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PREGAR A PALAVRA Aclencia ea arte da pregac3o 1 Edigio-2017 ‘Dictor Gort Projete Getheet ‘Mont lm Aves eSoura goes CNBE ‘radu: capas Diogo dS Calan, 8 ‘Sivo Grado Aevisbos Diagramaster Leticia Figueiredo Nenn Costa Titulo original: redicare Bene ‘©Copyright 2008 by F.P.0.M.C -Messagero dl sanantonio Elice SBasfica del Santo - Via OrtoBotanico, 11 ~35123 Padova ‘© Copyright 2015 lc des CNBB SE/Sul, Quadra B01, Conjunto 8, (CEP 70200-014 Brasil - DF |SEN origina: 978-88-250-1916.2 ISBN traducdo:978-85-7972-434-3 ‘As citacbesbiblicas si retiradas do ibila Sagrada TradugSo da CNBB 13. Reedigso. ‘Gai Coneréncia Nacional dos Bxpos do Brasi/Pregar a Polawa, A cdncia © a arte da pregacho. Bra Edges CN@B.2015 yatpc Yea om iSuncorees 743 Homi tnerpretagio Ecru, Fclesologi de comune - Homi: Celeracoes Procedmen radar Wistagogia-Pregador Homa At Nenhuma parte desta obra poderd ser eproduzida ou transmitida por qualquer forma Flow quaizquer meics(eletrénico ou mecinco, induindo fotocépia e gravagao) ou arquvada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissio da CNBB. Todos 05 ‘dretosrexervados © u alcoes cna ‘SE/Su Qundra 81 -G 8-CeP 70200014 Fone: 0800 9403019/(61)2193-3019 Fe) 2193-2001 Ermaivendasaedicoexnbbcombr swmmedlconsenbo.combe INDICE Apresentacao .. PRIMEIRA PARTE AHOMILIA EO HOMILIASTA |. AIDENTIDADE DA HOMILIA... . 0 QUE EA HOMILIA?... Parte integrante da celebracdoltrgica 2. Uma estreita relagio com as leitura biblicas proclamadas 19 3. Uma mediagio sacramental da Palavra de Deus. |. O-TRABALHO DO PREGADOR... 1. Oensino... O anincio casino doutrinal. A profecia 2. Aexortacao 3. Amistagogia . Ill, PARA SER UM BOM PREGADOR... a 1, O amor a Deus, ao Senhor Jesus, & Palavra do Reino . 2. O amor a comunidade e a vontade de prestar-lhe um bom servico 3. A competéncia e a profissionalizagio necessarias Conhecimento do argument ..n Seguranca de sie farca interior Entusiasmo Uma preparacao adequada Uma mensagem eficaz Capacidade de escuta.. Consciéncia postiva de si. Integridade moral 4. Eo Espirito Santo em tudo isso? X.. SUGESTOES DA RETORICA CLASSICA Dado 0 tumultuoso crescimento dos estudos sobre a comunicagao que ocorreu nos iiltimos cinquenta anos, considerada ‘a mudanga de situacdo cultural e a incidéncia sempre mais maciga dos novos media, a retérica cléssica tem ainda algo para nos dizer?! A resposta é positiva, prova disso é que se assiste, exatamente nos ‘ltimos decénios, a sua vigorosa revalorizacdo, Por retérica classica compreendemos a definida por Aristételes, em reacao contra os Sofistas, retomada por Crisipo e repensada por Cicero e Quintiliano para as tarefas forenses e politicas. Amplamente praticada por ‘Agostinho, Ledo Magno e outros grandes oradores cristos na época patristica, era ensinada como matéria de capital importancia nos programas medievais e humanisticos ~ fazia parte do “trivio” das artes liberais, juntamente com a gramética e a dialética ~ até o iluminismo, quando pelos excessos e os abusos do século precedente, ccaiu em descrédito, embora continuando a exercer 0 seu influxo. Nao possivel aqui um exame completo de todos os aspectos da retérica: aproveitaremos alguns tragos particularmente titeis & pregacio. Alem das obras j@ citadas de B, MORTARA GARAVELLI ¢ do GRUPPO, ver B. VICKERS, Sioria dello reorica, I Malino, Bolonba, 1994; MR. ELLERO M. RESIDORI, Breve Mawale di retrica, Sanson, Mili, 2001; R. BATHERS, Lo ‘etorice anica. Bompiani, Milio, 1972: 0. REBOUL, Inradicione alla resorcs Malin, Bolona, 1996, M, UNTERSTEINER (acura, Sos (2 vol), Lampuynasi Nigi, Mildo, 1949, ARISTOTELES, Retorica, Poetic, a cura de A. Resta Bari, anise, Bolonba, 1971; QUINTILIANO, L'stinzione orarria (2 voll), a cura de 1 Faranda, UTET, Trim, 1968; CH.PERELMAN, Tratato dell argomentacione,amuove retorica, Einaudi, Tut, 1981 Para a adaptao da retérica classics a pregado cist AGOSTINHO, La dori cisions, cura dL. Ali, Roma, 1989, |. OS TIPOS DE DISCURSO E OS ESTILOS DE ORATORIA Aristételes subdivide a retérica em trés diferentes tipos: © judicidrio, para utilizar nos debates no tribunal; ela se refere ao tempo passado. O deliberative, adequado quando se deve discutir sobre as decisdes a tomar, seja no campo politico, seja no campo ético; ela se refere ao futuro. Finalmente o apoditico, que serve para fazer um elogio ou criticar uma ou mais pessoas, um comportamento individual ou coletivo; ela se refere ao presente. A cada um destes tipos de discurso corresponderé um estilo oratério diverso: 0 discurso