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2ovou02e 22:22 widd_221_2_po. er pros Aulat POL/TICAS CRIMINAIS NAO REPRESSIVISTAS pin Este estudo abordard ainda outra espécie de politica criminal nao repressiva, 0 chamado Minimalismo Penal, que visa a menor interven¢ao do Estado em matéria penal, aliado ou ndo ao pensamento abolicionista, INTRODUGAO. ls, estudante! € chegada a hora de nos aprofundarmos nas politicas criminais nao repressivas em espécie. Em que pese 0 tema ter sido abordado de maneira rasa em aulas anteriores, no presente momento vamos investigar a fundo 0 abolicionismo penal com as influéncias do pensamento de Michel Foucault e as medidas propostas pelo movimento como meio alternativo de resolugao de conflitos. Este estudo abordard ainda outra espécie de politica criminal no repressiva, o chamado Minimalism Penal, que visa a menor intervencao do Estado em matéria penal, aliado ou no ao pensamento abolicionista Relevante tema a ser tratado, pois diz respeito a Justica Restaurativa e sua aplicabilidade e realizacao, com explanagées acerca da figura do mediador e a diferenciagdo pratica dos conceitos e objetivos da Justica Restaurativa face a Justiga Retributiva ABOLICIONISMO PENAL Ao tratarmos de politicas criminals nao repressivas em espécies, indispensavel abordar o tema sob a ética do abolicionismo penal. © abolicionismo penal, no que tange a sua insercdo no ramo das politicas nao repressivas, defende um discurso pautado na premissa de que o modelo penal tradicional cria mais problemas do que solusdes efetivas, frisando que a fungdo intimidatéria da pena ndo cumpre seu objetivo, servindo apenas como espécie de desculpa para a intervensao estatal na liberdade individual. Michel Foucault, em sua obra Vigiar e Punir: Nascimento da Prisdo (1975), ao tratar da segregacao dos individuos na pris8o como forma de cumprimento de pena, adota um pensamento parcialmente abolicionista, defendendo que a humanidade deveria adotar formas diversas de lidar com as dificuldades advindas da vida em sociedade, concluindo que uma instncia superior, no caso o préprio judiciério, é incapaz de, por si sé, dirimir os conflitos da convivéncia social. Acerca do fracasso da prisdo enquanto instituic3o, Alessandro Barata (2014, p. 203) & didético ao apontar a insuficiéncia desta no efetive controle da criminalidade: sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er 6 6 Uma andlise realista e radical das fungées efetivamente exercidas pelo cércere, isto é, uma anilise do género daquela aqui sumariamente tragada, a consciéncia do fracasso histérico desta instituigdo para os fins de controle da criminalidade e da reinser¢3o do desviante na sociedade, do influxo nao sé no processo de marginalizagao de individuos isolados, mas também no esmagamento de setores marginals da classe operéria, no pode deixar de levar a uma consequéncia radical na individualizagdo do objetivo final da estratégia alternativa: este objetivo é a aboligo da Institulgso carceréria € impossivel tratar do abolicionismo penal sem abordar os estudos do sociélogo noruegués Thomas Mathiesen. O autor defende a vertente abolicionista penal do ponto de vista marxista e foi presidente da Associag3o, Norueguesa para a Reforma Penal, cujo objetivo, segundo Mathiesen (2015, p. 46) & ‘0 muros que no sejam necessérios: humanizar as diferentes formas de detenc3o e 6 6 A longo prazo, mudar 0 pensamento geral a respeito do castigo e substituir o sistema penitenciario por medidas mais modernas e adequadas. A curto prazo, derrubar todos aliviar 0 sofrimento que a sociedade infringe aos detentos. ‘Thomas Mathiesen, enquanto percursor da vertente marxista do abolicionismo, listou oito argumentos para a extingdo das pris6es, que resumidamente, dizem respeito a ineficdcia destas na prevencio criminal, a superpopulago carcerria e 0 tratamento desumano que reflete uma crenga social de violéncia. © abolicionismo, enquanto politica criminal voltada & atuago n3o repressiva do Estado, tem por premissa que 0 Sistema Penal é defeituoso e responsavel por uma ampla gama de efeitos negativos sob os sujeitos a ele submetidos, razio pela qual sua abolicao é medida indispensavel a garantia da dignidade da pessoa humana, propondo, desta forma, a adoc3o de meias alternativos para a resolucao de litigios. © abolicionismo nao tem por objeto primordial acabar com as prisées, mas sim, com o sistema penal como um sr seletivo e todo, visando pér um fim as relacdes de poder pautadas no castigo, principaimente diante do carat estigmatizante deste sistema, VIDEOAULA: ABOLICIONISMO PENAL ‘Aula video com explanacées aprofundadas sobre a Teoria do Abolicionismo Penal, pautado nas criticas de Focault e nos argumentos de Thomas Mathiesen, Videosula: Abolicionismo Penal Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri MINIMALISMO Das politicas criminais ndo repressivas, talvez a que possua mais destaque, sem sombra de dtividas, é 0 minimalismo penal. ‘Ao contrario das bases que alicergam o abolicionismo com sua defesa do fim efetivo do sistema penal, as bases do minimalismo mantém a existéncia deste sistema institucionalizado, porém, defendem a intervengo minima do Estado enquanto detentor do poder punitivo. Os defensores da politica minimalista entendem que intervenco do Estado na liberdade individual do sujeito & gravissima, sendo preferivel a adogo de medidas punitivas alternativas em casos menos graves, como forma de protecdo aos direitos e as garantias fundamentais, sendo que a privagio de liberdade, se preservada, deve ser reservada apenas para casos cuja sua aplicago seja indispensavel como nos crimes contra a vida. Arespeito do assunto, o jurista italiano Luigi Ferrajoli (2006, p. 383-384) é enfatico: pode ser incomodada e, sobretudo, ndo pode incomodar os cidados por fatos de ‘escasso relevo, como 0 sdo a maior parte dos atualmente castigados com simples 6 6 Ajustica penal, com o caréter inevitavelmente desonroso de suas intervencdes, no mmuttas Ferrajoli, em sua concep¢o minimalista aponta que as intervengbes penais deveriam ser reservadas apenas para as hipéteses em que o Estado nao possa dispor de meios diversos para a soluc3o do conflito, expondo que © Direito Penal, ao invés de repressivo e intervencionista, deveria ter cardter subsidiario, focando-se assim, no Instituto da despenalizacao, Cabe lembrar que a despenalizacio objetiva a adogao de penas alternativas como forma de sangao decorrente de um ato ilicito cometido. Nesta seara, a Lei Federal n° 9,099/95 (que dispée sobre os Juizados Especiais Civeis @ Criminais e dé outras providéncias) consagrou-se como eficaz instrumento da despenaliza3o, ao ponto que definiu, em seu art. 61, como infragées penais de menor potencial ofensivo, as contravencées penais e os crimes a qual a lei comine pena maxima nao superior a 2 (dois) anos. ALi dos Juizados Especiais trouxe importantes medidas voltadas a despenalizac3o, como a composi¢ao de danos civis e a transaco penal, previstas respectivamente no art. 74 e 76 daquela lei © minimalismo ao defender a interven¢o minima do Estado, tem por base a maximizacio das liberdades individuais com a redu¢go da violacao aos diretos fundamentals e a prépria violéncia Estatal praticada contra a populacao. Desta feita, sob a tica do minimalismo, Heleno Claudio Fragoso (2006, p. 17) explana que a politica criminal moderna é voltada a descriminalizagio e desjudicializagio, tendo por objetivo a minimizacao da atuagao punitiva estatal, posto que as condutas ilicitas menos gravosas podem ser reprimidas sem a adocdo da 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri prisionalizacao como meio punitivo, interferindo, desta forma, 0 minimo possivel nas liberdades individuais dos cidadaos. Por fim, & possivel concluir que o minimalismo penal, diferente do abolicionismo, nao busca o fim do Direito Penal, o que de fato nos parece ut6pico, mas sim, a reduco da intervengao Estatal com a consequente desburocratizagio do sistema por melo de medidas alternativas, visando, desta forma, a preservaco da dignidade humana e das garantias constitucionais de cada cidadao, 69 Saiba mais OLIVEIRA, S. RM; SANTANA, S. P. de; CARDOSO NETO, V. Da justiga retributiva a justiga restaurativa: caminhos e descaminhos. Clique aqui para acessar. KULLOX, A. L. 8. 