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esponsatiace esti! Flaca Prantl = Aasitenci etna rene Catarina gto Feralape Bit. Preparacio roberta vio evisso Maron de Lis Abert MatheusResigues de Camargo Supeniso de damramars0 7 “eae Siva Cocedenacso de sre Mana do Cu Pes asta Disormacso ken Coppin Cains Programas visual de cops vere Lato | editora scipione | oft iene a ce ca6- Sho Pao ‘vuLcagko a, (ott) 3860-810, VENOAS, ‘a, cox) 3880-1768, sex spon com br emai copene@scpore comb: Boeke agua ecitoat ‘rete Gongales Fhe ‘Choa do revzso Mien de Cann Aes Cooedonacso goa de ate Serpotutala Surat iso de ate 2008 igen 05-262 5607%- AL IsaN 262626000 -PR PEDIGEAD 3" impressio Impresioe Acabamento: ANGRAF Prefacio Mirese tha vida abri caixas de pa- pelio e mergulhei intensamente em outros tempos e espagos que ali ficavam guardados na forma de fotografias. Naqueles momentos, sentia ‘um imenso prazer em imaginar as cenas, as vidas, 08 didlogos, os sustos, as festas, os medos € tantas outras coisas que estavam escondidas pelos con- tornos daqueles papéis quadrados, retangulares, as vezes ovalados, que alguém, por algum motivo, havia decidido guardar, “Vida recortada”, eu pensava. Mas nunca imagi- nei, até hd alguns anos, que aqueles papéis guar- dados, que eu espalhava no chio compondo mosaicos em preto-e-branco, quebrados uma ver ou outra por cores um pouco desbotadas, pudes- sem ocultar também vestigios de outra Histéria, esta, sim, com letra maitiscula. Como professora de ensino fundamental, no pensava nessas fotos como “documentos” que poderiam ser usados nas aulas, como pontos de partida para a producio de conhecimento. A com- preensio de que a Hist6ria pode set ensinada por meio deles provocou uma mudanga importante na minha vida profissional — pessoal também. Outras leituras, outros debates, outros projetos desenvolvidos e aquela Hist6ria distante, fragmen- tada € desarticulada — que resultara do meu pro- cesso de escolarizacio — foi sendo reescrita, len- tamente ganhou novos significados em minhas experiéncias, em minhas memGrias, em meus conhecimentos. As idéias apresentadas por Maria Auxiliadora Schmidt ¢ Marlene Cainelli neste livro esto forte- mente relacionadas com 0 que descrevi e, acret to, poderao contribuir para que novas priticas de O saber e o fazer . histé6ricos em sala de aula <{&°, O PROFESSOR DE HISTORIA E O e/ COTIDIANO EM SALA DE AULA ‘0880s. adolescentes também detestam a Histé- Note Vottamine 6dio entrankado dela se vin MENDES, 1935, p.41. c gam sempre que podem, ou decorando 0 minimo de conhecimento que © ponto exige ou se valendo lestamente da cola para passar nos exames, Demos ampla absolvicio a juventude. A Historia como thes € ensinada é, realmente, odiosa E dessa forma que a historiadora Elza Nadai ini- ciava seu texto sobre a trajet6ria do ensino da Histéria no Brasil e completava indagando: NADAI, 1992/1993, p. 143. > —‘Terio 0 estudantes superado a idéia de que a Historia como € ensinada é realmente odiosa, © 08 professores, partido para a organizagic de outras priticas pedagégicas mais significativas? A interrogacdo suscitada pressupde uma refle- io acerca da predominancia, ainda hoje, de uma metodologia do ensino da Histéria baseada na repeti¢ao enfadonha dos contetidos pelos alunos. Pelo que parece, pode-se verificar uma mudanga na forma de pensar o ensino de modo geral e 0 ensino da Hist6ria em particular. Essas mudangas esto sendo mediadas por um conjunto de fatores que rompem a sala dé aula, estimulando a constru- 40 € © compartilhamento de contetidos por pro- fessores alunos. Assim, 0 que se procura é uma pritica docente distanciada o mais possivel da ima- gem do “professorenciclopédia’, detentor do saber, buscando a construgio de um “professor consultor’, que contribui para a construcio do conhecimento de seus alunos em sala de aula. £ na sala de aula que se realiza um espeticulo cheio de vida € sobressaltos. Cada aula € Gnica. Nesse espetaculo, a relagio pedagégica é, por esséncia, plural; uma relagio em que “o professor fornece a matéria para raciocinar, ensina a racioci- nar, mas, acima de tudo, ensina que 6 possivel raciocinar’ Nesse sentido, 0 professor de historia ajuda o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho neces- srias para aprender a pensar historicamente, 0 saber-fazer, 0 saber-fazer-bem, lancando os germes do hist6rico. Ele € o responsivel por ensinar a0 aluno como captar € valorizar a diversidade das fontes ¢ dos pontos de vista histéricos, levando-o a reconstruir, por adugio, 0 percurso da narrativa hist6rica. Ao professor cabe ensinar ao aluno como levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de hist6ria, temas e problemiticas em narrativas hist6ricas, Ensinar Histéria passa a ser, entio, dar condi- Ges ao aluno para poder participar do processo de fazer 0 conhecimento hist6rico, de construi-lo. © aluno deve entender que conhecimento histé- rico nao € adquirido como um dom, como comu- ‘mente ouvimos os alunos afirmarem. O aluno que declara “eu nao sirvo para aprender Histéria” evi- dencia a interiorizacdo de preconceitos ¢ incapaci- “2 SNYDERS, 1995, p, 109. A aula de historia é 0 ‘momento em que, ciente do ‘conbectmento