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Nutrire.

2015 Aug;40(2):173-187 ARTIGO DE REVISÃO


http://dx.doi.org/10.4322/2316-7874.55314

Efeito de prebióticos e probióticos na microbiota


intestinal e nas alterações metabólicas de indivíduos
obesos
Effect of prebiotics and probiotics on the gut microbiota
and metabolic changes in obese individuals
ABSTRACT Karoline de Macêdo Gonçalves
Frota1*, Nina Rosa Mello Soares1,
Currently, the growing prevalence of obesity and its comorbidities is a major public Vivianne Ramos da Cunha Muniz1,
health problem. The intestine is a complex organ that has been increasingly studied in Larissa Cristina Fontenelle1,
obesity because of its ability to signal pathways involved in the pathophysiology of this Cecília Maria Resende Gonçalves
disease. Objectives: This review aimed to clarify the main effects of probiotics and de Carvalho1
prebiotics on the intestinal microbiota and metabolic abnormalities of obese subjects. 1
Departamento de Nutrição,
Data source: The survey of articles was conducted at PubMed database using the Universidade Federal do Piauí -
following keywords: ‘obesity’, ‘gut microbiota’, ‘probiotic’ and ‘prebiotic’ involving UFPI, Teresina-PI, Brasil
scientific works published between 2009 and 2014. Data synthesis: We found that
*Dados para correspondência:
the intestinal microbiota can be modulated by diet, and it acts on the control of food Karoline de Macêdo Gonçalves
intake by interacting with receptors and enzymes that interfere in the metabolic changes Frota
arising from obesity and in the modulation of the inflammatory response. Animal Departamento de Nutrição,
research has shown positive results with the use of prebiotics and probiotics as adjuncts Universidade Federal do Piauí -
in the treatment of obesity; however, results with humans still present controversial UFPI - Campos Ministro Petrônio
Portela, SG-13, Ininga, CEP 64049-
data. Conclusions: Evidence of the relationship between diet, microbiota and immune
550, Teresina-PI, Brasil
system shows that a better understanding of the role of microbiota in obesity leads to E-mail: karolfrota@ufpi.edu.br
new perspectives in the development of therapies for this disease.
Keywords: Obesity. Microbiota. Probiotics. Prebiotics.

RESUMO

A crescente prevalência da obesidade e suas comorbidades tem sido um dos principais


problemas de saúde pública atualmente. O intestino é um órgão complexo, cada vez mais
estudado na obesidade pela sua capacidade de sinalizar vias metabólicas envolvidas na
fisiopatologia dessa doença. Objetivo: Esclarecer os principais efeitos de probióticos e
prebióticos nas alterações metabólicas e da microbiota intestinal de indivíduos obesos.
Fonte de dados: O levantamento dos artigos foi realizado na base de dados Pubmed,
utilizando os descritores: obesity, gut microbiota, probiotic e prebiotic envolvendo publicações
no período de 2009 a 2014. Síntese dos dados: Constatou-se que a microbiota intestinal
pode ser modulada pela dieta e atuar no controle da ingestão alimentar interagindo
com receptores e enzimas que interferem nas alterações metabólicas decorrentes da
obesidade e na modulação da resposta inflamatória. Pesquisas com animais mostraram
resultados positivos do uso de prebióticos e probióticos como coadjuvantes no
tratamento da obesidade, contudo, os resultados com humanos ainda apresentam
dados controversos. Conclusões: Evidências da relação entre dieta, microbiota e
sistema imune demonstram que a melhor compreensão do papel da microbiota na
obesidade leva a novas perspectivas no desenvolvimento de terapias para a obesidade.
Palavras-chave: Obesidade. Microbiota. Probióticos. Prebióticos.
Frota KMG, Soares NRM, Muniz VRC, Fontenelle LC, Carvalho CMRG

