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Box Sentimentos
Box Sentimentos
Boa leitura!
Sumário
Nota da autora
Sumário
Sinopse
Playlist
Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Sinopse
Playlist
Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Sinopse
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Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
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Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Recadinho
Contatos da autora
Sinopse
“Mesmo que você não queira ouvir, quero que você saiba que sempre será parte
de mim. E não importa o que o futuro traga, você sempre será meu amor verdadeiro, e
“É claro que os sentimentos mudam. As pessoas fazem com que isso aconteça.”[1]
Um tédio horroroso.
maravilhosa.
piscina.
Antes que pudesse chegar até Diana, notei uma das mulheres que
mais me enojavam, parar ao lado dela. Kaitlin tinha um sorriso no rosto, de
forma felina e cruel, e com seus um metro e setenta, intimidaria
facilmente, uma mulher tão pequena e com o olhar doce de Diana. A
diferença entre as aparências e a realidade, era que Kaitlin não tinha ideia
— Pequena, eu...
me deixou puta foi ela finalmente se mostrar como racista para mim.
para o lado. Minha mãe me encarou com carinho e ao mesmo tempo, claro
desespero. Ela odiava o fato de meu pai ter colocado minha liberdade a
prêmio, ou melhor, meu futuro casamento. Porém, era daquela maneira que
as coisas funcionavam entre os Russel e Harper. Dentre as gerações, em
— Ele chegou.
decididos até ele – meu futuro marido. Era impossível não o analisar dali,
ainda mais por notar a forma imponente com que se portava, até mesmo no
jeito de andar. Porém, eu conhecia aquele homem, que mesmo com vinte e
oito anos, ainda era o mesmo para mim. Klaus não passava de uma sombra
de Paul, e não podia evitar sentir pena dele, ainda mais, por aceitar de
forma tão passiva aquilo.
Os cabelos castanho escuros estavam bagunçados e os óculos de
grau emolduravam seu belo rosto. O terno cinza chumbo sob medida um
pouco desalinhado em seu corpo, deixava claro que ele esquecera daquela
noite. Ao menos, devia estar no escritório trabalhando, a única coisa que
ele realmente parecia gostar de fazer. Klaus tinha um nome de imponência
tal qual sua postura, mas assim que me aproximei de seu corpo e forcei um
Sua mão direita tocou meu rosto, e ele depositou um leve beijo em
minha testa.
com você. Em meu coração e mente, tinha certeza, aquela era a única frase
verdadeira que poderia sair de sua boca naquela noite.
Capítulo 1
Meses antes...
Assisti a cena acuado em minha cadeira, sem saber como agir. Era
a primeira vez que via Paul se descontrolar por algo que não fosse
negócios a frente de nosso pai. E ainda mais, descordando de forma tão
concisa com ele.
— Você teve a vida toda para se acostumar com isso. — nosso pai
O que?
relacionamento duradouro dele. Por que meu irmão e melhor amigo não
me contaria a respeito? Nosso pai se sentou na cadeira, parecendo
completamente inerte.
Paul não baixou a guarda, assim como também não o fiz. Aquela
situação era catastrófica, e todos no recinto sabiam bem daquilo.
— Princesa, eu só...
algo.
Culpei-me mais ainda pelo que meu peito explodia para dizer, mas
que nunca tentara lutar. Sentia-me um completo covarde.
Olhei mais uma vez entre ele e Dia. A resposta era clara, ainda
mais em minha mente. Se existia alguma possibilidade de contribuir para
que não ficassem separados, simplesmente aceitaria. O maior problema era
que teria que me acostumar com a nova realidade. Caso Lia me aceitasse
como seu noivo, o que era praticamente impossível. Mesmo assim, não
carregaria a culpa por impedir a felicidade das pessoas que tanto amava.
marido da mulher que me evitou por uma vida, mas a qual sempre foi dona
de meus sonhos mais secretos.
Capítulo 2
Gritei alto e girei pelo escritório. Peguei o celular com a foto dele e
a encarei com desdém. Joguei sobre a cama e comecei a dançar com a
música.
Rub off all your words, don't give a uh, I'm over it
Jiggle all this weight, yeah, you know I love all of this
(Ah-ooh)
If you got little boobs, love it, love it, love it, love it, love it
If you got a big ass, grab it, grab it grab it, grab it, grab it (ah-ooh)
sobre o tapete, antes de pegar meu celular e ir até o som, parando a música.
Respirei fundo, sentindo o suor percorrer todo meu corpo.
Atendi a ligação.
demônios para me tornar quem sou. Pat conheceu Lia antes da realidade, e
Lia pós realidade. Ela sabia mais de mim do que qualquer pessoa.
Ela gargalhou alto e senti vontade de socar seu belo rosto. Sorte
Deus! Eu odiava dizer o nome dele. Não que ele tivesse me feito
algum mal, pelo contrário, sempre foi muito cortês. Nos conhecíamos há
anos, mas não éramos próximos. Entretanto, ele seria meu marido. E a
cada segundo que se aproximava do dia que revelaríamos o noivado, sentia
Diana, senti meu coração falhar uma batida e uma felicidade descomunal
se apossou de meu corpo.
Eu faria de tudo por aquela mulher, e ela sabia bem daquilo. Algo a
angustiava de forma dilaceradora. Era a mesma forma com a qual ficou no
Não me contive mais e fui até minha mesa, pegando meu robe
preto, colocando-o rapidamente. Não esperei que ela me dissesse algo, e
Não!
— Klaus?
Seu nome saiu baixo e me odiei por deixá-lo me afetar. Logo ele.
Não, eu tinha que controlar aquela situação. Vamos, Lia!
Ele parecia estar tão bem consigo mesmo, que odiei o fato de ainda
me sentir tão exposta a ele. Passavam-se anos, e mesmo assim, ainda
conseguia me deixar paralisada. Merda atormentadora que não queria ir
embora. Um sentimento indecifrável.
Estava descalça, e não senti que era uma boa ideia ficar a sua frente
em meu real tamanho. Klaus me intimidava. E não permitiria que sua
altura contribuísse para tal.
Nem mesmo o fato de ter que encará-lo tão de perto, depois de anos
o evitando, pareceu desgastante.
— Aquela foto foi a melhor coisa que coloquei os olhos neste ano.
— confessei, sem disfarçar minha animação.
Tirando a visão dele, realmente, Paul e Diana aos beijos numa rede
social era a melhor foto da década. Por que diabos eu ainda me sentia tão
atraída? Bufei internamente, numa briga sem fim com minhas vontades.
Olhei-o com todo meu rancor. Não por ele, nem por mim, mas sim
pela situação. Era um contrato sendo posto a mesa. Mais um. E mesmo
querendo, eu não podia dizer não.
Ele não fazia ideia do por que não me recusava aquilo. Não existia
escolha. Respirei fundo e apenas assenti. Queria dar-lhe as costas, subir para
meu quarto e chorar. Porém me contive. Olhei-o com pesar e dei de ombros.
Ele não se abalou com minha sinceridade e me olhou mais uma vez.
“A primeira vez que a pessoa se apaixona muda a vida dela para sempre, e por mais que
olhos e tentei focar em algo, a imagem dela ocupou toda minha mente. Dei
um último soco, depositando minha frustração, e em seguida me joguei
contra o chão, completamente perdido.
costumava ir. Mesmo que fosse para sequer me divertir, e apenas observá-
la. Anos, nos quais, fiquei à sombra. Em muitas das vezes, a vi aos beijos
com outros caras, e aquilo me matava por dentro.
— Porra!
Ela apenas me passava sua frieza e altivez. Lia era a única mulher
que possuía tal poder sobre mim. Precisei recitar mentalmente o que
realmente fazia em sua casa, para não me perder diante da sua imponência.
Ela era o centro de tudo onde quer que estivesse. E ainda mais, estando
apenas nós dois em um cômodo, era como se ela me tomasse para si.
Queria abrir aquele robe, descobrir se usava algo por baixo ou não,
e de uma vez, desvendar todos os mistérios da mulher que parecia tão
Mas ela era livre. Assim como eu. Ao menos, pelos próximos três
meses.
— Vadia!
loira estava desconfortável. Ela teve seu corpo tocado sem permissão. Tirei
o blazer que vestia e a olhei com cautela.
ser atacada por um, não deveria ser fácil. — Sou namorado de Lia. — fui
direto, e ela assentiu, parecendo menos incomodada. Pude sentir o olhar de
Lia queimar sobre todo meu corpo.
consegui escutar.
— Obrigada.
A voz da loira saiu fraca e encarei-a pelo retrovisor, dando-lhe um
leve sorriso.
— Você é corajosa.
— Obrigada, Klaus.
cigarro.
Porém, não eram suas palavras, nem o seu tom debochado que me
acertaram. Apenas um momento que parei para observá-la de fato naquela
noite. Ela usava um vestido preto que marcava os seios cheios, de um
comprimento que me fazia babar por suas pernas, moldando seu corpo
perfeitamente. As meias arrastão deixaram-me aos seus pés, assim como a
acordar e tentei pensar em qualquer outra coisa que não fosse a mulher
sexy como o inferno a minha frente. Porém, a forma como os lábios
carnudos se abrira e fechara em clara surpresa, me tiveram de joelhos.
I’m falling
Sua voz era suave e ao mesmo tempo firme, completamente afinada. Senti-
me completamente preso aquele momento. Assim, ficou impossível não a
olhar. Permaneci atento ao trânsito e a ela.
— Acho que é a primeira vez que o vejo fazer algo por si só.
Ela sorriu levemente e tocou meu ombro, o que levou uma descarga
elétrica por todo meu corpo.
esperei aquilo dela. Principalmente, pela forma como ela reagia as pessoas
que a comparavam. Ao menos, era o que notei nas muitas discussões que a
vi tendo com alguns conhecidos em comum.
todos os olhares que recebi, o único que realmente queria era o dela.
Porém, não seria naquela noite. Lia buscava sua liberdade, assim como eu.
Os papéis que meu pai assinou há muitos anos, antes mesmo que eu
nascesse e até mesmo conhecer minha mãe, era algo padrão entre os
Russel e Harper. Entretanto, nenhuma das duas famílias imaginou que
realmente seguiriam por aquele caminho. Foi algo obrigatório na época
Acho que em sua mente, e pelo histórico cafajeste que minha mãe me
passara, com certeza não pretendia.
olhos.
Eles iam começar a troca de farpas e assim que saísse, teria que
colocar um fone de ouvido. Coisas iam cair e eles iam se atracar. Se um
dia sonhasse com casamento, torcia para que fosse como eles.
Klaus sorriu abertamente e tocou sua testa na minha. Ele era mais
velho, dois anos para ser exata. Em meus dezoito, jamais imaginei que
ainda cultivaria algo por ele. Mas Klaus era diferente dos outros, ele
sempre me tratava com carinho.
Eu sequer sabia o que era um beijo. Não era do tipo de garota que
atraía os homens. Por algum motivo, ou pelos meus quilos a mais, talvez,
eles me repeliam.
— Eu acho que...
negros me fuzilaram.
amargamente, por ser quem era. Sem muito pensar, corri até os cacos e
desferi o primeiro corte no lugar que mais me atormentava – minha
barriga.
Eu precisava extravasar.
Por isso, sempre tentei escolher bem o que dizer e a quem dizer.
Mágoa não era algo que gostaria de causar a ninguém. Não aquela que
carreguei por tantos anos por aqueles que me marcaram.
“Não tenho certeza de que a vida de qualquer pessoa no mundo aconteça exatamente do
jeito que se imagina. O que podemos fazer é tentar sempre agir para que tudo aconteça
Soube por cima que ela foi até a casa de Lia e teve uma conversa.
Isso, há cerca de dois meses, e pelo jeito, elas se tornaram amigas. Não
perguntei a fundo sobre o que falaram, mas agradeci internamente pelo
fato de Diana tentar trazer Lia para mais perto. Era como se ela finalmente
começasse a fazer parte da minha vida.
— Espero que largue um pouco desses papéis e fale com sua futura
esposa. — olhei para Paul com escárnio. — Sem farpas nos olhos, irmão.
— fez sinal de rendição com as mãos. — Mas acho que seria prudente ao
menos ligar para ela. Quanto tempo faz que não se falam?
— Porque sou seu irmão mais velho. — deu de ombros e tive que
revirar os olhos. Paul conseguia ser irritante sem sequer se esforçar para tal
coisa.
— Como assim?
uísque.
— Que algo aconteceu para ela ter mudado com você. — concluiu
e pisquei algumas vezes, sem conseguir acreditar naquela conversa. —
Algo específico. Você estava tão ocupado evitando o seu sentimento por
ela, que simplesmente...
cara de alguns caras nos treinos que tanto gosta... Devia aprender a lutar
pelo que realmente vale a pena.
I'm falling
I'm falling
Antes que pudesse chegar até Diana, notei uma das mulheres que
mais me enojavam, parar ao lado dela. Kaitlin tinha um sorriso no rosto, de
forma felina e cruel, e com seus um metro e setenta, intimidaria
facilmente, uma mulher tão pequena e com o olhar doce de Diana. A
diferença entre as aparências e a realidade, era que Kaitlin não tinha ideia
do que aquela mulher baixinha a sua frente era capaz.
— Pequena, eu...
nítida. — Essas suas amiguinhas não me atingem, mas admito que foi bom
humilhá-la na frente de todos.
completamente alarmados.
— Diana, eu...
prêmio, ou melhor, meu futuro casamento. Porém, era daquela maneira que
as coisas funcionavam entre os Russel e Harper. Dentre as gerações, em
alguns momentos, os laços teriam que se estreitar, e a sortuda da vez era
eu. Geração da má sorte.
— Ele chegou.
jeito de andar. Porém, eu conhecia aquele homem, que mesmo com vinte e
oito anos, ainda era o mesmo para mim. Klaus não passava de uma sombra
de Paul, e não podia evitar sentir pena dele, ainda mais, por aceitar de
forma tão passiva aquilo.
tal qual sua postura, mas assim que me aproximei de seu corpo e forcei um
sorriso, em seus olhos azuis encontrei novamente um menino. Um menino
que sequer sabia o que fazia ali, mas que aguentava o fardo.
Sua mão direita tocou meu rosto, e ele depositou um leve beijo em
minha testa.
“Você me irrita,
me excita.
Você me perde,
me ganha.
Você me tem,
me soltei da dele e chamei por Diana. Ela sorria de algo que algum dos
convidados falou, que parecia ser um amigo de longa data. Dei de ombros
para cena, sem querer me enturmar. Não era uma noite para fazer amigos.
tornado minha amiga de forma tão inesperada, não teria ninguém além de
minha família que poderia ficar à vontade. Klaus parecia querer me
confortar diante de tantos rostos que detestava. Porém, o fato era que a
maioria das pessoas ali não eram de todo más. Elas apenas pareciam julgar
tudo e todos com o olhar. Não era alguém que apreciava tal atitude, e
muito menos fazia questão de me aproximar de pessoas assim.
Assim que fiquei de pé, Diana fez o mesmo. Andamos até o interior
amigo...
Olhando por aquele lado, ela tinha razão. As pessoas viam aquilo
que permitia, nunca além. Klaus fazia o mesmo?
Desde o começo pude perceber como Diana torcia para que este
casamento desse certo. Porém, ela nunca forçou algo, nem fingiu ser
Remetente: Pat
“Olhei a última foto de Diana... Por Deus! Como Klaus ficou ainda mais
bonito? Desculpe, June. Mas vai se casar com um deus grego.”
O pior de tudo era que ele ainda insistia em estar ao redor. Mesmo
que tenha ganhado um olho roxo na última vez em que ousou me tocar ou
insultar.
qualquer um.
ombros. Realmente, não era algo que me atingia. — Podem inventar o que
quiser, mas nenhum tocou meu corpo.
Mike fechou a cara, pois ele sabia que não conseguiria me atingir.
Desde que soquei a sua cara há algumas semanas, ele tem se empenhado
ainda mais em tentar me deixar para baixo. O problema era seu olhar
lascivo sobre meu corpo. Ele me desejava e tudo o que conseguia sentir a
respeito era repulsa.
segundo que fui impedi-lo, apenas o assisti sendo jogado contra a parede
com tanta força que um quadro caiu no chão.
— Jesus!
— Klaus.
— Klaus, amigo...
Segurei com força sua mão e chamei seu nome quase em um grito.
Sem que ele esperasse, no momento em que seus olhos azuis encontraram
os meus, agradeci pelos saltos altos e puxei seu rosto para o meu.
Não tinha ideia do que fazia, mas assim que nossos lábios se
tocaram, o mundo parou.
A raiva me queimava por dentro, e ao vê-lo confirmar tudo aquilo,
não imaginei mais nada, apenas queria feri-lo, da forma como ele tentava
fazer com ela. Meu controle se partiu. Tentei lutar contra a raiva em meu
interior, mas já era tarde demais. Não existia chance de parar, a não ser que
alguém me parasse.
Sabia que eram dela, pelo seu cheiro, pelo seu toque em meu corpo.
Apenas ela me enfrentaria daquele jeito, e conseguiria me frear.
Pela primeira vez sentia seu gosto, e não pensei em mais nada.
Minhas mãos que antes estavam cerradas pelo ódio, de repente foram para
seu pescoço, e minha língua pediu passagem em seus lábios carnudos. O
primeiro toque fez meu corpo ferver, e não por raiva.
