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CAPITULO 4 A Africa na histéria do mundo: © trafico de escravos a partir da Africa e a emergéncia de uma ordem econémica no Atlantico LE Inikori No Mediterraneo Antigo, certamente houve, porém, de forma isolada, vendas de escravos desenvolvimento, de forma significativa, da exportagio de eseravos provenientes da Africa negra rumo ao resto do mundo!, Esse trafico atendeu principalmente a regio em torno do Mediterrineo (inclusive a Europa Meridional), o Oriente Médio ¢ algumas regides da Asia. Tal comércio durou varios séculos, haja vista que somente se extinguiu no comego do século XX. Todavia, as “quantidades” anuiais assim exportadas nunca foram relevantes. Por outro lado, a partir do momento em que 0 Novo Mundo, apés a viagem de Cristévio Colombo, em 1492, abriu-se & explorasao européia, um trifico de escravos afticanos, envol vendo mimeros muito maiores, se superpés a0 antigo trifico:trata-se do trifico ‘ransatlantico de escravos, praticado do século XVI até meados do século XIX. Os dois trificos perpetuaram-se simultaneamente durante quase quatro séculos arrancaram milhoes de afticanos de sua pitria. Até hoje, o papel desse comér- cio no desenrolar da histéria mundial ainda nao foi devidamente evidenciado. Vale observar que 0 trifico de eseravos nao se limitou a Aftica. De fato © mundo conheceu desde o Império Romano a escravidio e o trifico humano em larga escala, Os documentos histéricos permitem facilmente constatar que riundos da Africa subsaariana, mas somente no século IX ocorreu 0 TRA Aone, 1979; R, Maun, 1971, 92 Acad elo x00 001 todos os povos do mundo venderam como eseravos, em regides longinquas € no curso de uma ou outra época, alguns de seus conterrancos. Aprendemos, assim, que a missio enviada no século VI para converter 0 povo inglés 20 eristianismo estava ligada a venda, no mercado de Roma, de criangas inglesas, vitimas das freqiientes lutas entre os povos anglo-saxées que vendiam, como escravos, os prisionciros capturados durante scus combates*, Situasio idéntica verifica-se em outros territérios europeus. Durante séculos, as etnias da Europa Oriental ¢ Central (¢, sobretudo os eslavos, cujo nome deu origem a palavra “escravo") forneceram escravos a0 Oriente Médio e & Africa do Norte. ‘Todavia, do ponto de vista da histéria mundial, o comércio de exportasio de escravos africanos, especificamente no quadro do trifico transatlantico, repre- senta, sob virios aspectos, um fenémeno tinico, Sua prépria amplitude, sua extensio geografica e seu regime evondmico — em termos de oferta, emprego de escravos ¢ dos negécios com os bens por eles distintivos do trifico de eseravos africanos comparativamente a todas as outras roduzidos — sio os tragos formas de comércio de escravos. A dificuldade em determinar o seu exato papel na histéria do mundo esta dirctamente ligada a questio das origens historicas da ordem econémica mundial contemporinea. A controvérsia que tal questio suscita depende de alguns fatores: em primeiro lugar, da tirania exercida sobre os pesquisadores, por diferentes para- digmas que condicionam seus respectivos modos de pensar; em seguida, do efeito das influéncias politicas sobre as teses dos cientistas; enfim, da inexatidao tocante as informagées colocadas ao dispor de muitos estudiosos. A titulo de exemplo, Jembraremos as opinies de alguns eminentes cientistas sobre esse tema Em sua anilise sobre as origens hist6ricas da ordem econémica internacional, © economista negro W. A. Lewis, agraciado com 0 prémio Nobel por scus tra- balhos, afirma que “teria sido minima a contribuis0 do Terceiro Mundo para a Revolugao Industrial da primeira metade do século XIX™. Na perspectiva inversa, ou seja, relativamente aos efeitos da evolusio da economia internacional sobre as economias do Terceiro Mundo, Bill Warren declara: “Nada comprova que um processo qualquer de subdesenvolvimento tenha ocorrido nos tempos modernos, em particular desde que o Ocidente se impés frente aos outros continentes. 2 Relive que wm mange romano a ver um dia una rang ingles vendida no mercado de Roms, cou ctistecido ao aber que oF ingesesnio era cristo, Mais ae ese mong, ques torn papa sob ‘nome de Gregénio © Grande ondenou qe, er 596, xm grop de monges foie evangelize © ovo inglés Ver Cains 1971, 9 5, 3 W.A Lewis, 1978, p.6 ‘A Aca na tra do mada % Antes, 0s fatos tenderiam a fortalecer uma tese oposta a saber, que um processo de desenvolvimento interveio, 20 menos desde a revolusio industrial inglesa, de forma acelerada, comparativamente a todos os periodos anteriores, cujas origens encontram-se diretamente ligadas 4 influéncia do Ocidente [...}" Por sua ver, em uma perspectiva politica, PT: Bauer, especialista em economia do desenvolvimento, declarou: “Ao accitar as eternas acusagdes que o identificam formalmente como o responsivel pela pobreza do Terceiro Mundo, 0 Ocidente apenas expressou ¢ cultivou seu sentimento de culpa. Eis o que enfraqueceu a diplomacia ocidental, tanto junto a0 bloco soviético, muito mais ofensivo no plano ideol6gico, quanto no Terceiro Mundo. Dessa forma, o Ocidente veio a se rebaixar pperante paises com insignificantes recursos e sem verdadeiro poder: Porém, pode- se comprovar que essas alegagées carecem de fundamento. Elas s6 so aceitas sem discussio porque o piblico ocidental nao conheve coneretamente 0 Terceito ‘Mundo e, também, em razio de um sentimento de culpa bastante difundido. O Ocidente nunea se deu tao bem, 20 passo que nunca se sentiu to mal” This opinides, sob hipétese alguma majoritarias, encontram-se, contudo, na obra de virios autores estudiosos do tema. Podem-se destacar, em cada uma des- sas opinides, tragos dos trés fatores acima mencionados, mas é particularmente notivel constatar que nenhuma delas leve em consideragio o trafico transatlin- tico de escravos afticanos. Tal omissao, bastante freqiiente nos estudos sobre as origens histéricas da ordem econdmica mundial contemporanea, talvez se deva a0 fato dos historiadores do trifico de escravos africanos nao terem encarado seus efeitos em escala mundial Neste capitulo, tentaremos analisar as consequéncias do trifico negreiro no contexto evolutivo da ordem econémica mundial, a partir do século XVI, com o objetivo de melhor compreender as questdes econdmicas internacionais de nossa época. Pode-se definir a ordem econémica como um sistema singular de relagées econémicas, englobando varios paises aos quais tal ordem, simultaneamente, atribui fungbes e concede recompensas, através de mecanismos proprios a uma rede de trocas comerciais. Em seus diferentes paises membros ou sub-regides, © desenvolvimento desse conjunto de relagdes econdmicas internacionais gera ‘uma evolugdo nas estruturas econémicas, sociais ¢ politicas, permitindo a esse sistema continuar funcionando unicamente pelo jogo das forgas de mercado. Ao alcangar este ponto, o sistema néo pode mais softer importantes modificagses, 1B Waren, 1980, p 113, 5 PT Baves, 881,966 ‘A Aca na tra do mada 95 sendo por uma intervengio politica deliberada, eventualmente ocasionada por mudanga de regime, em um ou mais paises que o compéem. Partimos, aqui, da ideia segundo a qual uma primeira ordem econdmica, atribuidora de coesio a grande parte do mundo ¢ composta por vitias regi6es ~ Europa Ocidental, América do Norte, América Latina, Antilhas e Africa ~ apa~ receu no século XTX, na zona do Atlantico. A Europa Ocidental e, mais tarde,a América do Norte formaram o centro dessa ordem, ao passo que a perileria era constituida pela América Latina, pelas Antilhas ¢ pela Africa. Tal configuragio tragou o perfil das estruturas econémicas, sociais e politicas dessa ordem. A extensio, nos séculos XIX ¢ XX, da ordem econémica atlantica a Asia e ao resto da Europa resultou na ordem econémica mundial moderna que, desde entio, 36 softeu mudangas, por assim dizer, de pequena envergadura, Vale observar que, mesmo no mbito da ordem ampliada,a posigio central ou periférica das regises que a compéem permaneceu inalterada, comparativamente ao século XIX. A evolugao dos séculos XIX ¢ XX somente acrescentou um ou dois novos territ6- sios aos dois centros, enquanto a periferia se estendeu consideravelmente. Nesse capitulo, tentaremos, sobretudo, demonstrar que o trifico de escravos da Africa teria sido um fator primordial para 0 advento da ordem econémica atlintica do século XIX. No desenvolvimento desse argumento, buscaremos, por ‘um lado, evidenciar 0 papel desse trifico e da escravidio praticada na América, no quadro da transformasio capitalista da América do Norte e da Europa Oci- dental (particularmente da Gri-Bretanha), além de, por outro lado, ressaltar a influéncia desses mesmos fatores no surgimento de estruturas de dependéncia na América Latina, no Caribe ¢ na Africa, por volta de meados do século XIX. Por falta de espaco e em razio da extensio da zona considerada, nao seri possivel entrar em detalhes na questio das sub-regides. Portanto, a anilise centrar-se~é essencialmente sobre os grandes problemas gerais. Metodologia Quando se trata de estudar a sociedade, defrontamo-nos com uma questio capital, prejudicial A comunicagao entre especialistas ¢ eventualmente geradora de violentas divergéncias, a saber, a questio relativa a definisio dos quadros de refe- sréncia conceituais, diferentes em fungdo de cada pesquisador ¢ criadores de uma perspectiva distinta no tocante as mesmas realidades sociais. Bis 0 que explica,em grande parte, as controvérsias em que se perdlem as discusses sobre 0 subdesen: volvimento ea dependéncia e das quais encontram-se indicios nas opiniGes acima 96 Acad elo x00 001 citadas, Na base dessas divergéncias, destace-se a qu cou nfo, para as necessidades de anilise, considerar as mudangas sociais como um. conjunto. Na pritica, a atitude dos pesquisadores a esse respeito parece depender, para muitos dentre eles, do arcabougo conceitual colocado & sua disposigao, Por um Ido, aplica-se uma visio indiferenciada sobre todas as mudangas sociais, conside- radas como fontes de desenvolvimento econémico ¢ social, Por outro lado, particu Iarmente junto aos teéricos do subdesenvolvimento e da dependéncia, as mudangas sociais diferenciam-se, entre si, em fungio dos caminhos por elas tomados, um deles levando 20 desenvolvimento econdmico e, 0 outro, 20 subdesenvolvimento © a dependéncia. Todavia, em ambos os casos, tratam-se de mudangas ¢ podem, portanto, servir de estudos em uma perspectiva historica No que diz respeito aos processos histéricos que levaram ao estado atual das economias nacionais do mundo, a visio indiferenciada sobre a mudanga social revela-se incapaz.de oferecer uma explicagio satisfatéria, Todas as sociedades sofreram mudangas a0 longo dos séculos. Se qualquer mudanga social levasse, afinal de contas, a0 desenvolvimento econémico, a maioria das economias do mundo deveria estar agora desenvolvida, Ora, segundo todas as definigdes reconhecidas do “desenvolvimento econémico’, apenas algumas delas podem atualmente ser consideradas consolidadas. Em sua grande maioria, essas socie- dades ainda se encontram em uma situagio a partir da qual somente podem desenvolver-se, um dia, através de medidas absolutamente dristicas, tais como aquelas tomadas pela Riisia stalinista ou pela China. Por conseguinte, a0 longo dos séculos, as mudangas sociais que conduziram essas sociedades a sua atual situagao representam um