0 abolicionismo penal segundo Louk Hulsman. Clique aqui para acessar. VIDEOAULA: MINIMALISMO. Aula video relativa a politica criminal minimalista, com explanagdes acerca de sua aplicabilidade no direito penal moderno. Videoaula: Minimatisme Para visualizar o objeto, acesse seu material digital JUSTICA RESTAURATIVA ‘Afim de tratar do tema "Justica Restaurativa” é necessario, por primeiro, abordar as formas de resposta situaco criminal: a retributiva e a restaurativa Ajustica retributiva age sob o enfoque de que a resposta para a violaco da lei penal a punicdo, desta forma, as medidas adotadas no ambito da justica retributiva sao voltadas a repressao e aplicago de sancSo, incutindo assim, 0 temor da pena como forma de prevengo a criminalidade ‘A ustiga restaurativa, por sua vez, nao é focada na efetiva puni¢o do acusado ou na premissa do medo, mas sim, na forma como 0 bem juridico afetado pode ser restaurado. Assim, a justica restaurativa se volta 8s necessidades dos envolvidos na lide, sob o enfoque de promover a chamada “paz social", preservando, deste modo, a dignidade das partes. © Promotor de Justiga Marcelo Gon¢alves Saliba, em seu livro Justica Restaurativa e Paradigma Punitivo (2009, p. 146), ao tratar da origem da Justica Restaurativa, remonta suas raizes ao inicio da prépria sociedade: A Justica Restaurativa néo é criagéo da modernidade ou pés-modernidade, jé que a sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er 6 6 restauragio é um processo existente nas mais antigas sociedades e ainda vigente em diversos sistemas sociais e comunitérios. Na modernidade, o Estado, dentro da estrutura atual, foi concebido deitando suas raizes em Hobbes, Rousseau e Locke e a concentragio da resolugao dos conflitos com a razao iluminista, sepultou qualquer forma de resolucdo de litigio por método no cientifico. ‘A Organizacao das Nacées Unidas, por meio de seu Conselho Econémico e Social, desde 1999 recomenda aos Estados membros a efetiva implementacao da Justica Restaurativa, tendo publicado, inclusive, a Resolugo 2002/12 (ONU, 2002), dispondo sobre os Principios Basicos para Utilizago de Programas de Justiga Restaurativa em Matéria Criminal e enfatizando que a “justica restaurativa evolu como uma resposta ao crime que respeita a dignidade e a igualdade das pessoas, constréi o entendimento e promove harmonia social mediante a restauragao das vitimas, ofensores e comunidades” No ambito nacional, o Conseiho Nacional de justica, visando dar atendimento a recomendago da Organizagao das Nagdes Unidas, expediu a Resolugo n° 225 de 31/05/2016 (CNJ, 2016), dispondo sobre a Politica Nacional de Justica Restaurativa no Ambito do Poder Judiciario, definindo a Justica Restaurativa como “um conjunto ordenado e sistémico de principios, métodos, técnicas e atividades préprias, que visa & conscientizago sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais motivadores de conflitos e violéncia". ‘Amencionada resolucao é didatica ao apontar que, visando a efetiva implantacao da justica restaurativa, os conflitos devem ser solucionados com a participacdo do ofensor, da vitima, de seus familiares e de quem mais estiver envolvido no fato danoso, bem como de um ou mais facilitadores restaurativos. Assim, a justica restaurativa, enquanto politica criminal nao repressiva, é voltada a solugdo alternativa de conflitos podendo, inclusive, englobar o minimalismo e até mesmo o abolicionismo penal, posto que visa a desburocratizagio e a desprisionalizago, aumentando o enfoque nas causas sociais e restituigao do bem juridico afetado. VIDEOAULA: JUSTICA RESTAURATIVA ‘Aula video versando sobre as nuances da Justica restaurativa e sua aplicabilidade em mbito nacional. Videoaula:ustiga restaurativa Para visualizer o objeto, acesse seu material digital AJUSTIGA RESTAURATIVA FACE A JUSTICA RETRIBUTIVA Como jé sabemos, a justica retributiva age sob o enfoque de que a resposta para a violagdo da lei penal é a unigdo, assim, as medidas adotadas no ambito da justica retributiva possuem carter repressivo. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri De modo diverso, a justica restaurativa no possui por objetivo a aplicagao de sancao, mas sim, de restauracio do bem juridico afetado. ‘Trasando um comparativo entre as duas espécies de resposta ao fendmeno criminal, é de facil percepso que a justica retributiva, ante ao seu cardter repressivo, vé o delito como a pura e simples violagao da lei, excluindo da equaso as partes relevantes para a justica restaurativa, quals seja, a vitima e sociedade. Sob a ética retributiva, 0 Estado, por meio do efetivo exercicio de seu poder punitivo, busca demonstrar sua forca, retribuindo uma puni¢ao com o objetivo de causar medo e, desta forma, prevenir e reprimir a ocorréncia de outras condutas delituosas. Ajustica restaurativa, por sua vez, pode ser traduzida como clara evolugao da justica retributiva, a0 passo que passa a se importar nao com demonstragdes de poder, mas sim, com o didlogo entre os agentes envolvidos no evento danoso ea efetiva restauragio do bem juridico afetado, © autor Sérgio Salomao Shecaira (1995, p. 108) ao analisar a justica retributiva sob a dtica da efetividade da aplicagio das penas de prisdo, é didatico ao concluir pela sua ineficiéncia, apontando que os instrumentos de ressocializacao so muito mais eficazes do que a aplicagao de penas mais severas: 6 6 Com o respeito & dignidade do cidadao ao se imporem, as penas podem-se chegar a metas muito mais efetivas na educago dos membros da sociedade do que se impondo penas mais e mais exacerbadas. A prevencdo geral positiva, permeada por crtérios de proporcionalidade e secundada pela perspectiva de reinsergdo social, com respeito 20 direito de pensamento critico de cidadBo, nos parece &ideia mais atual de um sistema criminal moderne. No atual contexto politico criminal, a justiga restaurativa surge como forma de contraposi¢ao légica da justiga retributiva, até porque, a ressocializac3o pretendida por meio da pena aplicada no modelo retributivo nao ver. sendo alcancada, o que poderia levar ao entendimento de faléncia do préprio sistema penal propriamente dito, Neste sentido, Raquel Tiverton (2014, p. 125), ao discorrer acerca da cidadania na diccdo do direito ea construg3o de um novo paradigma da justica criminal é enfética ao apontar que o atual sistema & ineficaz, “seja porque a reaco ao crime nao tem sido répida, eficaz e capaz de prevenir novos delitos, seja porque a alegada finalidade de “ressocializago" do ofensor, se considerada como forma de intervencao benéfica e positiva nele, também nao tem sido alcangada. Ante ao exposto, é possivel concluir que a aplicagdo da justiga restaurativa em oposigao ao atual modelo retributivo, € medida que visa resguardar os interesses das partes efetivamente envolvidas na situacao danosa € objetiva, acima de tudo, resguardar a dignidade da pessoa humana e os preceitos e garantias fundamentais, protegidos por nossa Constituigao Federal. Fgura 1 | Modelos ndo repressivos 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri MODELOS NAO REPRESSIVOS —— TT ABOLICIONISMO MINIMALISMO Defende a Busca a abolicao do intervencao minima sistema penal. do Estado em matéria penal. Fonte: elaborada pelo autor. VIDEOAULA: A JUSTICA RESTAURATIVA FACE A JUSTICA RETRIBUTIVA ‘Aula video com andlise acerca do modelo retributivo de justia em comparacao com o modelo restaurativo, apontando as nuances e vantagens de cada um destes. Videoaula: A justicarestauratva face a justia retrbutiva Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Imagine o estudante estando na figura de um defensor nos autos de um processo de crime de dano consumado, tendo que apresentar uma proposta em que haja menor invasio do Estado na liberdade do autor do delito. Tendo em vista as premissas estudadas, o estudante deve sugerir o melhor posicionamento do Estado, sob a 6tica das justicas retributiva e restaurativa, frente a um crime que afeta 0 bem juridico patrimonial. RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO E esperado que o estudante, tamando por base 0 contetido teérico estudado, inicie sua dissertacao apontando que o Estado, do ponto de vista da justica retributiva, age sob 0 enfoque de que a resposta para a violagio da lei penal é a puni¢o, assim, as medidas adotadas no ambito da justica retributiva possuem caréter repressivo, sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er razo pela qual, face a ocorréncia de um crime patrimonial, a resposta esperado do estado é a investigasao, identificagéo do responsavel e sua efetiva punicSo, visando assim coibir a reiteragao da conduta criminosa, fazendo com que o sujeito punido sirva de exemplo. O estudante deve apontar ainda que 0 Estado, do ponto de vista da justica restaurativa ndo possui por objetivo 2 aplicacdo de sang, mas sim, de restauraco do bem juridico afetado, dando maior atengSo, desta forma, a0 didlogo entre os agentes envolvidos no evento danoso e a efetiva restauragdo do ber juridico afetado. Com isso, a resposta esperada por parte do Estado em cumprimento ao modelo restaurativo, é organizar e mediar a comunicagdo entre os envolvidos visando a restituico do bem e a repressividade minima. Visando apresentar uma proposta em que haja menor invasio do Estado na liberdade do sujeito, o estudante deve apontar a possibilidade de aplicac3o da Lei n® 9.099/95 em crimes de menor potencial ofensivo, enfatizando, inclusive, a possibilidade