que possus, © professor pode oferecer a seu aluno a apropriacao do ‘conbecimento bistorico por um esforco e uma atividade ‘com a qual ele retome a ‘atividade que edificou ‘esse conbecimento, INRP, 1989, p. 14, [Traduca das autoras.] dades nao resolvidas. Ele deve entender que 0 co- nhecimento hist6rico nao é uma mercadoria que se compra bem ou mal. Assim, a aula de histéria € 0 espago em que um ‘embate € travado diante do proprio saber: de um lado, a necessidade de 0 professor ser 0 produtor do saber, de ser participe da produgio do conhe- Cimento hist6rico, de contribuir, pessoalmente, para isso; de outro, a opgio de se tornar tio so- mente eco do que ja foi dito por outros. A sala de aula nao & apenas o espago onde se transmitem informagdes, mas 0 espago onde se estabelece uma relacio em que interlocutores constroem significagdes e sentidos. Trata-se de um espetéculo impregnado de tensdes, no qual se torna insepardvel o significado da relagio entre teoria e pratica, entre ensino € pesquisa. Na sala de aula, evidenciam-se, de forma mais explicita, os dilaceramentos da profissio de professor e os embates da relacio pedagégica. No tocante ao fazer hist6rico € ao fazer pedagé- gico, um dos desafios enfrentados pelo educador na sala de aula € 0 de realizar a transposicio didatica dos conteiidos e do procedimento hist6- rico. A transposigio diditica € {..] um processo de transformacio ciensfica, didi ‘ea até sua tradugio no campo escolar. Ela permite pensar a transformacio de um saber cientifico © social que afeta os objetos de conhecimento em um saber a ensinar, tal qual aparece nos programas, manuais, na palavra do professor, considerados nio somente cientificos. |... 1ss0 significa, entdo, um verdadeiro processo de criagio € nio somente de simplificagio, redugao. [.] Necessitam ser esclarecidas algumas questoes referentes ao processo de vivencia da transposica0 didatica pelo professor. E comum, no dia-a-dia do magistério, serem consideradas sindnimos determi- nadas palavras e expressdes, como procedimento hist6rico, método ou abordagem didatica, técni- cas de ensino, recursos didaticos, materiais estratégias de ensino. Todas elas, é claro, referem- se a um conjunto de agdes necessarias as ativida- des didaticas que nao tém o mesmo significado. Btimologicamente, a palavra método vem do qT grego méthodos — meta, “através” e hodés, “cami- ho". Em didtica, essa palavra pode significar os meios colocados em pritica, racionalmente, para obtencaio de um resultado determinado. No ensino da Historia, esses mencionados meios podem ser. relacionados, também, com a aplicagao de méto- | dos de aprendizagem por repeticao ou por desco- brimento, métodos etnogrificos ou descritivos, . métodos de resolucio de problemas, como 0 estu- do de caso, e 05 métodos de investigacao. © conceito de método € mais amplo que o de técnica. Esta é 0 instrumento ou a ferramenta para © proceso de ensino-aprendizagem. Trata-se, igualmente, de um recurso didatico, como a utili- za¢ao de um filme por meio de sua exibicao pelo videocassete. Recursos 530 0s materiais dispont ativa do saber-fazer © das informacées, presenta evidentes limites metodolégi- ‘cos, Mesmo que se apSie sobre uma pro- blematica eficaz e respeite as exigéncias de clareza na exposicio, a aula magisteal sempre mantém o aluno numa posiclo de assistente. Nada indica que ele possa reproduzir os conhecimentos numa situa- ao diferente daquela da aula. Muito liga- da 3 concepgio descrtiva da Histéria, essa exposigao propicia 20 professor deri var para uma perspectiva factual do pas- sado, que passa a ser lido com base em ‘um modelo determinista, rela Geant Muito usada no ensino fundamental, no terceiro € no quarto ciclos, esta exposicio consiste em fazer o aluno participar, de fessor realiza questionamentos, que sho 0 forma constante, da aula. Interrogado com —_coragio desse método, o que o leva a res. questées individuais ou coletivas, mobili- ponder rapidamente a suas ptoprias inter- zado no contexto de comentirio de docu- _rogagées sem deixar tempo 40s. alunos mentos ou no planejamento, o aluno € para reflexdes ¢ sem retomar seus even. do a ganhar a participacio ¢ o interesse de seus alunos. Na maioria das vezes, 0 pro- veis para a acao didatica. Entre eles, esto os refur- sos humanos, dentre os quais se destaca 0 profes- sor. Podem ser denominadas estratégias de ensi- no todas as formas de organizar 0 saber, didatica- mente, por meios como 0 trabalho em grupo ¢ a aula expositiva, Em relagao a transposicio didatica do procedi- mento hist6rico, procura-se uma significac na sala de aula, da ati- rente. Busca-se a realizacé 0 dife- vidade do historiador, a articulagio dos elementos constitutivos do saber hist6rico com os do fazer pedagégico. Assim, 0 objetivo € fazer 0 conheci- mento histérico ser ensinado de tal forma que dé a0 aluno condigdes de participar do processo do fazer, do contar e do narrar a histéria. s principais métodos ou as principais maneiras, de ensino na sala de aula sio a aula ou a exposi- io magistral, a aula ou a exposicao dialogada, ¢ a exposicio construtivista. ‘Trata-se de um método tradicional, que permite transmitic muitas informacdes fem