fendmeno diferente daqueles referentes & processos de desenvolvimento, Trata-se de um processo histérico que, segundo alguns analistas, possui caracteristicas de um processo de subdesenvolvimento ¢ de dependéncia, que podem ser distinguidas do processo de desenvolvimento. Examinemos de perto a abordagem dos tedricos do subdesenvolvimento ¢ da dependéncia A mudanga social esta na base da estruturayo social e politica. Uma certa combinasio das estruturas econémicas, sociais ¢ politicas favorece o desen- volvimento econdmico, mas outros pelo contriio constituem obsticulos. Os pro- cessos de mudanga social que engendram estruturasfavoraveis ao desenvolvimento devem ser vistos como processos de desenvolvimento, a0 passo que 0s outros seriam os geradores de estruturas que constituem, de forma definitiva, entraves a esse mesmo desenvolvimento, Esses obsticulos, unicamente superaveis mediante intervengdes politicas rigorosas, devem ser considerados como processos de sub- desenvolvimento e de dependéncia. Portanto, é possivel distinguir, analiticamente, trés tipos de economias: nao desenvolvida, descnvolvida ¢ subdesenvolvida stao de saber se € conveniente, (A Ace na itr do mando 7 Para o entendimento da anilise a seguir, ¢ preciso definir esses trés termos. Por economia desenvolvida, entende-se uma economia que possui sélidas liga- ‘gdes internas, estruturais € setoriais, apoiando-se em uma técnica evoluida e em estruturas sociopoliticas as quais permitem um crescimento autonomot. A. expressio “economia subdesenvolvida e dependente” significa, por sua vez, uma economia privada de articulagées estruturais ¢ setoriais, em fungao da existéncia de certas estruturas internas, herdadas de relagdes internacionais anteriores cuja znatureza torna extremamente dificil, senio impossivel, a implementagio de uma técnica evoluida e de sélidas ligagdes internas, setoriais e estruturais, gerando assim uma situagdo na qual a expansio ou a contragéo da economia depende inteiramente do exterior” Por fim, a economia nao desenvolvida ¢ aquela que nio possui, nem as estru- turas do desenvolvimento, nem tampouco aquelas do subdesenvolvimento e que permanece, portanto, livre para facilmente tomar tal ou qual diresao, em funsio do tipo de oportunidade apresentadat Para entender os efeitos globais do processo de criasao da economia interna~ ional, é necessério atenciosamente estudar, nas diferentes economias em ques- ‘tao, o tipo de estruturas econémicas, sociais ¢ politicas geradas por esse processo. Em seguida, poder-se-a determinar quais dente essas estruturas correspondem ao desenvolvimento, ou em contririo, a0 subdesenvolvimento ¢ 4 dependén- cia. Para isso, é particularmente iitil recorrer a uma importante hipétese dos tedricos do subdesenvolvimento ¢ da dependéncia, segundo a qual, na época ex ligapescxrurris, etendemne aquels que exter, no iteior de um str mato «ida, cue a exeagia mini, a indsta de bens de equpamento ea sadistia de bens de eonstine. Pot lgagoes storia refenimo-nosaligardes ent osetor insta eine a acl, os eamsportes ‘comer, Para que una economia posa ser qualifcaa comm desenvoligs,€ preciso que o dierent: amor da indtna evteum plenamentedeseavolidor igados ene que tdoro#setores da eo romiaeejam rldamente integrador Tatar do nico mio para manter om cescimento st8n0mo elimina a dependéne Deve-editinguirastuagto de dependénca total em lap a0 exterior dagula de icerdependencia ue as econoanaspertencentes sistema de comecio mundial, Como aim T dos Satos (1973p 176): "Uma relazn de interdependéncia ene dus ou viias economias ou entre ess economas tema comerel mun tms-e uma relpo de dependéneia quando sgsns paves podem imp tarde forma tithorns Fin expania, quite ers, encmtrando em snp de dependant, peas poder garrison do pair dominaes [1 5 Nio se deve confindir eve tipo de economia com at economiaseubdecenolide.B, Warten (1980, 149) ers caramenteenganado 49 afrmar que “nio €necessicio abandonar ails eogundo a qual 9 ‘nbvdacrvelvimeat conse mo mete de desenelvient, meie ea roe de pobre enw $e an pes cpleiseas elie’. Ainds en wea perspective tee tro etbdesenvelrents Tomente adquie seu pene sentide quando derigna um process de ranforcario capitalabloqueado «,consegieatement,naabado, Esa stuaglo no pode vr asada a eta de sto natal ub jizente dnopto de no-deseavlviments 98 Acad elo x00 001 ‘mercantilista?, a transformagao capitalista, nos paises que formariam os nédulos centrais da economia mundial em formagio, produziu, simultancamente, uma consolidaso e um novo prolongamento das formasées sociais pré-capitalistas, nos territérios convocados a formarem a periferia™ Se isto fosse verdade, o desenvolvimento dos paises nas zonas centrais teria produzido simultaneamente as estruturas de dependéncia ¢ subdesenvolvimento na periferia. O presente capitulo organiza-se em torno desta hipétese para confronti-la aos fatos histéricos. ‘A. amplitude do trafico dos escravos africanos Nio € possivel avaliar, com exatidio, o papel histérico mundial do trafico de escravos da Africa, sendo através de uma estimativa, a mais préxima possivel da realidade, do volume desse comércio ao longo dos séculos. A esse respeito, consideraveis progressos foram feitos, a partir de estimativas publicadas em 1969, por P. D, Curtin", na avaliagao de sua parte mais importante, isto é, 0 ttifico transatlantico, Desde entio, outros especialistas publicaram resultados de pesquisas detalhadas, apoiando-se em diferentes elementos de tais estimativas. A tabela 4.1 oferece uma comparaso dessas estimativas com aquelas de Curtin, para os componentes correspondentes". Essa tabela permite igualmente constatar que todos os resultados das pesqui- sas efetuadas, desde 1976, tendem @ comprovar a subestimagao dos niimeros de Curtin. Grande parte do tréfico transatlantico de escravos ainda nao foi deta- Thadamente estudada, As pesquisas dedicadas, por David Eltis, as importagdes brasileiras de escravos, entre 1821 ¢ 1843, mereceriam ser estendidas aos sécu- los XVI, XVII e XVIII. O volume das exportagées de escravos realizadas pela Gri-Bretanha, nos séculos XVI e XVII, ainda nio foi alvo de uma contagem minuciosa, © mesmo verifica-se no tocante a varias outras partes do trifico. 90 periods 1500-1800 ¢ habitualmenteconsierado como a ea do mercantlemo, marca een ‘aente pea its ene pies da Europa cident pla dominasie, om seu exch pre do ‘omdrie sundial coo em plea expanse. 101 Segundo anise de Mary, formasSes cise prt-apitlisa ef constinias plo miso de produsso ‘omits primi, pelo modo de prodapio antigo, pelo mado polo mode de prodore esa, Exist lg tras vrenet do rondoe de prodoyanpé-coptaivn. Fr ua anise doe problemas clocadoe plas ovens sociispré-cptairas, er. . Taylor, 1978 11 PLD.Cursin, 196, 12. JE lnk, 1976, PD. Custin, Anstey |. E- lis, 1976 prods bareado no eseratem ‘A Aca na tra do mada % ‘Nimero___Niimero estimado cstimado de por Curtin sobre o cscravos _mieemo componente Poreentagern dediferenga Componente Autor cextimad Exportagies britnieas JEtnikori EMMIS 3699572 2.480 0008, 492 1701-1808, Imporeagdes cspanholas 1521-95 Importagses cspanholas 1595-1640 CA. Palmer 73.000 51 30006 23 E. Vil Vilar 268 664 182 600 1026 Tmportages espanholas 1500-1810 LB. Rout Je 1500 000 925 100d a Exportaes D. his 1977 “ 1485 000 1 104 9508 344 1821-43, Inmportasaes Dipti 1979 le g29 100, 637 000 30 121-43 Exports sransatlanieas D.Blss 1981 539 584g 18-67 Exportagsee francesas 1713-9215, TE Inikon, 1976 P D, Curtin, 1969, bela, p14 [LE Inikr, 1976, PD, Cotn, 1969, tabla 8,25 B.D, Curtin, 1969, abla 5.0.35, PD. Curtin, 1969, bela 7p 268. PD. Curtin, 1958, bela 87, (9.234) etabela 80 (p. 280), P.D. Cunt, 1958, abla 87, (288) e bela 80 (9.280), P.D Cant, 1968, able 67,(p 234) e abla 80 (280) PD Carin, 1969, ela 49, 170, Fonte} Eiko 1976; CA Palmer, 1976, DP. 2-2; E, Vila Vil . Bits, 1977, 1979, 1981; R Stein, 1978; PD. Cin, 1968 R Stein 1140257 939 1008 4 1977b,PP.206-9: 1B Rout 1976 ‘Taaria 4 Eatimativado volume do eiScotransatnico de csrvos,seainadn desde 1976, 100 Acad elo x00 001 ‘Quando essas pesquisas consumarem-se, poderemos dispor de niimeros globais inteiramente sustentados pelos trabalhos de especialistas. Todavia, as estimativas resultantes das pesquisas realizadas, desde 1976, fazem nitidamente aparecer uma configuragio que nos permite inferir, razoavelmente, estatisticas para 0 conjunto desse comércio. A respeito dessas estimativas, importa destacar sua abrangéncia sobre todos os séculos nos quais 0 volume do trifico fora relevante. Portanto, as mais substanciais revises para cima a serem feitas, a respeito das estimativas de Curtin, devem referis-se, sobretudo, aos séculos XVI ¢ XVI, épocas para as quais estudos mais detalhados ainda sio necessérios. Em funcio da amplitude e da disteibuigao das corregées que se impuseram, apés as pesquisas realizadas a partir de 1976, uma revisio de aproximadamente 40% para cima, nos niimeros globais de Curtin, levaria a um nivel razoavel mente préximo do real volume do tréfico transatlantico, O total, da ordem de 11 milhées de escravos exportados, a0 qual chegaram as estimativas de Curtin, passaria assim a 15.400.000" No que diz respeito ao trifico pelo Saara, pelo Mar Vermelho ¢ pelo Oce- ano Indico, as estimativas disponiveis nio sio tio confidveis, pois se baseiam em um conjunto de dados menos fidedignos, com excesio, todavia, daquelas de Raymond Mauny'e Ralph Austen, Mauny contabiliza 10 milhaes de escravos para o periodo 1400-1900 ¢ Austen chega a um total de 6.856.000 para o peri odo 1500-1890, ou seja, 3.956.000 para o trfico transaariano e 2,900.00 para o trifico do Oceano Indico ¢ do Mar Vermelho. Em seu conjunto, as estimativas de Austen aparentemente sustentam-se em bases mais confidveis e devem, con- seqiientemente, gozar da preferéncia ante aquelas de Mauny. Assim, em termos gerais, chegamos a aproximadamente 22 milhées de individuos exportados da Africa negra em diregio ao resto do mundo, entre 1500 ¢ 1890. 15. Paul Loveoy dew uma interpretaio, no minimo supreengente, dos rerstados dees pexquita, Ao invés de exaainar a coniguario da revises proveientes de tals prqusese de proceder por inferar ‘Gh eras, cle velo delas tn contnto cacti de mmeod, istia-oe aoe meres de Crt ‘so revisalo (que constitu uma importante proporgia do ttl) echega 29 que ele Jenorina um “ora etna". Segundo el, era nova eotinatvnconGena a exatdio dae pameiay estas de (Curia, Ver PE. Lovejoy, 1982, Alen dos eos de aprecago de sua slo, ofato mai curov de sua “estmativs" conse no exaprego dos xmeror de Curtin pra confsmmar a cxiio de seus peopior nicer Into € snda mas curoeo te conrideratos ae pesquet cealizadas » parc de 1976 3 quit Aemonstram que, sem Avda agen, os nimeroeproporos por Cin, paso periodo anterior 31700, so sqoces maretedones da nls oportntes rests pra eva, Oracles tame soos as udos ‘por Lavejoy. Em sins opin sen metodo van & recomendirel Se Formos obxigdos a ser aiocrot ‘obsis cm vows dives trabalos, antes ds peequtas neces teem eras a cabo, mclor & {corer inferénla estate comm bare en rela de peouiss wae scenes, 14 R.Mauny, 1971. 