Parecia um sonho. Porém, as pequenas mãos presas com força ao
meu peitoral, as unhas sendo arrastadas por minha camisa... Era real. Cada
maldito segundo.
Ela correspondeu o beijo tão afoita quanto eu. Não existia espaço
para nada. Apenas ela me inundava. E quando senti seu corpo se afastar,
pela falta de ar, não queria permitir que acontecesse. Mas ao olhar para sua
— O que?
Minha voz soou rouca devido ao tesão que corria por todo meu
corpo. Bastava ela olhar um pouco mais a baixo e veria o que aquele
simples beijo, que não tinha nada de simples, me causara.
— Seu descontrole.
urgente.
— Depois.
parecia travar uma batalha consigo mesma. Porém, mostraria a ela que
ambos poderíamos vencer.
— Klaus!
que carregou o filho dos Willians até um táxi, porque você o socou no
estômago.
— Agora não.
“Me fazem perguntas como se eu soubesse as respostas: O que você está sentindo?, por
realidade, não tinha nada ruim. Porém, a atitude que tomei diante do estado
de Klaus me assustara. Meus lábios ainda formigavam devido ao beijo, e
qualquer um que me encarasse teria a certeza que minutos atrás estivera
agarrada a alguém.
não parei muito para pensar sobre aquilo. Passei as mãos por meu pescoço
e senti-me queimar mais uma vez. Era como se ainda sentisse o toque de
Klaus.
A voz de Diana soou baixa e apenas assenti, sem saber como entrar
naquele assunto. Queria entender o que acontecera para Klaus ficar de tal
forma. Ele parecia outra pessoa. Não aparentava o bom e velho Klaus
Russel, polido e cavalheiro. Senti então como se algo me queimasse,
espalhando-se por todo meu corpo. Logo ele se sentou ao meu lado na
— Sweetheart.
uma meia cano longo. Algo em nós não ornava. Mesmo assim, como em
vários romances que já tinha escrito, algo em protagonistas opostos, os
fazia se apaixonar. Porém, aquela era minha realidade, não um conto de
fadas. Klaus era apenas um cara normal com um nome de vilão. Eu, uma
mulher comum, com um nome abrasileirado.
aos noivos!
Mais uma vez, decidira agir. Deixei a taça de lado e toquei seu
rosto com cuidado, sentindo minha mão implorar por mais daquele
contato. Klaus não esperou mais nada, tocou meu rosto com uma das mãos
e me puxou para um leve beijo. No meio segundo em que nossos lábios se
encontraram, todo meu corpo implorou para que não se afastasse.
Não desejara aquilo tão cedo em minha vida, mas não podia negar... O
amor era um sentimento lindo.
Assim que os brindes passaram, senti Lia mais relaxada ao meu
lado. Uma etapa a menos de todo aquele teatro. Porém, minha mente
Olhei para Lia, que sorria de algo que Diana falou, e suspirei
fundo. Não podia estar sentindo aquilo sozinho. Sempre soube que existia
algo nela que me cativava, mesmo sendo tão errado. Entretanto, naquele
instante, era como se sempre existisse algo entre nós.
pergunta.
— Lia. — seu nome soava tão bem em meus lábios, que poderia
repeti-lo por horas.
Ela apenas assentiu para meu pedido. Estendi a mão para ela, que
Não era o momento para falar com ela sobre aquilo. Não ainda.
Apenas queria poder beijá-la mais uma vez e esquecer tudo.
— Sério?
Lia gargalhou de sua fala e então pareceu notar o que tinha dito.
— Oito anos.
feições.
— Klaus...
— Seu gosto é único.
Pareceu sem reação por um segundo, mas não lhe dei tempo para
pensar, baixei meus lábios sobre os seus. Novamente, o simples toque fez
todo meu corpo ferver. Puxei-a pela cintura e senti as pequenas mãos
adentrarem meus cabelos, no instante em que nossas línguas se
encontraram. Porra! Ela era como um sonho. Nossos corpos estavam
praticamente colados e não resisti em descer minhas mãos para sua bunda.
Lia gemeu em minha boca, e soube que se ela pedisse para ser minha ali,
nada me pararia.
Porém, contra tudo o que imaginei, senti apenas suas mãos parando
em meu peito e ela me empurrou com força. O solavanco não fora forte,
porém aceitei o afastamento. Lia me encarou com escárnio e logo apontou
um dedo em minha cara.
— Onde pensa que vai com esses joguinhos? — riu com deboche.
— Não sou mais a porra da adolescente que aceita tudo, Klaus. Não se
esqueça disso!
Ela então tentou passar por mim, e a parei. Não fazia ideia do que
ela falava.
“Mesmo que você não queira ouvir, quero que você saiba que sempre será parte de mim.
E não importa o que o futuro traga, você sempre será meu amor verdadeiro, e sei que
jeito de ser. Não era algo bonito, portanto, sempre evitei lembrar.
Subi as escadas e fui direto para meu antigo quarto. Acendi as luzes
e notei que tudo permanecia igual. Fechei a porta e a tranquei, apagando a
luz em seguida, e me jogando no colchão macio. Meu corpo agradeceu tal
contato, e felizmente, o momento de descanso.
Parecia que aquele feitiço que jogara sobre mim quando ela tinha
apenas dezesseis anos, se instalara novamente, tomando posse por
completo. Naquele momento, não existiam razões para refreá-lo.
aconteceu. Porém, ela parecia tão reticente quanto ao assunto que aceitei
seu espaço. Mas nada me impedia de tentar novamente. O que seria logo.
dos Russel. Pedi um uber pelo celular e mandei uma mensagem para
minha mãe, para que pedisse desculpas em meu nome a Dominic por ter
saído sem me despedir. Klaus deixara claro minutos antes que estávamos
encerrando a noite, entretanto, senti-me na obrigação de ao menos me
explicar.
— Ei, June!
Ela realmente não parecia animada, mas como boa amiga, não me
deixaria sozinha.
— Pelo jeito tem algo errado com nós duas hoje. — caçoei e ouvi
— Ok! — ainda era possível ouvir sua risada. — O que Klaus fez
dessa vez?
silêncio por alguns segundos. — Só que ele sempre te olhou com interesse
claro, mesmo que nunca tenha me ouvido.
— Klaus disse que meu gosto é único. — fiz aspas no ar, como se
ela estivesse a minha frente. Deus! Parecia uma louca sentada no balanço
da adolescência, falando com a melhor amiga no viva-voz. — Que ele
nunca esqueceria e blá blá blá.
Mike porque ele estava agindo feito um babaca novamente, porém, vendo
o descontrole dele, o puxei para um beijo... Depois disso, e as coisas se
acalmarem, Klaus pediu para falar comigo. Pensei que era para se
desculpar, então debochei pelo fato de que não era nosso primeiro beijo.
Não existia razão para se desculpar.
— Fugiu dele. — não era uma pergunta. — June, você tem que
aprender a ouvir as pessoas. Ter medo do que Klaus realmente sente sobre
você, apenas o afastou. Nunca mais o vi, mas duvido muito que aquele
olhar babão na cara dele toda vez que te olhava tenha passado.
— Tem algo que você não me contou. — ela era esperta, até
demais. — Klaus foi um babaca no primeiro beijo, ok! A Lia que conheço
superou isso, e ainda se pergunta se ele não estava drogado ou bêbado.
— Por que não tem uma conversa franca com ele, June? — a voz
de Patrice me chamou para a realidade. — Por que não conta a respeito
de como se sentiu no passado, e enfim, deixe que isso morra. Viver de
passado não é algo saudável. E digo mais, vocês vão se casar. Quer
mesmo fingir todos os dias que não deseja seu próprio homem, e pior, não
se permitir amar o cara pelo qual se apaixonou há tanto tempo?
soou alto e me senti culpada por levá-la para aquilo comigo. — É como
ver Paul com Diana, isso quebra meu coração. Mesmo aquele imbecil
nunca me notando, pensei que um dia sossegaria e que seria comigo.
Deus, eu moro em outro país e ainda sonhava com ele. — ouvi sua risada
alta. — Acredite, eu sou especialista em ilusões! Você e Klaus não são
uma!
— Desculpe por isso, Pat. — comecei, sentindo-me
completamente culpada. — Fiquei tão eufórica com Paul estando com
gosto. Não tem o poder de fazer Paul me olhar, e muito menos, de parar
de olhar para Klaus como sempre o fez. Vai à luta, mulher!
disposto aquilo.
é a melhor!
— Eu sei.
— Te amo, June. — sua voz soou mais branda. — Agora vou voltar
minha atenção para Troian, que deve estar botando um ovo por fazê-lo
esperar.
— Beijos.
“Não quero que fique comigo por obrigação e também não quero ser uma. Não quero
que fique ao meu lado só porque tem alguma coisa que te prende a mim. Não quero
que fique porque não encontrou ninguém melhor. Não quero que fique porque eu te
pedi pra ficar. Eu quero que fique, porque você se sente bem ao meu lado. Quero que
você fique pra não ter que sentir saudades. Eu quero que você fique, só se você quiser
ficar.”[15]
cerca de dez minutos que ela enviara. Olhei para as horas e passavam das
onze da noite. Respirei fundo e comecei a digitar uma resposta plausível.
Digitei e apaguei tantas vezes, que logo se passaram quinze minutos e nada
de mensagem respondida. Bufei, sentando-me na cama e encarei o celular
por alguns segundos.
Numa coragem que nem sabia que tinha, toquei em seu número e o
adicionei, discando em seguida. Um toque e meu coração começou a bater
freneticamente. Passei as mãos por meus cabelos, completamente nervoso.
Deus! Lia Harper não fazia ideia do quanto me dominava. Mais um toque e
Um som ao fundo, fez meu coração falhar uma batida e prendi uma
respiração.
— Klaus?
Não pode ser hoje? Agora? – segurei-me para não parecer afoito, e
tentei não a assustar.
que ela estaria fazendo. — É uma conversa que demorou tempo demais.
— Sim.
— Eu...
— Sim?
muito.
— Até!
— Oi, Klaus.
assim como seu endereço. Era parte de um plano juvenil idiota, e que
agora, poderia ser despejado no colo dele. Suspirei fundo, sem querer
pensar muito a respeito do caminho que nossa conversa tomaria.
Entretanto, precisava deixar claro o passado, para ao menos, conseguir ou
— Oi, Klaus.
pena.
— Obrigada.
— Quer se sentar?
— Lia...
que não precisava que me defendesse dele, eu poderia fazer isso. Mas
naquela época, era apenas a jovem garota perseguida por um bando de
babacas. Eu tinha medo deles... Bom, até aquela noite.
do poço, mas estava decidida a ser quem realmente era. E, portanto, lutaria
pelo cara que era apaixonada.
sempre acusou que era algo mais. — Enfim, eu sabia sobre Paul e o quanto
me envolver com você daria problemas... Mas ia lutar. Porque na minha
ingênua cabeça, nós conversaríamos sobre aquele beijo e você admitiria
que era apaixonado por mim. Namoro, casamento e todo o blá blá blá. Eu
— Lia, eu não...
— Você quebrou meu coração um dia, e por isso reagi desta forma
diante de nosso beijo. — bufei diante de minhas loucuras. — Por isso,
queria deixar claro, antes que continuemos a atuar e... Bom, o casamento.
Eu sou forte, Klaus. Mas ainda assim sou humana. Poderia mentir e dizer
que não senti nada com o beijo. Porém, me recordou o quanto te odiei
naquela época e porque me afastei.
você, e pela mulher que sou hoje, e também, por quem você é, achei
necessário lhe dizer tudo isso. — soltei de uma vez, e Klaus se levantou,
ficando apenas a mesinha de centro entre nós.
me acuada não diante de sua posição, mas sim, de como despejei tudo o
que me atormentou um dia. Nunca imaginei que aquela conversa de fato
existiria. Porém, era necessário. Para continuar e seguir em frente. Assim
como Mike se tornou apenas um babaca quando quebrei a cara dele pela
primeira vez. Encarar Klaus e lhe contar sobre o quanto aquilo me doeu no
passado, era como deixar lá aquela Lia perdida, mesmo que ainda fizesse
parte de mim.
— Eu te amo, Lia.
— Klaus, você não sabe do que está falando. — minha voz falhou,
diante dos olhos azuis transparecendo sentimentos.
— Eu sei. — suas mãos subiram para meu rosto, num gesto tão
delicado e ao mesmo tempo certo, que me assustei com tamanha
intensidade. — Sei que passei praticamente uma década da minha vida,
perdido por uma única mulher. Buscando em outras a conexão que sempre
senti apenas com você. Apenas por te olhar.
Klaus me amava?
— Eu sei que tudo parece confuso e... Não sou bom com palavras,
Lia.
Estava de costas para ele, com meu olhar preso a porta. Tinha duas
encontrar as palavras certas para lhe dizer o quanto aquilo era uma
loucura. — Vou lutar por você e mostrar que vale a pena me ter como seu
homem.
— E o contrato?
— Nenhum dever será maior que meu amor por você. Não mais.
Capítulo 10
“As vezes a gente ouve tantas vozes em nossas cabeças. Algumas nos dizem pra desistir,
enquanto outras nos faz acreditar que ainda vale a pena insistir. O problema é que a
sem entender direito, lhe dei a minha, e senti aquele mesmo arrepio
percorrer todo meu corpo. Sempre com ele. Apenas com ele. Por que?
redor de todo piso de madeira, encontrei cadeiras, dois sofás e alguns poofs
espalhados. Além de mesas e uma pequena área coberta. Seria o lugar ideal
para uma festa.
pela água, que estava numa temperatura perfeita. De relance, vi que Klaus
me analisava. Se ele tivesse uma mínima ideia do que se passava em minha
mente, com toda certeza, não teríamos uma simples conversa.
— Aqui.
presença.
Franzi o cenho, sem ter muita certeza de onde ele queria chegar.
— Uma vez Paul me falou sobre as drogas que rolavam nas festas
de Mike, mas que eram apenas alguns boatos. — arregalei os olhos, pois
aquela informação era completamente nova.
— Como assim?
soube disso porque Paul tinha um olho roxo, pois meu irmão nunca me
contaria, pela vergonha. Eu lembro que foi minha primeira crise, e sem
pensar duas vezes, bati no outro garoto. Mas não foi uma simples briga.
Ele estava no chão, caído, sangrando e... Eu não conseguia parar. Não
Ao menos, em partes.
— Guardei isso por tempo demais, Lia. — passou a mão pela barba
perfeitamente desenhada. — Um tempo o qual poderia ter tentado te
conquistar.
— Sobre?
Pensei em todo caminho que nos levara até ali. Encarei-o, vendo
aqueles olhos azuis vivos, diante da imensidão de sentimentos que ele
emanava. Sempre existiu algo sobre ele que me encantava. Algo que me
fazia suspirar. E ainda existia. Por isso sua presença me atormentava tanto,
e seu toque, me desestabilizava.
Sem querer pensar em mais nada, inclinei meu corpo sobre o seu. O
olhar dele nublou e palavras se tornaram desnecessárias. Assim que me
encaixei sobre seu corpo, ele abriu a boca para dizer algo, porém, toquei
seus lábios com os dedos. Não era preciso, ele entenderia. Assim, desci
meus lábios para os seus. Mais uma vez, o mundo parou e nada ao redor
importava.
Éramos nós.
“É a possibilidade que me faz continuar, não a certeza, uma espécie de aposta da minha
parte. E embora você possa me chamar de sonhador, de tolo ou de qualquer outra
confessei, com meu coração mais leve. Finalmente livre para amar quem
queria.
três semanas.
— Iríamos nós dois, certo? Porque não trocar o meu lugar dessa
vez? — perguntou, com toda certeza já tendo uma ideia em mente. — Lia
comentou comigo que o novo livro tem como protagonista uma brasileira,
já que a melhor amiga dela é. Acho que ir para o Brasil, seria como
mergulhar de cabeça, não acha?
— Eu...
— Klaus?
Lia deu alguns passos e parou a minha frente. Sua mão tocou meu
peito, e só então me toquei de fato da diferença de nossas alturas. Ela
traçou a tatuagem em meu peito, e sem ao menos esperar a despedida de
Diana, desfiz a ligação.
Sorri para ela, e não resisti aquele beijo. Acreditei que era algo
inocente, mas assim que nossos corpos se chocaram, notei que estávamos à
beira de explodir. As pequenas mãos de Lia seguraram meus cabelos e as
minhas desceram para sua bunda. Sentíamos livres, como velhos amantes.
Porém nada acontecera. Ao menos, ainda não.
— Eu sinto o mesmo, Lia. E quando estiver sobre ou sob meu corpo, quero
que tenha certeza de que não há outro lugar no mundo que queira estar.
Quero que estejamos em sintonia. Porque isso vai além de atração. Sempre
foi mais que isso.
tem tatuagens, fala como um cavalheiro sexy... Você saiu de algum livro!
O que tem de errado em você Klaus Russel? — indagou, provocativa.
Lia era meu sonho particular, que aos poucos, tornava-se uma realidade.
Destinatário: Pat
Ele não cozinha, ao menos encontrei algum defeito. Aliás, não sei se posso
contar como um. Posso?