de composicao civil do dano, prevista no art. 74 da mencionada lei e seu cardter restaurativo como instrumento desmotivador de privacdo de liberdade. Resolugie do Estudo de Caso Para visualizar o objeto, acesse seu material digital Aula2 POLITICAS CRIMINAIS REPRESSIVISTAS Vamos nos aprofundar em um tema bastante relevante, cujo estudos sao inaispensaveis para entendermos 0 desenvolvimento das politicas criminals ndo apenas em 4mbito nacional como internacional. INTRODUCGAO a, estudante! Vamos nos aprofundar em um tema bastante relevante, cujo estudos séo indispensdveis para entendermos 0 desenvolvimento das politicas criminals no apenas em ambito nacional como internacional. Abordaremos de modo aprofundado as politicas criminais repressivistas, como 0 movimento de lei e ordem ea politica de tolerancia zero, bem como faremos uma anélise pormenorizada do chamado "Direito Penal do Inimigo", e suas influéncias para a criago de politicas com maior tom intervencionista Nao menos importante, no presente estudo, discutiremos acerca da “Teoria das Janelas Quebradas” e suas influéncias no Direito Penal sob a ética da repressividade estatal, ampliando nossos conhecimentos a respeito di ma. MOVIMENTOS DE LEI E ORDEM E A POLITICA CRIMINAL DE TOLERANCIA ZERO sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er © movimento de lei e ordem se iniciou no decorrer dos anos de 1970 nos Estados Unidos da América, sob a justificativa de que, diante do exponencial aumento da criminalidade, seria necesséria uma politica de criagao de novos tipos penais e aplicacdo severa e rigorosa daqueles jé existentes. © Lawand Order parte do pressuposto de que as penas possuem carter retributive e que a segregacao cautelar de um individuo serve de reacdo imediata & prdtica de uma conduta criminosa, Esse movimento tinha por objetivo aprimorar a eficdcia da segunda fase do processo de criminalizago, tornando mais severa a atuacdo das forcas policiais na busca pela paz social e reducao da criminalidade, © movimento de Lei e Ordem, enquanto politica penal repressiva, defende o que chamamos de “direito penal maximo", ou seja, a maxima efetivacao da lei penal, com a criminalizagao de mais condutas e rigidez na aplicagio da lei, afastando-se a discricionariedade das autoridades policiais, a qual deve dar lugar a maior severidade em sua atuacao. "Teoria das Janelas Quebradas" e o Movimento de Lei e Ordem, em meados dos anos de 1990, deram origem 8 chamada “Politica Criminal de Tolerancia Zero", em Nova York, nos Estados Unidos da América, por meio da adogo da tese pelo entio prefeito Rudolph Giuliani que denominou a medida como “Programa Qualidade de Vida". ‘A zero-tolerance policy foi uma politica conservadora que visava punir desde os delitos mais insignificantes até (5 mais complexos, sob a premissa de que, com a punicao dos pequenos delitos, os infratores deixariam de cometer crimes mais graves o que, de fato, trouxe uma exponencial redugao da criminalidade em solo americano. Sergio Salomdo Shecaira, atribul a origem da polltica de tolerdncia zero a um artigo publicado por James Q. Wilson e George Kelling, na década de 1980, intitulado Broken Windows: the police and neighborhood safety, Shecaira (2009, p. 166) € didatico ao resumir o cerne da ideta criminolégica por trés da relacao feita entre a Teoria das Janelas Quebradas e a zero-tolerance policy. 6 6 Adela central do pensamento ali desenvolvido é o de que uma pequena infracio, quando tolerada, pode levar ao cometimento de crimes mals graves, em fungo de uma sensagio de anomia que viceja em certas areas da cidade. A leniéncia e condescendéncia com pequenas desordens do cotidiano néo devem ter sua importéncia minimizada, Ao contrério, N3o se deve negligenciar essa importante fonte de irradiago da criminalidade violenta Approblemética relativa ao programa de Tolerancia Zero surge justamente devido & seletividade do sistema penal, nesse contexto, o diplomata Benoni Bell (2004, p. 76), a0 tratar do assunto expde que o programa fortaleceu a “descrenga na reabilitago, na busca das causas socials do crime, na transformacao de estruturas sociais, na superlotacao da exclusio produzida e reproduzida diariamente nas relacées sociais’, 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri € possivel conclu, desta forma, que o Movimento de Lei e Ordem e a Politica de Tolerancia Zero, ante ao seu cardter repressivo, tiveram importante papel na reducao da criminalidade, porém, sua aplicagao pode servir de ferramenta para o aumento da desigualdade e dé ensejo ao exponencial aumento da seletividade penal, posto que deixa de lado os aspectos sociais que envolvem o fato criminoso, focando-se quase que exclusivamente na retribuigdo penal e no medo como formas de prevenir a criminalidade. VIDEOAULA: MOVIMENTOS DE LEI E ORDEM E A POLITICA CRIMINAL DE TOLERANCIA ZERO ‘Aula video com explanagées aprofundadas relativas aos Movimentos de Lei e Ordem e a Politica Criminal de Toleréncia Zero com enfoque em seu desenvolvimento e em sua aplicabilidade. Videoaula: Movimentos de Lei e Ordem e a Politica Criminal de TolerSncia Zero Para visualizar o objeto, acesse seu material digital TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS Criada por James Q. Wilson e George Kelling em 1984 e tomando por base a Escola de Chicago, a The Broken Wndows Theory é uma teoria criminolégica que defende, em suma, que a existéncia de sinais visiveis de desordem ou crime, encorajam o cometimento de outros delitos ou a expansdo da desordem. As premissas trazidas pela Teoria da Janela Quebrada foram criadas com base no experimento social realizado pelo psicélogo e professor Philip Zimbardo em 1969. Tiago wo Odon (2016, p. 2) descreve o experimento 6 6 Foram deixados dois automéveis idénticos (mesma marca, modelo e cor) em uma via publica - um no Bronx, entiio uma zona pobre e conflituosa de Nova lorque, e 0 outro em Palo Alto, zona rica e tranqulla da Calif6rnia, O carro abandonado no Bronx ‘comesou a ser vandalizado em poucas horas. Levaram tudo que pudesse ser aproveitado, e 0 que nao foi possivel levar foi destruido. © automével em Palo Alto, por sua vez, manteve-se intacto, até que os investigadores, apés uma semana, quebraram uma das janelas do carro, Entdo desencadeou-se o mesmo processo observado no Bronx. 0 carro fol destrogado por grupos vandalos em poucas horas. Por meio do experimento desenvolvido, foi possivel concluir que a aparéncia de abandono do veiculo influenciou a comunidade local ou transeuntes a vandalizarem o automével, criando uma espécie de reac3o em cadela, demonstrando que, caso a janela do veiculo tivesse sido reparada, tal situaco ndo seria desencadeada, 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri ‘Trazendo a Teoria das Janelas Quebradas para 0 campo da criminologia, constatou-se que, ao reprimir delitos, ‘menos graves poderiamos evitar a pratica de delitos complexos e até mesmo violentos. Neste aspecto, temas que o sentimento de que ndo ha autoridades que zelem pelo bem-estar social ou mesmo que se importem em coibir praticas criminosas, cria o sentimento de decadéncia social, capaz de desencadear a prética de atitudes reprovavels até mesmo por pessoas cumpridoras da Lei CO estudo da Teoria das Janelas Quebradas nos permite concluir que a criminalidade nao esté atrelada diretamente as condicdes sociais de determinado grupo, mas sim, as efetivas condi¢oes de abandono de um determinado local, ou seja, caso 0 Poder Puiblico deixe de prestar servigos puiblicos em uma regio ou abandone a manutengao de um equipamento pubblico, gradativamente este local sera abandonado pela propria populacio e, consequentemente, tomado por criminasos. De igual forma, sob a ética da Teoria das Janelas Quebradas, caso um delito de menor complexidade nao seja unido com os rigores da lei, a sensacdo de descaso do poder piiblico face a populacao, fatalmente, ensejaria a pratica de condutas delituosas mais complexas e gravosas. Com base na Teoria sob andlise, foram criadas politicas criminais repressivas e que, por muitas vezes, acabaram violando direitos e garantias fundamentals, como o Movimento de Lei e Ordem e a Politica de Tolerancia Zero, que, ante ao carter seletivista do sistema penal, acabaram por estigmatizar a populagao pertencente a classes sociais menos favorecidas. VIDEOAULA: TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS Aula video versando sobre a Teoria das Janelas Quebradas com exemplos de sua aplicabilidade e as. consequéncias dela decorrente. Videoaula: Teoria das janelas Quebradas Para visualizar o objeto, acesse seu material digital O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE | jurista alemao Gunther Jakobs, na década de 1980, criou 0 conceito chamado de “Feindstrafrecht’, 0 Direito Penal do Inimigo, tomando por base ensinamentos trazidos desde o Direito Romano e as metadologias criadas pelo soci6logo Niklas Luhmann, A Teoria do Direito Penal do inimigo defende que os criminosos sao divididos em duas classes, sendo os “criminosos tradicionais" aos quais é imperiosa a aplicag3o do Direito Penal Tradicional e os “autores de crimes graves", cujos atos sdo atentatérios & propria estrutura social, como os terroristas, criminosos sexuais, membros do crime organizado e autores de outros crimes graves. Para a Teoria do Direito Penal do Inimigo, esse segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade", raz3o pela qual, sequer devem ser tratados com as benesses do Direito tradicional, ante a insuficiéncia deste em reorimir suas condutas criminosas. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Gunther Jakobs elabora a Teoria do Direito Penal do Inimigo com a premissa de que o sujeito delinquent, ante a0 cardter de suas ag6es, é inimigo do Estado, no podendo ser considerado um cidadao, titulo est que deveria ser reservado apenas aos que nao se desviam da vida em sociedade. Neste sentido, Jakobs (2007, p. 26) aponta que Johann Gottlieb Fichte possui entendimento similar: sua prudéncia, seja de modo voluntario ou por imprevisao, em sentido estrito perde 6 6 Quem abandona o contrato cidadso em um ponto em que no contrato se contava com todos os seus direitos como cidado e ser humano, e passa a um estado de auséncia completa de direitos. A doutrina dominante aponta a existéncia de trés pilares que definem a teoria do direito penal do inimigo, sendo eles a antecipacao da punibilidade, a desproporcionalidade das penas e a relativizacao das garantias penais. £ importante frisar que na pratica, a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo enfrenta forte resisténcia constitucional, posto que algumas medidas adotadas sob o pretexto de proteger a ordem e 2 soberania, por vezes, possuem carater totalitério e gravemente interventivo, como no caso da antecipagao da unibilidade do sujeito, no qual aquele considerado como inimigo da ordem puiblica enfrenta a punigo no apenas pelo ato por ele perpetrado, mas também pelo risco que oferece a sociedade, No que tange a desproporcionalidade da pena, a aplicacao do Direito Penal do Inimigo, sob o manto de protesdo da ordem publica, aplica penas severas aqueles tidos como inimigos, buscando a puni¢ao, inclusive, de atos preparatérios. Exemplo pratico de aplicacao do Direito Penal do Inimigo é 0 “USA PATRIOT Act’, criado pelo ex-presidente George W. Bush apés 0 onze de setemibro. Este Decreto permitiu a violac3o de sigilo e realizagéo de interceptacdo de qualquer pessoa supostamente envolvida com terrorismo. Essas disposicdes vigoraram até meados de 2015, quando houve a edigéo do USA Freedom Act. Sob este aspecto, é necesséria cautela na aplicacdo da teoria estudada, posto que a relativizacao das garantias penais e processuais, sob a tica do direito garantista, descumpre o preceito fundamental de guarda da constitui¢ao e, objetivando a protegao do bem-estar social, acaba por macular os juridicos tutelados pela Magna carta, Figura | Direto penal do inimigo 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri DIREITO PENAL DO INIMIGO \ RELATIVAGAO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS ANTECIPACAO DA. PENAS crocus PUNIBILIDADE DESPROPORCIONAIS CaaS Fonte: elaborada pelo autor. VIDEOAULA: O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE | Aula video versando sobre as nuances do Direito Penal do Inimigo e seu confronto com as garantias fundamentais. Videoaula: © Direte Penal do Inimige - Parte Para visualizar o objeto, acesse seu material digital O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE II E importante ressaltar que a doutrina nao é unissona com relagao a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo. Uma parcela da doutrina defende que a teoria de Jakobs se trata da evolugo légica do direito penal e serve de resposta ao fenémeno de crescimento exponencial da criminalidade em dmbito mundial. Por outro lado, uma parcela relevante da doutrina aponta que os preceitos defendidos por Jakobs no émbito da Teoria do Direito Penal do inimigo sao incompativeis em absoluto com os pilares basilares do Estado Democratico de Direito e no préprio desenvolvimento da sociedade em sl ‘As bases indissoldveis que formam o convivio em sociedade se pautam, inicialmente, na premissa da dignidade da pessoa humana, aspecto este que nao abre margem para relativizacao. Celso Ant6nio Bandeira de Melo (2014, p. 21-22), ao analisar as nuances da Teoria do Direito Penal do Inimigo de Jakobs, enfatiza a clara violag3o a isonomia, principalmente no que tange ao tratamento diferenciado concedido para aqueles que seriam considerados “inimigos’, complementando que tal tratamento apenas seria possivel se respeltadas as garantias e os direitos fundamentals: sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er critério discriminatério; de outro, cumpre verificar se ha justificativa racional, isto é, fundamento légico, para, & vista do traco desigualador acolhido, atribuir o especifico tratamento juridico construido em fungao da desigualdade proclamada, Finalmente, impende analisar se a correlacdo ou fundamento racional abstratamente 6, ‘in concreto’, afinado com os valores prestigiados no sistema normativo constitucional. A dizer: se guarda ou nao harmonia com ele. € importante lembrar que o principio da isonomia permite o tratamento desigual para aqueles que se encontram em posicées desiguais, porém, essa medida visa igualar aqueles que no possuem as mesmas condicdes e no como no caso do tratamento conferido pelo Direito Penal do Inimigo, que visa dar tratamento diverso ao criminoso em razo de sua periculosidade. (O autor Aury Lopes Junior (2002, p. 64), a0 analisar 0 direito penal sob a ética do garantismo, é didatico: penal, e isso demonstra a transigéo do Direito passado ao Direito futuro. Num Estado Democratico de Direito, no podemos tolerar um processo penal autoritério e tipico de 6 6 Uma Constituigao democratica deve orientar a democratizagao substancial do proceso Estado-policial, pois 0 processo deve adequar-se & Constituiglo e no vice-versa Ante aos aspectos apresentados, em que pese a aparente vantagem para a preservacio da paz social, a aplicabilidade do Direito Penal do Inimigo relativiza direitos fundamentals e segrega ainda mais a populacao, afetando a prépria base do Estado Democratico de Direito, deixando de lado a almejada justica restaurativa e endurecendo ainda mais a repressividade e intervencionismo Estatal. Assim, sob a ética constitucional, o legislador penal deve buscar sempre o equilibrio entre a retribuic3o pelo fato delituoso e a garantia dos direitos fundamentals, respeitando a dignidade humana e o direito a0 tratamento isonémico, 6d Saiba mais SANTOS, M. H. dos, Uma viséo garantista acerca do direito penal do inimigo. Clique aqui para acessar. ‘a aos movimentos de lei e ordem - VALLE, N. do.; MISAKA, M. ¥.; FREITAS, R, A. da S. Uma reflexdo teoria das janelas quebradas. Clique aqui para acessar. VIDEOAULA: O DIREITO PENAL DO INIMIGO - PARTE II 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Aula video complementar relativa ao Direito Penal do Inimigo, com analise de seus aspectos do ponto de vista constitucional. Videoaula: © Dicete Penal do Inimigo- Parte I Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Tomando por base a andlise realizada quanto as politicas criminals de carter repressivo, 0 estudante deve dissertar acerca da possibilidade de aplicagao do Direito Penal do Inimigo na hip6tese de um atentado terrorista no Brasil RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO Ante as premissas estudadas, 6 esperado que o estudante conceitue o Direito Penal do Inimigo com base nos entendimentos de Jakobs, pontuando que os criminosos so divididos em duas classes, sendo os “criminosos tradicionais" aos quais é imperiosa a aplicagao do Direito Penal Tradicional e os “autores de crimes graves", Cujos atos so atentatérios & prépria estrutura social, como os terroristas, frisando que, para 0 Direito Penal do Inimigo, o segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade”, razao pela qual, sequer devem ser tratados com as benesses do Direito tradicional, ante a insuficiéncia deste em reprimir suas condutas Oestudante deve frisar que na pratica, a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo enfrenta forte resisténcia constitucional, posto que algumas medidas adotadas sob o pretexto de proteger a ordem ea soberania, por vezes, possuem carder totalitério e gravemente interventivo, como no caso da antecipagao da unibilidade do sujeito, no qual aquele considerado como inimigo da ordem publica enfrenta a punigo ndo apenas pelo ato por ele perpetrado, mas também pelo risco que oferece & sociedade, Assim, mesmo diante da hipétese de um ato terrorista em solo brasileiro, 0 estudante