15 RA Austen, 1979 ‘A Aca na tra do mada 201 A transformagao capitalista da Europa Ocidental e da ‘América do Norte a época da escravidio e do trifico de escravos No momento do desembarque de Cristévio Colombo nas Antilhas, em 1492, as economias da Europa Ocidental cram, por definisao, subdesenvolvidas, A agricultura de subsisténcia e o trabalho artesanal independente permaneciam as atividades econdmicas dominantes, isso em azo da proporsio da populagio ativa nelas envolvida, As atividades manufatureiras faziam parte, ainda integral- mente, da agricultura e, apenas parcialmente, ocupavam uma mio de obra agri cola consumidora direta da maior parte de sua produgao. As estruturas sociais ¢ politicas faziam com que a distribuigio do produto social se encontrasse ainda regida por mecanismos de coergao extraecondmicos. Contudo, durante trés ou quatro séculos, antes da chegada de Colombo ao ‘Novo Mundo, a Europa Ocidental passou por algumas importantes mudangas estruturais, Na Idade Média, o crescimento da populasao ¢ sua redistribuigio regional estimularam consideravelmente o comércio inter-regional e interna~ cional, Conseqiientemente, tais fatores também permitiram importantes trans formagées institucionais em certo niimero de paises!*. Durante esse periodo, a produgao voltada para os mercados interno ¢ externo dos paises da Europa Ocidental cresceu, enquanto a produsio de subsisténcia comegava a declinar. Inovagées importantes foram introduzidas na organizaga balho, de tal forma a racionalizar o seu uso e, mais especificamente, o direito de propriedade fundiaria, Tais mudangas acompanharam-se de certa evolugéo nas estruturas sociais. Todos esses novos eventos, ocorridos entre o fim da Idade ‘Média ¢ 1492, contribuiram amplamente para permitir as economias da Europa Ocidental gozar das possibilidades ofertadas pelo advento do sistema atlantico, apés 0 desembarque de Colombo nas Américas. Nitidamente, todas as economias da Europa Ocidental participaram das :mudangas ocortidas a partir do fim da Idade Média, porém, de forma bem diferente segundo os paises. Foi a Inglaterra que, gragas a0 comércio da li e& expansio demo _gtifica, sofreu as mais notaveis mudangas observadas durante esse periodo” 1o das terras e do tra 16 Purauma esimubnte discuss sobre estas mangas ver D.C. Nosthe R.P"Thoras, 1970 « 1973; D. C-North, 1981; K'S. Lope 1976; DB. Grigg, 1980 Nio podem esqucero debate aberto sabre 0 tema por R Brenner, 1974] Ps Cooper 1978; M, Portan «Hatcher, 1978: P Crost« D, Pater, 978;H Wander, 1978; F. Le Roy hadune, 1978; G. Boi, 1978; R Brenner, 1982 17 J.EsIniri 1984 mm Acad elo x00 001 Em resumo, se quisermos melhor entender o ocorrido entre os séculos XVI © XIX, existem dois elementos a serem destacados quanto & evolusio da Europa Ocidental 20 longo dos séculos anteriores 20 advento do sistema atlantico Por um lado, a comercializasao de produtos oriundos da atividade econémica alastrou-se por toda Europa Ocidental, consolidando assim a leis de mercado ~ 0 que explica a facilidade com a qual as influéncias foram absorvidas, direta ¢ indiretamente, por todos os sistemas econémicos da regio. Por outro lado, muito sensiveis de um paisa outro, os diferentes niveis das mudansas institucio- nais desse perfodo estavam ligados a novas diferencas, relativas &s possibilidades de acesso is perspectivas oferecidas pelo sistema atlantico, 20 longo dos séculos seguintes. Iso explica a desigualdade nos ritmos de transformagio capitalista nos paises da Europa Ocidental, entre os séculos XVI e XIX. Para analisar o impacto do nascente sistema atlintico sobre as economias da Europa Ocidental, convém distinguir dois perfodos: de 1500 a 1650 e de 1650 a 1820. Durante o primeiro periodo, as economias eas sociedades da regio atlantica ainda nao possuiam as estruturas necessérias para que as forgas presentes no mercado assumissem totalmente o funcionamento de um sistema econdmico \inico, capaz. de dividie fungSes e lucros entre seus membros. Conseqiientemente, a Europa Ocidental usou sua superioridade militar para adquirir © dominio sobre 0s recursos de outras economias e sociedades da regio. Em razio disso, © processo de transformacio da Europa Ocidental, niciado antes de Colombo, prosseguiu mais tarde, aproximadamente segundo 0 mesmo modelo, ou seja, a rmaioria das trocas internacionais de mercadorias ocorsia dentro da Europa, pois que as riquezas do resto da zona atlntica no custavam nada, ou quase nada, & Europa Ocidental A época, sobretudo 0 ouro e a prata vieram a inundar a Europa Ocidental Provinham principalmente das colénias da América espanhola, pois 0 comércio do ouro no oeste-africano enfraquecera-se & medida que o trilico de escravos ¢ a escravidéo se ampliavam, Uma vez trazidos a Espanba, a prata ¢ 0 ouro do Novo Mundo eram distribuidos por toda Europa Ocidental (as quantidades importadas entre 1503 ¢ 1650 figuram na tabela 4.2). A colocaso em circulagio do metal precioso como moeda de trova ace~ lerou o processo de comercializacao nas atividades econdmicas da zona. E a interagio entre 0 rapido aumento deste fluxo financeiro e a expansio demo- gréfica contemporinea que produziu o fendmeno conhecido, na histéria euro- péia, sob o nome de revolusio dos presos no século XVI. As condigdes assim criadas desempenhariam um papel particularmente importante no advento ‘A Aca na tra do mada 103 Prat (02) 322859 5256 172.453 3 040 373, 510.268 6.263 639 80 323, 10 692 168 1508 361 33.258 031 406 740 39 456 766 332595 1581.90 74.181 368 426 881 1591-1600 95.507 751 686 107 1601-10 78082 734 414.959 1611-20 77 328 761 312383 1621-20 75 673829 137214 1631-40 49 268 753 43739 1641-30 37.264 124, 54639 Fonte: ©.M, Cipalls, 1976p 210, baveada en EJ. Han, 1994, p42 [Nota A extensé do contabande ra tania que ot nimero ofits mente poder dar un indicgo ds enagninude di importagtes “Taakia 42 Quantdade de oar e pats importa para « Eran da agricultura capitalist na Europa Ocidental e, mais especificamente, na Inglaterra" ‘A importagio do metal precioso americano também influiu no forte aumento das trocas internacionais na propria Europa. Os espanhéis ¢ seus navios eram os \inicos legalmente autorizados a transportar mercadorias com destino 3 América espanhola ou dela provenientes, Cadiz ¢ Sevilha constituiam os dois tinicos portos do continente onde era possivel embarcar € desembarcar. Além disso, as colonias espanholas da América nao usufruiam do direito de produair seus proprios produtos manufaturados. Todavia, suas riquezas minerais tornaram a classe dominante espanhola dependente de diversas importagées de outros pai- ses europeus, com vistas a satisfazer as necessidades dos espanhéis na Espana e na América espanhola. As trocas comerciais de Cadiz ¢ Sevilha com a América 18 EJ Tamia, 1998, D. Gould, 1954 104 Acad elo x00 001 espanhola eram controladas por comerciantes de outros paises europeus, através de todo tipo de acordo secreto”. Assim, no século XVI, a Espanha tornou-se, na Europa, o centro de um vasto comércio internacional, dominado pela Holanda, pela Franga ¢ pela Inglaterra, permitindo a introdugio do metal precioso das Américas nas grandes economias da im como a sustentagio do proceso de sua transformagio. A prata ¢0 ouro canos deixavam a Espanha alguns meses apés sua chegada, a ponto de tomar possivel dizer que “a Espanha ordenhava a vaca ¢ 0 resto da Europa bebia 0 leite™”, Esse fendmeno ocorreu durante todo século XVII e até o séeulo XVII. segundo periodo (1650-1820) é dominado pela estruturasio econdmica € social nos paises da zona atlantica, enquanto o processo de transformasio capitalista da Europa Ocidental torna-se, por sua vez, subordinado ao sistema atlantico. Objetivando apreciar plenamente o papel desse sistema no desenvol- vimento econdmico da regio a época, € preciso inseri-lo no contexto da crise geral que abalou a Europa Ocidental durante o século XVIL ‘A expansio econmica curopéia, ligada ao crescimento das importagées de ouro e de prata das Américas e & expansio da populagio, acompanhou os efeitos da atenuagio de ambos os fatores. As importagées de metal americano, cujo épice ocorreu entre 1590 e 1600, diminuiram, e a expansio demogrifica reduziu-se, éenguanto as sociedades ajustavam seu comportamento as perspectivas econémicas. Tal situago agravou-se em ra7o da politica de nacionalismo econémico, beirando 4 guerra comercial, adotada no século XVII, por virios paises da Europa Ocidental, particularmente pela Franga, Devido as barteiras aduaneiras, impostas pela Franga, Inglaterra e outros paises, com o intuito de proteger suas indiistrias nacionais, a situagio econémica degenerou em crise geral e 0 comércio intra-regional desmo- ronot®. O processo de transformasao capitalista interrompeu-se completamente tem alguns paises e a regressio instalou-se em outros. O mais duramente afetado foi a Itilia que passou da posigio de “pais mais urbanizado ¢ industrializado da Europa, [.] ao estado de tipica zona camponesa atrasada[...}" Nitidamente, a natureza ¢ a origem da crise do século XVII indicam que, para levar a cabo seu processo de transformagio capitalista, a Europa Oci- dental precisava de muito mais oportunidades econdmicas comparativamente 0 que continente podia, em si, oferecer. Assim como o aponta o Professor {9 A. Chrtlow, 1948]. McLachlan, 198 20 A.Chuistelow, 1948, 21 R Date 1969, cap 205. 22 EJ Hlbsbawn, 1954.36 (A Ace na itr do mando 105 Fiouta 42 Moeda espnholsrpresentando Fedinanda eIsbel, 1474-1504. Grande parte dessa moedas fot colocudaem erulaia, © M. Halford Hobsbawn, “a crise do século XVII nio se pode explicar por insuficiéncias rmeramente téenicas e organizacionais frente as exigencias da revolugao indus- trial?”. Tampouco se pode explicar pela caréncia de capitais. “Os italianos do século XVI, prossegue Hobsbawn, tinham provavelmente em maos as maiores concentragées de capitais curopeus, mas cles nao souberam, manifestadamente, investi-los. Imobilizaram-nos em prédios, ¢ dilapidaram-nos em empréstimos ro estrangeiro[...].” Mas, os italianos tinham um comportamento racional: “Se les gastaram macigamente seus capitais de forma nao produtiva, isso aconteceu, talvez, simplesmente porque nao era mais possivel langarem-se em investimen- tos progressivos dentro desse ‘setor capitalista’. Os holandeses do século XVII 2 They 106 Acad elo x00 001 remediaram um similar congestionamento financeiro, investindo em objetos de valor ¢ obras de arte..." Dessa forma, a explicasio da crise reside na falta de possibilidades econd- micas na Europa Ocidental e, portanto, se essa regio permanecen dependente de suas préprias possibilidades econémicas, contudo, suas chances de passat por uma transformagio capitalista completa foram quase inexistentes, Entre 1650 e 1820, as mudangas ocorridas na estruturagZo evondmica e social das regides extraeuropéias da zona atlantica ofereceram tanto imen- sas possibilidades quanto desafios a serem enfrentados. Assim, elas transfor- maram completamente a paisagem econémica da Europa Ocidental em seu conjunto e, ainda mais, aquela dos paises melhor posicionados para usufruir dessas ocasiées, No Novo Mundo, a produgio de metais preciosos continuow a desempenhar um papel importante, particularmente por ocasido da entrada do Brasil, no século XVIII, em sua fase de grande produsio, mas, nesse momento, 6 elemento capital da estruturasio econémica e social dos paises da regio foi o consideravel impulso dado 4 agricultura de plantacio. No continente norte-americano, tratava-se principalmente de tabaco e algodio, enquanto na América Latina ¢ nas Antilhas reinava o agticar. Em razio da amplitude das operagées, a légica da nova economia requeria um repovoamento completo do Novo Mundo. Um