You are on page 1of 11

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/325385551

Benefícios do Blockchain para moedas sociais digitais

Conference Paper · May 2018

CITATIONS READS
2 561

3 authors:

Denis Alves Rodrigues Fernando S. Meirelles


Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas FGV EAESP - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getuli…
9 PUBLICATIONS   23 CITATIONS    239 PUBLICATIONS   546 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Maria Alexandra Cunha


Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas
164 PUBLICATIONS   665 CITATIONS   

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Tecnologia Educacional View project

Livro Branco de Smart Cities: Transformação Digital de Cidades View project

All content following this page was uploaded by Denis Alves Rodrigues on 31 July 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Benefícios do Blockchain para
Moedas Sociais Digitais
Completed Research

Dênis Alves Rodrigues Maria Alexandra V. C. da Cunha


FGV- EAESP FGV- EAESP
denrogp@gmail.com alexandra.cunha@fgv.br
Fernando de Souza Meirelles Eduardo Henrique Diniz
FGV- EAESP FGV- EAESP
fernando.meirelles@fgv.br eduardo.diniz@fgv.br

Abstract
Some new digital infrastructures present disruptive potential, breaking paradigms and changing the way
organizations and communities organize themselves and reach their goals. Blockchain, developed to
support Bitcoin, is drawing the attention of civil society and researchers when adopted in community
currencies, as Digital Social Currency (DSC), or in other processes, such and smart contracts, generating
new IT artifacts. The present research investigates the benefits to organizations that manage DSC when
adopting this digital infrastructure. Based on multiple case studies, this study uses content analysis to
investigate the DSC phenomenon. The empirical study showed that there is a close relationship between
currency functions, DSC functionalities and Blockchain functionalities, seeking to generate security,
confidence and to enlarge scale of DSC, although there is a tendency to centralize governance of the issuing
organization.

Keywords
Blockchain, IT Artifact, Digital Infrastructure, Digital Social Currency.

Resumo
Algumas das novas infraestruturas digitais desenvolvidas têm apresentado potencial disruptivo, rompendo
com paradigmas e mudando a forma como organizações e sociedades se organizam e atingem seus
objetivos. Uma delas, o Blockchain desenvolvido para suportar a criptomoeda Bitcoin, está chamando a
atenção da sociedade civil e de pesquisadores por ser adotado em outros processos, como Moeda Social
Digital (MSD) e em contratos inteligentes, o que gera novos artefatos de TI. A presente pesquisa estuda os
benefícios que levam as organizações que administram MSD a adotarem esta infraestrutura digital, a partir
de uma metodologia de estudo de casos múltiplos, que se vale da análise de conteúdo para estudar os
respectivos sites. O estudo empírico mostrou que há uma estreita relação entre funções da moeda,
funcionalidades da MSD e as funcionalidades do Blockchain, procurando gerar segurança, confiança e
maior escala da MSD, embora haja uma tendência da centralização da governança na organização.
Palavras-chave
Blockchain, Artefato de TI, infraestrutura digital, Moeda Social Digital.

Introdução
O Blockchain, que teve seu desenvolvimento focado na criação da moeda digital Bitcoin (Nakamoto, 2008),
constitui uma das novas infraestruturas digitais baseadas na internet com potencial disruptivo. No entanto,
sua utilização estendeu-se para outras finalidades, como desenvolvimento de contratos inteligentes
(Christidis and Devetsikiotis, 2016; Kosba et al., 2016), controle de identidade, autenticação de

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 2


documentos, entre outras aplicações em empresas, governos e sociedade, em vários países (Holgate,
Furlonger and Howard, 2017). No caso desta pesquisa, o que interessa é verificar quais benefícios fazem o
Blockchain ser adotado por organizações para administrar e apoiar a circulação de suas moedas sociais
digitais (MSD). É importante estudar estas novas infraestruturas digitais, pois elas geram novos conceitos
ou classificações que se manifestam em melhorias de atividades preexistentes, tais como: e-educação e e-
governo, as quais reforçam novas formas de adoção de TIC em aspectos sociais particulares (Pozzebon,
Cunha and Coelho, 2016), impactando na sociedade (Moraes, Cappellozz and Meirelles, 2017) e, mais
especificamente, nas organizações, como nos casos dos negócios digitais (Bharadwaj et al, 2013).
A presente análise é desenvolvida pela perspectiva da organização, para compreender os benefícios trazidos
pela adoção do Blockchain para administrar MSD, uma vez que ela é um fato institucional (Searle, 2005
apud Gómez and Dini, 2016), que possui valor e relevância a partir dos objetivos da organização que a cria
e a administra, e não valor em si. Assim, é realizada uma análise transversal entre as funções da moeda, os
objetivos da moeda social digital e a infraestrutura digital de três organizações que administram MSD
(SolarCoin, Plastic Bank e Monedapar) desenvolvidas com Blockchain. Os resultados do estudo mostram
os benefícios que levam algumas organizações à adoção desta nova infraestrutura digital, encontrando uma
relação clara entre as características do Blockchain e as necessidades e objetivos das MSD estudadas, no
entanto, são feitas adaptações, esta compreensão contribui para a expansão da teoria da área, ao explicar o
surgimento de um novo artefato de TI com relevante impacto organizacional e social.

