Professional Documents
Culture Documents
Relatório Final
Trabalho de Conclusão de Curso
Relatório Final
Trabalho de Conclusão de Curso
2
“Não há nada nobre em ser superior ao seu semelhante. A verdadeira nobreza é ser
superior ao seu antigo eu.”
Ernest Hemingway
3
Índice
Resumo 6
Lista de Figuras 7
Lista de tabelas 9
1. Introdução 10
2. Revisão Bibliográfica 14
3. Metodologia 33
4. Resultados 47
4
4.1. Coletor central 47
5. Conclusão 60
6. Referências Bibliográficas 61
5
Resumo
6
Lista de Figuras
7
Figura 4.1: Eficiência volumétrica no caso 1: coletor central e comprimento primário
variável.
Figura 4.2: Torque no caso 1 - coletor central e comprimento primário variável.
Figura 4.3: Vazão mássica de ar através do restritor de ar em função do ponto
simulado.
Figura 4.4: Exemplo da variação do tempo de discretização aplicado na solução das
equações de balanço de um dos casos.
Figura 4.5: Eficiência volumétrica no caso 2 - coletor central e diâmetro primário
variável.
Figura 4.6: Torque no caso 2 - coletor central e diâmetro primário variável.
Figura 4.7: Eficiência volumétrica no caso 3 – coletor central e comprimento
secundário variável.
Figura 4.8: Torque no caso 3 - coletor central e comprimento secundário variável.
Figura 4.9: Eficiência volumétrica no caso 4 - coletor central e diâmetro secundário
variável.
Figura 1.10: Pressão média no plenum em função do diâmetro secundário e rotação.
Figura 4.11: Torque no caso 4 - coletor central e diâmetro secundário variável.
Figura 4.12: Eficiência volumétrica no caso 5 - coletor central e volume de plenum
variável.
Figura 4.13: Torque no caso 5 - coletor central e volume de plenum variável.
Figura 4.14: Posição do runner secundário do coletor lateral.
Figura 4.15: Delta de eficiência volumétrica entre layouts versus diâmetro primário.
Figura 4.16: Delta de eficiência volumétrica entre layouts versus comprimento
secundário.
Figura 4.17: Delta de eficiência volumétrica entre layouts versus diâmetro secundário.
8
Lista de tabelas
9
1. Introdução
10
Dentro dos limites propostos pelo regulamento da competição, o coletor de
admissão será otimizado para maximização da eficiência volumétrica na faixa de
rotação característica do motor na prova de endurance.
11
O desempenho dos veículos em pista é avaliado nas provas dinâmicas:
• Aceleração: consiste em uma arrancada ao longo de 75 m.
• Skid-pad: avalia o desempenho do veículo em curva. O traçado consiste em
dois círculos concêntricos na forma do número 8.
• Autocross: os veículos percorrem uma volta rápida em um traçado com
poucas retas e curvas fechadas.
• Endurance: em traçado semelhante ao do autocross, os carros devem
mostrar sua confiabilidade e resistência ao longo de uma distância de 22
km. Qualquer falha ou queda de componentes implica em eliminação da
prova. No mesmo evento, avalia-se o consumo de combustível (prova de
eficiência energética).
12
massa e feito modificações para ganho de potência – como a instalação de
turbocompressor.
O regulamento (SAE International, 2018) determina uma sequência específica
de posicionamento dos componentes de admissão em motores aspirados: filtro de ar
(se necessário), corpo de borboleta, restritor de ar e o coletor de admissão.
Outra regra importante é que todo o sistema de admissão deve estar dentro de
uma região chamada de “envelope” do carro, isto é, nenhuma parte do sistema pode
ultrapassar a superfície localizada entre o topo da roll bar (parte mais alta do chassis)
e a parte externa dos pneus, como pode ser observado na figura abaixo.
13
2. Revisão Bibliográfica
14
combustão ocorre de forma espontânea. Para o óleo diesel, a temperatura de
autoignição é de aproximadamente 250 °C.
Os motores alternativos podem ser classificados, ainda, de acordo com o
número de tempos do ciclo de operação, que podem ser dois ou quatro. O ciclo de
operação de um MCI é a sequência de processos pela qual o fluido de trabalho passa
periodicamente. Nesse contexto, cada tempo representa um curso completo do pistão
entre a sua posição mínima (ponto morto inferior – PMI) e máxima (ponto morto
superior – PMS).
