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Jyepuasoy Auaz BQIIOD 0JLGOT 019g 0y1 salOpDz|UDBiO (€) O1NDAS WN ‘TWUNLING VIsVYD0ad UNTERSID ADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Rei Nileéa Freire uns Celso Pereira ie Sa raven ; Few (21) edher} er be conden te Besa rama Fria Projo Gri Roberto Labata Cortés, Zeny Rosendall = Rk net - ny fe Geopral Ison 278 1. Geogratia humana, 1. Correa, Rover Lataio. It Rosendahl, Zeng. Il, Série cou vi © 200207 BAUER . Unicisidade do Extade do Ric de Janeiro. E profi Sumari A GEOGRAFIA. CULTURAL. FRANGESA: Roberto Lobato Cord | Zany Rowendai ; +A nocko ne oEweno DE apa & Suu waton ATUaL 15 Ma Some ‘= ALGUNS asricros Do ESrAGO viVIDO Callas «© VIAGEN EDt TORNO DO TERRITORIO 83 Foil Borenemixen © Caro & pins Paul Claval VIAGEM EM TORNO DO TERRITORIO” okt, Bownentaison ORSTOM/Vanuatu Este texto foi escrito por um gedgrafo tropicalisia que sempre trahalhou em ilhas e, por uina tendéncia irrevogavel, ern ilhas cada vez menores. [sve nae significa que eu queira me comparar a Robinson Crusoé, mas esse detalhe pode ter sua importincia, se quiser- ‘mos situar 0 texto que se seguird. Tratase, com efeito, de uma reflexio feita a partir de socicdades tradicionais insulares, fragmenta das em intimeros pequenos grupos indepen- dentes. O problema € saber se o tipo de abor dagem que fui levado a adotar para compre: ender essas sociedacles pode ou nao acrescen= tar alguma coisa para os geégrafos que traba- Tham em sociedades e ambientes fisicos dife- rentes, particularmente aqueles que trabalham en “grandes espacos” € nas sociedades urba- nas ow industriais Enfim, este texto no foi escrito como um artigo clissico, Fle é muito mais um itinerario gue ume demonstracéo, Traz muitas reilexoes * Publicado originalmente como “Voyage auniour du ritoire’, L Expuce Gévgroplinus, tomo X.n 4, 1981 P- 249.62. Tradlugio de Marcia Trigueite. radurecidas a0 longo de uma insularidade ‘que era apenas fisica. Confrontado com socie~ dades difercntes, procurei desde logo compreendé-s; isso me levou a colocar em ‘questio algumas idéias e métodos que havia adotado como ponto de partida. ‘A evolucio das idéias, da sensibilidade © © deslocamento dos centros de interesse qu esti no fmago das sociedades contempori- eas questionam as Ciéncias Humanas e 2s conduzem a novas dliregées. A geografia nao escapou disso: iniciando-se como analise regio: nal_€ ene rn depois da guerra uina ciéncia socal, dedicada 20 estudo da paisigen e 4 analise quantitati- va, Para alguns, aparece hoje como um now revelador das relagdes de classes ¢ como cam- po de estucdo possivel para a estratégia revolt: ia que os agitaria! ‘A emergéncia daquilo que vitia a se cha- mar “nova geografia” resultou, em muitos ¢3- sos, de descnvolvimentos conceituais. surgi dos no scio de disciplinas vizinhas. Assim, a andlise da paisagem cewe muito a0 desenvol- vimento do estraturalismo na etnologia € na linguistica: uma paisagem @ uma estrutura visual na qual se Kéem, a0 mesmo tempo, 0 dinamismo ¢ as relacdes entre uma série de fatos fisicos, sociais e econdmicos. Da mesma forma, a geografia social enriquece sua abor- dagem com conceitos ¢ preocupagies até "Quanto a este vsmnto, reportarse a LACOSTE, Wes, La Gingrophs, ¢2 sent Cadord @ fate te guerre Paris Maspéro, 1976, om ainda a HARVEY, David. Social justice and she City. Londres: Arnold, 1975, 84 cnttio negligenciados pela geografia classica, e que derivam do progresso dos métodos ma. tematicos na economia, ou da clarificagao dos conceitos marxistas ou: neomarxistas nas Cién- Glas Sociais. Dito de ouira maneira, a geoura Gueciam de conceitos novos, que suse una nova reflex A reciprocidade ¢ respeitada: 0 espaco centro € objeto da “nova geografia’, tornivsc uma idéia nova, da qual se apoderam urbanis- tas, economistas, socidlogos € lingitistas. Des- sas Invasdes reciprocas sobre aquilo que cada uma das Giéncias Humanas considerava seu dominio préprio, deveria nascer uma fecundidacte, criadora de idéias e de concei- tos novos. A conseqiiéncia final é que © papel cada yez mais Cental desempenhado no con junto das Ciéncias Sociais pela nogie de espa 0 cria © risco de despossessio pelos gedgra- fos, Fsse risco deve nos incitar a pensar mais profundamente sobre nossa especificidade € @ nav hesitarmos em explorar novos campos de pesquisa Em geografia, 0 estudo do “campo so- ial” permitiu que se definisse melhor o es paco, pensando-o em termos de estruturas, de relacdes sociais, de fluxes econdmicos ¢ de modos de producio. Mas, paralelamen- te, existem outras leituras do real: esgote ‘mos realmente