Blockchain: novo artefato de TI


O Blockchain pode ser entendido como um artefato de TI (Hawlitschek, Notheisen and Teubner, 2018), ou
seja, é algo que possui uma existência material, como um objeto artificialmente produzido (Gregor and
Hevner, 2013), sendo, também, uma instância de um sistema (Müller and Thoring, 2011). Descritivamente,
trata-se de um sistema em rede, digital e descentralizado onde os usuários participam e colaboram para sua
segurança, transparência e accountability (Yermack, 2017; Christidis and Devetsikiotis, 2016; Diniz,
Siqueira and Heck, 2016). Com isto, são gerados trust-free systems, ou seja, procura-se criar
automaticamente um registro imutável, consensualmente acordado, que disponibiliza as transações
anteriores, governadas por todo o sistema, visando mitigar problemas de confiança em sistemas ponto-a-
ponto (P2P) (Hawlitschek, Notheisen and Teubner, 2018). Como exemplo destes problemas (P2P) tem-se
o double-spending (Nakamoto, 2008; Lee, 2016; Christidis and Devetsikiotis, 2016), ou seja, o artefato de
TI procura garantir que uma mesma moeda digital não seja usada em duas transações diferentes pelo
mesmo usuário. Para tanto, o Blockchain foi desenvolvido originalmente com as seguintes funcionalidades:
timestamp, cryptocurrency, public ledger, proof-of-work, mining, peer-to-peer network (Nakamoto,
2008; Lee, 2016; Christidis and Devetsikiotis, 2016; Glaser, 2017).
No artigo seminal, Nakamoto (2008) cunha o termo timestamp, que se refere à verificação e validação da
autenticidade de cada transação, garantindo o seu lastro. As informações de transações anteriores são
armazenadas por meio de um hash (sequência de caracteres que representam algo, no caso os dados das
transações da moeda), cujos registros são agrupados e marcados (timestamp) (Christidis and Devetsikiotis,
2016). Além disto, o hash é criptografado, gerando a criptomoeda (cryptocurrency) (Glaser, 2017), que
garante maior segurança à moeda digital (Nakamoto, 2008; Glaser, 2017), diminuindo as chances de
repúdio, pelos usuários da rede, às transações (Christidis and Devetsikiotis, 2016). Por outro lado, isto
permite o armazenamento digital de todas as transações de forma encadeada (blocos), gerando o chamado
ledger, public ledger (Glaser, 2017; Scott, 2016; Atzori, 2015) ou distributed ledger (Christidis and
Devetsikiotis, 2016), que é a replicação digital da base de dados do livro-razão (hash do histórico de
transações) entre os integrantes da rede. Entre as motivações para o public ledger tem-se a segurança e,
consequentemente, a confiança na rede, inclusive por permitir a auditoria deste histórico de transações
(accountability), ou seja, a confrontação das novas transações com o histórico de transações (Nakamoto,
2008). Assim, é possível verificar o lastro, o que também é feito automaticamente por meio do proof-of-
work, que é o estudo computacional de um enigma matemático digital, complexo, para provar que uma
transação com a criptomoeda é legítima (Nakamoto, 2008; Lee, 2016; Jansen, 2013). Este processo é feito
pelos miner (minerador de criptomoeda), usuários da rede via processamento computacional, que auxiliam
na validação das transações. O usuário (minerador) que resolve o enigma matemático recebe criptomoeda
(processo chamado de mining). Esta funcionalidade contribui para que os participantes da rede colaborem
para a sua segurança, ao mesmo tempo em que a rede cria uma forma de geração de moedas e de consenso
digital sobre as transações (Christidis and Devetsikiotis, 2016; Nakamoto, 2008). Isto evita alterações
fraudulentas na rede (Yermack, 2017) e gera a confiança descentralizada ou a confiança-pela-computação

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 3


(Atzori, 2015; Hawlitschek, Notheisen and Teubner, 2018). Estas funcionalidades constroem um sistema
de moeda digital em uma rede P2P (Yermack, 2017; Nakamoto, 2008). Entre as vantagens potenciais
propostas para a adoção de Blockchain têm-se a diminuição do custo de transação (Lee, 2016; Diniz,
Siqueira and Heck, 2016; Yermack, 2017) e a integridade dos dados (transações), que é reforçada pela
replicação das informações nos nós da rede e pela criptografia, transparência e possibilidade de auditoria
(Yermack, 2017; Christidis and Devetsikiotis, 2016; Diniz, Siqueira and Heck, 2016).

