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Capítulo 02 - Indicadores Macroeconómicos
Capítulo 02 - Indicadores Macroeconómicos
II – INDICADORES MACROECONÓMICOS
De acordo com “As Perspectivas Económicas Mundiais - World Economic Outlook (WEO)” do
Fundo Monetário Internacional – FMI, previa-se, para o triénio 2017-2019, um crescimento de
3,7%, da Produção Mundial e de 4,7%, para as Economias Emergentes, como se demonstra no
Gráfico n.º II.1, a seguir.
1
Balanço do PQG 2015-2019 (até 1.º Semestre de 2019).
A previsão do crescimento real do PIB de Moçambique, tanto no Cenário Fiscal de Médio Prazo
(CFMP) 2019-2021, quanto no Plano Económico e Social (PES) de 2019, foi de 4,7%, indicador
assumido na elaboração do Orçamento do Estado (OE) de 2019, cujas projecções são
apresentadas no Quadro n.º II.1, que se segue.
Quadro n.º II.1 - Cenário Base Previsto para a Elaboração do OE de 2019
CFMP 2019-2021 PES 2019
Designação
(Dezembro-2018) (Dezembro-2018)
PIB nominal (106 MZN) 1.021.028 1.021.028
Crescimento nominal do PIB (%) 10,8 3,0
Crescimento real do PIB (%) 4,7 4,7
RIL (Meses de cobertura de importações) n.d. 6,0
6
Exportações (10 USD) n.d. 5.160,0
Inflação média anual (%) 6,5 6,5
Fonte: CFMP 2019-2021 e PES 2019.
CFMP 2019-2021 - Projecções de um Crescimento Moderado.
Deste cenário base, foram obtidos os montantes globais do Orçamento de 2019 que se indicam no
quadro que se segue.
Dos montantes da Receita prevista e da Despesa fixada, foi apurado um défice de 71.465 milhões
de Meticais, que difere, todavia, em 19.448 milhões de Meticais, do montante de 90.913 milhões
de Meticais, reportado na Lei n.º 15/2018, de 20 de Dezembro, que aprova o Orçamento do
Estado para o ano de 2019. O valor apurado representa uma redução de 10,7%,
comparativamente ao ano anterior.
2
Relatório dos Riscos Fiscais de 2019 - MEF.
2019
Previsão Execução
Designação Desvios
CFMP 2019-2021 PES CGE
(1) (2) (3) 4=(3-1) 5=(3-2)
PIB nominal (106 MZN) 1.021.028 1.021.028 965.382 -55.646 -55.646
Crescimento nominal do PIB (%) 10,8 3,0 8,7 -2,0 5,8
Crescimento real do PIB (%) 4,7 4,7 2,2 -2,5 -2,5
Os ciclones tropicais Idai e Kenneth, que causaram uma grande devastação no centro e norte do
país e a instabilidade política, nas mesmas regiões, conjugados com a situação ainda prevalecente
de suspensão do apoio orçamental pelos parceiros de cooperação, provocaram uma contracção da
actividade económica.
Neste contexto, foi executado o OE 2019, ano em que o PIB registou o valor de 965.382 milhões
de Meticais, inferior em 55.646 milhões de Meticais, comparativamente às previsões do CFMP
2019-2021 e do PES 2019, conforme reporta o Quadro n.º II.3, anterior.
Em 2019, a taxa de crescimento real do PIB foi de 2,2%, inferior em 2,5 pp, face às estimativas
do CFMP e PES, como se reporta na CGE de 2019.
As RIL tiveram um saldo de 3.664 milhões de Dólares norte americanos, valor suficiente para
cobrir 6,7 meses de importação de bens e serviços não factoriais, excluindo a importação de bens
e pagamento de serviços dos grandes projectos. Este nível de cobertura representa um incremento
substancial, decorrente da entrada de receitas extraordinárias (mais-valias), no valor de 880
milhões de Dólares norte americanos, em Outubro, pela venda de activos da Anadarko
Moçambique, à Total3.
No que toca à inflação, a taxa média anual foi de 2,8%, uma melhoria de 3,7 pp,
comparativamente às previsões do CFMP e do PES.
