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ry UT ma Pre -feira A noite numa ' confeitaria que funciona até mais tarde. Enquanto passamos por "um grupo de homens brancos parado na entrada do estabeleci- mento, podemos ouvi-los falar de nés, dizendo que meus com- panheiros, que sao todos brancos, devem ser progressistas da | faculdade, nao “locais”, para estarem andando com uma “criou- | la’. Todos no meu grupo agem como se ndo tivessem ouvido | nenhuma palavra da conversa. Mesmo quando chamo a atengao i Para o comentario, ninguém responde. Nao é apenas como se eu nio falasse, mas como se nio estivesse 14. Sou invisivel. Para os meus colegas, o racismo que se manifesta nas interagdes do dia adia — essa é a nossa segunda experiéncia desse tipo juntos — é apenas um desconforto a ser evitado, no algo a ser confronta- | doedesafiado. £ sé algo negativo interrompendo um momento | _*8radavel, melhor nao dar atencio e fingir que nao esta ali. j Conforme entramos na confeitaria, todos eles caem na risa- dae apontam para uma fileira de seios gigantes de chocolate, om direito a mamilos — tetas imensas comestiveis. Eles acham ) S58 ideia deliciosa — sem enxergar neahuma conexdo entre “ssa imagem tacializada e o racismo der = rstiaisy anuiita i lla iil Penso na representacio dos cop. a popular. Observando-os, Pen. €s contemporaneas e os tipos de aescravidao. Eume lembro da forma exp6e as dindmicas psicossexuais tthe Life of a Slave Girl (Incidentes na y- Eu me lembro de como ela descreve dominagao e as pessoas brancas que a de passaros obscenos’. de mulheres negras na cultura inte criticam ou subvertem ima negra que eram parte do aparato € que ainda moldam as percepsoe saio “Black Bodies, White Bodies: Female Sexuality in Late Nint and Literature” (Corpos n> 5 Messen ei) Pe Paella Taal ografia da sexualidade femi ia literatura no final do século XIX], © como a presenga negra nos pri- americana permitia que os brancos Projetando nos corpos negros uma da branquitude. Gilman documenta imagem, comentando que, “por volta completo. Era para repararem apenas Objetificada de maneira similar As es- dos de leilao enquanto donos e importantes, as mais venda- “gg Scanned with a Mobile Scanner jalmente corpos de mulheres de Josephine Baker. Satisfeit. = SOrpos negros pelos brancos, Bake prio “bumbum” em suas apresen. j condescendente em boa Parte da tz: Josephine Baker e seu tempo, Phyllis énfase de Baker em sua bunda: or Ta Jinstrumento, um chocalho, algo sepa E quase impossivel superestimara seiro. A propria Baker declarava que meles". Com o sucesso de Baker, do é visto como uma indicagio de Sexualidade ca popular contemporanea é um dos principais lu- em que se debate a sexualidade negra. Nas letras das ‘a “bunda” é mencionada de formas que tentam desafiar 5 racistas de que é um sinal feio de inferioridade, ain- e¢a como um simbolo sexualizado. A Cangao popu- Butt” [Mexendo a bunda] promovia uma nova danca favorecia quem pudesse empinar melhor a bunda com ‘Uma cena de Lute pela coisa certa (1988), de Spike festa s6 de pessoas negras em que todos vestem ” Scanned with Pleo] (estor Talal € Ndo mostroy ‘Oasat Bigger. E uma dupla ml | io eliminada Sistematicamente é Taga como um assunto politicony vam Imagens contrastando os corpos m os das negras de formas que reforg- imagem da mulher branca. 0 ensio ‘esse projeto critico: ele realmente esi a sexualidade da mulher branaa r é utilizada no romance de Wright em 0 livro, Bessie é dispensdvel porque Bigg? iis hediondo: assassinar uma mulher brant mais importante, dilui o segundo. T estino de Mary Dalton, a filha bran Se importa com o destino de Bessie to em que Bigger decide que ° corpo : vai maté-la, continua exigindo 44° cho ". Bigger tem o objetivo de usi-la Mh firma como o corpo dela ¢ disP* destruir? cor? : Perigosos para de um e violar 0 corp? sagdoviecl wi Mobile Scanner fora do contexto do casame: inilidade cafda”. Ela nao tem proteto- der seus direitos. Suplicando a de por reconhecimento e compaixao fica. “Bigger, por favor! Nao faca isso co- eu faco nessa vida é trabalhar como de a manhi até a noite. Nao tenho ale- de vida. Nunca tive. Nao tenho porra uma dessas.” ncia muitas mulheres negras pobres ‘as palavras dela ecoam as da poeta Nikki So das mulheres negras no fim dos os de “Woman