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Autoridade politica habitantes se alimentam e se mantém, ¢ pagam todos os impostos e taxas, chega, segundo Davenant, a mais ou menos 43 milhées. O da Franga chega a 81 milhées ¢ o da Holanda, a 18,25 milhées libras. O major Grant, em suas observagées sobre as listas mortudrias, conta que hé na Inglaterra 39 mil milhas quadradas de terras. Que, na Inglaterra e no principado de Gales, 4,6 milhées de almas; que os habitantes da cidade de Londres sio mais ou menos em néimero de 640 mil, ou seja, a décima quarta parte de todos os habitantes da Inglaterra, Na Inglaterra ¢ no Pais de Gales hé 10 mil pardquias. Ha 25 milhées de acres de terra na Inglaterra eno Pafs de Gales, ou seja, 4 acres para cada habitante, Conta o autor que, de 100 individuos que nascem, apenas 64 atingem a idade de 6 anos; que, ao final de 16 anos, dos 100, restam somente 40 vivos; nesses mesmos 100, apenas 25 ultrapassam a idade de 26 anos; 16 vivem até completar 36 anos, ¢ somente 10 chegam a 56 anos completos; apenas 3 alcangam 66 anos ¢, de ida s De Moivre, Bernoulli, Montmort e Parcieux estudaram os todos os 100, nao h4 nenhum que esteja vivo ao final de 76 anos. Ver etc, Os senhor: assuntos relativos & aritmética politica. Pode-se consultar A doutrina dos acasos, do senhor De Moivre; A arte de conjeturar, do senhor Bernoulli; A andlise dos jogos de azar, do senhor Montmort; a obra Sobre as rendas vitalicias ¢fundos comuns, difundidas nas do senhor Parcieux, ¢ algumas memérias do senhor Halley, Transagées filosificas, com verbetes do nosso dicionirio. (MGS) Autoridade politica, Diderot [1, 898] Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros. A liberdade € um presente do céu, e cada individuo da mesma espécie tem 0 direito de usuftuir dela tio logo eenha o uso da razio. Se a natureza esta- belecew alguma autoridade, € a do poder paterno; mas esse poder tem seus limites, e, no estado de natureza, ele terminaria logo que os filhos tivessem condigées de se conduzir. Qualquer outra autoridade tem origem diferente ja natureza. Se examinarmos bem, veremos que a attoridade politica tem ori- da natureza. S b toridade politica gem em uma dessas duas fontes: a forga ea violencia daquele que dela se apo- derou ou o consentimento daqueles que a ela se submeteram através de um contrato, feito ou suposto, entre estes ¢ aquele a quem concederam o poder. 37 Autoridade politica O poder adguirido pela violéncia nao senio usurpagio, e s6 dura enquanto a fora daquele que comanda for maior do que a daqueles que obedecem. De sorte que, se estes tiltimos, por sua vez, se tornarem mais fortes ¢ sacudirem 0 jugo, fé-lo-io com tanto direito ¢ justiga quanto o outro se Thes havia imposto. A mesma lei que fez a autoridade a desfaz, entio: € lei do mais forte. Algumas vezes, a autoridade que se estabelece pela violéncia muda de natureza: € quando continua e se mantém com o consentimento expresso daqueles que foram submetidos. Mas, nesse caso, ela recai no segundo tipo, do qual falarei, e aquele que a tinha usurpado, tornando-se entio principe, deixa de ser tirano, O poder que vem do consentimento dos povos supde necessariamente condigSes que tornem seu uso legitimo, til & sociedade, vantajoso para a Repiiblica, ¢ que o fixem e restrinjam dentro de certos limites. Pois 0 homem nao pode dar-se inteiramente e sem reserva a outro homem, jé que tem um mestre superior que esta acima de tudo, a quem pertence inteira ¢ exclusivamente, Trata-se de Deus, cujo poder sobre a criatura é sempre imediato, senhor tio ciumento quanto absoluto, que nunca perde seus direitos ¢ nio os comunica de modo algum. Ele permite, para o bem co- mum e para a manutengio da sociedade, que os homens estabelegam entre si uma ordem de subordinagio ¢ obedegam a um deles. Mas quer que isso seja feito pela razio e com medida, e no de maneira cega ¢ sem reserva, a fim de que a criatura nao se atribua impropriamente direitos do Criador. Qualquer outra submissio é um