Aliás, que história é essa de vir para Nova Iorque? Por que tive que saber
por Troian?
se arrepiar. Ele sabia bem o que fazer, e a cada minuto, estava mais perto
de jogar tudo para o alto e puxar seu corpo para o meu.
ficara para trás. Meu peso não era mais meu inimigo, tal como, a comida.
Você é fofo!
— Um brinde ao presente.
Brindamos mais uma vez e foi impossível não sorrir para ele.
Klaus me tinha em suas mãos em tão pouco tempo, que mal saberia
dizer o que aconteceria quando saísse daquele apartamento. Porém, o
presente valia pena. Para uma romântica incurável, era como encontrar o
homem de meus livros. E naquele momento, ele me pertencia.
Capítulo 12
“Eu adoraria dizer que tudo vai dar certo para nós, e prometo fazer tudo que eu puder
— Bom, deve saber mais das finanças de meus pais do que eu. Não
certo?
Klaus era tão fofo que poderia quebrar sua cara por isso.
— June!
em meu colo e se não fosse Klaus como uma parede atrás, estaríamos no
chão.
Patrice era apenas um ano mais velha, porém agia como se tivesse
dez. Ela então me deu um beijo estalado na boca e se virou para Klaus, que
assistia a cena sorrindo.
Ele lhe estendeu a mão, porém Pat, como uma boa mulher
Ele era dois anos mais novo que eu, mesmo assim, sua altura, o
cabelo loiro comprido e barba por fazer, contribuíam para parecer mais
velho.
afastando-me de Troian.
Apenas assenti e fui até Klaus, que logo enlaçou minha cintura. De
relance notei que Pat discutia algo com Troian, sobre o que comeriam. Os
dois não tinham jeito.
Meu irmão até podia tentar, mas era péssimo no boxe. Desviei com
facilidade do golpe e lhe dei um cruzado. Paul reclamou e logo caiu de
joelhos. Sorri da cena e fui até a garrafinha de água, bebendo um longo
gole.
— A melhor amiga dela chegou na cidade, e pelo que sei, faz muito
tempo que Patrice não tem férias. — comentei, e bebi mais um pouco.
Lembro bem quando nosso pai quis nos dar um apartamento, e você negou.
Até hoje ele é meu! — gargalhou alto e tive que sorrir.
Nunca condenei meu irmão por sua forma de levar a vida. Paul
trabalhava muito e sempre se esforçou bastante para ser um ótimo
mais, pela forma como perdemos nossa mãe. Eu sequer me lembrava, pois
tinha apenas dois anos quando ela faleceu. Porém, Paul claramente sentia
falta daquela ligação com ela, e era como se precisasse de sua permissão
para algo. O câncer a tirou de nós, e infelizmente, mesmo após tantos anos,
Logo ele passou por quem estava a sua frente, e meu coração
disparou. Um sorriso idiota se abriu em meu rosto sem que pudesse evitar.
Lia sorria para meu irmão, e deu um leve aceno para o mesmo. Ela deu um
passo à frente e sorriu em minha direção. Aquilo me desmontou.
— Ei, baby.
— Não me importo.
ao certo o que ela fazia ali, porém, aceitei de bom grado. Senti que em seu
toque, algo estava diferente. Quando ela se afastou, notei seus olhos
dilatados. Aquele desejo tão aparente já me acertou antes, durante todos os
momentos que compartilhamos. Porém, ela decidira algo, conseguia sentir,
apenas por olhá-la. Cinco dias ao seu lado, que pareciam como cinco anos,
ao mesmo tempo como cinco segundos.
— Nem todo mundo transa com qualquer cara que lhe sorri. —
Nem eu mesma sabia porque ainda fugia de Klaus. Não que de fato
fosse uma fuga, porém, a rapidez de tudo entre nós me assustou. Era como
se fossemos destinados aquilo. Entretanto, temia que minha mente de
autora estivesse sonhando demais.
— Ser virgem aos vinte e cinco anos não é algo muito comum. —
comentei, e Pat assentiu. — Por que, dentre tantos caras que me agarrei
durante todos esses anos, justamente Klaus é o que me faz querer seguir
em frente?
perfeito do que ter sua primeira vez com o cara que ama?
— Eu não o...
— Nessas horas tenho certeza de que você devia escrever, não eu.
— encostei a cabeça contra o sofá, em meio a um sorriso.
— Eu te amo, Pat!
— Foder?
Quando mais nova, imaginei por muitas vezes como seria minha
lista de desejados por um longo tempo. Claro, que quando conheci Sam
Sorri de sua fala e logo ele passou por mim, e acabei lhe dando um
leve aceno. Voltei meu olhar para o interior do apartamento e um sorriso
bobo tomou forma em meu rosto. Se existia alguma dúvida a respeito de
querê-lo, morrera naquele instante. Comecei a andar em sua direção, sem
sequer me importar com algo.
Gargalhei dele e dei mais alguns passos, até alcançar o homem que
me encantara.
— Ei, baby.
Eu o amava.
— Não me importo.
Dei-lhe um ultimato e puxei seu pescoço para o meu. Nossos lábios
se uniram, e aquele beijo me marcara. Era como se finalmente estivesse
entregue para o passo que viria. Meu ideal daquela noite não era chegar e
levá-lo para cama. Era testar meus limites para com ele. Naquele instante
eu tive certeza. Não sairia dali antes de ter cada pecadinho de seu corpo.
que ele visse. Respirei fundo algumas vezes e saí do banheiro. Andar de
salto nunca pareceu tão complicado como naquele instante. Selecionei a
playlist que me interessava e coloquei na caixa de som em seu quarto. O
lugar era amplo o suficiente para que pudesse fazer o que imaginei.
cruzadas em suas costas, e era devorada da forma mais perversa por sua
boca. Jurava que morreria caso ele se afastasse.
Senti que nos movemos, e logo meu corpo caiu sobre algo macio.
O corpo de Klaus pairou sobre o meu, e notei seus olhos azuis num tom
mais escuro. Nunca o vira mais sexy como naquele instante. Puxei-o para
meu corpo e ele veio de bom grado. Nossas línguas se encontraram e senti
aquele arrepio gostoso percorrer todo meu corpo, assim como suas mãos o
faziam.
como as minhas passeavam por todo o seu. Não saberia o que dizer, as
palavras pareciam presas em minha garganta. Apenas gemidos saíam por
entre meus lábios sendo abafados pelos beijos mais indecentes.
meu corpo.
a cada toque.
Klaus subiu por meu corpo, espalhando os beijos por todo caminho,
ele, nada além de nós importaria. Era exatamente o que acontecia. Ele
entrelaçou nossos dedos e me analisou com cuidado, forçando um pouco
mais.
arranhei por completo suas costas, sentindo que aquilo o estimulou ainda
mais. O ritmo lento fora substituído por algo rápido e colossal, a cada
encontro de nossos corpos, sentia-me mais perto de cair.
— Porra!
completo por aquele homem. Meu grito foi alto, assim como a forma que
Klaus confessou seu amor novamente, derramando-se dentro de mim.
Não existiam mais dúvidas, nada que pudesse interferir. Klaus era
meu, assim como eu era completamente dele.
Senti um leve movimento ao meu lado, e acabei abrindo os olhos.
— Eu quis tanto te odiar por todos esses anos, mas aí você abre
— Me ame?
nenhuma mentira entre nós. — Ainda mais com todos aqueles boatos sobre
mim rodando por aí, e até mesmo, meu jeito sexy.
— Nunca dei crédito a nada que ouvi. A realidade seria mais sobre
me sentir um imbecil por não poder te tocar. — ela sorriu genuinamente e
Puxei uma de suas mãos até meus lábios e dei um leve beijo. Lia
A mulher que amava sobre meu corpo, após uma noite inesquecível
onde se entregou para mim, declarava seu amor sem medo ou pudor. O que
mais eu podia querer?
— E você, sempre foi e sempre será única para mim. — puxei seu
rosto para o meu, ficando a mínima distância. — Eu te amo, Lia.
“Então, não vai ser fácil. Vai ser muito difícil; nós vamos ter que trabalhar isso todos os
dias, mas eu quero fazer isso porque eu quero você. Eu quero tudo de você, para
— Brasil?
— O que acredito ser uma pena. Já que o seu novo best-seller terá
com uma protagonista de lá. — sorri de sua positividade.
Levantei-me e fui até a porta, abrindo para ela. Assim que Diana
saiu com um sorriso forçado no rosto, algo dentro de mim acusou. O que
ela poderia estar escondendo? Algo parecia não se encaixar.
Bebi o resto de meu vinho, e fui até a cozinha. Deixei a taça sobre a
pia e lavei minhas mãos rapidamente. Diana e eu tínhamos pedido comida.
Olhei rapidamente para o balcão a frente, e notei um grande molho de
aparelho por alguns segundos e bufei. Ela voltaria? Dissera que sim.
Porém, minha vontade por doce era grande. Assim, uma pequena desculpa
a mais para sair de casa me forçaria a realmente andar. Depois de uma
noite sem dormir encarando o computador, e digitando toma minha
inspiração, meu corpo gritava por um pouco de açúcar.
Remetente: Klaus
boa que desperta a alma, e toca o coração durante uma breve conversa por
mensagem. Klaus me causava.
Destinatário: Klaus
“Amanhã =)
obs: sinto sua falta também”
Era real.
Voltei para minha casa e deixei as chaves de Diana num local fácil
de visualização, caso aparecesse. Mandei uma mensagem para Patrice,
avisando que tinha um assunto a resolver e que teria que furar com ela.
Pedi um uber e tentei colocar minha mente no lugar. Nada fazia sentido.
passar.
Klaus. Ele sequer saíra de sua zona de conforto. Por que não podia
simplesmente arrancar aquele sentimento do peito? Por um instante, era
tudo o que queria.
— Mas e se ela...
Sem lhe dar mais ouvidos, saí da imponente sala. Fui direto para minha
sala, peguei os papéis empilhados, e sem me importar com pasta, apenas fui
para o elevador, na clara intenção de ir embora. Minutos depois, finalmente
estacionei meu carro na vaga. Suspirei fundo, ainda com a adrenalina
percorrendo meu corpo. Discussões como aquela, tinham-me alterado pelo
simples motivo de não me deixarem ter próprias escolhas. Lia era a minha.
Não desistiria.
— Você sabia?
Ela sorrira sem vontade e deu mais alguns passos para perto, parando a
minha frente, mas sem a intenção de me tocar. Deixou a taça de vinho que
carregava sobre uma bancada e me encarou.
O que?
juntos, de alguma forma maluca. Mas olhe só pra isso! — fez um sinal
imaginário entre nossos corpos. — Agimos como um casal, sendo que dias
atrás, sequer conversávamos. — explodiu, e pude sentir em cada palavra, a
confusão que sua mente se tornou. — O que faria, Klaus? — perguntou de
Paralisei diante de sua fala. Minha cabeça girou até Paul e Diana, o
quanto tudo entre eles se sucedeu de forma estranha e rápida. A forma
cuidadosa com que Paul falava, e ainda mais, as coisas simples que Diana
parou de compartilhar para comigo. Tudo finalmente se encaixou em minha
mente. Suspirei, voltando meu olhar para a mulher que tinha meu coração em
mãos, e com toda certeza, o jogaria fora em alguns segundos.
Ela então deu alguns passos à frente, na clara intenção de passar por
mim e sair. Não permiti. Segurei seu braço e a puxei delicadamente contra
meu corpo, olhando-a profundamente.
entendo. Assim, como te entendo, Lia. Por isso, passo cada segundo do meu
dia pensando em como te mostrar que sou um bom homem. Porque errei no
passado, e não foi algo simples. Porque errei ainda mais no presente, por
sequer bater de frente com todas aquelas malditas cláusulas. Mas pensei ser
tantas coisas, menos um sentimento correspondido. Fui covarde, um dia, mas
hoje, sou essa pessoa que vê! Serei grato por toda eternidade por eles terem
agido assim, e que agora te tenha em meus braços. O que eu teria feito ao vê-
la de branco no altar, e sendo o padrinho? Eu realmente não sei. — evidenciei
cada palavra, com meu coração sangrando. — Mas de algo tenho certeza, de
que parte de mim morreria se a visse com ele, ou qualquer outro. Sei que está
confusa, e que esperava um homem que...
nós, somos apenas fruto de uma mentira. Somos duas pessoas que...
— Eu te amo, porra!
Lia piscou algumas vezes, absorta diante de minha explosão. Mas era a
verdade.
Logo senti dois braços me envolverem e suspirei, diante de seu toque sobre
meu corpo.
Virei-me rapidamente para ela e puxei seus braços para meu corpo.
Ali estava a Lia que ela tanto buscava esconder. Uma mulher que sofria
como todo ser humano. Uma mulher que não aceitava metades, e que
desconfiava de cada passo dado. Lia era frágil, e me doía saber que meus
sentimentos ainda não permitiam que confiassem em mim. Porém, não
pararia de lutar.
— Isso que temos é único. — beijei suas mãos. — Não está aqui
comigo por nenhum contrato, não mais. Posso não ter lutado no passado, mas
luto por nós, agora. Por favor, tente...
Lia colocou dois dedos sobre minha boca e sorriu, suas lágrimas ainda
molhadas no rosto, junto a outras secas. Uma bagunça linda, o que ela
realmente era. A dor em seu olhar era nítida, assim como sua insegurança.
tocou meu rosto. — Me faz esquecer que poderia não estar aqui, em seus
braços. Eu quero tanto me libertar dessa angústia, dessa dor no peito e...
Sem que ela precisasse terminar, baixei meus lábios para o seu. Melhor
do que ninguém, eu a entendia. Muitas vezes, nossa mente se apodera de
decisões que sequer pensamos em tomar. É como ser obrigado a explodir
diante da situação, para só depois analisa-la com cuidado. Aquilo acontecera
com Lia. E nada melhor, do que provar, da forma mais carnal e real possível,
que o que realmente valia a pena, éramos nós.
nós. Por nossos corpos. Encostei nossas testas, ouvindo seus pedidos e
gemidos, sentindo-me finalmente completo naquele instante. Éramos um.
Mostraria a ela que o passado me sentenciou como um covarde, mas que no
presente e no futuro, seria o homem da sua vida. Passaria o resto de meus
“É por isso que eu não conto às pessoas sobre nós. Elas não entenderiam e eu não sinto
necessidade de explicar, simplesmente porque o meu coração sabe o quanto foi real.
Quando penso em você, não posso evitar um sorriso, sabendo que você me completou
de alguma forma.”[26]
conseguira. Tornou-se meu porto seguro. Abri os olhos, e notei que ainda
dormia tranquilamente, mas que seu corpo, involuntariamente buscava o
meu. Analisei seu semblante calmo e tranquilo, e a culpa me invadiu, por
ter agido de forma tão rude com ele.
Klaus era quem claramente que tinha problemas com controle, mas
no fim, eu quem me descontrolava.
Todas aquelas informações fizeram uma bagunça tão grande em
minha mente que de repente, estar perto dele parecia errado. Era como se
fossemos um erro ou algo pior. O que deixou a beira de uma crise, que me
atingiu por completo. Era toda ferrada, no sentido de não conseguir lutar
contra minha mente em muitos casos. E naquele em especial, acontecera.
A insegurança era um mal diário, uma luta interna de anos, mas que
deixando tudo por sua conta. Mas eu sabia, quando olhava no fundo de
seus olhos, que aquilo não importava. Papel algum nos transformaria em
“nós”, porque já nos pertencíamos.
— Ei, sweetheart.
isso?
— Deus do céu!
até mesmo vai vender ações. — meu pai complementou. — Sei que estão
juntos agora, de verdade. Mas acho que deveria saber, porque não
acredito que ele tenha te contado.
E amor.
Algo neles parecia real, e não no sentido ruim. Além de que, eles
sequer precisariam ficar juntos por mais tempo após o anúncio do noivado.
Algo acontecia, e Lia e eu, aguardávamos pelo momento certo de termos
uma conversa franca com eles. O que não era o momento. Mesmo que meu
coração fosse eternamente grato pelo que fizeram.
— Vem!
And now I wonder, could you fall for a woman like me?
— Que estou feliz. — toquei seu rosto com carinho. — Que nunca
imaginei que realmente a teria. E hoje, te ter, é como tocar os céus.
acertaram em cheio. Ainda mais por que nunca vi Lia falar tão abertamente
de sentimentos. — Não somos um casal convencional, nem mesmo quero
que sejamos. E por isso, insisto para que me chame de senhora. Sua
senhora.
muito mais fácil do que falar... Mas você, você me faz querer falar, pensar,
escrever, e principalmente, viver. — ela então se acomodou novamente em
meu colo, e continuei, completamente paralisado. — Eu te amo, Klaus
Russel! Aceita ser meu, por nossa escolha e vontade próprias... pelo amor
amor que nunca imaginou de fato que escreveria. A sua própria história.
forma como ela parecia feliz em estar se casando com ele. E pela forma
como ele se sentia por poder estar realizando o sonho de começar um
relacionamento a frente de todos que amavam, amando a mulher ao seu
lado. Completamente.
Ele apenas ouviu o que o padre dizia, mas seus olhos fugiam a todo
momento para os dela. Não existia algo que o tiraria a atenção, pois ela
permanecia ali. Lia era fora da curva. Lia era como uma incógnita. Lia era
como um sonho impossível. Entretanto, com sua mão esquerda tremendo,
ele estava preso a ela, que parecia tão dona de si, que o deixava
completamente perdido em como aquela mulher de fato se apaixonara por
ele.
