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ALUNOS:

ARTHUR FERNANDES SILVA


BÁRBARA DE ARAUJO COELHO SILVA

AO JUÍZO DA TERCEIRA VARA CRIMINAL DE CEILÂNDIA - DF

MÉVIO DE TAL, brasileiro, natural de Brasília/DF, portador da Carteira de


Identidade/RG de nº 1001000 – SSP/DF, inscrito no CPF/MF de nº 001.002.003-00,
filho de Maria Bonita e Virgulino Ferreira, residente na QNN 108, conjunto Lunar, lote
5005, apartamento 02, Ceilândia/DF, por seu advogado devidamente constituído
pelo instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, apresentar suas

ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS

em razão da presente ação penal movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO


DISTRITO FEDERAL, instaurada com o objetivo de apurar a suposta prática da
infração penal contida no artigo 157, § 2º, incisos I (redação antiga) e II, do Código
Penal, fazendo-as nas seguintes razões

I – DA SINTESE PROCESSUAL:

Consta da denúncia que no dia 31 de julho de 2021, por volta das 21h20min,
em uma estrada de terra situada no KM 13 da BR 070, próximo ao balão da Polícia
Rodoviária Federal, Ceilândia/DF, o denunciado, teria agindo de forma livre e
consciente, com ânimo de assenhoreamento, em comunhão de esforços e unidade
de desígnios com um indivíduo ainda não identificado, subtraindo da vítima
FERNANDO, em proveito da dupla, mediante grave ameaça exercida com o
emprego de arma de fogo, um veículo HYUNDAI/HB20, cor branca e a quantia de
R$ 520,00 (quinhentos e vinte reais), pertencentes à vítima Francisco de Tal.
Na data acima indicada, a vítima, que trabalha como motorista do aplicativo
99 POP, teria recebido a solicitação de uma corrida efetuada por uma pessoa que se
identificou como sendo "Pablo Escobar", saindo do endereço QNN 17, conjunto C,
casa 37, Ceilândia/DF, para a Chácara Falcão, situada no KM 13 da BR 070. Dessa
forma, a vítima teria conduzido o seu veículo para a QNN 17, e lá chegando o
denunciado teria se apresentado como sendo “João de Deus”, entrado no automóvel
e se sentado no banco do passageiro dianteiro, enquanto o seu comparsa ainda não
identificado se sentara no banco traseiro.
Durante o trajeto, ao se aproximarem de uma estrada de terra situada na BR
070, próximo ao balão da PRF, os criminosos teriam anunciado o assalto, ordenando
à vítima que parasse o veículo. Em seguida, o indivíduo não identificado teria
apontado uma faca no pescoço da vítima, enquanto o denunciado, após retirar a
chave da ignição, também teria aproximado uma faca na barriga da vítima e
subtraído os valores mencionados.
Recebida a denúncia pelo juízo, o Réu foi citado para oferecer resposta à
acusação, oportunidade em negou a prática do crime e arrolou como testemunha a
pessoa de Pablo Escobar, com a condição de imprescindibilidade.
Na data da audiência de instrução, ocorrida em 01/08/2022, a testemunha
Pablo não compareceu e, mesmo com a insistência da defesa, o juiz dispensou a
oitiva da testemunha.
Também na audiência de instrução a vítima Fernando teve dúvida quanto ao
reconhecimento de Mévio, por ter se passado muito tempo da data do fato, como
ainda, negou a participação de mais um criminoso.
Também esclareceu Fernando que a arma usada era claramente uma arma
de fogo falsa, um simulacro.
O veículo objeto do roubo foi avaliado em R$ 30.000,00 e ainda não foi
recuperado.
Não tendo sido requeridas diligências na fase do 402 o juiz abriu vista para o
MP e após a manifestação da acusação intimou a defesa para se manifestar.
A data da intimação foi dia 01/09/2022.