Moeda social digital e Moeda


As moedas sociais, enquanto instrumento socioeconômico, surgem motivadas por cenários de crises na
economia global, ao mesmo tempo em que ocorre uma revisão dos papéis das comunidades tradicionais
(Schroeder, Miyazaki and Fare, 2011; Diniz, Siqueira and Heck, 2016), como sua importância e formas de
colaboração. Pode-se atribuir também seu aparecimento ao fato de os sistemas financeiros oficiais vigentes
nos países serem incompletos (Schroeder, Miyazaki and Fare, 2011; Gómez and Dini, 2016), não atendendo
a todas as necessidades da sociedade. Neste contexto, a criação e adoção de moedas sociais podem visar
mudanças de comportamento em uma comunidade, ou seja, elas seriam adquiridas através de atitudes ou
ações realizadas pelos atores da comunidade, sendo intensamente utilizadas com objetivos de reforçar
comportamentos sustentáveis (Joachain and Klopfert, 2012; 2014; Seyfang and Longhurst, 2013). Outra
importante característica delas é que sua estrutura pode gerar uma relação entre os participantes de
desenvolvimento recíproco, propiciando o surgimento dos prosumers, que são atores que podem se alternar
como produtores e consumidores de bens e serviços em uma rede ou comunidade (Schroeder, Miyazaki and
Fare, 2011). Todavia, para compreender melhor os impactos e as características de uma moeda social é
necessário analisá-la sob duas lentes: econômica e moeda social. As teorias econômicas contribuem por
explicar que elas são usadas para facilitar transações (Schumpeter, 1954) e por trazer o conceito de circuito
monetário que, de acordo com Searle (2005, apud Gómez and Dini, 2016), propõe que o dinheiro seja criado
por atores em uma relação de crédito e débito, e outros agentes se juntam construindo um circuito
monetário, aceitando-o, por ser ele um fato institucional. Outro ponto relevante relaciona-se às
características da moeda: unidade de conta, meio de troca ou meios de pagamento e reserva de valor
(Schumpeter, 1954; Gómez and Dini, 2016; Blanc, 2017), ou seja, uma dada moeda deve ser uma forma de
mensurar bens e serviços, mostrando quanto eles custam em determinada moeda, a forma de troca, como
efetuar o pagamento e, por fim, como a moeda pode ser armazenada, por exemplo, em uma conta digital.
As MSD podem ser utilizadas para diversas finalidades e, consequentemente, diferentes infraestruturas
(papel, internet, Blockchain, entre outras) podem ser adotadas e contribuir para o alcance de seus objetivos
ou apoiar a sua circulação e administração. Especificamente, a relevância da infraestrutura digital para as
MSD pode ser verificada em questões como governança, accountability e transparência (Gómez and Dini,
2016), bem como colaborar para resolver alguns problemas, como: segurança de armazenamento,
administração, fraude, falsificação e administração da sua circulação (Diniz, Siqueira and Heck, 2016).
Todavia, a adoção de diferentes tecnologias digitais para as moedas sociais pode resultar em modelos
diferentes em termos de arquitetura, tipos de transações suportadas, modelos de governança e virtualidade
(real ou digital) (Diniz, Siqueira and Heck, 2016). Além disto, dependendo da infraestrutura utilizada, como
a baseada na internet, uma determinada moeda social pode circular em nível nacional ou internacional,
portanto, “...community currencies are not always associated with a local community or a region”,
entendendo-se, de forma mais ampla, que “...the balance between giving and taking among its
participants creates a community.” (Schroeder, Miyazaki and Fare, 2011). Para fins deste trabalho, as MSD
são aquelas moedas criadas e usadas como uma ferramenta para combater exclusão social e promover a
inclusão, por meio do incentivo ao desenvolvimento (Blanc, 2011), ou moedas utilizadas para um fim social
mais específico e identificável, sustentável (Joachain and Klopfert, 2014), por exemplo. Ressalte-se que,
para sua circulação e administração, é necessária a adoção de uma infraestrutura digital (Diniz, Siqueira
and Heck, 2016). Finalmente, a MSD não pode ser a moeda oficial do respectivo Estado.

Framework para o estudo de campo


Para orientar a pesquisa de campo foram desenvolvidas duas camadas de análise: Moeda Social e
Infraestrutura Digital. Este tipo de análise interdisciplinar é necessária em situações que comungam
Blockchain e outras áreas, dentro do campo de IS (Hawlitschek, Notheisen and Teubner, 2018), o que leva
à divisão do fenômeno em camadas (ou níveis de análise), que é particularmente interessante para este
estudo, que procura compreender a correlação entre as camadas propostas, pelo enquadramento (visão) da

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 4


organização. A camada Moeda Social reúne as perspectivas moeda, motivação para participar e operação,
conforme Quadro 1.
Autores
Perspectiva Lentes

Economia Schumpeter (1954); Gómez and Dini (2016); Blanc (2017).


Moeda
Schroeder, Miyazaki and Fare, (2011); Joachain and Klopfert (2012;
Moeda Social 2014); Martignoni (2012); Blanc (2017).

Motivação Schroeder, Miyazaki and Fare, (2011); Joachain and Klopfert (2012;
Moeda Social 2014); Martignoni (2012); Della and Torre (2015); Blanc (2017).
para participar
Schroeder, Miyazaki and Fare (2011); Joachain and Klopfert (2012;
Operação Moeda Social 2014); Martignoni (2012).
Quadro 1: Camada Moeda Social
Na perspectiva “Moeda” são consideradas as funções da moeda, as escolhas realizadas em relação a emissão,
valores e circuito da moeda. Na “Motivação para participar” leva-se em conta a identificação da
racionalidade utilizada para que as pessoas participem da comunidade, para obter a moeda social e usá-la.
Quanto à perspectiva “Operação”, a preocupação principal é compreender como as regras criadas na
motivação (item anterior) tornam-se regras externas para os usuários. Para a camada analítica
Infraestrutura digital (Quadro 2), tem-se as perspectivas da arquitetura, tipo de governança, tipo de
transação, virtualidade e ligação de valor.
Autores
Perspectiva Lentes
Moeda Social Digital; Diniz, Siqueira and Heck (2016); Christidis and
Arquitetura
Devetsikiotis (2016).
Infraestrutura digital.
Tipo de Moeda Social Digital; Diniz, Siqueira and Heck (2016); Christidis and
governança Devetsikiotis (2016); Glaser (2017).
Infraestrutura digital.
Tipo de Moeda Social Digital; Diniz, Siqueira and Heck (2016); Christidis and
transação Devetsikiotis (2016); Glaser (2017).
Infraestrutura digital.
Moeda Social Digital; Diniz, Siqueira and Heck (2016); Jansen (2013); Glaser
Virtualidade
(2017).
Infraestrutura digital.
Ligação de Glaser (2017).
Infraestrutura digital.
valor
Quadro 2: Camada Infraestrutura Digital
A perspectiva “Arquitetura” considera a infraestrutura digital e as tecnologias envolvidas para o uso e “Tipo
de governança” analisa se ela é centralizada ou distribuída e quais suas caraterísticas. Na perspectiva “Tipo
de transação”, analisam-se os atores envolvidos e a forma que a moeda social digital circula. Já na
“Virtualidade”, considera-se a necessidade ou não de integração com outros sistemas. Por fim, a perspectiva
de “Ligação de valor” analisa como a moeda passa a ter valor para os atores envolvidos.