15
Figura 2.2: Representação do mecanismo biela-manivela dos motores a
combustão alternativos (BRUNETTI).
16
• Taxa de compressão: é a razão entre os volumes mínimo e máximo da câmara de
combustão. Para motores de ignição por centelha, seu valor geralmente está entre
8 e 12, enquanto em motores a diesel essa faixa é mais elevada, de 12 a 24, em
geral (HEYWOOD, 1988).
𝑉𝑑 + 𝑉𝑐 𝑉𝑃𝑀𝑆
𝑟𝑐 = =
𝑉𝑐 𝑉𝑃𝑀𝐼
Em que:
𝑟𝑐 : taxa de compressão
𝑉𝑑 : volume deslocado pelo pistão
𝑉𝑐 : volume de folga (volume da câmara com os pistões no PMS)
𝑟 2
𝑥(𝛼) = 𝑟(1 − cos 𝛼) + 𝐿 (1 − √1 − ( ) sin2 𝛼)
𝐿
17
Foi o motor de quatro tempos de Nicolaus A. Otto (1832-1891) que de fato
obteve sucesso no meio automotivo da época, pois foi introduzido o processo de
compressão da mistura ar-combustível em um motor mais compacto e eficiente.
Desde então, várias modificações visando aumento da eficiência térmica e mecânica
vem sendo implementadas. O princípio de funcionamento, entretanto, permanece
inalterado.
Seu ciclo é descrito pelos seguintes tempos, representados na forma do
diagrama p-V da Figura 3.
Figura 2.3: Diagrama p-V de motores de ignição por centelha a quatro tempos.
18
• Expansão: inicia-se com o pistão no PMS e finaliza no PMI. Ainda com ambas as
válvulas fechadas, ocorre a combustão da mistura ar-combustível, elevando a
temperatura e pressão na câmara de combustão. O pistão é impulsionado para
baixo, rotacionando o virabrequim através do mecanismo biela-manivela. Pouco
antes do pistão atingir o PMI, a válvula de exaustão abre, iniciando o processo de
escape dos produtos da combustão. O trabalho positivo produzido no tempo de
expansão é de aproximadamente cinco vezes o trabalho (negativo) necessário
para comprimir a mistura na etapa de compressão (HEYWOOD, 1988, p. 10).
• Exaustão: inicia-se com o pistão no PMI e finaliza no PMS. Neste tempo, os
produtos da combustão são eliminados pelos dutos de exaustão até a atmosfera
durante o movimento ascendente do pistão. A pressão mantém-se ligeiramente
maior do que a pressão atmosférica. Pouco antes do pistão atingir o PMS, a válvula
de admissão é aberta.
A pressão no interior do cilindro também pode ser visualizada em função do ângulo
do virabrequim, o que permite avaliar a influência do ângulo de faísca (ângulo em
relação ao PMS no qual ocorre a faísca) na pressão. Na Figura 5, observa-se um
aumento gradual da pressão máxima no cilindro conforme o ângulo de avanço de
ignição aumenta. Há, entretanto, um limite para o avanço de ignição imposto, pois
uma grande elevação da pressão no cilindro pode implicar na ocorrência da
detonação. Detonação é o fenômeno de autoignição da mistura ar-combustível ainda
não queimada na câmara de combustão, o que implica na propagação de ondas de
pressão nos cilindros e maior fluxo de calor para os componentes do motor. O
desgaste prematuro dos componentes do motor é, portanto, um dos principais efeitos
da detonação.
19
Figura 2.4: Curvas de pressão no cilindro em função do ângulo do virabrequim
para diferentes ângulos de avanço de ignição (BRUNETTI, 2012).
• Potência efetiva
É o valor de potência entregue às rodas – ou ao dinamômetro. É obtida a partir
do torque, segundo a relação abaixo.
𝑃 = 2𝜋𝑁𝑇
Em que T é o torque medido pelo dinamômetro e N a rotação do virabrequim
(rev/s). Apesar de serem grandezas similares, que quase sempre aparecem juntas, é
importante diferenciar fisicamente – e não apenas matematicamente - torque de
potência. Torque é a capacidade do motor realizar trabalho, enquanto potência mede
a taxa de trabalho realizado pelo motor (HEYWOOD, 1988).
