You are on page 1of 1

CANTIDA DA RIBEIRINHA

No mundo não conheço quem se


No mundo non me sei pareiha, assemelha a mim
mentre me for como me vai, enquanto eu viver como vivo,
ca já moiro por vós – e ai! porque eu moro por vós, ai!
mia senhor branca e vermelha, minha senhora de pele branca e faces
ro rosadas,
quereis que eu vos retrate(descreva)
queredes que vos retraia quando vos vi sem manto!
quando vos eu vi em saia! Maldito dia! que me levantei,
Mau dia me levantei, qu não vos vi feia!
que vos enton non vi fea!

E, minha senhora, desde aquele dia, ai!


E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
ai!
tudo me foi mal,
me foi a mim mui mal, e vós, filha de don Pai
e vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos parece (assemelha)
Moniz, e bem vos semelha que eu possuo roupa luxuosa para vós,
d’haver eu por vós guarvaia,
lux pois, eu, minha senhora, como mimo
pois, eu, mia senhor, d’alfaia de vós nunca recebi
nunca de vós houve nen hei algo, mesmo que sem valor.
valia d’ua Correa.

(Paio Soares de Taveirós. In S.Spina.


Presença da Literatura Portuguesa –
Era Medieval. 3ª ed. São Paulo, Difel,
1969.)

You might also like