um assunto quando o limita mos a esse tipo de problemitica? Parece qui mais do que nunca, assunir o “campo cuk tural” continua sendo uma idéia nova para 0s gedgratos, 85 Dedicase hoje uma atencio nova inredutibilidade do fiw cultural. Esc_nao_¢ vaga ¢ fluida io has mais visto com se tenta encerrar uma concep¢i aterialista. A cultura hoje tende a ser compreendida como uma outra vertente do superestran real, um sistema de representagio simbdlica existeate em si mesmo ¢, se formos ao limite do racioeinio, como uma “visio de mundo’ que tem sua coeréncia € seus proprios efeitos ignifi sobre a relacio da sociedad Pata os gedgrafos, a cultura € rica de cados porque ¢ tida como um tipo de respos ta, no plano ideolégico ¢ espiritual, a0 pro- blema do existir coletivamente num determi- nado ambiente natural, num espago © numa conjuntura histGrica ¢ econdmica colocada em Por isso, 0 cultural apa- ele 6, 20 masa a cada gera rece como a face oculta da realidae mesmo tempo, hergnga ¢ projero; ¢, nos dois casos, confrontacao com tuna realidade histé- ica que as veees © esconde (especialmente quando os problemas de sobrevivéncia primazia sobre todos os outros), outras 0 12+ yela, como parece ter sido 0 caso nesses tilt mos anos, Emm sua, & andlise cultural em geo grafia pode ser uma nova abordagem para aquilo que Claude Raffestin deno- desec mina a “geoestrutura’, isto €, um “sistema real a se tornar int vel” RAKFESTIN, Claude. “Paysage ec cersivorial Cali due Quabe, 21,9 86 Prcnic clabovida.,As’psiquisal de ALRE csp ae de 0 tom deliberadamente srencias Ieidegger abordagem fenomenoligica ou a serem rauitas vezes desorientadores A reflexio de Buttimer parte de wm: decoilificada pela linguagem regionalista, paisag tanto, social - remetem sempre a idéia de yisual ~ portanto, de estrusura. Q vivido nio aisumido, Para essa autora, tratase menos ¢ Bc exisencis’, suas relacdes ner, que retoma > francés amas idéias do gedgr Max Sorte," 0 “espaco social” € essencialmen- te uma nogéo subjetiva ¢ cultural doz 1977, pp. 12834, Aqui, aludivemos diversas vores fesse artigo ¢ tamber a0 conjunto de Lextos desse miinera dos Cahiers consageado A geografia cultural FBUTTIMER, Anne, “Social Space in Interdisciplinary Perspective”. Gangraphival Revine, v. 59, n' 4, 1968, ppp. 417-26; ou ainda “Grasping the Dynamism of Lifewortd”. ibidem. v. 66, n? 8, 1976, pp. 277-82 * Aline Buttimer cita freqitemtemente 02 traballios de Max Sarre, especialmente Les Fondenmnts de la ie Auanaine, Pavis: 1949; om ainda os extudos ar Mais perto de nds, herdeiros de uma experiéncia hist6rica singular, nossos primos do Quebec desenvolvem um ponto de vista original. A existéncia do fato quebequiano, colocado em termos de culwra especifica, tanto quanto em termos de dependéncia social ¢ econémica, aparece simultaneamen: te irredutivel e frigil, porque fundado essen cialmente sobre uma vontade e tuma consci- encia, Sensiveis a esse fato, os gedgrafos do Quebec procuram “discutir os fundamentos de uma teoria do campo cultural como cle- mento constitutivo da regido*? Como as ex- plicacdes que entram na logica da objetivida de econdmica, além de explicarem pouco da sitagio quebequiana, correm 0 risco de fornecer uma falsa imagem dela ~ de qual quer forma muito “redutivel” =, os geégrafos dessa regiao redefiniram sua abordagem em novos termos: “Uma das tarefas da geografia do Q repre seniagdes, dos valores ¢ das ideologias pelas quais e segundo as quais um territério se de- senvolve € adquire forma’ Temos af uma excelente definigdo daquilo que @ ponto de vista cultural pede suscitar em geografia A afirmagio de uma certa primazia do aaltural é reencontrada nos movimentos €co: logicos e regionalistas, Para a ém de uma cer sobre a aglomeragie parsiense vealizados pela equi pe de Chombart de Lanwe BELANGE} culture A fa géographie des cultures", Cahiers de gropiie dis Québes,v. 81, n° 83-4, ret,/dex, 1977 p. 117-22, eonsageado A geografia cultural BELANGER, M., op. cit Marcel. “De la géogtaphie com: 88 ta moda intelectual, a ecologia coloca de ma- neira nova © problema das relacées Go ho- mem com seu ambiente. A dicotomia ho: ida, o que leva a colo: car em questio a prépria nocao de “progres so”: a de um tempo linear ¢ evelutive a0 fim do qual 0 homem, tendo imposto suas pr prias Icis & natureza, de alguma maneira ver ¢ domesticou totalmente. O movimen= to ecoldgico funciona em diversos niveis, ma sua coeréncia mais profuni vontade de situar 0 homem no seio da nate sua animalidade ~ essa € & versio bioldgica € etolégica ~ ¢ mais fundamentak mente em seu aspecto cultural, 0 que permi- te