20
Representa o trabalho líquido realizado pelos gases de combustão sobre o
pistão ao longo de todo o ciclo de quatro tempos. A partir do trabalho líquido do ciclo,
é possível obter a potência indicada do motor pela equação abaixo:
𝑊𝑐,𝑖 𝑁
𝑃𝑖 =
2
Em que 𝑊𝑐,𝑖 é o trabalho líquido do ciclo e o fator 2 é por conta dos quatro
tempos (um ciclo completa-se a cada duas rotações). A potência indicada é mais
utilizada para avaliar os efeitos dos processos de compressão, combustão e expansão
no desempenho do motor, pois não inclui as potências consumidas pelos dispositivos
mecânicos auxiliares do motor, como bomba de água, bomba de óleo, alternador, etc.
21
𝑃 1
η𝑖 = =
𝑚𝑓 𝑄̇ 𝐻𝑉 𝑠𝑓𝑐 ∙ 𝑄𝐻𝑉
Em que 𝑄𝐻𝑉 é o poder calorífico inferior do combustível.
• Eficiência volumétrica
Representa a eficiência do processo de indução de ar do motor. Os
componentes do sistema de admissão (dutos primários, coletor de admissão, runners,
válvulas de admissão) impõem uma restrição da quantidade de ar que o motor é capaz
de admitir. Dessa forma, é interessante quantificar a eficiência desse sistema do
motor, uma vez que o fluxo de ar influencia diretamente na potência indicada. A
eficiência volumétrica é definida como a razão entre o fluxo volumétrico de ar para o
motor e o volume deslocado pelos pistões a uma rotação específica.
2𝑚̇ 𝑎
𝜂𝑣 =
𝜌𝑎,𝑖 𝑉𝑑 𝑁
Em que 𝜌𝑎,𝑖 é a densidade do ar de admissão. Valores comuns de eficiência
volumétrica em carga parcial em motores aspirados estão entre 80% e 90%.
22
necessário. O poder calorífico inferior mostra a quantidade de energia que é possível
extrair do combustível utilizado. A eficiência mecânica representa as perdas por atrito
e bombeamento.
𝑄 𝑁
𝑃 = 𝜂𝑣 ∙ 𝜂𝑖 ∙ 𝜂𝑚 ∙ 𝜌𝑎,𝑖 ∙ 𝑉𝑑 ∙ 𝐻𝑉 ∙
𝐴𝐹𝑅 120
23
Figura 2.8: Variação da pressão na válvula de admissão em função da posição
do virabrequim (adaptação de Cavaglieri de Winterbone e Pearson, 1999).
24
do pistão, pode-se aproximar que as perdas de enchimento por atrito aumentam com
o quadrado da rotação do motor (HEYWOOD, 1988).
O segundo fenômeno, chamado de ram effect, ocorre devido aos movimentos
de abertura e fechamento da válvula de admissão. A massa de mistura induzida e a
eficiência volumétrica são quase completamente determinadas pela pressão
imediatamente a montante da válvula durante o curto período anterior ao fechamento
desta. É por esta razão que a válvula de admissão sempre se fecha após o pistão ter
atingido o seu ponto morto inferior e iniciar parte do movimento ascendente de
compressão – se os intervalos de operação e tempos de abertura e fechamento das
válvulas foram calculados corretamente para o motor em análise, é previsto que ainda
haverá mistura entrando no cilindro após o ponto morto inferior. Esse enchimento
adicional, dinâmico, intensifica-se em rotações mais altas, nas quais a inércia da
mistura é maior. O projeto do motor e das válvulas não deve levar esse efeito em
consideração como objetivo primário para aumento da eficiência volumétrica, pois isto
causaria uma reversão de fluxo de mistura de volta para admissão em rotações mais
baixas, nas quais a inércia da mistura em movimento é menor. Ao retardar muito o
fechamento da válvula de admissão, esse fenômeno é vencido pela compressão do
pistão, que passa a expulsar a mistura fresca para fora do cilindro.
O fenômeno que mais contribui, de fato, para o aumento do enchimento dos
cilindros refere-se a propagação de ondas de pressão que surgem devido ao
fechamento das válvulas, tanto de admissão quanto exaustão. Conforme foi explicado
acima, as válvulas de admissão se fecham pouco após o ponto morto inferior com o
objetivo de aproveitar a inércia da mistura em movimento para o interior do cilindro.