INTRODUÇÃO MÉTODO
A obesidade é uma doença crônica não O levantamento bibliográfico foi realizado na
transmissível estreitamente relacionada a comorbidades, base de dados Pubmed incluindo artigos publicados
como síndrome metabólica, diabetes e doenças no período de 2009 a 2014 nos idiomas inglês,
cardiovasculares.1 Além disso, a sua crescente português e espanhol, considerando-se originalidade
prevalência em todo o mundo evidencia que é e relevância além de rigor e adequação do desenho
um dos principais problemas de saúde pública experimental. Foram utilizados na busca os seguintes
atualmente.2 descritores: obesity, gut microbiota, probiotic e prebiotic.
O estado obeso é resultado de um efeito Inicialmente obtiveram-se 207 artigos e após a
prolongado do desequilíbrio entre ingestão e gasto análise dos critérios de inclusão (ensaios clínicos
de energia, o que acarreta em acúmulo excessivo de controlados e randomizados, ensaios biológicos e
gordura corporal. A regulação do apetite e do peso estudo de caso-controle, artigos com texto completo,
corporal é realizada por hormônios e peptídeos estudo com humanos e animais) foram incluídos
sintetizados nas células da mucosa intestinal, nos 36 artigos originais e 12 revisões atuais. Além disso,
órgãos gastrointestinais, nos tecidos periféricos utilizaram-se 10 artigos anteriores ao ano de 2009
e no sistema nervoso central. Em curto prazo, para complementar as discussões sobre o assunto.
o controle da ingestão de alimentos é realizado O levantamento bibliográfico abrangeu 13 ensaios
por vias de sinalização que emanam do trato clínicos controlados e randomizados, 19 ensaios
gastrointestinal, através de peptídeos orexígenos biológicos, 3 estudos de caso-controle, 1 estudo
como a grelina, que provocam sinais de fome, e de coorte e 12 revisões atuais.
peptídeos anorexígenos como a colecistocinina,
REVISÃO
o glucagon like peptide 1 (GLP-1) e o peptídeo
tirosina tirosina (PYY), que geram os sinais de Alterações na microbiota intestinal de obesos
e suas repercussões metabólicas
saciedade. Enquanto no controle da ingestão
em longo prazo os sinais que emanam do tecido Composição da microbiota e desenvolvimento da
adiposo e do pâncreas, através de hormônios como obesidade
a leptina e a insulina, parecem atuar ativamente na O intestino humano aloja trilhões de bactérias,
deposição de gordura corporal.3 muitas das quais desempenham papel-chave na
A obesidade é também considerada uma condição digestão dos alimentos ao torná-los assimiláveis
inflamatória crônica subclínica, caracterizada pela pelo organismo.6,7 De acordo com Pistelli e Costa
produção de citocinas pró-inflamatórias e adipocinas (2010)8, o desenvolvimento da obesidade nos seres
que contribuem para as alterações metabólicas humanos pode ser influenciado pelas proporções
que ocorrem nos indivíduos obesos.4 Estudos relativas de dois filos principais de bactérias da
recentes têm associado a microbiota intestinal microbiota intestinal, os bacteroidetes e as firmicutes,
ao estado inflamatório que ocorre na obesidade, sugerindo que a atividade metabólica delas pode
sugerindo que alterações na sua composição e na facilitar a extração e estocagem das calorias ingeridas.
sua diversidade em obesos podem desempenhar Os bacteroidetes e as firmicutes constituem 90%
papel importante no desenvolvimento de desordens das bactérias existentes no intestino do homem, tal
metabólicas. Dessa forma, a evidência de que a como no do rato, e a proporção de bacteroidetes
composição da microbiota pode ser diferente entre é menor em obesos do que em magros.6,7
indivíduos magros e obesos reforçou a hipótese A pesquisa de Jumpertz et al. (2011)9 mostrou que
da sua influência na fisiopatologia da obesidade.5 a disponibilidade de diferentes nutrientes provoca
mudanças na composição da microbiota, além disso
OBJETIVO
evidenciou o papel da microbiota na absorção de
O presente estudo teve como objetivo revisar nutrientes. Nesse sentido, a microbiota tanto de
a literatura referente aos efeitos de probióticos humanos como de animais pode ser modificada
e prebióticos nas alterações metabólicas e da através da dieta, de modo que a ingestão de calorias
microbiota intestinal de indivíduos obesos. em excesso promove a proliferação de bactérias

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Prebióticos e probióticos na obesidade

do filo firmicutes, as quais permitem a extração Os AGCC podem ainda interagir com o
de nutrientes com maior eficiência. Outro estudo receptor Gpr41 nas células enteroendócrinas
mostrou que uma dieta rica em gorduras e pobre (Figura 1). Essa ligação induz a liberação de PYY,
em fibras, indutora da obesidade, está associada a homônio que inibe a motilidade intestinal, aumenta
relevantes alterações na microbiota do intestino o trânsito intestinal e reduz a extração de energia
distal de camundongos, sugerindo que a atividade dos componentes da dieta.17
metabólica dos micro-organismos intestinais pode
Dessa forma, baixas concentrações de PYY
gerar derivados lipopolissacarídeos que atuariam
circulante estão associadas ao desenvolvimento e
como um gatilho no desencadeamento da resposta
manutenção da obesidade. Estudo em camundongos
inflamatória, contudo essas alterações metabólicas
que não expressavam PYY mostrou que eles
podem ser reversíveis.10
tornaram-se hiperfágicos e obesos. No entanto,
Microbiota e regulação de interações entre a administração crônica de PYY nesses animais
ácidos graxos de cadeia curta e receptores reduziu a adipogênese. Quando os camundongos
ligados à proteína-G foram geneticamente modificados para apresentarem
As fibras solúveis consumidas na dieta são altos níveis de PYY circulante, o resultado foi
digeridas em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) maior resistência à obesidade induzida pela dieta,
– como o acetato, o butirato e o propionato – por comprovando que a capacidade da microbiota de
reações de hidrólise e fermentação, catalisadas alterar a produção e atividade do PYY configura‑se
por enzimas derivadas da microbiota intestinal.11
Nesse sentido, Lin et al. (2012)12 demonstraram
que os AGCC estimulam na microbiota a produção
de hormônios capazes de influenciar o controle
da ingestão, sugerindo que a microbiota intestinal
modula o metabolismo energético de acordo com
a qualidade da ingestão alimentar.
Isso ocorre porque após a clivagem das fibras
alimentares em AGCC, esses são absorvidos por
difusão passiva e atuam como sinalizadores para
a sua ligação a receptores acoplados à proteína-G,
como o Gpr41 (G-protein coupled receptor 41) e
o Gpr43 (G-protein coupled receptor 43).13 Esses
receptores estão expressos em muitas células,
inclusive células epiteliais do intestino, adipócitos
e células imunes.14
A ativação do receptor Gpr43 nos enterócitos,
pela sua ligação com AGCC, promove a secreção
do hormônio anorexígeno GLP-1, que melhora
a sensibilidade à insulina. Além disso, essa mesma Figura 1. Interação entre AGCC e receptores Gpr43 e
interação nos adipócitos sinaliza a supressão de Gpr41. (1) Bactérias intestinais interagem com carboidratos
complexos da dieta produzindo AGCC por hidrólises e
insulina, prevenindo o acúmulo de gordura.15
fermentações; (2) A ligação entre o AGCC e o receptor
A Figura 1 ilustra esses mecanismos. Gpr43, nos enterócitos, promove a liberação de GLP-1,
Nesse sentido, Dewulf  et al. (2011)16 demonstraram aumentando a sensibilidade à insulina; (3) A ativação do
que a administração de prebióticos em camundongos Gpr43 pela interação do AGCC com ele, no adipócito,
suprime a liberação de insulina, inibindo o estoque de
alimentados com dieta hiperlipídica foi capaz de gordura no tecido adiposo; (4) A ligação entre AGCC e o
modular a expressão de Gpr43 e, dessa forma, receptor Gpr41 aumenta a liberação de PYY, reduzindo
controlar a adiposidade. o desenvolvimento da obesidade.