3
Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, Edição n.º 37 – Dezembro de 2019.
Quanto ao défice, a CGE de 2019 reporta o montante de 36.833 milhões de Meticais, que
representa uma redução de 48,5%, face à estimativa de 71.465 milhões de Meticais, no
Orçamento aprovado.
Este desvio mostra o incumprimento do Indicador 16.6.14, dos Objectivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que compara os montantes globais da receita arrecadada e da despesa
realizada, com os valores aprovados na lei orçamental, pelo Parlamento.
Em relação ao PIB, cuja grandeza foi de 965.382 milhões de Meticais, o défice verificado em
2019, de 36.833 milhões de Meticais, representou 3,8%5, contra 8,7%6, de 2018, uma redução de
4,9 pp.
Aumentar a Arrecadação das Receitas Receita em % do PIB 27,5 32,5 Não cumprido
Reduzir o Défice Orçamental Défice Antes Donativo em % do PIB 22,7 <22 Cumprido
Crescimento Económico Taxa de Crescimento do PIB (%) 7,0 8,0 Não cumprido
4
16.6.1 - Mede até que ponto as despesas globais realizadas reflectem o montante definido no orçamento aprovado pela
Assembleia da República.
5
[(36.833/965.382)*100] = 3,8%
6
[(76.858/887.806)*100] = 8,7%
7
Resolução n.º 12/2015, de 14 de Abril que aprova o Plano Quinquenal do Governo 2015-2019.
8
Quadro-Indicadores: Promover um Ambiente Macroeconómico Equilibrado e Sustentável.
A redução do Défice Orçamental, em Percentagem do PIB, é o único indicador que foi cumprido
no quinquénio. O detalhe apresentado no Quadro n.º II.9 e no Gráfico n.º II.4, no Ponto 2.7, deste
capítulo, mostra que os rácios do indicador não superaram o limite mínimo de 10%, fixado no
PQG 2015-2019.
No que se refere à taxa de crescimento do PIB, foi estipulado um mínimo de 7,0% e um máximo
de 8,0%. Porém, os registos verificados entre 2015 a 2019 situaram-se abaixo do mínimo
estabelecido no PQG 2015-2019, com uma tendência marcadamente decrescente, com o registo
de 6,3%, em 2015, e 2,2%, em 2019, o que representa uma queda de 4,1 pp, no quinquénio,
conforme se mostra no Gráfico n.º II.2, adiante.
No ano em análise, o crescimento real do PIB foi estimado em 4,7%, tendo-se alcançado um
crescimento real de 2,2%, um agravamento de 1,1 pp, em relação ao registado em 2018.
1.200.000 24
804.464
800.000 16
689.213 15,1
591.677
600.000 12
400.000 8
5,5
6,3
3,8 3,9
200.000 4
3,3 2,8
3,5
2,2
0 0
2015 2016 2017 2018 2019
PIB nominal (Em Milhões de MZN) Crescimento real do PIB (%) Inflação (%)
As transacções com o exterior são feitas em moeda externa e um choque da taxa de câmbio pode
ter efeitos adversos na economia, através de maiores custos de produção para os sectores que
dependem da importação de matéria-prima9.
A variável mais sensível às mudanças na taxa de câmbio é a Dívida Pública, uma vez que a
depreciação da taxa de câmbio conduz a um incremento no rácio Dívida Externa/PIB, o que
representa um risco para a sua sustentabilidade, no médio prazo.
Ao longo do quinquénio em apreço, o impacto da taxa de câmbio na dívida foi mais evidente em
2016, com a depreciação de 63,4%10 do Metical, face ao Dólar norte americano, conforme se
apresenta no Gráfico n.º II.3, a seguir.
9
Relatório dos Riscos Fiscais de 2019 - MEF.