De maneira análoga, as válvulas de exaustão abrem-se pouco antes do PMI, com o
objetivo de aproveitar a pressão elevada da massa de gás que foi queimada, e
fecham-se pouco após o PMS. Nos instantes de fechamento, a pressão a montante
das válvulas de admissão e a jusante das válvulas de exaustão é ligeiramente maior
em relação aos pontos mais distantes ao longo dos seus dutos. Com isso, ondas de
pressão são propagadas entre os dutos e atingem, posteriormente, outros cilindros
nos instantes de abertura de válvula. Quando isso ocorre no sistema de exaustão, é
bastante prejudicial para o desempenho do motor, pois parte dos gases queimados
retornam ao cilindro – podendo retornar até o sistema de admissão, durante o período
de sobreposição (overlap) das válvulas – dificultando a entrada de uma nova mistura
25
de ar e combustível. Por outro lado, na admissão é bastante benéfico e pode resultar
em ganhos de até 10% na eficiência volumétrica em uma faixa intermediária de
rotação. A análise numérica desse fenômeno torna-se bastante complexa quando é
inserido um turbocompressor no projeto, pois essa pulsação dentro do coletor torna-
se mais instável e de difícil previsão.
26
Figura 2.9: Influência do comprimento do duto de admissão na eficiência
volumétrica (Heisler, 1995).
27
funciona como um sistema massa-mola no qual a massa do sistema equivale a coluna
de ar do tubo e o volume no plenum tem o efeito de uma mola. Desse modo, a
frequência de ressonância do sistema é dada pela área e comprimento do tubo e
volume do plenum, conforme equações abaixo:
𝑐 𝐴
𝑓= √
2𝜋 𝑉𝐿′
𝐿′ = 𝐿 + 0,85𝐴 + 0,6𝐴
Em que:
f: frequência [Hz]
c: velocidade do som [m/s]
V: volume do plenum [m³]
A: área de entrada [m²]
L: comprimento do duto [m]
28
de ar traseira, como na figura abaixo. É um coletor simétrico em relação aos dutos de
admissão.
29
Figura 2.11: Entrada de ar lateral no carro da Unicamp (F2015)
30
Figura 2.12: Entrada de ar central na altura do main hoop (Michigan State
University).
31
Figura 2.13: Ilustração dos escoamentos laminar e turbulento no interior de um
tubo (Fonte: CFD Support).
𝜌𝑈𝐷
𝑅𝑒𝐷 =
𝜇
Em que:
𝜌: densidade do fluido [kg/m³]
𝑈: velocidade média do fluido [m/s]
𝐷: dimensão característica do escoamento [m]
𝜇: viscosidade absoluta do fluido [Pa∙s]
33
3.2. Equações de balanço para os volumes de controle
34
𝑑𝑉
𝜌 = 𝜌𝒈 − ∇p + ∇τ𝑖𝑗
𝑑𝑡
Em que:
𝜌: densidade do fluido
𝑉: campo de velocidades do fluido em uma referência euleriana (referencial
externo ao escoamento)
𝑢̂: entalpia interna do fluido
𝑘: condutividade térmica do fluido
Φ: termo de dissipação viscosa
𝒈: aceleração gravitacional
p: pressão exercida pelo fluido
∇τ𝑖𝑗 : tensor de tensões
As equações acima estão em sua forma mais generalista possível, ou seja, são
válidas para um escoamento em condição transiente, compressível, viscoso e com
troca de calor. A equação de energia não inclui, no entanto, um componente de
geração de energia interna, como seria previsto no caso de uma reação nuclear ou
química ao longo do escoamento.
Diversas simplificações podem ser feitas nas equações acima a partir de
premissas bastante realistas, principalmente quando considera-se uma condição de
escoamento quase-permanente, isto é, com baixas flutuações no fluxo de massa ao
longo do tempo. Como resultado, temos que todos os termos que representam a
variação de alguma grandeza no tempo podem ser anulados e propriedades como
densidade e condutividade térmica podem ser aproximados como constantes. A
representação unidimensional do escoamento também simplifica bastante o tempo de
cálculo das equações acima no GT-Power, uma vez que cada uma delas são
equações diferenciais parciais a serem resolvidas em três dimensões, totalizando
nove equações.
