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© FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO NUCLEO COMUM Disciplina: Saude Educagao e Cidadania Modalidade de Curso Pés-Graduagao E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Aw Santa Helena, 140 - Novo Cruzeiro patinga MG © (ay aezz za) 97208 8805 @resoze 1 ciretriacitacudadesouza com br FaSouza A EDUCACAO, A SAUDE E A CIDADANIA Como inicio para a reflex4o sobre a educacéo em satide e cidadania, enquanto cidadaos brasileiros ou residentes neste pais é imprescindivel conhecer como a constituigéo federal (BRASIL, 1988) considera a educagdo em seu capitulo Ill, Seco | - da Educagao: Pagina 1 de 36 A educagao, direito de todos e dever do Estado e da familia, sera promovida e incentivada com a colaboragéo da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercicio da cidadania e sua qualificacao para o trabalho. Art, 206. O ensino sera ministrado com base nos seguintes principios: | - igualdade de condigées para 0 acesso e permanéncia na escola; Il liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e 0 saber; IIL pluralismo de ideias © de concepcdes pedagdgicas, e coexisténcia de instituigdes publicas e privadas de ensino: IV gratuidade do ensino publico em estabelecimentos oficiais; V - valorizacao dos profissionais da educacao escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso publico de provas e titulos, aos das redes piblicas; VI- gestéo demoeratica do ensino publico, na forma da lei; Vil- garantia de padrao de qualidade. Vill ~ piso salarial profissional nacional para os profissionais da educacdo escolar piiblica, nos termos de lei federal. Qualquer pessoa ao realizar a leitura deste trecho constitucional devera de alguma maneira concordar com seus dizeres e, por que nao, desejar participar com veeméncia na construgao de um pais com objetivos tao nobres como estes. Nao diferente se pode concluir que a maioria dos educadores também deve concordar de alguma maneira com 0 que esta escrito na Constituicéo. Como néo sentir satisfagao em realizar uma tarefa com objetivos tao importantes? Mas, apesar da nobreza, a realidade pode ser diferente. E interessante salientar que o dever da educacdo est no Estado e também na familia, porém com a inclusdo de toda a sociedade enquanto colaboradora no desenvolvimento da pessoa para 0 exercicio da cidadania como para a qualificacao para o trabalho. Quando se observa o papel do Estado nesta secéo sobre a educacéo, séo considerados os incisos Ill, quando se tratam as concepgdes pedagégicas, instituigdes pUblicas e privadas de ensino, 0 inciso IV na gratuidade, 0 V na valorizagao dos profissionais da educago, o VI sobre a gestao democratica, o VII E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSC Pagina 2 de 36 sobre a garantia do padrao de qualidade e o Vill a respeito das regras de pagamento nos termos da lei federal Nisto & possivel entender 0 quanto é fundamental a intervencéo do estado no processo do ensino. Mas, segundo Tonet (2020), se os milhares de educadores atuantes no proceso educacional sobre qual o sentido do seu trabalho, a probabilidade das respostas englobariam trés aspectos mais importantes. Primeiro: pelo salario, pelo emprego, que os permita adquirir sustento das suas necessidades. Segundo: pela realizagao pessoal, por se tratar de uma atividade prazerosa, exercida com amor e que também o deixa satisfeito, embora dificuldades permeiem seu cotidiano. Normalmente tais profissionais tem como base a escolha por esta profissao. Terceiro: que se trata de uma contribuicao social por aquilo que j4 se obteve anteriormente, isto 6, a percepgao da importancia em se contribuir para a formacao — profissional, ética, civica, participativa, critica, etc. - daqueles que buscam a educacao e com isso a construgao de uma sociedade melhor. Tonet (2020) ainda afirma que se for examinada a realidade cotidiana desses educadores, independente a que aspecto est a base da sua atuacéo, sera constatado que a ampla maioria trabalha em condigées dificeis, como baixos salarios, condig6es de trabalho precérias (transporte, infraestrutura, materiais etc.) & estressantes, pois envolvem muito tempo de dedicacao, pouco tempo para o préprio aperfeigoamento ou mesmo a possibilidade de lazer, passando por situagdes de adoecimento e enfrentamento de situagdes adversas no desenvolvimento do seu trabalho. Outro