O que muitas pessoas não sabiam sobre Klaus era que ele e Lia
compartilhavam muito do passado. A baixo autoestima e fragilidade fora
algo que ambos lutaram por anos. Klaus, lutara de fato, socando sacos de
boxes e colocando em mente que era o seu melhor. Ali, encarando-a
sorrindo para ele, sabia que nunca desistiria de tentar ser o seu melhor. Por
mais que não compreendesse como aquilo acontecera em sua vida, dentre
não me visse casando com você. — piscou para ele novamente e sorriu. —
Eu me vi, tantas e tantas vezes... Deitada na minha cama, sentada no
jardim, durante uma festa... Casar com Klaus Russel era um sonho
constante em minha adolescência. Porém, pensei que seria apenas aquilo...
Um belo sonho. O que não nos contam antes da vida adulta é que os
sonhos não se vão de repente, muitas vezes, eles apenas adormecem. No
meu caso, meu amor por você ficou adormecido. — Klaus já chorava, e
não existia alguém naquela igreja que não estivesse emocionado, ainda
mais, pelas pessoas que realmente conheciam a relação dos dois. — Mas
com um vulcão, esse amor acordou. Não sei ao certo se dentro daquela
balada, ou cantando shallow no seu carro, ou até mesmo, quando tomou a
sala inteira da minha casa... Só tenho certeza de que acordou. Tão mais
vivo, tão mais intenso... Tão mais real. — ela suspirou profundamente e
uma lágrima desceu, meio a um sorriso que não lhe fugia. — E a realidade
é bem mais bonita do que o sonho. Eu estou aqui hoje, a sua frente, prestes
a nos tornarmos marido e mulher. A realidade desse sentimento me fez te
pedir em casamento numa balada, um local que por anos nos vimos, mas
e não pude deixar de pensar em como me senti na primeira vez que te vi. E
como sei hoje, que você se sentiu também. A letra é assim: “Eu te amei em
segredo. À primeira vista, é, nós amamos sem razão.” Hoje eu sei que não
foi sem razão. A razão era simples, que quando uma escolha lhe fosse
dada, você saberia o que dizer. Assim como, eu saberia. Que entre os
amores e os deveres dessa vida, a gente apenas se encontra no amor.
Porque é disso que somos feitos e é por isso que estamos juntos.
Fim
Sinopse
Paul Russel abriu mão de seus sonhos para manter sua família
unida. Quando a felicidade de seu irmão se encontra em suas mãos, ele não
pensa duas vezes no que acredita ser a escolha certa. Assim, ele e sua
melhor amiga, Diana, decidem fingir um relacionamento. O plano era
simples. Klaus, seu irmão, ficaria com a mulher amada, enquanto Diana e
ele, atuavam para todos. Porém, no meio do caminho, sentimentos até
então desconhecidos para ele surgem. Paul não sabe como chegou a tal
situação, porém, entende que se apaixonar está fora de cogitação. Ou não?
Deixe-me ir – 1Kilo
Sentei-me ao seu lado, e puxei suas pernas para meu colo. Diana se
por que me dão tanto trabalho, sendo que temos basicamente a mesma
idade? — reclamou, fazendo-me gargalhar.
Diana era uma das poucas pessoas no mundo que conseguiam tal
feito. Fazer-me rir verdadeiramente. Ela tinha razão, ao meu acusar de bom
ator. Eu era, na maior parte do tempo, uma simples projeção de mim
mesmo. Nada mais. Acostumei-me a sorrir e acenar desde muito novo.
Desde o momento em que perdi minha mãe e todas as esperanças a
respeito de ser feliz plenamente.
postiços fechados, um tio postiço que necessita seguir na vida, e ainda acha
que tenho tempo para me preocupar com meus problemas? — refutou, e
deu um sorriso cansado. — Sabe melhor do que ninguém, Paul.
— Como assim?
— Você tem essa regra ridícula. Eu transo com quem quiser pelo
tempo que quiser. Se a pessoa for boa de cama, por que dispensar
rapidamente? — jogou a pergunta no ar e deu de ombros.
— O que, mulher?
meu peito. — Pode aproveitar os dias que lhe restam, porque o celibato vai
começar.
— Mas Dia...
conversado com ela, rendera algo bom. Meu melhor amigo e seu futuro
marido, Klaus, era o motivo daquilo. Aproximei-me de Lia para tentar
trazê-la para perto, para que se sentisse mais confortável com aquela
situação. Ela estava sendo obrigada a casar com um homem devido a um
contrato. Existia algo mais arcaico?
Pelo que ele me contara, eles tinham dormido juntos e passado dias
— Pat chega amanhã. — assenti. — Faz muito tempo que ela não
vem a cidade.
— Parece entediada.
— Não me diga que temos mais uma vítima sua aí? — revirei os
olhos. — Precisamos conversar, Paul.
Paul tinha uma toalha enrolada na cintura, porém, não era sua
nudez que me incomodava. Era o fato de não ter como confiar realmente
nele.
ficou em silêncio. — Não sou uma mulher apaixonada por você, Paul. —
ele desviou o olhar e se sentiu claramente incomodado, o que não fazia
sentido. — Mas, tenho certeza, que quando encontrar essa mulher, ela não
vai perdoá-lo como o faço. Sua palavra tem que valer mais do que isso!
— Oi, Cat!
— Eu sinto muito por te pedir pra sair, mas é que tenho um assunto
para resolver. — ele me encarou rapidamente, e voltou-se para ela. — Não
quero que se sinta mal, mas...
suas palavras.
— Era claro que o mais velho dos Russel podia até assumir um
relacionamento, mas nunca seria fiel.
Ela me encarou com um falso sorriso e tentei entender onde ela
poderia querer chegar. Talvez em sua mente, as ações de Paul me
A voz de Paul soou como um trovão, mesmo que sua falsa calma
pudesse ser sentida.
— Estou cansada disso! — falei de uma vez, e fui até ele. — Será
que pode agir como a porra de um adulto e parar de usar sexo como escape
para seus medos? — seus olhos azuis me encararam perdidos e bati em seu
— Um dia, espero que encontre alguém que cure esse vazio. — dei
um passo para perto e toquei seu braço. Felizmente, ele aceitou meu toque.
— Mas enquanto isso não acontece, vamos apenas fingir isso e deixar
irmão parecia decidido em quebrar tal contrato, que obrigava ele e Lia
Harper a se casarem. Aquele velho contrato me prendeu a ela por muito
tempo, ao menos, era algo posto em nossas mentes. Mas quando percebi
que realmente teria que me casar com ela, lembrei-me de como Klaus já se
sentiu a respeito dela, e mais, o como ele era metódico em tudo em sua
— As outras pessoas eu não sei, mas com toda certeza, sou uma
das quais vive em problemas. Será que por escolhas erradas?
Virei meu rosto para o lado e uma mulher de cabelos loiro escuros
me encarou. Ela sorria abertamente e parecia entretida com sua bebida,
olhando-me de canto de olho. Só poderia ter deixado aquele pensamento
fugir e falado em voz alta. Analisei-a rapidamente e tive a impressão que
conhecia aqueles traços de algum lugar.
— Não sei. — resolvi responder sua pergunta e bebi o resto de meu
uísque. — Dois dedos do mesmo! — pedi ao barman.
Ela tinha um sorriso gigante no rosto, que não fazia ideia de onde
vinha ou porque o mantinha. Sorrir demais lembrava a mim mesmo e o
quanto fingia bem aquilo. Não queria alguém como eu por perto. Não
naquela ocasião.
— Sim!
ela não era por acaso. Diana então trouxe a loira para mais perto e a parou
na minha frente.
Sorri de sua fala e notei que Diana assistia a tudo muito animada.
sorrir.
inteira.
— Uma intimação.
Diana me puxou com ela para a pista e assim, fez com que meus
pensamentos voassem para longe dos problemas. Entretanto, a cada
momento que reparava ao redor, encontrava o olhar verde da loira que
parecia querer fugir do meu. Entretanto, em algum momento, poderia dizer
que estava tão interessada quanto eu em “mais”. Um “mais” que teria que
esperar, infelizmente. E que em minha mente, parecia completamente fora
de alcance. Já que possivelmente, Klaus e Lia ficariam juntos, o que faria a
tal Patrice ser presente na vida de meu irmão. Não poderia magoar alguém
interessado em mim, mesmo com a namorada nos braços. Odiei ainda mais
saber que ele não valia nada, e que pelo jeito, nunca seria o cara certo.
pensamentos. Depois de tantos anos, era uma das poucas vezes que voltava
de uma noite na balada sem alguém. O fato de que meu corpo apenas
reagiu a Paul era uma das variáveis responsáveis, porém, a presença de
Troian sob o mesmo teto, me incomodava. Não queria que meu primo, que
considerava um irmão, tivesse mais motivos para me encher com sua
superproteção.
foto, senti-me culpada. Diana fora um amor comigo, por saber que era a
melhor amiga de Lia. Joguei o celular de lado, implorando para que aquele
desejo pelo homem proibido passasse. Levei as mãos ao rosto e gritei,
querendo tirar tal coisa de meu corpo.
lembrar dos olhos azuis daquele me atraía, a barba por fazer e o cabelo
ele não era um cara de insistir em algo. Voltei minha atenção para a
televisão e coloquei outro clipe, algo mais dramático. Como diria meu
Pra você entender seu amor, mas não quer ser mais minha
fechados, tateei o outro lado da cama em busca dele. Assim que encontrei,
o levei ao ouvido.
— Fala!
Mais uma vez, a perderia. Não poderia simplesmente aceitar tal coisa.
Mesmo que ela não soubesse ainda, tê-la perto, apenas me faria querer
lutar. Eu queria seu amor, sentia que precisava dele.
— Sim, perfeito.
Não poderia dizer a Ruby que nosso relacionamento era algo real, sendo
que queria reconquistá-la. Teria que abrir o jogo com ela, e assim, investir
em nós.
Destinatário: Diana
“Precisamos conversar.
Remetente: Diana
reflexo no espelho e não pude evitar o sorriso enorme que emoldurou meu
rosto. Mesmo diante de tantos problemas, Ruby aparecera, como sempre,
trazendo-me paz. Se não tivesse ferrado tudo no passado, com toda certeza,
estaríamos juntos. Aquela era uma parte minha que simplesmente odiava.
— Só você pode ficar tão feliz por tal “chance”. — fez aspas com
os dedos. — Ela disse o que queria?
— Que quer dar um fim ao que tivemos, para então poder seguir
em frente... — levei as mãos ao rosto, sentindo-me sufocar por alguns
segundos. — Ela se sente como eu, tenho certeza. Mesmo que o erro tenha
sido meu e...
— Ok, não vamos entrar no assunto sobre quem traiu quem
novamente. — refutou e fiquei em silêncio. Diana tinha tal poder de
chamar atenção, que muitas vezes, apenas me calava. Ela sabia o que fazia.
— Mas me diz, vai mesmo arriscar tudo por conta dela? — o desdém em
sua voz não me passou despercebido.
cansado daquilo.
— Se estamos fazendo isso é por seu irmão, e agora também, por Lia, que
se tornou uma grande amiga. Não me venha querer ferrar tudo só porque
quer reviver alguns momentos de merda com essa mulher!
recuou em sua posição. Parecia decidida em sua fala. — Meu irmão e Lia
estão realmente juntos agora. — tentei amenizar a situação, mostrando-lhe
o óbvio. — Por que estamos discutindo sobre isso?
— Dia, eu...
— Estou tão exausta quanto você dessa mentira. É horrível ter que
fingir por aí tantas coisas, trocar beijos em momentos que Klaus aparece,
para que ele engula isso. Me machuca enganar um dos meus melhores
amigos. Vocês são meus irmãos da vida, porra! — esclareceu, e senti-me
ainda mais culpado. Diana parecia conseguir carregar as dores de todos em
suas costas. — Não posso pedir para que fique longe de uma mulher que te
deixou, mas ao menos, espere que eu acabe com tudo, e poderá desfilar por
aí com ela.
saber mais sobre algo que sequer desconfiava. Porém, ela daria um jeito, e
com toda certeza, teríamos um fim adequado. Assim, poderia seguir em
frente.
Capítulo 3
levado até a mesa. Sentei-me, e encarei mais uma vez a tela do celular,
buscando alguma mensagem dela. Ruby não era do tipo de pessoa que se
atrasava.
— Ei!
— Realmente, acho que essa reunião não tem hora para acabar e...
Bom, vou estar tão cansada que não vamos conseguir conversar direito.
que não era o Paul de cerca de um ano e meio atrás. Que sua partida me
deixou tão perdido, que finalmente entendera que queria de fato ser amado.
enquanto soubesse que Ruby estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe
de mim. Menti na resposta para minha amiga, dizendo que as coisas
corriam perfeitamente bem. Deixei o celular sobre a mesa, e logo fiz meu
pedido, uma garrafa do melhor vinho. Ao menos apreciaria o resto da noite
de alguma forma.
ali. Com mais atenção, pude finalmente reconhecê-la, e mais uma vez, sua
beleza me impactou.
Algo nela, fazia com que o lado que tanto guardava, aparecesse.
e taças de vinho. São coisas que nunca devem ser contadas.”[35] — piscou
em minha direção e logo se deliciou com o vinho.
estar acompanhada.
ame meu país de origem, ainda assim, é difícil dizer o quão complicada as
coisas são por lá.
família está separada entre esses dois países desde que meus pais
morreram. Aí, venho para cá apenas a negócios, mesmo que pudesse
passar a vida toda apenas sorrindo para os telões da Times Square. — sorri
de sua fala, e continuei comendo. Notei que se acomodou melhor, e
colocou um cotovelo sobre a mesa. — E você, Paul Russel? O que te
prende a essa cidade?
De alguma forma, ela parecia ter me lido. Era real, não existia um
grande sonho em meu ser. Tornei-me um homem prático e nada mais.
That I got drunk and made fun of the way you talk
— Precisamos...
— E aí, irm...
— Ei, gatinho!
Fiquei estático, sem saber como agir. Ter Ruby tão perto assim era
como um choque, ainda mais, por ser completamente inesperado.
absurdamente feliz?
— Puta merda!
— Ruby, eu....
Ela então tentou passar por mim, mas segurei seu braço, tentando
pará-la.
Passei as mãos por meus cabelos e encarei Diana, que olhava entre
mim e Patrice que parecia completamente perdida. Corri até meu quarto e
realmente estava com o vestido que saí de casa. Felizmente, pelo breve
olhar, notei que tudo permanecia em seu devido lugar. Levantei meu olhar
para Diana, que simplesmente me encarou com uma sobrancelha arqueada.
Merda!
noite toda com uma mulher... E, confia tão facilmente nas pessoas.
— Mas, Diana...
Alguns dias em Nova Iorque e a minha vida parecia uma boa novela das
nove. Naquele momento, quando entrei no elevador, fiz mais uma vez em
voz alta uma falsa promessa.
Assim como eu, ela sabia. Com toda certeza, não beberia até o
minhas ideias morreram. Como diria minha velha avó: tinha caroço
naquele angu.
Capítulo 5
So I never swam
cheiro delicioso de café por todo ambiente deixava claro – era real. Olhei
ao redor e a bela cidade parecia mais acordada do que nunca, menos as
pessoas ali dentro, que assim como eu, imploravam por café com o olhar.
minha frente. — Expresso duplo. — avisou e quase ergui as mãos aos céus
em agradecimento.
mesmo. Aqueles dois sempre foram como dois bobões nas minhas mãos e
sempre fiz de tudo para que fossem felizes. Tudo que estivesse ao meu
alcance. — depositou a bebida na mesa, e esticou os braços em seguida,
respirando profundamente. — Klaus sempre foi apaixonado por Lia, o que
nunca escondeu de mim, mas tentou evitar ao máximo... Ele tem seus
motivos para não ter lutado por ela no passado. — explicou-se rapidamente
e naquele momento, tinha uma pequena noção sobre tudo, ao menos, pelo
que Lia me contara. — Faltavam poucos meses para que Paul e Lia se
seguir em frente.
— Meu Deus!
— Mas... Vocês pareciam tão perfeitos nas fotos e... Lia disse que
viu os beijos e... — praticamente gaguejei, tamanho meu espanto.
— Mas os beijos...
— Puta merda! — soltei de uma vez, e não pude evitar usar o bom
e velho português. Diana abriu um grande sorriso, mas pareceu não
entender por completo. — Desculpe, quando fico muito surpresa, ou muito
feliz, ou muito animada... acabo falando em português.
uma novela das nove. Vovó adoraria saber daquilo. — Então... Por que
está me contando tudo isso? — perguntei decidida e Diana sorriu
amplamente. Ela parecia adorar minha falta de jeito.
— Lia está nas nuvens. — comentei. — Mas não sei como ela vai
reagir ao saber disso.
— Lembra que disse que faço tudo para que os meninos sejam
felizes? — assenti rapidamente e tomei mais um gole de meu café. — Pois
é, tolerar Ruby e não enforcar Paul por ser um imbecil, está no pacote.