35
estudantes universitários e, portanto, ocorre uma perda significativa no fluxo de ar
para o interior dos cilindros. Em relação a geometria do restritor, apenas uma
dimensão deve ser obedecida pelas equipes: o diâmetro da menor seção transversal
deve ser, no máximo, com etanol (E100), de 19 mm. Existe, assim, liberdade de
projeto em relação ao tipo de restrição utilizada. O tipo de restritor mais utilizado e que
proporciona menores perdas de carga é o que utiliza um bocal convergente-divergente
para reduzir suavemente a seção até o mínimo de 19 mm e, igualmente, aumentar até
o diâmetro do duto secundário do coletor.
O fluxo de massa crítico através do restritor pode ser analisado segundo a
equação abaixo (FOX, 2011), válida para um escoamento adiabático e isentrópico:
𝛾+1
𝑝0 𝐴∗ √ 𝛾 2 𝛾−1
𝑚̇𝑟 = ( )
√𝑇0 𝑅 𝛾 + 1
Em que:
𝑝0 : pressão de estagnação na entrada
𝐴∗ : área mínima de escoamento no restritor
𝑇0 : temperatura de estagnação na entrada
𝑅: constante de gás ideal
36
elementos disponíveis no GT-Power. Como elementos centrais do motor YZF-R6,
temos quatro cilindros e 16 válvulas – quatro para cada cilindro, sendo duas de
admissão e duas de exaustão. No caso da admissão, a montante das válvulas temos
os dutos do cabeçote do motor, que se unem em uma junção do tipo Y. Dessa posição
para trás, temos os elementos do sistema de admissão. A partir do ambiente (inlet), o
ar escoa através do corpo de borboleta, restritor, duto secundário, coletor de admissão
e, então, pelos dutos primários que estão fixados no cabeçote.
Os dados físicos do motor, necessários para construir a base do modelo no GT-
Power, foram agrupados na tabela de especificações abaixo. Não foi feita nenhuma
modificação nos valores de lift, duração e instantes de abertura e fechamento das
válvulas em relação ao motor original.
Fechamento exaustão
Limite de rotação 13500 rpm 25 deg
ATDC
11,5 deg admissão /
Ângulo de válvula 12,25 deg escape (23,75 Duração exaustão 260 deg
deg)
0,2 mm
Volume da câmara de Valve timing (admissão);
12,38 cc
combustão measurement point 0,3 mm
(exaustão)
37
A partir dos dados do motor especificados no anexo I, bem como estimativas
baseadas no manual do usuário do GT-Power, foi construído o diagrama abaixo a
partir dos cilindros em direção aos sistemas de admissão e exaustão.
38
Figura 3.2: Porção do diagrama do modelo referente apenas ao motor.
41
modelo dos bicos injetores leva em consideração uma vazão estática de 3,7 g/s de
etanol e a razão ar-combustível para a combustão completa do etanol, 9:1.
42
“Int_Convergent”, e o divergente como “Int_Divergent”. O restritor conecta-se com o
plenum do coletor (“FlowSplitGeneral-1”) por meio do duto secundário de ar.
Nesta parte do sistema, foi optado por manter a geometria do projeto de 2016
com o objetivo de concentrar o escopo do trabalho no projeto do coletor e simplificar
a análise.
43
Figura 17: Flange de admissão e corpo de borboleta originais do motor
Yamaha YZF-R6.
44
Um outro histograma, obtido da prova de endurance de 2015, apresenta uma
discretização melhor de rotações. Nele, foi estimado que cerca de 65% dos pontos
encontram-se na faixa entre 7600 rpm e 9600 rpm.
46
comprimento menor do que esse valor, foi utilizado um dx de 10 mm. É importante
ressaltar que o custo computacional, em termos de tempo de simulação, aumentaria
significativamente com um refino da malha.
4. Resultados
Após fixar as outras dimenões do coletor conforme a Tabela 1, foi montada uma
grade de simulações em regime permanente com 20 pontos de rotação situados entre
3000 rpm e 13000 rpm e 27 pontos de comprimento primário entre 30 mm e 300 mm.
Essa configuração inicial mostrou-se bastante cara do ponto de vista computacional,
uma vez que foram necessárias 540 simulações ao todo do DoE. Todos os casos
seguintes consideraram uma malha de 10x10.