Metodologia
A pergunta de pesquisa é: quais são os benefícios trazidos pelo Blockchain que levam organizações a adotá-
lo para suportar as suas MSD, em termos de administração e circulação? Para respondê-la adota-se uma
estratégia qualitativa, a partir de estudo de casos múltiplos (Eisenhardt, 1989; Yin, 1994), por este ter se
mostrado o método mais adequado, dados o tipo de pergunta, a complexidade, o fato de ser contemporâneo,
além da necessidade de um entendimento de uma relação complexa entre organizações, tecnologias e
pessoas (Dubé and Paré, 2003). A escolha dos casos foi realizada considerando que as organizações
deveriam utilizar MSD que possuem uma infraestrutura digital baseada em Blockchain, e que, além disto,
consigam fornecer dados em seus sites e tenham uma utilização significativa da MSD. Foram escolhidos
três casos, número suficiente para garantir maior validade interna e externa e permitir um aprofundamento
nas análises: SolarCoin (SolarCoin Foundation, 2017), Plastic Bank (Plastic Bank, 2017) e Monedapar

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 5


(Monedapar, 2017). SolarCoin é uma MSD com foco em sustentabilidade ambiental e abrangência global.
Plasticbank possui foco em sustentabilidade ambiental e econômica, e circula no Haiti (regional).
Monedapar é uma MSD com foco socioeconômico e abrangência nacional (Argentina). Como a pesquisa
baseia-se em dados secundários, foi necessário que todas possuíssem sites com grande quantidade de
informações a respeito de seu funcionamento e objetivos, os quais foram estudados utilizando análise de
conteúdo, dado o enfoque nas características da linguagem como comunicação, com atenção ao conteúdo
ou significado contextual do texto, cuja forma pode ser verbal, impressa, digital, entrevista, entre outras
(Hsieh and Shannon, 2005). Mais especificamente, foi usado o directed content analysis, ou seja, a análise
é baseada na teoria (Hsieh and Shannon, 2005). No caso desta pesquisa, a análise apoia-se nas camadas da
seção anterior, definindo um roteiro para a investigação. Os dados investigados vieram dos sites das
organizações responsáveis pelas MSD e de documentos web sobre o tema. Este tipo de abordagem já se
mostrou útil e adequado, tendo sido utilizado em outras pesquisas (Eschenfelder et al., 1997; Karkin and
Janssen, 2014; Matheus et al., 2016). Os dados foram coletados, analisados e reanalisados entre abril e
dezembro de 2017. Trechos relevantes também foram extraídos e correlacionados com os frameworks
propostos. Quanto aos tipos de dados encontrados, destacam-se textos, documentos, FAQs, mapas,
apresentações, reportagens (entrevistas com atores da rede), vídeos, além de informações postadas no
Facebook. A análise do conteúdo dos textos permitiu o surgimento das relações e padrões através dos casos,
explicando os benefícios da adoção de Blockchain por organizações que administram MSD.
Procura-se garantir um bom grau de transparência e accountability nesta pesquisa, uma vez que os dados
coletados estão acessíveis na internet, podendo ser validados por outros pesquisadores, utilizando-se das
ferramentas e formas metodológicas aqui descritas. Por fim, foram escolhidos casos que possuíssem
diferenças entre si, permitindo o confronto e comparação de achados entre eles, o que, somado aos
frameworks de lentes diferentes, garantiu a validade externa e confiabilidade dos achados, gerando um
bom design de pesquisa (Dubé and Paré, 2003) e diminuindo a possibilidade de viés.

Análise comparativa dos casos


Aplicando a metodologia descrita anteriormente, emergiram do campo informações que permitem
identificar, nos três casos estudados, as funções de uma moeda (Schumpeter, 1954; Gómez and Dini, 2016),
servindo ao mesmo tempo como unidade de conta, meio de troca ou meios de pagamento e reserva de valor.
As motivações para utilizarem a moeda social digital (MSD), embora distintas, envolviam dois temas
principais: sustentabilidade ambiental e socioeconômica. Em relação a perspectiva Operação, que trata da
materialização da motivação, encontraram-se diferenças entre os casos. Em relação ao SolarCoin
(SolarCoin Foundation, 2017), a MSD é fornecida a partir da comprovação de geração de energia elétrica
oriunda de energia solar, e pessoas de todos os países podem participar; a moeda pode ser trocada em lojas
que se vinculam à rede e é distribuída por vários países; além disto, ela utiliza a funcionalidade mineração
e propõe um limite de emissão de moeda. No caso do Plastic bank (2017), ocorre uma “troca” de plásticos
recolhidos dos oceanos (Haiti) por MSD; sendo trocadas pela própria organização por outros produtos (ex:
água, comida, créditos de celular, entre outros). A Monedapar (Monedapar, 2017) é gerada em quantidade
de acordo com o que é definido pelos participantes da rede; todavia, é trocada por produtos ou serviços
prestados pelos usuários, podendo ser cidadãos (prosumer) ou empresas e lojas. O Quadro 3 mostra as
informações extraídas a partir da aplicação da análise de conteúdo nas fontes investigadas.
Camada Moeda Social
Perspectiva Solarcoin Plastic Bank Monedapar

Possui características de Possui características de Possui características de


Moeda moeda; internacional; e moeda; nacional; e circuito moeda; nacional; e circuito
circuito fechado. fechado. fechado.

