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7 a ‘mA CIAL CONTEMTERANEA modema por exceléncia, ¢ outro dos tépicos desta fase da sua carreira (ver Giddens, 1985). Seguiu-se o desenvolvimento de temas relacionados com estes, centrando-se nas transformagSes concomitantes ao nivel da estrutura da persona- lidade (1991; 1992). ‘A publicagio de Beyond Left and Right (1994) anunciou provavelmente uma ‘quinta fase. Esta obra trata da possibilidade de uma nova agenda politica social- democrata, por forma a fazer face aos desafios colocados pela globalizacao, Giddens sempre havia demonstrado um forte interesse pela politica, mas passou a desempenhar um papel progressivamente mais ativo no Partido Trabalhista brité- nico a partir do inicio da década de 1990. Algumas das ideias presentes em Beyond Leftand Right serviram de inspiragao parao primeiro-ministro britanico Tony Blair, tendo inthuenciado as suas politcas. Aadesao de Giddens ao centro-esquerda pro- _gressista sobreviveu & safda de cena de Blair: Over to You, Mr. Brown — How Labour ‘Can Win Again (2007), um dos livros mais ecentes de Giddens com otientacio poli- tica, oferecia consellios ao sucessor dle Blair, Gordon Brown, acerca de assuntos ‘como a reforma da seguranca social. Escreveu também The Politics of Climate Chan- _3¢(2008), onde defence uma orientacio ecoldgica para a politica, De modo geval, os interesses de Giddens deslocaram-se para lé das atividades puramente académi- cas em diregio a assuntos de carster mais pratico. Foi diretor da London School of Economics entre 1997 e 2003, uma posicio que o envolveu amplamente em assun- tos de politica educativa na Gra-Bretanha e no estrangeiro. ‘Nas paginas que se seguem focar-nos-emos na terceira fase de Giddens. Isto & trataremos especificamente da sua contribuicdo particular para a teoria sociol6- sgica — a chamada “teoria da estruturagdo”. A teoria da estruturagso é uma teoria _geralcujo objetivo ¢ explorar a interacio entre estruturas sociais ea agdo humana. Surgiu entre o final da década de 70 eo inicio da década de 80 do século XX como ‘uma altemativa fedrica tanto as perspetivas estrutural-funcionalistas como 3s petspetivas interaccionistas (ver capitulos 1, ¢ 3). Embora se encontre apenas as- sociada obra de Giddens, seria um erro pensar nesta teoria como um produto intelectual isolado, Na verdade, algumas das nogbes centrais da teoria da estrute- ragdo foram desenvolvidas em simulténeo por outros autores. A argumentagio de Giddens exibe notaveis semelhangas, por exemplo, com a teotia de Bourdieu (ver capitulo 1). A teoria da estruturagio de Giddens Giddens tentaintesligar diferentes niveis temporais de andlise. Numa ponta do cespectro encontra-se a durée da experiéncia quotidiana de Alired Schutz, ou seja a natureza repetitiva rotineira das nossas vidas didrias. Na outra ponta do espectro temos a longuedurée do tempo institucional de Fernand Braudel, ou sea, estruturas relativamente invaridveis que se estenclem por longos perfodos de tempo. Entre tas duas extremidades daquilo aque Claude Lévi-Strauss chamaria tempo revers{- vel, enconira-se o tempo de vida do individu. A sua irreversibilidade encontra-se contida no Dasein heideggeriano e na nogio da finitude da vida humana que com |ASOEIOLDGIA ENCONTRA A ETOREA 1s. cleserelaciona — o Sein um Tode. A obra le Giddens procura elacionar estesdife- rentes leques temporais demonstrando, assim, por exemplo, como reproduga0 a0 nivel da duréee de Schutz contribui para a reproduglo ao nivel da longue durée de Braudel, Uma das consequéncias daqui resultantes éa de quea teoria da estrutura- so de Giddens procura transcendera tradicional divisio entre microe macro exis. tente no seio da sociotogia. Na vida social estes trés mbitos temporais interse- tam-se, e € necessério levar isso em conta (1984: 34-7; 1981b: 19-20) Asegunda antinomia que Giddens tenta ultrapassaréa que opde aquiloa que ele chama a “anilise institucional” “andlise da conduta estratégica”. Chega-se a estes dois tipos de andlise através de uma “sistematizagio metodoldgica”.Aanali- se institucional ¢ obtida através de uma seriagao sistematica da agi estratégica. Investiga o modelo recursivo da reprodugio de estruturas, endo trata os individu. (0 como sendlo detentores de conhecimento ou intencionalidade. Oestudo da acao estratégica, por outro lado, é efetuado colocando o dominio institucional sob uma epoché. stuidaa forma pela qual os individuos recorrem a regras recursos para as- segurarem a continuacio das suas atividades. Neste caso, 08 individuos sio trata- dos como agentes ativos com grande conhecimento da vida social. Ao contrério da divisioefetuacana teoria social entre anise estratégicae