pouco tempo. Dirigido a alunos motivados, mobiliza perfeitamente os pré-requisitos nocionais ¢ metodolégi- os. £ mais utilizado nos ensinos médio superior. Além da magia da voz, 0 pro- fessor também pode fecorrer a’ alguns documentos para atrair a atencio. dos alunos e ilustrar seus propésitos. Mas fesse método, que privilegia a transmissio do conhecimento em lugar da aquisi¢lo 32 levado a empregar ativamente os conheci- ‘mentos informativos ou metodolégicos adquiridos em trabalhos anteriores. Atra- tivo por ter cariter interativo, que dia impressio de a classe participar da cons- trugéo de seu proprio saber, esse método tem limites, Ele pressupde, para ser eficaz, plena colaboracio da classe, que, muirac veres, prefere assistir, passivamente, is intervengdes do professor, o qual é obriga- © objetivo desta exposicao ¢ fazer 0 aluno ser 0 ator de sua formagao. Privilegiando auto-aprendizagem experimental em detrimento da transmissio de saber jf pro- duzido, esse método permite 20 aluno apropriar-se de processos intelectuais, Ele, igualmente, faz 0 professor levar em conta a classe real, e no aquela com que poss sonhar. Além disso, 0 professor trabalha baseado em problemas metodol6gicos ¢ Jacunas nocionais dos alunos, bem como explorando suas representagdes e expec: {ativas. Baseado ainda, mais que os prece- dentes, na exploragao de “suportes peda- 6gicos" (em especial nos documentos, chamados mediadores), esse método apre senta duas variantes: exposicio indutiva ¢ exposicio hipotético-dedutiva. A primeira vai do concreto ao abstrato ¢, com base ‘uais erros. Além disso, pode colocar ques- Wes fechadas que apelam a um tipo de ‘conhecimento, € no a uma reflexio, ou colocar questoes que niio passam ser iden- tificadas com um conjunto de problemiti- ‘as. Essa exposiclo traz.o risco de dar a0 aluno uma concepeio positivista da Hi téria, que significa mais a retituigio cole- tiva de uma pseudoverdade nistorica qu Feconstrucio hipotética do passado. tigress ‘em um comentitio de documento segu do regras precisas (observacio, classifica- ‘gio e estabelecimento de relicées), dirige- se a uma idéia geral, que produz 0 texto escrito. Fficaz sob 0 ponto de vista meto- dolégico, essa exposicio é discutivel do ponto de vista epistemol6gico, pois pres- ‘supde que o documento tenha uma verda- de objetiva, que firé um questionamento orientado, inevitavelmente, surgi. A expo- sigo hipotético-dedutiva supse a defini io preliminar de um modelo teérico explicativo, cuja exploragio de um ou mais documentos pode ou nio confirmar; ‘obriga, entZo, a elaboracio de uma nova grade de leituras. Esse procedimento € mais préximo do utilizado pelo historia- dor, que constréi seu conhseimento. por meio de questionamentos pre Esses métodos apresentam vantagens ¢ desvan- a — | tagens. E importante escolher 0 mais eficaz em | ‘autapeus 3 | fe eee eee aioe 10 | Qualquer que sea seu ipo, é No existe verdadeira produgo mas recomendacdes fundamentais, como: Dearie | 6 professor quem contola pelo uno. Ele passa cera © recusar exaustivamente a erudig&o em prol de. <1 0s tipos de abordagem ou | | dlzctamente 0 que ser regisrado. sensacio de que a Historia om cao dict Escolha métodes foram anaticades | Fuca tratamento de certos consiste em copia. Podem se | a Tecomposicae didética fundada na escolha PD fGIER, 2001. aspectos delicados ou polémicos. altenar fases de tomar nota, de de saberes e do saber-fazer essenciais, de docu- Prraducae das | ‘escutar explicagdes ou de i mentos esclarecedores e de problematicas per- —autoras,) manipular documentos. tinentes; * colocar o aluno, o mais possivel, em situagdes : fem que ele seja partcipante da construcio de Situacao de aulas seqiienciais seus saberes, pois o professor, hoje, naio mais da aula a classe, mas baseado nela ¢ com ela; ‘+ transmitir, com paixio e competéncia, 0 interes se por uma matéria indispensvel a formacio | de um cidadio esclarecido. © professor intercala explicagdes, atividades | producées de texto escrito, Certas fases podem ser dialogadas. | Com base nos métodos expostos, algumas situa- Eee pai | ges de sala de aula podem ser analisadas: f | Atividades com participagio dos Risco de desmobilizacio . a alunos. A variedade de situages —_indiferenga se o aluno no Situacdo de explicacao continua — classificagses baseadas ‘jn, | permite mais facilmente prendet a identificar claramente 2 relacdo tna trabao de SALINERO, atengio dos alunos. Possbilta entre a atividade e a produgio O professor conduz a explicagia com a auxilin FRANCOIS & THILLAY, 1996. © eselarecimentos © trocas entre cscrita. As fases subseytentes eventual de documentos; os alunos acompanham a | aluno € professor. devem ser bem preparadas. explicagao e copiam a ligao. | ores pod 7 _ © | Numerosos suportes podem ser Certos instrumentos. muito » | utilizados, © 0 retorno decorrente tempo e seu uso ultrapassa 10 ou 5 Fs) | de seu uso € imediato. Os temas 15 minutos, tempo que pode durar 7 - | trabalhados e os documentos uma sequéncia de trabalho do Registram, mas sem aprendizagem Possibilita “fazer ripido”, mas sem devem ser curtos, constituindo um aluno. Abordar um s6 aspecto de | | particular. Situacao tranqaila: suscitar