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Direitos Cuniuformes

Origens da escrita cuneiforme


Os documentos mais antigos conhecidos até hoje foram encontrados em um templo na
cidade de Uruk, com data aproximada de 3.200 a.C. Sã o tabletes de argila com escrita
cuneiforme, apresentando sinais pictográ ficos. O nome da escrita cuneiforme vem do
latim cuneus (canto), pois ela é o resultado da incisã o de um estilete, impressa na argila
mole, com três dimensõ es (altura, largura e profundidade). A escrita cuneiforme foi
utilizada para se gravar em paredes de rochedos, corpos de está tuas e grandes
monumentos, sendo sempre as inscriçõ es um decalque do texto escrito na tablete de
argila.
E a cidade de Uruk fez parte de um lugar no mundo onde quase tudo que consideramos
"civilizado" nasceu: o Crescente Fértil conhecido também por Mesopotâ mia, onde hoje
está o Iraque, uma parte do Irã e parte de seus vizinhos. A mais grandiosa invençã o
dessa gente da Mesopotâ mia, foi, justamente, passar para uma superfície símbolos que
expressavam as ideias. A escrita cuneiforme serviu para línguas de diversas famílias
linguísticas de vá rios povos da regiã o: Sumérios, Elamitas, Semitas (Acadianos,
Babilô nios, Caldeus, Assírios), Indo-Europeus (Hititas, Persas).
Direitos da Antiguidade
Os sistemas jurídicos desenvolvidos na regiã o da Mesopotâ mia sã o conhecidos como
direitos cuneiformes, graças ao processo de escrita utilizado pelos povos que lá
habitavam, que era parcialmente ideográ fico, em forma de cunha. Nã o existiu um
sistema cuneiforme ú nico, apesar de apresentarem suas semelhanças, mas uma
pluralidade de direitos.
Por meio da arqueologia, sabemos o suficiente para conhecer os principais momentos
da histó ria dos povos do oriente, que vã o do período Sumério à Dinastia Neobabilô nica.
Entre eles, sã o nove períodos histó ricos, mas a evoluçã o jurídica é bem mais simples e
teve o seu á pice no período de Hammurabi.
O direito cuneiforme é bastante amplo, e nã o existe uma quantidade substancial de
informaçõ es além do có digo de Hamurabi para sistematizar o direito daquela época.

Características do direito cuneiformes


Os direitos cuneiformes nos legaram grandes có digos, como o de Hammurabi. Nessa
época, os có digos nã o representavam mais do que a compilaçã o de casos concretos,
sendo quase um relato deles. Nã o havia a característica que marca os có digos a partir de
Napoleã o Bonaparte, ou seja, a divisã o em uma parte geral e outra especial. Naquela
época as leis ainda nã o possuíam as características de abstratividade e generalidade tã o
habituais aos sistemas jurídicos contemporâ neos.
Talvez có digo nã o seja o termo mais correto, pois cada um possui cerca de 30–60
artigos e nã o sã o agrupados segundo uma grande ló gica sendo mais um registro de
ensinamentos que orientam os julgadores, funcionando sob a estrutura “Se alguém fizer
tal coisa, então determinada coisa deve acontecer”. No fim, sem qualquer sistematizaçã o
ou doutrina.
O mais antigo có digo conhecido é o Có digo de Ur, de 2040 A.C. Depois, Ur se
desmembrou, e vá rias sociedades criaram seus pró prios có digos. Foram os Có digo de
Esnunna, com mais ou menos 60 artigos, e o Có digo de Lipit-Istar, com 37. Algumas
outras mençõ es, como as 20.000 tabuinhas em Mari (ao Norte da Babilô nia) sobre
prá ticas administrativas, jurídicas e econô micas, e o direito dos Hititas, semelhante ao
direito feudal dos egípcios, que pode ter sido um elo entre os direitos mesopotâ micos e
egípcios.
Desenvolveu-se nessa regiã o um sistema jurídico amplo, representado principalmente
pelos seguintes có digos:
 Có digo de Urucagina (2.380-2 360 a.C.)
 Có digo de Ur-Namu (2 040 a.C.)
 Có digo de Eshnunna (ca. 1 930 a.C.)
 Có digo de Lipit-Ichtar de Isin (ca. 1 870 a.C.)
 Có digo de Hamurabi (ca. 1 790 a.C.)
 Có digos dos Hititas (ca. 1650–1 100 a.C.)
 Có digo de Nesilim (c. 1650-1 500 a.C.)
 Có digo de Assura (c. 1 075 a.C.)
O Có digo de Urucagina é conhecido somente por citaçõ es.
Có digo de Ur-Nammu (fundador da terceira dinastia de Ur 2111-2 094 a.C.), cerca de
2040 a.C. ou ),do qual chegou até nó s somente dois fragmentos de uma tablete de argila
- surge na regiã o da Suméria (Baixa Mesopotâ mia) - é atualmente o documento
legislativo escrito mais antigo da histó ria do direito, sendo que há vestígios de textos
anteriores, mas que ainda nã o foram descobertos. Do mesmo período conservam-se
milhares de atos e atas de julgamento.
As normas ostentam o perfil de costumes reduzidos a escrito ou, entã o, de decisõ es
anteriormente proferidas em algum caso concreto. Essa será a tô nica de todos os
có digos da Antiguidade.
Destaque: traz normas predominantemente ligadas ao direito penal – nesse có digo já é
possível perceber a importâ ncia, que nã o cessará de crescer, concedida pelas cidades-
estado da Mesopotâ mia à s penas pecuniá rias, em detrimento da lei de taliã o. Citamos
como exemplo o item 8 do Có digo de Ur-Nammu:
"8. Um cidadã o fraturou um pé ou uma mã o a outro cidadã o durante uma rixa
pelo que pagará 10 ciclos de prata. Se um cidadã o atingiu outro com uma arma e
lhe fraturou um osso, pagará uma 'mina' de prata. Se um cidadã o cortou o nariz a
outro cidadã o com um objeto pesado pagará dois terços de 'mina'".
Có digo de Esnunna (cerca de 1930 a.C.): continha cerca de 60 artigos, sendo uma
mistura entre direito penal e civil, o que futuramente caracterizará o Có digo de
Hammurabi. Como destaque podemos citar os institutos relacionados ao direito de
família e principalmente à responsabilidade civil. Seguem sobre este item os arts. 5 e 56:
"5. Se um barqueiro é negligente e deixa afundar o barco, ele responderá por
tudo aquilo que deixou afundar.
(...)
56. Se um cã o é (conhecido como) perigoso, e se as autoridades da Porta
preveniram o seu proprietá rio (e este) nã o vigia o seu cã o, e (o cã o) morde um
cidadã o e causa a sua morte, o proprietá rio do cã o deve pagar dois terços de uma
mina de prata".
Tanto Ur-Namu quanto Echnuna foram reis de cidades-estado no Crescente Fértil e dã o
nome as primeiras leis escritas que conhecemos. A influência que Ur-Namu exerceu
sobre as leis de Echnuna sã o tã o grandes quanto a que estas duas legislaçõ es
provocaram no Có digo de Hamurabi.
No final de 1901 d.C. uma expediçã o arqueoló gica francesa encontrou uma estela (ou
pedra) de diorito negro de 2,25 m de altura contendo um conjunto de leis com 282
artigos, postos de uma maneira organizada, ao qual chamamos hoje de Có digo de
Hamurabi por ter sido feita a mando de Hamurabi que reinou na Babilô nia entre 1792 e
1 750 a.C.