definir uma ecologia cultural que diz res- peito, ao mesino tempo, a gedgralos ¢ antro: pélogos. Eric Waddell, outro gevgrafo do Quebec, assim define © pomto de vista da ecologia culsural: © homem € préadaptado ao plano biol6gico J] mas ele deve seu éxito (Se poclemos dizer assim) a sua capacidade eulvural. O papel qc se atribui a cultura apliease tanto-ao dominio simbélico quanto ao dominio material [..J sentido que 0 homem di as eo importante quanto as préprias coisas? Sao igualmente seguidores de um ponto de vista da ecologia cultural alguns trabalhos rafos tropicalisias. O de Michel Benoit Eric, “Valeurs religicuses et vapports Perspectives de Mécologis anglo cine”. Prove, primavera ée 1976, pp. L-7 sobre © pave Peul® constitui, de fato, uma verdadeira eimogeografia, que restivui uma dig hidade perdida a velha nocdo de “géncro vida”, “O género de vida", esereve Benoit, ‘Eum conjunto de costumes que permite io grupo que os pratica assegurar sua exis- téncia’. Para compreender os Peuls € sew iomadismo, 0 autor se esforgou para enter: der a visio de mundo e a espiritualidade deste povo. Delas decorre umn certo ntimero de praticas, face a um meio natural detei minado € a um Upo de resposta particular ogiio) de cias_econdmicas. Beno’ “\ preocupacao dos Peuls (da Boobola nao é a posse do espaco, mas sua utilizacao” Enfim, notase entre os gedgrafos france- ses a convergéncia para novas interrogagoes. Armand Erémont’ tentou, em tomo do con- ceito de “espaco vivido”, uma sintese que vist a redescobrir a nogao de regiio: dat resulta © “espago dos homens’, rejuvenescido reinierpretado, Mesmo que no seja levada até seu limite, a abordagem cultural perma nece subjacente 2 esse tpo de reflexio. O espaco vivido consticui um primeiro movi- mento para wma interrogagio mais central aquela que Gilles Sautier chama de “olh: do habitante’,"" Para Sauter, entre os ho- * BENOIT, Michel. “Le che ‘Trav ob Decuments de PORSTOM, 06 ORSTOM, 1978, TEREMONT, Armand. Le Région, espace afew Paris: PUE, 1976, "SAUPTER, Hérodoe, 38 16, 1979, pp. 40-07. Gilles, Le paysage eamme con 0 mens € suas paisagens existe efetivamente uma conivéncia secret, da qual 0 “discurso racional, cientifica, clssecador e clesificador” nao pode dar conta. A paisagem €, a0 mesmo tempo, “0 protongamento ¢ 0 reflexo de uma sacieilade, ¢ tum ponto de apoio oferecide aes individuos pi se pensar na diferenga com outras paisage' outras socieelades"!” A comespondéncia entre © homem ¢ os lugares, entre uma sociedade e sua paisagem, esti camegada de afetivichude ¢ expr ‘ic_auna_iclacgio cultural no sentido amplo da terem sido os gedgratos tropicalstas, impregna- dos do espitito € dos valores das sociedactes dicionais, aqueles que colocaram com maior énfase o problema de uma especificidade do espaco segundo as civilizacdes Dessa forma, Jean Galiais coloca em opo- sicdo “o espago-padrao uniforme € homoge neo” das sociedades industriais ¢ “o espaco- descontinuo ¢ dividido” do mundo tradicional, oncle as distfncias nao sto objeti- vas, mas “afetivas, estruturais € ecolégicas™."* No delta interior do Niger, descrito por Gallas, cada cinia sc associa a um elemento do meio ecolégico para findar um sistema que lhe permita sobreviver por meio de uma visio de mundo especifica. Gallais, dando seqiténcia 2 trabalhos de outros gedgrafos wopicalistas ~ * SAUTIER, G., op. cit. #CALLAIS, jean. “Quelques aspects de espace vée ilans les civilisations ctu monde tropical”. Lipae Gheereplique, &. V, n° 1, 1976, pp. 510. Trxdwride ica 2 Itagua portuguesa e publicado cm tpn « Buln, 6, 1008 (nota dos organizdores) on o de Gouron certamente, mas também de Sautter, Pélissier, Delvert € Raison ~, da assim inicio ao verdadeiro debate que est4 no cen- tro da abordagem cultural: Nas sociedades tropieais pr&industrais, o jogo das distincias estruturais, afecivas e ecolgicas introduz um espace vivido de grande siqueza ede pesquisas de Je inesgotivel a anilise do que elas significa fem que devemn ser conduzidas por uma abordagem subjetiva, adapiada as cultw fas ¢ eivllizagées regionais. papel central da eultura fica entao atir- mado; 0 espaco € subjetivo, ligado 4 emia, a cultura e a civilizagio regional Todos esses textos convergem. As pesqui sas em torno do “espago vivido", a ecologia |, a direcao cada ver mais etnoged cnt gréfica adotada pelos tropicalistas e as interro gagGes de Sautter accrea da paisagem-coniven Gia indicam um retorno. O discurso geogrili exprimy co atual, voluntariamente limitado, apenas uma parte da realidade: existem ou: os niveis de relagdes entre 0 homem ¢ seu solo, entre o homem ¢ sua paisagem. ‘A meu ver, etnia ¢ territério sto os dois conceitos que comandam a abordagem culty ral: antes de tudo, € preciso aprofundar sev significados, A BINA £ 0 GRUPO CULTURAL A nogdo de etnia sempre é utilizada com precaugio ¢, parece, com reticéncias pelos gedgrafos tr Isso acontece, sem dhivida, porque ela aparece num ce Lexio ideoldgico, ligado ao passado colonial, ¢ ot por longo tempo confinad: porque ela fi uma definicio muito estreita No entanto, 0 conceito de pensivel, porque fundamentalmente l Gonccito de area cultural. Para um gedgrafo tropicalista, a ctnia constitu o primeiro en. gontro ~ € freqiientemente primeira cho. ‘ural eve ser considerada emia € i ado ge - com o fato cu Realmente, a etnia um sentido ampliado, sex “brigem biolégica comum, A exis e ancestrais comuns (reais ou hipotéticos) 2 {im grupo étnico é coisa relativamente secun- dina. Uma etnia existe, primeiramente, pela “Wonsciéncia que tem de si mesma e pela {ira que produz. E em seu seio que se ¢ EE se perpetua a soma de ritmais ¢ iticas que funcam a cultura ¢ permiters que upos se reproduzam, Em outras palavras Wetnis é aquilo que em outros lugares é de minado de grupo cultural, mas cujos con: Whos nas civilizacées tradicionais sao fortes ynque estdo freqitentemente ligados a uma essio politica - circunscrigées de chefes is, reinos, eventualmente nagées ~ € geo ica, isto 6, um territério, ou pelo menos frea de ocorréncia espacia 1 delineada, néo pode exis- A etnia clabora 93 ‘aracteristica adotada por um organismo defendéto jomar posse de un. territério ¢ ‘entra os membros de sua prop: © comportamento animal percebido espécie ‘emo uma “te natal guida estendido pelos etélogos a outras socie dades animais, ¢ depois, por alguns, ampliado comporiamento humano." Iss parecent ser um salto filoséfieo e epistemo- ‘6gico a que muitos negaram, com palxao, qualquer validade, Mas tatase af de um ou > problema, Nas sociedades animais, o teritério est certamente ligado A idéia de apropriacao bio- jogica: ele exclusivo, pelo menos para membros de uina mesma espécie, © & tim do por uma fronteira, Dentro do territério animal, os etdlogos distinguem o niicleo cen. vona de segurana, € na periferia um: se degrada em zona peti » mxicleo. E ai inea fronteirica qui ue se afasta gosa A medida os do continente insultar que ceria espécie de 1 ‘meticano cotidianamente vém se ros de bandos 1” Na perife- ia do territério, a frontcira aparece como um. depois atirar coisas nos mem zinhos e, mais raramente, |v espaco perigoso, uma zona de competicio, ‘onde 6 animal, sozinho ou em grupo, arrisca HOWARD, F., op. oi * Expecialmente por EIDL-EIBESFELDT, 1 DRE Flama 8, D 98 c desafia outro animal de grupo vizinhe Ik no penetra ao territério vizinho e, se porventur: fica 19 inibido que nao Ds combates que oisegue levar vantagem 1 aulmente ocoren As sociedades hnumanas tém uma concep 4n diferente do trvitério. Fle nao é obriga oriamente fechado, nao € sempre um tecido spacial unido nen induz a um comport into necessariarente estavel, A experiéncia Oceania revela que, antes de ser uma frer cia, um territério é sobretuclo um conjunto g de lugares hierarquizados, conectados a wma ie de itinerdrios A etnia se cria e se forta ice pela profuundilade de sua ancoragem no menos elaborada que mantém com um espa (-que ela divideem Areas, originando uma maltia - e polariza de acordo com suas prias finalidades ¢ representagdes simbélica: spagoterritério, os grupos No interior desse © etnias vivem ur enraizamento € as viagens; essa relaca partir de una dosagem de emente bastante estabelecida vida, asépocas € 8 tipos de socie formas cultarais mi plas. A teritoriaidide se situ Cade. Ela pode wna na juncio des te aquilo que € fiuc&e e aquilo que é mabi ade — di Por conseguints, a tervitorialidade € conv preend’ de outra maneira, os itinerarios o Pontos dignos de nota: rochedos, arvores, des- de lugares ¢ itiner ne_constituem_ ‘os habiiais de apropriacio biokigica < ds fronteira. Assim, Existem povos para quem a Enfim, nas sociedades tradi ionais ¢ “pri mitivas”, 0 territério pode ser fechado de for- ma irrevogivel, como pode ser aberto aos aliados e vizinhos. Na maior parte clas vezes, ogo de fronteira é praticamente inexistente, j sem que isso signifique que eles nao tenham tertitério. Os nomades, ou alguns povos ca dorescoletores, por exemplo, tem uma drea aidos e que, cle € alternativamente um € outro, sendo que a mobilidade fora do tertit6rio é culturalmen- te formalizada.