Nunca saberia dizer, mas era como se mesmo com aquele pouco
contato no passado, ele tivesse se enraizado em mim. O que tinha certeza,
aconteceu com outras pessoas. Sempre tentei controlar meus sentimentos a
respeito de tudo, e isso incluía, não pensar sobre como me sentia a respeito
de Paul que era destinado a casar com a minha melhor amiga, mas sempre
falhei miseravelmente naquela empreitada.
— Isso pode ser complicado. Lia não tende a reagir da maneira que
esperamos. — confessei, pois conhecia muito bem a amiga que tinha. —
Não posso falar com ela a respeito pois não é minha história.
naquele instante.
Logo o olhar dele se voltou para o meu e fiquei sem entender o que
queria.
Como ele podia estar rejeitando uma mulher linda como ela?
Precisava urgentemente bater com algo em sua cabeça. Ele só podia estar
fora da razão.
incomodava.
— Até mais, T.
Sem sequer lhe dar tempo para resposta, Diana sorriu em minha
direção e saiu desfilando em seus saltos altos, como se estivéssemos no
desfile anual da Victoria’s Secret. Levei a mão a boca e assim que voltei a
realidade, notei que Troian entrou no carro. Fiz o mesmo, rapidamente me
sentando no banco do carona. Abri a boca para falar algo, porém, Troian
ligou o som no último.
e sua família, para que não estranhassem o término repentino. Meu irmão
parecia mais surpreso pelo término do que por toda armação, porém,
resolvi não insistir naquele assunto. Existiam outros problemas em minha
mente.
— Por que ela anda tão brava com você, então? — perguntou sem
qualquer sutileza e bufei alto.
— E? — insistiu.
— Ela é a única que sabe a história toda, irmão. — falei sem muita
vontade e Klaus me encarou com pesar. — Desculpe por não ter te
incluído nessa. É um assunto que me atormentou por muito tempo, e Diana
apenas sabe porque é, ou ao menos era, próxima de Ruby.
que Ruby cancelou nosso jantar, dizendo que trabalharia até tarde. Respirei
fundo e me desfiz da gravata no mesmo instante, sentindo-me sufocado.
com um estrondo.
dias.
Patrice assentiu.
— Até, Pat!
Logo ela se virou, e se sentou à minha frente. Seu semblante
mudou e logo assumiu uma postura profissional impecável. Em minha
mente, apenas conseguia imaginar como estive com aquela mulher sob ou
sobre meu corpo, e não conseguia me lembrar de nada a respeito daquela
noite.
— Bom, acho que sua agenda deve estar cheia, assim como a
minha...
com o dedo o relógio sobre a mesa. — O expediente aqui está para acabar.
— Penso o oposto. — fui sincero. — Sei que não fui um cara legal
no dia seguinte e quero me desculpar por isso.
— dei ênfase na última palavra e fiz aspas com os dedos. Minha mente
nítida.
ido para cama com Patrice e apagado tudo da memória. Por que não me
sentia satisfeito com aquela revelação?
naquela noite, e mais, sem coragem de falar com Ruby por conta daquilo.
apenas o olhar lascivo dela, deixara-me pronto. O que ela tinha? Precisava
descobrir.
Sem saber ao certo quem deu o próximo passo, apenas senti seus
lábios doces nos meus, e nada mais poderia me parar. Segurei com força
sua cintura e uni nossos corpos de forma que não pudesse se afastar. Todo
meu corpo clamou por mais no momento em que nossas línguas se
encontraram. Patrice gemeu, enviando o um por cento que restava de
minha consciência para a merda.
cena por completo. Apenas teria que lidar com os danos colaterais.
soube que não era amor. Não poderia ser. Não poderia ter sido. Patrice,
uma mulher que mal conhecia, em alguns momentos juntos fez com que
me esquecesse por completo da existência de Ruby. Se a amasse, não teria
outra mulher em minha mesa. E mais, não sorriria verdadeiramente para
outra.
Ela deu um passo para sair, e mais uma vez, em menos de uma
semana, tinha uma escolha a fazer. Não precisei pensar duas vezes para
simplesmente segurar o braço de Patrice e não a deixar ir.
Ela então saiu pela porta ainda aberta e suspirei fundo, de alívio.
Sequer entendendo o que tinha me feito deixá-la ir. Talvez suas mentiras?
Talvez por que ela fazer aquilo apenas lembrou de que ela transava com
outros no passado e que não fora apenas eu o culpado de algo? Talvez por
que nunca a amei?
veio até mim, dando um leve beijo em meu rosto, bem próximo de minha
boca.
minha sala. Porém, aquela era apenas uma mentira. Sequer sabia o que
estava acontecendo comigo. Entretanto, sorri levemente. Patrice parecia ter
me despertado para a vida e não me arrependeria tão cedo daquele beijo.
Capítulo 7
Dona de mim
Dona de mim.”
do tal beijo com Paul. Que no fim, sabia bem, não era nada demais. Ao
menos, não deveria ser.
— Não acredito que deixou seu noivo lindo sozinho só para vir
ouvir uma historinha curta e chata sobre como foi beijar Paul Russel, meu
grande desejo da adolescência. — revirei os olhos de mim mesma, e fui até
a cozinha, em busca de água.
Abri a geladeira e tirei uma garrafa. Enquanto bebia, Lia se sentou
numa das banquetas e se escorou no balcão que dividia a cozinha da sala
de estar.
— Digamos que a vida deu uma volta meio louca nos últimos
tempos. Agora, estou noiva do homem que sempre amei, e você, beijou o
irmão dele... o que devo dizer que não me surpreendeu. — comentou e a
— Porque sou uma romântica e sabia que Paul não resistiria a você
quando te visse. — falou simplesmente, como se fosse óbvio. — Pode não
se achar linda e ter até receio do que a maioria das pessoas pensam a
respeito do seu jeito, Pat. Mas isso, não impede de que se sintam atraídos
veio à tona, e Paul ficou surpreso ao saber que não transamos. — Lia
arregalou os olhos e gargalhou. — Então, quando fui sair, acabei
tropeçando, acho que pela proximidade dele... Enfim, a minha atração por
ele me colocou nessa enrascada. Ele me segurou e quando vi, estávamos
— Depois que transar com ele, tenho certeza que as coisas vão
são melhores amigos, e depois de tudo que ela fez por nós, nada mais
justo.
combinava com o June que sempre lhe dei, fazia todo sentido. Eles eram
perfeitos um para o outro. Parei para pensar por alguns segundos,
imaginando como era se sentir daquela forma, completamente entregue.
Um sentimento que te leva a imaginar uma vida ao lado da outra pessoa.
Construir uma vida com outro alguém. Os olhos de Paul surgiram em
minha mente, e tratei logo de mandar para longe aquela imensidão azul.
Ficar perto de Lia e seus devaneios de romancista começava a me afetar.
— Eu ainda não entendi porque não me disse a verdade sobre
Patrice. — falei, e abocanhei metade do pedaço de pizza em minha mão.
me poupe. Acorda para a vida, Paul! Você sequer chegou a gostar dela,
quem dirá ela é a mulher da sua vida.
— Dia...
depois que ela te deixou, se tornou mulher certa. Então começou a sair
com todo mundo, buscando sei lá o que Ruby te dava.
peito. — Estou afirmando. Você parou de dar dinheiro para ela, então, ela
precisou pular para o próximo otário. Ainda deixando um tolo iludido para
trás.
— O que Ruby e Patrice tem a ver? Ruby é uma mulher que agora
nem sei mais o que pensar, não depois do que Klaus me contou, e agora
mais essa merda de teoria sua. Patrice é só uma mulher que mal conheço e
que tenho tesão, porra.
— Nenhuma, mas...
— Que Ruby não é solução para problema nenhum, e que sei que
Patrice mexeu com você. Ela é diferente do bando de mulheres que
conhece e por isso me pediu o telefone dela, mas ficou se sentindo culpado
porque Ruby surgiu do inferno!
eu vamos transar em algum futuro próximo, não quer dizer que vou
colocar uma aliança no dedo.
— Ri mesmo, com muita vontade. Porque logo vai cruzar com ela,
seja por bem ou por mal. E aí, vai cair de quatro por aquela mulher! —
proferiu e me encarou decidida.
— Como assim?
cabeça, não saía tão cedo. Em breve, ela entenderia que Patrice e eu
apenas encantado com aquela mulher. Diana estava certa sobre uma coisa,
ela era diferente de todas as mulheres que conhecia. Algo sobre ela era
bom demais para ser deixado de lado, na realidade, não deixaria passar.
Ela me fizera sentir vivo, e aproveitaria todo o tempo que pudesse passar
No te equivoques.”[41]
quando me ligou?
se perdido. Era um desejo que fazia meu corpo querê-la além de qualquer
coisa. Lembrei-me de seu toque, de seu beijo... Patrice estava tão entregue
quanto eu.
Sua voz doce atingiu minha mente e aquela frase parecia ainda
Há muito tempo não levava uma mulher para jantar, mas algo me
dizia, que não me arrependeria nem por um segundo ao fazer aquilo com
Patrice. Ela me lembrava alguém, a pessoa que fora mais importante em
minha vida, e poderia dizer, que era uma das poucas pessoas que parecia
sorrir verdadeiramente como ela. Como Cereza Russel, minha mãe, que
sempre sorria para o mundo, mesmo ele sendo cruel. Patrice me recordava
dela.
aquilo, fazia todo sentido. Só precisa descobrir o que representava para ela.
Assim, me perderia em seu corpo, como ambos desejássemos.
Desde que chegamos a Nova Iorque, Troian parecia imerso em seu próprio
mundo. Sequer fizemos o que geralmente costumávamos, assistir filmes
pela madrugada toda, ou maratonar alguma série.
Desde muito cedo, quando deixou a faculdade e foi tocar com uma
banda pelo país, eles viram que ficar preso dentro de um escritório não era
para o filho. Felizmente, eles respeitaram, e com o tempo, Troian
No final, eles quem decidiriam. Eram como pais para mim, mas
nunca deixaram que o parentesco interferisse em cada passo que dei dentro
da empresa. Com muito trabalho, puxadas de orelha e atenção, cheguei
onde tanto almejava.
contato de minha tia e não pude evitar, disquei seu número. Como sempre,
Sorri, e senti meu coração aquecer. Era por aquilo que ligava para
ela, para poder voltar a sorrir da forma que tanto ela, quanto meus pais me
ensinaram.
sorrindo levemente. Ele era ainda mais bonito quando sorria, devia o fazer
mais vezes.
mensagem para Diana. O que estava acontecendo? Lia me falou que sairia
com Klaus para comemorar alguma data inventada entre eles, e Diana,
sequer me informara algo.
Paul piscou algumas vezes e notei seu olhar mudar. Ele depositou o
vinho que carregava sobre uma das poltronas e deu alguns passos até mim,
parando, perigosamente muito próximo.
do passado. Aquele que você viu e disse que eu poderia te chamar para
jantar quando resolvesse. — jogou de repente, sem qualquer sutileza.
Senti meu rosto queimar e passei as mãos pelos cabelos presos num
coque alto na cabeça. Olhei para Paul, e permiti-me analisá-lo por um
instante. Ele vestia um terno sob medida na cor cinza chumbo, que
ressaltava cada músculo dele quando se movimentava levemente. O
problema era que ainda não entendia o que aquele verdadeiro sonho de
homem de terno fazia no meio da minha sala de estar. Em que sonho
bizarro estava?
— Ela acha que estou apaixonado por você. — falou, e deu alguns
passos em minha direção, claramente cauteloso. — E acredito que pensa
ser recíproco.
como meu corpo reagiu tão perfeitamente ao dele. Colocara em mente que
iria para uma balada e tentaria tirar o feitiço que jogara sobre mim. Só que
naquele momento, ele parecia querer me hipnotizar por completo.
trinta anos, Patrice. Não sou um homem de brincar ou fingir algo. Quando
quero algo, eu simplesmente falo.
agora.
— Paul...
logo, fez o mesmo com sua, pairando sobre meu coração. Arregalei os
olhos, surpresa por completo diante de seu gesto. O coração dele parecia
bater tão rápido quanto o meu, de forma sincronizada. Naquele momento,
tive a certeza, estávamos em sintonia.
necessária. Nem mesmo, o que acontecera para nos levar até aquele
momento. Eu o queria, ele me queria. Sentimentos poderiam ou não
existir. Apenas nós, bastava, naquele momento.
Capítulo 9
As mãos de Paul subiram para meus cabelos e seus lábios para meu
pescoço. Suspirei, soltando um leve gemido, sem conseguir acreditar que o
dono de meus sonhos mais luxuriosos, estava em minhas mãos. Desci os
dedos para o seu paletó, e o tirei pelos ombros. Toquei seu peito por cima
da camisa fina, e senti a dureza de cada um de seus músculos. Olhei-o em
aprovação e Paul pareceu entender que palavras não eram necessárias.
Sua boca voltou para a minha, e seus braços me puxaram para seu
colo. A passos um pouco incertos, ele se sentou no sofá, e senti meu corpo
Não era como se pudesse mentir, não era aquele tipo de pessoa.
Porém, minha insegurança parecia gritar sobre o que aquilo parecia. Há
alguns dias ele estava atrás de outra mulher, deixando-me parada em seu
apartamento, achando que tínhamos transado durante a noite. Essa mesma
mulher, que entendia ser parte importante de seu passado, reapareceu, e
Quando se encontrava o cara certo, por mais errado que parecesse, nada
mais importava, a não ser, estar em seus braços.
Cheguei com minha língua até seu pescoço e ali, deixei minha
marca, sem ter noção porque o desejava tanto. Paul subiu as mãos por meu
corpo e tocou cada pequeno pedacinho, deixando-me sem ar por alguns
segundos. Levei a mão até o criado mudo e ali, peguei uma camisinha, sem
poder mais suportar as carícias. Eu o desejava desesperadamente, e por seu
olhar, era recíproco. Não pude resistir e o levei em minha boca, fazendo-o
rosnar alto. Sorri por saber o quanto o atingia, e entender que aquele desejo
era realmente mútuo. Coloquei a camisinha, e assim que meu corpo voltou
para o seu, ele não esperou duas vezes e puxou-me para um beijo faminto,
ao mesmo tempo, em que se posicionava em meu corpo.
momento.
a ele.
um bom sono. Encarei-a mais uma vez, e afastei algumas mechas dos
cabelos loiros que grudaram em seu belo rosto. Não poderia, nem se
quisesse, me arrepender do que fizemos.
Amor... Desde quando fazia amor? Desde quando via o sexo de tal
forma? Não saberia dizer, mas com Patrice, fora diferente. Existiu uma
conexão que nunca poderia explicar em palavras. Afastei-me com cuidado
de seu corpo e me levantei da cama. Sorri rapidamente, lembrando-me que
dias atrás, estávamos na mesma situação, só que parecia completamente
venci, tendo-a em minha cama por longos meses e suprindo tudo o que um
dia desejara. Porém, um acúmulo de coisas me fizera sentir que existia
algo mais entre nós.
Funcionara, por um longo tempo, até que o sexo fora se tornando mais do
mesmo. Quando comecei a perceber que éramos apenas amigos de foda,
nada mais. Porém, encontrá-la parada no meio de minha sala, enquanto
fodia outra mulher, fez com que a culpa me acusasse de forma
atormentadora.
— Não ouse falar assim de minha melhor amiga. — usei meu tom
mais frio e ela arregalou os olhos, completamente surpresa. — Diz de uma
vez, Ruby! Sabe agora que não vou mais te dar nenhum centavo. —
enfatizei e ela engoliu em seco, parecendo absorver minhas palavras. —
Foi por que não te dei dinheiro que armou aquela ceninha no dia seguinte
revirando os olhos.
— Paul?
surpresa, mas ao mesmo tempo, não negou meu toque. Aquele era um bom
primeiro passo. O qual, sabia, me levaria direto para o que sentia por ela.
Algo que não denominaria, não naquele momento, mas que fazia meu
coração bater freneticamente.
Capítulo 10
A realidade era que aqueles olhos azuis não liam minha alma, eles
apenas me viam como a mulher do momento. A realidade doía por ser tão
honesta a ponto de que quando ele levantasse daquela cama, nunca mais
teria a chance de provar seus lábios. A realidade era que transar com um
homem sabendo que as coisas não estavam explicadas por completo não
era algo coerente. A realidade era que Paul Russel me encarava como se
fosse uma joia rara, e aquilo, parecia ser apenas uma loucura de minha
mente e coração tolos. Desde quando gostava tanto de ser olhada?
— Em português? — sorri para sua pergunta, e deixei minhas
indagações de lado.
vestia a camisa cinza de Paul, o que deixava claro que algo acontecera. Por
um segundo me odiei por ter esquecido que dividia temporariamente
aquele apartamento em Nova Iorque com ele.
— A noite está sendo boa pelo jeito. — sua voz saiu fraca e senti-
Troian não usava seu diário tom de repreensão, ele apenas parecia
magoado. As palavras de minha melhor amiga me atingiram, sobre Troian
sentir algo além do fraternal por mim. Notei seu olhar e tentei abrir a boca
para dizer algo, mas não tinha ideia do que. Se Lia estivesse certa e o
tratamento de Troian não fosse apenas por preocupação, não saberia como
lidar. Eu o amava, mas como um irmão. Nada além.
que fazer. Ele não podia me amar de forma diferente, ou poderia? Nunca
reparei em algo além de seu jeito ciumento a respeito dos homens, e claro,
a forma que me protegia.
