resistência bacteriana.
endometriose e em uso de antidepressivos. Apresenta cultura po-
sitiva para E.coli. Usou a primeira vez o BioFAO em dezembro de
2007, com melhora das queixas urinárias, com retorno de sintomas
leves, mas não precisou mais fazer uso de antibióticos. A segunda
306 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
vez foi usada em março de 2008 e a terceira vez, em março de
2009. Por todo o período ficou assintomática, mesmo mantendo
as uroculturas positivas.
O interessante nessa história é que, após o uso do BioFAO, as
uroculturas apresentadas se mantiveram positivas por um ano e
meio, mas a Escherichia coli foi ficando sensível aos antibióticos!
Em setembro de 2009, traz uma urocultura negativa! Associado a
isso, suspendeu o antidepressivo, a medicação hormonal, voltou
a menstruar sem dor. Apresentou melhora acentuada do mental
e começa a tomar decisões e atitudes mais construtivas na sua
vida pessoal.
Silvana Argollo Borges 
Salvador (BA)
Ginecologia
_52_
Paciente do sexo masculino, 40 anos, com queixa principal de
hérnia de disco, com diagnóstico de hérnia de disco lombar L5-S1
e grau de lesionalidade grave.
Há três anos (2010) o paciente relata que teve uma crise intensa
de dor lombar, não conseguindo deambular. A crise travou a perna
esquerda. Ele realizou fisioterapia e ficou então dois anos bem,
porém, em abril de 2013, outra crise intensa, novamente sem con-
seguir deambular, tendo, dessa vez, necessidade de internação por
cinco dias, com dor lombar importante e irradiação para o membro
inferior esquerdo. A única posição razoavelmente confortável era
com membro inferior esquerdo encolhido, desde então associado
ao quadro álgico em MIE, muito formigamento, amortecimen-
to e sensação de queimação que irradiava para o pé esquerdo.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 307
Queixava-se de diminuição de força muscular para movimento de
flexão-extensão do pé esquerdo, e estando em tratamento com
fisioterapia e medicamentoso com poucas melhoras no quadro.
Informa que essa última crise apareceu após crise conjugal im-
portante, seguida de separação.
História de insônia desde a infância (dorme e acorda de duas a três
vezes por noite) e constipação crônica, relata também ter uma
realidade mental de guardar sempre os sentimentos e ficar remo-
endo, sem expor facilmente seus sentimentos. Quinze dias após
a dose do primeiro BioFAO, não apresentou mais dores lombares,
com melhora de 80% do formigamento, amortecimento e sensação
de queimação em MIE, com retorno em 2014, já sem realizar mais
fisioterapia e até sem fazer os exercícios de alongamento, pois,
mesmo não fazendo, não apresentou mais retorno do quadro de
dor, mantendo melhora progressiva do quadro mental. Hoje expõe
seus sentimentos com a esposa, sente melhora da insônia (acor-
dando uma vez à noite somente em raras vezes) e da constipação.
Tempo de evolução: dois anos.
Dados de relevância no caso: melhora do quadro importante
e grave de hérnia discal lombar com baixa resolutividade com
tratamento medicamentoso e fisioterapia. O tratamento com
BioFAO proporcionou uma melhora completa da sua vida (mental,
emocional e física).
Tratamentos coadjuvantes: nenhum.
Basílio Costa Neto
Curitiba (PA)
Clínica geral, homeopatia
308 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
_53_
Paciente feminino, 31 anos. Primeira consulta em 2017. História
de cirurgia para exérese de câncer de cólon há três anos, com
retirada do cólon e parte do intestino delgado, complementada
com quimioterapia por seis meses. Em maio de 2015 foram des-
cobertos micronódulos pulmonares e hepáticos (não confirmados
como metástases), permanecendo com a quimioterapia por tempo
indeterminado a cada 15 dias. Evoluiu com regressão de 20% das
imagens hepáticas, porém sem alteração das imagens pulmonares.
Nega doenças no passado. Infância tumultuada. Já aos 12 anos
apartava as brigas do pai alcoolista batendo na mãe. Assumia a
defesa da mãe e da irmã, com deficiência cognitiva, enfrentando o
pai, de quem tem grande mágoa e rancor, pois, além de tudo, nem
mesmo se interessou/participou da evolução da sua doença. Pais
separados, há meses não fala com o pai.
Prescrito o BioFAO nessa data.
Retornou seis meses depois, informando ter tido quadro de IVAS
(infecção de vias aéreas superiores) e erupção dérmica fugaz logo
após o uso do BioFAO durante dois dias. Relata que suspendeu a
quimioterapia há dois meses, após realização do PET-SCAN, com as
lesões pulmonares infracentimétricas, sem atividade metabólica,
sendo descartada a possibilidade de metástase, após todo esse
período sem alteração.
Informava ter procurado o pai, que o havia perdoado por seus erros,
que agora compreendia serem humanos. Considera que o câncer
foi transformador para ele, pois sente grande gratidão pela vida
e por toda a ajuda que tem recebido de tanta gente. Sente que o
importante é viver o agora e ser feliz com o que a vida lhe traz.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 309
André Luiz Brito de Araújo 
Salvador (BA)
Clínica médica
_54_
Paciente do sexo feminino, 52 anos, há nove anos com diagnóstico
de polimiosite.
Quadro atual: em uso de Metotrexato, Ciclosporina e Deflazacort
6 mg, sem qualquer melhora no quadro da fraqueza, mantendo
dificuldade de caminhar e subir escadas, evoluindo com redução
da força muscular também em membros superiores. Desenvolveu
hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus após o uso crô-
nico do corticoide. Taxas de CPK acima de 5 mil, com proposta de
transplante de medula (vide relatório médico abaixo).
Prescrição do BioFAO em maio de 2007.
Evolução: grande melhora do humor, redução do peso e das taxas
laboratoriais, após anos no mesmo patamar. Melhora da força
em membros superiores, não deixando mais objetos caírem, mas
persistindo reduzida força muscular em membros inferiores. Des-
mamou imunossupressores sem qualquer alteração na evolução
positiva que vinha tendo.
Prescrição do BioFAO em outubro de 2007.
Evolução: depois de rápida intensificação dos sintomas, teve
resolução total das dores e melhora da fraqueza. Recuperou a
funcionalidade dos membros superiores (escovando os cabelos
sem problemas), mantendo fraqueza em membros inferiores
semelhante a antes do desmame das drogas. Em uso apenas de
Deflazacort 3 mg. Últimos exames evidenciaram uma redução de
todas as taxas laboratoriais alteradas.
310 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 311

27/4/2007 29/6/2007 23/8/2007 1º/11/2007 30/11/2007 Maria Thais Porto Vindusek

Salvador (BA)
Pré-BioFAO
Cardiologia, homeopatia
CPK 5.323 3.423 3.024 4.413 2.360
LDH 884 897 822 945 660
Aldol. 13,3 10,5 14 9,3
_56_
Glc. Jj 121 126 102 131 103
Paciente com 3 anos, do sexo masculino, atendido em maio de 2017,
ALT 158 124 117 75
apresentando quadro de muita dor no baixo ventre, dificuldade
AST 148 83 76 94 51
para urinar e irritação importante. 
GGT 105 104 19 Tinha uma história pregressa de vir adoecido desde setembro de
Cr 1,17 1,19 0,86 0,78 0,79 2016, tendo tido dois episódios de sinovite transitória, tratados com
Ur 54 36 37 45 anti-inflamatórios e uma infecção urinária com muita dor, quando
Adriano Cirino usou antibiótico, e, como a dor, não cedia iniciou anti-inflamatório
Salvador (BA) e corticoide, tendo uma melhora importante.
Clínica médica
Seguiu bem, porém, em maio de 2017, reiniciou dor muito forte no
_55_ abdome e dificuldade para urinar. Procurou, nesse tempo, o urolo-
Junho de 2012, paciente com 24 anos. gista, tendo sido-lhe recomendado cirurgia de fimose e, mais tarde,
tendo sido diagnosticado como cistite eosinofílica, patologia rara
A queixa principal é um quadro de dermatite em mamas: muito cujo tratamento é feito com antialérgico e corticoide durante seis
prurido, lesões urticariformes em diferentes estágios, pele res- a sete semanas ou mais, e assim chegou essa criança, já em uso
secada, estendendo-se das mamas até as axilas. Vinha de várias desse corticoide, sem melhora.
tentativas frustradas de tratamentos com especialistas, descrente
do método. Na primeira consulta estava com bastante dor e chorando, mal
permitindo ser examinado. Resolvi lhe prescrever um BioFAO e
Seu depoimento, após uso do BioFAO: observar. Seguimos no outro dia, o paciente ainda com muita dor.
Só gostaria de dizer que tinha uma alergia na pele durante Aguardei mais um dia e, como não melhorava, refiz novo BioFAO.
anos. Fui a diversos dermatologistas, usei os mais variados A melhora veio quase em seguida, já com diminuição de 70% da
tipos de cremes, sabonetes etc. Só o BioFAO resolveu! E dor, melhorando nos outros dias, até cessar a dor. Seguiu bem por
quem diz que é placebo, quero dizer que eu não acreditava uns meses, fez a cirurgia de fimose e mais ou menos cinco meses
no BioFAO, fui como última opção e foi a única coisa que após a segunda dose apresentou um início de nova crise, sendo
funcionou. Sucesso! logo remedicado e cessando seus sintomas, não sendo necessário
uso de corticoide.
312 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
A criança se desenvolveu, passou a se alimentar melhor, ganhando
peso e segue superbem até agora.
Andrea Souza de Paiva
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria e clínica médica
_57_
Paciente de 56 anos, com diagnóstico de esquizofrenia desde os 28
anos. Já apresentou vários surtos, com autoagressão e tentativas
de suicídio. Escutava vozes. Alcóolatra, chegou até a viver na rua.