é na verdade concebido como um instrumento para alcangar ‘um objetivo, e para objetivos diversos deve corresponder um estilo diverso. Poderemos acrescentar um quarto tipo de discurso, 0 didético ou instrutivo, que serve principalmente para a transmissdo de informagdes ¢ de conhecimentos, considerados como um valor em si, €, portanto, nao esta ligado a particulares dimensdes temporais. A homiilia normalmente coloca junto mais tipos: o instrutivo, © apoditico e 0 deliberativo. © menos adequado é 0 judicisrio, a menos que nao seja utilizado como cenério, tendo o exemplo de Sao Paulo, no capitulo oitavo da Carta aos Romanos: epois disto, que dizer ainda? Se Deus é por nds, quem sera contra nds? Deus, que no poupou seu préprio Filho, mas o entregou por todos nds, como é que, com ele, nlo nos daria tudo? Quem acusaré os escolhidos de Deus? Deus, que justfica? Quem condenard? Cristo Jesus, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e esté a direita de Deus, intercedendo or nés? Quem nos separara do amor de Cristo? Tiibulacio, angiistia, perseguicao, fome, nudez, perigo, espada? Pois esta escrito: ‘Por tua causa somos entregues a morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas destinadas a0 matadouro’. Mas, em tudo iss0, somos mais que vencedores, gragas aquele que nos amou. Tenho certeza de que nem @ morte, 1 05 anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nnem as poténcias, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer sera capaz de nos separar do amor de Deus, que esta no Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,31-39; outros exemplos no Apocalipse) 218 No que se refere aos estilos, distingue-se o simples, utilizado sobretudo nas passagens dirigidas a informar e instruir; o modera- do, que considera também a tarefa da elegancia e do encanto do discurso para atrair e sustentar a atencao; e o grande, em que recurso @ comogao € as paixdes se torna importante. O pregador refletiré sobre 0 fato de que também o estilo utilizado tem um influxo sobre os destinatadrios: se para a festa de Pentecostes a palavra afirma tratar-se de uma grande festividade, cume das ce- lebragdes pascais, mas a homilia vem conduzida de forma suave, exatamente 0 tom desmentira aquela afirmacao. 2. OS MEIOS DE PERSUASAO. Sempre segundo Aristételes, 0 orador pie a si o objetivo de convencer os ouvintes, € para obter este resultado tem a dispo- sigdo trés meios: o logos, em referéncia sobretudo ao discurso e ‘aos seus contetidos; o pathos, na perspectiva dos destinatérios; ¢ 0 ethos, em conexao com o orador. 0 10G0s" E a parte racional do discurso, indispensivel quando se ‘quer convencer 0 auditétio da verdade e da bondade da propria proposta. Para tal finalidade, o orador pode recorrer aos exemplos: narragdes de fato ou citagdes de dados que apontam na direcao por ele querida; ou a autoridade de um testemunho, de um compe- tente, de uma instituigao. ‘Tem a sua disposigdo também as argumentagdes lgicas. Entre todas, em primeiro lugar esté o particular funcionamento da nossa Feacdo que ¢ o silogismo. Como vimos, um silogismo é constituido de ‘uma primeira afirmagao que contém uma verdade de cardter geral ("Todos os homens tém necessidade de ser perdoados”; cf. “Quem esta sem pecado atire a primeira pedra"), para uma segunda afir- mago que coloca sob o horizonte da primeira o objeto de que se «quer falar ("Tu também és um homem’), ¢ enfim por uma conclusao que brota desta aproximagao e a mente percebe como convincente (Portanto, também tu tens necessidade de misericérdi 29, Mas porque a retérica nao € a filosofia, e a sua tarefa nao é buscar a verdade, mas persuadir os ouvintes, muitas vezes se faz recurso a um silogismo abreviado, chamado entimema, que é um silogismo, mas que subtende, e, portanto, nao explicita, uma ou duas passagens do préprio silogismo. Um exemplo: “Tu és tam- bém um homem, tu também tens necessidade de miseric61 Como se vé, aqui falta a premissa, que de tal modo nao vem submetida a verificagao. No caso citado, a premissa subtendida esté correta: “Todos os homens tém necessidade de miseri- cérdia". Mas existem casos nos quais a premissa subtendida deveria, ao menos, ser discutida. Pense-se em uma propaganda que, para convencer os clientes da bondade de um certo pro- duto, recorre a este slogan: “Produzimos biscoitos desde 1878". A premissa pressuposta é: “Se uma determinada empresa est colocando no mercado produtos hé muito tempo, certamen- te seus produtos sio methores do que outros produtos mais recentes”. £ verdade que uma longa