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Frota KMG, Soares NRM, Muniz VRC, Fontenelle LC, Carvalho CMRG

boa estratégia para auxiliar no tratamento da Contudo, quando ambos foram alimentados com
obesidade.18 dieta ocidental, apesar da elevada ingestão de
Outros estudos também ressaltam a importância lipídios e glicídios, os animais germ-free apresentaram
dos hormônios GLP-1 e PYY no intestino, mostrando aumento da oxidação lipídica, o que pode ser
que o aumento na sua secreção favoreceu a redução atribuído ao seu genótipo magro. Os pesquisadores
da resistência à insulina e o funcionamento das concluíram que os micro-organismos intestinais
células beta pancreáticas19 e a modulação desses podem suprimir a atividade da AMPK e facilitar a
hormônios pelos prebióticos reduziu o apetite e ação da LPL, elevando a predisposição à obesidade
a resposta glicídica pós prandial.20-23 e a resistência à insulina.24

Microbiota e regulação da lipogênese Microbiota, obesidade e modulação da resposta


imune inflamatória
O fator adipocitário induzido pelo jejum (Fiaf)
é um derivado das células do epitélio intestinal O desenvolvimento da síndrome metabólica
que inibe a atividade da lipoproteína lipase (LPL). está relacionado com diversos fatores genéticos
Contudo, o Fiaf pode ter sua expressão suprimida e ambientais que incluem complexas e ainda
pela presença de micro-organismos seletivos na pouco elucidadas interações entre a microbiota e
microbiota, permitindo o aumento da atividade da o sistema imune.26
LPL e assim o estoque de tecido adiposo (Figura 2). Recentes estudos têm demonstrado a participação
Estudo de Bäckhed et al. (2007)24 mostrou que de receptores de interleucina 1/TLR, como o
o excesso alimentar suprime a expressão de Fiaf receptor TLR5, na inflamação.27 O TLR5 é uma
pela microbiota intestinal, elevando a atividade proteína que atua na resposta imunológica através
da LPL e o estoque de gordura nos adipócitos. do reconhecimento de patógenos associados a
Em paralelo, a microbiota mostrou-se capaz de bactérias. A interação entre microbiota e TLR5 é
interagir também com a enzima adenosina proteína fundamental para a homeostase intestinal, pois a
quinase ativada (AMPK), que atua quando há maioria dos micro-organismos do intestino tem alta
necessidade de produzir energia devido ao jejum, afinidade com o TLR5 e essa reação emite sinais
portanto, estimula a oxidação lipídica, a ingestão que regulam o funcionamento intestinal, portanto
de glicose e a secreção de insulina, enquanto deficiências nesse receptor levam ao início da
inibe a síntese de colesterol e triglicerídeos e a cascata inflamatória, com transcrição de citocinas
lipogênese.25 e mediadores inflamatórios como o NFkB.28
Outro estudo verificou que camundongos Estudo com camundongos deficientes em
germ-free demonstraram expressão reduzida de TLR5 mostraram que eles são mais propensos a
AMPK quando comparados com grupo controle. desenvolver alterações características da síndrome
metabólica como resistência à insulina, hipertensão
e hiperlipidemia. Isso por que receptores TLR5 se
ligam à porção flagelina das bactérias intestinais,
emitindo sinais importantes para manter a homeostase
intestinal. Dessa forma, alterações na microbiota
podem induzir respostas inflamatórias que resultam
na síndrome metabólica.29
O Quadro 1 resume outros estudos recentes
que ressaltam a participação dos micro-organismos
Figura 2. Interação entre microbiota intestinal com Fiaf e intestinais nas alterações metabólicas e inflamatórias
com AMPK. (1) Fiaf inibe a LPL, evitando a lipogênese; (2) da obesidade, evidenciando que a microbiota
Microbiota intestinal suprime a expressão de Fiaf, deixando
LPL ativa, o que resulta em maior estoque de tecido adiposo; desempenha papel fundamental no metabolismo
(3) Microbiota intestinal aumenta a atividade da AMPK, energético e no desenvolvimento e progressão
induzindo a oxidação lipídica e inibindo a lipogênese. da obesidade.

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Prebióticos e probióticos na obesidade

Quadro 1. Estudos sobre o papel da microbiota na obesidade.


Caracterização do estudo Resultados Referência

Ratos germ-free Ratos com microbiota intestinal:


Ratos com microbiota intestinal Desenvolveram obesidade e resistência à insulina 30

Dieta: Igual nos grupos, porém não especificada > firmicutes

Ratos germ-free
Ratos germ-free:
Ratos com micro-organismos 31
< gordura corporal (40%)
Dieta: Não especificada

Ratos com baixa expressão do receptor Gpr43 no Ratos com baixa expressão do receptor tornaram-se
tecido adiposo obesos, mesmo consumindo uma dieta normal
Ratos com elevada expressão do receptor Gpr43 no Ratos com elevada expressão do receptor 14

tecido adiposo permaneceram magros, independente do consumo


Dieta: Normal de calorias

Indivíduos com a microbiota intestinal composta Grupo LGC:


por micro-organismos mais diferenciados entre si
> prevalência de obesidade e resistência à insulina
(HGC – high gene count) 32
> ganho de peso
Indivíduos com espécies de micro-organismos
menos heterogêneos (LGC – low gene count) ↑ de proteína C reativa