Gráfico n.º II.3 – Comportamento das Taxas de Câmbio Médio de 2015 a 2019
80,00
71,65 71,40
70,00 69,16 69,90
62,40
60,00
62,57 63,61 60,50
50,00
42,41
40,00 38,28
30,00
20,00
A subida acentuada das Taxas de Câmbio Médio, das principais moedas, verificada em 2016,
ilustrada no gráfico supra, resultou da pressão inflacionária e elevada depreciação do Metical,
explicada pela suspensão da ajuda externa directa ao OE e à Balança de Pagamentos, por parte
dos Parceiros de Cooperação Internacional, pela redução dos fluxos de IDE, das exportações,
bem como do Serviço da Dívida Pública11.
10
{[(62,57-38,28)/38,28]*100} = 63,4%
11
Conta Geral do Estado de 2016.
Exportações (FOB) 3.413 3.328 -2,5 4.725 42,0 5.196 10,0 4.717 -9,2
De Grandes Projectos 2.057 2.405 16,9 3.653 51,9 3.913 7,1 3.278 -16,2
Exportações sem Grandes Projectos 1.356 924 -31,9 1.072 16,1 1.282 19,6 1.439 12,2
Importações (FOB) -7.577 -4.733 -37,5 -5.223 10,4 -6.169 18,1 -6.798 10,2
De Grandes Projectos -917 -771 -15,9 -733 -5,0 -1.277 74,2 -1.404 10,0
Importações sem Grandes Projectos -6.660 -3.962 -40,5 -4.491 13,3 -4.892 8,9 -5.394 10,3
Saldo -4.163 -1.405 -66,3 -498 -64,6 -973 95,5 -2.081 113,9
Saldo sem Grandes Projectos -5.303 -3.038 -42,7 -3.419 12,5 -3.610 5,6 -3.955 9,6
Taxa de Cobertura (%) -45,0 -70,3 -90,5 -84,2 -69,4
Fonte: CGE (2016-2019).
Segundo a CGE de 2019, o agravamento do saldo na Balança Comercial, que passou de 973
milhões de Dólares norte americanos, em 2018, para 2.081 milhões de Dólares norte americanos,
em 2019, uma deterioração de 113,9%, explicada pela redução das receitas de exportação em
9,2%, devido ao efeito combinado, por um lado, da intensificação da guerra comercial entre os
EUA e a China, que teve um impacto significativo na redução de exportações dos grandes
projectos, com destaque para o carvão mineral e alumínio e, por outro lado, pelo impacto
negativo dos ciclones Idai e Kenneth sobre a produção e escoamento de alguns produtos de
exportação e das restrições no fornecimento de energia eléctrica.
O défice no saldo da Balança de Pagamentos, verificado de 2015 a 2019, constitui um factor
negativo para a economia, na medida em que os prejuízos gerados foram cobertos pelas limitadas
reservas financeiras do país.
As Taxas anuais de Cobertura das Importações pelas Exportações, apuradas no Quadro n.º II.5,
anterior, indicam que durante o quinquénio, as receitas de exportação não foram suficientes para
cobrir as despesas de importação de bens e serviços, colocando o país numa posição de
dependência comercial em relação ao mercado externo, com uma taxa média de cobertura de
71,9%12, no quinquénio.
Como foi demonstrado nos pontos anteriores, o contexto internacional e nacional colocou muitos
desafios para a materialização das prioridades estabelecidas no PQG 2015-2019, com o enfoque
central na melhoria das condições de vida, através da promoção do emprego e da produtividade,
do ambiente macroeconómico equilibrado e sustentável, num ambiente de paz, segurança,
harmonia, solidariedade, justiça e coesão nacional.
Dados apresentados no Quadro n.º II.6, adiante, revelam uma tendência crescente do ritmo de
crescimento populacional ao longo do quinquénio, chegando a superar em 0,7 pp, a Taxa do
Crescimento real do PIB no ano em apreço, que apresentou uma tendência decrescente no
presente quinquénio, conforme ilustra o Gráfico n.º II.4, a seguir.
12
[-(45,0+70,3+90,5+84,2+69,4)/5] = (-71,9%)
4 3,8
3,3 2,9
3
2,7 2,7 2,8 2,9
2 2,2
0
2015 2016 2017 2018 2019
A tendência decrescente da taxa de crescimento real do PIB, espelhada no gráfico supra, contra a
tendência crescente da taxa de crescimento da população, contribuiu para o agravamento das
condições de vida, com o PIB per Capita a decrescer de 600,77 Dólares, em 2015, para 416,86
Dólares, em 2016, conforme o quadro que se segue.