verdadeiro crime de idolatria. Dobrar os joelhos diante de um homem ou uma imagem € apenas uma ceriménia ex- terior, com a qual o verdadeiro Deus, que pede o coragio ¢ 0 espirito, nto se preocupa, deixando que as instituigdes dos homens fagam dela, como bem thes aprouver, sinais de um culto civil e politico ou de um culto reli- gioso, Assim, nio sio as ceriménias em si mesmas, mas 0 espfrito no qual se estabelecem que torna sua prética inocente ou criminosa, Um inglés nao cem escrtipulo de servir seu rei com os joelhos no chao; o cerimonial sé significa aquilo que se quis que significasse. Mas, entregar seu coragio, seu espirito e sua conduta sem reserva alguma a vontade ou ao capricho de uma simples criatura e fazer desta o tinico motivo de suas ages & certamente, ¢ essencialmente, um crime de les: majestade divina, Se nio fosse assim, 38 Autoridade politica esse poder de Deus do qual tanto se fala nio seria senfo um rufdo indtil que a politica humana utilizaria segundo sua fantasia, e do qual o espitito de irreligido, por sua vez, zombaria. O poder verdadeiro e legitimo, pois, tem necessariamente limites. E por isso que a Escritura diz: “que vossa submissio seja razoavel” (st rationabile absequinm vestrum), “todo poder que vem de Deus é um poder regrado” (omnis potestas a Deo ordinata est). Pois € assim que se deve entender essas palavras, conforme a reta raz0 ¢ no sentido literal, e nao conforme a interpretagio da covardia e da bajulagio, que pretendem que todo poder, qualquer que seja, vem de Deus. Ora vejam! Entio nio existem poderes injustos? Nao ha autoridades que, longe de virem de Deus, estabelecem-se contra suas ordens e contra sua vontade? Os usurpadores teriam Deus a seu favor? Seria preciso obedecer em tudo aos perseguidores da verdadeira religiio? E, para fechar a boca da imbecilidade de uma vez por todas, o poder do Anticristo seria legitimo? Seria, todavia, um grande poder. Enoc ¢ Elias, que resistiram a ele, serio rebeld: ses. diciosos que terio esquecide que todo poder vem de Deus, ot serio homens razodveis, firmes e piedosos, que saberao que todo poder deixa de sé-lo desde que ultrapasse os limites que a razio lhe pres- creveu e que se afaste das regras que o soberano dos principes estabeleceu; homens enfim que pensario, como sio Paulo, que todo poder sé vem de Deus na medida em que for justo e regrado? O principe recebe dos seus proprios stiditos a autoridade que tem sobre cles, ¢ essa autoridade € limitada por leis da natureza do Estado, Essas leis sio as condigGes sob as quais eles se submeteram, ou se considera que se submeteram a seu governo. Uma dessas condigées € que o principe, nao tendo poder sobre os stiditos a nao ser pela escolha e pelo consentimento destes tiltimos, nunca pode empregar sua autoridade para romper 0 con- trato ou o ato pelo qual ela Ihe foi conferida. Se o fizer, agiré contra si mesmo, pois sua autoridade s6 pode subsistir através do documento que a estabeleceu, Quem anula um destréi o outro, O principe, portanto, nao pode dispor de seu poder e de seus [899] stiditos sem o consentimento da nagio ¢ independentemente da resolugéo assinalada no contrato de submissio. Se ele se conduzisse de outra forma, tudo ficaria anulado, ¢ as leis o desobrigariam das promessas ¢ dos juramentos que tivesse feito, como um menor que tivesse agido sem conhecimento de causa, pois ele 39 Autoridade politica teria pretendido dispor daquilo que s6 tinha na qualidade de depositétio, ¢ com cléusula de substituigio, da mesma maneira que se o tivesse como propriedade e sem nenhuma condigio. Alias, 0 governo, embora seja hereditario numa familia, € colocado nas mios de um s6, ndo é um bem particular, mas um bem piblico, que, con- sequentemente, nunca pode ser tirado das mos do povo, a quem pertence exclusiva ¢ essencialmente ¢ como plena propriedade. E por essa razio que & sempre © povo que autoriza seu uso: ele intervém sempre no contrato que adjudica seu exercicio. Nio é 0 Estado que pertence ao principe, é o principe