Tomou BioFAO e conseguiu parar de beber, há cinco anos, quando
estava com mioclonia lingual. Voltou a beber em 2016 e entrou em
novo surto – ouvia muitas vozes, via vultos estranhos, tinha ma-
nia de perseguição. Não conseguia ficar perto de ninguém. Sentia
pavor de tudo, gritando e chorando, pedindo às pessoas para não
bater nele. Já estava tomando medicação psiquiátrica (três tipos)
e apresentando, mesmo assim, essa piora.
Tomou o BioFAO e dois dias depois era outra pessoa. Falou que aca-
baram as cismas, as vozes, os vultos, os medos, voltou a trabalhar, sai
a passeio, voltou a lugares aos quais não tinha mais coragem de ir.
Semblante tranquilo, conversando, sendo que antes era muito calado.
Simonete Aguiar
Belo Horizonte (MG)
Pediatria
_58_
Paciente do sexo feminino, 19 anos, desde os 14 com diagnóstico
de artrite reumatoide infantil.
Quadro atual: há um mês da consulta suspendeu imunossupresso-
res por efeitos colaterais, em uso há anos. Desde então, apresenta
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 313
artrite de pequenas e grandes articulações, quase diariamente.
Enquanto usava os imunossupressores tinha crises uma a duas
vezes por semana.
Prescrições do BioFAO de dezembro de 2005 a novembro de 2006.
Evolução: melhora expressiva das dores articulares já no dia se-
guinte à primeira prescrição, voltando a deambular normalmente.
Inicialmente, voltou a ter crises apenas duas vezes por semana
e de leve intensidade. Melhora progressiva ao longo das demais
prescrições, passando a ficar meses assintomática.
Prescrições do BioFAO de agosto de 2007 a novembro de 2007.
Evolução: melhora total do quadro álgico, com retorno de dor leve
no calcanhar após um mês.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_59_
Paciente com 8 anos, do sexo masculino. Ao nascer, apresentou
uma anomalia no cristalino, em formato de cone, que evoluiu
com uma catarata congênita bilateral, aos 2 meses; associado a
isso, apresentava ainda uma agenesia renal e uma comunicação
interventricular leve.
Desde os primeiros dias acompanho a criança e a tratei com Bio-
FAO desde o início. Aos 2 meses, fez sua primeira cirurgia para
retirada do cristalino, passou a usar óculos 30 G e a fazer muita
estimulação visual para que pudesse ter mínima perda da visão.
Desde o início seu oftalmologista, especialista em doenças do
cristalino, esclareceu para a mãe que seria quase impossível ele
314 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
não desenvolver glaucoma ao longo dos anos subsequentes e que
ele optaria por fazer a cirurgia para colocação da lente intraocu-
lar quando ele estivesse já na adolescência, para menor risco e
melhor adaptação.
O paciente apresentou ao longo desses 8 anos alguns episódios
de asma, tratados com o BioFAO, não evoluindo para cronicidade
nem quadros infecciosos graves.
Hoje ele se encontra com 8 anos, é um menino bem esperto, desen-
volvido, acompanha na escola regular, de forma adequada, e não
desenvolveu nenhuma alteração da pressão ocular, o que gerou
um protocolo de estudo para o oftalmologista que o acompanha,
dizendo ser o único caso, nessas condições, que não evoluiu com
glaucoma, e ele já quer fazer desde já a cirurgia para colocação
da lente intraocular, pois ele tem tido ao longo desses anos uma
evolução extremamente boa e fora do padrão.
Associamos a entrada do BioFAO como fonte de reequilíbrio e or-
ganização do corpo, contribuindo com esse equilíbrio da pressão
ocular. É ótima a evolução do caso.
Andrea Souza de Paiva
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria e clínica médica
_60_
O caso que mais me marcou foi de um menino de 5 anos, que tam-
bém tinha uma história difícil ainda durante a gestação, de muita
violência, e que havia sido deixado com uma guardiã desde os 3
meses de idade. Depois, com 9 meses, a mãe o pegou de novo e
depois devolveu, aos 11 meses, e desde então estava com essa guar-
diã, apresentando um quadro de agressividade muito importante,
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 315
tomando medicamentos psiquiátricos, sem sucesso. Esse menino
todas as noites batia a cabeça na parede e tinha um galo na testa,
um sofrimento psíquico muito grande. Não era aceito na escola, não
conseguia se relacionar com outras crianças. Depois que tomou o
BioFAO, em 2016, a história desse menino se desenrolou de uma
forma impressionante. Em um dos seus surtos de agressividade, ele
acabou matando um filhote de poodle que havia na casa e, a partir
desse episódio, tudo se esclareceu. A guardiã confessou para mim
que, na verdade, nunca havia escolhido ficar com aquela criança,
que havia sido deixada com ela. Disse que o marido não aceitava o
menino e vivia a pressionando a entregá-lo e a escolher entre ele ou
a criança. Disse-me, naquele momento, que se sentia sobrecarrega-
da com essa responsabilidade e que estava decidida a entregá-lo.
Naquele momento, iniciou-se uma busca por um abrigo que aceitasse
acolher um menino de 5 anos com muitos problemas de convívio.
Foi um momento difícil para todos que estavam envolvidos. Ainda
não estava claro para onde o processo dele estava caminhando,
para onde a energia o estava conduzindo. De repente, a terapeuta
que acompanhava o caso estava comentando sobre isso em um
salão de beleza e uma mulher ouviu a história e sentiu no seu
coração a vontade de conhecer o menino. Dois dias depois, ela e
o marido foram visitar a criança na escola e, segundo eles, “foi
amor à primeira vista”. Sentiram que aquele menino era deles,
que, apesar de tudo que haviam ouvido, acreditavam que podiam
ajudá-lo. Desse momento para a guarda provisória foi rápido e a
melhora dessa criança foi um processo lindo de se ver. Depois de
um momento de regressão com maior demanda de atenção dos
pais e enurese noturna, esse menino nunca mais teve um episó-
dio de agressividade, parou de bater a cabeça na parede, passou
a se relacionar com outras crianças. Acredito que pela primeira
316 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 317

vez se sentiu realmente acolhido neste mundo e essa foi a cura O princípio masculino é aquele que nos tira da fusão emocional com
dele. Essa para mim foi a maior reconciliação de todas que eu a mãe para ir ao mundo conhecê-lo, explorá-lo, descobrir os dons
pude acompanhar e serei eternamente grata ao BioFAO por ter e talentos que trazemos e que precisamos manifestar, obedecer
promovido esse processo. às leis universais e nos reconhecermos enquanto manifestação da
divindade. No acompanhamento de pacientes com essa ruptura,
Em alguns momentos do processo de cura, nos vemos no meio de
pude ver esse processo acontecer, pessoas talentosas que não con-
uma neblina em que tudo está confuso, em que todas as dores e
seguiam levar seu dom para o mundo, mulheres incríveis que não
sofrimentos parecem estar sendo revividos e conscientizados, até
conseguiam se relacionar com homens, pois estavam carregadas
que aquela pessoa salta para um outro nível de consciência mais
de crenças negativas em relação ao masculino, pessoas incríveis
ampliado e se desidentifica daquela dor. Esse momento é o salto
que não conseguiam se enquadrar a normas, leis, ou a qualquer
quântico para a mudança da história.
tipo de trabalho que exigisse cumprir certas regras. Durante o
A reconciliação com a mãe, com a polaridade feminina, é a primei- processo de cura, vamos vendo essas crenças serem desativadas
ra que se dá, se aquele ser ainda não fez esse processo. A forma e aquele ser vivenciando o que antes não se permitia.
como nos sentimos acolhidos neste mundo, o quanto recebemos
Depois que o ser passa por essas duas reconciliações, consegue
de nutrição física e emocional até podermos caminhar sozinhos.
experenciar o amor na sua vida, o retorno à unidade e a reali-
A ruptura precoce com esse princípio da energia marca o início de
zação do seu propósito maior, que é a expressão do seu dom, do
toda doença deste mundo. O ser cresce vazio de si mesmo, sem
seu dharma neste mundo. Nesse lugar não existe sintoma, não
autoestima, inseguro, sentindo-se sempre abandonado, e vai le-
existe doença, que são apenas manifestações do que ainda está
var essa dor pela vida, que se reflete nos seus relacionamentos e
separado em nós, são pistas do que ainda precisa ser integrado
na forma como se sente no mundo, até fazer essa reconciliação.
ao todo no nosso processo de individuação. Como consequência
Quando se desidentifica da dor, quando consegue ver sua história
desse processo que vai acontecendo nos bastidores, o processo
a partir de um nível mais ampliado de consciência, quando perdoa
de cura no nível físico vai se desenrolando e, às vezes, precisamos
quem o acolheu ou não, aquele ser muda os atrativos de situações
ter a paciência e a confiança de que a energia está conduzindo
e, se antes se sentia abandonado, passa a se sentir acolhido.
aquele indivíduo para trazê-lo de volta para casa.
Se a ruptura foi com o princípio masculino, o processo vai levar a
Como bem fala o mestre Massaharu Tanigushi no livro Revelações
essa reconciliação, a princípio se projetando em todas as figuras
divinas do acendedor dos setes candeeiros:
masculinas do relacionamento, aquelas crenças negativas que
dão sustentação à ideia de se sentir separado. E, logo depois, de Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra. Quando se
um lugar mais ampliado de consciência, o desabrochar do amor, efetivar a reconciliação com todas as coisas do céu e da terra,
do perdão, e a reconciliação. tudo será teu amigo. Quando todo o Universo se tornar teu
318 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
amigo, coisa alguma do Universo poderá causar-te dano. Se
és ferido por algo ou se és atingido por micróbios ou por espí-
ritos baixos, é prova de que não estás reconciliado com todas
as coisas do céu e da terra. Reflexiona e reconcilia-te. Esta é a
razão por que te ensinei, outrora, que era necessário te recon-
ciliares com teus irmãos antes de trazeres oferendas ao altar.