— Patrice?
Pisquei algumas vezes e olhei para Paul, que parecia notar minha
mudança repentina.
Puxei-o pela mão e o levei até os sofás, para que me ficasse mais
confortável.
— Acho que quero um lanche enorme com tudo que tenho direito.
libertinos não tivessem valido de nada. Paul parecia estar quebrando todas
as regras e barreiras que existiam, sem sequer saber que existiam.
Paul não disse nada. Porém, o que sua boca não dizia, seu corpo
entregava.
doida que transara. Faria com que aquele momento fosse inesquecível para
ele, assim como, tornara-se para mim.
Capítulo 11
Eu faço de abrigo
Tô te querendo, eu juro
— June, eu...
em seu rosto. — Ela inventou um jantar de todos nós e Paul caiu feito um
patinho, aparecendo lá.
— Paul tem sido diferente. — confessei, e foi como tirar uma carga
de toneladas das costas. Aquilo me sufocava há dias. — Ele simplesmente
apareceu e quando vi, estávamos nos vendo toda noite. Conversamos
muito, jantamos em seu apartamento e assistimos filmes ruins.
não era o fim do mundo. O problema é que aquele cara em questão parecia
querer mais, algo que não sabia ao certo como oferecer, ou se realmente
queria lhe dar.
— Não, eu não...
— Porque paixão leva ao amor, e não é algo que imaginei ter com
um homem que pouco conheço.
resto da vida com ele. Aos poucos, tenho descoberto que amar é muito
mais que simplesmente sentir ou querer, é uma junção dos dois.
preocupada.
— Não sei. — fui sincera. — Quando ele saiu da casa dos pais e
resolveu tocar por aí, ao menos, falou comigo antes de ir. Agora, mesmo
morando juntos, e ficando em casa basicamente o dia todo, nunca o vejo.
do apartamento de vocês, não era só mais um... Ainda mais, ele pode estar
cansado de esconder o que sente.
momentos incríveis e inesquecíveis juntos. Não queria ter que ficar longe
dele por não corresponder os seus sentimentos.
Lia se sentia à vontade naquela cozinha, mesmo que ainda não fosse de
fato sua casa. A realidade, era que se tornara seu lar. Ela tinha o mundo
para descobrir, mas ao vê-la tão feliz ali, soube que para aquele lugar, ela
sempre voltaria.
Capítulo 12
em seu rosto. Permaneci com o meu, tentando ser cordial. Não costumava
fingir algo para as pessoas, porém, era necessário.
maneira.
Sem me dar tempo para continuar, apenas senti seus lábios nos
meus e por um segundo, perdi completamente o poder sobre a situação. Ele
me embriagava, me seduzia e me tinha... Temia, que em breve, me
perdesse. Afastei-o com cuidado, sem querer armar uma cena, e mais uma
vez, forcei um sorriso.
Parei e dei de ombros para minha amiga. Abri a porta e uma Diana
sorridente me abraçou no mesmo instante. Não entendi ao certo sua
felicidade, mas retribuí da mesma maneira. Algo nela parecia brilhar,
como sempre. Assim que meu olhar voltou para seu lado esquerdo, engoli
em seco, sem entender o que acontecia.
porquê dele não parar no apartamento. Porém, ainda existia o fato que
precisava de sua sinceridade acerca de sentimentos.
Senti-me mais leve, e retribuí o abraço. Troian era como uma parte
de mim, e ficava feliz por saber que no fim, poderia estar apenas
confundindo tudo. Afastamo-nos e ele beijou minha testa, do gesto tão
antigo que sempre fizera com ele. Só que depois de muitos anos, ele ficara
mais alto, o que impossibilitava.
Virei meu olhar para o homem que parecia ter pegado meu coração
e guardado para si. Paul encarou Troian de cima abaixo e consegui ver
claramente o sorriso forçado em seu rosto.
— Paul esse é Troian Messina, um amigo. — Diana falou, e os dois
trocaram um aperto de mãos.
Nada fora dito e resolvi intervir. Sentia um clima pesado no ar, que
apenas Diana parecia ignorar, e até mesmo Klaus, que cumprimentou
Troian com um sorriso e completamente despreocupado. Olhei para Lia e a
mesma deu de ombros, como se não soubesse o que fazer. Bom, nem eu
sabia.
“Oh, yeah
Parei a sua frente, e Paul tocou meu rosto, num gesto tão nosso, que
me assustei, mais uma vez com sua intensidade. Levantei o rosto e nossos
lábios se encontraram, num beijo leve. Não soube dizer como, mas parecia
que aquilo significava muito mais do que apenas um beijo. Como um
compromisso, o qual fugi a vida toda. Por medo do amor, por medo da dor
que possa causar. Mesmo assim, permiti-me agir com o coração daquela
vez. Afastei-me dele, e sorri, deixando claro que depois teríamos uma
conversa.
Seus olhos não fugiram de meu corpo, pois podia sentir como se
Ele olhava para ela com uma paixão clara no olhar. Porque no fim
daquela uma semana ao seu lado, era a forma como eu a olhava. Suspirei
fundo, tentando disfarçar com mais um sorriso, a indigestão que aquele
homem no mesmo recinto que ela me causava.
Porém, logo notei o olhar de Diana mudar ao encarar o tal Troian. Sabia
quem ele era, Patrice não se importava de expor em redes sociais sua
família, e ele era parte dela – seu primo. Suspirei fundo, tentando afastar
aqueles pensamentos.
Ele estava ali por conta de Diana, o que me enfurecia ainda mais.
Além de desejar minha mulher, parecia estar brincando com minha melhor
amiga. Minha vontade, naquele instante, era de quebrar sua cara. Babaca!
mesa.
mãos. — Belos lugares, com toda certeza. Agora sobre belas brasileiras,
acredito que já encontrei a minha e que ela possa me mostrar cada um
deles. — joguei de repente, e levei a taça a boca, ainda encarando Patrice,
que corou por completo.
beber muito, porém, poderia chutar que era sua quinta taça.
Voltei atenção para Patrice que sussurrava algo baixinho para seu
primo. Ele então tocou uma de suas mãos sobre a mesa, e tive que me
segurar, porque algo me deixava claro que era sua intenção me provocar.
preocupado.
Troian sorriu para Patrice, com uma das mãos sobre seu ombro,
— Ela não o vê assim, mas pelo jeito, ele está tentando forçar algo
já que se sente em perigo. — Diana falou e virou a dose, deixando o copo
sobre o balcão. — Às vezes sou muito burra em relação a sentimentos. —
confessou e segurei seu braço, tentando acalmá-la. — É verdade, Paul! Eu
simplesmente acreditei que ele me escolheria, mesmo depois de tanto
tempo e agora, com a mulher que gosta ao lado... No fim, sou só uma
imbecil.
Antes que pudesse falar mais alguma coisa, ela saiu, indo em
direção a mesa. Klaus e eu pegamos os outros copos de uísque, e bebemos
um pouco, enquanto assistíamos, Diana simplesmente chegar a mesa e tirar
tanto Lia quanto Patrice do lugar. Elas foram para a pista de dança
rapidamente.
— Como o que?
Deixei o copo sobre o balcão e fui direto para pista de dança. Sem
me conter, abracei Patrice por trás, puxando seu corpo para o meu. Não
temia mais nada, nem iria temer. Eu estava apaixonado, por completo.
Diferente do que acontecera com Ruby, não precisava implorar por algo, e
não necessitava cegamente por seu amor. Patrice era claramente livre, e
nunca iria impor nada. Apenas, estaria ali, todos os dias, tentando mostrar
que valia a pena.
Valia a pena me ter ao seu lado. Valia a pena me olhar como seu.
Valia a pena um dia se apaixonar por mim. O faria valer, em algum
momento. Virei-a em minha direção e nossos olhos se encontraram, aquela
conexão única me arrematou. Nunca foi Ruby, tive certeza. Encontrei o
amor no momento em que aparecera uma loira falante sentada ao meu lado
no balcão de uma boate, querendo falar mais do que queria ouvir.
We're broken
We're broken.”[51]
embolada e tive que sorrir, soltando de leve seu corpo, para poder fechar a
porta.
— Não tem como ele me trair, já que não temos nada sério. — sua
resposta me pegou desprevenido, fazendo meu coração afundar no peito.
de algumas coisas que Diana deixava entulhada em meu banheiro. Fui até
lá, e peguei o tal lenço demaquilante, mandando uma mensagem para Lia,
perguntando se estava certo usar aquilo. Já que Diana, pelo estado que a
deixara em casa, não acordaria tão cedo.
Remetente: Cunhada
Destinatário: Cunhada
Deixei o celular de lado e fui até Patrice, virando seu rosto para
cima, e passando levemente o lenço. Não saberia dizer se estava fazendo
da forma correta, porém, a quantidade de produto que tornava o lenço
branco em outras cores, parecia me mostrar que estava progredindo.
Patrice mexeu um pouco, mas não acordou. Parei, minutos depois, após
usar cinco lenços. Seu rosto aparecia claramente para mim, sem
maquiagem alguma. Ela ficava ainda mais linda.
Toquei seu rosto mais uma vez e fui até o closet, livrando-me da
roupa social, e colocando apenas uma calça de moletom cinza. Precisava
me deitar e tentar entender o que levara Patrice a responder tal coisa. Não
não quisesse insistir para termos algo. Será que ela não sentia nada por
mim? Nada que a fizesse pensar que nunca a trairia? Que ela, era a única.
Que ela, era suficiente para mim. Ninguém mais, ninguém menos. Apenas
ela.
completamente inerte.
O poder que ele parecia exercer sobre mim, deveria me fazer temê-
lo mais do que ninguém. Porém, pelo contrário, parecia cada vez mais
próxima a ele.
Passei por Paul, sem deixar com que me impedisse de ver quem
era. O álcool não me impediu de ver perfeitamente a mesma mulher que
— Ruby...
— Chega, Ruby!
Ela então saiu, e logo senti uma das mãos de Paul em minha
cintura, levando-me dali. Olhei-o rapidamente, porém, apenas decidi
ignorar tal coisa. Queria voltar para dentro da boate e beber, e não seria
Cinco tequilas para dentro, e senti meu corpo ainda mais leve, e
história se tornara outra. Quando pisquei, encontrei-a aos beijos com Paul
dentro da boate, como se nada mais importasse. Como se minha presença
não importasse. Gritei alto, sem me conter. Meu coração se partiu em mil
pedaços e fechei os olhos, não querendo mais vê-lo com outra. Não
tínhamos nada. Tentei convencer minha mente. Então, por que doía tanto?
minha frente, de meu coração. De repente, senti uma mão quente tocar a
minha e uma voz grossa chamar meu nome. De algum jeito inexplicável,
senti meu corpo se sacudir, e de repente, abri os olhos.
A primeira coisa que enxerguei foi o azul dos olhos de Paul. Ele me
encarou, claramente assustado, e não soube expressar de outra maneira o
alívio que me tomava por aquela cena final ser apenas um pesadelo.
Joguei-me em seus braços, abraçando-o sem esconder de forma alguma,
meus sentimentos. Toquei suas costas, e subi até seus cabelos, sentindo a
“mais” porque ele quem pronunciava. Era “mais” porque ele me escolhera
para estar ali.
Notei que uma fraca luz entrava pela fresta da persiana que ele
deixara aberta. Olhei rapidamente para o relógio no criado mudo e
constatei que já se passavam das seis da manhã.
Ele não dissera nada, apenas assentiu, e assim que me deitei, senti
seu corpo contornar o meu. Puxei-o para mim, como se minha vida
dependesse daquilo. Aquele pesadelo me assustara, porque de alguma
forma, temia que a bolha em que nos encontrávamos estourasse, e que
assim, Paul não me enxergasse. Que no fim, não fosse sua jogada final.
minha mente, a qual traduzia tudo o que sentia. De alguma forma, torcendo
para que um dia, ele me olhasse como nunca olhou para mais ninguém.
I know what they all say (I know what they all say)
Diana era arte, como ela mesmo afirmava. Minha melhor amiga e
parceira de crime desde jovens. Ela sempre seria minha irmã da vida, por
nunca ter me abandonado, mesmo nos piores momentos. Mas ela não era a
mulher da minha vida, que me mostrou que mesmo sendo quebrados,
nossos pequenos cacos, poderiam se juntar. Patrice me mostrou no tempo
juntos, que sexo não era tudo, mas também, se transformava em outra
coisa quando estávamos os dois entregues.
ver que não a via de tal forma. Ela não era só mais uma para mim.
em Ruby e no que ela falou para Patrice. O mais correto seria lhe explicar
o que realmente aconteceu entre eu e Ruby no passado.
você, me fez esquecer por completo onde estava. Aí, vi que precisava
entender o que diabos aconteceu com Ruby e eu, e mais, o que sentia. Na
conversa com Ruby descobri que nunca de fato a amei, era apenas a
negação, o medo de nunca mais ser amado. Ainda mais, descobri que Ruby
apenas fez tudo aquilo porque não lhe dei mais dinheiro. — sorri sem
vontade. — Terminamos aquele assunto, e depois, recebi uma mensagem
de Diana, sobre o jantar... — finalizei, e Patrice pareceu se perder diante de
minhas palavras. — Isso é basicamente tudo o que aconteceu entre mim e
Ruby. Nunca passou de uma ilusão. Uma mentira.
— Paul, eu...
Mas era ela, tive certeza. Patrice iluminava meus dias, e faria de
tudo, para que permanecesse como minha, caso me aceitasse.
Surpreendendo-me, pulou sobre mim, fazendo-me cair contra o
tapete da sala, e senti beijos sendo depositados por todo meu rosto.
Olhei para Lia com pesar, assim que Diana deu um leve tchau e
seguiu para embarcar. A todo momento, tentei parecer forte e fingir que
nada me acontecera, porém, minha mente girava em torno do que não
entendia. Troian simplesmente saiu do apartamento e não deixou nenhuma
pista para onde iria. Falei com meus tios, e tentei a todo custo fazer contato
com ele, mas nada. Nada além de uma mensagem curta e grossa. Ele fugira
de mim no dia após o jantar para Diana. Já completava praticamente uma
semana. Algo está errado.
— Ele deve estar bem, estrela. — a voz de Paul soou em meu
ouvido e assenti, sem acreditar muito naquilo. — Ei, olha para mim!
Virei-me para ele, e mais uma vez, sua imensidão azul me atingiu.
Quando virei um incomodo para ele? Ele é como um irmão para mim,
Paul!
falei para eles e encarei Paul, que mantinha um leve sorriso no rosto.
— Eu sei, estrela. — sua voz rouca me atingiu, e notei que ele não
mentia.
— Também sei que não saberia o que fazer caso não fosse
admitir tal coisa. — Você era o cara bonitão das festas, o que todas as
meninas desejavam como par. Quer dizer, todas menos as do fã clube de
Klaus. — sorri de lado, lembrando-me daquilo. — O cara mais velho, com
um ar de bad boy... Imaginei que eu seria a garota a transformar você em
um príncipe.
seu lado. O difícil, era acordar daquela realidade que construímos juntos.
— Mas...
Ele parou ao meu lado e tocou meu rosto com carinho, do mesmo
jeito que sempre o fazia, deixando-me perdida com seu toque.
— O que temos tem pouco tempo, estrela. Eu sei que é tudo muito
intenso e possa estar assustada. Mas eu não quero que volte para o Canadá
sem a certeza de que é permanente em minha vida.
— Paul...
aqui, que chamou toda minha atenção para si. — começou, e se ajoelhou
de repente, fazendo com que aquele momento parasse. Ao menos, em
minha mente. — Minha estrela... — respirou fundo e notei seu nervosismo.
— Sei que o seu lugar é onde seu coração está, e com você, descobri que o
meu te pertence... Quero que tenha direito a escolher, mas seja o que for,
estarei por perto. Brasil, Canadá, Estados Unidos... Eu vou para onde você
estiver. — arregalei os olhos, completamente surpresa. — Patrícia
Oliveira, aceita ser minha namorada?
Sem querer mais pensar, o beijei, com todo amor que sentia, e sabendo,
que aquele, era apenas o começo de nossa história.
Epílogo
A questão real era que não eram aquelas pessoas. E nem todas elas,
foram tão negativas sobre um amor ser dividido geograficamente. Paul
Russel encarou a janela, ao mesmo tempo que prestava atenção nas
pequenas gotas chuvas que escorriam. Seus pensamentos estavam tão
longe, ao mesmo tempo, tão perto. Mais uma vez, Patrice viajaria a
trabalho, para longe de seu alcance, e ainda mais, longe de seu amor.
Ambos tentavam conciliar suas datas, mas em determinado
momento, elas sempre divergiam. Eles tinham trabalhos diferentes e
empresas diferentes para gerir. O peso em suas costas não era demais, o
problema, era que parte de si se perdia por ter que ficar meses longe da
mulher que lhe trouxe algo a mais para sorrir.
Paul Russel. E ele, era o achado mais perdido de toda a vida dela. Nunca
imaginou que de fato amaria seu primeiro amor. Paul era uma parte do
passado de Pat, nada que a marcaria para sempre. Contudo, ele o fizera.
Depois de muito tempo sem poder estar a sombra de seus olhos, quando
ela esteve, ela quis ficar. E queria mais do que ficar por um curto período
de tempo.