comércio muito ativo organizou-se em tomo do transporte maritimo de mercadorias da Africa ¢ das Américas: os escravos africanos partiam rumo as Américas, enquanto os produtos agricolas e metais preciosos eram enviados das Américas rumo & Europa Ocidental. A titulo de exemplo,as quantidades de agticar legalmente importadas das Américas pela Buropa Ocidental atingiram,no minimo, 151.658 toncladas por ano, em 1740-1750, ¢ 193.005 toneladas em 1760-1770*. Em razio das restrigbes impostas pelos paises colonizadores da Europa Ocidental sobre 0s fluxos de mercadorias na entrada e na saida de suas colonias, a distrbuigo dos seus produtos americanos, na Europa, tornou-se um fator primordial para 0 crescimento das trocas intracuropéias nos séculos XVII e XVIP*, A Inglaterra, a Franga e a Holanda constituiram os principais beneficdtios dessa evolugio. No caso a Inglaterra, o valor oficial desse comércio exterior (importagées e exportagées) passoul, em média, nos anos 1663-1669, de 8,5 milhdes de libras por ano para 28,4 24 Tid, pp D8, 25-R Sheridan, 1970, abla Ip. 22 25 R Dass, 1967 © 1969,cap.263, ‘A Aca na tra do mada 107 milhées, nos anos 1772-1774, e para 95,7 milhées nos anos 1797-1798". mudangas ocorreram, quase unicamente ou diretamente, gragas 4 expansio do sistema atlantico. © mesmo verifica-se com a Franga e a Holanda. Em relagio Inglaterra, as reexportagdes dos produtos do Novo Mundo atingem 37,1% do total de suas exportagées, entre 1772 € 1774, € no tocante a Franga, aleangam 33,2% em 1787, Nao é fortuito que um especialista francés em histéria econdmica 1possa assim ter afirmado: “O século XVIII pode realmente ser entendido como a fase atlintica do desenvolvimento econémico curopen, O comércio exterior ¢, particularmente, 0 comércio com as Américas representavam 0 mais dinimico setor de toda economia (0 volume do comércio colonial da Franga, por exemplo, foi multiplicado por dez entre 1716 e 1787), excetuando-se a demanda ultrama- rina que estimulava o crescimento de um vasto leque de indiistrias, assim como © desenvolvimento de maiores especializagio e divisio do trabalho. E da superioridade do transporte maritimo sobre os transportes terrestres, a econo- ‘mia européia do século XVIII era organizada em torno de alguns grandes portos maritimos, dos quais os mais prosperos cram aqueles que concentravam uma boa parte do comércio colonial, tais como Bordéus e Nantes; cada um desses portos, implantado no estuirio de um rio, tinha suas proprias industria, formando um entorno industrial para o qual servia como saida comercial” ‘As novas possibilidades econdmicas geradas pela expansio no sistema atlintico levaram & criagao de empregos, estimulando assim o erescimento demogréfico em toda Europa Ocidental, em contraste com a queda constatada no século XVII". ‘Tais mudangas conteibuiram fortemente para impulsionar os mercados internos Inglés, francés e holandés. Nos séculos XVIII e XIX, esse impulso, acompanhado pela progressio nas exportagées, deu origem 20 aumento da demanda que, por sua vez, permitiu 0 advento das invengées e das inovagies técnicas no curso das revolugdes industriais na Europa Ocidental. E assim que a expansio fenomenal da produgio de bens de consumo, das trocas, da atividade financeira ¢ dos trans fungio ange a4 ano 1663-1669 1772 797-1798 yer P Deane e W.A Coe, 1967, ize epee & Gri-Brtanha or otto &Tngatera¢ to Pals de Glen. Todot oe aero abrangem tonliade dar importagte exportagde aconals bem oon da eexportgice. Or timer do eels [XVII sto express cm prover constants de 1697-17 28 P Kriedte, 1985, tela 39 4, pp. 12 e128 28 F.Crouet, 1964 convharR. Davis, 1969, pp. 92,119 «12s pat os anoe ela 13, 9.4. Or nimero relatos ae ano2 1797-1798 30 Teente cao ns dis stats que» crescmiato da poplin Inghter do scl XVI, epic tela diminuigin da idee de cassmento pelo suena da nupitdad., evdos ao cretcmento as Powsidades de empeego, Para mas dtalhes, consular J. E-lniko, 1984. A andlvespoia-ve sobre Aadosapresenados por E- A. Wigley 1983, DN. Levine 1977 us Acad elo x00 001 portes maritimos, como ocorrido na zona atlintica entre 1650 e 1820, forneceu aos paises da Europa Ocidental as possibilidades econdmicas necessitias para superarem a crise do século XVII, assim como romperam as estruturas econdmicas ¢ sociais tradicionais levando a cabo 0 processo de transformagio capitalista. O primeito pais a consegui-lo foi a Inglaterra. As forgas liberadas por esse processo 05 ensinamentos que dele emanaram facilitaram sua conclusio nos outros paises da Europa Ocidental, os quais, diteta ou indiretamente, souberam aproveitar as possibilidades criadas pela expansio do sistema atkantico. Nessa mesma época, a regido do Novo Mundo que em 1783 se tornaria os Estados Unidos da América, regito esta que, do século XVII até 1776, era composta por territérios coloniais, em razio disso sujeitos a limitagGes politicas importantes, patticipou também sob virios aspectos importantes para a expansio do sistema atlintico. Quando Colombo desembarcara nas Américas, esses territérios eram certamente os mais afastados, na zona atlantica, de qualquer desenvolvimento cco- némico, Sua densidade demogrificafigurava entre as mais baixas do Novo Mundo «sua organizagio econémica e social, comparada aquelas das civilizagbes antigas da América do Sul, era quase inexistente, Apés sua ocupacio pelo colonos britinicos, cesses teritérios permaneceram,quase totalmente e durante décadas, sob o regime da economia de subsisténcia, Nos séculos XVIII e XIX, ampliasao das possbilidades de uma produgio voltada para a venda estaria diretamente ligada & expansio que o sistema atlintico softeu de meados do século XVII até o século XIX". ‘As tabelas 43 e 4.4 permitem-nos medir o grau de participacao desses tersté rios no sistema atlintico, no curso dos anos imediatamente anteriores & Declaragio deIndependénciaed anual total do comércio atlintico na América do Norte britinica encontra, nesse peziodo, um volume da ordem de 8,4 milhées de ibras (importagoes ¢ exportages cde mercadorias, mais as exportagies invisiveis). Considerando uma populagio total de2,2 milhes de habitantes em 1770”, obtemos, portanto, 3,8 libras por habitante. A.amplinude de sua participagio no sistema atlintico nio somente estimula o cres- cimento do mercado interno ¢ a produgio de bens destinados a serem trocados no ‘mercado, como também encoraja a especializasio, aumenta a renda por habitante ¢ influi sobre as taxas de migrago rumo a essa regio. A medida que, sob influéncia desse sistema, as colénias britanicas da América do Norte passam progressivamente de atividades de subsisténcia a produgao mercantil, toma-se possivel distinguir tréstipos de regimes econdmicos, um no magi dos Estados Unidos da América, Em média, o valor Bi JF Shepherd © GM. Walton, 1972 32. J Pot 1965, cabela 1), p 638 ‘A Aca na tra do mada 1768 1769 1770 171 am 1.658.000 1852000 1818000 2113000 2135 000, 979000 1131000 1272000 © «1287000 1498000 Sul da Europa ellbas do 520000 $0S.000 741.000 i000 762.000 Mediterrinea Ais 16 000 30000 25 000 18.000 34 000 TOTAL 3173000 3818000 3.856000 4139.00 4429000, Tania 43 Recetas tots seerentes ds exportagses de mercdorase svsves da Amésca do Nowte ‘tien ene 1768-1772 (em hates de libas eterna). Regio 1768 1769) 1770 a7 17, GeiBreanhs 95000 2sio00 311200 S382000 4135 00 Todas D 7 Ts® ——sz4ooo 767000792000 «676000939 000 Sul da Europa ‘ellhardo $1000 85.000 80 000 69 000 88000 Mediterraneo Aiea 56000 189000 $5000 ©1040 265 000 OTAL 3569.00 3192000 4.069.000 6.231000 5.427000, Fonte J F Sheperde G. MI Walon, 1972 [Nota As exports nvstveisprovinham ern grande pate doe tranepr “Taasta a4 Importages da Anda do Norte tiie ente 1768-1772 (em hares de Hora enterina sul da regio, outro no centro ¢ um iltimo no norte (essencialmente a Nova Inglaterra). Gozando, simultaneamente, de ricos recursos naturais e de mao de obra afticana barata e servil, as colonias do Sul foram incentivadas a desenvolver a agricultura de plantacao, primeiramente arroz e tabaco, seguidos pelo algodio. As colénias do Centro, por sua vez, langaram-se numa agricultura alimentar, de tipo familiar. As coldnias do Norte, relativamente pobres, quanto a elas, em recursos naturais agricolas, porém dotadas de portos naturais em 4gua profunda © recursos florestais que possibilitavam a construgzo naval, especializaram-se rapidamente no comércio ¢ nos transportes maritimos”. D.C Nonth, 196 0 Afi do tla xvia0 x01 Dessa forma, o Sul produz aproximadamente todos os produtos agricolas expor- tados para a Europa, cabendo ao Norte garantir 0 maior volume no tocante as, exportagies de invisiveis — transportes maritimos, negécios e seguros, entre outros ~ 0 Centro, por sua vez, fornece produtos alimenticios assim como alguns servigos para a exportagio. No Sul, produgao depende de mao de obra servil afticana e tem, na Europa, 0 principal destino para scus produtos. A expansio do sistema de plantagges cultivadas por eseravos leva, nas Antihas (britanicas e ndo britanieas), a uma reestruturagio econémica, nstaurando uma divisio do trabalho com a América do Norte: as Antithas oferecem dessa forma um vasto mereado para os produtos alimenticios das colénias do Centro, bem como para os servigos (transporte mari- timo e outros) daquelas do Norte.Portanto,as trés sub-regides da América do Norte encontram-se ligadas, no plano econémico, ao sistema escravista das Américas, em. termos, tanto de produgdo, quanto de eomercializagao™ Essas diversas modalidades de participasio no sistema atlantico da época colonial engendraram, nessas trés regides, diferentes estruturas econdmicas € sociais. No Centro ¢ no Norte, a produgao, cuja renda € dividida de forma assaz igual, consiste no trabalho livre de mao de obra branca, geralmente proprieti- ria das terras por ela cultivadas. No Sul, verificamos a predominancia de uma agricultura de plantagZo, cuja dependéncia frente a mao de obra servil africana deu origem a uma forte proporgio de escravos na populasio, a constituigéo do latifiindio, bem como a uma extremamente desigual repartigio da renda. Dos {697.000 escravos dos Estados Unidos de 1790, 642.000 estavam nos Estados do Sul, onde representavam 36% da populasio total’. Se, por um lado, no Norte e 1no Centro, as estruturas favoreciam o crescimento de um mercado interno base- Sa Ar colloid Sul enantravam-r gad 2 exeravrma no que tange prod «at do Cento edo "Notte, por sua vez ao nivel do mercac, pou era 2 plantagaes dar Atha, caleadas por eeatr, a eiadoras dos mceados para produos alimentos « de serior, dos quaisdependam, nara época, 4 colbnins do Nove «do Cento. As ecitasprovenieates dat piaipisexportagoe de bene ever, ‘Shaixo mencionaae (nia anal para o pesiodo 1768-1772, em libra extecinas) fonnecem ura ie da ‘struura do comécio de exprtayao na Amésia do Norte, duranceopeiodo colonial tabico, 756000; "Manspotes martes, 610.00; po farinh, 410.00; aor, 312,000; eine 287 00; indigo, 117000 Em feu conjunto, a sit eategoiarconnderadasrepresentavam, durante o priodo em queto, 64% «hs rect tot de esprtarao ne Amana da Norte brtinics Otabaca 9 aor eram cular, os corres de platapies nat colony do Bulo pao ea Eitinn proinharn das eplorapie ageclas Fellas nas colonia do Centro eo pitas comm or evga de raneporte arto, eraoresido cm tande parte plas coins do Norte (ses dados foram extaidos dF Shepherd e G-M, Waltoa, 1972, . 