Objetivos sustentabilidade
Objetivo sustentabilidade ambiental e
Objetivos socioeconômicos;
Motivação ambiental; pode-se trocar a socioeconômicos; troca
escassez de moedas oficiais
para MSD por produtos em lojas plástico por MSD e por
incentiva a adesão à MSD;
participar da rede; reforçam segurança produtos nas lojas da rede;
reforçam segurança da rede.
da rede. reforçam a segurança da
rede.

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 6


As pessoas ou empresas
Ganha-se MSD através da
entram na rede
geração de energia elétrica a
A partir do peso do "comprando" a MSD ou
partir da energia solar; §1
plástico retirado dos oferecendo produtos ou
SolarCoin representa 1
oceanos e rios ganha-se serviços; é criado um crédito
Operação MWh de geração de energia
MSD, as quais podem ser mútuo, de acordo com os
solar; parte da MSD (0,1%)
trocadas por produtos da atores da rede; o valor de
é posta na rede através da
própria organização. crédito cedido é acordado
mineração; limite de
pela rede; paridade com a
emissão em §98.34 bilhões.
moeda oficial Argentina.
Quadro 3: Identificação das perspectivas da Moeda Social nos casos estudados

Quanto a camada Infraestrutura digital, a perspectiva Arquitetura permitiu identificar grandes


similaridades entre os casos, pois todos utilizam, além do Blockchain, a internet, aplicativo (app) e geram
uma carteira digital para cada usuário. Nos casos SolarCoin e Plastic bank, a governança da MSD é
centralizada na organização que a desenvolveu e, para a Monedapar, existe uma abertura, uma governança
parcialmente compartilhada, realizada pelos atores da rede (Monedapar, 2017), por exemplo, verificando
quanto da moeda será posto em circulação. Em todos os casos, a forma de governança procura trazer
transparência, confiança, accountability, utilizando as funcionalidades do Blockchain. Outra consideração
importante é que as MSD possuem tipos de transações diferentes e novas, como a utilização da mineração
para auxiliar no trabalho de proof-of-work, sendo que uma parte das moedas geradas podem ser destinadas
a este fim (SolarCoin Foundation, 2017). Para a perspectiva Virtualidade, verifica-se que as MSD variam
de um formato que exige pouca participação física, como no caso da internacional SolarCoin cujos créditos
(moedas) são concedidos através do aplicativo e internet, mas exigem a ida até um local físico para trocá-
los por produtos (lojas credenciadas da rede). Para o Plastic Bank, os atores precisam coletar os plásticos e
se dirigirem a um posto da organização para a pesagem do material e troca por produtos. A MSD
Monedapar permite a entrada na rede de forma virtual, mas as prestações de serviços e trocas por produto
ou serviços tendem a ser presenciais (Monedapar, 2017). No Valor da ligação, percebe-se que os fatores de
segurança, confiança, accountability, virtualidade e auditoria que a infraestrutura possibilita são
reforçados pelas organizações como importantes (SolarCoin Foundation, 2017; Monedapar, 2017; Plastic
Bank, 2017) e se coadunam com os valores que as MSD propõem. O Quadro 4 resume as informações
extraídas do campo relativas a infraestrutura digital.

Camada Infraestrutura Digital


Perspectiva Solarcoin Plastic banck Monedapar
Blockchain; internet; Blockchain; internet; Blockchain; internet;
Arquitetura aplicativo (app); carteira aplicativo (app); carteira aplicativo (app); carteira
digital. digital. digital.
Governança é parcialmente
Governança da MSD é
distribuída, pois, tem-se
Governança da MSD é centralizada na
alguma governança pela
centralizada na organização. A tecnologia
comunidade. A tecnologia
organização. A tecnologia utilizada procura
Tipo de utilizada procura aumentar a
utilizada procura aumentar a transparência,
governança transparência, confiança,
aumentar a transparência, confiança, accountability
accountability e participação.
confiança, accountability e e participação. Também é
Atores envolvidos em uma
participação. vista como uma forma de
transação possuem
expandir suas atividades.
autonomia.