— Sabe que a janela não tem respostas, não é? — ela indagou alto,
e o viu abaixar a cabeça, claramente perdido.
Levantou-se envolta de um lençol e caminhou até ele, parando as
suas costas. Ali, tocou-a e sentiu seu corpo reconhecer no mesmo instante
o homem que tornara sua cama um lugar sagrado. Não era apenas pelo
sexo, pela paixão e pela forma como tinham química. Era pelo fato de
simplesmente poderem passar a noite simplesmente conversando sobre um
filme, política, livros... Era sobre as pequenas coisas que descobriram
não receberia uma resposta positiva dois anos atrás. Não daquela vez.
O que mais fizera Patrice negar o pedido não fora por não estar
pronta. Ela estava. Contudo, a vida deles era tão separada, que não queria
simplesmente assinar um papel, ter uma festa e fugir para uma lua de mel
no Caribe, se após uma semana, não poderia encontrar o homem que
amava. Aquilo não lhe fazia sentido. Ela queria mais. E Paul sabia muito
bem daquilo.
assentiu para o óbvio, mas ainda não entendia onde ele queria chegar. — O
ponto é que resolvi seguir meus sonhos, estrela.
poderem estar mais próximos do que nunca. A questão era que fizeram ao
mesmo tempo.
tanto?
Aquela era a prova de que ambos estavam prontos para dar mais um passo
naquela relação. Aquela era a prova de que se existia destino, eles estavam
um no outro.
Fim
Sinopse
Troian Messina nunca quis se apegar a nada, a não ser, seu bom e
velho violão. Ele era um homem de espírito livre, que sempre se permitiu
viver de acordo com o que acreditava. O destino lhe coloca a frente de uma
mulher que o encantara ao mesmo tempo que o assustara no passado –
Diana. A mulher de olhar determinado e postura imponente, não era como
as outras. Ela o enfrentava, ao mesmo tempo, em que lhe atraía
perdidamente. Suas vontades divergem, principalmente, as do coração.
2002 – Anne-Marie
Perfect To Me – Anne-Marie
Quem De Nós Dois – Ana Carolina
Then – Anne-Marie
Prefácio
Me desloco
Me deslumbro
Perco o foco
Perco o chão
Eu perco o ar
De volta.”
vou ter que desligar, estou de férias! — provoquei e ouvi sua gargalhada
Ele poderia negar, mas era como eu. Preocupado e dedicado demais
a tudo. Como mamãe sempre insistia em dizer: eu era ingrata. Ela me
carregou por nove meses para que sequer tivéssemos os mesmos gostos
musicais.
— Diga que a amo muito e que vou usar aquele vestido lindo e
exagerado que ela me deu de aniversário. — mal terminei de falar e ouvi o
grito histérico de Elle Carter. Tão minha mãe e sua essência.
— Até, filha.
Tiraria uma foto e lhe mandaria antes de sair. Ela amava me ver, nem que
um por cento do tempo, perto de seu mundo.
apartamento. Porém, tive que admitir que não existiam quaisquer motivos
para reclamações no momento em que olhei para a vista impecável da
sacada.
cadeira, tentando voltar a quem realmente era. Era a dona de minha própria
vida, o que incluía, meu corpo. Levei as mãos aos cachos um pouco
rebeldes naquela noite e os coloquei atrás da orelha, ainda sentindo o olhar
fixo do homem. De repente sua voz inundou todo o local, e entendi que
férias.
mesma que nunca mudaria minha essência, pois era o que realmente me
deixaria alguém sequer tentar atingir por ser quem sou. Eu me amava,
aquilo era o suficiente. Ao menos, para me reafirmar em qualquer situação.
que nos agarraríamos ali mesmo. Que química era aquela? Nem mesmo
com Spencer, que era um homem incrível na cama, senti-me daquela
forma.
Ele sorriu, aprovando o apelido, e senti-o mais leve. Passei por ele,
O que me traz
Anos depois...
zumbi, sem querer de fato acreditar que tinha despertado tão cedo. Porém,
aquele era um dia importante, teria uma conversa com um velho amigo, a
respeito de cairmos na estrada mais uma vez. Não era meu objetivo no
momento, porém, nunca conseguira dizer não a música. Além de tudo,
Fui direto para a ducha fria e amaldiçoei o frio, mesmo sabendo ser
necessário para finalmente despertar. Depois do primeiro contato, tomei
um banho tranquilo, cantando uma das músicas que adorava e que com
toda certeza, ensinaria a meus alunos de canto, quando as aulas voltassem.
quanto ver o brilho no olhar e sorriso, daqueles que amavam música como
eu. Compartilhar esse amor, transformou-se em uma de minhas razões.
qualquer roupa dentro das malas ainda não desfeitas. Vir para Nova Iorque
nunca seria uma decisão apenas minha, porém, aproveitei o fato de que
Patrice faria o mesmo, para poder reencontrar alguns amigos e quem sabe,
decidir uma próxima viagem antes das aulas voltarem.
Com uma camisa na cor cinza, calça jeans escura e o cabelo ainda
molhado, mas jogado para trás, de forma que não pudesse ficar tão rebelde,
saí do apartamento. Resolvi dirigir, e assim, admirar a manhã nova
iorquina, de forma que pararia para tomar um café antes de encontrar
Charlie. Dirigi sem rumo certo por entre a cidade, e admirei a beleza do
lugar, que com toda certeza, era um dos preferidos de minhas irmãs.
desejando bom dia. Não era uma pessoa matinal, e muito menos,
simpática. Segundo minha família, apenas era simpático com
desconhecidos quando cantava a frente deles. Ao contrário, não faria nada.
reação, ainda mais, depois da forma que nos afastamos. Porém, ela podia
Com isso em mente, paguei pelo café e segui até a mesa em que
estavam sentadas. Parei ao lado de Patrice, tentando não chamar atenção
da mulher negra a sua frente. Sem sequer conseguir entender por que não
saía daquele café sem parar ali. Algo dentro de mim parecia querer estar
perto dela, ao menos, mais uma vez. Logo senti seu olhar me queimar, e
antes mesmo de Patrice perceber minha presença, ela o fez.
do que aperfeiçoar.
Ela então sorriu e pareceu não se importar com meu descaso. O que
me fez lembrar o que de fato me encantou nela. Ela não mudava seu jeito
diante de ninguém. Diana era uma mulher sem meias palavras ou sutileza.
Porém, pareceu entrar no jogo, e apertamos as mãos. O arrepio que sentira
quando entrara no restaurante, percorreu todo meu corpo mais uma vez, de
forma ainda mais prevalente. Efeito Diana. Suspirei, sem conseguir
acreditar que ela ainda me afetava daquele jeito.
mesmo sabendo que aquele não era meu real destino. Porém, era preciso
fugir, ao menos, naquele momento.
terminou seu café e assentiu para minha proposta. Sem saber mais o que
dizer ou fazer, sem entender aquela intensidade, dei as costas e resolvi sair
de lá.
Ficar tão perto de Diana depois de tanto tempo, ainda mais, ela sabendo
que menti sobre meu próprio nome não me parecia algo com final bonito.
Não naquele momento. — Troian não vai se importar de...
Ela se lembrava de mim, não era possível não o ter feito. O que
vivemos não era algo comum, que qualquer pessoa fazia sentir. Nunca, em
momento algum, senti com outra pessoa o que apenas ela foi capaz.
— Até mais, T.
Ela se lembrava.
Era ele.
mesmo distante seu olhar era transparente, assim como sua forma de agir.
Ele se sentia, como antes, intimidado. Encará-lo frente a frente, mesmo
não recebendo a troca de olhares que tanto me marcou no passado, fez com
que deixasse claro, que sim, eu me lembrava dele... de nós. Que mesmo
depois de tanto tempo, ele permanecia enraizado em mim.
estávamos atraídos, e com toda certeza, a noite terminaria com meu corpo
sob ou sobre o dele. Portanto, por que perdíamos tempo conversando a
respeito da vida? Não seria mais fácil, simplesmente, irmos para o quarto
de hotel mais próximo? Ou até mesmo, o meu quarto?
Ele sabia seduzir, era claro. Mesmo assim, sentia-me ainda mais
corajosa em sua presença. Dois poderiam jogar aquele jogo.
espalhou por todo meu corpo, como se fôssemos apenas eu e ele naquele
lugar. Nada mais importava. — Não precisamos ter pressa. —
complementou e assenti.
— Dizem que são duas pedras de gelo, assim como meu coração.
— falou, o que me fez gargalhar.
Sorri para Spencer, que me abraçou com força. Ele logo se afastou
e tocou meu rosto, com a vontade clara em sua face. Porém, não poderia
fazer aquilo com ele. Sentia-me uma completa idiota, por não conseguir
retribuir seus sentimentos, ainda mais, por saber que combinávamos tanto.
Mas naquela noite, existiam muito mais empecilhos. Apenas por saber que
T estava em Nova Iorque, minha única vontade era confrontá-lo e ter uma
conversa sobre o passado. Talvez fosse a única a querer tal coisa. Porém,
sempre vou querer mais com você, Dia. É como respirar. Sinto muito por
te amar.
Ele então beijou minha testa e sem me dar tempo para dizer algo,
foi em direção a porta de saída de meu apartamento, fechando-a atrás de si.
Era para ser apenas um jantar de amigos, onde, o assunto sobre sua
declaração seria enterrado. Porém, as intenções dele foram claras, e não
poderia seguir em frente. Soube no momento em que seus olhos não
encaravam meus, mas sim, minha boca. Tentei não me sentir mal por
afastá-lo daquela forma, porém, ele era importante para mim. Sempre
seria. Entretanto, tinha certeza, que mesmo com sua confiança, ele nunca
seria o homem certo.
permaneci assim.
Foi inevitável buscar mais uma vez seu nome em redes sociais.
Mas como no passado, não obtive nenhum resultado que fosse ele. Dias
após aquele reencontro e nada a respeito. Nem mesmo nas redes sociais
que Patrice colocava fotos com ele. Parei muitas vezes apenas para admirá-
lo, e tentar entender, por que não nos esbarramos durante os anos que se
passaram.
Talvez pelo simples fato de que foi uma minha escolha que nos
afastou. Deixá-lo fora a coisa mais difícil que fiz. Porém, fora necessário.
Ele era jovem demais e com ideais completamente diferentes dos meus.
Mesmo sendo o único homem que me fez querer mais, existiam mais
motivos para ir do que para poder ficar.
na porta, e logo, meu melhor amigo entrou. Com seu sorriso discreto e
olhar perdido, que mostrava muito pouco sobre quem ele realmente era.
Porém, seu semblante demonstrava que algo de bom acontecera em seu
dia.
corpo. Em alguns momentos, principalmente, nos mais frágeis, não era boa
em fingir sentimentos. T permanecia em minha mente, mesmo que
existissem problemas sérios a resolver. Ele continuava como foco
indevido.
— Eu sei. — e era a mais pura verdade. O problema não era não ter
alguém para desabafar, era por nunca ter conseguido me abrir de tal forma.
— Mas agora, quero que foque em amar loucamente sua noiva. —
provoquei, e um brilho diferente passou por seu olhar. Com toda certeza,
Beijei seu rosto e Klaus deu as costas, saindo de minha sala. Voltei
Klaus veio até mim, bagunçando meu cabelo. — Imbecil! — reclamei, mas
sorri em seguida, batendo em seu braço.
Porém, queria ter contato com T com sua guarda baixa, sem nada
que pudesse nos afastar repentinamente. De certa forma, temia por sua
reação. Quebrara seu coração no passado, e mesmo sabendo que fora o
correto, ainda me doía aquela decisão. Tentar retomar algo deixado a
cinco anos era muita prepotência? Teria que tentar e ao menos descobrir o
que fomos, e mais, o que poderíamos ter sido. Por mais que as
possibilidades me assustassem de forma esmagadora.
— E agora...
Lia pareceu absorver tal afirmação, e logo passou seu celular para
Klaus. Meu amigo sorriu em sua direção e digitou alguma coisa. Logo
senti meu telefone vibrar e o olhei, sem entender ao certo como tudo
parecia sincronizado. Pensar a respeito de T deixava-me menos perspicaz.
olhei para meu celular e tentei escrever uma mensagem, algo que pudesse
ser o suficiente para falar com T. Porém, nada me viera em mente. Nada
que parecesse o suficiente. Uma simples mensagem não era capaz de
demonstrar o que queria, e ainda mais, o que quis um dia.
para a época onde conheci Diana. Ela se tornara importante para mim,
assim como, conhecera toda a banda, e até mesmo, tornou-se amiga de
alguns dos caras.
— Por mais incrível que pareça, assim como no passado... Nós nos
encontramos por acaso, só que em um café. — comentei, e levei as mãos
Talvez pelo fato de que ninguém além da banda sabia sobre ela, e
gargalhou.
— Você socou a minha cara por essa mulher, Troian. Não tem
como fingir que ela não foi importante, e pelo jeito, ainda é. — constatou e
o encarei sem muita vontade, mesmo sabendo que tinha razão. — O que
— Por que ainda não foi atrás dela, porra? — indagou e me calei,
sem saber o que responder.
querer nunca as ter visto. Ver o sorriso em seu rosto, nos braços de outro,
A pergunta de meu amigo passou mais uma vez por minha mente, e
não conseguia simplesmente responder que era por ela estar num
relacionamento, e claramente, feliz. Era muito além. O medo de ser
desprezado e deixado mais uma vez. O medo de nunca ter sido o que ela
tanto parecia querer. O medo de não saber como agir diante dela depois de
tantos anos.
poderia receber naquele dia. Saí do bar, e assim que a luz do final da tarde
— Oi, T.
— T?
ouvi seu suspirar profundo. — Eu sei que não deveria, na verdade, nem sei
o que devo fazer. Vou ser direta, nunca fui boa em enrolar. — riu
baixinho, e o som de sua risada fez meu coração acelerar ainda mais.
Como senti saudade daquilo! — Preciso te ver, T.
— Dia...
— Pode vir até meu apartamento? — seu pedido soou muito mais
atrativo do que deveria.
Não soube o que dizer, nem mesmo como reagir. Ficamos ali, em
silêncio, por alguns segundos. Era fim de tarde, e de repente, não consegui
entender por que a vida nos colocava frente a frente mais uma vez. Falaria
com ela, mas de alguma forma misteriosa, Diana se antecipara. Naquele
momento, não poderia ser menos grato.
pelo vestido longo na cor branca. O tecido era leve, mas ainda assim, não
parecia tanto quanto deveria. Algo em meu semblante, denotava
claramente: eu estava em pânico. Suspirei profundamente e joguei os
cachos para trás, fazendo um coque no alto da cabeça, tentando parecer a
mais despojada possível. Encarei meu rosto com a leve maquiagem, e
senti-me uma verdadeira adolescente. Aos vinte e nove anos, arrumava-me
para simplesmente encarar o homem que abandonei, como se fosse algo
casual. O quão maluco parecia?
de marca casual, até a jaqueta preta de couro. Tão ele, que parecia gritar
que aquele era o meu garoto.
mesmo tempo, tendo a certeza, de que assim como eu, ele buscara saber
mais sobre mim. Imaginei o quanto me ver com outro lhe machucara. Teria
sido tão importante a ponto de lhe causar algo ao me ver com outro?
Mesmo que não fosse real?
meus, tão rápido quanto meu coração disparou mais uma vez. Meu corpo
foi levantado, e colocado contra a porta. Ali, como dois amantes com
saudades. Ali, como duas almas que se necessitam. Ali, como partes de um
amor que nunca fora vivido. Ali, como se ainda estivéssemos naquele
Sorri, tocando seu rosto com carinho, sem conseguir explicar como
nossa intimidade não se perdera por completo com o passar do tempo.
Suas palavras, no dia em que foi embora me atingiram em cheio. A forma
Suas mãos se afastaram e ela deu passos para o lado, para longe de
me alcance.
— Como assim?
merecia uma segunda chance com ela. Para assim, nos conhecermos
novamente, e quem sabe, chegarmos a deixar os sentimentos falarem por
si.
Segui-a até onde notei ser sua sala de estar, e ela logo me pediu
para ficar à vontade. Não sabia bem o que fazer ou como fingir estar
confortável naquele lugar. Era o seu lugar, seu lar... Sentia-me como um
intruso, na realidade. Mesmo a contragosto, sentei-me no sofá e observei
os quadros espalhados pela parede ao lado da televisão. Era nítido, ali, o
quanto amava os tais irmãos Russel. Em sua maioria, eram fotos com eles.
Mudei meu foco, sem querer pensar muito sobre aquilo, mesmo
sabendo que se tornaria alguma pauta de conversa naquela noite. Observei
passado, e ela sorriu de lado. — Mas não sou um astro do rock, Diana. —
pisquei em sua direção, e ela me surpreendeu, sentando-se no tapete, a
minha frente, para em seguida, encarar-me profundamente.
forma obrigada por minha garganta. Nick Miles, não era nada menos que o
melhor guitarrista da década, e fazia parte da banda de rock mais bem-
sucedida de todos os tempos – a 93 million miles.
segundo?
seu coração. Não conseguia me afastar, mesmo que não quisesse perturbar
seu sono. Troian era como uma droga, trazia o melhor e pior de mim ao
mesmo tempo.