aspecto a ser considerado nesta reflexao refere-se a sade. E fundamental conhecer 0 que 0 desenvolvimento da democracia na satide requer: a participacao popular nas decisées em satde e, institucionalizada ou nao, assim como a intervencao do Estado. E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SU FUTURO EM SUCESSO Pagina 3 de 36 Segundo Resende e Cordeiro (2019), s40 dois os contextos da participagao social na salide: os definidos como nAo institucionalizados e o institucionalizado. Para os autores, 0 nao institucionalizado esta descrito no artigo 3, 2°, § 2° da lei 8080/90 que destaca a satide como sendo responsabilidade de todos os cidadaos, uma vez que “o dever do Estado nao exclui o das pessoas, da familia, das empresas e da sociedade”, como abaixo (BRASIL, 1990): Ar. 2° A satide 6 um direito fundamental do ser humano, devendo 0 Estado prover as condigdes indispensaveis ao seu pleno exercicio. § 12 O dever do Estado de garantir a sade consiste na formulacdo e execugao de politicas econdmicas e sociais que visem a redugao de riscos de doencas e de outros agravos e no estabelecimento de condices que assegurem acesso universal e igualitério as agdes e aos servigos para a sua Promogdo, protecao e recuperacao. § 2? O dever do Estado nao exclui o das pessoas, da familia, das empresas e da sociedade. Art. 30 Os niveis de saiide expressam a organizagao social © econémica do Pais, tendo a saide como determinantes © condicionantes, entre outros, a alimentacao, a moradia, 0 saneamento basico, 0 meio ambiente, 0 trabalho, a renda, a educagao, a atividade fisica, 0 transporte, o lazer @ 0 acesso aos bens e servicos essenciais. Pardgrafo Unico. Dizem respeito também & satide as agdes que, por forca do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir 2s pessoas e & coletividade condigdes de bem-estarfisico, mental e social. © Estado tem papel fundamental na gestéo orcamentaria e o poder de executar correta ou incorretamente as questées de saiide, porém 6 usual serem observados comportamentos fundamentals para a construgéo de um ambiente nao propicio A satide pelos préprios cidadaos, com atitudes prejudiciais ao meio ambiente, por exemplo, e pouca percepgao do esforgo em aprender novos habitos, colocando a responsabilidade exclusivamente em fatores externos, como o Estado, numa postura de vitimizacéo. As razées para tal comportamento podem ser fruto até mesmo da falta de investimento na educagdo da satide e na construgdo da cidadania, motivos para reflexao. Resende e Cordeiro (2019) alertam que a participacéo popular nao institucionalizada 6 considerada desqualificada e sua relacao interfere nos servicgos de satide de forma a produzir mudangas para atender as tensdes e conflitos. Ja pela Lei 8.142/90 (BRASIL, 1990a) temos que Art. 1° O Sistema Unico de Satide (SUS), de que trata a Lei no. 8.080, de 19 de setembro de1990, contara, em cada esfera de governo, sem prejuizo das fungdes do Poder Legisiativo, com as seguintes instncias colegiadas: | - a Conferdncia de Sade; © Il- 0 Conselho de Satide. § 1° A Conferéncia de Satide reunir-se-4 a cada quatro anos com a representagao dos varios segmentos sociais, para avaliar a situacao de saide e propor as diretrizes para a formulacao da politica de satide nos niveis correspondentes, E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza © dretorin@tacuadesouza.com br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSC Pagina 4 de 36 convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saude. § 2° O Conselho de Saude, em caréter permanente e deliberative, 6rgao colegiado composto por representantes do govemo, prestadores de servico, profissionais de saiide e usuarios, atua na formulagdo de estratégias e no controle da execucao da politica de saide na instancia comespondente, inclusive nos aspectos econémicos e financeiros, cujas decisées sera homologadas pelo chefe do poder legalmente constituldo em cada esfera do governo. Com a formacéo dos Conselhos e Conferéncias de Satide ficou legitimada a participagao na cogestao da satide em atuagao nas instancias colegiadas em todas. as esferas de governo. O conselho passou a ter corresponsabilidade pela governanga do Sistema de Satide. Isso significa que ha participagao direta na formulago e no controle das politicas publicas. Para os autores, essa proposicao é fundamental para a expressao democratica sanitaria, tornando ao