A MSD circula em sentido A MSD circula em um A MSD, a partir de definições


Tipos de único, pois a emissão se dá sentido único, pois, após da própria rede; as transações
transações para as pessoas que ser emitida pela podem fluir em vários
utilizam energia solar e organização, os atores da sentidos e direções (multi-

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 7


mineradores, estes trocam rede podem trocar por sided); há a possibilidade de
a MSD por produtos nas produtos nas lojas da se ficar com saldo devedor.
lojas; mineração é um própria organização que
novo tipo de transação. as emitiu.
Durante o processo há Durante o processo há
Durante o processo há
Virtualidade momentos virtuais e momentos virtuais e
momentos virtuais e físicos.
físicos. físicos.
Há incentivo para o uso da Há incentivo para o uso
Há incentivo para o uso da
MSD com base em sua da MSD com base na
MSD com base na confiança e
confiança e segurança na confiança e segurança na
segurança na emissão, gestão
emissão, gestão e emissão, gestão do
e do circuito, reforçados pela
Valor da accountability, o que é circuito e accountability.
tecnologia adotada
ligação reforçado pela tecnologia Há geração de valor para
(Blockchain). Há intenção de
adotada (Blockchain), as pessoas que participam
contribuição para o
adicionado pelo valor da da rede (sustentabilidade
desenvolvimento
sustentabilidade por trás ambiental e
socioeconômico do país.
da MSD. socioeconômico).
Quadro 4: Identificação das perspectivas da Infraestrutura digital nos casos estudados

Discussão dos casos


Realizando a análise matricial entre os frameworks e casos estudados, verifica-se que todas as MSD
utilizam a tecnologia Blockchain e possuem uma organização que as emitem e as gerenciam, e que, em
todos os casos, a tecnologia funciona pela internet e através de aplicativo (app) de smartphone
(Monedapar, 2017; SolarCoin Foundation, 2017; Plastic Bank, 2017), o que é uma vantagem, pois “La
billetera se descarga al celular y funciona como un banco en el bolsillo.” (Monedapar, 2017), ou seja, o
Blockchain se une a outras tecnologias já existentes, colaborando para que a circulação da MSD não se
limite a uma comunidade local, ele suporta todo circuito e funcionalidades destas MSD, sem a necessidade
de ator intermediário, como os Bancos (Nakamoto, 2008; Glaser, 2017). De maneira geral, encontra-se um
modelo multi-sided (Diniz, Siqueira and Heck, 2016) de transações, embora com características distintas e
mais evidenciados em alguns casos, principalmente na SolarCoin, com um novo tipo de transação, a
mineração (Nakamoto, 2008; Christidis and Devetsikiotis, 2016), esta que ao mesmo tempo contribui para
a geração de MSD na rede enquanto, paralelamente, colabora para a sua segurança. Percebe-se que a adoção
do Blockchain é feita por entenderem que traz mais segurança ao processo, evitando fraudes através das
características de criptografia, proof-of-work e encadeamento dos blocos de informações das transações
(Glaser, 2017; Christidis and Devetsikiotis, 2016), e, também, maior transparência, ao permitir auditoria
(public ledger), e accountability. Estas questões são reforçadas nos textos das organizações, como em “the
transactions are also publicly visible in the SolarCoin Blockchain." (SolarCoin Foundation, 2017) ou "with
Blockchain, we saw how to prevent much of the danger and mistrust involved in using a cash-based
system" (Plastic Bank, 2017). Interessante perceber que a tecnologia permite o funcionamento híbrido
entre transações virtuais seguidas ou após atividades presenciais (coletas de plástico, por exemplo), o que
permite ser adotada também em comunidades (MSD) com objetivos ambientais ou sociais. A geração de
valor utilizando a tecnologia Blockchain procura potencializar o poder das MSD (quantidade de pessoas na
rede, circuito, valores e objetivos), aumentando o seu alcance e procurando atingir mais atores, reforçado
pelo dizeres como "the mobile-based Blockchain app that manages payments, stores credit and validates
impact claims greatly enhances the possibility to scale the Plastic Bank into new markets" (Plastic Bank,
2017), pois, embora outras tecnologias como a internet, de forma isolada, possa permitir a ampliação
(escala) da rede ou comunidade, fatores relacionados à segurança e confiança na rede são muito
importantes, justificando o valor agregado pelo Blockchain, que também emerge como uma ferramenta de
“marketing” das organizações que administram MSD, pois, conforme trechos citados, valores que são dados
ao artefato procuram ser transplantados para a organização e para a comunidade da MSD. O Quadro 5
sintetiza os achados da pesquisa.

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 8


Moeda Social Infraestrutura Digital
●Aplicativo (app);
Arquitetura
●Funções da moeda; ●Internet.
●Digital;
Moeda ●Emissão da moeda; Tipo de ●Centralizada (Organização);
●Circuito fechado da governança ●Intermediária (Organização e rede).
moeda.
Tipo de ●Multi-sided (B2B, B2C, C2C, C2B e Prosumer);
●Objetivos de transação ●Mineração.
sustentabilidade
ambiental ou ●Circuito fechado;
Virtualidade
socioeconômico; ●Virtual.
Motivação
●Integração de
para
diferentes atores, de ●Confiança;
participar
diferentes regiões e ●Segurança;
e
países; Valor da ●Incluir múltiplos atores;
operação
●Segurança; ligação ●Accountability;
●Confiança; ●Internacional, nacional ou regional
●Auditoria; ●Gera valor para os que participam da rede.
●Accountability.
Quadro 5: Achados da pesquisa
É possível compreender os benefícios trazidos pelo Blockchain que fazem com que organizações o adote, de
forma adaptada, para suportar as suas atividades com MSD, embora relacionada com outras tecnologias
(internet e aplicativos de smartphone, por exemplo). Especificamente no caso da governança, embora ela
possa ser administrada de forma tecnológica e distribuída pela rede, as organizações ainda a centralizam
(total ou parcialmente). As motivações para utilização da MSD, bem como o modo de sua operação, são
suportadas de maneira adequada pela ferramenta tecnológica adotada, pois ela apresenta grau de
flexibilidade, variando em relação ao modelo inicial do Blockchain. Ao mesmo tempo, permite a escolha de
diferentes formas de realizar emissão ou entrega da moeda ao usuário participante da rede, aumentando a
escalabilidade, ao mesmo temo que mantém segurança e auditoria do processo (public ledger) - confiança,
e escolhendo a forma de motivar a participação que esteja alinhada a seus objetivos organizacionais.
A pesquisa contribui para a expansão da teoria sobre a relação de artefatos de TI e organizações, e para a
área de ICT4D (Tecnologia da Informação e Comunicação para Desenvolvimento) ao identificar como um
novo artefato de TI está sendo utilizado em organizações com fins sociais ou sustentáveis e de formas
diferentes do original, ou seja, ele sofre adaptações para se adequar às necessidades das organizações. Dito
de outro modo, aproveitam o que entendem ser importante (questões relacionadas à segurança,
transparência e accountability) e adequam o que entendem ser desnecessário ou o que não está alinhado
aos seus objetivos e interesses. Para este caso, o principal exemplo é referente à governança da MSD que,
diferentemente do artefato inicial (Bitcoin), costuma ser centralizada (ainda que não totalmente) na
organização com fins sociais que a administra, mantendo maior controle sobre a rede; outro exemplo é a
mineração, que foi utilizada em apenas em uma das MSD.