Sinto-me profundamente realizada profissionalmente em poder
contribuir com esse nível de cura e ter o BioFAO como instrumento
para promover esse processo de cura integral, que envolve cura
física, emocional, mental e espiritual, reconduzindo o ser ao que
ele é em essência – amor.
Minha eterna gratidão à Dra. Míria de Amorim, ao Instituto BioFAO
e aos colegas médicos que estão juntos nessa jornada. 
Silvia Barros
Teresópolis (RJ)
Medicina integral, clínica geral
_61_
Uma criança de 3 anos, com otite purulenta grave de repetição à
direita, apresentou oito episódios de otorreia purulenta no período
de um ano. Tinha indicação de otorrinos para colocar o carretel.
Iniciou tratamento com quadro agudo de otite e otorreia fétida.
Fez um BioFAO em 2009. Evoluiu com remissão do quadro de otite
em seis horas e se manteve assintomática desde então. Refere
atualmente apenas uns resfriados leves no inverno, mas nada
significativo. Muito bem emocionalmente.
Elisa Tatiana
Volta Redonda (RJ)
Homeopatia, medicina da família
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 319
_62_
Atendimento em fevereiro de 2006, paciete do sexo feminino, 29
anos, professora, encaminhada por sua psicóloga, com história
de alopecia areata extensa em episódios recorrentes desde os 9
anos, submetida a inúmeros tratamentos alopáticos – inclusive
corticoterapia oral prolongada e injetável. Os episódios recrudes-
ciam progressivamente, mais intensos após cada tratamento, com
agravação de sua angústia existencial. Última recidiva em 2003,
manifestando-se em sua forma mais grave, com queda quase
total do cabelo e sem melhora com alopatia. Desde então, fez
tratamentos homeopáticos, também sem melhoras. Sempre sentiu
sua vida “muito reprimida”, além de grande timidez e ansiedade.
Morava com os pais na ocasião da consulta. Apresentava forte
sentimento de culpa pelos problemas de toda a família e também
quando expressa o que pensa.
Terapêutica e evolução: Iniciei tratamento com o BioFAO e evoluiu
com agravação intensa da alopecia. A despeito disso, ela sentia-se
bem, com mais ânimo para trabalhar. Após um mês e meio repeti
o BioFAO, persistindo a agravação até agosto de 2006, quando
ministrei a outra dose, por reconhecer sua grande abertura para
o autoconhecimento e forte fundamento espiritualista. Sentiu-se
equilibrada e tranquila. Inscreveu-se numa pós-graduação,
voltou a tocar teclado e desenhar, começando a escrever um
livro sobre sua história. “Passei a cuidar mais de minha própria
vida e a pensar mais em mim”. Teve sonhos com os cabelos cres-
cendo e, em seguida, os cabelos começaram a nascer. “O fator
me trouxe muita luz e esperança. Nunca senti tanta vontade
de sair de casa”.
Seguiram-se prescrições do BioFAO em julho de 2007, agosto de
2007 e janeiro de 2009. Cabelos em crescimento. “Estou menos
320 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
ansiosa e acredito que cabelo tem a ver com força, pois estou me
sentindo mais forte”. Grande melhora do sentimento de culpa.
Alugou uma casa com uma amiga, onde dorme algumas noites.
“Ainda sinto muito medo e culpa, mas já não me impedem de fazer
as coisas”. Em agosto de 2008, chega com seu cabelo quase todo
reconstituído e muito ansiosa por estar em vias de sair de casa.
Prescrevi novamente o BioFAO, buscando gerar um movimento de
expansão. Em andamento.
Conclusão: A partir da terapêutica BioFAO, a paciente em questão
conseguiu resolver quadro de alopecia refratário a inúmeros tra-
tamentos, assim como reencontrar seu sentido de vida. “Com os
fatores, passei a levar a vida como se houvesse uma força grande
dentro de mim que me guiasse”.
Adriano Cirino
Salvador (BA)
Clínica médica
_63_
Dezembro de 2005, paciente com 32 anos com quadro de candidíase
extremamente grave e vulvodinia. Já havia passado por inúmeros
profissionais, os mais diversos, sem nenhuma melhora sequer do
quadro. Ela sentia muita dor e coceira vaginal, a um ponto que não
conseguia usar roupa íntima, e na sua primeira consulta comigo
mal conseguia sentar, falava sem parar, muito estressada, com
desconforto grande e totalmente desconectada do seu entorno,
por estar tão focada em seus sintomas.
À época ela mesma tinha um emprego que a mantinha, porém em
nada a realizava. Era casada, com um relacionamento desde a
adolescência, porém com muitos desencontros, e assim prescrevi
seu primeiro BioFAO.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 321
Rapidamente, seus sintomas físicos foram desaparecendo e ela
conseguiu passar a viver normal, sem dor e sem coceira. Aos pou-
cos, a paciente foi se transformando como pessoa, como mulher,
como profissional, e isso foi o mais lindo de se ver, elaborando,
tendo ganhos incríveis, e se transformando. Os médicos tradicio-
nais queriam medicá-la com antidepressivos, anti-inflamatórios,
ansiolíticos, pois só restava isso após tantos remédios que ela já
havia tomado para candidíase. Segundo eles, só isso melhoraria
sua doença, mas iniciamos o BioFAO e ficamos apenas com ele e
fitoterápicos, o que resultou na sua cura e numa transformação
interna muito grande.
Ela se separou do seu marido, buscou renovação na sua vida
afetiva, se realizando mais, iniciou um estudo da astrologia e,
atualmente, vive disso, é bem-sucedida e já reconhecida no que
faz. E daquele ser tão estressado, tão desconectado, surgiu uma
pessoa linda, centrada, altruísta, que segue sua vida de uma forma
plena, madura e feliz.
Segue seu relato: 
Quando conheci o BioFAO estava desesperada com coceira,
tinha 32 anos, já havia tentado de tudo, tudo mesmo, diver-
sos “ginecos” da vida toda, todos sem saber bem o que mais
fazer comigo, e estavam querendo me passar antidepressivos
para ver se ajudava na dor. Cheguei até a Dra. Andrea Pai-
va, e iniciamos o tratamento para coceira, e também o meu
todo, minha ansiedade, e logo de cara a minha vida mudou!
Eu era muito agitada, acelerada, querendo tudo para ontem,
muito Yang, não que ainda não seja mais Yang, mas agora
isso está em equilíbrio. Aos poucos o BioFAO me transfor-
mou, primeiro a parte física, a coceira louca, a ardência, e
322 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
as cólicas menstruais que tinha, que me deixavam de cama,
detonada. Nunca mais tive a coceira (só se minha imunidade
baixa muito, o que é raro), pois estou sempre em tratamento
e me cuidando. Se ela ameaça voltar, logo some, uso creme
natural um dia e dou conta. Minha vida no geral se equilibrou
demais, entrei para a astrologia, me achei nesse lugar, foi
incrível, hoje penso muito mais nas pessoas do que pensa-
va antes, hoje meu propósito de vida é ajudar os outros, e
senti uma enorme transformação em mim, de dentro para
fora, e sinto que essa medicação me ajudou muito em todo o
processo, ajudando-me a me mudar. Sou muito grata a essa
terapêutica por ter me transformado numa pessoa muito
mais feliz, encontrada e realizada!
Andrea Souza de Paiva
Rio de Janeiro (RJ)
Pediatria e clínica médica
_64_
Paciente do sexo masculino, veio pela primeira vez em 1997, com
sua delicadeza e agitação. Era lindo esteticamente, mas irrequieto,
agitado, ansioso. Não era agressivo, não apresentava nenhuma
dificuldade em nos ouvir e conseguia entender, e em poucos minutos
voltava à agitação. Sua agitação se caracterizava em não parar suas
atividades, que lhe eram propostas, mudando de uma para outra,
assim como o cuidado nas noções de perigo – ia falando, andando
e fazendo barulho e desorganizando o espaço aonde ia passando.
Tudo isso acima descrito, além de uma percepção extremamente
aguçada – era doce e delicado, amoroso com todos ao seu redor.
Tinha 8 anos nessa época, dificuldade em redação e nas operações
matemáticas. Até 4 anos apresentava-se sem muita agitação. Após
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 323
nascer seu irmão, que algum tempo depois precisou ser operado,
e ele ter sentido muita falta da mãe, começou a ficar agitado.
Apresentou EEQ de imaturidade e as avaliações psiquiátricas e
psicológicas lhe indicaram psicoterapia e medicação. Teve como
impressão diagnóstica TDH.
Medicado com o BioFAO dos 8 aos 14 anos, apresentou resposta
desde o início da medicação, de redução lenta, mas redução da
agitação e da ansiedade. Medicávamos com intervalos de três em
três meses. Com 13-14 anos, o espaço entre uma dose e outra do
BioFAO foi aumentando e o paciente apresentava-se bem, sem
agitação, e sua ansiedade foi tão reduzida que ele passou a ser
medicado de ano em ano.
No momento, ele estuda medicina, sem sinal algum de TDH.
Bertine Carlos Bezerra
Rio de Janeiro (RJ)
Psiquiatria
_65_
O paciente tinha 2 anos e 6 meses de idade quando expressou
sintoma de gagueira pela primeira vez. Vale ressaltar que vinha
com ótimo desenvolvimento, fluente nas palavras, no uso da lin-
guagem e na articulação dos fonemas.
A família viajou para o Sul, para trabalho da mãe, e ao chegar ao
aeroporto de Porto Alegre a mãe notou o início de uma gagueira
na criança. Como sua mãe é da área da saúde, preferiu não fazer
nenhuma retroação ou correções na criança e a sintomatologia
seguiu evoluindo a cada dia, chegando a começar um tique ocular
associado ao esforço para falar.
324 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
A gagueira que essa criança apresentava não foi diagnosticada
como fisiológica, visto a exuberância e manutenção do quadro, e
a mãe veio ao consultório para iniciarmos um tratamento.
