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Textos Basicos de Referéncias TEXTO 4 - BREVE DISCURSO SOBRE VALORES, MORAL, ETICIDADE E ETICA (Claidio Cohen* Marco Segre!* * Professor Assistente Doutor; Departamento de Medicina Legal, Etica Médica ¢ Medicina Social e do Trabalho (FMUSP), Sto Paulo SP. “Professor Titular, Departamento de Medicina Legal, Erica Médica e Medicina Social e do Trabalho, Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo (FMUSP), Sao Paulo - SP COsautores propoem uma soncitage de moral ctisidae etic. Tate, sept cles, de conecios frets, que procuram caacterzar uilizdo pra so, mob, a dotsinapsicanaitca ‘Basicament,closama a cisidads como a condicio do sss humano de pode vi a sr ctiso a ca como algo ave ‘emerge das emogies ¢ da nizao de cada pessoa, tendo-se como pressuposto @ autonomia na escolha do posicionamentto 10 ersuso que eo congio amie. Hoamural € encanda como wn conju de diets © de deveres,imposios durante 2 da personlidade, com rlagio a cada um dos quis, a pessoa a9 sn & ‘S,portanto, de autonomia, Valendo-se da teoria psicanalitica, os autores definem a moral como superezdies, trazendo em Sex bojo a aren de prio, companivel & de um cio, e do conseqdete castigo, ea, por sua vez, rela do madurccimento dopo, aotinomo, mis mim enfoque mas abrangente do que o kantiano, levand em conta tambm as ‘emog0es (ftmdamento das crengas). ‘Concluem o taba cnftizando dever pasar, a dtc, bascamnte, pelo RESPEITO AO SER HUMANO, apis ‘terem feito consideragdes sobre o fato de que, quanto mais desenvolvido for o sentir ético dos membros de wma sociedade, ‘menos ela necesita de una codifieagio repressiva e, portato, meralist ‘UNITERMOS - Etica, moral, juizo de valores. Abstract -AShon Speech on Values, Mora, Ethicty and Ethies ‘The authors propose a conception of mara, ethiciy and ethics. According to them, these are different concepts tha they ny to define, using the psychoanalytic doctrine. Ethcity ste human beg capability of bocomeng ethic an ets is something “emerging fom the emotions and the rationality of each person. on the basis ofthe autonomy to choase the right arinde between heart and reason. Othe other hand, morals defined asset ofrights and obligations imposed ding the personality formation, which a person is not apparently able o choose; so, there is no autonomy inthis case. Based on the psychoanalytic ‘theory, the authors define moral as superegoic, marked by prohibition, compared toa code, andthe consequent punishment. Jit ta, tis results from the manorty of an autonomous eg, but ina viewpoint broader than Kant, by considering the emotions as well (indament of faith). Finally, they emphasize that ethics must be based on the RESPECT TO HUMAN BEING. They also consider that the more the ethical fecling of a society’ members is developed. the less it will need a repressed, moralistic codification. Introducio Propomos, no presente trabalho, uma revisio dos conecitos de valores, moral ¢ética apenas aparentemente tisiatnos para cade um de més Consideramos que esses termos sto freqdentemente utiizados, carecendo de maior preciso quanto a0 seu significado. [A pessoa nio nasce ética; sun estutugio ica vai comendo juntamente com 0 seu desenvolvimento, De ser tio, significa apenas a competéncia para ouvir 0 ‘que. comgio diz. Acreditamnas que essa sea apenas uma coracteristica de sensiildade emocional,reservando-se © ser ico para 0s que tiveram a capacidade de percep dos conflitos entre o que 0 coragia diz € 0 que a cabega ‘pena, podendo-se percomer 0 caminho entre a emogio & 4 1228, poscionando-se na pate desse pereurso que se ‘Poxlemos avaliaresse confito a partir da otica proposts por Claude Lévi-Strauss, que alega ser 0 homens ser ‘biobgico (sto & produto da natureza) e ao mesmno tempo ‘um ser social (isto é, produto da cultura), resultando portanto un ser ambigno, produto da natureza eda cultura. Portanto, ele esti sujeito is leis naturis e cultumis!. que smmitas vezes sG0 confitantes, como por exemplo no «aso dos desejos incestuosos (natural) ¢ da sua proibiso (cara. ara cxemplificar evs passagem do ser bilgico para © psicossocial podemos observar ainstinigRo familia. O ser hnmano nfo nasce com o conceito de fami’, pos ela implica um modclo de signficaglo ¢ organizagio desse ‘parentesco nto obrigetoriamente naturel, tendo portato caracteritic cultural (ainda que este apoiado no modelo biolbgico, como ocomre quando o pai biolégico também © pai socal), Sabemos que a descoberta da patemidade, csiruturinte do nosso modelo atual de fanilia, € um dado que se finda na observagio, pois a descobesta da selago entre sexo € procriagdo nio é um dado imediato da conscincia, ‘Damesmamaneira que io senasce coma consciéncin o'sgnifcado de familia, omesmo ocorrecomosconceitos de valores, de moral ¢ de ica, sendo cles introjetados a partir da experiéneia de vida. Muitas vezes, pela sua proximidade, esses conecitos so confi, outras vezes cles se fundem. Tenfaremos mostra aqui, comonarealidade cles si dstnts, razendo ‘toma algumas de suas diferenga,citando exeanplos que ‘nos parogam demonstativos. 