Considerações finais
O debate sobre novas infraestruturas digitais e como impactam a sociedade por meio de organizações que
emitem moedas sociais digitais (MSD) é relevante. Este trabalho estudou os benefícios que levam à adoção
de Blockchain entre organizações que operam MSD. Após a revisão de literatura, com base em uma
proposta dedutiva, foi desenvolvido um framework para apoiar a análise de conteúdo, com o qual foi
realizado o estudo de três casos de MSD: SolarCoin, Plastic Bank e Monedapar. O estudo do fenômeno
ocorreu a partir da perspectiva da organização que utiliza de forma adaptada um novo artefato para
suportar sua MSD, adequando-a a seus valores e objetivos, além de usá-lo para agregar valor à rede. A
análise permitiu identificar uma evidente ligação entre as características do Blockchain e as da MSD,
embora haja especificidades nos casos (adaptações). Existem pontos comuns e diferenças entre eles, o que
também evidencia a questão da adaptação do artefato às necessidades, valores e objetivos da organização.
Verificou-se também que, embora as MSD tenham uma governança centralizada nas organizações que as

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 9


operam, o fato de ser virtual procura reforçar o sentimento de pertencimento à rede criada e seu
fortalecimento, e espera-se maior adesão (aumento da escala). Além disto, considerando a tensão que
existe, quanto ao uso de Blockchain, sobre a compreensão da confiança (Hawlitschek, Notheisen and
Teubner, 2018), a pesquisa mostrou que as organizações procuram se apropriar dos valores promulgados
pelo artefato, mas muitas se mantêm como intermediárias nas relações com a moeda, dentro da rede que
ela cria e administra.
Os achados desta pesquisa permitem avançar no conhecimento sobre adoções de artefatos digitais e suas
aplicações em organizações com impactos sociais, especificamente quanto ao Blockchain, além de
contribuir para a área de ICT4D (Tecnologia da Informação e Comunicação para Desenvolvimento). No
entanto, são necessárias outras investigações que se aprofundem especificamente na melhor compreensão
desta relação de governança e escala no uso deste artefato TI em MSD. Assim, uma limitação da pesquisa
deve ser considerada: o fato de terem sido usados dados secundários, o que se justifica pela pluralidade de
organizações, países envolvidos e o recente uso da infraestrutura digital estudada. Além disto, estes
fenômenos são recentes, o que não permite efetuar um estudo longitudinal. Futuramente será possível
aprofundar mais o tema e avaliar melhor se os benefícios na adoção da tecnologia pelas organizações
redundaram em resultados efetivos ou impactos relevantes para as organizações e para a sociedade.