Ratos germ-free receberam a microbiota de


mulheres obesas
A microbiota de magros se desenvolveu, mesmo
Ratos germ-free receberam a microbiota de 33
naqueles colonizados com a microbiota de obesos
indivíduos magros
Dieta: Pobre em gordura e rica em fibra

Efeitos dos probióticos na obesidade após suplementação com o probiótico BIO-L6,


que continha 10 cepas do gênero Lactobacillus,
Os probióticos são definidos como
durante nove semanas, mostrando a capacidade
micro‑organismos vivos que, quando ingeridos
de modulação benéfica da microbiota intestinal.
em quantidades adequadas, exercem efeitos
Além disso, encontraram redução de marcadores
benéficos ao organismo. Os gêneros Lactobacillus e
inflamatórios como fator de necrose tumoral α
Bifidobacterium são os mais utilizados na elaboração
(TNF-α) e interleucinas 4, 10 e 11. Esse mecanismo
de probióticos. Eles são indicados para o tratamento
pode configurar-se efeito benéfico ao combater o
de diversas doenças, como inflamações, desordens estado de inflamação associado à obesidade.
alérgicas e diarréia.34
Chen, Wang e Wang (2011) 37 também
Diante das alterações metabólicas e das encontraram efeitos benéficos com a administração
modificações na microbiota intestinal que ocorrem de Bifidobacterium longum em ratos com peso
em indivíduos obesos, a utilização de probióticos na adequado induzidos à síndrome metabólica com
modulação dessas condições surge como estratégia dietas ricas em lipídios. Os autores constataram
coadjuvante na prevenção e tratamento dessa que houve redução no ganho de peso corporal, na
condição clínica35. Estudos que avaliam a ação desses deposição de gordura, nos níveis de triglicerídeos
compostos na obesidade são fundamentais para e de glicose plasmáticos. Resultado semelhante
verificar os efeitos e/ou mecanismos de ação nas foi encontrado em estudo com suplementação
alterações metabólicas e na microbiota intestinal. do probiótico denominado VSL#3, constituído
Nesse contexto, Aguilar, Esparza e Fragoso por mistura de uma cepa de Streptococcus
(2014)36 encontraram redução nos níveis de thermophilus, quatro de Lactobacillus spp. e três
coliformes totais e aumento nos níveis de lactobacilos cepas de Bifidobacterium spp., por 13 semanas,
no trato gastrointestinal de ratos Zucker obesos em camundongos que receberam dietas ricas em

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Frota KMG, Soares NRM, Muniz VRC, Fontenelle LC, Carvalho CMRG

lipídios38. Os autores atribuíram esses benefícios que as mulheres que receberam dieta com restrição
ao fato de o probiótico aumentar a produção de energética associada ao probiótico conseguiram
um ácido graxo de cadeia curta, o butirato, que perder mais peso e mantê-lo mesmo depois de
estimula a liberação do hormônio GLP-1 pelas cessada essa condição. Tais autores sugerem mais
células intestinais, o qual age no hipotálamo estudos para verificar os benefícios dos probióticos
promovendo a sensação de saciedade, além de no balanço energético.
favorecer a liberação da insulina e maior captação O Quadro 2 sintetiza os estudos que evidenciam
da glicose.37,38 a participação dos probióticos na modulação da
Estudo utilizando suplementação com prebióticos microbiota intestinal e no controle de alterações
e probióticos, produto conhecido como simbiótico, metabólicas e inflamatórias na obesidade.
em indivíduos com síndrome metabólica com duração Dessa maneira, os resultados são controversos
de 28 semanas mostrou melhora do perfil lipídico com relação aos efeitos dos probióticos nas
e de marcadores inflamatórios, além de redução da alterações metabólicas e da microbiota intestinal na
resistência à insulina e dos níveis de glicose circulante. obesidade. Interessante observar que os estudos que
Os autores atribuíram tais resultados ao fato de não encontraram resultados positivos no uso dos
esses compostos modularem a microbiota intestinal probióticos são aqueles realizados com humanos,
e assim interferirem positivamente na absorção de não se comprovando os benefícios verificados nos
carboidratos. Além disso, demonstraram que os estudos em animais. Tal fato pode estar associado
probióticos modulam a microbiota intestinal ao à dificuldade de se controlar a ingestão adequada
reduzirem o número de bactérias patogênicas e do probiótico utilizado pelos participantes, de se
suas toxinas e, consequentemente, a produção de obedecer às condições de armazenamento, para
citocinas pró-inflamatórias.39 evitar perda das cepas e comprometimento do seu
Por outro lado, em estudo de suplementação efeito biológico, a diferenças metabólicas entre os
com Lactobacillus casei Shirota em indivíduos estágios da vida e os gêneros, a particularidades
com síndrome metabólica durante 12 semanas nos hábitos alimentares e estilo de vida, além de
identificou-se alteração significativa apenas nos ao período de duração do estudo.
níveis plasmáticos da molécula de adesão celular
vascular solúvel-1 (sVCAM-1). O uso do probiótico Efeitos dos prebióticos na obesidade
não afetou de maneira significativa os parâmetros Os prebióticos são ingredientes fermentados
LDL-oxidada, TNF-α, interleucina 6 e função seletivamente que promovem alterações específicas
endotelial, além de não melhorar a resistência à na composição e/ou na atividade da microbiota
insulina.40 gastrointestinal e assim são capazes de conferir
De maneira similar, estudo de intervenção em benefícios à saúde do indivíduo.44 Ademais, têm sido
adolescentes obesos utilizando probióticos contendo investigados os efeitos da ingestão de prebióticos na
a cepa Lactobacillus salivarius não mostrou efeito homeostase energética e na regulação da saciedade
significativo em marcadores inflamatórios e para relacionadas à redução do risco de obesidade e
síndrome metabólica nessa população.41 Essa mesma desordens metabólicas associadas.45
cepa foi utilizada em outro estudo com mulheres Estudos realizados em modelos animais de
obesas grávidas, as quais receberam suplementação obesidade genética ou induzida pela dieta mostram
com o probiótico entre a 24ª e a 28ª semana de que os prebióticos podem reduzir o ganho de peso
gestação, não havendo diferença no perfil lipídico, e a massa gorda, melhorar a tolerância à glicose, a
na glicemia de jejum e no desfecho da gestação função da barreira intestinal, modular o metabolismo
quando comparados aos do grupo controle.42 lipídico, diminuir o estado inflamatório e regular a
Sanchez et al. (2014)43 também não observaram produção de peptídeos intestinais pelo efeito trófico
mudanças significativas nos parâmetros inflamatórios que promovem à mucosa (Quadro 3).16,20,22,46-51
e metabólicos em indivíduos obesos de ambos Os mecanismos pelos quais os prebióticos
os gêneros suplementados com Lactobacillus podem promover esses benefícios à saúde na
rhamnosus por 24 semanas. Porém constataram obesidade ainda não estão totalmente elucidados.

