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RESUMO
INTRODUÇÃO MÉTODO
A obesidade é uma doença crônica não O levantamento bibliográfico foi realizado na
transmissível estreitamente relacionada a comorbidades, base de dados Pubmed incluindo artigos publicados
como síndrome metabólica, diabetes e doenças no período de 2009 a 2014 nos idiomas inglês,
cardiovasculares.1 Além disso, a sua crescente português e espanhol, considerando-se originalidade
prevalência em todo o mundo evidencia que é e relevância além de rigor e adequação do desenho
um dos principais problemas de saúde pública experimental. Foram utilizados na busca os seguintes
atualmente.2 descritores: obesity, gut microbiota, probiotic e prebiotic.
O estado obeso é resultado de um efeito Inicialmente obtiveram-se 207 artigos e após a
prolongado do desequilíbrio entre ingestão e gasto análise dos critérios de inclusão (ensaios clínicos
de energia, o que acarreta em acúmulo excessivo de controlados e randomizados, ensaios biológicos e
gordura corporal. A regulação do apetite e do peso estudo de caso-controle, artigos com texto completo,
corporal é realizada por hormônios e peptídeos estudo com humanos e animais) foram incluídos
sintetizados nas células da mucosa intestinal, nos 36 artigos originais e 12 revisões atuais. Além disso,
órgãos gastrointestinais, nos tecidos periféricos utilizaram-se 10 artigos anteriores ao ano de 2009
e no sistema nervoso central. Em curto prazo, para complementar as discussões sobre o assunto.
o controle da ingestão de alimentos é realizado O levantamento bibliográfico abrangeu 13 ensaios
por vias de sinalização que emanam do trato clínicos controlados e randomizados, 19 ensaios
gastrointestinal, através de peptídeos orexígenos biológicos, 3 estudos de caso-controle, 1 estudo
como a grelina, que provocam sinais de fome, e de coorte e 12 revisões atuais.
peptídeos anorexígenos como a colecistocinina,
REVISÃO
o glucagon like peptide 1 (GLP-1) e o peptídeo
tirosina tirosina (PYY), que geram os sinais de Alterações na microbiota intestinal de obesos
e suas repercussões metabólicas
saciedade. Enquanto no controle da ingestão
em longo prazo os sinais que emanam do tecido Composição da microbiota e desenvolvimento da
adiposo e do pâncreas, através de hormônios como obesidade
a leptina e a insulina, parecem atuar ativamente na O intestino humano aloja trilhões de bactérias,
deposição de gordura corporal.3 muitas das quais desempenham papel-chave na
A obesidade é também considerada uma condição digestão dos alimentos ao torná-los assimiláveis
inflamatória crônica subclínica, caracterizada pela pelo organismo.6,7 De acordo com Pistelli e Costa
produção de citocinas pró-inflamatórias e adipocinas (2010)8, o desenvolvimento da obesidade nos seres
que contribuem para as alterações metabólicas humanos pode ser influenciado pelas proporções
que ocorrem nos indivíduos obesos.4 Estudos relativas de dois filos principais de bactérias da
recentes têm associado a microbiota intestinal microbiota intestinal, os bacteroidetes e as firmicutes,
ao estado inflamatório que ocorre na obesidade, sugerindo que a atividade metabólica delas pode
sugerindo que alterações na sua composição e na facilitar a extração e estocagem das calorias ingeridas.