® de percurso com contornos ainda que com pouca freqiténcia, pode even- tualimente ser partilhada com outros; mas eles A extensio hoje quase universal da no de fronteira, tida como uma linha de “demar do nao € um muzo ou uma linha ida entre duas entidades geopoliticas diferentes, aparece como um fato modemo, decorrente do “progresso” € do desenvolvi- mento dos Estados, Nao se tem certeza abso- uta de que a fromteiramuralha tenha sido muito adotada no conjunto das sociedades tradicionais. Segne-se dat que um territ6rio & coisa bem diferente de um espaco fechacto, protegido por uma fronteira. No fundo, ele é muito mais um “nticleo” do que uma mune Tha, e um tipo de relagio afetiva ¢ cultural com uma terra, antes de ser um reflexo de apropriacéo ou de exclusio do estrangeiro. “go esiencial quant queremos cle. tna tveram linha de frome. Fora do iTebceneal, qv abrangeo haat e zon de ¥ Al tos malévolos, Essas zonastampses, zonas de ss de inquietude, sepa floresta fechadla ¢ lugar 1am os grupos politicos € ninguém se artisca 2 entrar nelas sendio com muitas precaugdes Es tcrit6rios de alguns Para UMA ANALISE GLOCULTURAL ic tiles das. has Shepherds, nas Novas Hebrides, sto esthacte A idéia de cultura, traduzida em termes Ge espaco, nao pode ser separada da idia de ferritdrio. E_pela exisiéacia de uma culuue que se cris um leritério e @ por ele que dos e se encaixam uns nos outros, num mo~ saico complexo, Esses territ6rios “em arquipé 0" constituer uma séric de Ie dos ¢ apropriados, geograficamente dispersos e cercados de espacos de contoros vagos, que H BONNEMAISON, Joel Penracinement”. L N79, pp. 302.18, pace Giogvophiqne, «VIM, 8 4 100 401 fortalece € se expr lacio simbélica existonte entre a cultura ¢ 0 espaco. A p dai, podemos chamar de abordagem cultural owaniilise geocultural tudo aquilo que consis: te ei fazcr ressurgir as relagoes que existem cial entre a etnia € sua cultura, no nivel esps Asoma de valores religiosos e morais que funeia uma cultura se apoia geralmente sobre um discurso e, nas sociedades tradicionais, sobre um corpus de iitos © de uadigbes que por sua vez, explica a organizaga ais, FE mmitas vezes pelo rito que uma dos ri sociedade exprime seus valores profund ico social. Na Austrilia, ral ¢ revela sua orga como na Occani p Ht alleitura dos mitos induzem igualmente a uma “geografia sagrada’, tecida por uma trama de “hug: Por conseguinte, a leiura de um pip ndo € ap: ral cla se torna também espa es visitadlos pelo hei o ono gu ‘ns que ele percor € 08 locais onde revelou seu poder 0 co tecem uma estrutura espacial simbdlica, que compée ¢ crin 0 territério. Essa geografia sa: Ag grada d& peso a0 “mito fundacor": encarna-o numa terra e revelao enquanto gesto criador de sociedade Assim, € tanto quanto posstvel, os ger fos devem procurar compré Go de mundy que existe no corag > Quanto a esse ashunto, reportaremo-nes aos trabe religiio mas soeiedades 1. Pay ale sob os de Mircea E ovimitivas, especialmente Lefgions aesiet oF, 102 dade que extjam estndando Tso menos pele estdo da representcdo ea Ler-slacuna, mas solretdo pelo turn, depois a especie de-relacaa secre einconal qu liga os homens aa tesa ©, Cutagla de um discurso ce Charvette a suas wopas, auto om SAINT-PIERRE, MI. de, Monsieur de le, 1977, Charrette, Pasis, La Table Rox 16 foram de derrota em derrota a partir do mo- mento em que tanspuscram a margem direi- ta do Rio Loire. Suas colunas pereceram em Savenay, num combate que foi um massacre: fora de seu tertitério, os ledes haviam se tor- nado carneiros temeroxos € hesitantes” Existe, portanto, toda uma Teitura da his téria a partir da relagao vivida ¢ quase carnal Jque os homens travam com seu territério. A geografia regional cléssica experimentow hem essa ligagdo, que foi muito claramente expres sa por Max Sarre." Desa forma, 0 espaco dos gedgrafos se desdobra em niveis de percepedo sucestivos, lun pouco como os psicdlogos distinguem, no seio do espitito humano, niveis diferentes que vio do consciente ao inconsciente. Existe um espaco objetivo, o das estrumas geograticas mais adiante um espaco subjetivo ou vivido, e para além um espaco cultural, lugar de uma escritura geossimbélica. Toda sociedade agri ba estes diferentes niveis de percepeio mun Conjumto espacial mais ou menos harmonioso ui tenso.e dia cada um desses tipos de espa- -co_umma_configuracio no solo, ua significe- io ¢ um-papel particular. ™ Sobre a histéria da Vendéia, reportarse a BORDONOVE, G. Le Vie guatidienne on Vendée seus la rivelutton. Paris: Hachette, 1974; 0% ainda DAMAING, 1M, Résumé des gueres de Vendée, Paris: 1825, reeditado pelas Fditions Copernic com 0 tule ‘Ouest dant le fawcnente, Patis: 1980. © Especialmente ein Rencentve eine