deve fundamentar que no & possivel a relativizagao dos direitos e das garantias fundamentais, sendo importante lembrar que a Lei n? 13.260/16 (lei antiterrorismo) traz medidas a serem adotadas em face de tais atos e que, mesmo diante de sua severidade, s30 mais brandas do que as propostas por Jakobs. Resolugie do Estudo de Caso Para visualizar o objeto, acesse seu material digital Aula3 PARADIGMAS Duranite os estudos, analisaremos os paradigmas relativos ao processo de criminaliza¢ao e suas 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri INTRODUGAO. al 3, estudante! Durante os estudos, analisaremos os paradigmas relativos a0 processo de criminalizagdo e suas nuances. Destaque-se que abordaremos inicialmei © paradigma etiol6gico sob a ética da criminologia e da antropologia criminal e os reflexos da alteragio deste modelo na sociedade moderna. Outro ponto relevante a ser tratado nesta aula diz respeito ao paradigma da reago social, seus conceltos de desvio de conduta ¢ os efeitos que este tem sobre o a politica criminal e, principalmente, 0 processo de criminalizacao. Estudaremos ainda o paradigma garantista e abolicionista, sob 0 aspecto sociolégico e sua aplicabilidade na criminologia e na pratica penal, seja sob a ética da defesa ou do proprio Estado enquanto garantidor de direitos fundamentais. PARADIGMA ETIOLOGICO Aetiologia é 0 ramo do conhecimento dedicado a pesquisa da origem das coisas. Desta forma, dentro do campo da criminologia, 0 paradigma etiolégico ganhou forca com os estudos da antropologia e sociologia criminal. Sob a ética do paradigma etiolégico, compete a criminologia estudar e fornecer as explicacdes necessarias para 2 origem do fato criminoso e assim, apontar quais as solugbes que podem ser adotadas para o combate & criminalidade, ou seja, a criminologia, por meio da etiologia, deve exercer o papel de efetiva “defesa da sociedad”. As duas correntes de estudo citadas deram origem ao que chamamos de “paradigma etiolégico". Cesare Lombroso foi considerado o “pai” da antropologia criminal e em seu ramo de estudos defendia que a criminalidade tinha origem em aspectos inatos do préprio ser humano, frisando que a tendéncia a pritica de condutas delitivas tinha origem genética ou mesmo hereditéria, Desta forma, do ponto de vista Lombrosiano, a origem do fato criminoso est no préprio ser humano, nao se tratando de uma escolha, mas sim de uma heranga genética. A titulo exemplificativo, em sua obra “L'uomo delinquente”, Lombroso (2001), aponta que as caracteristicas fisicas dos delinquentes sao diferentes para cada delito cometido, frisando que os violadores, por exemplo, quase sempre possuem olhos salientes, fisionomia delicada, com labios e palpebras volumosos, enfatizando que na maior parte das vezes so frdgeis, louros e magros. autor aponta ainda que os homicidas e arrombadores, tinham cabelos crespos, maxilares possantes, cranio deformado, incidéncia de tatuagens e muitas cicatrizes. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri J do ponto de vista de Henrique Ferri (1931), em seus estudos relativos a sociologia criminal, no que concerne a etiologia do fato criminoso, sustenta-se que 0 fato criminoso no advém do livre arbitrio do ser humano, mas sim da concretizagdo de diversos fatores que contribuem para a criago do delinquente, sendo estes de ordem fisica, social e individual, Henrique Ferri diverge de Lombroso ao apontar que o crime nao é produto apenas de uma determinada patologia individual do criminoso, sendo esta, apenas parte dos fatores que contribuem para 0 surgimento do delinquente, Nos dias atuais os estudos relativos a etiologia do fato criminoso vém ganhando cada vez espaco, sendo atualmente mais ligada as efetivas motivagdes para a ocorréncia do fato criminoso, tendo deixado de lado os aspectos fisicos e passado a aceltar as argumentacdes relativas aos impactos socials, situagées socioeconémicas, dentre outras, a depender, especificamente, do delito cometido. Assim, 6 possivel afirmar que os estudos relativos a criminologia sofreram muitas alteracSes, principalmente no que tange ao desenvolvimento do paradigma etiolégico, até porque cada delito possui uma diferente motivacao e, geralmente, no possui nenhuma relacao com tragos fisicos do delinquente, mas sim, com aspectos psicossociais ligados a sua estrutura social, cultural, ou mesmo advindos de sua prépria criacao. VIDEOAULA: PARADIGMA ETIOLOGICO. ‘Aula video com explanagées aprofundadas relativas a0 paradigma etiolégico da criminologia e seu desenvolvimento nos dias atuais. Videoaula: Paradigma Etioligico Para visualizar o objeto, acesse seu material digital PARADIGMA DA REAGAO SOCIAL Ao tratarmos do chamado paradigma interacionista (ou da rea¢ao social), estamos diante da andlise, do ponto de vista da criminologia, de como as interaces socials entre os individuos afetam a construgdo do delito e criagao do préprio criminoso. Sob este aspecto, o autor Alessandro Baratta (2002, p.87) é didatico: processo de tipificacao confere um significado que se afasta das situagbes concretas e 6 6 Segundo o interacionismo simbélico, a sociedade - ou seja, a realidade social - constituida por uma infinidade de interacbes concretas entre individuos, aos quais um continua a estender-se através da linguagem. Também segundo a etnometodologia, a sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er sociedade nao é uma realidade que se possa conhecer sobre o plano objetivo, mas 0 produto de uma ‘construcao social. Obtida gragas a um processo de definicao e de tipificagio por parte dos individuos e de grupos diversos. Assim, no que concerne ao modelo da reago social, a origem do crime se dé por meio de uma construcdo social, ou seja, a comunidade passa a ver que determinado ato fere seus costumes ou afeta suas relagoes, impondo, desta forma, que a pratica deste ato é um crime e deve ser punida, (© Paradigma da reagao social impde mudancas bruscas no estudo da criminologia, até porque, deixa de dar enfoque ao estudo do sujeito criminoso e as raz6es que o levam a cometer a conduta desviante e passa a dar maior atengdo as condigées da criminalizagao, ou seja, quais as condigdes determinantes que fazem com que 0 Individuo possa ser considerado um criminoso. ‘Aautora Vera Regina Pereira de Andrade (1997, p, 204), ao tratar sobre o paradigma da reacao social, 6 enfatica de uma “construgo social’ obtida mediante um processo de definicdo e de tipificagao 6 6 A sociedade nao 6 uma realidade que se possa conhecer objetivamente, mas o produto por parte dos individuos e grupos diversos. © paradigma da reagio social ¢ intrinsecamente ligado a Teoria do Etiquetamento Social (/abelling approach) a0 passo que esta faz uma espécle de Interligacdo entre os conceitos de crime e criminoso e o préprio comportamento social, considerando seus costumes e valores socialmente aceitos, sob 0 argumento de que estes sim, seriam os criadores das chamadas etiquetas sociais, em detrimento do ato criminoso em si. Ante a tais assertivas é possivel concluir que, do ponto de vista do paradigma da reago social, o fato criminoso deixa de ser uma simples construcao teérica relativa a violacdo do regramento penal, passando a ser vista sob o enfoque de uma efetiva reagdo social a determinada conduta, ou seja, um comportamento da prépria sociedade face a pratica de uma conduta moralmente reprovavel. Desta forma, a prépria evolucao dos conceitos e parametros sociais serve de balizadores para o processo de criminalizago que, seguindo 0 modelo da reacdo social, atendem aos anselos e tendéncias da prépria sociedade. VIDEOAULA: PARADIGMA DA REACAO SOCIAL ‘Aula video tratando do paradigma da reacdo social e seus efeitos sobre o processo de criminalizagao. Videoaula: Paradigma da Reacdo Social Para visualizar o objeto, acesse seu material digital 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri PARADIGMA GARANTISTA paradigma garantista serve de base para o préprio sistema penal, a0 passo que serve de efetivo limitador para os poderes do préprio Estado enquanto detentor do poder investigative e punitive. Este modelo aponta a necessidade de que o processo penal, tanto em suas fases iniciais quanto na efetiva aplicagdo de uma pena, observe as garantias e direitos fundamentals previstos na Constituigao Federal. Ao tratar do garantismo, Alfredo Copetti Neto (2016, p. 23) conceitua o termo, apontando se tratar de uma espécie de outra face do constitucionalismo, sendo vejamos: normative juridico que visa a efetivacdo dos direitos fundamentals cuja extensdo ‘comporta: da vida a liberdade pessoal, da liberdade civil e politica as expectativas 6 6 © termo garantismo representa, como a outra face do constitucionalismo contemporaneo, 0 fundamento da democracia constitucional e, assim, 0 modelo sociais de subsisténcia, dos direitos individuais &queles coletivos. © modelo garantista