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• As personagens dividem-se em referenciais (históricas) e ficcionais.

• As referenciais pertencem à História, representam a classe dominante e o alto


clero, mas são objeto de sátira.
• As ficcionais são as personagens criadas pelo autor que interatuam com as reais
tornando-se verosímeis. São símbolo do contrapoder, do amor, do sonho e da
utopia.
• A intencionalidade do autor de Memorial do Convento é tornar memorável o
sofrimento e a dor, a tortura e a tirania exercida sobre milhares de homens que
ajudaram a construir o convento.
• A personagem central do romance é o povo trabalhador, maltratado e a viver
em extrema pobreza.
• A individualização dos nomes, pretende demonstrar que os trabalhadores eram
seres humanos com rosto e vida própria que renunciaram à sua identidade para
tornar possível a vontade do rei megalómano.

Personagens Principais:
• Baltasar
• Blimunda
• Padre Bartolomeu de Gusmão
• D. João V

Personagens Secundárias:
• Sebastiana Maria de Jesus – mãe de Blimunda – condenada a ser açoitada em
público e ao degredo pela Inquisição;
• Ludovice – arquiteto do convento, de origem italiana;
• D. Nuno de Cunha – bispo inquisidor;
• Frei António de S. José – franciscano;
• Frei Boaventura de S. Gião – padre do paço;
• José, o imperador de Áustria;
• A princesa herdeira;
• Domenico Scarlatti;
• Infante D. Francisco;
• Gabriel;
• Manuel Milheiro;
• Leandro de Melo;
• Casal Álvaro Diogo e Inês Antónia;
• João Elvas;
• João Francisco e Marta Maria;
• Povo (personagem coletiva);
• Mulheres que surgem à janela;
• Condenados pela Inquisição;
• Outros amigos e companheiros de Baltasar no trabalho de construção do
convento;

Personagens históricas:
• D. João V – Rei de Portugal entre 1707 e 1750. Durante o seu reinado, tentou
imitar o esplendor da corte de Luís XIV. Mandou construir o Convento de
Mafra, uma obra de grande importância, suportada pelas remessas de ouro
vindo do Brasil. Em Memorial do Convento, Saramago faz sobressair os aspetos
negativos deste monarca. É apresentado como um rei vaidoso, excêntrico,
superficial e adúltero. As suas relações com a rainha surgem apenas como
cumprimento de um dever. O rei simboliza o poder e a ordem, mas também a
indiferença perante o povo, que parece existir apenas para satisfazer as suas
ambições.

• D. Maria Ana de Áustria – Filha do imperador Leopoldo I de Áustria, casou


com D. João V, a quem deu 6 filhos. Ao longo da narrativa, d. Maria de
Áustria é apresentada como uma mulher devota, submissa e medrosa, que reza
novena e se culpabiliza pela falta de um herdeiro. Trata-se de uma personagem
sem grande densidade psicológica.
• Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão – Padre católico nascido no Brasil,
veio para Portugal com o objetivo de aumentar os seus estudos. Inventou a
passarola, projeto que apresentou a D. João V, despertando o seu interesse. No
Memorial do Convento representa a sabedoria, o conhecimento científico e o
sonho de voar. Conta com a ajuda de Blimunda e de Baltasar na realização do
seu sonho. Vive com medo da Inquisição, à qual consegue fugir graças à
amizade com o rei, mas enlouquece e acaba por morrer.

• Domenico Scarlatti – Compositor italiano que vive em Portugal durante algum


tempo e foi professor da infanta D. Maria Bárbara. Distinguiu-se,
principalmente como organista e cravista. Em Memorial do Convento, associa-
se ao projeto da passarola e ajuda à elevação da máquina voadora. A sua música
tem poderes curativos, pois salvam Blimunda.

Personagens fictícias:
• Blimunda de Jesus (Blimunda Sete-Luas) – Possui o dom da clarividência. Em
jejum, consegue “ver por dentro” as vontades dos outros. Partilha com Baltasar
um amor verdadeiro e sem complexos que vai contra os códigos estabelecidos.
Quando a passarola leva Baltasar, procura-o durante 9 anos, até o encontrar de
novo num auto de fé, em Lisboa. Ajuda na construção da passarola com os
seus poderes sobrenaturais, reunindo as vontades necessárias para fazer erguer
a máquina voadora. Blimunda representa a vontade de amar e acreditar para
além das evidências.

• Baltasar Mateus (O sete-sois) – Baltasar é uma das personagens de densidade


psicológica da obra. Representa a miséria e a luta pela sobrevivência, numa
época em que o rei e os clérigos subjugam o povo às suas vontades. Foi soldado
na Guerra de Sucessão Espanhola, onde perdeu a mão esquerda. Encontra, mais
tarde, trabalho na construção do Convento e conhece Blimunda num ato de
fé. Com ela partilha a mesma história de amor que serve de eixo à narrativa.
No projeto da passarola, Baltasar representa o saber artesanal, pois vai ser ele
quem vai realizar o trabalho de construção da máquina voadora.
• Em Memorial do Convento há uma evocação histórica de um espaço e tempo.
• Pretende-se reconstituir um cenário da época através das procissões, autos de
fé, cortejos, touradas, festas e outeiros.
• Os dois macro espaços fundamentais ao desenvolvimento da ação são Lisboa
(espaço da corte, do poder) e Mafra (espaço da construção).
• Os micro espaços abarcam zonas da capital e arredores. Através de algumas
datas apontadas pelo narrador é possível acompanhar a evolução cronológica
da narrativa, mas a evolução temporal é sugerida muito mais pelas
transformações sofridas pelas personagens, do que pelos marcos cronológicos.

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