institucional, a teoria da estruturacio de Giddens procura atribuir um estatuto igual a estes dois tipos de anélise. Nenhum ¢ mais importante do que o outro; s30 ambos necessérios para ‘uma compreensio total do funcionamento da sociedade (ver, p. ex, 1984: 288). E mais facil compreender o ambito e propésito da teoria da estruturagao de Giddensino ambito deste contexto alargado. Uma das suas nogdes chave refere-se a chamada “dualidade deestrutura”, que postula uma relagio particular entreestru- tura social e ago humana. Oconceita de dualidade de estrutura, de que falaremos maisadiante, permite a Giddens unir diferentes niveis temporais,eatribuir um es- tatuto equivatente andliseestratégieae institucional. Antes de tratarmos disto em maior profundidade, precisamos primeico de clavficar a conceptualizacio que Giddens faz-da asso humanae, deforma concomitante, da sua nogio de poder. Em seguida avangaremos para a sua ideia de estrutura social e os termos com ela relacionados. Giddens recorre a Heidegger quando afirma que a aco — ou agtncia — no serefere auma “série deatos discrotos’, mas aum “{luxo continuo de conduta’. Na verdade, Giddens define ago como “ima corrente de intervencBes causais, reais ou pensadas, de seres corpéreos no processo continuo dos eventos-no-mundo” (1979558). Note-se que esta definigao separa a agio da intencionalidade’ "a agi0 o se refere is intengdes que 05 individuos tém ao fazerem coisas mas A sua capa- cidade para fazerem estas coisas, antes de mais” (1984: 9). Decorre daqui que a ado deve ser considerada como “servidora de um objetivo” — no como “inten- ional”. Ou seja os individuos podem nao possuirintengdes claras na vida didria, ‘mas prestam, ainda assim, atengio regular As suas agBes e As ages dos outros. Afirmar que os individuos sao agentes ¢ reconhecer que sio sempre capazes de agir de outra forma: em qualquer situagio, os individuos podem decidir intervir ou evitar fazé-lo, Em resumo, a nogdo que Giddens faz de agéncia implica que os individuos si0 capazes de transformar as coisas, eque e fortiori futuro ndoé um 2 ; sesmeenenorsate =a 46 “TRORIASOCIAL CONTEMFORANEA | dado adquitido (1993: 7882). © poder consite, no jargo giddensiano, nesta ‘reqpacidade transformadora” ida tora brovementeo conceito gidensiano de poder, ¢ contras- ti-lo som nogbesalternativas de poder.0 poder Por vezes ido-comoa capacidade {que um individuo possui para cumprt 8 S38 Vontade, frequentemente (embora Soo necessariamente) contra a considerado como ou inerenterente press oes voder, poder éintrinseco A acho: refere se capacidade do individuo para seer de forma causal numa série de eventos, Derr definigio decorrem dois pontos importantes. Em primeiro nga “p poder no deve ser consideraoj come Tro geno a iberdade ou & emanecipacto, Tomaso, S24 disso, no tm singe do qual aiberdade deve ser atingila (1% 1-16; 1985: 7; 1993: 118) Fnnsegando luger,todasasrelagies de depend enc fornecem recursos que pet™i= ma nade infucnciar os seus superiors, "os Mure assimétricas que ‘Sham as relages, existe sempre wma “alien £0 controlo” (1984: 16), ae eae estrutura & em Giddens diferente da dos vor do funcionalis- mo ou do estrutural-funcionalismo es tencem a associar estrutura & are ma, Glens exforca-se paradistinguir uma do ovr (ver capitulos Le2),O1- erase nos pastes das rages socials 20 10N80 20 COT do espago, er {qusito que a primeira rfere-se a um conjaa ide regras ¢ recursos socials que se rar recursivamente mplicados ne ineras$o, 1 modo semelhante &distin~ ere ussuriana enrelnguagem e incurs ASE rmarcada pela “auséncia Go sujeito” localiza-se fora dasespaco do 'eriPO ‘existindo apenas de forma vit~ {ual enquanio vestigios de memoria2 se “mplementadis em,interacoes localhza- das de forma temp wie apoia-se fortemente na discuss ‘wittgensteiniana ac sclera como téenicas implicitas 04 “Pro edimentos generalizaveis” qu jzagao ou reproducao {fas praticas sociais (bid. 21). Gide r ide regras ¢ dois tipos Gas Prtgn, As regras ov consttuem o signficagy 08 ou relacionam-se ergata, Os recursos podem ser de autordade of atributivos, Os set ssosarbuivos referem-seao contolo sabre ‘esi umalvotradicio pal dos suitores marxistas que tender. posse ou controlo.da wiedade (ibid.:31ff, 258)-Os recurs 3s de capaci- propriedade adora, que geram console sobre os individ ‘Os recursos de au dae ogo dscutidos por autores como Foueaul oes, a organizagio do (eripo edo espaco, do corpo e daskipoteses de vida (id: 33; ver também Craib, 11992: 46-7; ver também capitulo 5) Giddens émuito cavtelosona i wsde“estrutura”€ sma descti- ‘damentais do seu argumento. Assim, oresentaremos aqul apenas 08 terms qe

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