bx seenloge o! ln sgiogreplie, Paris: 1957, 7 eum, sauoumeph \q 80 axqos vHD}0 a > anb sogiS s0 9 sefidso se "zou op sejnayued se a1uaureso1nutw vaviuo2 sien’ sop anuap ‘opepisuap ep sopeapenb oped ‘specoutv tony spd sn0s wu 58 onb sopestin spzorm ap ape 1 9p sodities so seyesBoutes 9 9p opeutultos vac Ne “Sesou sostaatp op > OY -c EPL " yfeiBojoporur panties 9 opesod ‘opmsiqos ‘ovsnpaxd ap pout @ vapfe apup. 3108 ep op 1A vey Sous wy “eamuod osaBuenso 0 ~Eiudsaxd vy vp see seuoz sv joRowe ‘swzo.me ap 9 soles. op ap sata afar 6720 sedsuen e199 eu ‘yun wou now, off op STOUT = snag v svbea = -pxajdluioo vas 4 -amede svossod 2 opmuyop ap oda 9 "S99 anna 977) opute LU “sepeaiosot squy ap seu Tsp pep y7D4 ENS LOD IeID oy SeOss 9 “epepniss vopp: e soso assed 0 ‘3 sodas @ anb sreut 1aupS ass) OL19) 2 sepyjod szosad ou AuoW sep apes wn ap OpUNy OU eI oslepepy tH 9.11020 oss rossad Ose NOU ‘ow opuar 9 jen ‘ovdezqeas ap s991p) 29940) jo B70 OU 89 WS 23421 8 p rossod uror sod ap wu euquntay sod ou IAL, OV MOMMA OG para mim, Nada disso era fako ou initil; no entanto, ao parti, eu tina a impressio de haver tocado a superficie das coisas, Pensei muitas veces nessa aldeia, a partir de entio; em muites aspectos, ela continua misteriosa para mim. Aabordagem que eu havia conduzido me pareceu depois limitada, particularmente wanto a anilise dos regimes ¢ sistemas permaneeia sem aprofundamento. A relacio que 0s aldedos mantinham com seu ierrir = ‘ watavase bem de um ter este caso preciso, além da andlise e da medida das geoestrutaras, para além mesmo do mapa da reparticao fundtéria € daquilo ae a paisigem refletia & primeira vista. Os regimes fundiarios néo dependem de um de- ritério ~ implicava senvolvimento de regras juridicas, nem de um simples “costume” de cistribuicio: inserevem se dentro de uma visto cultural ¢ emocional da terra, bio é dono de wma velagia de tertitorialidade, A terra ndo era apenas um lugar de produgio, mas também o suporte de uma visio de mundo. A distibutcao cle terras nao era somente social ¢ jurfdica: refletia 0 tipo de relagdo que as familias aldeas entret nham com seus ancestrais ¢ a espécie de soli- dariedade sutil e indissoldvel que unia seus membros, As desigualdades sociais aparentes, que derivavan da diswibuigao de terres, de weialmente compensadas pela \cdes patriarcais no interior fato, cram existéncia de reb das familias, A propriedade individual propria jstia, pelo menos no set mente dita nao do ocidental do termo, mas eaistiam ance 420 ais, territ6rios ¢ uma certa fluides fun no interior dos territériosfamilias. Compre- 0 sistema de atribui¢io de terras exigia portanto, que se penctrasse antes numa con cepedo de mundo. Num primeiro momento era preciso compreender © sistema so depois entrar o mais profandamente possivel na_percepego cultural que os habirantes da aldcia tinhaln di iia 6, finalmente, abor- dar as represea acinis vi solo, em particular aquelas que revelam 0 mapa de atribuiclo das terras. Eu possnia apenas 0 primeito € 0 ciltimo termos da tilogta; assim, minha abordagem cra capenga. Seria preciso se tornar um pouco nélogo? Sem chivida, mas de um medo ndo clssico, ¢ sem por isso deixar de ser geograto. 0 teroir que cu apreendia era, no conjuto, 0 lugar de uma cultura, tm espaco vivido © um meio natural transformado, tendo em vista uma determinada producéo material: a per- cepcio cultural nao podia ser separada do gcossistcma, Por outro lado, © fato de ser gedgrafo me levava a ver as coisas em sua Aistribuicio espacial, isto &, com os pés ¢ 20 mesmo tempo com a cabeca, e de uma neira finalmente bastante proxima da dos habitanics da aldcia, A esse tenvir geogratico visivel, formado de um conjunto de lugares, campos e arrozais, correspondia, mas invisivel fos olhos esirangeiros, um territ6rio sagrado babicado pela alma ¢ pelas tumbas dos ances ‘Bais; os mortas ¢ os vivos, o espirito ca terra fam uma tinica coisa, Para além das estrtu a abordagem geneuttural havia permitide tar mais funda na vivencia social ¢, tak 121 ver, objetive supremo ¢ jamais atingido, ver cu pelo menos tentar = © mundo com “os elhos do habitante’ Existem tipos de civilizacio onde o social © 0 cultural se confundem quando da forma- do do terit6rio ~ Madagascar Oceania, € desse tipo; nesse caso, 0s mapas de cistribuicao fundifria e utilizagio do solo re- presentam um instramento. particularmente recedor. Alem disso, 0s etno-socidlogos, PFesos ei outz0 Lipo de inyestigacdo, defron- tame geralmente com um problema inverso. ao dos gedgrafos, prec le porque as chaves do social e do cultural por eles estuda- dos estio muitas