permanéncia no mercado torna plausfvel que 0 produto seja bom, e é sobre esta plausibi- lidade que a citada propaganda alavanca, caso contririo, ja hé muito tempo teria desaparecido. Mas que seja sempre verdade que um produto de uma empresa muito antiga seja sempre e ‘em todo caso melhor do que o de empresas mais recentes é para ser ainda demonstrado. Um discurso persuasivo pode, portanto, ter as suas fragilida- des. 0 orador quando se trata de mostrar a falta de fundamento de um discurso de outra pessoa ou em todo caso desmontar uma certa conviccio, deve se colocar em busca destas fragilidades realcé-las. Para fazer isso, um instrumento muito usado, além da refutacdo verdadeira e propria, € a ironia, que consiste em afirmar © que afirma o adversario, mas pondo a prépria afirmacao em um contexto tal que na mente de quem escuta Ihe faz dizer 0 contrério (Por isso a ironia, como vimos precedentemente, é estudada como “tropo” ou expediente linguistico que desloca o significado que ‘uma palavra produz do seu natural para um outro, como acontece também na metéfora). Um célebre exemplo pode ser encontrado no discurso de Anténio, em “Jilio César” de W. Shakespeare: “0 ilustre Brutus disse que César era ambicioso. Se assim foi, tratava-se de uma grave falta, ¢ ele pagou, gravemente, pela ambigio. Com a autorizagao de Brutus, que € um homem honrado, como também 0 sao os demais, venho falar-vos no funeral de César. Era meu amigo, sempre leal e justo comi- 0. Mas Brutus diz que era ambicioso, e Brutus € um homem honrado. Muitos cativos trouxe para Roma cujos resgates en. ccheram os cofres piblicos. Era isso ambigao? Se os pobres se lamentavam, César chorava. A ambicio devia ser mais dura, Contudo, Brutus disse que era ambicioso. E Brutus € um ho. mem honrado. Todos vés vistes, nas Lupercais apresentei-the, or trés vezes, uma coroa real. E por trés vezes a recusou. Era isto ambigo? Contudo, Brutus disse que era ambicioso e ete & um homem honrado”, E claro que Ant6nio que dizer: “Brutus e os outros ndo sio homens de honra”. Mas porque esta afirmacao direta teria sido perigosa e nao teria forga de conviecao, Antonio recorre a ironia. Uma ironia que beira o sarcasmo encontra-se nas palavras de Jesus que fazem notar como os poderosos desta terra dominam ¢ exploram as pessoas, mas pretendem depois fazer-se chamar de benfeitores (cf. Le 22,25). A ironia exige e provoca a maxima colaboracao por parte dos ouvintes, E € na cabeca dos ouvintes que se forma o verdadeiro significado, o desejado, que € 0 oposto do literalmente afirmado. A presenca nos ouvidos de um sentido e o formar-se na mente do seu oposto explica a forga violenta deste “tropo” ou transposigao de significado, Voltando ao silogismo, e a sua forma contraida que é o entime- ‘ma, se compreenderd como 0 que quer persuadir tem como recurso importante os assim chamados lugares comuns. O nome deriva de uma metafora: imagina-se que as convicgdes ja dadas e partilhadas sejam como uma praca na qual seja quem fala, seja os ouvintes se encontram ja sobre uma estrada que eles percorrem juntos. Trata-se de convicgdes dlfundidas no ambiente, dadas por certas e indiscutt veis e partilhadas por todos aqueles para os quais se dirigem: Em certos ambientes, um lugar comum pode ser: “Apenas quem perdoa pode pedir e obter o perdao de Deus”; em outros, ao invés: zi “Perdoar, est bem, mas até certo ponto”. Se nao possuissemos uma ‘grande abundancia de lugares comuns, deveriamos recomegar cada vez do principio para refundar, passo a passo, todo o raciocinio e a argumentagao, Quem quer persuadir deve, portanto, normalmente recorrer pelo menos a um lugar comum; muitas vezes € necessério utilizar mais de um, Tais convicgdes se prestam para construir silo- sgismos e entinemas, fornecendo o horizonte tracado pela primeira afirmagao, a geral. Utilizar um lugar comum, por isso, é convenien- te. Ao jovem rico que Ihe pergunta o que deve fazer para obter a vida eterna, Jesus responde indicando-the a observancia dos manda- ‘mentos: recorre a um lugar comum. Se, a0 contririo, se deve contrastar um lugar comum, que se considera errado, se deverd avaliar realisticamente toda a forca de Persuasdo a ser posta em campo. Pense-se, para fazer um exemplo, ‘na quantidade € no vigor das argumentagdes postas em ato por Paulo, na Carta aos Galatas e na carta aos Romanos, para persuadir os destinatarios que a justificagdo e a salvacdo nao derivam da observancia da Lei, mas da fé em Cristo Jesus. Além da estrutura légica do silogismo verdadeiro e proprio, pode-se utilizar também outros percursos probatérios, que aqui ime limito a elencar. 