II - DA PRELIMINAR DE MÉRITO

Cabe primeiramente solicitar que este juízo reconheça a nulidade de todos os


atos praticados após a da decisão que dispensou a oitiva da testemunha de defesa,
Pablo Escobar, considerada imprescindível, em função de se configurar na
inobservância do princípio constitucional da ampla defesa.
Dessa forma, é fundamental para que seja garantido o princípio da ampla
defesa ao denunciado, que este juízo determine a citação e posterior exame das
declarações prestadas pela testemunha do denunciado, para prolação de nova
sentença, com as devidas reservas legais.

III – DO DIREITO:

Em relação à denúncia com base no artigo 157, § 2º, inciso II, do Código
Penal, entende-se que é papel inescusável da acusação apresentar a justa causa
para a condenação, deixando clara a autoria e materialidade e do fato típico, o que é
óbvio que não ficou comprovado nesse processo, pois que primeiramente a
acusação informa que foi empregada arma de fogo:
“(...) mediante grave ameaça exercida com o emprego de arma de fogo (...) ”

Em seguida, o Ministério Público registra que o denunciado teria aproximada


uma faca na barriga da vítima:

“(...) enquanto o denunciado, após retirar a chave da ignição, também aproximou


uma faca na barriga da vítima (...)”

Por fim, a própria vítima sequer tem certeza de que o denunciado é de fato o
praticante do suposto crime e negou a participação de mais um criminoso,
afastando, de uma só vez, a certeza da autoria em relação ao denunciado e o
agravante prescrito pelo art. 157, § 2º, inciso II, do Código Penal:

“(...) a vítima Fernando teve dúvida quanto ao reconhecimento de Mévio, por ter se
passado muito tempo da data do fato, como ainda, negou a participação de mais um
criminoso (...) “

Por tudo que foi visto, considerando a falta de indícios razoáveis de


materialidade e autoria em relação às denúncias postuladas pelo Ministério Público,
entende-se que o denunciado deve ser absolvido, conforme art. 386, V e VII, do
Código de Processo Penal, por ausência de provas suficientes para a condenação.

Em atenção ao Princípio da Eventualidade, caso Vossa Excelência entenda


pela condenação do Acusado, essa defesa pede pelo pelo afastamento da
majorante de emprego de arma de fogo, prevista no inciso I, do § 2º, do artigo 157
do Código Penal
Ocorre que uma das tipificações realizadas pelo Ministério Público na
denúncia foi em relação ao artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, sendo que
com o advento da lei 13.654, de 2018, o inciso I deixou de vigorar no Código Penal,
dessa forma considera-se que este juízo deve absolver o réu em relação à acusação
com base no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, sendo aplicado o previsto no
art. 386, III do CPP.

A majorante do artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal foi revogada pela
Lei nº 13.654/2018, que alterou o Código Penal, inserindo a mesma majorante no §
2-A, inciso I, do artigo supracitado, mas agora aumentando a pena em dois terços.

Considerando que o suposto crime ocorreu em 31.07.2021 e que a lei 13.654 foi
promulgada em 23.04.2018, não se pode aplicar a nova majorante do § 2-A, inciso I, face ao
Princípio da Retroatividade da Lei Penal mais Benéfica, insculpido no artigo 5º, inciso XL, da
Constituição Federal de 1988.

IV – DO PEDIDO:
Por fim, mediante aos fatos aqui expostos, requer-se:

a) que o denunciado seja absolvido, na forma do art. 386, V e VII, do CPP, por
ausência de provas de autoria e materialidade, conforme fatos já trazidos a estes autos;
b) Em caso de condenação, que seja afastada a majorante de emprego de arma de
fogo, prevista no inciso I, do § 2º, do artigo 157 do Código Penal, ante a sua revogação pela
Lei nº 13.654/2018, e consequentemente, pelo Princípio da Retroatividade da Lei Penal mais
Benéfica, insculpido no artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal de 1988; e
c) a produção de todas as provas admissíveis em direito, em especial a tomada das
declarações da testemunha já arrolada, o que desde já, pugna para serem intimadas a
comparecer em Juízo.

Nestes Termos. Pede e espera Deferimento.

Ceilândia, 09 de setembro de 2022.

(NOME DO ADVOGADO)

Advogado – OAB/UF: 0000

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