258) As importagoes conssiam,sbretudo, em produtos manufstrados,pocedenes prac palmence da Inglaterra pas este qu somente guadava para consumo interno urna pequena posse das xportagdes das colnis 0 tabaco era destnadn, qaseexclsvamence, Inglaterra 4 Esco, poem, tnais da meade das quantidades anus era resportadoe para a Europa Continental 35 J. Powe, 1965, bela 2,9. 64 ‘A Aca na tra do mada MOM LNT G lias. wit ae a rere ERO A Hist sal CUM UL NN ola uh MN au OILED ane TPO Ficuna 43 Plant corte de um navio negeiteeuropes, © The Hslton-Deurich Colleton, Londres, ado nos produtos de grande consumo, por outro fado, aquelas do Su! limitavam- no, encorajando ao mesmo tempo a importagdo de produtos estrangeiros de luxo. Esse quadro indica a razio pela qual as colénias, do Norte e do Centro, aproveitaram o periodo colonial para langar as bases de um crescimento econd~ mico auténomo, enquanto o Sul estabelecia as estruturas de sua dependéncia, ‘Apés alcangar a independéncia, a economia dos Estados do Sul permaneceria dependente dos escravos africanos,a quem deve, integralmente, a fenomenal expan so na sua produgio de algodio, verificada entre 1790 ¢ 1860, Por conseguinte, as estruturas econdmicas ¢ sociais, da época colonial, mantiveram-se perenes no Sul € até mesmo nos novos territérios ocupados, no século XIX, pelas plantagdes de algodio, Em 1850, dentre os 8.983.000 habitantes do velho e do novo Sul, 3.117.000 eram escravos, ou seja, uma proporgao de 34,796" A repartigao das terrase da renda permanecia desigual e as estruturas de dependéncia mantinham-se, ainda, slidas. 36 A produto dealodao dos Estados do Sul pussou, com eet, de 4000 furs de 500 lira, en 1790, para 584116 fandom 1860, Entre 1850 « 1860, quae 765% dese algo fora exportado (er H. U Fans, 1924 p. 201-202). 87 J Powe, 1965, tabla 1, p. 680, m2. Acad elo x00 001 Entretanto, com a chegada da independéncia, 0 governo politicamente independente dos Estados Unidos da América adotou medidas econémicas que tornaram os Estados do Sul, pouco a pouco, mais dependentes, j& no mais da Europa Ocidental, mas dos Estados do Norte. Protegidos pelo governo, armadores € negociantes dos Estados do Nordeste dominaram o transporte maritimo para a Europa, no tocante ao algodio do Sul, ¢ a impor tasio dos produtos manufaturados europeus, quanto a eles, destinados aos plantadores do Sul e a seus escravos". Paralelamente, a expansio da produgio de algodio no Sul abriu um mercado ainda mais importante para os produtos alimenticios, estimulando assim o crescimento de seu comércio ¢ o fluxo de imigrantes rumo aos territérios do Oeste. Tal especializagio regional, em tomno das plantagbes no Sul ¢ de seus escravos, levou a criagao de um vasto mercado interno, além de ter impulsionado as induistrias no Nordeste, cuja produgao, incentivada por medidas protecionistas governamentais, entrava em concorréncia direta com os bens importados. De tal forma que, até 1860, a industrializagdo dos Estados Unidos dependeu, principalmente, das plantagdes escravistas do Sul: esse pais soube, em momento apropriado e em prol de sua economia, empregar sua independéncia politica para manipular as forgas em jogo na zona atlantica, apoiando-se em estruturas favoréveis, implantadas durante o periodo colonial nas colénias do Norte ¢ do Centro”. As estruturas de dependéncia nos estados do Sul desempenharam, nesse momento, 0 papel de condigao sine qua non para a transformagao capitalista dos Estados do Norte e do Oeste. 38. Unto datado de 4 de Juho de 1789 autorzou uma redo de 10% masts de importa, nos Estados Unidos, das meteors teansporadas por navoe americana pertencente aaericanon Onto reo de 20. Filho e 1789, mpc a ae navi ia tara de 6 entavoe por onelada de mere, 0 pao ‘or nvoreangiros «contri no exer pagaram 30 centavos por tonelada so aracar Noe port {ercanor, Os dois fx eneoraivam » expanse du construrionaal ed ota mean no Nonste dds Estados Unido. A tonelager fl do torino exterior pasa de 12.893 toeladas em 1789, para {981.000 tonlaas era 1810. Ao enero tempo, as inportadestansportadat por navoepertencestes 4 ‘acon pasar de 17,5 para 93% do toa eas export, de 30 para 9%. Er 1862, a tonelager do ‘wansporre marino, eistada tu de comérci extern, cegou 42.46.894tonelada,cebendo so Sal forneces ceca de 75% as exprtagies noe Estas Unidos, ds quai 60% x algo 25% etn aba, sro «agar refinao (Para conta odor ets nimeroe, ser HU Plt, 1928, p. 22,202, 238, 219,228 e253) Arends, des indiretamene provniente de exportagses So Su sim om o rot du popctinioe de rave dos negecimes operadores importa do Nord, compra sb {ko procs de industalizapo nos Estados Unidos de 1790 41850 Ver D.C. Now, 1961 iho, 1979 61981 438 Maisdtahes a respeito da Europa Ocdentl eda Amécen 9 Nore er ‘A Aca na tra do mada O surgimento das estruturas de subdesenvolvimento na América Latina e nas Antilhas Segundo nossa definigio, os paises da América Latina e das Antilhas pos- sufam, a época da chegada de Colombo na regio, regimes econdmicos nio desenvolvidos. Essa auséncia geral de desenvolvimento explica-se por trés fato- res principais: a populagao, a geografia ¢ o isolamento frente ao resto mundo, O mimero provavel da populagao de todas as Américas, em 1492, € objeto de varias controvérsias: as estimativas vio de 8,5 a 112 milhdes de habitantes®. Segundo as pesquisas da Escola de Berkeley, um ntimero total entre 50 € 100 milhdes" seria 0 mais plausivel. Comparativamente a grandeza do tertitério, tal populagao era bastante modesta, mesmo considerando as mais elevadas estimati- vvas, No mais, ela concentrava-se grosso modo em trés zonas: na América central, onde se encontravam os reinos antigos dos Astecas ¢ dos Maias; no Império Inca, do antigo Peru, ¢ na ilha caribenha Hispaniola, atualmente dividida entre Haiti e a Repiblica Dominicana®. O restante do Novo Mundo encontrava-se muito pouco povoado: antes da conquista, a densidade demogrifica na América Latina eorrespondia, segundo alguns, a niveis inferiores a 10 habitantes por quilémetro quadrado, no tocante a mais de 90% de sua superficie". ‘A pequena densidade populacional, em amplas zonas da América pré- colombiana, prejudicou o desenvolvimento das trocas ¢ 2 divisio do traba tho. Ademais, o fato de as regides mais povoadas serem afastadas, umas das outras, ¢ separadas das regides pouco povoadas por densas florestas, montanhas e vales profundos, 0 que dificultava as comunicagées, limitando 0 comércio intra-americano, Com efeito, o comércio maritimo poderia ter desempenhado importante papel se houvesse expandido a fronteira das trocas comerciais, do litoral para o interior, & imagem do ocorrido na América do Norte dos séculos XVIII e XIX. Todavia, tal expansio nao foi possivel, haja vista que as Américas permaneceram, até 1492, isoladas do resto do Mundo. Por essa OB Keen eM. Waserman, 198, pp 30 € 31 “41 Paras estmativar da Ercoa de Bethe, consultar W Borah eS. F. Cook, 1965 ver também SF. Cook 1 WBora, 1971-1974 Param sinter, ver W. M, Deneran, 1976 42 A pate de divers documentos, de origem indigena c epanola,catraés de métodsetaiticos ito laborads, W. Borah S.F Cook estinaram a popuasto do Mexico central pré-conquista entre 1,8 £26, miler de habitants (W. Borah 8, F Cook, 1967p 205). Avalara tamer « popuasto de Hispaniola em um total de 7 a8 miles 50) Todas, a erimatva eves stores foram tear e considers demasiado elevada. 45 A. Mois, 1981.52 ua Acad elo x00 001 razio, suas riquezas naturais nao adquiriram valor significative no mercado, contribuindo modestamente para o bem-estar da populagio ¢ para o incre- mento das trocas. No que tange as antigas civilizagées da América Central ¢ do Sul, pode-se assim entender como essas sociedades, embora aptas a alcangarem um alto nivel ral, tenham se mostrado incapazes de atingir 0 desen volvimento no plano econdmico. Faltava-Ihes um sistema de troca de mercado- de desenvolvimento cultu rias com o resto do mundo que Ihes permitisse dar um valor econémico a seus recursos naturais, encorajar 0 crescimento de sua populas3o e sua instalagao em novos territérios, estimular as trocas intra-americanas ¢ desencadear 0 processo de transformasio capitalist, Ora, as novas possibilidades comerciais, decorrentes da chegada dos Euro: peus em 1492, surgiram em condigdes antes favoraveis a criagdo de estruturas de subdescnvolvimento, muito mais que de desenvolvimento, Em primero Ingar, os paises da Europa Ocidental garantiram, pela forga, seu dominio sobre os recursos naturais da América Latina e das Antilhas. Humilhada, desmoralizada, posteriormente pressionada pelo trabalho e dizimada pelas doengas introduzidas pelos curopeus, a populasio indigena diminuiu em toda regio ~ como atesta perfeitamente, no século XVI, o desmoronamento demogritico do México central, Estimada entre 18,8 ¢ 26,3 milhées de habitantes, antes da conquista ceuropéia, ela caiu para 6,3 milhdes em 1548 e para 1,9 milhdes em 1580. Em 1605, nao restavam nada além de 1,1 milhao de habitantes“ Esse quase exterminio da populagao indigena resultou em duas impor tantes consequéncias, Por um lado, registrada entre os séculos XVI ¢ XIX, a impressionante expansio na produgio de bens destinados a0 comércio maritimo, com a Europa ¢ a América do Norte, somente ocorreu gragas 4 importag3o maciga de mao de obra servil africana. Por outro lado, as terras cultivaveis da América Latina ¢ das Antilhas passaram para o dominio de colonos europeus e foram agrupadas em vastos latifiindios, denominados aciendas ou fazendas, Como constataremos mais adiante, esses dois fendme nos criaram novas possibilidades comerciais, capazes de estimular a transfor- magio capitalista na Europa Ocidental ¢ na América do Norte, engendrando 0 mesmo tempo o subdesenvolvimento e a dependéncia na América Latina nas Antilhas G4 W.lloah « SF Cook 1967, p 204 (A Ace na itr do mando us Ficura 44 Bscavosnegrs tabathando em uma plantasto de café no Brasil, por volta de 1870. The ‘Mary Beane Pietoe Library ‘A amplitude das importagdes contrabandeadas de escravos para a América espanhola nos séculos XVI ¢ XVII toma quase impossivel quantificar a real participagio da mao de obra escrava africana na extragio de metais preciosos dessa regido durante esse periodo", Entretanto, segundo censo realizado pelo Os dados dos por E. Vila Vilar (1877s, pp. 272-273) suctam indicagdes sobre «amplitude do Conrrabando nas importagoe:“D. Perando de Sara, o Vie-Goveenadar de Catagens, constatou > pagamento de taar,ente 1616 € 1619, romente no que concere 24816 negro enquanto que, na reside, mais de 6.000 omens enraram em pouco mats deur ano ence mat de 1619 « 1620) Ble tfzmara que or mavoe sprtadoe com 15, 25,37 645 peya’ a bund tracepotarize, na verdad, 200, 5300 ou 40 peas O wade (sel) Medina Rosales estemunou 9 que seta pteaeeraquia jlo tos ness: no momento de pagar as tans de entrada declaavase muito mesos peas compurt tente a0 realmente transporte, O fal obtivera provas da scgagio:um naviodecarndo 6 pega teansportaa de foto, #40 dela, outro, dectarando #5, tinha na eta 200 dls a boro, oxo, como tas tendo declirado 65 peg, desembarcos corn 260, Nose stad mars que em stn priogo de tm ano, do da 10 de Jano 162030 dia 1 de Jub de 1621, 643 popu de exrvorentrarem no ports {& Cartagena: Em 1611, Juan de Oreo, esoureiva de Santa Marta, eseeven ao Re exlicande- Ie {ue todot or navies, spttados eearepadoe de negro, teanportvame 400 peg enquanio a ar 6 us Acad elo x00 001 lero, a populasio