Fiz uma primeira prescrição de BioFAO, que foi seguida pela com-
pleta cura dessa criança, sem auxílio de fonoterapia. Após uns
dois meses, ela teve uma leve recaída, sendo novamente medicada
com nova dose de BioFAO, e segue com melhora até hoje, já com
5 anos, acompanhando o tratamento normalmente.
Vania Pettersen
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia, clínica médica
_66_
Caso de Febre Amarela
Criança previamente hígida que iniciou em 19 de janeiro de 2018
às 4 horas com febre de 38/39ºC. Ao longo do dia manteve febre.
A criança queixou de dor de garganta. A mãe notou no mesmo
dia esclera amarelada e procurou pediatra assistente, que notou
faringite e solicitou exames. Manteve febre até 21 de janeiro às 14
horas (último pico febril). Evoluiu com anorexia, dor no corpo, com
dificuldade de deambulação e redução na diurese.
Em 21 de janeiro iniciou vômitos (quatro episódios nas últimas
24 horas). No dia seguinte, com piora do quadro geral, procurou
atendimento médico nesta unidade.
Foi encaminhado para UDC, onde foi solicitada revisão laboratorial.
O paciente apresenta inúmeras picadas de insetos em membros.
Relato de colúria. Recebeu SF 0,9% 50ml/kg no PA, sendo enca-
minhado ao CTI para monitoração.
Epidemiologia: O paciente mora em região de mata, em área
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 325
endêmica de febre amarela há quatro meses, sem saneamento
básico ou água encanada (fossa e poço artesiano). Nega vizinhos
ou conhecidos com dengue ou febre amarela. Nega viagens ou
banhos em águas naturais.
HP: hígido. O paciente nunca usou ATB. Nega internações, cirurgias
ou doenças prévias. Medicado no dia 24 de janeiro de 2018 com
BioFAO, após ter tido aumento significativo das transaminases
(TGO- 8067 e TGP- 4468, GGT- 139, Plaquetas- 129.000, chegan-
do até 90.000, Ativ. Protombina- 45%, RN I- 1,69, Albumina-3,2,
Leucócitos total- 3450, Ureia e Creatinina normais).
O paciente teve ótima resposta. Melhorou apetite, humor, estado
geral e no dia seguinte teve alta do C.T.I. Dormiu profundamente
e acordou cantando. Continuou a cantar o dia inteiro.
Normalizou hipotermia, batimentos cardíacos, pressão arterial.
Estava há 3 dias sem comer. Sorologia para hepatites negativa.
No dia 25 de janeiro de 2018, um dia após BioFAO, transaminases-
TGP-2751, TGO- 3274; no dia 26 de janeiro de 2018, TGP- 1250.
No dia 29 de janeiro de 2018 TGO de 266 U/L, TGP de 153 U/L e
plaquetas 341 mil.
O exame realizado no dia 23 de janeiro de 2018 confirmou febre
amarela.
Simonete Aguiar
Belo Horizonte (MG)
Pediatria
326 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
4.3: Respostas observadas na prática clínica com médicos
veterinários colaboradores da metodologia
_1_
O Brasil é um dos principais países produtores de carne de frango
no mundo. O manejo correto, com alimentação adequada, e medi-
das de higiene profiláticas são as principais formas de prevenção
de adversidades sanitárias nos lotes. Quando é identificado um
incidente sanitário, tal como a ocorrência de espirros, o custo do
tratamento e o curto tempo de vida de aproximadamente 45 dias
pode criar um impasse na utilização do tratamento convencional
recomendado, pois, conforme o dia de ocorrência na evolução
nos lotes, haverá tempo restrito ou insuficiente para o período
de carência para excreção do antimicrobiano aplicado via oral,
de forma a ficar resíduos na carne. Além disso, se o agente for
de origem viral, um protocolo antibacteriano pode ser direta-
mente inefetivo e parcialmente adequado, sem tempo hábil de
detecção e identificação correta da real causa do agente. Surtos
respiratórios podem evoluir muito rapidamente em um lote e
expor humanos que entrem em contato com os animais vivos
por zoonoses, como, por exemplo, pelo agente viral H1N1. Este
relato de caso descreverá o uso da metodologia BioFAO, que
foi aplicada de forma terapêutica a um lote de 600 frangos de
corte, em sistema de criados em galpão com cama de maravilha,
que apresentaram subitamente espirros aos 28 dias de vida. Foi
identificado o início súbito de espirros após mudança brusca de
temperatura ambiente e durante o manejo alimentar com ração
de fase posterior, diversa da idade recomendada para o lote. A
evolução das fases alimentares reduz alguns nutrientes, como
calorias, e aumenta outros, tais como fibras em determinadas
rações. A medicação da metodologia dos BioFAO foi adminis-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 327
trada via oral na água de beber, no mesmo dia de identificação
dos sintomas, em recipientes independentes (bebedouros in-
fantis), devido à fácil limpeza e desinformação da medicação
no material. No dia seguinte foi identificada redução subjetiva
dos espirros apresentados e, no segundo dia após a medicação,
praticamente ausência dos sintomas, com regressão rápida e
incisiva no quadro clínico do lote. A metodologia BioFAO utiliza
medicamentos dinamizados e, por possuir baixas concentrações
moleculares, contemplam teoricamente as recomendações de
segurança alimentar, com ausência de prazo de carência para
a presença de resíduos na carne. Futuros trabalhos devem
avaliar a aplicação em mais lotes de animais, com confirmação
de patógenos incidentes, e confirmar, através de aferições por
HPLC, a inexistência de resíduos medicamentosos nos produtos
de origem animal após diversos tempos de aplicação do trata-
mento com BioFAO.
Silvio Leite Monteiro da Silva
Rio de Janeiro (RJ)
Homeopatia veterinária (IHJP)
Mestre em Patologia Geral (UFMG)
Doutor em Patologia Ambiental e Experimental (UNIP)
_2_
BioFAO e intoxicação inespecífica em felino
O felino H., macho com idade de 3 anos aproximadamente, pa-
rou de se alimentar e locomover pelo apartamento que possuía
restrição de acesso externo à residência. O alimento habitual
era ração, água filtrada fresca ad libitum e “graminha para gato”
(brotos frescos de cereais), adquirida no comércio local. O animal
foi observado com inapetência, permanecendo tempo notavel-
mente muito superior na casinha, com vômitos amarelados pela
328 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
casa, sem alimento ou bolas de pelo. O animal de companhia
foi levado a um serviço de atendimento médico veterinário de
referência, onde foi diagnosticada midríase por suspeita de in-
toxicação, sem, no entanto, identificar uma causa determinada.
Locomovia-se muito pouco pela residência, recusava-se a comer
e beber água como habitualmente, mas foi visto ingerindo o
substrato da caixa de areia, estava estranho nos seus hábitos há
cerca de um mês. O outro animal da casa, um felino fêmea, não
apresentou nenhuma alteração e teve acesso idêntico à oferta
de alimentação, água e fonte de fibra vegetal fresca. O paciente
estava com massa corporal de 4,2 kg, compatível com a estatura,
entretanto a responsável relatou que pesava mais antes desse
incidente, com relato de perda de peso notável nesse período, ou
seja, estava possivelmente acima do peso anteriormente. Rece-
beu recomendação de oferecer ou forçar alimentação pastosa,
suspender a oferta da graminha, medicação profilática para
evitar regurgitação e antimicrobiano, que foram relatados como
realizados pela responsável. Havia indicação para exames de
sangue e ultrassonografia que não puderam ser feitos por restri-
ções orçamentárias. O tratamento convencional e a alimentação
apresentaram resultados limitados com relação à locomoção e
ao comportamento, demandava atenção com frequência e ad-
ministração de medicação via oral repetidamente, o que repre-
senta para o paciente felino desconforto por estresse, somado
ao incidente clínico, motivo de irritação no seu comportamento
pelo manejo e manipulação indesejada e fora do habitual. O pa-
ciente poderia estar com evolução para pancreatite ou eventual
necessidade cirúrgica, que deveria ser confirmada pelos exames
complementares, que não foram realizados. A midríase cedeu
temporariamente com o passar do tempo e a medicação profi-
lática, mas retornou após nova ingestão por oferta da graminha.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 329
A inapetência e o comportamento se alteraram pouco significa-
tivamente com a medicação convencional, com risco de possível
evolução da perda de peso, sem ceder a ocorrência dos episódios
de vômito. A evolução durante o tratamento convencional foi li-
mitada com relação à melhora do quadro clínico e o animal teve o
tratamento pela medotologia BioFAO. No dia seguinte, procurou
a alimentação sozinho e foi visto bebendo água, apesar de pouca
ingestão, aumentou sua locomoção pela residência e apresentou
uma alteração comportamental nunca observada antes. O felino
tornou-se, após o tratamento, menos agressivo do que era desde
sua chegada à residência, estava notavelmente mais dócil na lida
e tranquilo no convívio. Foi receber a responsável na porta pela
primeira vez e, nos dias seguintes, apresentou melhora progres-
siva do quadro. Imediatamente após a administração do BioFAO,
a responsável observou alterações de comportamento com a
outra felina fêmea, que ficou muito agitada pela casa, rosnava
e corria como se observando coisas invisíveis nos cantos e sob
o sofá. Essa outra gatinha se aproximou muito da responsável,
que relatou dificuldade de dormir naquela noite. Ela espera, em
breve, poder ampliar o mesmo estilo de tratamento para a outra
felina e para si, com atendimento especializado de um médico
para humanos, e retornou suas atividades laborais com tran-
quilidade, pois o paciente está se recuperando do incidente, com
possível intoxicação por ingestão de toxina fúngica. Durante o
processo de cura, foi observado um período em que o paciente
retornou à casinha e demonstrou inapetência, entretanto o com-
portamento mais dócil estava mantido e com expressão facial
aparentemente melhor em relação ao início da crise. A principal
função da oferta do broto vegetal é facilitar mecanicamente
que o animal regurgite acúmulo de ingestão não digerida, tais
como penas ou ossos de presas ingeridos, geralmente caçados
330 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
em vida livre ou semiconfinada, e bolas de pelos acumuladas
pelo hábito de autolambedura para limpeza do pelo. O hábito
de ingerir vegetais, tais como brotos, popularmente conhecida
como graminha em algumas regiões, é desejado e comum nos
felinos, especialmente solicitado pelos animais que têm restri-
ção de acesso à vida livre. As gramas geralmente são brotos
de alpiste, milho ou milheto, trigo, centeio, azevém, aveia, entre
outras, sabidamente seguras e atóxicas para felinos. Entretan-
to, a “graminha” pode se contaminar com fungos que vierem a
crescer indesejavelmente e produzir toxinas, pela alta umidade
aplicada durante o manejo hídrico para crescimento dos brotos,
e ser acidentalmente ingerida pelo animal, carreada junto ao
vegetal. Essa intoxicação aparente não exclui a possibilidade de
contaminantes químicos ou agrotóxicos presentes, ou ingestão
acidental de planta tóxica existente na casa. A oferta contínua
ou recorrente de brotos plantados em casa pode ser encorajada
e deve-se evitar um excesso de umidade na terra, para evitar
crescimentos de microorganismos patogênicos e indesejáveis. A
Metodologia BioFAO demonstrou efeitos compatíveis com cura
na prática clínica de um caso de felino com suposta intoxicação
alimentar inespecífica. O tratamento de felinos com BioFAO
demonstrou segurança clínica se acompanhada pelo médico ve-
terinário, mesmo sem a confirmação de diagnóstico conclusivo.