que pertence ao Estado. Mas cabe ao principe governar no Estado porque foi escolhido para isso ¢ se comprometeu com os povos a adminis- trar seus negdcios, ¢ estes, por seu lado, comprometeram-se a obedecer-lhe de acordo com as leis. Aquele que usa a coroa pode muito bem desfazer-se dela se quiser, mas no pode colocé-la na cabega de um outro sem 0 con- sentimento da nacio que a tinha posto sobre a sua. Numa palavra, a coroa, © governo € a autoridade ptiblica sto bens dos quais 0 corpo da nagio é proprietario, ¢ dos quais os principes sio os usufrutudrios, ministros ¢ depositarios. Embora chefes do Estado, nao deixam de ser seus membros; na verdade, os primeiros, os mais venerdveis ¢ mais poderosos, podendo tudo para governar, mas nada podendo legitimamente para mudar o governo estabelecido nem para colocar um outro no seu lugar. O cetro de Luis XV passa necessariamente para seu filho mais velho, ¢ nao h4 nenhum poder que possa se opor a isto, Nem mesmo o da nagio, pois esta é a condigio do contrato, Nem o de seu pai, pela mesma razio. Algumas vezes, o depésito da autoridade é feito por um tempo limitado, como na Repéblica Romana. Outras vezes, pelo tempo da vida de um s6 homem, como na Polénia. Outras, ainda, por todo o tempo que subsistir uma familia, como na Inglaterra. Outras, enfim, pelo tempo que subsistir uma fa- milia através de seus filhos homens, como na Franga. Algum vezes, esse depésito da autoridade € confiado a uma certa ordem da sociedade; outras vezes, a vitias pessoas escolhidas em diversas ordens; outras, ainda, a um sé homem, As condigées desse pacto sio diferentes nos diversos Estados. Mas, em qualquer lugar, a nacéo tem o direito de manter em relagio a todos e contra todos 0 contrato que fez, Nenhum poder tem a faculdade de mudar esse 40 Autoridade politica dircito. E, quando 0 contrato nio existe mais, a nagio retorna ao direito ¢ Aplena liberdade de fazer um novo contrato com quem quiser ¢ como qui- ser. E © que aconteceria na Franga se, por uma das maiores infelicidades, a familia reinante viesse a se extinguir até nos seus filhos menores. O cetro ©. coroa seriam devolvidos & nagio. Parece que apenas escravos, cujo espirito fosse tio limitado quanto o coragio fosse vil, poderiam pensar de outro modo. Essa espécie de gente nfo nasceu nem para a gléria do principe nem para o beneficio da sociedade, Nao tém virtude nem grandeza de alma. Sua conduta é inspirada pelo medo e pelo interesse. A natureza s6 0s produziu para servir de realce aos homens virtuosos, ¢ a Providéncia se serve deles para formar as poténcias tirinicas, com as quais castiga ordinariamente os povos e 0s soberanos que ofendem a Deus. Estes, usurpando; aqueles, dando ao homem esse poder sobre as criaturas que o Criador reservou para si. A observagio das leis, a conservagio da liberdade e 0 amor pela pétria sto as fontes fecundas de todas as grandes coisas e de todas as belas ages E nisso que residem a felicidade dos povos ¢ a verdadeira ilustragio dos principes que os governam. E af que a obediéncia € gloriosa ¢ 0 comando € august. Ao contrério, a bajulagio, o interesse particular e o espirito de servidio sio a origem de todos os males que sobrecarregam um Estado de todas as covardias que o desonram. Aqui, os stiditos sio miseraveis, ¢ 0s principes sio odiados; 0 monarca nunca ouviu ser proclamado o bem- o € cruel. Se retino sob um -amado; a submissio € vergonhosa, a domina mesmo ponto de vista a Franga ea Turquia, vejo de um lado uma sociedade de homens unidos pela razio, que agem por virtude ¢ que sio governados segundo as leis da justiga por um chefe igualmente sibio glorioso; ¢ de outro, um bando de animais reanidos pelo habito, que vivem sob a lei do chicote, levados segundo o capricho de um senhor absoluto. Mas, para dar aos principios dispersos neste artigo toda a autoridade que podem receber, apoiemo-los com o testemunho de um dos nossos maiores reis, O discurso que proferiu na abertura da Assembleia dos Notiveis em 1596, cheio de uma