O conto, “OS ANÕES” aborda de maneira indireta uma questão social,
onde desde titulo os protagonistas são apresentados como minoria. Ou seja, a história se passa com um casal de anões que se beneficiam da estatura para furar filas e são denominados exageradamente de “pigmeus”, e “ela batia na cintura dele” o que reforça a maneira como são tratados em todo o conto. “O casal usa do seu tamanho para sem-vergonhosamente furar fila” foi o que desencadeou os xingamentos do narrador e o aumento da inquietação das outras pessoas da fila que poderiam defender o casal, mas pelo contrario, começaram a contribuir para o abuso. Observa-se que o autor utiliza-se do espaço urbano, onde toda a ação acontece em uma confeitaria, com o narrador em 1˚ pessoa, que está dentro da história e constrói o seu relato, segundo o seu ponto de vista. O tempo é marcado pela ação cronológica, pois transcorre na ordem natural dos fatos no enredo, isto é, do começo para o final. Os personagens são anônimos, exceto o Arístidis que acompanhava sua neta, personagem esse controverso, já que deveria ser exemplo para sua neta e a Silvia sinônimo de autoridade e respeito por ser dona da confeitaria e demonstrar poder. “Casal - nem te ligo” expressão usada pelo narrador para descrever o fato do casal não estarem nem um pouco preocupados com a demora na prova dos doces. Aborrecidos de tanto verem a atitude do casal, revoltam-se contra eles, e geram uma ação pouco presenciada na atualidade, pois muitos resmungam com os “furões de filas” mas raramente se presencia tal barbaridade. Observa-se que a ação presenciada na confeitaria e natural pela atitude da atendente que preocupa-se apenas com a chegada da Silvia, a patroa e não com o ato de violência explicita com uma minoria incomum naquele ambiente,“Gente, disse ela, dá para parar com isso que a dona Silvia vem chegando, estou vendo ela dobrar a esquina.” Esse e o momento onde acontece todo o “clímax” do conto. A naturalidade com que os personagens participam dessa ação absurda e que o narrador preocupa-se apenas com a sujeira no chão num ambiente doce, aonde as pessoas vão à procura de saciar seus desejos subverte totalmente a situação e trás a realidade corriqueira da sociedade atual onde pouco se faz pelo outro, e a sociedade se cala diante de uma situação como essa. O conto traz a reflexão que a sociedade cada vez mais se cala à frente de situações como esta, “os anões” poderiam ser defendidos pelo fato de serem minorias, mas pelo contrario causaram um repúdio nas pessoas. Diante desse estranhamento do conto, é possível relacionar com o que muitas pessoas vivem onde calamos a nossa voz, não incentivando à violência, mas esmagando o medo que temos em exigir os nossos direitos.