Poem” dizem: “Veja - pela infelicidade”* Contudo, ha ys 1960, a mulher negra est4 no- aescuta, um reconhecimento em sua situacao. Esse poema construir uma sexualidade dis- BRST (eA dy Mobile Scanner Brito de resisténcia pedindo aos heres negras, que a objetificam a ‘as consequéncias de seus atos, En, jer negra percebe tudo o que precisa on rrealizacdo. Ela deve rebater as Tepresentars ‘seu corpo, de seu ser como dispensiveie imagens que representam COrpos de cartdveis, as mulheres negras abso, ay sivamente ou resistiram a ele como oferece exemplos incontdveis de mulheres de e explorando “esterestipos Negativos? sobre a representacao ou, no minimo, vez que a sexualidade da mulher lu lo. “gg” Scanned with A Ma eetsve-Telale ‘Sanos 1950, certo? Acho que ele planejou tudo, 0 que ndo tinha nenhum filme bom passando naquela sabia que poderia conseguir tudo, porque hou- Scat Rea p— AVS ieisccinicy COM a experiencia pe arrogante nao Mascare pelos detalhes (Ue oferece esta de acordo com o Modo (0 da biografia, ela descreve Vatias stay, extrema, € entao minimiza 9 impacto imagem de si e de outras mulheres livres, sugerindo que nés afirmamos formas que nunca sio Confirmadas pe. como cantora foi baseada na cons. y sexualidade da mulher negra que foi 9 de luxtiria animalesca selvagem. Es. e Turner, o homem que criou essa ima- ita suas ideias a respeito des; Sa imagem. Como te de uma Tepresentacaio que p: roduziu e Manteve ia pornogrdfica de Ike — a mulher negra como uma — emergiu do impacto de uma midia controlada branco, que moldou suas Petcep¢Ges da realidade, no ela suportava essa contradicio testemunhas em Eu, Tina). Por um lado, * Scanned with 4 Mobile Scanner guerra erdtica com Seu com ~ ow de Ike e Tina Turner, ela ao mulher negra auténoma, para forma de exercer Poder, Inverte Ge no papel de dominadora, lagem Aunty Entity no filme Mad Max. , lancado em 1985, Tina Turner eVoca mach : © da “mie preta” que se tor. da selvagem sexual que usa seu corpo mens. Retratada desejando o hersi Tejeita-la, Aunty Entity é a reence- | mulher negra mitica que, durante € conseguia 0 que quisesse donos de escravos. E claro que o ax é mais forte que seus ances ndo as a explorar. To Do With It” [0 4% ° Mobile S¢anner e"& a0 mesmo tempo, esentada como di inacessivel, Nao que ela apenas “se abre” adora, ela é a mulher Violento; esté ligado a mulheres usando o po- ” Scanned with Webel RTer Thales maging. RAB apenas como mer,” , O prazer é Secundirio, ¢40 da sexualidade anim; ales Aretha Franklin ¢ conte Ys 4. me Baker essencialmente associam ainda que vista como vitima de dori lem isso —, também interpretou [Respeito] foi ouvida por muitas » cuidado e apoio miituos. Are- especial da ps destacando espaco foi dado aos pro- publica. Na tela, ela como um refrao poderoso. interpretacao do signifi- “altissimo por atencio se G— sien uit Mobile Scanner Franklin lutava constantemente com o Fetratam as varias mudangas na forma Como se zombasse dessas preocu pages o de boa parte do documentario Aretha é ce ser um ambiente doméstico, talvez uma sala }um vestido de noite tomara que caia, pequeno o de seu busto, ¢ seus scios parecem dois forma ou controlou essa ieee cu $6 posso rei- a insisténcia do filme na ideia de que Franklin sexual e permaneceu como uma cantora parece mais provavel do que a primeira. ” Scanned 4 Mobile Scanner s criticamente a capa da Vanity osando contra um fundo branco, ee 9 de um tecido branco enrolado le Tete, po, o elemento mais chamativo do , ee gros caindo a seu redor. Havia tanto ¢, mir seu corpo (que parecia fragi} © anore: jidade de que aquele corpo nu pug sexual ativa de uma mulher. O tecido forca a ideia de que esse é 0 Tetrato de uma ser vista como inocente e infantilizg. cabelo € quase uma coberta que remete, €SSe te. cara) iB, Mobile Scanner onsumo no capitalismo tardio €um tema funda. socializacdo contemporinea”, Essa mudanga cultural que os corpos das mulheres negras Sejam representa. os dominios do “belo” onde cles 4 tiveram sua entra- como nas revistas sofisticadas de moda, Reinseridos lo, mais uma vez em exibi¢io, os corpos das mu- aparecem nessas revistas ndo como registro da bele- dos corpos negros, mas para chamar a atengio preocupagées. Sio representados para que os leitores 1 que a revista é racialmente inclusiva, ainda