sinceridade que os soberanos praticamente desconhe- cem, era bem digno dos sentimentos que trazia. “Persuadido”, diz o senhor de Sully (pagina 467, in 4, tomo 1) “de que os reis tm dois soberanos, Deus ea lei; que a justiga deve presidir sobre o trono, ¢ que a docura deve se 4l Autoridade politica sentar ao seu lado; de que, sendo Deus o verdadeiro proprietirio de todos 08 reinos ¢ 0s reis apenas seus administradores, cles devem representar para © povo aquele do qual ocupam o lugar; de que nio reinardo como ele a no ser que reinem como pais; de que nos Estados mondrquicos hereditérios hé um erro que se pode chamar também de hereditério, que consiste no fato de o soberano ser senhor da vida e dos bens dos stiditos; de que, através de quatro palavras: tal é nosso deseo, é dispensado de apresentar as razes de sua conduta ou mesmo de ver alguma conduta qualquer; de que, mesmo que pudesse ser assim, nfo hé imprudéncia maior do que a de se fazer odiat por aqueles aos quais se € obrigado a confiar em cada instante de sua vida, e que € cair nessa infelicidade conquistar tudo a forga.” Esse grande homem, digo eu, persuadido desses prineipios que nenhum artificio de cortesio baniré do coragio daqueles que se the assemelham, declarou que, para evitar qualquer aparéncia de violéncia e de constrangimento, nao quis que a assembleia fosse composta de deputados nomeados pelo soberano e sempre cegamente sujei- tos a todas as suas vontades, mas que sua intengio era que fosse livremente admitida toda sorte de pessoas, de qualquer estado ou condicio, a fim de que aquelas dotadas de saber e de mérito tivessem a possibilidade de propor sem medo o que acreditassem ser necessirio ao bem piblico; que nao pretendia, ainda nesse momento, lhes prescrever nenhum limite; que hes ordenava somente nio abusar dessa permissio para rebaixar a autoridade real, que €0 nervo principal do Estado; ordenava-lhes também restabelecer a unio entre seus membros, ajudar os povos, aliviar o tesouro real de muitas dividas quais ele se via sujeito sem ré-las contrafdo, moderar com a mesma justica as pensdes excessivas, sem prejudicar as que eram necessérias, enfim, res- tabelecer para o futuro um fundo suficiente e claro para a manutengio dos soldados. Acrescentou que no teria nenhuma dificuldade em se submeter anenhum procedimento que ele mesmo nio tivesse imaginado, [900] que sentiria antes de tudo que tais procedimentos tinham sido ditados por um espirito de equidade e de desinteresse; que nao consideraria sua idade, sua experiéncia e suas qualidades pessoais como pretexto menos frivolo do que aqueles que os principes tém 0 hébito de utilizar para infringir os regula- mentos. Que, ao contririo, mostraria, por seu exemplo, que os regulamentos competem tanto aos reis, que fazem com que sejam observados, quanto aos siiditos, que os observam, “Se eu me vangloriasse, continuow o rei, de passar por 42 Autoridade politica excelente orador, teria trazido agui mais palaveas belas do que boa vontade; mas minha ambigao tende para algo maior do que falar bem, Aspiro ao glorioso titulo de libertador ¢ restaurador da Franga. Nao vos chamei aqui obrigar a aprovar cegamente as minkas vontades, Eu vos reuni para receber vossos conselbos, para acreditar neles¢ segui-los, numa palavra, para colocar-me sob tutela em vossas mies Este é um desejo que néo costuma acometer os ris, os barbas grisalbas ¢ 0s vitoriosos como cu, Mas 0 amor que dedico a meus siditos ¢ a vontade de conservar men Estado fazem-me achar tudo facile bonroso. Acabado esse discurso, Henrique levantou-se e saiu, deixando 0 senhor de Sully na Assembleia para fazer as atas, as memérias € os documentos dos quais poderia necessicar. Se ni se ousa propor essa conduta como modelo ¢ porque hi ocasides nas quais os principes podem usar de menos deferéncia, sem todavia se afastar dos sentimentos que fazem que, na sociedade, 0 soberano seja considerado como um pai de familia, ¢ seus séiditos, como seus filhos. O grande mo- narca que acabamos