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Prebióticos e probióticos na obesidade

Quadro 2. Estudos sobre os efeitos da suplementação com probióticos na obesidade.


Caracterização do estudo Efeitos Referência

Ratos Zucker obesos


Modulação benéfica da microbiota
Suplementação: Probiótico BIO-L6 36
↓TNF-α, IL-4, IL-10, IL-11
Duração: 9 meses

Ratos com peso adequado induzidos à síndrome


metabólica com dieta hiperlipídica ↓ ganho de peso e deposição de gorduras, 37
Suplementação: Probiótico B. longum triglicerídios e glicose
Duração: 12 semanas

Camundongos com peso adequado com dieta


hiperlipídica
↑ GLP-1 38
Suplementação: Probiótico VSL#3
Duração: 13 semanas

Indivíduos com síndrome metabólica


↓ marcadores inflamatórios
Suplementação: Simbiótico 39
Melhora do perfil lipídico
Duração: 28 semanas

Indivíduos com síndrome metabólica


Suplementação: Lactobacilos casei shirota ↓ VCAM-1 40

Duração: 12 semanas

Adolescentes obesos
Suplementação: Lactobacilus salivarius Sem efeitos significativos 41

Duração: 12 semanas

Gestantes obesas
Suplementação: Lactobacilus salivarius Sem efeitos significativos 42

Duração: 4 semanas

Indivíduos obesos
Suplementação: Lactobacilos rhamnosus Sem efeitos significativos 43

Duração: 24 semanas

Uma das possíveis hipóteses seria a redução da gorda induzido pela dieta. Em modelo de obesidade
ingestão energética (decorrente da diminuição endócrina, ratas ovariectomizadas suplementadas
da densidade energética das refeições promovida com amido resistente tipo 2 apresentaram menor
pela adição de prebióticos), que levaria à perda de ganho de peso e menor quantidade de gordura
peso com consequente melhora nos parâmetros abdominal quando comparadas aquelas que foram
metabólicos e inflamatórios. No entanto, alguns submetidas a mesma cirurgia, mas que não tiveram
estudos mostraram redução do ganho de peso a alimentação enriquecida com o prebiótico.50
e de massa gorda mesmo quando não houve Diante desses achados, foi proposto que os
diferenças na ingestão energética entre o grupo prebióticos poderiam exercer seus efeitos antiobesidade
suplementado com prebiótico e o grupo controle.16,46,50 pela modulação da adipogênese. Dewulf  et al.
A suplementação de arabinoxilana (carboidratos (2011)16 observaram que a suplementação a dieta
não digeríveis presentes no trigo) a camundongos de camundongos obesos com ITF aumentou a
obesos reduziu em 40% o ganho de peso.46 De modo lipólise no tecido adiposo subcutâneo, reduziu
semelhante, Dewulf  et al. (2011)16 observaram que os níveis de RNAm de Gpr43 e modulou a
a suplementação de frutano tipo inulina (ITF) foi ativação do receptor ativado por proliferadores
capaz de neutralizar o efeito do aumento de massa de peroxissoma gama (PPARγ), com consequente

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Frota KMG, Soares NRM, Muniz VRC, Fontenelle LC, Carvalho CMRG

Quadro 3. Estudos em animais sobre os efeitos da suplementação com prebióticos na obesidade.


Caracterização do estudo Efeitos Referências
↑ Lactobacillus spp., Bifidobacterium spp. e C. coccoides – E.
rectale
↓ Massa gorda/massa muscular
Camundongos C57bl6/J Obesidade
↓ PP
genética (ob/ob)
↓ LPS, TNFα, MCP-1, MIP-1α, INFγ, IL 10, IL-15 e IL-18 20
Suplementação: Oligofrutose
(plasmático);
Duração: Não especificada
↓ RNAm de PAI-1, CD68, NADPHox e iNOS (hepático)
↑ ZO-1 e ocludina
↑ GLP-1, GLP-2 portal e RNAm do proglucagon
↓ C. coccoides – E. rectal e Roseburia spp.
↑ Bifidobacterium spp.
Camundongos C57bl6/J Obesidade
↓ Ganho de peso e massa gorda
induzida por dieta HF
↓ Resistência à insulina 16
Suplementação: ITF (0,2 g/dia)
↓ RNAm TLR4 e F4/80 (TAS)
Duração: 4 semanas
↑ Conteúdo cecal
Modulação da lipogênese
↑ Bifidobacterium spp. e C. coccoides – E. rectale
↓ Roseburia spp.e Firmicutes
↓ Massa gorda/massa muscular
↓ Glicemia de jejum
Camundongos C57bl6/J Obesidade ↓ LPS
genética (ob/ob) ↓ TG plasmático, lipídio muscular 22
Suplementação: Mix de prebióticos ↓ Peróxido lipídico (TA)
Duração: 5 semanas ↑ Peso e comprimento (cólon)
↑ Células L
↑ ZO-1 e ocludina
↑ RNAm do proglucagon, GLP-1 portal
↑ Tolerância à glicose
Camundongos C57bl6/J Obesidade
genética (ob/ob) + dieta HF ↓ Peso corporal e razão massa gorda/massa muscular
Suplementação: Oligofrutose ↑ Tolerância à glicose e sensibilidade à leptina 22