mesmo tempo um dos grandes obstaculos para se efetivar 0 direito a satide. Cidadania 6 medida em seu grau de envolvimento nas politicas de satide. Quanto maior a sua participagéo, maior sera determinado seu sucesso. Porém, conforme Resende e Cordeiro (2019), esse envolvimento social ainda é muito timido em sua na elaborago das politicas, embora esteja avangando lentamente na fiscalizacao, o que caracteriza os conselhos como responsdveis pelo controle social e nado como com a responsabilidade objetiva de estabelecer as diretrizes para a gestao e para a atengo a satide em sua esfera de competéncia, conforme consta a primeira diretriz da Resolugao 54/2017 (BRASIL, 2017), do Conselho Nacional de Satide (CNS). A participagao da sociedade é fundamental para criar um corpo vigoroso e forte & para isso, a diversidade na composigéo dos Conselhos de Satide é fundamental. Um corpo diversificado vai atuar com maior integridade na sua representacao e a multiplicidade nas formas de funcionamento vai refletir na construcao das politicas de satide locais, 0 que por outro lado representa também um grande desatio (RESENDE e CORDEIRO, 2019). A unido dos direitos da educagao, dos direitos a satide, como da responsabilidade e envolvimento nos diversos niveis de gestao do sistema, surge a oportunidade para o pensar da Educacao em Satide. De acordo com 0 Caderno de Educagao Popular de Saude (BRASIL, 2007) elaborado pelo Ministério da Satide, a educaco em satide (ES) é um processo E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 5 de 36 intrinseco nas praticas desenvolvidas no meio do Sistema Unico de Satide (SUS) trazendo a énfase na transversalidade, o que proporciona a articulacao entre todos 08 niveis de gestao do sistema, salientando assim que a educagao em satide 6 um meio essencial seja para a formulagao da politica de satide, seja para as agdes que acontecem na relagao direta dos servigos com os usuarios. Isso torna a educacéo em satide 6 uma importante ferramenta no processo de conscientizagao individual e coletiva de responsabilidade e direitos a sade. A Educagio em Saiide & inerente a todas as praticas desenvolvidas no ambito do SUS. Como pratica transversal proporciona a articulagdo entre todos os niveis de gestaéo do sistema, representando dispositivo essencial tanto para formulagao da politica de satde de forma compartilhada, como as agdes que acontecem na relacao direta dos servicos com os usuarios. Nesse sentido tais praticas devem ser valorizadas e qualificadas a fim de que contribuam cada vez mais para a afirmagao do SUS como a politica publica que tem proporcionado maior inclusao social, ndo somente por promover a apropriagéo do significado de sade enquanto direito por parte da populagaio, como também pela promocao da cidadania. (BRASIL, 2007) JA no Il Cademo de Educagao Popular de Satide (BRASIL, 2014), a Educagao em Satde € vista como um conjunto de praticas e saberes populares e tradicionais com a capacidade de contribuicao para novas metodologias, tecnologias e saberes para a constituigéo de novos sentidos e praticas no Ambito do SUS. Na apresentagao do Il Caderno de Educagao Popular de Satide vemos a seguinte contribuigéo: “Como diz Clarice Lispector ‘... meu enleio vem de que um tapete feito de tantos fics que nao posso me resignar a seguir um fio s6; meu enredamento vem de que uma historia é feita de muitas historias’ (Nolasco, 2001 apud BRASIL, 2014). Complementaria com o dbvio, uma histéria escrita por muita gente, demasiadamente humana!”. A Educacao Popular em Satide, quando sob diego do SUS, teve inicio em 2003. Estava vinculada a Secretaria da Gestéo da Educacao e do Trabalho em Satide quando comegou a sua concep¢ao. Em 2005 foi incorporada a Secretaria de Gestio Estratégica e Participativa (SGEP), ampliando e fortalecendo a dimensdo estratégica para a promogao da democracia e da participagao social na construgao do SUS. Desde 2009 instituido 0 Comité Nacional de Educagao Popular em Saude, valorizando e instituindo o espago para o didlogo, para a articulagao e a formulacdo compartilhada entre 0 Ministério da Sade e coletivos, como também os E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina G de 36 movimentos populares. Seu papel atual esté comprometido com as estratégias para sua implementagao. (BRASIL, 2014) Fica 0 convite para a leltura completa do II Caderno de Educagao Popular de Satide para