vezes naquilo que eles ndo abordam, isto é, a geografia do tevsitsri No (eroir que estudei, eu havia pressenti- co um territério e, por isso, um nivel de relae ao mais profundo. De maneira mais precisa, compreendia que, para responder as questoes habituais de um geégrafo, precisava ir além de uma investigacZo estritamente geog tentar uma aborcagem global Minha experiéncia malgaxe foi depois prolongada por uma longa experiéncia na Oceania, na qual continuo mergulhado. Pas sei i mnitos anos, girando em torno de geoestruturas, medindo de novo, buscando uma verdade nas estraturas agrarias € 1 ducdo material, O sentido profundo das cor sas continuava misterioso para mim. O cultural me fascinava. Foime dada a chance de encontrar grapos éinicos. nao- aculturados, orgulhosos de seus “costumes” ¢ apaixonadamente ligados @ seus territ6rios Procurei compreender. Haviam me pedido 122 B) srvorecion. on cau que analisasse modos de desenvolvimento ~ a irrupéao de qualquer espécie de “progres- 50” =, mas o que me fascinaya era justamente fa resistencia ao desenvolvimento, pelo me- hos aquele concebide de acorde com nossas (Os melanésios tive me suportar: ndo apenas respondiam a mir has perguntas, mas me acolheram, A iarde, bebjamos ‘kava’, ¢ talvez me aturassem em grande parte devido a este gosto que tinha- mos em comum: 0 da Viagem coletiva pelas ‘muvens”. Depois de certo tempo, ao retornar = como cu fizia incansavelmente ~ a uma dossas aldeias que chamamos de “campo”, as fornecer wma pr> pessoas comecaram a m meira leitura de seu territério. Elas me indice | vam os lugares, os rochedos, os bosques’ de hos: cada um deles tinha | um nomee possufa um sentido, Depois, termi: [ nef por compreender que esses hugaes earn geossimbolos: eram a verificagio cerresire den fundamentos da organizag grafia sagrada desenhava na terra as letras dle uma linguagem simbolica, uma espécie de escrita codificada a partic da qual o gru= po Ie, difunde © reproduz sua prépria visio tos, a fonte de poderes césmaicos c os o social. Essa geo- de mundo. 3 Kava é uma bebida que se obtém esmagando as rahies de uma planta especial (Pyper Matiysicwn), previamente raspadas ou mastigadas. Seus efeitos sio Curiosos; bem diferentes dos de alcool, levam Un 123 sua_é uma empreitada quase impossivel, O problema é encontrar & chave que permita jcante do ar o “discur- agarrar a parte mais signi sim, os lingéistes tém a vant mento da lingua e podem 50”, Os etnslogos tentam, por meio do estudo dos sistemas de parentesco, da literatura oral, da tecnologia, dos tipos de poder e de orga ago social, reconstituir a cultura. Para mim, gedigrafo, 0 espaco percebido camo uma tra: apareceu como uma forma tha geossimbo de Fingvage parihads por todos ¢, em definitive, 0 cultural Na realidade, nfo fiz progressos a nao ser contrara sob nossos pés". A iha de Tanna, 20 sul de Vanuatu (ex-Noves Hébridas), para mim foi a revelagio. Descobri de forma clara aqui- por meio de sua territorialidade, 1m pova exprime sua concepcéo de mundo, sua orga preciso provar isso e, para conseguilo, reali 2av a eartografia do campo cultural de alguns grupos com os quais ew havia tid contato, Essa cartografia € um eustio de transcric¢lo no espace do universo mental gue constidi, 20 mesmo tempo, a fungio social ¢ a fangio, gratia do campo cultural pode ser considerada como a verificagio da hipéiese 124 de partida, Chegamas ao objetiva ou fracassa- mos; 0s lugares falam ou sao mudos; reencon tra-se ou nao © grapo concemente, De minha parte, s6 pude perseverar no empreendimen: to porque havi mapas prioritariamente as pessoas com quem, wabalhava © me tomar 9 operdrio de um trae balho em que, afinal de contas, eles eram os prometide encaminhar os mesiresde-obras, Desse modo, uma determinada cartogra- fia € a consequencia da abordagem geocul tural. Nos, gedgrafos, vemes cautografad al © presente somente esiruturas out dados obje- tivos: dados fisicos, lugares de produgio © de fluxos economicos. Restacnos, talvez, inventar uma cartografia nova que represente 0 cam po cultural vivide pelos grupos humanos cxjo objeto seria constituide pelo desenho no solo de suas diversas territorialida © rseaco, 4 REGIKO, © TERRITORIO Bh ix gesaes, wana We aa punta de vista cultural certamente ni gratuita e, menos ainda quando se trata di geografia social ou quantitativa, ndio decorre apenas do dominio do método de pesquisa O conceito de espaco geogrifico 6, na verda- de, um conceite légico: o_espaco é plano, Uunifomme e sem misiério, cle se_mede ese pests be 2s conscucdes geoméiticas. Ne [perspectiva, ele entra cada vez mais na lingua fem dos aparelhos tecnocriticos ¢ fiz a ale- ocorre de forma ia dos especialistas de gerer ima, 0 espaco € uma soma de terfit6 iceitlializaclos para melhor serem negados. 