de citar nos fornecerd ainda o exemplo dessa espécie de fo esta dogura misturada 4 firmeza, tio requerida em ocasides em que ara tio visivelmente ao lado do soberano que ele tem o direito de tirar de seus siiditos a liberdade de escolha e deixar-lhes apenas o partido da obediéncia. Apés muitas dificuldades da parte do Parlamento, do clero e da Universidade, tendo o Edito de Nantes sido homologado, Henrique IV disse aos bispos: “Vos me exortastes ao meu dever, eu vos exorto ao vosso. Mantenhamos uma atitude corre- ta, tanto uns quuanto outros, Meus predecessores vos deram belas palavras. Mas eu, vestido com meu redingote, dur-vos-ei bons resultados. Verei vossos cadernos de reivindicagaes ¢ responderei a eles 0 muis favoravelmente possivel”, Ao Parlamento que tinha vindo apresentar criticas, ele respondeu: “Vés me vedes em men gabinete, onde vos falo, do cm vestes reais nem com capa e espada, como os que me precederam, mas vestido como um pai de familia, em gibio, para conversar familiarmente com meus fils. O que tenbo a vos dizer é que bomologuem o édito que concedi aos religiosos. O que fizé pela causa da pag Ew 4 realigei no exterior, ¢ quero realigé-la no interior do meu reino”. Apés ter apresenta- do as raz6es que o haviam levado a fazer o édito, acrescentou: “Aqueles que impedem a aprovagéo de meu édito querem a guerra. Amanhi eu a declaro aos relipiosos; mas no a fare; eu vos enviarei a ela. Figo édito; quero que seja observado, Minha vontade deveria servir de razio. Num Estado obedient, néo se pergunta qual a razio do principe. Falo-vos como rei, Quero ser obedecido” (Mémoires de Sully, in 4, p.594, tomo 1). B Casamento como convém que tm monarca fale aos seus stiditos, quando a justia esté claramente do seu lado. Por que ele nio poderia fazer 0 que faz todo homem de bem quando tem a justiga a seu favor? Quanto aos stiditos, a primeira lei que a razio, a natureza ea religiao Ihes impoem é a de respeitar por si mesmos as condigées do contrato que fizeram, de nunca perder de vista a natureza de seu governo. Na Franga, €a de nunca esquecer que, en= quanto subsistir o lado masculino da familia reinante, nada os dispensaré de obedecer, de honrar e temer seu senhor como aquele que quiseram que fosse a imagem presente ¢ visivel de Deus sobre a terra; de manter esses sentimentos pelo reconhecimento da tranquilidade e dos bens dos quais gozam ao abrigo do nome real, Se alguma vez Ihes acontecer de ter um rei injusto, ambicioso ¢ violento, que oponham a esse mal um sé remédio, que €0 de apazigué-lo pela sua submissio de interceder junto a Deus. Porque esse remédio € 0 tinico legitimo, em consequéncia do contrato de submis- sio jurado diante do principe reinante de antigamente e diante de seus descendentes masculinos, nao importa como possam ser. Que considerem que todos esses motivos que cremos ter para resistir, se bem examinados, sio apenas pretextos de infidelidade sutilmente coloridas, e que com essa conduta nunca se conseguiu corrigit os principes nem abolir os impostos, € que somente se acrescentou um novo grau de miséria ao mal do qual jé nos queixamos. is 0s fundamentos sobre os quais os povos ¢ aqueles que 0s governam poderiam estabelecer sua felicidade recfproca. (MGs) Casamento (Direito natural), Jaucourt [10, 104] © casamento é a primeira, a mais simples de todas as sociedades e € a se- menteira do género humano, Uma mulher, filhos, sio como uma garantia que o homem dé a fortuna, sio como novas relagdes ¢ lagos ternos que comegam a germinar em sua alma, Em toda parte em que hé um lugar no qual podem viver comodamente duas pessoas, ocorre um casamento, diz 0 autor de O espirito das leis. A na- tureza sempre conduz a isso, quando nio é impedida pela dificuldade de subsisténcia. O charme que os dois sexos inspiram, por sua diferenga, forma a sua unio, ea prece natural que fazem sempre um ao outro confirma os Lagos: Ob, Vinus, ob, mae do amor. Todas reconbecem twas lis! 44

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