(0,3 g/dia) ↑ GLP-1 portal e RNAm do proglucagon


Duração: 8 semanas
↑ Roseburia spp., Bifidobacterium spp. e Bacteroides/Prevotella
spp.
Camundongos C57bl6/J Obesidade ↓ Ganho de peso e massa gorda
induzida por dieta HF
↓ Resistência à insulina
Suplementação: Arabinoxilana 46
↓ Colesterol e RNAm FAS
(10%)
↓ MCP-1, IL-6 e adiponectina
Duração: 4 semanas
(tecido adiposo)
↓ Permeabilidade intestinal
HF: Dieta hiperlipídica; ITF: Frutano tipo inulina; FOS: Frutoligossacarídeos; TAS: Tecido adiposo subcutâneo; TA: Tecido adiposo; TAV:
Tecido adiposo visceral; PP: Polipeptídeo pancreático; LPS: Lipopolissacarídeo; TNFα: Fator de necrose tumoral α; MCP-1: Proteína
quimiotática de monócitos-1; MIP-1α: Proteína inflamatória do macrófago 1α; INFγ: Interferon γ; IL: Interleucina; PAI-1: Inibidor do
ativador do plasminogênio tipo 1; NADPHox: NADPH oxidase; iNOS: Óxido nítrico sintase induzível; GLP: Peptídeo semelhante ao
glucagon; ZO-1: Proteína da zônula de oclusão 1; TLR4: Receptor toll like 4; TG: Triglicerídeos; FAS: Ácido graxo sintase; FIAF: Fator
adipocitário induzido pelo jejum; PYY: Peptídeo YY. *Modelo de obesidade endócrina: ratas ovariectomizadas. **Camundongos estéreis
com posterior inoculação de microbiota fecal humana.

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Prebióticos e probióticos na obesidade

Quadro 3. Continuação...
Caracterização do estudo Efeitos Referências

↑ Roseburia spp. e C. coccoides – E. rectale


Camundongos C57bl6/J Obesidade ↓ Lactobacillus spp.
induzida por dieta HF
↓ Ganho de peso e massa gorda
Suplementação: Quitina e β-glucano 47

(10%) ↓ Glicemia de jejum, colesterol plasmático e TG hepático


Duração: 4 semanas ↑ Peso cecal
↑ Tolerância à glicose

↑ Bifidobacterium spp.
↓ Lactobacillus spp.
Camundongos C57bl6/J Obesidade ↓ Ganho de peso e massa gorda
induzida por dieta HF ↓ RNAm FIAF
Suplementação: Oligossacarídeos de ↓ Resistência à insulina e insulinemia 48

arabinoxilana (7,5%) ↓ LPS, IL-6 (plasmática) e RNAm F4/80 (TAV)


Duração: 8 semanas ↑ Peso cecal e do cólon
↑ PYY, GLP-1 portal
↑ RNAm ZO-1 e gene claudin 3

Ratos JCR:La-cp
Obesidade genética (cp/cp) ↑ Bifidobacterium spp., Bacteroides/Prevotella spp., Lactobacillus
Suplementação: Insulina e spp., Clostridium leptum e Enterobacteriaceae
21
oligofrutose ↑ Peso e comprimento do ceco/cólon
(10% e 20%) ↑ PYY e RNAm do proglucagon
Duração: 10 semanas

Ratas Sprague Dawley Obesidade


endócrina* ↑ Lactobacillus spp., Bifidobacterium spp.
Suplementação: Amido resistente e Clostrídios 50

tipo 2 (29,7%) ↓Ganho de peso e massa gorda abdominal


Duração: 12 semanas

Camundongos C57bl6/J Obesidade ↑ Bifidobacterium spp. e Clostridium coccoides


induzida por dieta HF** ↓ Clostridium leptum
Suplementação: FOS de cadeia curta ↓ Ganho de peso e massa gorda 51

(10%) ↓ Leptina e adiponectina


Duração: 7 semanas ↑ Peso cecal
HF: Dieta hiperlipídica; ITF: Frutano tipo inulina; FOS: Frutoligossacarídeos; TAS: Tecido adiposo subcutâneo; TA: Tecido adiposo; TAV:
Tecido adiposo visceral; PP: Polipeptídeo pancreático; LPS: Lipopolissacarídeo; TNFα: Fator de necrose tumoral α; MCP-1: Proteína
quimiotática de monócitos-1; MIP-1α: Proteína inflamatória do macrófago 1α; INFγ: Interferon γ; IL: Interleucina; PAI-1: Inibidor do
ativador do plasminogênio tipo 1; NADPHox: NADPH oxidase; iNOS: Óxido nítrico sintase induzível; GLP: Peptídeo semelhante ao
glucagon; ZO-1: Proteína da zônula de oclusão 1; TLR4: Receptor toll like 4; TG: Triglicerídeos; FAS: Ácido graxo sintase; FIAF: Fator
adipocitário induzido pelo jejum; PYY: Peptídeo YY. *Modelo de obesidade endócrina: ratas ovariectomizadas. **Camundongos estéreis
com posterior inoculação de microbiota fecal humana.