que a visdo de cada leitor seja ampliada e se torne fonte inspiradora na construgao pratica da educagdo em satide. Em especial, a parte “Nossas Fontes” possibilita a reflex4o sobre os diversos pontos de vistas de especialistas & pesquisadores, que aqui, fica restrita a interpretacdo e vivéncia de quem apresenta esta organizagao textual. A EDUCACAO EM SAUDE De acordo com Camara et al (2010), a Educagao em Satide teve sua origem como uma estratégia para promover satide e prevengao primdria e secundaria. Ela deve ser uma pratica social centrada na problematizagao do cotidiano e na valorizagao da experiéncia dos individuos e grupos, considerando 0 contexto em que estéo envolvidos. Quais séo os comportamentos e questées ambientais que necessitam ser modificados? A partir da observacéo da propria realidade, a Educagao em Satide tem como objetivo estimular as pessoas a realizar agdes de promogdo a satide. Exemplos de agdes sdo a adogao de habitos de vida mais saudaveis, ou a utilizagao de forma correta e cuidadosa dos servicos de satide. A Educacao em Satide estimula a tomada de decisdes com consciéncia, tanto individual como coletivamente, na busca das melhores condicdes de satide e ambiental. O senso de responsabilidade pela propria sade e pela satide da comunidade deve ser a finalidade das agées. Para isso, 0 processo deve ser construido por todos os envolvidos. Como resultados esperados estao a diminuigdo da distancia existente entre as descobertas e estudos cientificos e a aplicagao desses na vida didria das pessoas. Em contrapartida a populagao tem expectativas por uma vida melhor e a Educagao em Satide deve ser um caminho para gerencia-las, quando oferece programas de satide adequados a ela. Camara et al (2010) apresenta trés fundamentos como principios inseparaveis da promogao da satide e possibilidades de educac4o em satide, citados por Dickson e Abegg: E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSC Pagina 7 de 36 1) reconceituar a satide como mudanga de ideologia capaz de ampliar a meta de melhorar o estado de saide, seja individual ou coletiva, para buscar a justica social 2) potencializa¢ao como proceso pelo qual individuos e comunidades sao capazes de tomar o poder e agir para transformar suas vidas e seu meio; ¢ 3) participagdo comunitéria, considerando que a saide é determinada pela equidade e justica social, em que a patticipagao efetiva da populagdo passa a ocupar lugar de destaque. Para Ferreira et al (2014) a estratégia da Educagao em Satide tem como objetivo a integragao de varios saberes cientificos, assim como do senso comum. Tal integragéo permite aos envolvidos uma visdo critica, participativa e auténoma, tornando a pratica de Educacéio em Satide o vinculo das ideias e reflexao critica sobre realidade com 0 empoderamento comunitario, transformagao do status quo, por causa da melhoria das condigées de vidas mais saudaveis. Assim, amplia a possibilidade da construgao da cidadania, pois a relagao criada entre o individuo e seu ambiente se torna possivel (FERREIRA et al, 2014). A propria legislagdo prevé que cidadio 6 todo individuo que goza de direitos constitucionais e respeita as liberdades democraticas, cumprindo deveres que Ihe so atribuidos como participante ativo da sociedade. Ferreira et al (2014) salienta que é por meio da educagéio que os individuos se desenvolvem, com consciéncia critica para que possam ser criativos, livres & agentes transformadores da realidade. Sem a educacdo 0 isco da reproducao de uma mentalidade equivocada é alto. A autonomia sé é possivel por meio da educagao. Freire (apud FERREIRA et al, 2014) volta o olhar para uma pratica educativa diferente da tradicional didatica de ensino e metodologia. Ela deve ser realizada com alegria, esperanca, convicoéo de que a mudanca 6 possivel, curiosidade, comprometimento, tomada de decisao e disponibilidade ao dialogo, com um processo de escuta do outro desejando seu bem estar e crescimento. Neste processo educacional, a pratica da liberdade do ser humano é fundamental, com o compartilhar dos conhecimentos entre os envolvidos, desvendando e construindo uma nova realidade, criticada, consciente e aberta para transformagao. E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 8 de 36 Se a educacdo em satide tem como objetivo a promocao da satide, fica a questao sobre sua real promogao para caminhos que direcionem para a