atividades cognitivas nem conjunto particularmente coerente, determinado documento complexo | i fornece um conjunto coerente a0 _criar situagdes de esclarecimento. pode fragmentar a aprendizagem, aluno, que procura aprender e —__-Também nao possibilita fazer 7 reproduzic. emergir 0 saber-fazer © as © | Maneira de estar mais perto da__Exige grande trabalho de Aificuldades do aluno, atividade de cada aluno ede preparacao. B mas dif ser ‘ exercer seu papel nos momentos _realizada por professores iniciantes, r Documentos de natureza variada © contato entre 0 aluno © 0 de esclarecimento. Situagio menos podem ser utilizados pelo professor. documento € pouco ou quase fatigante, mas dificil de ser Para abordar documentos mais nenhum, realizada em classes numerosas. dificeis, é uma solucio perfeita, | Nesse caso, deve ser tio somente »ce Pode ser feita seguindo os mais __Dificuldade em divigir a | uma fase do trabalho, “ty | variados procedimentos. Mas deve _aprendizagem relacionada com a a sempre estar relacionada com as producto de texto eserito em © | Permite avancar com os programas, Atividade de ensino constante € atividades dos alunos ¢ limitar-se a seqiéncias equilibradas. A obstinaglo : concluit, se necessirio for, uma" particularmente fatigante. Assim, | ser produto de seu trabalho, em equilibrar a aprendizagem cosser lige, ou abordar um ponto essa situagdo ndo pode ser i durante cada sequéncia do curso | delicado, novo para os alunos. reproduzida em uma mesma classe nao deve conduzir a escolhas Situacio tranquila para 0 professor. de modo contumaz, artificiais € A monotonia. : L_ Situacao de trabalho com dossiés © professor, apés fornecer as regras aos alunos, orienta-os em seu trabalho sobre um dossié, que comportar, ou nao, produgio eserita, O aluno deve exereer grande esforgo durante um longo perfodo. Soas atitudes de desvio ou de ga Ga concentracio durante 3s avidades podem ser ap I | Intersompidas pelo professor. | Abordar todos 0s tipos de documentos e programar rnumerosas atividades. Os alunos + podem trabalhar em grupos ou {ndividualmente. Ambiente de "| classe bem livre: pode-se olhar um mapa, procurar ntim globo © terresire. Demonstra ser til para f © | remediar as lacunas ou a > 9 | inexisténcia de trabalhos em casa, Grande disponiblidade para ajudar | cada aluno a avancar, conforme Sia) | seu ritmo, Meio para conhecer : | cada aluno. oh ots | Uma revisdio em cada aula & cco ets | necessiria, Mas todos os tipos de produgio de texto escrito S40 possiveis. A medida que avance na producio, o aluno ou o grupo pode preparar um trabalho sobre a ligio com base em um plano e em regras dados pelo professor. Dificuldades em trabalhar com um. conjunto de documentos, de respeitar as regras, de procurar em livros. Essa situagio nao € tranqhila para 0 ahuno, mas rapidamente ele vai adquirindo a postura de recorrer 20 professor € Aaceitar nfo apenas respostas, mas indicagoes sobre como encontri-las. Essa situagio supde que © professor exija, se no os resultados, pelo menos um trabalho continuo, e demanda que ‘qaluno preste conta das atividades a cada intervalo regular das aulas. Exige grande trabalho de preparagio, supondo que 0 professor pesquise o que os alunos podem fazer, de forma razoavel, ‘em 30 minutos ou em uma hora As aulas no devem ser repetitivas para os alunos permanecerem ‘motivados. O que precisa ser retido, ou nio, deve ser indicado laramente no estatuto de cada documento ¢, no caderno, devem ‘ser registrados os elementos que precisarao ser retidos. A RELACAO DO METODO COM /@*, O ENSINO DA HISTORIA Com um episédio, pode-se refletir acerca de alguns caminhos metodol6; 6 possiveis, como 0 método indutivo € os indicios utilizados nesse método para chegar ao conhecimento hist6rico. Texto Zadig, 0 sibio da Babilénia, estava decepcionado com seu casa- mento € procurou se consolar com 0 estudo da natureza. Segundo ele, nin- guém poderia ser mais feliz do que “um fil6sofo que Ié o grande livro aberto por Deus diante dos nossos thos”. Fascinado por essas idéias, € como a esposa se tornara mesmo “dificil de aturar”, 0 sabio recolheu-se a uma casa de campo e nao se ocu- pou, por exemplo, em “calcular quan- tas polegadas de agua correm por segundo sob os arcos de uma ponte, ‘ow se no més do rato cai uma linha cUbica de chuva a mais que no més do cameiro”. Tais cilculos niio o cati- vavam; 0 que Ihe interessava era, sobretudo, o estudo das propriedades dos animais e das plantas. Zadig aca- bou adquirindo tal sagacidade que conseguia apontar “mil diferencas ‘onde os outros homens s6 viam uni- formidade”, (© moco entrou logo em apuros por causa disso. Certo dia passeava na orla de um bosque quando viu apro- ximarem-se, esbaforidos, um eunuco da rainha e virios oficiais. Os homens areciam a procura de alguma precio- sidade perdida. Com efeito, o eunuco perguntou a Zadig se ele no tinha visto o cachorro da rainha, que estava desaparecido; este respondeu-lhe ‘com uma correcao: tratava-se de uma cadela, e nao de um cachorro. E pros- seguiu: “E uma cachortinha de caca que deu cria ha pouco tempo; man- queja da pata dianteira esquerda € tem orelhas muito compridas”, “Viu-a ent2o?", tornou a