Quadro n.º II.6 - PIB per Capita de 2015 a 2019
(Em Dólares norte americanos)
Ano 2015 2016 2017 2018 2019
Produto Interno Bruto (PIB) 15.456.557 11.015.071 12.646.817 14.674.479 15.470.865
Taxa do Crescimento Real do PIB (%) 6,3 3,8 5,5 3,3 2,2
(Em milhões de Habitantes)
População 25.728 26.424 27.910 28.862 29.525
Taxa de Crescimento da População (%) 2,7 2,7 2,8 2,9 2,9
PIB per capita 600,77 416,86 453,13 508,44 523,98
Fonte: INE (2015 -2019), PES (2018 - 2019) e CGE (2015 - 2019).
O PIB per Capita, um indicador utilizado para medir o nível de desenvolvimento de um país,
apesar de ter registado uma melhoria nos anos de 2017, 2018 e 2019, com o registo de 453,13
Dólares, 508,44 Dólares e 523,98 Dólares, na mesma ordem, continua abaixo do nível de 600,77
Dólares, alcançado em 2015, no início do quinquénio.
Estes factores contribuíram para o aumento dos níveis de desigualdade económica, bem como
para um crescimento cada vez menos inclusivo13, concorrendo para o agravamento do nível de
vida da população, uma vez que as acções de políticas públicas consideradas nos principais
instrumentos de planificação estratégica nacional para, entre outros, reduzir as desigualdades,
estão ainda longe de acompanhar o rápido crescimento populacional, com a provisão de
condições de meios básicos como segurança alimentar, saúde, educação, habitação, entre outros
bens e serviços, colocando muitos desafios ao cumprimento dos ODS14.
13
Actualidade Económica de Moçambique, edição de 14 de Novembro de 2018 - Banco Mundial.
14
Agenda 2030 Para Desenvolvimento Sustentável.
Mostra-se, neste quadro, que o crescimento do PIB, em termos nominais, foi de 16,5%, em 2016,
de 16,7%, em 2017, de 10,4%, em 2018 e de 8,7%, em 2019.
Em relação ao PIB, a Despesa representou 33,9%, em 2015, 32,0%, em 2016, 30,7%, em 2017,
32,7%, em 2018, e 32,5%, no ano em análise, conforme reporta o Quadro n.º II.8, a seguir.
15
Resolução n.º 12/2015, de 14 de Abril, que aprova o Plano Quinquenal do Governo 2015-2019.
16
[(54.141,9 / 965.382,0)] = 5,6% no PIB.
17
[(79.394 – 35.361) / 35.361)*100] = 124,5%
O Défice antes de Donativos e Empréstimos corresponde à diferença entre o Total das Receitas e
o Total das Despesas.
Nos anos de 2015 a 2016 e de 2017 a 2018, o Défice antes de Donativos e Empréstimos registou
agravamentos, ao passar de 44.598 milhões de Meticais, para 54.342 milhões de Meticais, e de
34.043 milhões de Meticais, para 76.858 milhões de Meticais, respectivamente.
As melhorias ocorreram de 2016 a 2017 e de 2018 a 2019, pela redução de 54.342 milhões de
Meticais, para 34.043 milhões de Meticais, e de 76.858 milhões de Meticais, para 36.833 milhões
de Meticais, respectivamente.
A evolução do Saldo Corrente, do Défice Antes dos Donativos e Empréstimos e do Défice Antes
dos Empréstimos, em percentagem do PIB, é apresentada no Gráfico n.º II.5
A relação do Défice antes de Donativos e Empréstimos, com o PIB, de 7,5%, 7,9%, 4,2%, 8,7% e
3,8%, nos anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019, na mesma ordem, está abaixo dos parâmetros
definidos para o quinquénio.
O Défice antes dos Empréstimos representou, face ao PIB, 4,4%, em 2015, de 5,7%, em 2016, de
2,2%, em 2017, de 6,7%, em 2018, e de 2,7%, no ano em apreço.