construco de uma cidadania que envolva verdadeiramente 0 cidadao como coautor no processo de cuidado a satide. Para conhecer a evolucdo da Educagao em Satide 6 importante a busca dos fatos hist6ricos e iniciativas para a construcéo dos seus conceitos e praticas. Quais as informagGes relevantes em relagdo ao direcionamento para as praticas educativas em satide? Elas estéo sendo apoio para a construcéio de uma cidadania? Suas propostas permitem tornar o individuo como ser cidadao, participative e consciente de sua condigao de vida? Estas perguntas inspiram reflexdes a respeito do que ja aconteceu e com o que vem acontecendo neste campo de estudos. Isto justifica 0 proprio interesse pela busca da revisdo da literatura na drea da educagao em satide, que muitos pesquisadores tém realizado, para entender se ha de fato a construgao tebrica, como pratica nesta tematica. © proprio artigo de Ferreira et al (2014) tem como prerrogativa este levantamento, que valem sua leitura para percepgao das conclusdes que os autores chegaram. AHISTORA DA EDUCACGAO EM SAUDE As primeiras vezes em que foram utilizados os conceitos em Educagao em Satide no Brasil 40 do final do século XIX € no inicio do século XX, acompanhando o crescimento urbano no pais. O cenério deste crescimento era acompanhado de condigées sanitarias inapropriadas para garantia da satide e propicia para o aparecimento de surtos e epidemias, nao tao diferente de outras regiées mundiais. Motivados por iniciativas europeias, este periodo ficou conhecido como “higienista @ a Educagéo em Saude tinha seu foco na orientagéo de condutas saudaveis. Normalmente a orientago era acompanhada por meio de discursos e praticas de carter coercitivo (Paulino, Fernandes e Siqueira apud FERREIRA et al, 2014). Candeias (1988) apresenta uma visdo hist6rica acerca da Educagao em Saude, fruto de uma publicacdo de artigo comemorativo da Faculdade de Satide Publica da E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 9de36 Universidade de Sao Paulo por ocasiao do seu cinquentenario, em 1984. Tal levantamento {oi fruto de investigacao em andlise de cartas, recortes de jornais, atas, fotografias, relatorios, projetos de lei e outros documentos de significativo valor para a historia desta Instituigdo, no periodo de 1918 a 1945. Em 1922, Geraldo Horacio de Paula Souza, Diretor do Instituto de Higiene da Faculdade de Medicina de Sao Paulo, passou a exercer também a Direcdo Geral do Servigo de Satide Publica do Estado. Sua gestao apresentou inovagdes na Area da Satide. Como verificado anteriormente, a visio “higienista” era a mais praticada e um dos primeiros atos de Paula Souza foi de que a desinfecgao terminal, simbolo de uma tendéncia antiquada, deveria desaparecer juntamente com todo o seu obsoleto material, pois se demonstrava desnecesséria e sem fundamentacdo cientifica ja local deveria ser realizada por um Unico 6rgao local de satide publica, na época denominado Centro de Satide, criado pela primeira vez no Brasil e na América Latina. Este centro nao tinha uma postura passiva e estatica a espera de doentes ou de suspeitos interessados om procura-lo, plausivel. A partir de sua gestdo, a acdo sanit mas com a intengao de ser um 6rgao com atuagao dinamica, tomando a iniciativa de procurar todos os membros da coletividade, fossem suspeitos, doentes ou sdos. A educagao sanitaria deveria atingir o individuo, na busca por sua necessidade de higiene (CANDEIAS, 1988). Em 1925 foi realizada a reforma do Codigo Sanitario, presente no Decreto 3.876, de 11 de julho de 1925, que deu origem a inovagées, como a criacao da Inspetoria de Educagao Sanitaria e de Centros de Satide. Outra inovagao foi a inclusao de Curso. de Educagao Sanitaria no Instituto de Higiene da Faculdade de Medicina de Sao Paulo. Um discurso de JOSE EURICO SANTOS ABREU, médico e futuro Secretario de Higiene de Sao Paulo, realizado em 15 de agosto de 1927 a respeito de Geraldo Horacio de Paula Souza destaca: Encarastes de frente, destemeroso @ firme, gravissimos problemas de satide publica, que vém atravessando os anos a desafiar a intelligéncia dos sabios e a escarnecer do thesouro de nagdes argentarias. Todos mereceram 0 vosso mais cuidadoso estudo, a vossa mais criteriosa attencéo; e, se na sua totalidade, nao se viram integralmente solucionados ¢ porque, dependendo sobretudo das condigdes econdmicas do Estado e do Municipio e da educacao