sua diversidade em obesos podem desempenhar Os bacteroidetes e as firmicutes constituem 90%
papel importante no desenvolvimento de desordens das bactérias existentes no intestino do homem, tal
metabólicas. Dessa forma, a evidência de que a como no do rato, e a proporção de bacteroidetes
composição da microbiota pode ser diferente entre é menor em obesos do que em magros.6,7
indivíduos magros e obesos reforçou a hipótese A pesquisa de Jumpertz et al. (2011)9 mostrou que
da sua influência na fisiopatologia da obesidade.5 a disponibilidade de diferentes nutrientes provoca
mudanças na composição da microbiota, além disso
OBJETIVO
evidenciou o papel da microbiota na absorção de
O presente estudo teve como objetivo revisar nutrientes. Nesse sentido, a microbiota tanto de
a literatura referente aos efeitos de probióticos humanos como de animais pode ser modificada
e prebióticos nas alterações metabólicas e da através da dieta, de modo que a ingestão de calorias
microbiota intestinal de indivíduos obesos. em excesso promove a proliferação de bactérias
do filo firmicutes, as quais permitem a extração Os AGCC podem ainda interagir com o
de nutrientes com maior eficiência. Outro estudo receptor Gpr41 nas células enteroendócrinas
mostrou que uma dieta rica em gorduras e pobre (Figura 1). Essa ligação induz a liberação de PYY,
em fibras, indutora da obesidade, está associada a homônio que inibe a motilidade intestinal, aumenta
relevantes alterações na microbiota do intestino o trânsito intestinal e reduz a extração de energia
distal de camundongos, sugerindo que a atividade dos componentes da dieta.17
metabólica dos micro-organismos intestinais pode
Dessa forma, baixas concentrações de PYY
gerar derivados lipopolissacarídeos que atuariam
circulante estão associadas ao desenvolvimento e
como um gatilho no desencadeamento da resposta
manutenção da obesidade. Estudo em camundongos
inflamatória, contudo essas alterações metabólicas
que não expressavam PYY mostrou que eles
podem ser reversíveis.10
tornaram-se hiperfágicos e obesos. No entanto,
Microbiota e regulação de interações entre a administração crônica de PYY nesses animais
ácidos graxos de cadeia curta e receptores reduziu a adipogênese. Quando os camundongos
ligados à proteína-G foram geneticamente modificados para apresentarem
As fibras solúveis consumidas na dieta são altos níveis de PYY circulante, o resultado foi
digeridas em ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) maior resistência à obesidade induzida pela dieta,
– como o acetato, o butirato e o propionato – por comprovando que a capacidade da microbiota de
reações de hidrólise e fermentação, catalisadas alterar a produção e atividade do PYY configura‑se
por enzimas derivadas da microbiota intestinal.11
Nesse sentido, Lin et al. (2012)12 demonstraram
que os AGCC estimulam na microbiota a produção
de hormônios capazes de influenciar o controle
da ingestão, sugerindo que a microbiota intestinal
modula o metabolismo energético de acordo com
a qualidade da ingestão alimentar.
Isso ocorre porque após a clivagem das fibras
alimentares em AGCC, esses são absorvidos por
difusão passiva e atuam como sinalizadores para
a sua ligação a receptores acoplados à proteína-G,
como o Gpr41 (G-protein coupled receptor 41) e
o Gpr43 (G-protein coupled receptor 43).13 Esses
receptores estão expressos em muitas células,
inclusive células epiteliais do intestino, adipócitos
e células imunes.14
A ativação do receptor Gpr43 nos enterócitos,
pela sua ligação com AGCC, promove a secreção
do hormônio anorexígeno GLP-1, que melhora
a sensibilidade à insulina. Além disso, essa mesma Figura 1. Interação entre AGCC e receptores Gpr43 e
interação nos adipócitos sinaliza a supressão de Gpr41. (1) Bactérias intestinais interagem com carboidratos
complexos da dieta produzindo AGCC por hidrólises e
insulina, prevenindo o acúmulo de gordura.15
fermentações; (2) A ligação entre o AGCC e o receptor
A Figura 1 ilustra esses mecanismos. Gpr43, nos enterócitos, promove a liberação de GLP-1,
Nesse sentido, Dewulf et al. (2011)16 demonstraram aumentando a sensibilidade à insulina; (3) A ativação do
que a administração de prebióticos em camundongos Gpr43 pela interação do AGCC com ele, no adipócito,
suprime a liberação de insulina, inibindo o estoque de
alimentados com dieta hiperlipídica foi capaz de gordura no tecido adiposo; (4) A ligação entre AGCC e o
modular a expressão de Gpr43 e, dessa forma, receptor Gpr41 aumenta a liberação de PYY, reduzindo
controlar a adiposidade. o desenvolvimento da obesidade.
boa estratégia para auxiliar no tratamento da Contudo, quando ambos foram alimentados com
obesidade.18 dieta ocidental, apesar da elevada ingestão de
Outros estudos também ressaltam a importância lipídios e glicídios, os animais germ-free apresentaram
dos hormônios GLP-1 e PYY no intestino, mostrando aumento da oxidação lipídica, o que pode ser
que o aumento na sua secreção favoreceu a redução atribuído ao seu genótipo magro. Os pesquisadores
da resistência à insulina e o funcionamento das concluíram que os micro-organismos intestinais
células beta pancreáticas19 e a modulação desses podem suprimir a atividade da AMPK e facilitar a
hormônios pelos prebióticos reduziu o apetite e ação da LPL, elevando a predisposição à obesidade
a resposta glicídica pós prandial.20-23 e a resistência à insulina.24
Ratos germ-free
Ratos germ-free:
Ratos com micro-organismos 31
< gordura corporal (40%)
Dieta: Não especificada
Ratos com baixa expressão do receptor Gpr43 no Ratos com baixa expressão do receptor tornaram-se
tecido adiposo obesos, mesmo consumindo uma dieta normal
Ratos com elevada expressão do receptor Gpr43 no Ratos com elevada expressão do receptor 14
lipídios38. Os autores atribuíram esses benefícios que as mulheres que receberam dieta com restrição
ao fato de o probiótico aumentar a produção de energética associada ao probiótico conseguiram
um ácido graxo de cadeia curta, o butirato, que perder mais peso e mantê-lo mesmo depois de
estimula a liberação do hormônio GLP-1 pelas cessada essa condição. Tais autores sugerem mais
células intestinais, o qual age no hipotálamo estudos para verificar os benefícios dos probióticos
promovendo a sensação de saciedade, além de no balanço energético.