redução da expressão da proteína ligadora de ácidos captação e diferenciação dos adipócitos e, portanto,
graxos (FABP/ap2), da LPL, e da proteína alfa de apresentaram correlação positiva com o tamanho
ligação à sequência CCAAT (C/EBPα), de modo deles, com exceção da LPL. Neyrinck et al. (2011)46
que os níveis de RNAm de Gpr43, FABP, LPL também verificaram menor síntese e captação de
e C/EBPα se igualaram aos valores observados ácidos graxos pela diminuição da atividade da ácido
no grupo controle (camundongos não obesos). graxo sintase (FAS) e da LPL, respectivamente,
Essas proteínas estão envolvidas nos processos de além de redução na expressão de vários genes

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dependentes da ativação de PPAR envolvidos na promovidos pela suplementação com o prebiótico.


lipogênese. Em concordância com esses resultados, os estudos
Outro mecanismo sugerido para atuação dos que verificaram melhora da função de barreira da
prebióticos na obesidade se refere ao efeito deles na mucosa intestinal pelo uso de prebióticos também
síntese de peptídeos gastrointestinais relacionados encontraram redução dos níveis plasmáticos de
à saciedade. Em animais, a suplementação com LPS e de marcadores inflamatórios.22,46,48
prebióticos resultou em aumento da secreção Em alguns estudos desenvolvidos com
e/ou da expressão de GLP-1 e de seu precursor animais empregou-se o modelo de obesidade
proglucagon20,21,48,49, do PYY47,48 e do polipeptídeo genética ob/ob, no qual há deficiência de leptina.
pancreático (PP)20 e em diminuição da expressão de Com relação a isso, um fato curioso observado
grelina51 e dos níveis portais de amilina.21 O estímulo por Everard et al. (2011)22 foi a capacidade de a
à síntese desses peptídeos anorexigênicos pode estar oligofrutose melhorar a ação da leptina, quando
relacionado ao efeito trófico dos prebióticos na administrada a esses camundongos. Assim, houve
mucosa intestinal. Os prebióticos são capazes de maior perda de peso e menor ingestão alimentar
aumentar o peso do ceco e do cólon (Quadro 3) e no grupo suplementado com prebiótico quando
assim estimulam a diferenciação de células precursoras comparado ao grupo controle.
em células enteroendócrinas, denominadas de
Apesar dos resultados dos estudos com modelos
células L, produtoras desses peptídeos.20,22,49
animais mostrarem efeitos positivos dos prebióticos
Apesar dessas evidências, no estudo de na obesidade e comorbidades associadas, ainda são
Neyrinck et al. (2012)47 não foi verificada influência
poucos os estudos realizados com seres humanos
dos prebióticos quitina e β-glucano nos níveis
e os resultados não são conclusivos.
portais de GLP-1 e na expressão de proglucagon
em camundongos obesos, porém ainda assim houve A suplementação com ITF (16 g por 3 meses) a
redução do ganho de peso e da massa gorda, além mulheres obesas promoveu alterações na microbiota
de melhora do perfil metabólico. intestinal porém não modificou significativamente
os parâmetros antropométricos (IMC, massa
Além desses mecanismos, a formação dos
gorda e relação circunferência cintura/quadril)
ácidos linoleicos conjugados (CLA) pelas bactérias
e metabólicos (glicemia e insulinemia de jejum,
intestinais Bifidobacterium spp. (ácido rumênico)
insulinemia após teste oral de tolerância à glicose,
e Roseburia spp. (ácido vacênico) também tem
sido relacionada aos benefícios dos prebióticos na HbA1c, resistência à insulina, adiponectinemia,
obesidade. Em camundongos obesos, a alimentação perfil lipídico e proteína-C-reativa), com exceção da
enriquecida com arabinoxilana modificou o perfil glicemia após teste oral de tolerância à glicose, a qual
lipídico do tecido adiposo com aumento no apresentou leve redução no grupo suplementado.52
conteúdo de CLA.46 Apesar desses resultados não significativos,
Outras pesquisas investigam a ação dos observou-se correlação entre grupos de bactérias da
prebióticos na inflamação crônica de baixo grau microbiota intestinal e as variáveis analisadas. Entre
presente na obesidade (Quadro 3). Cani et al. os grupos que aumentaram com a suplementação
(2009)20 propuseram que a maior produção endógena de prebiótico, Firmicutes, Actinobacteria,
do peptídeo 2 semelhante ao glucagon (GLP-2) Bifidobacterium e Faecalibacterium prausnitzii
promovida pela oligofrutose seria a responsável se correlacionaram negativamente com os níveis
pela melhora da função de barreira da mucosa de LPS, enquanto o grupo Clostridium IV se
intestinal, com consequente redução da endotoxemia correlacionou negativamente com parâmetros
metabólica (diminuição dos níveis plasmáticos de antropométricos, glicemia de jejum, insulinemia e
lipopolissacarídeo – LPS) e, portanto, redução do índice de HOMA. Entre aqueles que diminuíram com
tônus inflamatório e do estresse oxidativo no plasma a suplementação com prebiótico, Propionibacterium,
e no tecido hepático. Esse fato foi confirmado Bacteroides intestinalis e Bacteroides vulgatus se
após a administração subcutânea do antagonista correlacionaram positivamente com mudanças na
do receptor de GLP-2, o qual anulou os efeitos composição corporal e homeostase da glicose.52

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Prebióticos e probióticos na obesidade

A suplementação com galacto-oligossacarídeos estilo de vida. O grupo tratado apresentou perda