O Código de Hamurabi
Na Mesopotâ mia temos o á pice do direito cuneiforme com o Có digo de Hamurabi! É
uma estela contendo 282 artigos, que hoje está disposta no Museu do Louvre. Na parte
superior, há um baixo-relevo que representa o deus-sol Samas, juíz dos céus e da terra
que dita a Hamurabi as regras, e no fim do texto, consta que “Hammurabi, rei do direito,
sou eu a quem Samas oferece as leis”. Em outras palavras, a origem das leis é divina, só
que diferentemente do direito hebraico, a lei nã o é dada por um deus, mas inspirada por
um.
O Có digo de Hammurabi e outros textos relacionados à prá tica jurídica que datam da
mesma época indicam a existência de um sistema jurídico extremamente desenvolvido,
sobretudo no domínio do direito privado, e mais particularmente quando se refere aos
contratos.
Diferentemente do direito egípcio, havia uma separaçã o entre as pessoas (apesar de
existir igualdade jurídica dentro de cada estrato social) e havia diferença das penas para
determinados estratos sociais. A título de exemplo, no artigo 200, se alguém parte o
dente de outro, de igual condiçã o, deverá ter partido os seus dentes. No entanto, no
artigo 201, se partiu os dentes de um liberto, a pena é pecuniá ria. Ou, no 203, se um
nascido livre espanca um nascido livre, paga uma pena pecuniá ria, mas se um escravo
espanca um livre (art. 205), deverá ter sua orelha cortada!
Assim, as leis penais utilizavam o Princípio da Pena de Talião (olho por olho, dente por
dente) ou eram substituídas por multas/indenizaçõ es legais.
Vá rias modalidades de contratos e negó cios jurídicos sã o inseridas no Có digo. Possuíam
um direito contratual muito desenvolvido e, assim como os egípcios, realizavam
operaçõ es financeiras de grande escala. Na verdade, a técnica dos contratos foi criada na
época de Hammurabi, e se espalhou pelo Mediterrâ neo, até que os Romanos finalmente
a sistematizaram. Isso nã o é por acaso, já que os povos da Mesopotâ mia praticavam
amplamente o comércio, sendo necessá rio regular essas transaçõ es.
Havia uma preocupaçã o com a segurança jurídica, já que as estelas eram dispostas na
cidade e os julgadores utilizavam tá buas para consultar a lei (afinal, nã o seria muito
prá tico carregar uma estela de uma tonelada pra lá e pra cá ).
O Có digo de Hammurabi é na realidade grande compilaçã o das normas e costumes da
época. Retrata inclusive as desigualdades sociais, diferenciando as penas que eram
dadas para cada um dos segmentos, ou seja, homens livres, subalternos e escravos.

https://medium.com/@jrfischerjr/direitos-cuneiformes-7f56e77ac2a5
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_direito
Lucas, Nicolas, Josiele, Vanessa referindo a fonte JOHN GILISSEN
KATIA MARIA PAIM POUER - Escritas e escribas: o cuneiforme no antigo Oriente
Proximo - Universidade Luterana do Brasil - ULBRAIRS

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