que suas Freq distorgam esses corpos, contorcidos em s e bizarras Bese n i) PF Peierls Re a do houve muitas Teclamacie, _ de moda em incluir imagens de ba presenca de tais Tepresenta Mean. Mulhere, te ges, desafan Tacista que insinua que mulheres 1 3 mulheres negras estio Presentes nas», tendem a renovar os esteredtipos Cxistentes modelos de pele escura aparecam em fy. distorcidos. Mulheres birraciais tendem izadas. Catdlogos de moda como os m subtexto racializado em seus proje MSU Aiy 4 Mobile Scanner €vocada neste trecho, ‘€xposta em trajes usados Que Os veste no é branca. ta, ela corporifica o melhor da com elementos de branqui- conferindo uma aura de virtude Ppornografica racializada, ela é a combi- ne da puta, a sedutora perfeita. O impacto que Iman — uma modelo negra com altos clamada mundialmente porque era o clone ne- a deusa branca gélida — precisou mudar. Ideias re a beleza da mulher negra ser construida, no tragos que esta cultura vé como “caucasianos” finos —, Iman aparece na capa da edi¢4o 9 da Vogue “transformada”. Seus labios e seios de Uma vez que sua “aparéncia” foi destruf- ” Scanned with PPR Ce) octet Talal cle ada negra Sensual selya, we la como branca — ¢ Mod = Naomi Campbell, Uma _ quase sempre retratada Praticam, = do. Abrindo mao de seus cae ou apliques extensores, elat _ Dlico. Rotulada pelos criticos de mody egra, ela personifica uma €stética que ainda que atraentemente diferen. as brancas para serem Consideradas ea To rig, Sezai eM enor. dio do cinema, essa imagem étnica oa “mulata trdgica”." Nos filmes, ela is brancos. Como Julie Burchill “mm Scanned with p= Aoi it contemporaneos com estrelas birraciai ‘lais ay a mensagem. O alerta para mulheres é St ae 4 Tecio- ; i BENS sobre os peri de afirmar o desejo sexual. A mensagem de Imitagao da eee ente era que a tentativa de se definir co; er sual poderia levar A rejeigao ao meee eae te = ‘solitdrios, Rae Dawn Chong faz o papel de uma mulher ee sexual, cagando ¢ seduzindo homens brancos que desejam (como ficou implicito inicialmente em Imitagéo da mas que a usam sexualmente, agridem e entio a descartam. eS ne R vo dy Mobile Scanner Ocasionalmente, em uy Ma com. @ (1986), uma cena sey TV como forma como a Sexualidade Tacista e imperialista, O heréj Mona Lisa é mostrado como deseja resgata-la de uma vidi n € 0 conquistador, o coloniza- €m que assiste a um videoem Bro que a atormenta. Ambos,o dos como disponiveis para 0. No contexto das praticas a € mais excitante do que pos- para ver se a mulher negra interpretada por Debbie i conquistar o homem branco que elaama desesperada- dois amantes nunca so retratados no quarto — ce- nas novelas exibidas durante o dia. A Personagem nao s6 est4 competindo com o impulso de uma mulher yelha para ficar com o homem branco, ela est4 com- Os com O sangue, a familia e a lealdade. trama de romance inter-racial nas novelas, existe pubblico sobre as relagdes entre raca e sexualidade. Bees ATi A ete le : “de quem é essa bucetay” a mo e quando as mulheres ne ‘ al de formas que nos libertem ee ), das imagens e praticas ae capaz de afirmar sua Sexualidade ¢ um impacto diferente. questées da sexualidade femi- n € rompem com as Tepresentacdes gem Dreaming Rivers [Rios de so- 0 negro britanico Sankofa, justapoe ‘da mulher negra como mie com a de infantilizados encarando suas da mulher negra. O filme destaca da mulher negra madura, que itagdes vibrantes do cor- negra. Numa cena erdtica um casal de lésbicas, ves- Ja preparagao celebratéria, , admiram suas imagens Zs co ee Meinsceenti) misso com politicas feministas e antirracistas, ‘no espelho e focam em partes especificas do 9s volumosos ¢ os bumbuns), o olhar é de reco- Vemos seu prazer e alegria de ser quem sio, negras também apresentam as imagens que a visdes tradicionais da sexualidade das mulheres o o filme de Kathleen Collin, Losing Ground {Per- (1982), fiquei impressionada com sua ousadia, a for- Bese RTL Pao) sy ester he The Power of the Iman. [O poder da imagem emas™ ; 2], Annette Kuhn presenta ras feministas que dese} “Siam expone des dominantes, é Nnecessdrio antes de ty o elas funcionam, para entio PrOCUrar 0s pont, ges produtivas. Desse entendimento € praticas de producao cultural de resist “By Scanned with leet Tinie

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