perguntar, impacien- te, 0 eunuco. "Nao", respondeu Zadig, “nunca a vi e nem mesmo sabia que a rainha tinha uma cadela", Justamente naquela ocasiio, por um desses caprichos do destino, também 0 mais belo cavalo do rei fugira para as Campinas da Babild- nia. Os perseguidores do cavalo, tio esbaloridos quanto os da cadeta, en- contraram-se com Zadig © pergunta- ram-lhe se nao vira passar 0 animal O sabio respondeu, explicando: “£ 0 cavalo que melhor galopa Lua, tem 5 pés de altura © 08 cascos muito pequenos; sua cauda mede 3 ppés de comprimento ¢ as rodelas de seu freio sto de ouro de 23 quilates; usa ferraduras de prata de 11 dend- fos’ “Que caminho tomou ele?”, perguntou entio um dos oficiais do tei. "Nao sei’, respondeu Zadig, “no © vinem nunca ouvi falar nele", Zadig foi preso, suspeito de ter roubado a cadela da rainha ¢ 0 cava- lo do rei. Os animais, todavia, apare- ceram logo em seguids, livrando-se assim 0 mogo da acusaglo. Apesar disso, 0s juizes aplicaram‘the a multa — “por dizer que nao vira o que tinha visto”. Paga a multa, os magistrados finalmente resolveram ouvir as expli cagdes do sabio da Babilénia: LJ “Juro-vos [...] que nunca vi a respeitivel cadela da rainha, nem o sagrado cavalo do rei dos reis. Aqui esti 0 que me sucedeu: andava eu passeando pelo bosque onde depois encontrei © venerdvel eunuco e 0 muito ilustre monteiro-mor. Percebi na areia pegadas de um animal, e facilmente conclui serem as de um cio. Leves © longos sulcos, visiveis nas ondulagdes da areia entre os ves- tigios das patas, revelaram-me tratar- se de uma cadela com as tetas pen- dentes e que, portanto, devia ter dado cria poucos dias antes, Outros tragos em sentido diferente, sempre ‘marcando a superficie da areia a0 lado das patas dianteiras, acusavam ter ela orelhas muito grandes; e como, além disso, notei que as impressdes de uma das patas eram mais fundas que as das outras t2s, deduzi que a cadela da nossa augusta rainha man- uejava um pouco” [.} Atividade” Em seguida, Zadig explicou aos juizes admirados como, usando o mes- ‘mo método, fora capaz. de descrever 0 cavalo do rei sem té-lo jamais visto, CCHALOUB, Sidney. Visdes da LMberdade. Sto Paulo: Companhia das Letras, 1990. p48 Escolha um dos encaminhamentos metodol6gi- cos apresentados no texto e relacione-o com 0 método de ensino da Histéria. APLICANDO O METODO 2) EM SALA DE AULA * Proposta de aula recomendada para a 4. série Reprodugao fac-simite das pdginas 26 ¢ 27 da obra Historiar — fazendo, con- tando ¢ narrando a Historia. Sao Paulo: Scipione, 2000. u. 4, de onde esta pro. Posta foi retirada. Ouvindo histérias de outras épocas A inglesa Maria Grabam esteve no Brasil durante os anos de 1821 1823 e, no decorrer de suas viagens pelo nosso pais, escreveu um didrio em que relata, dia 4 dia, fatos interessantes que vivenciou 29 de setembro de 1823. Fui ao asilo de 6rfaos, que € também 0 hospital dos expostos, Os rapa- zes recebem instrucao profissional em idade adequada. As mogas recebem tum dote de 200 mil réis que, apesar de pequeno, as ajuda a se estabelece- rem, A casa € extremamente limpa, como também 0 sio as camas para as ctiangas expostas. Um melhoramento parcial jé foi feito e ainda mais amplia- ses deverdo ser realizadas. Ha grande falta de tratamento médico. Muitos expostos so colocados na roda, cheios de doengas, com febre ou, mais fre- dquentemente, com uma espécie terrivel de comichio, chamada sara, que Ihes ¢ freqientemente fatal GRAHAM, Maria. Didrio de uma sagem ao Brat Belo Horizonte: Kati Sao Palo: Esp, 199. p. 365. CURIOSIDADES ‘A “rod dos expostos” era um local onde as mulberes que ndo podiam criar seus filbos os detxavam para que fossem criados por outvas pessoas. O castume de det- sxar as criancas nas rodas foi razido pelos portugueses para o Brasil no séeulo XVI. Os governuntes erturumt 1 rod com 0 objet. soa v0 de salvar a vida de recémnascidos aban- donados. As maes, pelo lado de fora, deixa vam as criancas na roda, depots a giravam, ‘© assim a crianca era recolbida pelo lado de dentro. Isso ajudava a manter 0 anonimato de quem abandonawa as criangas, “Exposto” era o nome dado ds eriancas detvadas na roda, ‘Mulber colocando um recém-nascido . ‘na roda dos expostos. L_— Atividade Discuta com sua turma sobre as anotagdes do difirio de Maria Graham, Registre seu comentario sobre elas. r | | Proposta de aula recomendada para a 6.* série Registrando a Hist6ria da ‘Sociedade européia Na Buropa, a partir do século XIV, 0s histo- tiadores ja tinham encontrado documentos que indicavam a relaglo dos jovens ¢ das cria com © mundo do trabalho, _ No século XIV, na Franga, algumas jovens, ‘como Catarina de Siena (que veio a ser conheci- dda como Santa Catarina), filha de um tintureiro ¢ vigésima quarta de uma familia de 25 filhos, recu- saram-se a casar e foram obrigadas a trabalhar ‘como cozinheiras para as familias Nessa época, era comum as meninas cola- orarem nas atividades domésticas, fazendo o io, cozinhando, lavando ¢ arrumando a casa, ‘costurando e bordando. Isso acontecia nos dife- Fentes segmentos sociais, mas era comum nas familias mais pobres, como entre os camponeses Ao mesmo tempo, toda a vida dos jovens ¢ das ctiancas era controlada pelo