0 silogismo usa a propriedade transitiva: se B faz parte do conjunto A, entdo B tem as caracteristicas de A. Mas de pode usar também um esquema que barra a estrada a tal transitividade, assinalando: a incompatibilidade ou a contra- digo — nao € possivel que A € B esteja juntos, porque se excluem mutuamente (Uma drvore boa nao pode dar frutos maus); ou a contiguidade ~ se existe A, existiré necessariamente B, embora sendo B diferente de A (“Quem mente, rouba”); ou a consequ- éncia que liga entre eles causa ¢ efeito (“Por que nao entendeis (© que eu falo? E porque nao sois capazes de escutar a minha palavra. 0 vosso pai € 0 diabo, e quereis cumprir 0 desejo do vosso pai. Ele era assassino desde 0 comego e nao se manteve na verdad, porque nele nao hd verdade. Quando ele fala mentira, fala o que é préprio dele, pois ele é mentiroso e pai da mentira Em mim, pelo contrério, nado acreditais, porque falo a verdad ~Jo 843-45). m 0 PATHOS Refere-se aos estados de espitito dos que escutam e dos quais © orador dever ter conta se quer verdadeiramente alcancar os seus objetivos. Aristdteles ja fazia notar que no pronunciamos 0 mesmo juizo se estamos entristecidos ou se estamos contentes, se esta em jogo uma relagao de amizade e de ddio. O estado emotivo tem, portanto, um papel imprescindivel na comunicagao e com ele precisa prestar contas. A possibilidade de intervir sobre as paixées dos ouvintes é um outro e poderoso instrumento de que o orador dispée. O logos tem a vantagem da objetividade e do controle critico, mas arrisca ser percebido como abstrato e de deixar frias as pessoas. O pathos a0 contrério, age dentro das pessoas, mesmo se oferece o direito a uma manipulagdo que se subtrai ao controle critico. Sem 0 pathos 0 discurso puramente légico & exposto no limite do intelectualismo, denunciado por Pascal (“O coragio tem razGes que a propria razio desconhece"); sem o logos, 0 pathos pode se tornar um instrumento perigoso, como demonstra, por exemplo, o populismo. Natural- ‘mente uma conferéncia cientifica se atestara sobre uma linguagem légico-racional. Mas a homilia pertence aquelas situacdes em que lum equilibrado uso de ambos os registros é indispensével. Escreve 0 fil6sofo Edgar Morin: “Ha, da mesma forma, duas linguagens ligadas na linguagem:; uma que denota, objetiva, calcula, baseia-se na logica do terceito exclu ‘do; a outra que conota (evoca o halo de significagbes contextuais, fem tomo de cada palavra ou exposigao), baseia-se na analogia, tende a exprimir afetividade e subjetividade. As duas linguagens formam apenas uma em nossa linguagem cotidiana. Uma das ti- quezas extraordinarias da lingua é que ela combina as linguagens € traduz assim a complexidade racionaVafetiva do ser humano. Quando se que ser, sobretudo racional, o discurso desenvolve- -se sob um forte controle empirico e légico. tende a reduzir seus elementos anal6gicos a comparacdes, seus elementos simbélicos 4 signos ou convengdes. Quando se pretende pritico, o discurso deixa-se levar pela miisica das palavras, pelas assondincias, pelas imagens (mas nao exclui, de modo algum, 0 controle)"? MORIN, Introdicione al penser complesto, Sperling Kuper, Mili, 1993, 2 E necessario, portanto, considerar o estado de espirito dos ouvintes e saber intervir sobre ele. De resto, o sabia bem também Santo Agostinho, que além de docere, afirmava que um discurso devia também delectare, ser agradavel e interessante, e movere, isto €, comover, para poder depois obter mudangas no espirito e no comportamento. © pathos é ativado todas as vezes que uma mensagem intera- ge com as necessidades dos destinatarios. Como é conhecido, foi ‘Abraham Maslow? a tentar redigir um elenco ordenado das nossas ides fundamentais, Segundo a sua concepgdo, as nossas necessidades se podem representar como uma escala hierdrquica de tipo evolutivo: a satisfagao do primeiro grupo das necessidades € condigdo necessaria para o formar-se daquelas do segundo gru- po, e assim até o nivel mais elevado. NECESSIDADE do eu ———+ _fTranscendéncia), autorrealiza¢ao NECESSIDADES SOCIAIS ——> _Necessidades de estima, de amore de pertenga NECESSIDADES PRIMARIAS Necessidades fisiol6gicas ede seguranca Como se vé, na base desta hierarquia esto as necessidades primérias: as fisiolégicas (como satisfazer a fome e a sede, dormir suficientemente, manter 0 organismo em equilibrio); e entao as necessidades de seguranca (necessidade de protegao, de tranqu dade, de estar livres do medo, de poder considerar 0 mundo com ‘uma realidade previsivel e organizada, de sentir-se seguros no pré- prio ambiente social e fisico). 