de origem afticana chegaria, em 1796, a 679.842 pessoas no México ¢ a 539.628 no Peru, A exatidio desses mimeros esta, evidente- ‘mente, sujeita A caugZ0, mas eles denotam, no minimo, que a mao de obra servil cumpria um papel fundamental, a época colonial, nas economias do) € do Peru. No Brasil, durante esses dois séculos, s20 os eseravos africanos que garantem, integralmente, a produgio de agticar para a exportagio, No século XVIII, enquanto a forte expansio no mercado do ouro atraiu varios negociantes capitalistas do setor de minerasio, a produgao efetiva permaneceu, na pratica, dependente do trabalho dos eseravos. A esse respeito, aliés, uma confirmasio € dada pelo perfil da composigio étnica da populagio brasileira nos séculos XVIII e XIX. No ano de 1798, em uma populagio de 3.250.000 habitantes, 1,998,000 pessoas eram de origem africana, dos quais 1.582,000 cram escravos, Em 1872, aproximadamente 5,8 milhées de individuos, em uma populasio total de 9,9 milhées, cram de origem africana, entre eles, 1,5 milhées ainda eram escravos”. Em outras palavras, a populagio de origem africana represen- tava 61,2% da populagio total do Brasil em 1798 ¢ 58% em 1872. A populacio escrava concentrava-se nas regides que forneciam o ouro ¢ os produtos agricolas destinados a Europa ea América do Norte. Assim, dentre os 1.566.416 escravos do Brasil, em 1873, 1.233.210 individuos, ow seja, 79,2%, dividiam-se em um conjunto de seis provincias, com a produgio voltada para a exportagio: Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Si0 Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul", a maior concentragao, 351.254 pessoas, se encontravam em Minas Gerais, a provincia produtora de ouro, Nas Antilhas, 2 predominancia da produsdo para a exportagao, assegurada por uma mio de obra de origem africana, tem reflexos, apés 1650, na com posigio étnica da populasao. Antes da metade do século XVII, as economias antilhanas estavam centradas na agricultura de subsisténcia, sendo infima a parte da produgao voltada para a exportacio. A partir da segunda metade do século, importagies macigas de escravos africanos e a expansio da agricultura de planta- 40 permitiram um ripido crescimento na produgao para a exportagio, a0 passo que a produgao de subsisténcia declinava de forma espetacular. Desse modo, a ‘ram pagar pura 100; ¢D. Manin de Saavedra, povdcae da aude de Santo Dering, ceticou ‘ue, et 1537, un nao nsec rumo a Catena com 150 ‘peas regstzadas a Dodo, anspor, Sa reaidade, 300 peas" Consulta amen CA Paes, 1975, LB Rout 1976, p. 61-66 46 |B Tnshon 1976, p 208 47 TW Merscke D, H.Grakam, 1979, bela 11-2, p.29.A populastoindigena conta 252.000 peo, «em 1798, © 8.955, 1872, comparatnamente 3 1.010.000 3.787 289 eoropens, respectivamente 48 RB-Toplin, 1972, péndice, pp. 268-28, ‘A Aca na tra do mada populagio global da ilha de Barbados, da Jamaica e das IIhas Sob o Vento passou de 33.000 brancos ¢ 22.500 escravos afticanos, em 1660, para 32,000 brancos © 130.000 eseravos afticanos em 1713”, Em outras palavras, a populagio servil passou de 40,5% da populacao total, em 1660, para $0,2% em 1713. Da mesma forma, nas Antilhas francesas,a populagao global da Martinica e de Si0 Domin- {g0s contava com 6,786 brancos ¢ 7.397 escravos africanos, em 1678-1681", porém, em 1780, de um total de 514.849 habitantes, somente 63.682 eram bran- cos, enquanto 437.738 eram escravos afticanos ¢ 13.429 negros alforriados". A populasio de origem africana nas Antilhas francesas assim passou de 52% da populagao total, no fim do século XVII, para aproximadamente 88% em 1780. Essa transferéncia maciga de mao de obra africana para a América Latina, para as Antilhas ¢ para os teritérios do sul da América do Norte levou a impres sionante expansio na produgo € no comércio de bens de consumo, ocorrida nna zona atlantica entre os séculos XVI ¢ XIX. Expansio esta que, por sua vez, suscitou oportunidades e desafios, sob cuja influéncia 0 processo de transfor- magio capitalista foi empreendido, nos grandes paises da Europa Ocidental ¢ na América do Norte. Esse mesmo processo historico gerou, em contrapar- tida, na América Latina e nas Antilhas, estruturas de subdesenvolvimento ¢ de dependéncia. Em razio da forte proporgio de escravos na populagao dessas regides, a grande maioria de seus habitantes nao ganhava o suficiente para intervir nor- malmente no mercado. Por conseguinte, houve comprometimento na criagio de um mercado interno para produtos de grande consumo. A falta de um mercado interno em expansio, captador de recursos em prol de uma produgio industrial voltada para 0 consumo interno, determinou 0 destino dos lueros, da atividade mincira ¢ da agricultura de plantagdo, ora para a compra de artigos manufaturados importados da Europa, ora para sua remessa a Europa, onde financiavam o investimento ¢ o consumo. Essa situagio agravou-se, igualmente, em fungao de leis coloniais impositivas e restritivas a0 desenvol- vimento de atividades industriais na América Latina e nas Antilhas, durante todo o periodo colonial. Nessas condigées, em seu conjunto, a regido repre- sentou um atraente mercado para industriais da Europa Ocidental e, mais especificamente, para os industriais britanicos, os quais abasteciam tanto as colénias britanicas, quanto a América espanhola e portuguesa, quer seja 50 R Sheridan, 1970, pp.35 49. 51 E, Wiliams, 1970, p15 ‘A Aca na tra do mada diretamente ou por intermédio da Espanha ou de Portugal. A titulo de exemplo, 0 valor oficial das exportagées britinicas (compostas quase excli- sivamente por produtos manufaturados) com destino as Antilhas britanicas, entre 1714 ¢ 1773, alcangou a soma de 43,4 milhoes de libras periodo, 0 valor oficial dos produtos exportados para a Gra-Bretanha, por essas mesmas colénias, representou 101,3 milhdes de libras®. Tais ntimeros mostram, claramente, a importincia dos mercados do Novo Mundo para os fabricantes britinicos, assim como 0 volume de recursos trazidos das ricas plantagdes coloniais, cultivadas por escravos™ Na América Latina e nas Antilhas, o nio-desenvolvimento industrial deu ori _gem a sistemas econdmicos precétios, cujos setores mineiros e agricolas depen- diam fortemente das economias da Europa Ocidental ¢ mais tarde, também dos Estados Unidos. Acrescentou-se a essa evolusio o surgimento de impérios econémicos diretamente ligados 4 exportagio ¢ 4 importasio, tinicas atividades as quais se dedicavam os magnatas das minas e as oligarquias agrérias na Amé- rica Latina e nas Antilhas. Uma préspera classe de negociantes, originaria de ‘uma situasio que durou do século XVI 20 século XVIII, também se consagrou a essas atividades. A extrema desigualdade na distribuigdo da propriedade ¢ da renda, ligada a0 regime de plantasio e a escravatura, excluia a possibilidade, para qualquer outro grupo, de competir, em matéria de poder politico ¢ econémico, com a triade constituida pelos donos de minas, pela oligarquia agritia e pelos negociantes. Assim, mesmo apés a conquista da independéncia politica pelos principais paises da América Latina, no século XIX, os governos continuaram a estimular a produgio de matérias-primas destinadas & exportagio e a favorecer a importagio de produtos manufaturados. No tocante a esses iltimos, a essa altura, jem vias de beneficiarem-se dos resultados frutos das revolugdes industriais do 52. Chriselow 1945; JO. McLachlan, 1940; H. B.S. Fisher, 1963 58 E.Wilians, 197, p. 151, 5 “Traga eomum a todas economiae de plantaio suentadas pela esraatrs no Now Mundo 9 el de roduc tends aultraprar os sivet de coarume do pepe teri devs prod. Tal flo ororiga fu Ametia do Norte britnica, Ente 1714 ¢ 1773, 8 plantagierclonias do Sul, Carling, Virginia Maryland, exprtara oiaente para a Gri-Dretanhaoequivalene a 46,6 desde ira ern mer tao, enguanto que para a Nov lglatens, Nov lorguee a Pentvnia (ons sem ee203), 95 ‘alors nin ating senso 7.2 rilhse de libra, Pron ado a imports de oigem rites pre Dt etados do Sul somentechegaram, pao merino peodo 426 miles de bras em mereerian, omparanvamente 31 57,9 mae nos rr eradar do Not (F Wilim, 1970, p.151) Prtant, qn 1 produc, cla concenesave noe tertnorcberor de panties cules por excrato 9 orate 2 contrne eve cora nos teres era exraos do Alito, O poder aque do Note pv, tsteacialmente, da venda de produto alimentos edo forecmento de sergs martes ou mecantis 2s planages com estos, das Anas eds cols do Sul da Amesia do Noste rin. 0 Acad elo x00 001 século XIX, na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da América, revolusdes estas que, como consequéncia direta do sistema atlantico, desencadearam uma explosio na demanda por produtos alimenticios e matérias-primas de todo tipo. Simultaneamente, a redusio nos custos de produgao fez baixar os pregos dos produtos manufaturados trocados na zona atlantica, a tal ponto que os jovens paises independentes de América Latina nio consideraram rentivel criar seu proprio setor industrial. Portanto, aproximadamente na metade do século XIX, os paises de América Latina ¢ das Antilhas chegaram a uma situagio tal que suas estruturas econémicas e sociais se os levaram ao subdesenvolvimento e & dependéncia. As bases iniciais das estruturas de dependéncia na Africa Em um de seus artigos, Christopher Wrigley escreveu: “[...] ao que tudo indica, a conclusio inesperada resultante de recentes estudos arqueolégicos & que 0 povoamento intensivo da Africa subsaariana nfo poderia ser datado da época dos primeiros sinais de agricultura ou de trabalho com ferro, mas, antes, de no méximo mil anos atris, por ocasiéo do inicio daquilo que denominamos Africa banto, a iltima idade do ferro. Em caso de exatidao desse postulado, abrem-se perspectiva sio demografica progredia, de forma rapida, na época dos primeiros contatos com os europeus [...] 