favorecer a liberação da insulina e maior captação O Quadro 2 sintetiza os estudos que evidenciam
da glicose.37,38 a participação dos probióticos na modulação da
Estudo utilizando suplementação com prebióticos microbiota intestinal e no controle de alterações
e probióticos, produto conhecido como simbiótico, metabólicas e inflamatórias na obesidade.
em indivíduos com síndrome metabólica com duração Dessa maneira, os resultados são controversos
de 28 semanas mostrou melhora do perfil lipídico com relação aos efeitos dos probióticos nas
e de marcadores inflamatórios, além de redução da alterações metabólicas e da microbiota intestinal na
resistência à insulina e dos níveis de glicose circulante. obesidade. Interessante observar que os estudos que
Os autores atribuíram tais resultados ao fato de não encontraram resultados positivos no uso dos
esses compostos modularem a microbiota intestinal probióticos são aqueles realizados com humanos,
e assim interferirem positivamente na absorção de não se comprovando os benefícios verificados nos
carboidratos. Além disso, demonstraram que os estudos em animais. Tal fato pode estar associado
probióticos modulam a microbiota intestinal ao à dificuldade de se controlar a ingestão adequada
reduzirem o número de bactérias patogênicas e do probiótico utilizado pelos participantes, de se
suas toxinas e, consequentemente, a produção de obedecer às condições de armazenamento, para
citocinas pró-inflamatórias.39 evitar perda das cepas e comprometimento do seu
Por outro lado, em estudo de suplementação efeito biológico, a diferenças metabólicas entre os
com Lactobacillus casei Shirota em indivíduos estágios da vida e os gêneros, a particularidades
com síndrome metabólica durante 12 semanas nos hábitos alimentares e estilo de vida, além de
identificou-se alteração significativa apenas nos ao período de duração do estudo.
níveis plasmáticos da molécula de adesão celular
vascular solúvel-1 (sVCAM-1). O uso do probiótico Efeitos dos prebióticos na obesidade
não afetou de maneira significativa os parâmetros Os prebióticos são ingredientes fermentados
LDL-oxidada, TNF-α, interleucina 6 e função seletivamente que promovem alterações específicas
endotelial, além de não melhorar a resistência à na composição e/ou na atividade da microbiota
insulina.40 gastrointestinal e assim são capazes de conferir
De maneira similar, estudo de intervenção em benefícios à saúde do indivíduo.44 Ademais, têm sido
adolescentes obesos utilizando probióticos contendo investigados os efeitos da ingestão de prebióticos na
a cepa Lactobacillus salivarius não mostrou efeito homeostase energética e na regulação da saciedade
significativo em marcadores inflamatórios e para relacionadas à redução do risco de obesidade e
síndrome metabólica nessa população.41 Essa mesma desordens metabólicas associadas.45
cepa foi utilizada em outro estudo com mulheres Estudos realizados em modelos animais de
obesas grávidas, as quais receberam suplementação obesidade genética ou induzida pela dieta mostram
com o probiótico entre a 24ª e a 28ª semana de que os prebióticos podem reduzir o ganho de peso
gestação, não havendo diferença no perfil lipídico, e a massa gorda, melhorar a tolerância à glicose, a
na glicemia de jejum e no desfecho da gestação função da barreira intestinal, modular o metabolismo
quando comparados aos do grupo controle.42 lipídico, diminuir o estado inflamatório e regular a
Sanchez et al. (2014)43 também não observaram produção de peptídeos intestinais pelo efeito trófico
mudanças significativas nos parâmetros inflamatórios que promovem à mucosa (Quadro 3).16,20,22,46-51
e metabólicos em indivíduos obesos de ambos Os mecanismos pelos quais os prebióticos
os gêneros suplementados com Lactobacillus podem promover esses benefícios à saúde na
rhamnosus por 24 semanas. Porém constataram obesidade ainda não estão totalmente elucidados.