3 AILMASLOW: Matncon eon, Amand, Rom, 1973. VGnavor nes Co GALINERT, Pcl Crea, Trim 199 p15 24 m4 Em segundo lugar, existem as necessidades psicologicas e so- ciais: as de pertenga e de amor (querer amar e ser amado, sentir-se aceitos e pertencer a um grupo, evitar 0 isolamento e o abandono, necessidade de amigos, de um filho, de um companheiro para a vida); depois as necessidades de estima e competéncia (necessida- des de sentir-se respeitados, apreciados, considerados, de aspirar a autoestima e a prépria independéncia. No nivel mais alto encontramos a necessidade de autorrealizagao (necessidade do eu): viver atualizando e expandindo as proprias potencialidades e expectativas, perseguir os préprios ideais estéticos e de justica. Pode-se acrescentar também a necessidade de transcendéncia, entendida como a tendéncia para ir além de si mesmos, para sentir-se parte de uma realidade mais vasta, césmica ow divina e perceber 0 todo como habitado por um sentido positivo. Todas as vezes que uma mensagem evoca e de qualquer modo cruza uma dessas necessidades, o pathos, dos destinatarios G alterado e posto em movimento, Pense-se, para dar algum exem- plo, nas palavras de Jesus sobre o pao da vida ou sobre a égua que sacia para sempre a sede, ou sobre as que prometem a dignidade de filhos e filhas de Deus, ou a parabola do bom pastor e do pai misericordioso, e assim por diante. A retrica classica estudou, em particular, as assim chamadas “figuras retéricas”, uma parte nao insignificante das quais tem ati- néncia com 0 discurso que estamos fazendo. Jé falamos disso em outro lugar. Dizer: “Os homens sao agressivos uns para com os outros”, ¢ dizer: “Homo homini tipus, 0 homem é 0 lobo do préprio ho- mem’ (metéfora) nao faz 0 mesmo efeito; a evocagao do lobo, ao qual estado ligados medos atavicos que vao ferir a necessidade de seguranca, opera uma alteracdo do estado de espirito de quem es- uta. Jesus recorre ao mesmo procedimento quando fala dos maus, pastores, que parecem ovelhas mansas, mas dentro sio lobos vo- razes. Igualmente qualificar o rei Herodes Antipas, como faz Jesus, chamando-o de “raposa” (ainda uma metéfora), nao é a mesma coisa que dizer “astuto e traidor”: a imagem do animal que vai sobrepor-se a do rei provoca uma reagao emotiva de desconfianca ns, € de distanciamento. Para dar ainda um exemplo: ndo acontece- 4 aos ouvintes a mesma coisa se ouvem falar de “pessoas que praticam a maledicéncia” o, ao invés, de “linguas afiadas como es- padas” (sinédoque). Um aceno também sobre o efeito produzido por uma lingua- gem que tem a ver com um dos sentidos de que é dotado o nosso compo. A expressao: “Uma existéncia ordenada” nao esta privada de uma sombra de moralismo. 0 equivalente: “Uma existéncia harmo- niosa” que faz referéncia ao sentido auditivo e a metafora musica, evita o inconveniente. Estas palavras colocadas sobre os lébios de Jesus: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que cré em nao permaneca nas trevas” (Jo 12,46), fazem reveréncia a visdo, além da metéfora trevas-petigo, erro-mal etc. Considere-se ainda a ficécia do convite e da afirmacao de Jesus: “Vinde a mim, todos vés que estais cansados ¢ carregados de farclos, ¢ eu vos darei descanso, ‘Tomai sobre vés 0 meu jugo e sede discipulos meus, porque sou ‘manso e humilde de coracao, e encontrareis descanso para vbs. Pois ‘© meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11,28-30), que faz re- feréncia contemporaneamente a percepgao tatil e ao gosto. O fTHOS Como terceiro “meio” a disposi¢ao do comunicador, consis- te na autoridade e na credibilidade de que 0 orador goza junto 0 audit6rio. Ele deve ser nao apenas competente e moralmente correto: deve parecer assim também para os ouvintes. Vem imedia- tamente 4 mente a grande impressao que Jesus causava no inicio da sua pregacdo: “Quando ele terminou estas palavras, as multiddes ficaram admiradas com seu ensinamento. De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade, nao como os escribas” (Mt 7,28-29), No caso da pregacao, naturalmente, uma grande importancia tem a coeréncia entre o que se ensina e como se vive. 0 homiliasta ‘nao € quem explica conceitos neutros, mas quem propde um anin- que tem a pretensao de envolver radicalmente a existéncia dos. owvintes. Disso ele mesmo deve dar testemunho. Se nao est en- volvido, se tornard um pregador pouco credivel ¢ transferiré esta sombra também sobre a sua mensagem. ns Sa0 Gregdrio