5” As evidéncias indiretas das quais dispomos apoiam esta conclusio. Todas as radicalmente novas, Podemos agora pensar que a expan: fontes locais afticanas sugerem a existéncia de migraybes generalizadas na pri: ‘meira metade do segundo milénio, Embora muitas vezes atribuidos a causas poli- ticas, esses movimentos populacionais tém certamente relagdo com um aumento 1na proporsio entre o tamanho da populasio e a disponibilidade de recursos nos povoados mais antigos, obrigando certos grupos a procurarem territérios vazios 55 CC, Weigle, 198, p. 18. Segundo ov cieulos de Thurstan Shaw, a popuagio aicanaskansara 2 ruthies de habitants por vols de 10.000 a.C. «5 niles por wats de 3.0004. (T, Shaw 198, p. 588), Posnaasky também afcma que a poplago total da Africa subseasima, antes do ano 1000 2, “it inferior 210 mthoes de habitants" (M, Posnansk, 1981, p. 727. are o ano de 1.50, Shae ‘hegot aconcario que or dadorarqueslico permite eimarem 20 miles 0 mimero de habitanter pars Atta da Our (F. Shaw 1977p 108) Ao compare eves nmerorprece nos que populagio {T Afica do Onstecescen de fora pia entre 1.000 «1.500, Com elias admitimos que no 200 1.000, um taco da populact da Aficasubsaarana vive na Alea do Oeste, a populgao desea segto tera passa de aponimadamente 3 rales de individuor, no ano 1.000, para quate 20 miler de pessoas por wlta de 1500 (A Ace na itr do mando m ou pouco habitados*, Além disso, cita-se amitide os séculos XIV e XV em refe~ séncia a um periodo da historia afficana marcado por importantes mudangas na organizagio e nas técnicas de produsio, tanto agricola, quanto manufatureira, seguida, apés o século VXI, por um longo periodo de estabilidade e estagnacio". “Mais uma vez, um rapido crescimento demogratico durante os séculos anteriores, deve ter desempenhado um fator importante nessas mudangas. E relevante nos dados disponiveis que, 4 época da chegada dos europeus, aproximadamente no fim do século XV, as sociedades africanas estavam envol- vidas em grandes processos de transformagio. Descobertas arqueolégicas rea- lizadas na década de 1970 indicam que, em varios casos, sua transformasio social e econdmica ja avancara bastante. Entretanto, por se tratar, na época, de um processo ainda relativamente recente, as estruturas econémicas ¢ socizis permaneciam, fundamentalmente, em conformidade com 0 modelo por nés qualificado como de nao desenvolvimento. A populasio total ainda encontrava~ ~se muito reduzida, em relagio & superficie das terras agricolas disponiveis, € disseminada por todo 0 continente, formando grupos separados por grandes distincias e importantes obstculos geogréficos". O surgimento de um imenso 56. Sendo Jan Vansins, a soi ae nigraser oom as eer de ret mis cans ates de 1400, coonitin on movimentos origina er znas mst povostsrumo stor debxadeniade poplacional j Vanvng 981, p. 758) Por ua vex Dike, rerpito dar migrages para dla do Niger, for calor XV e XVI deserve movment similares, sj do Benin pars.o dks (KO. Dike, 1956, pp 22-25). Conn embée o epitlo 3 57 No que dz respit 4 Senegimbia,Crtn aim que o period do tclor XVI «XIX fo marcado ap6r ox aang retnaos durante or doi ssl anteriores, por ina reat ensbidade na tenia area (PD, Cat, 1975, 9p. 15-15). Ver também ML Malowst (1955) eo debate aim provocada tstteA.G, Hopkins (196) e Malowist. HN. Chit também conera o dul XIV e XV como peviods de grande prosperdadeno itor da Aiea Oriental (HN. Chit 1977, p.208).O proceso Provavelmente incon, pouo depois, no interior da Aca Oren. Igualnentedaem-no A.C ‘noma e} B, Webster (1976p 272"Dos anos 1300180, ocmeram conserves movimento de poplar em toda esa regio interior da Afica do Lert, Zonas poco povoadas foam coloniads, cidade mis umerors fram eda enowor Ertadoe fora finan” 58. Vex pr exenplo, T Shaw, 1970, Segundo North, onsierados em se conjuno, on vetgion argue oligos de Igbo Uh representa evidncias materia da xtc de um aranato muito evoligo do ponto de vita do svar ire das qualidade atiicas Embora ar descoberas de gbo- Uk at tare atigas que tmitor outro elementor diponives, nose afta em nada dar tend ar geri do desenvolvimento cll da Ngiia meridional. Toda, eas nds artesanas 0 somente opie de una economia, cj deseabertas de Igbo oe no os pei conhecer bases Malgado cna cartciadeinformayaes diets ornate evident qe ti epeclstas cua regu pone te exstidoem ua scedadedeexedeates aclu capes de gaan sua subsite (, Nore, 1978p 20) 59. Na Afica Oriental ax dade selatvamenteprspra do tora somenteetbeeceram rages comer cits requires como interior no culo XVIIL Como dito por Roland Oliver “As rade dessa esta ‘jung cae o tor eo itedoe so, em gre parte cetamente de ordem geogtea Alem da ‘tis aa de plane cone o pls sobe ato grande pana cee em enags senso cobetos ma Acad elo x00 001 deserto entre a Africa negra ¢ os tertitérios do Mediterrineo e do Oriente Médio (durante séculos centros de comércio internacional) limitou as trocas da Africa Negra com o resto do mundo a produtos de grande valor e de transporte pouco custoso: 0 ouro e os escravos. Estes dois elementos entravavam o desen volvimento da divisio do trabalho, o erescimento do comércio intra-africano, a criagio dos mecanismos institucionais de mercado e a transformacio dos modos de produgio pré-capitalista, absolutamente preponderantes na época. Portanto, a expansio demogrifica em curso teve que continuar ainda durante alguns séculos, de tal forma que a proporsio entre a populagio e as terras agricolas atingisse um nivel suficiente capaz de permitir 0 desenvolvimento da diferenciagao social € da organizasio econémica e politica. Foi também necessario desenvolver 0 comércio exterior de mercadorias pesadas — produtos agricolas, minérios ¢ pro: dutos industriais, entre outros — para que ele acelerasse, juntamente com fatores internos, 0 processo de transformagao estrutural O estabelecimento, a partir da segunda metade do século XV, de uma ligasio comercial maritima entre a Africa e a Europa Ocidental parece ter oferecido, inicialmente, as oportunidades necessérias a Africa Negra, com vistas a operar uma répida transformacio econémica e social. Além do crescimento no comércio do ouro,algumas produgées agricolas, como a pimenta, tiveram infcio e, inclusive, um certo incentivo foi oferecido em prol do aumento da produsio de tecelées afticanos, uma vez que os portugueses e os holandeses haviam participado da dis- tribuigio de tecidos afticanos em diferentes pontos litorineos do continente™” Porém, essas primeiras mudangas no durariam muito. Assim que os imensos recursos das Américas tornaram-se acessiveis & Europa Ocidental, ou seja, a partir de 1492, com 0 quase exterminio da populagao indigena por ocasido da conquista ¢ com a introdusao das doengas pelos conquistadores europeus, nesse momento o papel da Africa no sistema econdmico atlantico modificou-se. A populacio requerida para garantir as condigées internas de uma transformagio completa em suas estruturas econémicas e sociais foi transferida, de forma rmaciga, para as Américas, ¢ empregada, em larga escala, para desenvolver as produgées mercantes. As condigées eriadas por essa fortissima transferéncia populacional impediram, durante trés séculos, 0 impulso na produsao de bens or ua vegeag sca © epinhors, oval ede dill uperagio [,] Por io, a male densa populagio ae mai importantes sociedadesconcenratarse, 20 menos durante 1 Tae do Fer, no centro do fsbeontinente ditante 1 30 quiets os ai, do mat” (R Olver, 19778, pp 621-822). Conelat também ALC. Unomah J.B. Webster, 1975p. 272 60 A sespito desss pimeias mudaogas, vee JW Bake, 1932, 1977,¢8 F.C. Ry 1989 (A Ace na itr do mando as Fiouea 45 Emburgue de cscravor a borda deur nao negeeio europe. © The Hulton-Deusch Colle tion, Landis africanos, tanto ao nivel do comércio interno quanto no tocante as exportasoes, dando assim origem as estruturas de dependéncia. Consistindo na primeira perda imposta por tal migragZo forgada, 0 cres- cimento demografico em curso interrompeu-se ¢ vastas zonas do continente simplesmente perderam seus habitantes. Avaliamos acima em 22 milhdes 0 miimero de individuos levados da Africa para o resto do mundo, entre 1500 ¢ 1890, ou seja, 15,4 milhoes através do Atlantico ¢ 6,9 milhaes pelo Saara, pelo Mar Vermelho pelo Oceano Indico. E necessario, contudo, interpretar corre- tamente esses niimeros, os quais representam as efetivas exportagoes, no intuito de, posteriormente, compari-los com os processos demograticos ocorridos na Africa durante este period. (© principal problema consiste em determinar em que medida essas expor- tagoes reduziram a capacidade de reprodug2o da populasio na Africa Negra Isso exige uma andlise da composigio por idade e género da populacio expor- tada, pois € o niimero de mulheres em idade maternal que permite avaliar tal capacidade. na Acad elo x00 001 No caso do trafico através do Saara e do Mar Vermelho, havia uma forte pro- porsio de mulheres jovens e bonitas, em razio da importincia relativa da demanda por concubinas, Nesse setor geogrifico do trifco e segundo uma avaliagio geral- ‘mente accita,a relagio era de duas mulheres por homem. Nio ha nenhum dado seguro na base dessa avaliagio, mas ela encontra-se confirmada pelos resultados dos censos da populacio de escravos negros no Egito do século XIX, nos quais aparece uma relasio de aproximadamente trés mulheres por homem* No que diz sespeito 20 trifico transatlintico, dispomos de indicagées seguras sobre essa relagio, no tocante a 404.705 alricanos importados em diversos territ6~ rios do Novo Mundo nos séculos XVI, XVIII e XIX® ou seja, aproximadamente 396 das exportagées totais para as Américas. Embora o tamanho ea dispersio da amostragem, no tempo e no espago, sejam satisfatdrios, intervém o problema da sobre-representasio da regido Congo-Angola, representante por mais de 50% do total dessas exportagées, assim como a auséncia da Africa Oriental, ainda que razoavelmente possamos atribuir-Ihe uma participagio mais ou menos equiva- lente aquela da Africa Ocidental, De forma global, a amostragem apresenta uma proporgio de 32,9% de mulheres num total de 404.705 escravos. Convém destacar que o exame dos dados relativos ao trifico transatlantico revela de homens e mulheres, ‘uma relagio praticamente constante entre as proporg6s ‘sejam quais forem as regides de onde provém os escravos. E 0 que mostra nitida- mente a andlise, ealizada pelo autor, em uma amostragem de 43,096 escravos® ‘As diferencas regionais apontadas por esta tltima amostragem encontram-se conficmadas nessa outra amostra abaixo, relativa a 55.855 escravos desembarca- dos nas Antilhas entre 1781 ¢ 1798 Evidencia-se, a0 analisar essas duas séries de dados, que a regio da Nigéria, entre 0 Golfo de Benin e 0 Golfo de Biafra, foi aquela que exportava 2 maior proporsio de mulheres, atingindo entre dois quintos e a metade das exportagées totais, Por outro lado, a outra grande regido exportadora, a do Congo-Angola, enviava regularmente uma proporsio de homens superior & média; em fungio da sobre-representasio de tal regio, na amostragem dos 404.705 escravos, a Bas, 1967. 62 Ewe nimeros provi de J.B. Iker, 1982p. 24 (129.570 escraon; H. 8 Kein, 1978, abels 5p 53055853}, HS. Klein, 1995, tabla 9,9. 84 (181.909 exrzvr ound, em sa mois, de Angola [J Meta, 1978, ciado por P. Manning, 1981 (12.497 excraves), D. Northrup, 1978, apéndice D, pp. 335-539 (24502 exerts); KD. Patetion, 1975p. 80 (172 excravo) (65. J.B Ink, 1982, abla 2.23. A amossagem, relative x ecrvosimporido para Jamies, abrange ' periado 1764-178, (64 ILS. Klein 1978, abla, p30. ‘A Aca na tra do mada ns africana Porcentagemdehomens __Poreentagem de mulheres Gambia 299 Costa do Marin 343 Cota do ouro 332 Udi 422 Benin 50,04 Bonny: 435 Calabar 412 Gabio 312 Angola 318 “Fowre SE Tnikon baa ‘Tanna 45 Proporgo de homens « mulheres entre o ecravoeorindor de diferentes regibes da Aes, Rerlesiant deembareios ___dehomss™ ‘emus Seneganbia 190 os mas Sera Leon 5544 69 51 Conta do Matin san 706 234 Conta do Oxto am oy 35,6 Golfo de Benin as sas 455 Golo de Bisa e218, 569 1 Congo-Angoa 12168 039 sat Desconbecda 1279 63 47 owas HS Kien, 1978 tbe 3, p30, “Taania 46 Proporgio de homens e mulheres ence of excravoedesembarcadae nas Anas, por regio de niger (1781-1798) Fede HS. Klein, 1978 bela p30 proporcio de mulheres em relacio a esse total foi provavelmente subestimada. ‘Tal variagao regional da composisio por género da populagio exportada ¢ de muita importincia para a avaliagio do impacto demografico, em escala micro- regional, das exportagées de escravos. Para 0 conjunto da Africa Negra, os dados acima analisados mostram que a importancia do miimero de mulheres exportadas 2 cada ano provocou con siderivel redugio na capacidade de reprodusio nessa regido. Se levarmos em wes para as Américas (a conta as perdas suplementares causadas pelas exp 16 Acad elo x00 001 mortalidade entre 0 momento da captura e 0 da chegada ao término da viajem, os falecimentos devidos a combates ¢ a fome durante as capturas), assim como a exportagio de 6,9 milhdes