Mais estudos e relatos devem ser realizados para demonstrar a
potencial robustez do BioFAO com essa espécie e seus efeitos nas
diversas ocorrências com animais de companhia que participam
do núcleo familiar.
Silvio Leite Monteiro da Silva
UNIRIO, especialista em Homeopatia Veterinária (IHJP)
Mestre em Patologia Geral (UFMG)
Doutor em Patologia Ambiental e Experimental (UNIP)
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 331
_3_
Felino, persa, com aproximadamente 1 ano, proprietários home-
opatizados. Chegou ao consultório por indicação de uma colega
médica veterinária, com quadro de febre persistente, anorexia,
apatia. História clínica de suspeita de peritonite infecciosa felina.
Ultrassom abdominal revelando presença na região caudal ao
fígado e crânio-medial à bexiga de estrutura alongada, hipoeco-
gênica, com contornos definidos, medindo 1,5x3,1 cm, sugerindo
processo neoplásico. Foi medicado com BioFAO em três momentos,
sendo que no primeiro, em 12 de dezembro de 2010, apresentou
completa remissão do processo febril, voltando a se alimentar nor-
malmente. O segundo momento em 11 de fevereiro de 2012 e 27 de
fevereiro de 2013. Os dois últimos, após ultrassonografia, visando
a uma refatorização após possível quebra de BioFAO durante a
permanência na clínica de imagem. Foram feitos mais dois exames
ultrassonográficos uns dois meses após a medicação com BioFAO
e outro um ano depois. No último exame foi constatado completo
desaparecimento da massa abdominal. Paciente atualmente sem
sinais de desequilíbrio.
Roberto Wagner de Carvalho Melado
Minas Gerais
Médico veterinário
_4_
Cão, macho, inteiro (não castrado), raça splitz alemão, nascimento:
12 de julho de 2013 (4 anos)
Desde o primeiro ano de vida o animal apresenta histórico de
afecções gastrointestinais. Oscilava entre apresentar vômitos com
diarreia e constipação. Foi diagnosticado diversas vezes com Giárdia
e uma vez com H. Pylori, e tratado com antibióticos e protetores
332 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
gástricos. Respondia ao tratamento alopático, mas pouco tempo
depois voltava a passar mal. A tutora fez diversos exames durante
os três anos de doença. Mudou a alimentação para rações hipoaler-
gênicas e, posteriormente, introduziu alimentação natural. Tentou
tratamentos com medicinas complementares, como homeopatia
e ozonioterapia, mas o cachorro continuava apresentando sinais
da doença ao logo dos anos. No último ano, as crises pioraram e
o animal passou a apresentar hematêmese. No campo emocional,
mostrou-se, a partir de 1 ano e meio de idade, agressivo e carente,
com sinais de ansiedade quando a tutora sai ou viaja.
Em 20 de dezembro de 2017 apresentava muito vômito e inape-
tência. Foi realizada endoscopia, na qual foi evidenciada uma pos-
sível duodenite. Foi coletado material para biópsia, conclusiva de
enterite com hemorragia multifocal, conforme exames em anexo.
No dia 21 de dezembro foi administrado BioFAO. Desde então não
apresentou nenhum episódio de vômito. No dia seguinte à adminis-
tração da medicação, o cachorro ficou mais agressivo que o normal.
Durante cinco dias não aceitou a comida que come diariamente,
mas comia bem quando lhe eram oferecidas comidas temperadas,
latiu muito e ficou mais agressivo que o normal, tentou morder a
tutora e várias outras pessoas. A tutora teve a sensação de que o
cão estava chateado com ela, sentia que ele estava implicante e,
às vezes, melancólico. No dia 26 de dezembro a tutora relatou que
estava com uma crise de rinite e, no dia seguinte, disse que estava
se lembrando de muitas coisas do passado, estava com ódio do pai
e da madrasta. Nesse mesmo dia, o cachorro começou a se acalmar
e ficar mais carinhoso. Dois dias depois a tutora começou a sentir
uma dor nos ossos que sentia quando era criança (S.I.C), disse que
tinha resolvido se desfazer dos bens materiais que tinha na cidade
em que a família mora, para não ter que encontrar mais com eles.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 333
Ela diz que acha que o medicamento mexeu muito no campo dela,
que fez com que a raiva dela e do cão fossem colocadas para fora.
Diz que ela colocou os limites em quem devia colocar, inclusive no
cachorro, e percebeu melhor suas carências e demais processos
internos. O cão seguiu melhorando o comportamento e a tutora
foi aconselhada a procurar um médico BioFAO.
Caroline de Ávila Vieira
Brasília (DF)
Médica veterinária
_5_
Cão; macho; castrado; raça poodle; nascimento: 19 de abril de
2003 (14 anos)
Meu cão foi diagnosticado há cinco anos com hiperadrenocorticis-
mo iatrogênico e fez três intervenções cirúrgicas para retirada de
cálculos da bexiga. Na última internação pós-operatória, há cerca
de três anos, quase morreu. Não quis comer durante vários dias e
apresentou significativas lesões hepáticas. Nessa época foi diag-
nosticada também uma hérnia cervical, que optei por não operar,
devido à idade avançada do animal e sua má resposta pós-operatória.
Vem apresentando também sinais de senilidade, dorme durante
longos períodos, quando acordado não quer interagir muito e por
vezes anda em círculos. Durante esses anos ele tem algumas crises
de coluna, que passam com um a dois dias de tramadol e dipirona
em doses baixas. No dia 22 de janeiro ele teve uma crise tão forte
que não passou nem com doses altas das medicações e com anti-
-inflamatório associado. Chorou a noite toda e não conseguia se
mexer. Sentia muita dor com qualquer tentativa de toque, e percebi
que sua coluna estava arqueada e que ele não conseguia movimentar
o pescoço para os lados ou para baixo. Decidi medicar com o BioFAO
334 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO
e obtive um resultado incrível. Após vinte minutos de medicação ele
levantou sem dificuldades e começou a caminhar normalmente. A
coluna voltou ao alinhamento normal e ele voltou a movimentar o
pescoço. Durante esses quinze dias, desde a medicação, não teve
nenhuma dor. Tem passado mais tempo acordado e pedido carinho
com frequência. O andar em círculos diminuiu significativamente e
ele aparenta felicidade. Nos dois dias seguintes à administração da
medicação, senti fortes dores na cervical e na lombar.
Caroline de Ávila Vieira
Brasília (DF)
Médica Veterinária
_6_
Local: Fazenda Pontal, município de Ouroeste (SP), Rodovia SP-
543, Km 592.
Animal: Gaita
Sexo: Fêmea
Idade: 4 meses
Raça: Girolando
Anamnese: No dia 26 de dezembro fui até a propriedade examinar
e medicar um lote de bezerras que tinham como queixa anemias
recorrentes relacionadas a um surto de Mosca dos Estábulos
(Stomoxys calcitrans) nas propriedades próximas à Usina Sucro-
alcooleira Bung (ver sobre surtos de Stomoxys e usinas de cana
no estado de São Paulo e Minas Gerais). Várias bezerras doentes,
algumas com recidivas, e casos de óbitos após tornarem-se re-
fratárias ao tratamento alopático.  normocoradas, sem sinal de icterícia. Coletado sangue para he-
Exame clínico: Animal apático, com perda de peso, andar camba-
leante, sialorreia, mucosas hipocoradas com coloração esbranqui-
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 335
çada, tendendo ao amarelo esverdeado, indicando icterícia, com
lesão de fotossensibilização na região lombo-sacral (garupa),
perda de tecido nessa região, com secreção. Foi coletado sangue
para hemograma completo.
Diagnóstico: Suspeita de anaplasmose, pautada nos sintomas
e achados clínicos, bem como no histórico da propriedade e
pelo ataque da Stomoxys, que é vetor mecânico do anaplasma. 
Obs: Na pesquisa de hematozoário, outros animais desse lote deram po-
sitivos para anaplasma, porém, nesta, em especial, não foi encontrado. 
Tratamento: Administrado por via oral, BioFAO Vet, no dia 26 de
dezembro de 2017, às 11 horas.
Exames complementares: Hemograma completo e pesquisa de
hematozoário. Os hemogramas realizados no laboratório e aná-
lises clínicas no João Paulo Segundo de Fernandópolis seguem
em anexo, sendo coletados os materiais no dia 26 de dezembro de
2017 e no dia 5 de janeiro de 2018. Nesse intervalo, no dia 28 de
dezembro, foi realizado por mim um hematócrito na propriedade
mesmo, que possui uma centrífuga de microhematócrito. 