125 ki © espaco € nacao, Estado e, com o tempo, mundializagao € organizacio. Inversamente, 0 tereitéxio apela para tudo aquilo que no ho mem se furta ao discurso cientifico e se apr xima do irracional: ele & vivido, é afeti nitas vezes 016 de uma re subjetividade € glosidade terrestwe, paga espaco tende a nto, © tertitério lembra as idéias de deista, Enquanto iformidade ¢ 20 diferenca, de etnia e de identidade cultural. Chaud a territorialida > com a alteridade.® O t ramente, ma determinada maneira de viver com, 0s outros, em inimeros casos seus limi- Raffestin enfatizou justamente que le é, antes de tudo, uma rela 108 silo os das relacdes cotidianas. espace. comeca para além dat. Ele é 0 des- conhecido, 0 jogo, a liberdade, mas também © perigo. Assim, cada grupo existe criando 1m equilibrio ~ sempre instével ~ entre o ertit6rio © © espace, enite @ seguranca ¢ 0 isco, entre o fixe e 0 mével, entre © olha para si - etnocéntrico — e © olhar para os putros. Em outras palavras, poderiamos dizer que o territério é, antes de tudo, uma convivialidade, O espaco comega fora do ter ritério quando 0 individuo esti s6, confront do, © nio mais associado a lugares, numa relacdo de onde esta exeluida toda intimida- de. Sem diivida, nossas socicdades contempo- rineas procuzem cada vez menos territ6rios ¢ ¥ez_mais espaco: neste o individuo s cla por raz6es econdmicas se transforma mui- »s, a mobilidade privile- o3 territérios, quando existem, red zem-se a “reliigios’ mintiscules, de alguns metros quadrades de gramado padronizado onde cada um procura se proteger das agres ses do mundo modemo; eles nie sio mais, penas raramente, lugares de lidade prdagem que aqui dada numa viagem em toro te nas sociedades tradicionais e *primitivas’ Essas funciona pela criacio € construgao sucessiva dle territorias que se avizinham e se imbricam para formar conjuntos politicos mais ou indus 0 pape em beneficio de um espaco.cente ais tendem a restringlt @ €xtensio de seus terntérios multicentrados, izado, neuc tro € simbolicamente vazio, associado apenas a fancées saciais € econdmicas. Ey mesmo tempo inyersas ¢ complementares. Os » e territério tm conotagbes ao territGrios tem necessidade de uma certs pre fundidade espacial para se constituirem em criarem em torno de si uma area de rangers. Paris: Caknann-Levy, de mobilidade, que € o da sociedd wr se termo mediano s6 pode ser a regiio. Entre 0 espaco- esirutura, organizado segundo funcoes eco nomicas € sociais, € 0 territorio, lugar vivido sem nenhuma etiviea, ce cultura, a regido © sistema de regulagéo onde eles se em niveis diferentes A geografia é a ciéncia dos I qeveu em algum lug Frémont retomou essa fGrmulh cebjeto fundamental aduzindo: “O geografia é a rela atual ¢ a geograll uma dimensio suple co tertitGrio pode wazer jentar, porque se 0 8 pago habitado 6 uma 1 do ¢ visto pelo homem remete a uma cultw que se projeta no solo pelo desenho de w O conceito de regido parece, no momen to atual, estar em via de redescobrimento pelos gedgrafos. Um certo nimero de pesquisas recentes, especialmente aquelas de Roger fio, @ espaco sonhs Brunet, renovaram a abordagem da ideia re- gional, pensande-a em termos de polarizacio ede sisiema de regulacio espacial. ssa pers pectiva, que se aplica especialmente bem as sociedades urbanas e industiais, pode igual- mente ser enriquecida por uma abordagem cultural, concebida em termos de territoriali- dade € representacio geossimbélica, No caso, > exemplo cas civilizacdes tradicionais e “pre % GF especialmente *Pour une théorie dle Ia jonale veux de Mustiut de 1, 1978, mitivas” pode servir de fio condutor, O es Slo, € portador se escreve em ¢0, impregnado de signos ¢ de sentido; a mensagem que termes geossimbdlicos reflete 9 peso do 86: nho, das erengas dos homens ¢ de sua busca de significados. Seria interessante colocar © mesmo olhar e as mesmas interrogacées so- bre © expaco de nossas proprias sociedai No pa rece para mim como o derivado carnal da cultura; bem mais que um_xe! encamador. Levada a seu termo, a aborda- gem cultural pode representar para a geogra fia aquilo que a descoberta das atitudes men- tais € a consideracio do vivide social foram inal deste itinerario, o territério para a renovacio da histéria. Para tanto, no. basta viajar em torno do territorio: é preciso, realmente invadilo, Vale a pena pelo menos tentar esta aventura 131

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