fortemente defendido pelo jurista Luigi Ferrajoli (1998), que aponta que este paradigma surge exatamente da incapacidade do Estado de manter a harmonia entre suas atuacdes pela via administrativa ou as atuagées de suas instituigbes policais e as suas préprias normas juridicas. Assim, o garantismo visa adequar a atuacdo Estatal com as normas por ele mesmo impostas, fazendo uma espécie de juncio entre normatividade e efetividade, importante ressaltar que as influéncias do paradigma garantista nao se limita ao campo do Direito, estendendo-se até mesmo no que tange a matéria politica, posto que seus postulados tém por objetivo a ampliago da liberdade enquanto direito fundamental e a redugo exponencial da violéncia. Sob este enfoque, © papel de punidor é mantido com o Estado, posto que, 0 faria visando garantir os direitos da maioria Cabe lembrar que, enquanto arduamente defendido por Ferrajoli(1998, p. 851), o paradigma garantista é modelado sob o aspecto de “modelo normativo de direito, que tem como principio basilar a legalidade, guardando assim, estrita relagao com as bases do préprio Estado Democratico de Direito, ‘Afim de dar validade e eficdcia ao direito propriamente dito, o paradigma garantista impde a necessidade de cumprimento de aspectos substanciais e formais, sem os quais, a prépria eficdcia normativa estaria em risco. Sob esta ética, impende lenbrarmos do pensamento Kelsiniano acerca da validade normativa, ou seja, a validade de uma determinada norma estaria integrada ao cumprimento de outra norma, Ante a tais preceitos, seguindo 0 paradigma garantista, 0 Estado nao poderia, por exemplo, valer-se de ura confissao obtida mediante tortura, até porque, a obtencao deste meio probatério desrespelta as bases constitucionais e a prépria finalidade Estatal de garantia de direitos fundamentais, assim, nao pode o Estado valer-se de tal expediente sob o argumento de garantia de direitos. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Desta forma, o paradigma garantista tem por objetivo criar um verdadeiro equilibrio entre validade e eficacia, no apenas no campo teérico, mas também na aplicacSo pratica do direito. VIDEOAULA: PARADIGMA GARANTISTA. ‘Aula video com conteddo complementar a respeito do paradigma garantista. Videoaula: Paracigma Garantista Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital PARADIGMA ABOLICIONISTA Ao tratarmos do paradigma abolicionista, estamos diante de um modelo radicalizado, que deve ser tratado com a devida cautela. © paradigma abolicionista defende que o préprio sistema de persecugao penal, enquanto ferramenta estatal de unico, serve de criador de injustigas e desigualdades socials, ao passo que, se trata de ferramenta com carater seletivo e voltada a defesa das elites. Cabe frisar que o paradigma abolicionista é divido em trés distintas vertentes, como aponta Sergio Salomao Shecaira (2018), sendo elas a “anarquista’; a “marxista" e a “liberal”. Em andlise a vertente anarquista do modelo abolicionista, 0 pensamento defendido é de que a existéncia de um sistema penal escraviza 0 ser humano, minguando sua liberdade e impedindo sua prépria felicidade, razdo pela qual, para a formacao de uma sociedade unida e solidaria, é necessario o fim de todo o sistema penal, Asegunda vertente do paradigma abolicionista, por sua vez, defende que o sistema de persecugao penal possui cardter estritamente repressivo que acaba por ocultar os problemas socials, ao passo que, ante 2o seu cardter estritamente seletivista, pune as classes sociais mais baixas para proteger os interesses das elites. Por fim, a terceira vertente do modelo abolicionista, chamada também de abolicionismo liberal ou cristo, defende que a solugdo de conflitos ndo deve ser um papel privativo do Estado, posto que os homens, enquanto detentores de direitos e obrigacbes, tem a capacidade de cuidar de solucionar os seus préprios conflitos, em uma espécie de solidariedade organica Ao tratar do abolicionismo, Carlos Elbert (2003, p. 108), em sua obra ", Manual Basico de Criminologia", faz apontamentos relativos a simplicidade do tema, posto que passou a ser visto como uma alternativa a persecugio penal, com premissas que visam uma solucio diversa da utilizada no modelo padrao: despreocupacao pelo esmero metédico é consequéncia de um anti-reducionismo que ‘spira nao convundir mévwdy Cont ideias. Pude-se dizer que U abuiiciunisiio torrie 6 6 Campo de discussio e trabalho pragmstico, simples e criativo. Sua abertura e 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri simples" (em oposic3o ao que ocorre discursivamente dentro do direito penal e da riminologia), propondo “outra légica” para o tema do delito. Assim, em que pese a profundidade do ma e as correntes defendidas por diversos autores, temos que 0 abolicionismo penal, no que tange a sua insergo no ramo das politicas nao repressivistas, defende um discurso pautado em que o modelo penal tradicional é criador de problemas e nao de solucbes, na medida em que a fungao intimidatéria da pena no se presta ao fim proposto, servindo apenas como espécie de desculpa para a intervensdo estatal na liberdade individual. Desta forma, é possivel enxergar o abolicionismo mais como uma utopia do que efetivamente como uma politica criminal aplicavel, até porque, seu radicalismo acaba por dificultar sua aplicacio, sendo preferivel, portanto, modelos menos radicais, que visem a descriminalizacao ou despenalizagao de certas condutas em detrimento de uma politica com carter estritamente abolicionista Figura + | Etologia do fto criminoso Aorigem do fato criminoso LOMBROSO —> st atreladaa genética do individu | Fisicos Aorigem do fato criminoso FERRI —> estdatreladaa Sociais uma sériede aspectos Individuais Fonte: elaborada pelo autor. 60 Saiba mais ACHUTTI, Daniel. Abolicionismo Penal e Justica Restaurativa: Do Idealismo ao Realismo Politico-Criminal. Permanéncia de Paradigmas Criminolégicos na Ciéncia e no Senso Comum, COLE Charlise Paula, © Paradigma da Reacio Social na Conduta Desviada: 0 Pracesso de Criminalizacioe Etiquetamento Social. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri VIDEOAULA: PARADIGMA ABOLICIONISTA Aula video relativa ao paradigma abolicionista e suas vertentes. Videoaula: Paradigia Abolicionista Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Uma determinada pessoa é presa em flagrante pela pratica de um determinado delito cuja pena maxima nao ultrapassa 2 (dois) anos, o delegado de policia representou pela prisdo preventiva e o juiz converteu o flagrante em preventiva, Ante ao clamor social e popularidade do acusado, no Ihe concedeu o pagamento de fianca, mesmo sendo caso de detencao. Vocé enquanto advogado do acusado, sob a dptica do paradigma garantista, apresente a solucao pratica para 0 caso a fim de demonstrar eventual auséncia de observancia das regras constitucionais e processuais penais. RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO é esperado que o estudante aponte que o paradigma garantistaimp3e a necessidade de cumprimento de aspectos substanciais e formais, sem os quals, a prépria eficdcia normativa estaria em risco. Sob este aspecto, o estudante deve apontar a auséncia de requisitos objetivos para a decretasao da prisio ea configuracdo de constrangimento ao acusado, até porque, a ndo demonstrago da efetiva necessidade de segregamento cautelar do acusado, traduzir-se-d em violagao a garantia constitucional ao principio da presungdo de inocéncia. Assim, a conclusdo do estudante deve se pautar na possibilidade de aplicacdo de medidas cautelares diversas da prisdo, ante a necessidade de preservagao, do ponto de vista garantista, dos principios constitucionais que preveem a protecio do acusado. Afim de complementar sua resposta, 0 estudante pode apontar as hipéteses de arbitramento de fianca pelo delegado previstas no art. 322 e a auséncia dos impeditivos do art. 323 324, todos do Cédigo de Proceso Penal, Resolugio do Estudo de Caso Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital Aula O MINISTERIO PUBLICO COMO DEFINIDOR DE POLITICAS CRIMINAIS 2spoaao22 22:22 widd_221_2_po. er pros Durante os estudos, realizaremos uma andlise aprofundada do papel do Ministério Puiblico enquanto definidor de politicas criminais e sua atuagao concatenada com os demais érgaos que compéem o sistema penal, 43 minut INTRODUGAO. Durante os estudos, realizaremos uma andlise aprofundada do papel do Ministério PUblico enquanto definidor de politicas criminais e sua atuagdo concatenada com os demais érgdos que compdem o sistema penal, ‘Abordaremos, ainda, a criminalidade sob a ética contemporanea e como a alteragio do modo de agir dos criminosos afeta 0 desenvolvimento das politicas criminais e a efetiva atuaco do Ministério Puiblico e dos 6rga0s policiais. Outro ponto relevante de estudo na presente disciplina é a atuagio integrada e o direito fundamental & seguranca puiblica, ern que analisaremos a disposicao constitucional de garantia a seguranca e 0 papel do Estado em fornecé-a. Por fim, ao longo dos estudos, abordaremos a repercusso que a propria mudanca no meio social exerce sobre a politica criminal e como isso afeta o protagonismo do Ministério Pablico. O MINISTERIO PUBLICO NA ESFERA CRIMINAL Antes de adentrarmos no assunto, precisamos ressaltar que a ConstituigSo Federal define o Ministério Publico, em seu art. 127, como uma instituigo permanente e essencial & fungio jurisdicional do préprio Estado, atribuindo-Ihe a responsabilidade pela defesa da ordem juridica, do regime democratico, dos interesses sociais € individuais indisponivels, No que tange 8 atuagao ministerial dentro da esfera criminal, 0 art, 129, |, da Magna Carta, 6 enféttico a0 impor que, 20 Ministério Publico, compete, privativamente, promover a aco penal publica, assim, analisando as nuances do proceso criminal, é de facil percepgo que o Ministério Publico, enquanto Unico titular da aco penal publica, exerce verdadeiro protagonismo na esfera penal. ‘Ao tratar da participacaio do Ministério Pablico no processo criminal, Norberto Avena (2020, p. 255) é didatico ao expor seu papel tanto nas acdes penais piiblicas quanto nas privadas, diferenciando cada espécie de atuacao: 6 6 Na 6rbita criminal, o Ministério Publico representa o Estado-Administraco, incumbindo-the, primordialmente, nos crimes de ago penal piblica, deduzir perante 0 Estado-juiz as providéncias necessérias para que se concretize a pretensio punitiva;e, nos delitos de aco penal privada,fiscalizar a instauragdo e o desenvolvimento regulares do processo, bem como o cumprimento e a aplicagSo da lei ao caso concreto. 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Frente ao papel do Ministério Publico dentro do processo criminal, indispensavel tratarmos acerca da funsao atribuida a ele pelo art. 129, Vil e Vil, da Constituigo Federal, qual seja o dever de exercer o controle externo da atividade policial e de requisitar diligéncias investigatérias, Arespeito do tema, cabe-nos apontar que o assunto foi tratado pelo préprio Supremo Tribunal Federal no Julgamento do Recurso Extrzordingrio 593.727, no ano de 2015, consolidando-se o Tema de Repercussdo Geral n° 184 - Poder Investigativo do Ministério Publico, restando firmado 0 entendimento de que o Ministério Publico possul competéncia para a promos de investigasdes criminals, respeitando-se os direitos e garantias dos investigades. Os membros do Ministério Publico, visando, justamente, 8 protecdo ao efetivo exercicio de suas atribuiges, possuem prerrogativas semelhantes aquelas previstas aos magistrados, ou seja, so garantidas a eles, nos termos do art. 38 da Lei Federal n° 8.625/93, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsidio. Nesse sentido, entendemos que 0 Ministério Publico, no bojo dos processos de natureza criminal, exerce verdadeira parcela da soberania do Estado, ao passo que condiciona o direito de punir. Cabe lembrarmos que o exercicio do direito punitive estatal possui quatro condig6es, sendo elas: A existéncia de lei penal anterior a0, fato + Aacusacio penal privativa do Ministério Publico (em aces penals publicas) * A jurisdigao penal. + A-execucdo penal Dessa forma, 0 Ministério PUblico é indispensdvel a persecuco penal e ao préprio exercicio da soberania estatal, exercendo verdadeiro papel de protagonismo nas acdes penais puiblicas ena defesa da ordem juridica e social. VIDEOAULA: O MINISTERIO PUBLICO NA ESFERA CRIMINAL Videoaula acerca da atuagao e do protagonismo do Ministério Publico na esfera penal. Videoaula: © Ministério Pablico na esfera criminal Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ACRIMINALIDADE CONTEMPORANEA 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Quanto ao cerne da presente disciplina, principalmente no que tange & atuago do Ministério Pablico enquanto definidor de politicas criminals, torna-se indispensavel procedermos & andlise do desenvolvimento da criminalidade e como a atuac3o dos criminosos nos tempos modernos afeta a prépria atuaco ministerial e as politicas criminais propriamente ditas. (© modo de operacao dos criminosos se desenvolveu na mesma velocidade que a prépria sociedade, sendo que 05 avangos tecnolégicos presentes no mundo moderno possibilitaram 0 surgimento de novas classes de criminosos e delitos. Ademais, 05 criminosos passaram a se estruturar, formando organizacdes complexas com pluralidade de operagées. A Lei Federal n® 12.850/13, de forma expressa, definiu a expressao “organizagio criminosa’, dispondo, no pargrafo primeiro de seu art. 1% 66 art 12 LJ 51° Considera-se organizago criminosa a associac3o de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisto de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer nnatureza, mediante a pratica de infragdes penais cujas penas méximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de carter transnacional = (BRASIL, 2013, [5p Sob esse prisma, o Ministério Publico, no cumprimento de seu papel enquanto responsavel privativo para promocio da aco penal piiblica e, ainda, enquanto responsdvel pela defesa da ordem juridica e social, deve atentar-se 8 constante evolugo da criminalidade, visando, justamente, a preservaco do Estado democrético de direito, Nao é apenas no sentido de organizagao que podemos constatar o desenvolvimento da criminalidade, como apontado anterior mente, os avancos tecnolégicos trouxeram nao apenas ferramentas auxiliares aos criminosos mas também deram origem a diversos outros tipos penals. Criminalidade no ambiente virtual ALei 12.737, de 30 de novembro de 2012, alterou 0 Cédigo Penal, objetivando tipificar alguns delitos informéticos, como a invasio de dispositivos informaticos, a interrupcao de servicos telefénicos e a falsificagao de cartoes. Acriminalidade no ambiente virtual é abrangente, apresentando caracteristicas préprias, distintas de outros delitos, como a transnacionalidade, universalidade e ubiquidade. Ao tratarmos da transnacionalidade, estamos diante do alcance do delito, ao passo que os crimes virtuais ultrapassam as barreiras da nacionalidade, estando presentes em todos os continentes. 2ovou02e 22:22 wide 221_u2_po.er_po_er A universalidade dos crimes virtuais diz respeito aos niveis sociais em que esto presentes, sendo que, devido ao acesso cada vez maior as tecnologias, os delitos acabam se tornando universais. Por fim, ao falarmos da ubiquidade, tratamos da presenga do delito tanto nos setores publicos quanto privados, demonstrando, novamente, o alcance dessa espécie de delito. Com isso, podemos concluir que a criminalidade contemporanea vern passando por constante evolugio, sendo que os érgos de controle devem se desenvolver na mesma velocidade, visando, dessa forma, a proteger a paz sociale evitar a expansio dos delitos. Assim, é imperioso que o Ministério Publico e os demals érgdos, responsdveis pela investigacao criminal e definigSo das politicas criminais estejam atentos ao desenvolvimento das ferramentas criminals e da prépria sociedade, VIDEOAULA: A CRIMINALIDADE CONTEMPORANEA Videoaula a respeito da criminalidade contemporanea e os aspectos relativos ao seu desenvolvimento. Videoaula: A criminalidade contemporsnea Para visualizar o objeto, acesse seu material digital ATUAGAO INTEGRADA E O DIREITO A SEGURANGA. Cart. 5° da Constituigdo Federal é cristalino ao definir a seguranca como um direito fundamental garantido a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no pals. Em se tratando da seguranga, estamos diante de um direito difuso que tem por objeto garantir de que os membros da sociedade estejam protegidos da violencia e criminalidade ante a prestacSo eficie dos servigos de seguranga publica e a implantago de politicas puiblicas voltadas a essa finalidade. A Constituigao Federal de 1988 impée, ainda, que a seguranca se trata de um direito social, impondo-a como um dever do Estado, a saber: Art, 144 - A seguranga piblica, dever do Estado, direito e responsabillidade de todos, ‘exercida para a preservacao da ordem publica e da incolumidade das pessoas e do patriménio, através dos seguintes érgdos: | policia federal; I1- policia rodovidria federal; IIl- policia ferrovidria federal | IV- policias civis; 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri V-policias militares e corpos de bombeiros militares, — (BRASIL, 1988, (5. p.D 6d Importante! Sob a ética constitucional, é importante diferenciarmos o direito a seguranga previsto no art. 5° daquele previsto no art, 6° da Constituigao Federal, Enquanto © primeiro é estritamente ligado 8 garantia individual de seguranca, conforme citado, a previsdo do art. 6° se refere ao conceito de seguranga publica, tratado, também, no mencionado art. 144, dever do Estado de garantir a seguranga nao se restringe apenas as condutas preventivas