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Petrobras Fecha Fábricas e Expõe Brasil À Falta de - Geral
Petrobras Fecha Fábricas e Expõe Brasil À Falta de - Geral
DEPENDÊNCIA EXTERNA
Vinicius Konchinski
Brasil de Fato | Curitiba (PR) | 02 de Março de 2022 às 19:39
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05:12
Bolsonaro em visita a Putin, em Moscou, em 16/02, para tratar de fertilizantes para agricultura brasileira -
Kremlin
A Rússia invadiu a Ucrânia há uma semana. O Brasil não condenou o ato, mantendo uma posição
neutra a respeito da operação militar.
Em entrevista coletiva concedida no domingo (27), o presidente Bolsonaro a�rmou que pretende
manter certo "equilíbrio" sobre o con�ito justamente por conta da dependência brasileira dos
fertilizantes russos. “Para nós, a questão do fertilizante é sagrada”, a�rmou ele.
Importação de fertilizantes
Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) tabulados pela consultoria StoneX
indicavam que, ainda em 2020, cerca de 84% dos fertilizantes usados por agricultores brasileiros
já eram importados. Esse percentual de importação é o maior já registrado em mais de 20 anos –
e deve aumentar.
“Não temos os dados consolidados de dezembro, mas o percentual de importação deve chegar a
85%”, disse o economista e analista da StoneX, Luigi Bezzon.
Naquela época, a Petrobras alegava que produzir fertilizantes dava prejuízo. Por conta disso,
primeiramente, decidiu desativar duas fábricas de adubos que mantinha no Nordeste.
Em novembro de 2019, a Petrobras arrendou as duas plantas para a Proquigel Química SA. A
empresa, entretanto, só conseguiu reativar a produção delas em 2021.
De 2016 para cá, a Petrobras também fechou a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenadas do Paraná
(Fafen-PR), em Araucária. O fechamento ocorreu em fevereiro de 2020, já durante o governo
Bolsonaro. A desativação da fábrica, que havia sido comprada em 2013, causou a demissão de
cerca de mil trabalhadores.
Questão de soberania
Gerson Castellano, petroquímico e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), informou
que trabalhadores contestaram a decisão da Petrobras de deixar a produção de fertilizantes e
alertaram para os riscos que isso traria à agricultura brasileira na época em que o plano da
empresa foi anunciado. O alerta, porém, foi ignorado, inclusive por produtores rurais.
“Nunca foi pensado na questão de soberania, no risco de con�itos fazerem com que esses
produtos já não estivessem à nossa disposição”, a�rmou Castellano, que teme que a guerra entre
Rússia e Ucrânia comprometa o envio de fertilizantes russos para o Brasil. “Acho que foi um
despreparo do governo e do agronegócio”, avaliou.
Castellano ressaltou que não será o agronegócio o principal prejudicado por uma eventual falta
de fertilizantes. Ele disse que produtores rurais pagarão mais caro pelos adubos se necessário e
repassarão o custo à população.
“O agronegócio vai repassar ao preço dele”, disse. “Quem vai ter problema é toda a população,
que vai pagar essa in�ação”, pontuou.
Bezzon, da StoneX, disse que, durante 2021, o preço de fertilizantes no mercado internacional já
subiu cerca de 200%, mesmo antes de o con�ito entre Rússia e Ucrânia eclodir.
Ele explicou que o Brasil ainda não foi tão afetado por essa alta, já que ela ocorreu
principalmente após setembro, quando as compras brasileiras já estavam fechadas. Contudo, ele
estima, para 2022, um impacto severo nos custos do insumo.
Bolsonaro mira indígenas
O presidente Bolsonaro usou sua conta no Twitter para falar do impacto que a guerra entre
Rússia e Ucrânia poderá trazer à agricultura nacional. Ele, inclusive, defendeu a liberação da
exploração mineral de terras indígenas para a obtenção de potássio, usado como fertilizante.
Jair M. Bolsonaro
@jairbolsonaro
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“Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu
preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e
Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em
abundância”, escreveu o presidente nesta quarta-feira (2).
Castellano, da FUP, reconheceu que o Brasil importa potássio para adubar lavouras. Lembrou,
entretanto, que o Brasil seria teoricamente autossu�ciente em ureia, também usado como
fertilizante, caso não tivesse desativado as fábricas da Petrobras.
Procurada pelo Brasil de Fato, a Petrobras não se pronunciou sobre sua decisão de deixar de
produzir insumos para a agricultura.
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