110 conceito capitalists de_que tempo é dlnhciro reduz & Vida a um valor, podendo-s chegar & nogo de qumntocusta ina vids 0 que pode ser de enorme interesse por a medicinn secuitiria carveendo, entretanto, ‘eqilentemente, de wm enfoque ético. 2).Q_movimmeate bipnis, que tina como lema poz mer, aproximouse de uma ética universal, Esse movimento fo, porém invivel na ida pita: mmitos de seus membros foram presos durante a guesra das Estados ‘Unidos com © Viet porter se negado a partiipar dos combates, pasando a ser considerados desrespeitadores da suora americana dagile momento, ees foram, tum modelo dessa coeréncia, mas nao de moral: sendo ele, ‘Poin, Tastanfe acetio sostalmente, poks o herGiroubna, dos cos para dar 20s pobres, '3) Ummaonge faneiseano faz voto de pabreza cdedica fords sus vida ao proximo, socore seus semelhantes com bnegagio e sealiza um grande niimero de conversdes a0 ccistianismo, Existecrenga nessa postura(servir a Deus € 20 préximo), embora a situagdo de obediéncia ¢ servidao contrarie o que denominamos zutonomia, © carter éico desse posicionamento € questionivel, conforme se veri mais diane, podendo-se pelo menos insinvar a situaga0 de uma remincia anténoma & autonomia, 4) pastor Finmy Swaggar, que pregava aos seus figis 0s prineipios da moral erst, foi encontrado em uma ‘motel com uma prosituia. Desta pessoa podemos dizer ter sido cxtremamente moralisa, mas nada coereate com 05 ‘seus alegados principios. Valor Ftimologicamente, valor provém do latim valere, ou seja, “que tem valor, custo”. As palavras “desvalorizagao", “nvélido”,“valente” ou “vido” tém 2 mesma origem. © conceito de valor freqentemente esta vinculado & _nogio de preferéncia ou de sclegao. Nao devemes, porém, ‘considerar que alguma coisa tem valor apenas porque foi cscolhida ou é preferivel, podendo cla ter sido escolhida on preferida por algun motivo especifico. ‘Rokench’ define valor como wna crenge duradouraem ‘Witmnodelo exposition de condita ou estado de custencia, ‘que € pessoalmente ou socialmente adotado, ¢ que esti Sieh oo en cain eaten OS TXPIEmA oF Senlmentos 0 propinito de nossas ‘vides, tomanulo-se muita vezes 2 base de nossas las & dos nossos compromissos, Para esse autor, a cultura, a sociedade ¢ a personalidade antecedem os nossos valores «€ as nossas atitdes, sendo nosso comportamento a sia mor conseqincia, Como exemplos de valores cultura, cite-seo fato de sefo dinero, para os amenieanos, o maior valor que tm ‘Seu qquivalente na cultura para os ewopeus © ns hows ars os onenlais, Exeinplos de valores individuals si0 “Tr escolha profissional, « opgio pela autonomia on pelo patemalismo: e, como exeuplo de valores universtis, segistremse a seligito, o crime, a proibis20 20 incesto, ete. ‘Moral Para Barton ¢ Barton! o estudo da flosofia moral consiste em questionar-se 0 que € correto ou incoreto, © que € uma virtde ow uma maldade ons condutans ‘Inmanss. A moralidade é um sistema de valores do qual sesultam norms que sfo consideradas corretas por uma detcrminada sociedad, como, por cxemplo, os Dez “Mandamentos, os Cédigos Civile Penal, te. ‘A lei moral ou os seus eédigos caracterizam-se por ‘uma ou mais noma, que usualmente tim por finalidade condcnar um conjunto de direitos ou deveres do individuo « da sociedade. Para que sejam exeqifveis, porém, toma- se necessirio que uma autoridede (deus, juiz, superego) 5 imponia, endo que, em easo de desobedignca, esta autoridade teré 0 dircto de castigar o ingbutor. Gert? _propée cinco normas bésicas de moral: 1) Nao mata, 2) Nie causee dor 3) NB inabaltas 14) Nao prvar da liberdade ou de. 5) Naopprivar do prazer Assim como osorre cam todos os eédigos de moral, as proibigtes vém sempre prevedidas de um ni, ficando Jmplicto que todos possuem esses desejos ¢ que cles

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