Duração: 12 semanas
Adolescentes obesos
Suplementação: Lactobacilus salivarius Sem efeitos significativos 41
Duração: 12 semanas
Gestantes obesas
Suplementação: Lactobacilus salivarius Sem efeitos significativos 42
Duração: 4 semanas
Indivíduos obesos
Suplementação: Lactobacilos rhamnosus Sem efeitos significativos 43
Duração: 24 semanas
Uma das possíveis hipóteses seria a redução da gorda induzido pela dieta. Em modelo de obesidade
ingestão energética (decorrente da diminuição endócrina, ratas ovariectomizadas suplementadas
da densidade energética das refeições promovida com amido resistente tipo 2 apresentaram menor
pela adição de prebióticos), que levaria à perda de ganho de peso e menor quantidade de gordura
peso com consequente melhora nos parâmetros abdominal quando comparadas aquelas que foram
metabólicos e inflamatórios. No entanto, alguns submetidas a mesma cirurgia, mas que não tiveram
estudos mostraram redução do ganho de peso a alimentação enriquecida com o prebiótico.50
e de massa gorda mesmo quando não houve Diante desses achados, foi proposto que os
diferenças na ingestão energética entre o grupo prebióticos poderiam exercer seus efeitos antiobesidade
suplementado com prebiótico e o grupo controle.16,46,50 pela modulação da adipogênese. Dewulf et al.
A suplementação de arabinoxilana (carboidratos (2011)16 observaram que a suplementação a dieta
não digeríveis presentes no trigo) a camundongos de camundongos obesos com ITF aumentou a
obesos reduziu em 40% o ganho de peso.46 De modo lipólise no tecido adiposo subcutâneo, reduziu
semelhante, Dewulf et al. (2011)16 observaram que os níveis de RNAm de Gpr43 e modulou a
a suplementação de frutano tipo inulina (ITF) foi ativação do receptor ativado por proliferadores
capaz de neutralizar o efeito do aumento de massa de peroxissoma gama (PPARγ), com consequente
Quadro 3. Continuação...
Caracterização do estudo Efeitos Referências
↑ Bifidobacterium spp.
↓ Lactobacillus spp.
Camundongos C57bl6/J Obesidade ↓ Ganho de peso e massa gorda
induzida por dieta HF ↓ RNAm FIAF
Suplementação: Oligossacarídeos de ↓ Resistência à insulina e insulinemia 48
Ratos JCR:La-cp
Obesidade genética (cp/cp) ↑ Bifidobacterium spp., Bacteroides/Prevotella spp., Lactobacillus
Suplementação: Insulina e spp., Clostridium leptum e Enterobacteriaceae
21
oligofrutose ↑ Peso e comprimento do ceco/cólon
(10% e 20%) ↑ PYY e RNAm do proglucagon
Duração: 10 semanas
redução da expressão da proteína ligadora de ácidos captação e diferenciação dos adipócitos e, portanto,
graxos (FABP/ap2), da LPL, e da proteína alfa de apresentaram correlação positiva com o tamanho
ligação à sequência CCAAT (C/EBPα), de modo deles, com exceção da LPL. Neyrinck et al. (2011)46
que os níveis de RNAm de Gpr43, FABP, LPL também verificaram menor síntese e captação de
e C/EBPα se igualaram aos valores observados ácidos graxos pela diminuição da atividade da ácido
no grupo controle (camundongos não obesos). graxo sintase (FAS) e da LPL, respectivamente,
Essas proteínas estão envolvidas nos processos de além de redução na expressão de vários genes
também exercem efeitos metabólicos diferentes. com humanos não são suficientes para comprovar
São necessários mais estudos, principalmente em tais benefícios. Esse fato pode estar relacionado à
humanos, para investigar tais diferenças e elucidar dificuldade de controlar a ingestão desses compostos,
os mecanismos pelos quais os prebióticos exercem à duração dos estudos, a diferenças metabólicas
seus benefícios. entre os estágios de vida e entre os gêneros, além
de a peculiaridades nos hábitos alimentares e no
COMENTÁRIOS estilo de vida. Dessa maneira, diante do potencial
Estudos realizados com animais evidenciam benefício de prebióticos e probióticos na obesidade
efeitos favoráveis de prebióticos e probióticos na e da presença cada vez maior dessa doença crônica
modulação da microbiota intestinal e nas alterações na população mundial, é necessária a realização de
metabólicas na obesidade. Porém, os estudos realizados mais estudos sobre o tema.
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INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Frota KMG: Profa. Doutora do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Soares NRM: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Muniz VRC: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Fontenelle LC: Mestranda do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Carvalho CMRG: Profa. Doutora do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição, UFPI.
Local de realização: Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
Fonte de financiamento: este artigo foi desenvolvido a partir de financiamento próprio.
Declaração de conflito de interesse: Os autores declaram não haver conflito de interesse.