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(...

)
A imagem poética concede e provoca um porvir de linguagem. A
linguagem poética, uma narrativa fabulada, é antes de tudo sensorial,
imagética, exatamente da maneira como as crianças primeiramente se
movimentam no mundo. E podemos reviver estes tempos primeiros da vida,
quando Bachelard (2009, p. 93)1 escreve que “Fomos muitos na vida
ensaiada, na nossa vida primitiva. Somente pela narração dos outros é
que conhecemos a nossa unidade. No fio de nossa história contada pelos
outros, acabamos, ano após ano, por parecer-nos com nós mesmos”. E
estas impressões no mundo da vida ensaiada são constituídas no corpo, no
fazer, e não na ideia. Quando escrevo imaginação, não me refiro ao conceito
da percepção2 e proponho pensar na obra bachelardiana 3 que nos remete
pensá-la numa poética, na materialidade, na criação que é no corpo vivido, um
corpo com outros corpos no mundo.
(...)

1
BACHELARD, Gaston. (1960) A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Grifos meus
Sandra)
2
Na qual a imaginação é entendida como desenvolvimento mental, composto de memórias e
percepções.
3
Esclareço que Bachelard na sua obra não conceitua ou explica o fenômeno da imaginação
criadora mas no decorrer de sua obra nos conduz à imaginação poética, material, cósmica. .

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