Evolução: O resultado do primeiro hemograma, com coleta antes do
BioFAO no dia 26 de dezembro, foi: Hematócrito 18,9%; Leucócitos
totais: 6.400 mil/mm³ (obs.: outros animais do lote com sintomas
e anemia mais leve estavam com leucocitose acima dos 12.000
mil/mm³), o que indica um quadro de leucopenia para o animal.
O animal foi reavaliado no dia 28 de dezembro, com melhora no
estado geral, na lesão da pele, mucosas já rosadas, tendendo a
matócrito, que estava em 26%. O que impressiona foi o salto no
hematócrito em dois dias.
336 PARTE 4: Resultados e casos clínicos na metodologia BioFAO

No dia 5 de janeiro de 2018 o animal foi novamente avaliado e foi

coletada amostra de sangue, enviada ao laboratório para hemo-
grama completo, tendo o seguinte resultado: HT: 29,3%; LT: 8,400
mil/mm³, sendo neutrófilos totais: 1.840 mil/mm³ e linfócitos:
6.048 mil/mm³. O estado geral do animal estava normal, ganhou
peso, pelo com brilho, a lesão de pele com processo de cicatrização
avançado, sem secreção. Animal calmo ao manejo. 

Cledson Rezende
Ouroeste (SP)
Médico veterinário
PARTE   5
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 339

O circuito
coerente
para a auto-
organização
340 PARTE 5: O circuito coerente para a auto-organização
Prigogine e seus colaboradores reintroduzem no século XX uma
nova visão sobre os processos de auto-organização, propondo que
o universo tem uma capacidade de renovar a si mesmo, mantendo
como foco central, em seus postulados, o lugar construtivo que
a desordem entrópica ocupa na criação da ordem.1 Esse autor
reconceitualiza a segunda lei da termodinâmica, propondo que
novos estados de matéria emergem em estados distanciados
do equilíbrio e que, nesses sistemas auto-organizantes, o caos
pode conduzir à ordem. Tal como proposto na Teoria Não Linear
dos Sistemas Dinâmicos e sua rede de mecanismos de feed back,
entende-se que a desordem contém estruturas de ordem profunda,
codificadas dentro de si.
Para a auto-organização dos sistemas vivos através da
bioinformação, devem estar contemplados, de acordo com Rubik
(2002), alguns conceitos-chave, como a Teoria Não Linear dos
Sistemas Dinâmicos; termodinâmica do não equilíbrio; estrutu-
ras dissipativas; Teoria do Caos; homeodinâmica; bioinformação
transportada por sinais eletromagnéticos; e um modelo de campo
da vida com o Biocampo central na sua “anatomia da energia”. 2
Na realidade, a Teoria Não Linear dos Sistemas Dinâmicos,
a termodinâmica do não equilíbrio, as estruturas dissipativas e a
Teoria do Caos se estabelecem como o próprio modus operandi
do Biocampo, de onde surge a homeodinâmica, conceito que re-
presenta a capacidade que os sistemas vivos têm de responder
criativamente aos estressores, desenvolvendo novos modelos
dinâmicos, de forma a ajustar suas funções vitais. 2
Nesse sentido, o termo homeodinâmico prevê que o organismo
nunca retorna ao seu estado dinâmico anterior, mas estabelece um
novo equilíbrio dinâmico adequado a cada novo momento, após as
bifurcações existenciais, e inclui a possibilidade de ocorrerem dentro
dessa dinâmica um ou mais pontos de equilíbrio para o sistema.
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 341
A bioinformação transportada por sinais eletromegnéticos,
nesse contexto, está representada pelo código quântico informa-
cional, na forma de ultradiluições homeopáticas, aqui denominados
por Fatores de Auto-Organização do Biocampo. A anatomia da
energia proposta por Rubik relaciona-se diretamente ao mapea-
mento cartográfico do Biocampo, que, através da elaboração do
código holográfico, vai desvelando simultaneamente sua fisiologia
vital. Esse diálogo entre a construção do código e a compreensão
da fisiologia dessa matriz vital definiu não só as naturezas que
apresentam ressonância com essa dimensão de terreno biológico,
mas também todas as dinâmicas de fluxos (ascendentes e des-
centes), dinâmicas de on/off (sinais estimuladores e supressores),
frequências, ritmos e configurações geométricas específicas, de
forma a trazer uma leitura global do Biocampo.
Com os graves níveis de complexidade com que são atingidas
as populações atualmente, com doenças que sinalizam níveis cada
vez mais profundos de comprometimento, geometrias parciais desse
Biocampo não conseguem mais trazer o sistema para o equilíbrio.
A metáfora que utilizo nas aulas, para que os médicos
compreendam o que vamos fazer exatamente, é entender que o
Biocampo adoecido insere em suas entranhas padrões mórbidos
que estão cristalizados e precisam ser liberados. Na realidade,
o paciente, quando chega, seria como um grande braço de mar,
em cuja superfície só enxergamos a cauda de algumas baleias.
Sabemos que existe um padrão submerso no inconsciente, re-
presentado simbolicamente por essas baleias, mas nunca temos
consciência do que realmente acontece no interior de cada ser.
Vemos apenas sinais e sintomas de um processo que expressa a
subjetividade humana.
A questão seria, então, metaforicamente, ter uma rede que
abarcasse toda a extensão desse mar e pudesse trazer todos os
342 PARTE 5: O circuito coerente para a auto-organização
padrões alinhados, uma rede inteligente que fosse pescando as
baleias, uma a uma, na ordem certa daquilo do que precisa ser
elaborado primeiramente, pois a ordem é fundamental nos pro-
cessos de auto-organização e recuperação da saúde.
E isto nenhum médico consegue saber: se o que deve ser
equacionado primeiramente estaria ligado à dimensão afetiva
ou à questão profissional do paciente, ou a outra causa qualquer
que se colocou como o fator paralisante do Biocampo. Saber se
o bloqueio energético principal está numa questão emocional do
paciente com o filho, ou na culpa que ele sente em relação ao seu
pai. Mas o Biocampo retém padrões de memória e sabe exatamente
qual foi o nó primordial, e esse sequenciamento cronológico é cla-
ramente observado nos processos auto-organizadores. Os padrões
são desprogramados do presente para o passado, seguindo o que
é previsto nas leis naturais de cura.
Essa epistemologia permite sair do teórico e contemplar na
prática o Biocampo reinformado através do BioFAO, operando,
por exemplo, no campo de um bebê que chora por terror noturno,
quando ninguém nunca descobriria o porquê, e observar esse
bebê na noite seguinte dormir em paz. E assim acontece com
cada indivíduo que é corretamente informado em seu Biocampo,
constata-se a abertura desse lugar de paz, porque a paz é uma
emanação natural de um Biocampo saudável. Essa paz a gente
vê nos animais medicados com o BioFAO, nos seres humanos, e
sente como emanação quando entra nas lavouras medicadas com
o BioFAO.
A paz se coloca como um estado coerente, única possibili-
dade para que surja a verdade imanente de cada um, esse sopro
do espírito que é o amor. Essa qualidade primordial de circuito
coerente deve acontecer num processo de cura legítimo. Estamos
nos referindo aos fluxos de amorosidade que, como qualidade
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 343
de vibração interna, foi execrada da ciência, criando um vazio
existencial e uma ausência de sentido, abrindo espaço para uma
pergunta básica que se assenta na seguinte premissa: como pode-
remos falar de auto-organização e cura, sem falar do amor, que se
coloca como a verdade mais profunda do que somos? Ter negado
essa verdade significa ter aberto as portas para esse mundo de
mentiras e confusão ao qual assitimos nos dias de hoje, um mundo
desalinhado das premissas fundamentais dos antigos saberes e do
espírito imanente nos domínios da vida. E penso que isso deve fazer
parte da prática médica, o sentido de recuperar em cada indivíduo
a liberdade de amar – amar na qualidade de sentir essa vibração
em si mesmo como um fluxo de produção de sentido, criatividade
e comunhão com o todo. Indo mais fundo, deve fazer parte da
prática médica, também, ressignificar conceitos importantes que
foram desgastados ou apropriados inadequadamente, mas que
constituem parte fundamental da história da hominização, como
nos lembra Maturana, 3 ao trazer para a biologia do conhecimento
o conceito de amor. E ele chama a atenção para o fato de que não
se refere ao amor desvirtuado, ao amor cristão, ou a algo especial,
mas tão somente a esse elemento constitutivo da vida humana,
fundamento das relações sociais.
Esse código quântico-holográfico na forma dos Fatores de
Auto-Organização do Biocampo, vejo hoje como uma dádiva do
próprio Biocampo a si mesmo, pois os fenômenos da vida são re-
cursivos e interconectados, e retornam sempre ao campo original
de suas dádivas.
Portanto, o Biocampo detém uma linguagem específica e
complexa, que foi transcrita nesse código quântico-holográfico,
criando a possibilidade de reabrir, de forma ampla e direta, a
interconexão entre a dinâmica quântica cerebral informacional
holonômica e a natureza quântico-informacional holográfica do
344 PARTE 5: O circuito coerente para a auto-organização
universo, copiando um fluxo informacional idêntico ao previsto
essencialmente para os padrões compatíveis com a saúde.4
Como resultante, o indivíduo, como um todo, insere-se em
um processo de auto-organização e auto-regulação sistêmica que
se desdobra em todos os níveis de sua existência.
Conclui-se que o circuito coerente para que ocorra a auto-
-organização, na realidade, é de altíssima complexidade, porque
integra em si incontáveis circuitos que ocorrem simultaneamen-
te, dos quais alguns conseguimos observar como expressão do
Biocampo.