de negros (dos quais a maioria era composta por mulheres) para o resto do mundo, tudo indica que a populagao de Africa Negra diminuiu, em valores absolutos, a0 menos entre 1650 e 1850, Esse declinio global nao se distribuiu uniformemente entre as sub-regides do continente. Ao relacionar as diferengas regionais de divisio entre os sexos acima, organizadas com base na repartigao por regio de origem das exportagdes totais, podemos ter uma ideia bastante nitida do impacto demogratico no trifico negreiro tem nivel micro-regional*. Essa anilise leva a pensar que os territdrios de onde provinham os consideriveis efetivos exportados pelo Golfo de Benin, o Golfo de Biafra ¢ o Congo-Angola softeram necessariamente uma grave despovoasio“ Por outro lado, como fora pelo emprego permanente da forga, notadamente no quadro de operagées militares, que a populagdo exportada foi escravizada, © comércio dos escravos teve efeito altamente perturbador sobre as estruturas sociais ¢ politicasafricanas. Essa jé era a opiniao de alguns observadores da época Em 1679,0 diretor geral da companhia holandesa das Indias Ocidentais na Costa do Ouro (o atual Gana), Herman Abramsz,relatava que, desde a introdugao das (5 Ocsimezora seguir roca un dis, com bate em dadoe atv acces da repatisio, por regito de ongem, das efenvo tas de esravc exportados pea fc tintin. ‘Scvregite da Aca ‘ie Exporasses no séulo XVII 6) Bxportagbee no séulo De Seacyimbia 3 Costa do Ouw 248 Golfo de Benin 232 Gol de Bitra uae Centro da Afica do Oeste a5 ‘Alisa do Sudeste = ‘Os percents aca Tova calcaladon parr do alos vperovados por PE Laveoy (1982) Ebon, metodo de Loveoy estas mets gloas sj certamentecontetives, agus das podem servi € {reparidpecenal dels decoreente pode sr provisoramente ata, sa qldade de aprons. [No stculo NVIIL, a Aiea Oziental i exporavaexcavo pats ilhat do Oceato Indico, ports smente ‘parc do «ula XIX ela fer em dtegio aoe tertrioesnticor. Ao etudar a impacts derogrsico Ad tiSco de ercravos sobre x Aiea Oriental hi tambem de se levar em cant 9 grande mimero de ‘trav que 1 Ais do Leste continental exit steno XIX, po splays de caver “india de Pena e Zanba. (65 Com 9 aumento qualitative qantas dos dares fore le coreamente interprets tender 4 inca name o ito de uma fore proporsio da exporter, pelor Gnfor de Benin « de Bia, fev oignria da nna centrl da Aiea Ocdenta regio que se eende da rots oriental da Nghia ‘Bontrsaiental do Gana Poa xoma, partearnente no tocante ua pst nigerian, tbr abaseces courideavelmenteotrifcotansaiano de excraoe qu eptrasobretudo rulers, Coro ar exports ‘ies pads golfoscomprecndiann abe ata aulheres, ca lac qu a densiadesdereogrca, erence bas, observadas na eid a pari do século XIX, seam impute 20 wieo eyed f ¢& Ay Ae eo (eee ibe us Acad elo x00 001 armas de fogo, conseqiiente ao desenvolvimento do trifico de escravos, “a costa, no seu conjunto, entrou em uma espécie de estado de guerra. Tudo comegou no ano de 1658 e, 20s poucos, a situagzo degenerou de tal forma que nenhuma das passagens podia mais ser usada e nenhum mercador podia mais passar*™ Em 1730, um funcionério da companhia holandesa declarou: “Em primeito lugar, nao deve causar espanto que parte da Africa, ha muito tempo conhecida como a Costa do Ouro, em funsio das grandes quantidades de ouro compradas, em certa época, pela Companhia e por navios particulares holandeses, tenha nos dias atuais se tornado nada mais que a Costa dos Escravos; as grandes quantida- des de armas de fogo e de pélvora eventualmente trazidas pelos europeus deram origem a terriveis guerras entre os res, principes e outros cabeceiras dessas regi- es, os quais escravizavam seus prisioneiros; esses escravos eram imediatamente comprados pelos europeus, a presos em constante alta, despertando assim e de tal ‘maneira a vontade dos vencedores em retomar as hostilidades que, na esperanga, de luctos altos e ficeis, esqueciam o trabalho e usavam de qualquer pretexto para se atacar uns aos outros ou reavivar velhos contltos. Por conseguinte, existe muito pouco comércio entre os negros da costa, a nao ser aquele dos eseravos [...]” Mais tarde, no decorrer do século XVIII, um observador afficano, Olaudah Equiano, confirmou, na mesma ditegio: “Pelo que me lembro dessas batalhas, tratava-se de incursées de um pequeno Estado ou de um distrito sobre outro, para capturar escravos ou butim, Talvez fossem eles atraidos por esses comerciantes que nos traziam os produtos europeus aos quais ja fiz mengio. Esse modo de obtensao de escravos é corriqueito na Affica e creio haver mais escravos capturados dessa, ‘maneira ou por seqiiestro, comparativamente a qualquer outro meio.” Essas observagées, escolhidas a titulo de exemplo entre inimeras fontes similares, mostram a estreta ligagdo entre o comércio de escravos ¢ a freqiiéncia das guerras na Africa da época. A ligag3o entre esses dois iiltimos fatores era, evidentemente, de grande complexidade e os exemplos escolhidos no bastam para explicé-la. Todavia, é notério que, direta ou indiretamente, esse comércio man Abram na Assembla dos Dex nadia 25 de Novembro de 1679, m A.van Dantig 1978, PITA Assembles dos Dez era o Sg defor da Companhia na Holanda, (68 Bawa das ats dereuito dos detores da Camara de Zelinla, dod 7 de Fevereco de 1730, cto por van Daag, 1978, 240 69 Citado por P.D. Cur, 1987, p. 77. Os produto euapeus menconados por Bgiano constr ext amas de fogo, palvora para cai, chapéus eproas. Sua deserigho leva a deduzir que eves produtor ‘ram cranidos pase pat natal pr corarcanes ar do sudste da Nghia, ‘A Aca na tra do mada ny favoreceu guerras fregiientes, desorganizando assim as estruturas politicas € sociais das sociedades africanas™. ‘Uma das mais importantes distorgdes consistiu na criagao de aristocracias militares com tal influéncia que clas determinaram a linha politica de quase todos os grandes Estados africanos da época. A existéncia de um amplo mercado de exportagio para os cativos incentivou-os a ver na guerra o meio de adquirir prisioneiros para a venda, ao invés de conquistar novos territdrios, cujos recursos naturais ¢ humanos poderiam ter sido explorados em proveito da classe diri- gente, através de sua integragio efetiva a um Estado maior. Isso implicou, para esses Estados, um duplo efeito negativo, sobre suas proprias dimensdes ¢ sobre sua estabilidade politica interna; isso também explica o fato de muitos daqueles que se formaram durante esse periodo nunca terem alcangado uma verdadeira estabilidade politica e se afiundaram rapidamente, quer seja por dinamica interna ou ao primero sinal de ameaga por parte de um inimigo temido. A existéncia dessas aristocracias militares e sua influéneia sobre situagio econémica de entio, em certas sociedades afticanas, também favoreceram 0 desenvolvimento do modo produgao baseado na escravidio. Sob influéncia estrutural do comércio de exportasao de escravos, primeiramente pelo Saara © 0 Mar Vermelho, ¢ posteriormente, de modo mais amplo, pelo Atlintico, as diversas formas de sujeisio do individuo, existentes desde h muito tempo na Africa, transformaram-se em instituigdes mais ou menos inspiradas na concep- sao ocidental relativa 20 ser escravo, enquanto bem possuido, Importantes par celas da populagio das grandes sociedades africanas chegaram a ser submetidas 11 essa situago por certos individuos, fossem eles comerciantes ou funcionstios do Estado, ligados, direta ou indiretamente, ao comércio de eseravos. Através de estruturas jé implantadas ¢ em fansao da pemtiria de recursos humanos em relagio as terras cultiviveis, o impulso do “comércio legitimo”, decorrente da climinagao, no século XIX, da demanda externa por escravos, provocou, em seguida, uma expansio do modo de produgdo escravagista na Africa”™ “Tais processos histdricos que se estenderam por mais de trés séculos levaram a Africa em sua totalidade a afastar-se do processo econ6mico de desenvol- vimento ¢ a tomar 0 caminho do subdesenvolvimento ¢ da dependéncia, A interrupsao da expansio demografica, que durou até o século XVI, suspendeu os processos que permitiriam a expansio do comércio intra-afticano, tais como 70 Para mais dcahes, ver. Iikon 1982 71 Pur mais deeaes, ve JE er, 1982, parularmente, C. Meilassouy, 1982; ver been PE. Lowio, 1985 Mies e | Kopyto, 1977, B Mansing, 198%. 0 Acad elo x00 001 a criagZo de mercados internos e de instituig6es correlatas, a comercializayao da produgao agricola ¢ a generalizasio da divisio do trabalho. A baixa densidade populacional em todo continente, onde imensas regides, tal como a zona central do oeste afticano, permaneciam quase inabitadas, atrasou o avango da produgao comercial. Da mesma forma e em vastas regides da Africa, a expansio do modo de produsio baseado na escravidéo apenas contribuit para limitar, ainda mais, o desenvolvimento dos mercados internos e da produsio comercial. Outrossim, 0 trifico transatlintico de escravos impediu, de virias formas, 0 desenvolvimento das trocas de produtos com a Europa, trocas estas que poderiam ter estimulado 0 crescimento do comércio intra-africano e a produgio com fins comerciais”. Por essas razses, em meados do século XIX, a producio alimentar de subsisténcia permanecia, de longe, a atividade econdmica preponderante da Africa. Portanto, qualquer formagio de capital na agricultura assim como qualquer aumento na produtividade das culturas alimentares destinadas a0 mercado interno, foi prati- camente eliminado, W. A. Lewis demonstrou de forma brilhante que os presos atuais,no mercado mundial, relativo aos produtos afticanos de base, estio deter minados pelo baixo nivel dos ganhos realizados pelos cultivadores africanos, no referente aos produtos alimenticios destinados 20 mercado interno, em fungio de sua reduzida produtividade”. O que W. A. Lewis nao parece levar em conta € 0 fato de que essa baixa produtividade da agricultura de subsisténcia remonta ao século XVI, herdeira de trés séculos de uma histéria que foi ainda agravado pelo impacto econémico do colonialismo no século XX. cariter sudimentar da divisio do trabalho e a escassez de mercados inter- nos s6 podiam prejudicar o desenvolvimento das atividades manufatureiras além do estigio artesanal. Tal industrializagio seria ainda entravada pela importasio desenfteada de produtos manufaturados, provenientes da Europa e do Oriente, destinados A troca por eativos, Desse modo, com mercados internos reduridos, 72 Encontro uma andlivedetallada dessa questo em JE niki, 1963, Consular também JE. lik, 1982 seo, 73. _Arsim exrveu Arthur Lewis “Um camponés de Nigra podia cultivars amendoim com cvidedo eve aire correspericntes 40 Gus tm feoarkéca suerte eompegant aslo de pus ears porto rendimento era mato diferente O prepa justo para empregar sma expresio medieval, teria {eeompenrade aiguadade de eomapetnca pela igtaldade de remuncragio Pore preg de mead senda ao Nigetizn 700 bras por hecare de anendoi,enguanto » Austalano anhaa, ora sa 1.600 Fibra por hectare, de nado algum ena rani de uinadiferenga na conpeténci ou por uma ques ‘to de usldadee produtvdade pripsas a amendoim ou 2, mas anes porque eran as quantdaes, {de alimentos posses que seus pros podiam produ, em sus cultura faniares E nese sentido Findamental que or dirigentes do manda menoe desevalvide denancam 1 injuiga da atl orem ‘conics internacional sabe qu 0 rosters daca epee wo ogo mite dow ets

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