Referências
Atzori, M. 2015. Blockchain Technology and Decentralized Governance: Is the State Still Necessary?
Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2709713 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2709713.
Bharadwaj, A.; Sawy O. A. EL; Pavlou, P. A. and N. Venkatraman. 2013. Digital business strategy: toward
a next generation of insights. MIS Quarterly Vol. 37 No. 2, pp. 471-482/June.
Blanc, J. 2011. Classifying" CCs": Community, complementary and local currencies' types and generations.
International Journal of Community Currency Research p.4-10.
Blanc, J. 2017. Making sense of the plurality of money: a polanyian attempt. SASE 29th Annual Meeting
(Society for the Advancement of Socio-Economics), Jun 2017, Lyon, France. <halshs-01555623>.
Christidis, K. and M. Devetsikiotis. 2016. Blockchains and Smart Contracts for the Internet of Things.
Special section on the plethora of research in internet of things (IoT). IEEE Access.
Della, P. M. and D. Torre. 2015. Virtual social currencies for unemployed people: social networks and job
market access’. International Journal of Community Currency Research 19 (D), pp. 31‐41.
Diniz, E., Siqueira, E., and Heck, E. 2016. Taxonomy for Understanding Digital Community Currencies:
Digital Payment Platforms and Virtual Community Feelings. GlobDev 2016. Paper 10.
Dubé, L. and Paré, G. 2003. Rigor in information systems positivist case research: current practices,
trends, and recommendations. MIS Quarterly. Vol. 27 No. 4, pp. 597-635.
Eisenhardt, K. M. 1989. Building Theories from Case Study Research. The Academy of Management
Review Vol. 14, No. 4 (Oct., 1989), pp. 532-550.
Eschenfelder, K., Baechboard, J., Mcclure, C., and Wyman, S. 1997. Assessing U.S. federal government
websites. Government Information Quarterly, v. 14, n.2.
Fare, M., Freitas, C., and Meyer, C. 2015. Territorial development and community currencies: symbolic
meanings in brazilian community development banks. International Journal of Community Currency
Research. Volume 19. Section D 6-17.
Glaser, F. 2017. Pervasive Decentralisation of Digital Infrastructures: A Framework for Blockchain
enabled System and Use Case Analysis. Proceedings of the 50th Hawaii International Conference on
System Sciences - HICSS.
Gómez, G. M. and Dini, P. 2016. Making sense of a crank case: monetary diversity in Argentina (1999–
2003). Cambridge Journal of Economics, 40, 1421–143.
Gregor, S., and Hevner, A. R. 2013. Positioning and presenting design science Research for maximum
impact. MIS Quarterly Vol. 37 No. 2, pp. 337-355/June.
Hawlitschek, F., Notheisen, B., and Teubner, T. 2018. The limits of trust-free systems: A literature review
on blockchain technology and trust in the sharing economy, Electronic Commerce Research and
Applications. Volume 29, May–June, pp. 50-63
Holgate R., D. Furlonger and R. Howard. 2017. Toolkit: Government Use Cases for Blockchain. GARTNER.
International Journal of Community Currency Research (IJCCR). Disponível em: https://ijccr.net/.
Acessado em 03 de jun. 2017.
Hsieh, H. F., and Shannon, S. E. 2005. Three approaches to qualitative content analysis. Qualitative
health research, 15(9), pp. 1277-1288.

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 10


Jansen, M. 2013. Bitcoin: The Political ‘Virtual’ of an Intangible Material Currency. International Journal
of Community Currency Research 17 (A), pp. 8-18.
Joachain, H. and F. Klopfert. 2012. Emerging trend of complementary currencies systems as policy
instruments for environmental purposes: changes ahead? International Journal Of Community
Currency Research, Volume 16 (D), pp. 156-168.
Joachain, H. and F. Klopfert. 2014. Smarter than metering? Coupling smart meters and complementary
currencies to reinforce the motivation of households for energy savings. Ecological Economic, 105,
pp. 89–96.
Karkin, N. and Janssen M. 2014. Evaluating websites from a public value perspective: A review of Turkish
local government websites. International Journal of Information Management, v.34, n.5, June.
Kosba, A., Miller, A., Shi, E., Wen, Z., Papamanthou, P. 2016. Hawk: The Blockchain Model of
Cryptography and Privacy-Preserving Smart Contracts. IEEE Symposium on Security and Privacy.
Lee L. 2016. New Kids on the Blockchain: How Bitcoin’s Technology Could Reinvent the Stock Market.
Hastings business law journal, Volume 12, Issue 2.
Martignoni, J. 2012. A new approach to a typology of complementary currencies. International Journal
of Community Currency Research 16 (A), 1-17.
Matheus, R., Rodrigues, D. A., Vaz, J. C., and Jayo, M. 2016. Analysis of the openness level of governmental
data about the brazilian motor vehicle traffic. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação. V. 15, n
2, p. 1-19.
Monedapar. 2017. Disponível em: http://www.monedapar.com/. Acesso entre abril/2017 e outubro/2017.
Moraes, G. H. S. M., A. Cappellozz and F. Meirelles. (2017). Information technology and social movements:
a study in the free pass movement. Gestão and Regionalidade - Vol. 33 - Nº 97 - jan-abr/2017.
Müller, R. M. and Thoring, K. 2011. Understanding Artifact Knowledge in Design Science: Prototypes and
Products as Knowledge Repositories. AMCIS 2011 Proceedings - All Submissions. Paper 216.
Nakamoto, S. 2008. Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System. Disponível em:
https://bitcoin.org/en/bitcoin-paper. Acessado em: maio/2017.
Plastic Bank 2017. Disponível em: https://plasticbank.org/. Acessado de abril/2017 a outubro/2017.
Pozzebon, M., Cunha, M. A., and Coelho, T. R. 2016. Making Sense to Decreasing Citizen eParticipation
through a Social Representation Lens. Information and Organization. v. 26, p. 84-99.
Schroeder, R., Y. Miyazaki and M. Fare. 2011. Community Currency Research: An analysis of the
literature. International Journal of Community Currency Research 15 (A), pp. 31‐41.
Schumpeter, J. A. 1954. History of economic analysis. Routledge. Great Britain.
Scott, B. 2016. How Can Cryptocurrency and Blockchain Technology Play a Role in Building Social and
Solidarity Finance? UNRISD Working Papers.
Seyfang G. and N. Longhurst. 2013. Growing green money? Mapping community currencies for
sustainable development. Ecological Economics, vol. 86, p. 65–77.
SolarCoin Foundation. 2017. Disponível em: https://SolarCoin.org. Acessado de abril/2017 a
outubro/2017.
Yermack, D. 2017. Corporate Governance and Blockchains. Review of Finance, Volume 21, Issue 1, pp. 7–
31.
Yin, R. K. 1994. Case study research: design and methods. New York: Sage. 1994.

Twenty-fourth Americas Conference on Information Systems, New Orleans, 2018 11

View publication stats

You might also like