pai. Fle dererminava até em que lugar deveria ser colocada a cama para os jovens dormirem. © pai decidia também ual era o oficio que os meninos deveriam seguir. No século XVIII, na Franca, as criancas, em sua maioria, ainda eram tratadas como adultos. Desde pequenas, eram colocadas como aprendi- es de algum oficio ou tinham de ajudar os pais ‘as tarefas cotidianas. Dessa forma, elas viviam a experiéncia € 0 ritmo do mundo do trabalho, com seus rigores ¢ suas imposigdes. Além disso, nas comunidades em que viviam, muitas criancas le- vavam recados e prestavam pequenos servicos. Assim, elas participavam tanto da vida publica — da comunidade — como da vida privada — da familia, Por volta do século XIX, em muitas familias francesas as criangas eram’treinadas para. as imposigdes e a disciplina do trabalho industrial, ajudando o pai e a mie nas atividades de tecela. ‘gem que eram realizadas pela familia. Na Franca, durante esse século, a indiistria artesanal de tece- lagem ainda reunia a maior parte do trabalho ‘operitio, Nessa familia-oficina, em que o lugar de ‘morada se confundia com o local de trabalho, a Acima e ao lado, reprodugiio facsimile das paginas 25, 26 e 27 da obra Historiar — fazendo, contando narrando a Historia ‘Sao Paulo: Scipione, 2002. v. 6, de onde esta proposta fot retinada: ordem do nascimento determinava 9 futuro dos filhos. Menino ou menina, 0 primogénito herds- ria a empresa familiar. Os outros poderiam, even- tualmente, estudar. Se fosse menina e se tornasse chefe da empresa familiar, coria 0 sco de ficar solteira por toda vida. ‘A tinica heranga que as familias operirias podiam deixar para os seus filhos era o emprego. ‘Assim, em muitas fabricas que surgiram na Pranga durante 0 século XIX, os pais procuravam empre- gar seus filhos ¢ ensinar a eles os macetes € os Segredos do oficio, Nas indstrias me‘alirgicas, as criangas atuavam primeiramente como serventes; depois, por volta dos doze anos, trabalhavam como ajudantes a0 lado dos afinadores de metal J4 no século XX, uma das transformagdes que se consolidaram no mundo do trabalho foi a sua passagem da esfera privada — do espaco cloméstico — para a esfera publica —o espaco da Fabrica. Assim, as regras, como aquelas relativas ao funcionamento aos direitos e deveres, torna: ram-se, gradativamente, constitutivas dos acordos coletivos No comego do século XX, havia uma gran- de diferenga entre trabalhar na propria casa Ou na casa dos outros. O ideal para uma jorem era ficar nna casa dos pais sem trabalhar. Se precisasse, 0 melhor era que permanecesse trabalhando na casa dos préprios pais, por exemplo, costurando por encomenda, Era somente nas cemadas mai baixas da escala social que as jovens iam traba- Thar fora de casa, na fabrica, na oficina ou na casa de alguém, como doméstica Ainda nessa época, trabalhar em casa tam- bém correspondia a outras duas situagdes distin- tas: trabalhar em casa para outra pessoa, como os trabalhadores em domieiio, ou teabalhar por conta propria, como 0s trabalhadores indepen- dentes, Entre muitas familias de camponeses, comerciantes ¢ artesios,a familia era uma unida: dde de producto, uma verdadeira célula econdmi- cca, Todos os seus membros eram mobilizados para trabalhar na lavoura, no artesanato ou no comércio, partcipando da producto. Assim, no ‘campo, 0s meninos ajudavam os velhos a levarem fs “vacas para pastat", as meninas trabalhavarn m0 estabulo ¢ nos galinheiros. Toda a familia ajudava 4 tocar 0 sitio 00 Ioja, Esse tipo de familia de- sempenhava um papel determinante na educagio das crlancas-e dos jovens ‘Com 0. desenvolvimento ea expansio do trabatho externo (fora de asa) © assalaiado, a famfia fol per dendo essa funga0’ econdmica, 0 Que diminuit tambem parte da respons bilidade de educar 0s filhos, que foi assumida pela escola, Baseado om: DUBY, Georges, Quadros: 2 vids pvt dos notes canoe tn: DUBY, Corps (Ong) Miia Prinada™ de Burp foal Roasenca Sto Pau Comptia das Ler, 190. 2.9.28; PARGR, Ate Fula hor 2 signe CHARTER Roger (Org). Hie seve prvade da Renee o Sle es ser Sso Pv Compan ay ete, 1991.» 5p. 597-9; PNROT: Nhe ‘A joente oper Dns iin Inv 18V, Git SCM Jan Cle (On), tii des joes ce comtonpornea. o Pas Conia das ets 1996 2 9899, FROST Annie Frome expos dopo. 1s: PROST nine; VINCENT, Gérard (rss). Foo de fia. O destilador manda iar "cin don Priva ta Pins Fete na ia Guerra a neste dS Pas Compania Treat fare confederate is teoas,1992 5:21, 28 28 gama Made Atividades 4. Organize um quadro para sistematizar as informagdes do texto. Voce pode usar os elementos a seguir. Reproducao fac-stmile das Paginas 21 ¢ 22 da obra Historiar — fazendo, contando e narrando a 2. Explique o significado de trabalho como atividade privada e publica, trabalho domiciliar e trabalho independente. Histéra, $0 Paul: Seipione, 2002. 