Magno escreve: “Quando 0 apéstolo Paulo re- comenda aos seus discipullos: ‘Ordena estas coisas ¢ ensina com autoridade’, nao Ihe indica certamente para exercer o dominio me. diante o poder, mas lhe recomenda a autoridade da vida, Ensina-se com autoridade, de fato, quando aquilo que se ensina é colocado em pratica antes de dizé-lo. Ao invés de tirar credibilidade do ensi- namento quando a consciéncia contradiz as palavras”, Outros elementos de credibilidade, e ja falamos disso, sdo @ competéncia e 0 profissionalismo do que fala, 0 cuidado pela documentagao e a capacidade de fazer perceber um verdadeiro e forte interesse pelos destinatérios. Um exemplo espléndido e comovente se encontra nos escri- tos de Sao Paul “Oxalé pudésseis suportar um pouco de loucura de minha par- te. Sim, vs me suportais. Sinto por vs um amor ciumento, semelhante ao amor que Deus vos tem. Fui eu que vos des Posei a um inico esposo, apresentando-vos a Cristo. como virgem pura. Receio, porém, que, como Eva foi enganada pela, esperteza da serpente, assim também vossos pensamentos sejam desviados da simplicidade e da pureza exigidas para o seguimento de Cristo. De fato, se aparece alguém pregando lum outro Cristo, que nds ndo pregamos, ou se recebeis um espirito diferente daquele que recebestes ou um evangelho di- ferente do evangelho que acolhestes, vés 0 suportais de bom grado, Na verdade, entendo que em nada sou inferior aos ‘su- Perapéstolos' Mesmo que seja inabil na arte de falar, nao 0 sou quanto a0 conhecimento, Jé volo mostramos em tudo ¢ de todos os modos, Acaso cometi algum pecado, pelo fato de vos tet anunciado gratuitamente o evangelho de Deus e de, para isso, terme humilhado a fim de que fOsseis exaltados? Para vos servi, despojei outras igrejas, delas recebendo o meu sus- tento. E quando, estando entre v6s, tive alguma necessidade, ‘nao fui pesado a ninguém., pois os irmaos vindos da Macedonia supriram as minhas necessidades. E em tudo, euidei e cuidarei ainda de nao ser pesado a vis. Pela verdade de Cristo que esti ‘em mim, asseguro-vos que esta minha glia nao ser silencia- 4a na provincia da Acaia.E por qué? Sera porque nao vos amo? Deus o abel” (2Cor 11,1-11). cr 3. AORGANIZACAO DO TRABALHO DO ORADOR Depois de ter examinado os meios que a retérica clssica in- dica a0 orador, vejamos agora como ela o guia no desenvolvimento do seu trabalho, Os passos indicados sdo os seguintes:invento, dis. positio, elocutio, actio e memoria. Considere-se que nao se trata de Passos rigidamente sucessivos, porque o trabalho de preparacio de um bom discurso acontece em circulos concéntricos e muitas vezes serd necessirio voltar atras ou prever os passos sucessivos para poder proceder de maneira eficaz. Vejamos brevemente cada um dos pontos, A‘iNveNTIO® {\n95H(0)) E a atividade que empenha o orador para encontrar todo 0 material com o qual construird o seu discurso. Deverd colocar em ato busca, reflexao e criatividade e certamente teré necessidade também de recorrer a subsidios ¢ metodologias. No caso da ho- rilia, os “lugares” nos quais andar para buscar tal material sio as leituras biblicas proclamadas, 0 contexto littirgico e a pastoral geral, a tradicao doutrinal, a situagao concreta dos destinatarios, ‘como individuos e como comunidade ectesial, 0s “sinais dos tem. os” € 0s eventos sociais. Mas para 0 exérdio e a conclusio e para certas passagens do corpo da homilia o pregador deverd deixar as. rédeas soltas para um repertorio mais amplo de materiais, além da propria criatividade. Provemos fazer algum elenco de tais “materiais”: os fatos, as noticias a experiéncia, as citagoes de textos de grande valor humanistico e os testemunhos de comportamentos exemplares ou de qualquer modo significativos, as narragées, as histdrias e as anedotas, as parabolas e os ditos sapienciais, os provérbios ¢ os modos de dizer, a natureza com os seus elementos e fendmenos € a arte, os romances e os filmes e até mesmo as propagandas, os episddios caracteristicos da pastoral paroquial, os dados de pes- quisa e, naturalmente, muito mais ainda, Uma técnica de inventio particularmente apreciada hoje € a do brainstorming, que consiste em fazer vir 8 cabeca mais coisas Possiveis, sem nenhuma preocupagio sistematica. Um mecanismo ns ‘mental particularmente titil para esta maneira de proceder ¢ a as- sociagao mental. Um mestre deste funcionamento foi Gianni Rodari, que escre- veu: “Uma palavra, jogada na mente por acaso, produz ondas de superficie e de profiundidade, provoca uma série infnita de reacdes «em cadeia, envolvendo