(GOS) (5,5 g/dia por 12 semanas) também não de peso significativa caracterizada principalmente
afetou os parâmetros antropométricos de indivíduos pela redução de gordura visceral, porém destaca-se
com síndrome metabólica e excesso de peso, no que a ingestão energética também foi menor nesse
entanto alterou alguns marcadores relacionados grupo. A redução na ingestão energética pode
a essa síndrome. A inclusão de GOS na dieta dever-se às mudanças ocorridas nos hormônios
reduziu as concentrações plasmáticas de colesterol relacionados à saciedade. No grupo da oligofrutose
total, triglicerídeos, insulina e proteína-C-reativa,e houve redução de 23% da área abaixo da curva
melhorou a função imune intestinal avaliada pelo (AUC) para grelina e aumento de 13% da AUC para
aumento da secreção de IgA e diminuição da PYY, sem mudanças significativas para o GLP-1,
calprotectina (marcador inflamatório intestinal) quando comparados os momentos iniciais e finais.
nas fezes.53 Apesar disso, não foram observadas mudanças na
A suplementação com GOS aumentou ainda o avaliação subjetiva do apetite. Com relação aos
número de Bifidobacterium nas fezes e reduziu as parâmetros metabólicos, o grupo suplementado
quantidades de Bacteroides spp. e C. hystolyticum, apresentou menores valores de glicose e insulina
no entanto não foram estabelecidas correlações pós-prandiais no teste de tolerância à refeição de
entre as alterações na microbiota intestinal e as 6 horas quando comparado ao grupo controle.
A oligofrutose não afetou as concentrações de
variáveis analisadas.53
lipídios séricos.
Tovar et al. (2012)54 também não relataram
Outros resultados positivos da ingestão de
benefício adicional da suplementação de inulina
prebióticos na obesidade em humanos foram relatados
(10 g/dia), combinada ou não com substituto
por Genta et al. (2009).57 Mulheres com excesso de
parcial de refeição, na promoção da perda de peso
peso e leve dislipidemia foram submetidas a um
em mulheres com excesso de peso submetidas a
programa de perda de peso durante 120 dias (dieta
dieta de baixa caloria. Porém vale ressaltar que
hipocalórica + atividade física); aquelas que tiveram
a ingestão de inulina, sem estar associada ao
o xarope de yacon incluído em sua alimentação
substituto de refeições, foi capaz de reduzir em
nesse período (quantidade suficiente para fornecer
20% as concentrações séricas de triglicerídeos.
0,14 g de FOS/kg de peso/dia) tiveram maior
Da mesma forma, Luis et al. (201055; 201156) redução de peso corporal, IMC e circunferência
observaram apenas mudanças no perfil lipídico da cintura. Em relação às variáveis bioquímicas,
de pacientes obesos pelo consumo de biscoitos esse grupo de mulheres apresentou redução nos
enriquecidos com prebióticos. No primeiro valores de HOMA-IR, insulina de jejum e LDL-c.
estudo, os pacientes foram orientados a consumir Os autores ressaltam que esses resultados não
oito biscoitos enriquecidos com inulina por dia podem ser atribuídos exclusivamente aos FOS
(3 g/dia) durante um mês. Após o período de presentes no yacon. Outros componentes desse
intervenção, observou-se redução significativa de tubérculo, tais como os compostos antioxidantes,
colesterol total e LDL-c no grupo suplementado, podem ter contribuído para esse desfecho.
sem modificações nas outras variáveis bioquímicas Os prebióticos parecem ser ferramentas
e antropométricas avaliadas.55 No segundo estudo, promissoras na estratégia nutricional para a redução
os pacientes ingeriram dois biscoitos enriquecidos do risco da obesidade e comorbidades associadas
com inulina por dia (2 g/dia), frutoligossacarídeos ou como coadjuvante no tratamento dessa condição
(FOS) (3,1 g/dia) e ácido α-linoleico (3,2 g/dia), clínica. No entanto, ainda não existem evidências
com redução significativa de colesterol total, LDL-c suficientes para a recomendação desses compostos
e proteína-C-reativa apenas entre os pacientes para fins de redução de peso, aumento da saciedade
obesos do sexo masculino.56 e melhora do metabolismo de lipídios e glicídios.58
Parnell e Reimer (2009)21 relataram efeitos Existem vários tipos de ingredientes alimentares
benéficos da suplementação com oligofrutose que são prebióticos em potencial e que devido a
(21 g por 3 meses) a indivíduos com excesso de diferenças em sua estrutura química impactam de
peso ou obesos, independente de mudanças no forma diferente a microbiota intestinal e, portanto,

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também exercem efeitos metabólicos diferentes. com humanos não são suficientes para comprovar
São necessários mais estudos, principalmente em tais benefícios. Esse fato pode estar relacionado à
humanos, para investigar tais diferenças e elucidar dificuldade de controlar a ingestão desses compostos,
os mecanismos pelos quais os prebióticos exercem à duração dos estudos, a diferenças metabólicas
seus benefícios. entre os estágios de vida e entre os gêneros, além
de a peculiaridades nos hábitos alimentares e no
COMENTÁRIOS estilo de vida. Dessa maneira, diante do potencial
Estudos realizados com animais evidenciam benefício de prebióticos e probióticos na obesidade
efeitos favoráveis de prebióticos e probióticos na e da presença cada vez maior dessa doença crônica
modulação da microbiota intestinal e nas alterações na população mundial, é necessária a realização de
metabólicas na obesidade. Porém, os estudos realizados mais estudos sobre o tema.

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Frota KMG: Profa. Doutora do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Soares NRM: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Muniz VRC: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Fontenelle LC: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Carvalho CMRG: Profa. Doutora do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Local de realização: Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
Fonte de financiamento: este artigo foi desenvolvido a partir de financiamento próprio.
Declaração de conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflito de interesse.

Recebido: Ago. 19, 2014


Aprovado: Mar. 29, 2015

Nutrire. 2015 Aug;40(2):173-187 187

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