0.5, de onde foi retirada estar propesta, 3. Tendo como referéncia conceitos como trabalho assalariado, Revolu- ao Industrial e organizacio da familia, construa uma argumentacao histérica sobre © trabalho do jovem na Buropa no século XIX. Proposta de aula recomendada para 5." a 8." séries Constituigio da Repiiblica Federativa do Brasi Reproduzinos alguns artigos referentes aos direi- tos de criancas e adolescentes para serem analisados. Art, 227, E dever da familia, da sociedade e do Estado assegurar & crianea ¢ ao adolescente, com ab- soluta prioridade, o direito a vida, a satde, & alimen- tacio, 4 educacio, ao lazer, a profissionalizacio, & cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade, a con- vivencia familiar e comunitiria, além de colocé-los a salvo de toda forma de negligéncia, discriminacio, exploracio, violencia, crueldade ¢ opressio. bel § 1° © Bstado promoverd programas de assis- téncia integral a sade da crianca e do adolescente, admitida a participacio de entidades no governa mentais e obedecendo os seguintes preceitos: bal § 22 A lei dispord sobre normas de construcio dos logradouros e dos edificios de uso pablico © da fabricacio de veiculos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado s pessozs portadoras de deficiéncia. § 3° O direito & protegio especial abrangers (5 seguintes aspectos: T — Idade minima de q admissio ao trabalho [..] TI — Garantia de direitos previdencirios e tra- bathistas TIT — Garantia de acesso do trabalhador ado- lescente a escola (..} ‘Vil — Programas de prevengio e atendimento especializado a crianca ¢ ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins. § 4° A lei punird severamente 0 abuso, a vio- lencia © a exploragio sexual da erianca e do adoles- cente. § 6° Os filhos, havidos ou no éa relagio do casamento, ou por adogio, terio os mesmos direitos € qualificacées, proibidas quaisquer designagdes dis- criminatorias relativas a filiagio. §7.° No atendimento dos direitos da erianga e do adolescente, levar-se-4 em consideragio 0 dispos- to no Art. 204, ‘Art. 228. Sio penalmente inimputaveis os me- nores de dezoito anos, sujeitos as normas da legisla- ‘sao especial wtorze anos para Estatuto da Crianca ¢ do Adolescente Em 1990, foi elaborado o Estatuto da Crianca e do Adolescente no A seguir esto transcritos alguns artigos. a Tein. 8069, de 13 de julho de 1990 Considera-se crianea, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze nos de idade incompletos, ¢ adolescente aquela entre doze e dezoito anos de Ll Art 5° Nenhuma crianga ou adolescente ser objeto de qualquer forma de negligenca,discriminagio, exploragio, violencia, erueldade ¢ opressiar peias na forma da lei qualquer atentado, por ago ou omissio, aos seus direites fi 2 form or aco ssio, a0s seus direitos funda- LJ At. 13 Os casos de suspeita ou confirmaso de maus-tratos conta eran: $a ou adolescente serio obrigatoriamente comunicaden a0 Conselho Tce ta respectva loclidade, sem prejuno de otras provdenca legals Art. 16 0 dicito a iberdade compreende os seguintes aspects: = ivr e estar nos logradouros publicos e espagos comunitnio,ressal- vadas as restricdes legais; one r “ : ” " Tl opinito e expressio; I — renga © cufoseligiso; IV — brincar, pratiar esportes e divertin V — partcipar da vida familiar e comunitivia, sem disriminacdo; I — partictpar da vida politica, na forma da lei; ° Vit —"buscat regi, auto e orientaglo. CONSTITUICAO da. Rep ica Fedcrativa do Brasil ¢ Estarato da Ctianga e do Adolescente, Disponivel em: wwrw:planato.gowbr, Acesso em: 13 few 2004, Atividades 1. Faca um estudo dos dois documentos, organizando as informagées em um quadro como este: 2. Procure o significado dos conceitos a seguir, discutindo com seus cole- gas de sala de aula a importincia que eles tém para a organizacao social: Gireitos previdenciarios e trabalhistas” e “penalmente inimputaveis”, TT 3. Pesquise, na Constituicio Brasileira de 1988, o Artigo 204. Registre em seu caderno 0 que encontrou. 4, Retina-se em grupo com seus colegas , com base nos dois documen- tos, elaborem uma questio sobre a situacao dos direitos do adolescen- te no Brasil. Apés a pesquisa, € interessante fazer um mural com a tematica que vocés pesquisaram. ‘RQ O METODO DE INVESTIGACAO E O ENSINO DA HISTORIA Texto J A adogio da metodologia da investiga- ¢4o na sala de aula implica algumas posturas tanto da parte do professor quanto dos alunos. Do professor, espera-se amplo dominio do con- teddo a ser trabalhado, familiaridade com a pro- dugio do conhecimento histérico ¢ seus méto- dos, clara consciéncia dos objetivos a serem atin- gidos, cuidadosa selecio dos textos e demais recursos de ensino-aprendizagem e consequente organizagio das atividades a desenvolver. Estas Ultimas devem estar amarradas entre si, dispostas rmuma sequéncia l6gica, prevendo-se momentos de sistematizagao dos conhecimentos adquiridos fem cada etapa e, 20 final, a elaborugio de uma sintese. Do aluno, espera-se uma postura ativa em todo 0 processo, € a ele devem-se oferecer condigdes para exercer tal posicio, para apren- der pela descoberta. Quais seriam os procedi mentos constitutivos da metodologia da invest ‘gaclo? Primeiro, partir de problemas, depois des Construis, reconstruir e construir discursos ¢, por fim, produzic uma sintese. Partir de problemas — O ponto de parti- da da metodologia de investigacto sto as situa- ‘s0es-problema. Para ser um problema, é preciso que © ponto de partida seja conhecido e/ou do interesse dos alunos. As. situacdes-problema, assim, s4o constituidas em torno de elementos da realidade imediata