mas também 3 apuraco dos atos ilicitos com a efetiva punico de responsaveis, ou seja, a garantia de seguranca pode ser exercida na fase primaria do processo de criminalizacao, por meio de criagdes legislativas que visem a coibir atos criminosos. Na fase secundaria do processo de criminalizaco, a garantia a seguranca surge com a ago dos érgdos estatais visando a coibir as praticas criminosas; jé na criminalizacao tercidria, a garantia de seguranca surge justamente com a efetiva punic3o dos criminosos eo curso da fase de execucdo penal. A atuagao integrada do Ministério Publico com os demais érgdos estatais na fase de investiga¢ao preliminar é indispensdvel 4 garantia da seguranca, principalmente ante os constantes avangos da criminalidade e a necessidade de somar esforcos para reduzir seu aumento desenfreado. A respeito do tema, Emiliano Waltrick (2013, p. 8) € didético ao tratar do envolvimento do Ministério Publico nas investigacées: considera inatingivel, a interacao e comunhao de esforcos entre policias e Ministério Publico é fundamental, sendo imprescindivel a articulago de agdes coordenadas € ceficazes, principalmente em investigacdes envolvendo os crimes econémicos ou 6 6 E neste contexto, mormente quando se busca atingir aquela criminalidade que se polticos e organizagbes criminosas A despeito do tratado, conclui-se a importancia da atuac3o do Ministério Piiblico como definidor de politicas criminais para a preservagao da seguranca enquanto direito fundamental e constitucionalmente garantido, considerando, especialmente, a expansso e 0 desenvolvimento da criminalidade contemporanea — o que 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri demanda a criagdo de novas ferramentas e frentes de aco por parte dos érgios responsaveis, VIDEOAULA: ATUACAO INTEGRADA E O DIREITO A SEGURANGA Videoaula tratando da garantia de seguranca e sua relagdo com a atuacao integrada do Ministério Publico. Videoaula: Atuagio integrada e o direlto& seguranca Para visualizer o objeto, acesse seu material digital REPERCUSSOES NA POLITICA CRIMINAL As repercussbes da atuagaio do Ministério Publico na efetiva definicdo das politicas criminais estatais apresentam estrita relagdo com a fase secundaria do processo de criminalizago, em que temos a atuacao de Instituigées como o Ministério Pdblico, Judiciario e a prépria policia enquanto agente de controle social Durante 0 processo de criminalizacdo secundaria, individuo que passou pela criminalizac3o priméria, tendo cometido a conduta penalmente reprovavel, e com o inicio da fase secundaria, ter sua conduta apreciada pelas instituigdes anteriormente citadas. A atuagao do Ministério Publico na fase secundéria do processo de criminalizacao serve de verdadeira filtragem dos atos praticados e influencia diretamente nas politicas adotadas para o combate ou a descriminalizacdo de um determinado fato. Ante a auséncia de recursos, o préprio sisterna penal torna-se seletivista, ao passo que, visando a afastar sua inatividade, dé atengao a delitos cujo potencial lesivo é maior, deixando de lado aqueles menos gravosos. Com base em tal premissa, o Ministério Publico, exercendo seu papel de “filtro” dos atos a serem punidos, pode adotar condutas voltadas & despenalizagdo ou buscar a condenagdo a uma pena mais severa, 0 que influencia diretamente a criag3o de politicas voltadas ao combate desses delitos tides como mais graves. Sobre o tema, Silvia Chakian de Toledo Santos e Alexandre Rocha Almeida de Moraes (2016 p. 195) s80, didaticos, principalmente ao tratar do papel do Ministério Publico e do exercicio de sua func3o nos dias atuais, inclusive no que tange as repercuss6es na formacao de politicas criminais: cujos déficits, na maioria das vezes, so (con)causas para a criminalidade, deve velar pelo direito social da seguranca publica, els que é a instituigo que exerce privativamente a agao penal publica. Em outros termos: a instituiggio que detém 6 é mesma instuigSo que pode cobrar a implementagio de polics pubicasbiscas, sioaz022 22:22 wide 221_u2_pol_er_pro_er instrumentos dados pelo constituinte para reprimir, mitigar a repressao ou deixar de uni (aco penal, transacao penal e arquivamento) e, concomitantemente, possui instrumentos para prevenir a doenca (inquérito civil, recomendagées, termos de ajustamento de conduta e aco civil piblica, dentre outros). Dessa forma, as repercussdes da atuacao do Ministério Publico na fase secundaria do proceso de criminalizagao restam claras, influenciando diretamente o processo de formagao das politicas criminais em razo de seu papel de filtragem das condutas a serem punidas com maior severidade e aquelas que merecem tratamento mais brando, com aplicacao de institutos despenalizadores. Aimportancia da atuagao reside, principalmente, na proximidade do érgio ministerial com os diversos setores da sociedade e sua atuagdo nao apenas na esfera criminal mas também na defesa dos interesses socials e na garantia da ordem publica, razdo pela qual a indispensabilidade de sua atuacio € patente. VIDEOAULA: REPERCUSSOES NA POLITICA CRIMINAL Videoaula relativa as repercuss6es da atuagao do Ministério Publico na criagdo e no desenvolvimento de politicas criminais, \Videoaula: Repercussbes na poltica criminal Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital ESTUDO DE CASO Imagine a situacao hipotética em que vocé, estudante, agora, é promotor de justica da comarca ficticia de Santo Ossério, capital de Leonel Caldela. Todo orgulhoso da aprovagao € no primeiro dia no férum, depare-se com um proceso em que o juiz determinou a investigagio de um suposto crime 8 Autoridade Policial, e quando da chegada da diligéncia, encaminha os autos a vocé para denunciar o investigado. Com base nessas premissas, & ‘o momento de se manifestar. Apresente o direito a ser alegado, RESOLUCAO DO ESTUDO DE CASO E esperado que o estudante discorra acerca do direlto privativo do Ministério PUblico da promogio da ago penal e no sobre o juiz da causa Sob esse prisma, em respeito ao art.127 € 129, I, da CRFB, o Ministério Puiblico, no cumprimento de seu papel, enquanto responsdvel privativo pela promocao da ago penal publica e pela defesa da ordem juridica e social, deve atentar-se como fiscal da lei, no se sujeitando a aceitar, mesmo que no seu primeiro dia na comarca, que 251042022 22:22 Wwhde_221_u2_pol_er_pro_eri Resolugie do Estudo de Caso Para visualizar 0 objeto, acesse seu material digital 60 Saiba mais Para complementar os seus estudos, selecionamos algumas dicas de leitura para vo-cé! COPETTI. V. L. F, A funcdo seletiva do ministério pilblico no sistema penal. 1998, Dissertagao (Mestrado em Direito) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 1998. JUNIOR. J. S.T.A seguranga publica como direito fundamental: proposta de modificagio da atuagao ministerial para a sua tutela, Revista do Ministério Publico do Estado de Golds, Goids, p. 47-62, [5. 4. REFERENCIAS Aula1 BARATTA, A. Criminologia critica e critica do direito penal: introdugao a sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2014, CONSELHO ECONOMICO E SOCIAL DA ONU (ECOSOO). Resolut 2002/12, de 24 de julho de 2002. Regulamenta os principios basicos para a utllizagdo de Programas de Justica Restaurativa em Matéria Criminal. Organizagao das NagGes Unidas - ONU, €/RES/2002/12. Disponivel em: 02.ndf Acesso em: 29 un. 2021 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIGA. Resolucao n° 225, de 31 de maio de 2016. Disponivel em: https://atos.cnjjus.br/atos/detalhar/2289, Acesso em: 26 jun, 2021 FERRAJOLI, L Direito e razdio: teoria do garantismo penal. 2. ed. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2006 FRAGOSO, H.C. Ligdes de direito penal: a nova parte geral. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. 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Traduzido por TOMASINI, Maristela Bleggi e GARCIA, Oscar Antonio Corbo. Porto Alegre. Ricardo Lenz, 2001 SHECAIRA, Sérgio Salomai >. Criminologia. 7. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2018, Aula 4 AVENA, N. Processo penal. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, Sao Paulo: Método, 2020. BRASIL. (Constituigao (1988)]. Constituigao da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasilia, DF: Presidéncia da Republica, 1988, Disponivel em: ‘http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao,htm. Acesso em: 30 set. 2021. BRASIL. Lein® 12,737, de 30 de novembro de 2012, Dispde sobre a tipificacdo criminal de delitos informaticos; altera o Decreto-Lei n° 2,848, de 7 de dezembro de 1940 - Cédigo Penal; e dé outras providéncias. Brasilia, DF, 2012. Disponivel em: http:JAwww.dlanalto gov.br/ccivil_03/ ato2011-2014/20% 2/lei/112737.htm. Acesso em: 30 2ovou02e 22:22 wide 221_u2_po.er_po_er set. 2021 BRASIL. Lei n® 12,850, de 2 de agosto de 2013. 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