em sua queda sons e imagens, analogias ¢ recordagdes, significados e sonhos, em um movimento que inte- ressa a experigncia e a meméria, a fantasia e o inconsciente que € complicado pelo fato que a prépria mente nao assiste passiva a representacao, mas nela intervém continuamente, para aceitar ¢ ¥, Coligar e censurar, construire destruir". Nesta fase de busca, ter a disposigio subsidios se torna in- dispensdvel. Além dos cléssicos, a prépria rede da internet pode revelar-se muito Gtil. Mas também o conhecimento dos aconteci- mentos contemporaneos, a visdo de filmes inteligentes, a leitura de romances etc. E 0 seu contato com as pessoas, a escuta atenta ¢ empattica do que comunicam, e ainda mais. A DISPOSITIO” [sshoswre ) E a fase sucessiva, a que intervém sobre 0 actimulo do material recolhido, opera uma triagem, determina uma ordem a fim de construir um discurso eficaz, ¢ eventualmente opera a integracao. Este segundo trabalho € constituido essencialmente pelas escolhas, e as escolhas sao feitas baseadas em um critério objetivo, e ndo segundo 0 capricho subjetivo. Como estabelecer este critério objetivo? Consideramos que a indicacio que esta- ‘mos para dar seja de suma importancia (e para isto insistiremos também en outro lugar): quase sempre ela decide se uma prega- «a0 seré um “entretenimento religioso”, ou um evento no qual se torna experiéncia 0 que se Ié na classica passagem da Carta aos Hebreus: “Pois a palavra de Deus é viva, eficaz ¢ mais penetrante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espirito, articulagées e medulas. Julga os pensamentos e as inten- ‘es do coracao” (Hb 4,12). O critério das escolhas, sobre as quais esta centrada a dispo- sitio, deriva-se da finalidade que se atribui a homilia. E isso nao x9, € procurado nos contetidos, no material, mas nos destinatarios, ¢ precisamente nos efeitos que se pretende produzir neles. Esta, belecida a finalidade, o critério que deriva disso € 0 da utilidade em relacao a tal objetivo que se quer alcancar: se deixard cair tudo 0 que nao ¢ aitil, mesmo se é agradavel ou facil ao pre- gador, se mantera tudo 0 que for proficuo ¢ eventualmente se integrara, se dard a ordem que sera funcional ao efeito buscado. Se nao se busca esclarecer a si mesmo qual deva ser a finalidade, inevitavelmente a homilia deslizara ou para o entretenimento estéril, ou para um didatismo abstrato ou para um moralismo deprimente. ‘Também no caso da finalidade, a mudanga que se quer pro- vocar dentro dos ouvintes, necessitard deixar a mente e 0 coragio abertos para um leque muito amplo de possibilidades. Provemos a fazer um elenco, considerando a pregagio: 1. Impulsionar a fazer, dar ordem para, exigir, proibir de, per- mitir, fomentar, solicitar, exortar, provocar, censurar, condenar. 2. Pedir, encarregar, sugerir, recomendar, notar, aconselhar. 3. Convidar, atrair, desejar, encorajar, recomendar, 4. Louvar, confirmar, aprovar, agradecer, para congratular, autorizar, 5. Alegrar-se, comparecer, assegurar. 6. Acusar, desculpar, perdoar. 7. Esclarecer, ensinar, perguntar, argumentar, doutrinar, com- provar, afirmar, responder. 8. Descrever, expor, explicar,ilustrar, narrar, fazer refletir. 9. Prometer, testemunhar, garantir, esponsabilizar-se Naturalmente, o elenco nao esta completo (est carente da ‘gama de objetivos que tém a ver com a mistagogia), e além disso 08 fins concretos as vezes resultam compostos. Pode ser, todavia, ‘um convite para nao ser preguigoso sobre algumas finalidades que so mais faceis ¢ habituais e que por isso arriscam degenerar: 0 didatismo inconclusivo e o moralismo estéril 230, Sobre como organizar concretamente uma homilia falaremos mais adiante, e em particular sobre a importancia do exérdio e da conclusao. atiocutio” (bx Refere-se seja A escolha das palavras e do estilo seja ao cuida- do com 0 aspecto paraverbal, isto &, do tom, do volume e do ritmo de falar. Nisso, a retrica antiga demonstrava ter lara consciéncia de que a mensagem nao se reduz unicamente ao conjunto de con- ceitos contidos e veiculados pelas palavras e pelas frases, mas é constituido por tudo o que parte daquele que fala e vai em direcao aos ouvintes. No que se refere a escolha das palavras e 0 estilo, quem fala ‘em pubblico deve considerar que os destinatarios nao tem sob os olhos 0 texto escrito do seu discurso e nao conhecem desde 0 inicio o conjunto dos argumentos que serao expostos. A clareza e a compreensibilidade do que se diz é uma necessidade absoluta. Alguns conselhos: + E oportuno coligar as frases com a coordenagao mais do