Tal como descrito anteriormente, e sem perder o sentido de
que esses processos ocorrem na velocidade da luz, poderíamos
separá-los, a título de compreender as dinâmicas, num primeiro
circuito que se inicia desde a elaboração dos medicamentos até os
receptores de membranas e mecanismos celulares capazes de ler
informação eletromagnética. O segundo circuito permitiria, atra-
vés do efeito Frölich, 5 criar superradiância e coerência quântica,
o que promove mudança de estado de consciência para saída dos
padrões mórbidos. Simultaneamente, abre-se a interconexão entre
a dinâmica quântica cerebral informacional holonômica e a natu-
reza quântico-informacional holográfica do universo, reabrindo
as memórias, para dar início ao movimento que observamos nos
processos de cura.4
Nesse estado de superradiância, acontece um realinhamento
interno que favorece os saltos de consciência, fator fundamental
para a mudança de estado de consciência, que, como uma semen-
te, de repente germina a partir de si mesma, trazendo potencial
para uma nova forma de se olhar a vida. Poderia exemplificar essa
experiência com o caso de uma paciente que vivenciou recente-
mente uma separação desastrosa, com desgostos e decepções
sérias, e vinha já elaborando o processo nos últimos três meses
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 345
com o tratamento, até que, semana passada, a mediquei com uma
virose. Ela escreveu-me hoje dizendo que, depois dessa medica-
ção, aconteceu algo que ela não sabe definir, mas ela conseguiu
se libertar do passado e não pensa mais no que aconteceu, se
sente livre internamente. Na minha experiência, vivencia-se uma
estranha sensação de que suas dores não eram verdadeiras, eram
uma ilusão, e tem-se a percepção disso com clareza.
O indivíduo assiste a seu drama de um outro ponto de as-
sentamento interno, e isso estabelece uma condição primordial
no processo, pois não se consegue elaborar um padrão quando se
está identificado com ele, ou no mesmo nível de consciência em
que aquele padrão mórbido foi criado. O que se observa, no salto
de consciência, é um indivíduo que se liberta de suas identificações
internas e se solta no fluxo da vida, reencontra sua criatividade e
o sentido mais profundo de estar vivo neste mundo. As doenças
estão apoiadas em padrões de identificação internos, como trau-
mas e emoções estressantes que o indivíduo sofreu ao longo da
vida. Essas bifurcações permanecem como marcadores mórbidos
e paralisantes no Biocampo e precisam ser descondicionados.
Liberando-se da identificação, entra-se no circuito entre a
coerência da paz e a emanação daquilo que você é internamente,
e o indivíduo sente amor, simplesmente.
Para além desse circuito, surge espontaneamente a inserção
do sistema no processo de auto-organização, pois o Biocampo,
agora recuperado de suas ondas paralisantes, tem liberada sua
propriedade holográfica, que, no estado de saúde, reproduz in-
cessantemente a propriedade nata de operar, decodificando e
neutralizando todas as frequências que recebe do exterior, assim
como as informações provenientes do próprio sistema.6
O desaparecimento dos sintomas físicos coloca-se como
a resultante final de processos regulatórios globais da vida, que
346 PARTE 5: O circuito coerente para a auto-organização

trabalham descentramentos, conjunções, disjunções, passando pelo

reconhecimento e elaboração de todos os processos emergentes
da multiplicidade e da diversidade.
Mas, nesse contexto, sempre coloco para os pacientes, nas
consultas médicas, que é muito bom o indivíduo se ver livre de um
sintoma de muitos anos, mas que o melhor que esse trabalho oferece
emana de seu circuito mais coerente, que se expressa no sentido
de cada um poder se ver novamente, “pertencendo ao Universo”.7
Recontextualizando esses circuitos coerentes, eu diria que
esse ponto luminoso do pertencimento ao Universo devolve uma
sensação interna do que poderíamos entender como uma espécie
de retorno ao lar, reencontrando uma velha alegria que as crianças
saudáveis expressam como percepção dessa conexão interna. No
fundo, todos os seres buscam enlouquecidos esse amor, essa paz
e essa alegria, de tantas formas esquizofrênicas e neuróticas,
quando, na verdade, isso se traduz apenas em um retorno ao que
se “é” essencialmente e que permanece desde sempre como um
sentido de ordem dentro do caos aparente da vida.
PARTE   6
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 349

A Bioarca
350 PARTE 6: A BIOARCA
“
A Bioarca
Nada sem Vós...
Nada sem Nós...
Altar do Santuário
de Schoenstatt,
Vargem Pequena (RJ)
Essas palavras do santuário refletem o que está escrito como
premissa em todo o universo, e que os seres pensam ser domínio
apenas dos altares, mas que, na realidade, ensinam o tempo inteiro
sobre as verdades intrínsecas da vida.
A imagem que recebemos de presente sobre essa Bioarca
evoca muitas representações, tal como o holograma da vida, que
vai se mostrando em miríades de interpretações, mas que essen-
cialmente representa todo o nosso campo de vida, o Biocampo,
que guarda em si essa polaridade existencial.
O que consegui ver dessas representações internas que
constelam o berço do adoecer e do curar, em primeiro lugar, reflete
esse encontro que trabalhamos em vários segmentos deste livro
e em distintas metáforas, como a da Bela e a Fera.
Desse encontro surge a pomba, representação do que os
antigos chamavam de pneuma, o Sopro do Espírito ou o Terceiro
Incluído, que dá direção à Biocarca pelos mares da vida e mantém
essa psique religada a um sentido de propósito maior, realinhado
aos princípios universais.
E o que as palavras desse altar da vida nos contam é que a
psique nada faz sem a essência e, igualmente, a grandeza da luz
que a essência guarda em si como representação do mais sutil e do
mais luminoso em cada um de nós, nada pode fazer enquanto essa
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 351
psique não mergulhar e tratar conscientemente de encontrá-lo
no fundo de sua própria arca, na escuridão de seu castelo interior.
Essa é a primeira visão da Bioarca.
A segunda visão vem de uma proposta que desde as an-
tigas tradições vem sendo compartilhada, no sentido de buscar
essa unidade interna através da criatividade e de caminhos que
permeiam a nossa espiritualidade. Através da busca de uma sa-
bedoria interna, do conhecimento, da devoção, da arte e, algumas
vezes, a partir dos limites do próprio sofrimento, o indivíduo con-
segue alcançar essas geometrias luminosas da vida e encontrar
o caminho de volta para casa, que representa achar novamente a
luz dessa realidade essencial e alcançar o que essa psique nunca
havia anteriormente compreendido sobre o sentido da redenção.
Redenção é uma palavra que, na nossa cultura, tomou o
cunho de uma submissão, uma espécie de perda ou fragilidade,
quando na realidade significa apenas a abertura para a verdade
de que, sem a nossa contraparte, nada somos. Seguiremos sendo
metade de nós mesmos, não enxergando que “esse outro” segue
sendo uma parte essencial de nós mesmos, nossa parte renegada.
Assim, o grande drama entra em cena, porque a indivíduo projeta
fora a ausência desse amor que ele não encontra dentro, sem
entender que isso está acontecendo a partir de uma crença de
separatividade em relação à sua totalidade essencial. Enquanto
esse encontro não acontece dentro de cada um, não é possível se
viver um amor maduro e com significados mais amplos no contexto
humano, pois tudo segue os caminhos de uma projeção interna.
Estamos de verdade dentro de um holograma, como num jogo de
espelhos, e na ruptura da infância renegamos sempre o lado lu-
minoso de nós mesmos e, dessa ausência, nascem os desvios que
levam às doenças. Afinal, quem conseguiria estar por toda a vida
sem sua própria luz, sem sua metade essencial?
352 PARTE 6: A BIOARCA
Partindo dessa consciência, foi pensada uma forma de in-
tegração dessas polaridades no âmbito da medicina através da
metodologia BioFAO, que buscou construir uma Bioarca eletro-
magnética, cujas configurações dinâmicas das naturezas em seus
campos de energia copiam exatamente a configuração interna
das geometrias luminosas da vida, criando um campo idêntico
aos padrões dinâmicos universais, com potencial de favorecer os
processos de integração de nossas dimensões mais sutis.
Importante trazer também a visão mais ampliada do Bio-
campo, que, além do que trabalhamos aqui como inerente a cada
indivíduo, coloca-se como um Campo Universal. Nesse sentido, os
antigos textos alquímicos falam sobre o Biocampo no nível pla-
netário, que chamavam de Anima Mundi (Alma do Mundo). Numa
linha que atravessa antigos tempos, até os conceitos mais avan-
çados da física quântica, é consenso que todas as representações
do microcosmo estão de igual forma presentes no macrocosmos. 2
Então, o drama da pequena alma como psique se reflete no drama
da grande alma planetária chamada Gaia. 3 Muita gente não tem a
consciência de que está sobre um planeta vivo, que também possui
uma alma, uma anima, como cada um de nós.
Esse campo planetário configura-se como um grande Bio-
campo, absolutamente vital para que possamos estar realinhados
aos campos universais e mantenhamos nossas ligações internas
estruturadas, o que se torna essencial para a nossa saúde. Se os
humanos seguem desrespeitando Gaia, o Biocampo planetário vai
sendo progressivamente afetado e as doenças físicas e psíquicas
vão entrando em grande escala, pois precisamos receber infor-
mações de um Biocampo perfeito e realinhado ao cosmos para
manter a nossa sobrevivência.
Sabemos que, quando as pessoas estão adoecidas e estres-
sadas e vão para lugares no planeta onde o Biocampo da Terra
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 353
está ainda preservado, como em florestas muitos distantes da
civilização ou montanhas longínquas, essas pessoas voltam com
a saúde muito recuperada, pois a informação coerente do campo
planetário organiza o campo pessoal. Esse processo de ressonân-
cia é exatamente o que se propõe com a construção da Bioarca
eletromagnética, construída com o BioFAO: criar uma informação
coerente com os padrões holoinformacionais do universo e gerar
um realinhamento entre esse campo ampliado e o Biocampo do
próprio indivíduo.