dos discentes ou relevantes fem sua experiéncia de vida, com significincia ara os mesmos ¢, geralmente, situando-se no presente, mas nao s6; elas tornam a ifist6ria algo ‘mais interessante porque despertam a curiosida- de dos aprendizes ¢ instigam-lhes © desejo de descobrir uma solucdo. Cumpre frisar, ainda, trés aspectos importantes: primeiro, que a linguagem da formulacao do problema precisa ser acessivel e/ou interessante para os discentes; em segundo lugar, que 0 problema pode ser gerado por um artificio criado pelo professor; e, em terceiro, que as respostas para a situagio-problema estio no presente ou no passado, implicando a percepcio quer de continuidades, quer de rupturas, quer de diferencas ou semelhancas identificadas por meio de uma comparacio relativizadora entre expe- riéncias historicas distintas. [.. Desconstrucio, reconstrugio © constru- ‘sao de discursos — Nesta segunda e mais longa ‘etapa do processo, o professor, em conformidade com 0s objetivos que fixar previamente, selecis: na 08 recursos e organiza as atividades por meio das quais levari seus alunos a reconstruirem — isto €, a construirem de novo, a elaborarem 0 que jf esta feito pela historiografia — o conhecimen- to hist6rico. [..] Os recursos podem ser textos didaticos, testemunhos_histéricos (documentos escritos, objetos materiais, reprodugdes fotogrifi- cas de gravuras, quadros, esculturas, obras arqui- tetdnicas € outros elementos da cultura material, filmes, depoimentos orais, tudo, enfim, o que foi produzido pela sociedade e época em estudo), Programas de televisio, cangées © até mesmo exposicées orais feitas pelo professor. (..] Na desconstrucao, na reconstrugio € ni construcio de discursos, é preciso pér os alunos 4 raciocinarem por si, a usarem os métodos dedu- tivo e indutivo. Pelo método dedutivo, vai-se do geral ao particular, do principio a conclusio. Seu modelo € 0 silogismo, um raciocinio dado pela sucessio de premissa, premissa intermediaria € conclusao. Pelo método indutivo, com base na anilise de fatos particulares, chega-se a uma generalizacio, a uma “lei”, a uma assercio-con- clusio que explica um conjunto de fatos. [..] Construcio de uma sintese — Além das sinteses parciais, feitas a cada etapa do trabalho, sugere-se que se conduzam os alunos a elabora. rem uma sintese final, retomando a questio-pro- blema colocada no inicio do proceso ¢, a0 ‘mesmo tempo, reunindo as informagées essen- iais colhidas no seu transcorrer. Nessa sintese, ademais, € crucial que os alunos coloquem seus pontos de vista, elaborando uma argumentagao que Ihes dé fundamento. Do professor, nesse -momento, espera-se tanto uma orientagio no sen- tido de auxiliar os alunos a construirem uma argumentacio s6lida quanto a recusa aos “achis- ‘mos", a posicoes sem a menor coeréncia ou con- | sistencia. Faz-se necessirio, ademais, que os me tres aceitem como vilidas’ as visdes dos alunos que porventura sejam diferentes das que cles proprios defendem. Ao final do processo, portan to, 08 alunos terio reconstruido 0 que jd foi feito | pela historiografia e, ao mesmo tempo, se posi- | Gionado diante desse conhecimento, | Uma tiltima observacao refere-se & avalia- | io: ela deve ser feita a cada etapa do processo, om © que se permite a0 professor identificar € iensionar as dificuldades da classe, os acertos € 08 erros do processo de ensino, corrigindo-os a tempo e, ainda, ter uma visio mais clara sobre 0 empenho e o sucesso de cada alunc. VILALTA, Lis Carlos. O ensino de Histria © | 4 metodologia da investigacio. Caderno do professor. elo Horizonte: Secretaria de Esado de Educacto/ Centro de Referéncia do Professor 8.3, p. 15-22, out 1996 Atividades® 1. Analise as vantagens ¢ as desvantagens do tra- balho com a metodologia da investigacao na aula de hist6ria, seguindo o roteis « atividades e atitudes dos alunos; * utilizagio dos documentos e do livro; « atividades e atitudes do professor; + produgio de trabalho escrito. 2. Redija uma andlise e uma conclusio € as entre- gue ao professor. Q COMENTANDO BIBLIOGRAFIAS FABREGAT, Clemente Herrero; FABREGAT, Maria Her- rero. Como preparar uma aula de Historia, Lisboa: Edigdes Asa, 1991. Neste trabatho, os autores pensam a sala de aula € como desenvoiver uma aula de hist6ria no espaco que denominam educativo. As atividades propostas tem como pressuposto principal us técnicas ¢ os objetivos que levam a uma aula ativa, Para tanto, 0S autores estruturam 0 texto tendo como eixo a pra- tica de sala de aula, os tipos de aula, os métodos ¢ ‘a avaliacao, PROENCA, Maria Candida. Diddctica da Historia. Lis- ‘boa: Universidade Nova de Lisboa, 1992. livro insere-se na categoria de manuais didaticos ara professores. Possui intimeras sugestées biblio- grificas e atividades para serem realizadas em sala de aula, sugestdes de trabalho com documentos € um 6timo capitulo sobre avaliacio. Muita atencio a0 primeiro capitulo, em que a autora articula uma discussio entre epistemologia do conhecimento historico e educacio, ¢ também ao segundo capitu- lo, em que sao abordados temas identificados com a relacio professor-aluno € com o espaco pedag6: gico, entre outros.

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