Na figura abaixo, observa-se o comportamento da eficiência volumétrica
simulada. Os efeitos acústicos do comprimento do coletor tornam-se mais evidentes
a partir de aproximadamente 150 mm. Nesse intervalo, foi observado um aumento
expressivo na eficiência volumétrica na faixa de rotação entre 6200 rpm e 8700 rpm.
Nas rotações abaixo de 5000 rpm, houve um pequeno decréscimo na eficiência em
uma porção estreita, enquanto nas rotações acima de 10000 rpm houve uma queda
próxima de 10% de eficiência volumétrica, chegando a 13% próximo da rotação limite.
Considerando que o comprimento do tubo representa a dimensão de uma coluna de
ar acima do motor, ocorre um aumento na inércia dessa massa de ar, enquanto o
tempo para o transporte da mistura ar-combustível através das válvulas é cada vez
menor com o aumento da rotação. Além disso, conforme foi previsto, a partir de 9000
rpm o restritor de ar também passa a limitar substancialmente o fluxo de ar.
Outro fenômeno muito interessante que ocorreu foi o aumento da eficiência
volumétrica acima de 100% próximo de 7500 rpm, chegando a 110%. Esse grau de
enchimento é bastante raro em motores aspirados e pode revelar uma ressonância
de ondas de contrapressão.
47
Figura 4.1: Eficiência volumétrica no caso 1: coletor central e comprimento
primário variável.
48
Para verificar a vazão de bloqueio no restritor, foi plotado um gráfico de vazão
mássica em função de cada caso simulado, e foi observado um valor máximo de 67,4
g/s no ponto 540, referente a rotação de 13000 rpm.
49
4.1.2. Influência do diâmetro primário
O diâmetro de entrada dos dutos primários foi variado entre 35,1 mm, que é
igual ao seu diâmetro de saída, e 70 mm. Aqui, essa dimensão apresenta um efeito
inverso ao do comprimento: diâmetros menores beneficiaram a faixa intermediária de
rotação, com uma melhora de 5% na eficiência volumétrica nas rotações acima de
9000 rpm.
Assim como no caso anterior, aqui também foi observado um ponto de
sobrealimentação de ar, de 105%, a 7500 rpm para diâmetros menores. Por
conseguinte, também houve um aumento no torque nessa região – cerca de 8,3%
maior em relação a diâmetros maiores que 50 mm.
50
Figura 4.6: Torque no caso 2 - coletor central e diâmetro primário variável.
51
Figura 4.7: Eficiência volumétrica no caso 3 – coletor central e comprimento
secundário variável.
52
4.1.4. Influência do diâmetro do secundário
O diâmetro do duto secundário (saída) foi variado entre 20 mm e 200 mm, pois
comprimentos muito maiores tornariam bastante difícil o posicionamento de todos os
componentes dentro do limite de espaço definido pela SAE. Aqui, observa-se pouca
variação da eficiência volumétrica no ponto ótimo do motor de 7500 rpm. Dutos muito
curtos possibilitariam os piores resultados, com um adiantamento da queda de
enchimento para a região de 8000 rpm, antes mesmo da vazão chegar ao limite de
bloqueio do restritor. Uma hipótese que poderia justificar esse comportamento é que
ocorre uma transição de geometria muito brusca: de um duto de seção pequena para
um plenum com volume de 500 cm³ e comprimento de aproximadamente 30 cm.
Paralelamente, a transição do regime de escoamento também é rápida, passando
para um regime mais turbulento a medida em que a seção do escoamento aumenta.
Isso pode ser conferido no gráfico da Figura 4.13, que indica a pressão média no
plenum em função do diâmetro de secundário e rotação. Na mesma região comentada
acima existe uma queda de pressão.
53
Figura 2.10: Pressão média no plenum em função do diâmetro secundário e
rotação.
54
4.1.5. Influência do volume do plenum
55
Figura 4.13: Torque no caso 5 - coletor central e volume de plenum variável.
Para testar esse layout de coletor, o ângulo de entrada do fluxo no plenum foi
alterado de acordo com a figura abaixo. No modelo, é indiferente o lado do plenum
em que o secundário é posicionado. Na realidade, entretanto, é importante levar esse
aspecto em consideração. Caso a entrada de ar esteja do mesmo lado da saída dos
gases de escape e ocorra interferência dos dois fluxos de gás, o motor poderá admitir
uma mistura ar-combustível com uma fração significativa de ar quente e gases
queimados, reduzindo a eficiência volumétrica efetiva.