Se estivéssemos num planeta onde o campo eletromagnético
planetário fosse energeticamente perfeito, não precisaríamos de
remédios, pois o campo global funcionaria como um remédio natu-
ral. Vivemos da informação desse campo, que se coloca de forma
essencial para a nossa subsistência, o que significa dizer que, se
vivêssemos num planeta energeticamente perfeito, também sería-
mos equilibrados, porque ser humano e planeta se correspondem.
Para uma melhor compreensão do tema, seria como se o
BioFAO simulasse, em suas configurações eletromagnéticas, a
metáfora de uma florestinha particular, que passa a constelar em
torno do indivíduo a informação compatível com um meio ambiente
saudável, condição fundamental para a recuperação da saúde.
Não temos como sobreviver sem essa informação coerente
que emana de um meio ambiente perfeitamente alinhado à natu-
reza, e a inconsciência sobre a realidade desses campos contínuos
serve de base para que os homens sigam bombardeando Gaia, a
Deusa da Terra e Mãe de todos os seres vivos. Atacam-na de todas
as formas, com armas químicas, nucleares, pesticidas em seu solo,
gases tóxicos, lixo, num desrespeito às normas ambientais que leva
a desastres, visando a toda classe de extrativismo, sem contar
com experimentos macabros que, a esta altura, não conseguimos
mais nem dimensionar que implicações teriam em nível global.
354 PARTE 6: A BIOARCA
E Gaia chora através do degelo de suas geleiras, das grandes
alterações climáticas e outros fenômenos planetários bizarros
que os homens fingem não perceber. Como resultante, o Biocampo
planetário segue aprofundando seu desequilíbrio e as pessoas que
saem dos grandes centros e têm uma melhora de suas conexões
internas e de sua saúde, quando retornam às grandes cidades,
sentem o impacto desse campo cada vez mais adoecedor e de-
sestruturante, um mundo de caos e confusão.
Penso que, a esta altura do drama, não adianta se manter
apenas na perspectiva de conseguir arrumar seu próprio campo e
ignorar o que está acontecendo com Gaia. Temos que ter a coragem
de olhar para isso de frente e iniciar um profundo trabalho de curar
Aquela que adoecemos, entender que não nos foi dado esse direito,
de adoecer uma Alma planetária que nos deu a vida e as belezas
que desfrutamos. E não virá ajuda de nenhum lugar do espaço,
como alguns ingênuos acreditam, pois nenhum extraterrestre ou
grande mago descerá do espaço para nos ajudar. Porque, como
acontece com o adoecimento humano, se algo não for feito por
nós mesmos que somos os protagonistas e responsáveis por esse
drama, Gaia vai morrer de uma doença crônica e, ao que parece,
o processo já se encontra fortemente em curso!
Precisamos assumir que cada um de nós, como integrantes
desta humanidade, somos neste momento os fatores de impedi-
mento para que essa Anima Mundi consiga chegar ao seu castelo
interior e encontrar sua essência. E muitos estarão se perguntando:
e quem será a essência de Gaia? Quem será o ser silencioso que
Gaia, como uma alma planetária, necessita encontrar? Esse ser que
Gaia precisa encontrar é o que as escrituras chamam de “Cristo”,
e que também não vai descer de nuvenzinha nenhuma, pois está
aguardando no fundo desta grande Terra adoecida, contando cada
pétala que cai de sua rosa mágica, enquanto soltam cada bomba
BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 355
nuclear sobre sua amada Terra. Cada desrespeito com este planeta
é uma pétala que cai, e a grande pergunta que os ambientalistas
fazem é se ainda haverá tempo para Gaia chegar ao fundo desta
arca planetária, ao fundo de seu castelo interior, e ter direito a
essa comunhão, para cumprir seu grande propósito cósmico.
A humanidade sempre ouviu falar de tudo isso, mas fomos
privados de conhecer a real dimensão das coisas, porque não existe
a síntese dos conhecimentos, que permanecem fragmentados e
seguem perpetuando esse processo de disjunção e dissolução da
consciência humana.
Atualmente a humanidade está vivendo uma sensação de
dilúvio virtual resultante de vibrações caóticas, e esse é o tamanho
da confusão que arrumamos. E todos precisamos estar incluídos
nessa responsabilidade como humanos, pois, mesmo que indi-
vidualmente saibamos não ter feito nada de mal, ou muito pelo
contrário, estejamos conscientemente contribuindo com Gaia,
ainda assim somos todos humanos e temos que assumir esse
lugar de responsáveis por este estado de saúde de Gaia. E, nesse
sentido, cada ser humano deveria assumir o lugar desse médico,
desse cuidador de Gaia.
A Bioarca, na forma dos BioFAO, é apenas um recurso cria-
do no âmbito da medicina como possibilidade de se trabalhar a
consciência do casal arquetípico em cada um, para que as pessoas
possam acordar para uma consciência de que essa mesma saga
está acontecendo em nível planetário.
Se, dentro do processo pessoal, a pessoa não conseguir re-
verenciar a psique e a essência que tem em suas entranhas, que
representam arquétipos que trazem a mesma pulsão da natureza
crística planetária, essa pessoa nunca vai partir para uma consci-
ência pela causa ambiental verdadeiramente. E penso ser muito
pouco, para a espécie humana, apenas cuidar do planeta para pre-
356 PARTE 6: A BIOARCA BioFAO: UMA MEDICINA PARA UM NOVO TEMPO | Míria de Amorim 357

servação da espécie humana futura. O que estou querendo colocar entranhas deste planeta uma essência de puro Amor Crístico. Essa
aqui é a pergunta: preservação de que espécie de humanidade? segue sendo uma história forte e poderosa, e esse parece ser o
A consciência pela causa ambiental deve ir além disso, deve ponto crucial da saga humana.
alcançar uma responsabilidade no âmbito universal, de que es- Não haverá saúde plena enquanto não compreendermos
tamos interferindo com forças de muita grandeza, estamos blo- que todas as formas de vida merecem ser respeitadas e cuidadas
queando um processo natural e cósmico que envolve uma grande e que a vida é o estado que entretece todos os viventes.
Luz Crística. Estamos nos privando de uma grande comunhão no Descrevi aqui um sistema de saúde que cuida da vida e de
sentido mais amplo da palavra, como na história A Bela e a Fera, suas fontes, em um mesmo contínuo. Penso que esse recurso,
no qual, depois do encontro dos dois arquétipos, tudo volta a se criado através dos BioFAO, terá valido a pena apenas se, além de
tornar vivo e luminoso, liberando a escuridão e o caos. conseguirmos integrar a psique e a nossa essência crística, dermos
Mas a mudança deve começar em cada um e no cuidado com conta de seguir rumo a uma reconstrução da natureza, liberando
sua própria Bioarca interna, como quem cuida de sua própria nave, Gaia para esse encontro com as altas esferas da criação.
avançando no que for possível a cada dia, tomando decisões que Esse, verdadeiramente, é o maior desejo do meu coração para
partam de um ponto de compreensão acerca dessa complexidade este trabalho, lembrando sempre que essa moça alegre brincando
existencial. Há algo no humano que precisa ser apenas tocado, com a pomba sagrada no convés da Bioarca representa a psique
integrado, e, através desse trabalho, por muitos anos, pude ates- de cada ser humano, que precisa se dar conta “Daquele” que a
tar que o ser humano traz em si a essência do puro amor e que, espera em silêncio no fundo de seu coração.
quando ele compreende algo e chega a esse lugar de integração,
consegue saltar para fora dos padrões mórbidos e toma o caminho
de volta para sua morada interior.
No fundo da Bioarca de cada ser encontra-se Ele, o Grande
Silêncio, essa dimensão essencial de nós mesmos, e, da mesma
forma, no âmbito planetário, um Grandioso Ser também aguarda,
em silêncio, nas entranhas da Terra.
Essa Essência Crística Planetária foi oferecida como um
presente para a humanidade, por um grande homem, ajudado por
doze arquétipos e por uma incrível mulher. Traçando um paralelo
com a construção que observamos através da geometria sagrada,
fica claro que a proposta, há dois mil anos, foi mesmo um resgate,
utilizando a geometria sagrada no nível planetário, e por isso até
hoje Ele é chamado de Salvador do Mundo, pois introduziu nas
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Parte 3 – Perspectiva científica: Projeto
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Organon, 2003, v. 3.
Lista adicional de trabalhos apresentados
em congressos e reuniões específicas
AMORIM, M. et al. Aplicação clínica da
terapêutica homeopática em pacientes com
neuropatias e alterações imunológicas
decorrentes de quadros de intoxicação
crônica por solventes. Anais do XIV
Congresso Brasileiro de Toxicologia. Recife,
2005.
______. Aplicação clínica da terapêutica
homeopática em pacientes com
neuropatias e alterações imunológicas
decorrentes de quadros de intoxicação
crônica por agrotóxicos. Anais do XIV
Congresso Brasileiro de Toxicologia. Recife,
2005.
______. Acompanhamento do tratamento
homeopático aplicado no período de um
ano no ambulatório do HUCGF/UFRJ em
pacientes com intoxicação crônica por
agrotóxicos. Anais do XXVIII Congresso
Brasileiro de Homeopatia. Florianópolis,
2006.
3.2. Pesquisa científica com intoxicados
crônicos por agrotóxicos e solventes
AMORIM, M. Fatores de Auto-Organização:
um novo paradigma na arte de curar. In:
PELLIZOLI, M.; LIMA, A. W. (orgs). O ponto de
mutação na saúde: a integração mente-
corpo. Recife: Editora UFPE, 2009, pp. 197-
225.
______. A homeopatia na prevenção
das doenças de origem ambiental por
agrotóxicos: um estudo de caso com
engenheiros agrônomos e técnicos
agrícolas (dissertação). Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2003.
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a Geometria Sagrada que devolve
à medicina a potência de curar