sanitaria do povo, nao se poderiam resolver, s6 por vontade vossa, de chofre e com a infallivel precisao das formulas matheméticas. Entretanto, nao E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSC Pagina 10 de 36 cruzastes os bragos. Sem vos aferrardes ao conceito de GAUBIUS, faltoso no seu exaggero - Melius est sistere gradium quam progredi por tenebras - nem caminhastes por trevas, nem vos detivestes acorbadado... Estabelecestes a especializagao das fungdes com a divisao do trabalho, donde ressaltou a perfeita e efficiente unidade funcional do Departamento que tao brilhantemente superintendestes. Como toda ideia inovadora sofreu criticas, considerando suas ideias fantasiosas. Waldomiro de Oliveira destacou que “querer-se agora dar educagao sanitaria por meio de conferéncias, feitas por médicos, académicos e uma nova entidade que so os educadores, educadores especializados ou simples educadores. Estes sero professores que, depois de um curso de um ano praticado no Instituto de Higiene, iro fazer - no fazer bem 0 que, porque nao sendo médicos, nao tendo educacao especializada, pouco ou muito pouco poderdo fazer.” Caberia A Inspetoria de Educagao Sanitaria difundir a consciéncia sanitaria na populacdio na cidade de Sao Paulo, na época com cerca de 800.000. No final do Século XIX varias conquistas na ciéncia foram alcangadas, que deveriam ser consideradas na Educacao Sanitaria no inicio do Século XX, que por vezes nao ocorreram, tornando os argumentos sem um meio termo aceito (CANDEIAS, 1988). Cabe destacar pelas reflexdes de Maciel (2009) que neste periodo a necessidade do Estado brasileiro era controlar as epidemias de doengas infecto contagiosas que ameagavam a economia agroexportadora do pais durante a Reptblica Velha. Doencas como a variola, febre amarela, tuberculose e sifilis, estavam relacionadas as péssimas condigées sanitaérias e socio econémicas. Sem olhar para o componente socioeconémico, 0 governo da época, enfrentava os problemas de satide pUblica por meio de campanhas sani epidemias que ja estavam praticamente sem controle por suas proporgées. Este modelo de intervengdo ficou conhecido como campanhista e foi tinha uma postura ética dos fins, onde nao importam os meios desde que os fins sejam atingidos. Tal postura teleolégica permitia 0 uso da forga e da autoridade como instrumentos preferenciais para agéio. Como resultado, as campanhas sanitarias tinham como pratica a obrigatoriedade das vacinas, vistoria nas casas, internagdes forcadas, interdigao, despejos e informagées sobre higiene e a forma de contagio das doencas através de uma abordagem biologista e mecanicista, impostas de forma rias_voltadas para combater as E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza 1 dretoria@teculdadesouza,com.br FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO. Pagina 11 de 36 coercitiva e, muitas vezes, preconceituosa. Como exemplo desta postura a imprensa batizou como “Cédigo de Torturas” a campanha contra a febre amarela coordenada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. © que menos era importante na postura do Estado era considerar a opinido da populacdo, motivo pelo qual ndo havia movimentos para sensibllizagao sobre os beneficios da vacina ou sobre higiene. Sob 0 acato das ordens, os lares e os corpos eram violados para se fazer a vacina obrigatéria. As mulheres e os filhos ficavam sozinhos em casa enquanto marido estava no trabalho e a casa era invadida por “estranhos”, fato de alguns autores chamarem de “despotismo sanitario” e da insatisfacao popular. A propria populagao demonstrou descontentamento, o que logo e entendimento no discurso da Educagaéo em Satide das autoridades sanitarias para com 0 povo (MACIEL, 2009). acabou gerando a Revolta da vacina, em 1904, traduzindo a falta de di © Primeiro curso de formagao sanitaria se deu em 1926, de nivel médio, e era ditigido aos professores primarios. Seu objetivo era passar os conhecimentos te6ricos e praticos de higiene para que eles os introduzissem nas escolas pibblicas e posteriormente nos Centros de Satide, sendo sua proposta principalmente de carter preventivo. E expressamente proibida a reproducao total ou parcial, sem autorizacao. © Av-Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & (21) 3822-2194 - (31) 9 7339-8505 QFasouza © dretorin@tacuadesouza.com br

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