Runner secundário
Plenum
Runners primários
56
Para tornar a análise mais objetiva, foi calculada a diferença entre os resultados
dos DoEs do coletor lateral em relação ao central a fim de verificar se os padrões de
desempenho qualitativos observados e descritos acima se repetem e qual
configuração produz melhores valores de torque e eficiência volumétrica.
No gráfico abaixo foi plotada a diferença de eficiência volumétrica observada
entre os dois layouts em função do diâmetro primário. Com exceção de algumas ilhas
pontuais para combinações específicas de rotação e diâmetro, tanto para ganhos
quanto perda de eficiência, não houve ganhos substanciais de um setup em relação
ao outro, de forma geral. O valor médio do delta de eficiência aqui é de apenas 0,03%.
57
Figura 4.16: Delta de eficiência volumétrica entre layouts versus comprimento
secundário.
58
4.3. Proposta de solução ótima
A partir da extensa análise de como cada um dos graus de liberdade do projeto
do coletor afetam o desempenho do motor, é possível propor uma solução ótima para
a faixa de rotação predominante do motor, que foi definida entre 7600 rpm e 9600 rpm.
Essas condições podem variar entre diferentes provas da competição de Fórmula
SAE, portanto servem apenas como uma referência inicial para o modelo do motor.
Tendo em vista limitações referentes a construção do sistema, montagem, e ao
regulamento da competição, foi proposto um conjunto de dimensões para formar uma
solução inicial para o coletor. Como não foram verificadas diferenças significativas
entre a montagem central e lateral, foi escolhido um coletor central por questões de
simetria. Dessa forma, é possível minimizar a dispersão entre os cilindros e
uniformizar a eficiência volumétrica entre cada um deles.
Os parâmetros da solução resultante foram definidos de acordo com a tabela
abaixo.
59
5. Conclusão
60
6. Referências Bibliográficas
[1] BRUNETTI, F., Motores de Combustão Interna, Vol. 1, Edgard Blucher, 2012.
[2] BRUNETTI, F., Motores de Combustão Interna, Vol. 2, Edgard Blucher, 2012.
[3] CAVAGLIERI, M. R. Estudo experimental do fenômeno de onda em coletores de
admissão para motores de combustão interna. Dissertação (mestrado) – Faculdade
de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2014.
[4] CLAYWELL, M. HORKHEIMER, D. STOCKBURGER, G. Investigation of Intake
Concepts for a Formula SAE Four-Cylinder Engine Using 1D/3D (Ricardo WAVE-
VECTIS) Coupled Modeling Techniques. University of Minnesota. SAE Technical
Paper Series. 2006.
[5] HEYWOOD, J. B., Internal Combustion Engine Fundamentals. Ed. McGraw-Hill
Education, 1988. 930 p.
[6] SAE INTERNATIONAL. 2018 Formula SAE Michigan – Event Guide. 2018.
[7] SAE INTERNATIONAL. Formula SAE Rules 2019. 2018.
[8] SOUZA, H. S. Análise de escoamento de ar em coletores de admissão de motores
de combustão interna. Trabalho de conclusão de curso. Faculdade de Engenharia
Mecânica, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2017.
[9] TRINDADE, W. R. S. Use of 1D-3D Coupled Simulation to Develop an Intake
Manifold System. MAHLE Metal Leve S.A. SAE International, 2010.
[10] CLAYWELL, M. ROYCE, S. ROYCE, M. Learn & Compete: A Primer for Formula
SAE, Formula Student and Formula Hybrid Teams – 1D Engine Modelling Basics.
Racecar Graphic Limited, 2012.
[11] ARAUJO, G. B. GIMENEZ, F. R. GODOY, D. Formula SAE Unicamp 2015 Project
– Powertrain Handbook. Universidade Estadual de Campinas, 2015.
[12] MRDJA, P. et al. Model based approach in Yamaha R6 Formula Student engine
control parameters optimization. International Congress Motor Vehicles & Motors,
2012.
[13] REITZ, R. et al. Application of Generalized RNG Turbulence Model to Flow in
Motored Single-Cylinder PFI Engine. Engineering Applications of Computational Fluid
Mechanics, 2014.
[14] GT-Power Flow Theory Manual. Gamma Technologies, 2015.
61