que coma subordinagio. Uma frase sobrecarregada de subordinadas € parentéticas seré dificil para os ouvintes que nao podem deter- se, voltar atras, ver as pontuagdes, como ao invés pode fazer um leitor. Toda frase nao pode superar umas quinze palavras, * Consequentemente as frases breves e répidas devem ser prefe- ridas em relagao as frases muito longas. + Alinguagem abstrata, que nao faz referéncia imediata a alguma coisa que se pode imaginar, é mais ardua do que a concreta, reconduzivel imediatamente a situagdes e a experiéncias fami- liares aos ouvintes. + Quando nao se pode evitar uma passayem abstrata precisard imediatamente torné-la concreta mediante algum exemplo, es- clarecendo o sentido dela e a sua utilidade. * Quando for possivel evitem o uso de termos que ndo fazem parte da linguagem comum e que exigem uma competéncia especifica, Se se devem usar termos deste tipo, tenha-se a Preocupagdo de esclarecé-los mediante exemplos, metiforas, circunlocugdes ou sinénimos * Tenha-se cuidado com a ldgica da exposigao, mediante passa- gens e coligacdes légicas entre uma parte e a outra do discurso, Fale-se com clareza e ordem de modo que para um ouvinte aten- to seja capaz de reconstruir o esquema do discurso. * 0 uso das negagées exige uma atengao especial. Geralmente ara se evitar a dupla negacdo, substituindo-a com a afirmagao correspondente (‘Nao se pode nao agradecer a Deus..."; “Agra- decamos, portanto, Deus..."). Deve-se também ter presente que Quando se pronuncia a negagdo, a atencio dos ouvintes nao é atraida pelo “nao”, que € abstrato, mas pelo nome daquilo que se nega, que comumente é concreto. (Se se afirma: € cruel”; nas mentes dos ouvintes seré: “Deus... cruel’ |hor, portanto, afirmar: “Deus sabe perdoar com generosidade” € eventualmente contrastar 0 prejuzo contratio de outra manei- ra: “Alguns fazem uma ideia verdadeiramente errada sobre Deus. Pensam que seja impulsionado por nossos pecados para nos fa- zer o mal. O Deus de que Jesus nos falou nao é assim"). Quando nao se pode evitar uma negacao, dever-se-d ter cuidado para atenuar 0 risco marcado com o tom da voz. Afirmando: “Deus nao € cruel", pisar-se-a, elevando seja o volume seja o tom da vor, 0 “ndo é” e se criaré uma suspensao de um segundo antes do “nao” e depois 0 “é". E, portanto: “Deus — nao é — cruel”. Uma notivel ajuda para dar forma as nossas comunicagdes, compreendida aqui a homilética, nos vem dos estudos sobre as figuras retéricas, que sao verdadeiros e préprios procedimentos es- tilisticos que plasmam a linguagem. Jé falamos disso. action (e«\0e6$.) Refere-se ao aspecto nao verbal da comunicaco em puilico: a postura,o olhar e a expressio do rosto, os gestos com os bracos € as maos. Vale o principio geral: os gestos sio um complemento importante da comunicacao verbal, e por isso devem ser valoriza. dos. Todavia, devem ser coerentes com o que se vai dizendo, de tal 2m modo que a mensagem serd reforgada. Se nao o sio, a mensagem serd enfraquecida e até mesmo desacreditada. Considere-se que também quem fala é condicionado pela pos- tura e pelos movimentos do préprio corpo. Se se quiser persuadir disso bastard recorrer a um breve exercicio. Fique sentado, com as costas ¢ a cabeca caida, o olhar dirigido para o chao e a expressiio do rosto séria. Busque agora pensar em alguma coisa alegre. Ao contrario, procure a ficar em pé, bem ereto, com 0 queixo elevado € 0s bragos abertos e busque pensar em alguma coisa triste. Em ambos os casos se perceberd a incongruéncia e o impulso para mudar a atitude, Ny Amemonia (#5024) Na retérica classica tinha uma grande relevancia, porque orador nao lia 0 seu discurso, mas o pronunciava sem outra ajuda além de sua meméria. Um pregador que nao escreva por inteiro a homilia e nao a leia (é, na verdade, desaconselhado lé-la, pelo me- ‘hos na pregacdo ordinéria, a menos que nao se adote uma leitura vivaz € calorosa e nao se perca o contato visual com os ouvintes), pode recorrer a um esquema escrito, para ter debaixo dos olhos. Um esquema compilado com 0 uso de canetas de cores diversas € composto nao apenas de palavras, mas também de simbolos, su. blinhados, flechas etc, facilmente legivel com apenas um golpe de vista. Mas as primeiras quatro ou cinco frases e a conclusio preci- sariam ser bem pensadas para sabé-las de meméria. E, sobretudo, € 0 conjunto da homilia e 0 seu objetivo que devem estar tao im- Pressos na meméria para permanecer constantemente presente enquanto se desenvolve o préprio discurso. ma

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