Ele era quatro anos mais novo, mas idade nunca me pareceu um
problema. Não até o momento em que se declarou e me pediu para ficar.
Eu precisava ir, assim como ele precisava seguir com sua vida. Nunca
escolheria algo que pudesse prejudicá-lo. Ficarmos juntos, naquela época,
o faria. Mesmo não podendo saber ao certo o que ocorreria.
Ele tinha apenas vinte anos, e pelo que sabia, logo voltaria para a
Como imaginei, ele me lia muito bem. Mesmo de olhos fechados, parecia
saber que precisava me deixar observá-lo.
Por que?
— Eu não sei porquê, mas você me tem feito pensar mais do que
suas mãos subiu até meus cabelos, levando-me para mais perto dele. Um
fio de cabelo de distância de sua boca. — Talvez essa seja à nossa maneira
de dizer o que somos e o quanto significamos.
levasse para o prazer. Não queria pensar, determinar ou pedir nada. Queria
que ele me entendesse, apenas com nossos corpos. E ele o fazia, assim
como, o fez.
Sua boca subiu sobre meus seios e senti o hálito quente em meu
mamilo esquerdo, fazendo com que o desejo inflamasse ainda mais. Troian
me analisava, e assim que o puxei para um beijo profundo, ele uniu nossos
corpos. Como o bater de asas de uma borboleta pode causar um tsunami do
outro lado mundo, T me entregara o nirvana que desde que o deixei, nunca
Contudo, ele queria mais, assim como eu. Sua boca ficou a
centímetros da minha, assim como, seus olhos não quebraram nossa
ligação. Levei as mãos a suas costas e cravei minhas unhas, sentindo todo
o nosso desejo inflamar. A cada encontro de nossos corpos, senti-me mais
perto do limite. Mais perto de lhe entregar o que tanto guardei. Assim
como a canção que cantou para mim, e depois traduziu por completo.
E eu já nem preciso.”[63]
Capítulo 7
dia seguinte fez todo sentido, quando acordei sozinha em minha cama, sem
qualquer sinal dele pelo apartamento. Ele simplesmente sumiu, mandando
uma mensagem na noite daquele dia, dizendo que queria muito estar ao
meu lado quando acordasse. Pelo jeito querer, realmente, não era poder.
passado e até mesmo tentou mentir sua idade certa vez, ele escondia algo
sem saber ao certo como agir ou o que dizer. Não teria como obrigá-lo a
me contar o que acontecia, e mais, minha própria vida necessitava de
atenção.
— Senhorita Carter.
O que?
realmente sentia.
assentiu.
Andei meio sem jeito para mais perto e peguei a pasta transparente
que me ofereceu. Olhei para os papéis ainda um pouco perdida, enquanto
meu joelho latejava de forma estrondosa.
Não queria viajar sem saber como seguiríamos dali por diante.
Porém, não obtivera resposta alguma de T a respeito de nos vermos.
Levantei-me e fui até a mesa, pegando meu celular. A mensagem
permanecia sem resposta, e não soube como encarar tal fato. Sentia-me
refém daquele sentimento, sem sequer conseguir determiná-lo. Precisava
me acalmar, ou simplesmente piraria. T tinha razões, com toda certeza,
para estar longe. Talvez não quer olhar para você – minha racionalidade
me repreendeu.
Ele não me pertencia, assim como ele não era meu dono. O que
diabos estava acontecendo comigo?
como, batalhou arduamente pelo que queria. Ela nunca esquecera do que
para o que jurei lutar contra, para sempre. Segurei-me contra o tampo da
mesa, encarando-a como minha aliada. Meu celular vibrou e o ignorei por
alguns segundos, sem conseguir me concentrar em mais nada que não
fosse minha respiração. Segundos depois, consegui respirar normalmente.
Não poderia eu, estragar tudo por ter partes a cicatrizar. Partes de minha
alma.
avalanche, sendo levada ao extremo. Não era apenas ele, jamais seria. O
Julia Michaels[67] apenas mostrava o quanto ter ansiedade era uma imersão
em emoções sem controle. Sentia-me em um momento de extremos. O
o aval para me conhecer. Assustava-me por não saber até onde me levaria
tal sentimento. Sempre fora controladora e centrada, e ele me fazia perder
qualquer noção das duas coisas. Dentro de um grande caldeirão de meus
maiores medos, encontrava-me naquele exato momento. Sentindo meu
corpo lutar para permanecer feliz, enquanto por dentro, parecia
desmoronar.
“But all my friends, they don't know what it's like, what it's like
tinha.
Ele estava ali por mim, não era? Porque pensar que existia alguém
em sua vida? Ele não precisava voltar, mas o fez.
resposta. Conhecer meus amigos era como encarar parte de minha família.
Estava me precipitando?
Entretanto, fui puxada por sua mão, e logo meu peito bateu contra o
seu. As rosas ficaram amassadas entre nós. Ele sorriu, tocando meu rosto
com carinho. Parecia querer me dizer algo, mas como antes, não deixou
meu lado esquerdo. Patrice engoliu em seco e fiquei ainda mais intrigada.
não ter esclarecido por completo para T sobre o meu namoro falso com
Paul. Olhei de relance para Lia, que observava tudo com um olhar perdido,
como se também desconfiasse de algo. O que estava acontecendo ali?
Seu olhar não demonstrava muito, a não ser clara preocupação. Ele
olhava ao redor, enquanto conversava com Klaus. Algo o incomodava,
mas não saberia dizer o que.
no banco de trás, T fez o mesmo. Senti o quente de sua mão sobre a minha,
e apenas me esquivei. Era aquilo? No escuro de um carro, poderíamos agir
como se ainda fossemos os mesmos? Eu passava. O clima no carro não
poderia estar pior, e então, minha mente apenas girou pelo que não queria
crer: Troian sentia algo por Patrice.
segurava.
— Ela não o vê assim, mas pelo jeito, ele está tentando forçar algo
já que se sente em perigo. — analisei o que tanto se passou por minha
mente diante de suas atitudes. Virei a dose de uma vez, e senti o líquido
descer queimando em minha garganta, deixando o copo sobre o balcão. —
Às vezes sou muito burra em relação a sentimentos. — confessei e senti o
toque de Paul em meu braço. — É verdade, Paul! Eu simplesmente
acreditei que ele me escolheria, mesmo depois de tanto tempo e agora, com
a mulher que gosta ao lado...no fim, sou só uma imbecil. — doeu admitir
Não me animava tanto para dançar, não naquela noite. Mas trazer
todos ali e analisar T era o ponto alto da noite. Queria entender se estava
enxergando algo onde não existia. Mas que se existisse, poderia ser a sua
escolha, mesmo diante de outra mulher que claramente não o quer.
Saí rapidamente dali, sem lhes dar chance para continuar tentando
me aconselhar. Talvez, meus sentimentos fossem confusos demais, e os de
T poderiam ser apenas um reflexo. Ele passava por algo, mas não me
contava. Assim como, iria viajar, simplesmente para me reencontrar. T e
“Some boys are trying too hard, he don't try at all, though
Like a vendetta-ta.”[69]
Paul ao que aconteceu com Bailey, entretanto, era meu lado protetor
falando mais alto. Não permitiria que Patrice passasse pelo mesmo, e nem
fosse a dona da situação, mesmo que sozinha. Mais uma vez, senti-me
perdido diante de sua imensidão. Eu não era o bastante para ela, nunca me
sentiria de tal forma. Ainda mais, naquele momento de minha vida.
entender como todos conviviam com o fato de que Paul e Patrice estavam
juntos. O que me remetia a ele ser um canalha, tal como Robert.
ficar juntos. Como se o mundo lá fora não existisse. Porém, ele existe.
Assim como, acabei longe dela, horas depois de sentir meu coração quase
explodir no peito sob seu mais simples toque.
para a mulher que tinha meu coração em mãos. Porém, ela merecia mais,
tinha a certeza daquilo. Saber que ela simplesmente viajaria, e mais, que
aquele era o motivo do jantar, fez-me ver que não significava grande coisa
para ela. Talvez ficar com o garoto mais novo fosse uma aventura. Além
de tudo, não sabia como me chutar de sua vida e resolver ser cordial.
Talvez fosse apenas um reencontro casual, e ela não esperasse nada
demais.
Era jovem, tinha que admitir. Porém, minha vida sexual começou
aos quinze anos. Por ter o estilo de astro de rock, a maioria das garotas
apreciavam. Porém, mesmo depois de estar com tantas, nada se
comparava com simplesmente estar ao lado da mulher sob meu corpo.
poltrona. Vestia apenas uma cueca, e Diana, não estava tão diferente,
apenas de calcinha. Era uma intimidade inusitada, já que nos
conhecíamos há poucos dias.. Sentei-me a beira da cama, e me ajeitei.
Diana puxou o lençol branco sobre seu corpo, e apenas me olhou,
passando as mãos pelos cabelos.
— Não sei se entende bem a língua, mas aprendi desde muito novo
o português brasileiro. Além de tudo, as músicas brasileiras. — comentei,
sem saber como lhe contar a respeito de parte de minha família que era de
lá. Talvez, fosse demais, abrir-me de tal forma. — Essa música se chama
“Para você guardei o amor”. — falei e ela assentiu.
mim mesmo. Poderia ter sido apenas um sonho juvenil, uma mulher mais
velha interessada e duas semanas de puro sexo. Mas não fora, não com ela.
Encarei-a de longe e iria até ela, para tentar evitar que tudo
terminasse daquela forma tão sem explicação. Dei passos para perto e
paralisei, ao ver a cena se desenrolar a minha frente. O homem de terno
que antes me chamava, a abraçava, e ambos pareciam se conhecer. Ela o
olhava de forma encantada, e notei que não repeliu seu toque. O que ficara
claro, o problema era eu.
— Pai...
— Ela não faz ideia, não nos falamos muito e acho que Bailey me
mataria se contasse. — confidenciei. — É uma escolha de Bailey, não
posso...
Com toda certeza precisava de mais tempo na cidade para poder ter
uma conversa franca com Diana, porém, a vida parecia querer me levar
para longe naquele momento, e não podia de forma alguma recusar. Era
soco na cara.
Notei uma mulher de cabelo curto e preto parar a frente dos dois e
afastá-la do homem. Dei passos rápidos para perto e parei ao lado de
Diana, que parecia completamente bêbada. Olhei ao redor e busquei os
amigos que deveriam estar com ela, mas não encontrei ninguém. Eles a
deixaram com ele, portanto, deveriam confiar que estava bem cuidada.
de táxi, e pode nos acompanhar para ter certeza. — olhei para o homem,
que parecia completamente incrédulo. — Você também pode ir. Diana
ficará sã e salva em sua cama, e ficarei com ela. Sou o garoto dela, como
ela disse. — falei, como se tirasse um peso das costas ao pronunciar tais
palavras.
Eu era dela, tanto quanto ela era minha. Apenas precisávamos ter o
nosso momento. Um momento não aplacado pela saudade, muito menos
os olhos por completo e ver com clareza meu reflexo, fechei a torneira, e
Flashes da noite me atingiram, porém, nada com tanta clareza. Não até o
momento em que simplesmente considerei que T gostava realmente de
Patrice.
me e olhei com atenção. Poderia ter sido eu, mexendo durante a noite,
porém, não era uma característica que me pertencia. Sentei-me e passei as
mãos sobre o travesseiro, como se tentando entender na bagunça que me
metera.
Assim que virei o olhar, uma folha branca, debaixo de meu kindle,
deixou-me intrigada. Não era uma pessoa bagunceira, na realidade, bem
longe daquilo. Peguei com cuidado a folha e a desdobrei, para me deparar
com uma letra claramente masculina, e que me fez paralisar.
Baby,
Mas era preciso. Você entendeu muito melhor que eu, naquela época.
Não capaz de nos separar. Te ver novamente foi como voltar para casa.
Foi como olhar para o lar que nunca considerei ter. Eu tinha vinte anos e
me declarei. Hoje, tenho vinte e cinco e não posso mentir sobre o que
sinto.
Ainda mexe comigo, baby. Mexe além do que posso dizer e sinto
muito se não souber demonstrar. Minha vida anda uma bagunça. Ao
mesmo tempo que reencontrei uma de minhas razões – você – algo
aconteceu, e o mundo se tornou um lugar ainda mais escuro. Sinto não ter
estado ao seu lado quando acordou após fazermos amor. Era tudo o que
queria, mas não tive escolha.
Não quero lhe contar nada por meio dessa simples carta. Podemos
denominar assim? Então, eu só peço que me espere. Não para sempre, só
por um momento. Tive que fazer uma viagem para o Canadá, estive por lá
esse tempo todo, e claro, voltei para Nova Iorque em alguns momentos. Os
problemas, infelizmente, não seguem barreiras nacionais.
Me perdoe se lhe deixei pensar que não sinto nada. Baby, eu sinto
tudo. Tudo o que for possível um homem sentir por uma mulher. E além
Com amor, T
existiam fotos dele mais velho, nem mesmo adolescente com os pais à
frente da empresa. Talvez aquilo justificasse o porquê não encontrei nada
sobre ele no passado, nem mesmo procurando com os dois sobrenomes.
Era uma pesquisa mais refinada, a qual, não me propus a fazer na época.
Nem mesmo, adiantaria.
claro, que eles na realidade, pareciam como irmãos. Algo mudara? Era a
Pensei e repensei mais uma vez, como boa ariana. Olhei, dali da
poltrona, em direção a carta que Troian deixara, com vários
questionamentos em mente. Poderia simplesmente ligar e lhe perguntar o
que acontecia, ou até mesmo, pedir seu endereço. Entretanto, algo em
minha mente, insistia para que aquele momento fosse especial. Algo que
merecesse ser lembrado no futuro. Uma boa ariana com ascendente em
touro. Sequer sabia o que aconteceria, mas tinha certeza que não iria ser de
qualquer forma.
rosa pink, nada parecia chamar menos atenção dos vários executivos de
ternos caros e chiques que passavam ao meu lado.
talvez, teria que ligar e dizer. “Ei, T! Estou no Canadá!” Pior seria, se ele
estivesse em outra cidade do país, já que não fora nem um pouco
específico sobre onde realmente estava. Entretanto, segui meu instinto. De
alguma forma, sentia estar no caminho certo.
falou com cuidado, o que foi como um balde de água fria. — Talvez esteja
confundindo com seu pai, o senhor Liam Michaels?
— Diana?
Olhei-o ainda sem acreditar e entendi que aquele olhar era meu,
apenas meu. Por mais que acreditei por algum momento que ele pudesse
olhar para outra daquela forma, não era real. Soube, no momento em que o
encarei profundamente. Ele era meu, uma certeza que se firmava em meu
peito, mesmo sem saber se ele queria me pertencer.
irmos até um local para comer. Além de tudo, estava morta de fome. Não
conseguira comer nada de manhã devido a ressaca.
Porque no final das contas não fizera escolha alguma. Ele apareceu e me
entregou seu amor, e só esperava, que tivesse a chance de ser a dona seu
coração mais uma vez. Daquela vez, para sempre
Capítulo 11
Não me esqueci
De quem eu sou
daríamos certo.
— Dia...
— Por ter enchido a cara e considerado viajar para outro país sem
colocarmos as cartas na mesa. Não dá pra fingir que esse reencontro
depois de tanto tempo não mexeu com a gente. Vi isso no seu rosto,
quando fugiu de mim naquele café. Porém, pessoalmente falando, ando em
um momento da vida onde sinto as coisas em maior intensidade.
— Você parece cansada psicologicamente, baby. — interrompi-a.
Era claro, ao notar o quanto ela parecia se segurar para não desabar a
entender o quão absurdo aquilo soava. — Por que dizer em voz alta, para
você, torna isso ainda mais sem noção?
— Ela é como minha irmã mais velha, Diana. — falei sem hesitar.
De forma, que nunca mais, Diana pensasse tal sandice. — Não sei se o
meu jeito protetor com Pat possa ter te feito desconfiar disso... — passei as
mãos pelo rosto, tentando lembrar da forma como Patrice parecia assustada
comigo. — Merda! Acho que até ela considerou isso... Não duvido muito
que seus amigos. — Diana assentiu, fazendo-me contorcer o rosto. Aquele
— Acho que existe um mas para ter agido de tal forma, assim
como, por ter sumido por esses dias. — falou, e assenti, sabendo que me
explicaria. Não era algo imposto, porém, queria me explicar para com ela.
Para que entendesse que não saía de minha mente, de forma alguma. —
Mas antes de chegarmos em mais um dos tópicos... — sorriu baixinho, e
acabei fazendo o mesmo. — Quero que me desculpe por ter sido infantil.
estivéssemos lutando pela mesma coisa, sem ao menos ter a plena noção
do que o outro sentia. Se os sentimos fossem postos a mesa, tinha certeza,
não existiria chance de nos separarmos. Entretanto, ainda precisava lhe
falar o que acontecera, e mais, como minha vida andava. Diana merecia
mais do que poderia lhe oferecer, mas não a deixaria ir sem lutar. Não ao
vê-la lutando por mim, sem ao menos ser merecedor.
feita na medida certa para mim. — Não que ache isso necessário.
pouco antes de amanhecer. Era meu pai, e... Ele apenas me pediu para ir
para casa. Que ele precisava de mim. — falei, e tentei ser o mais claro
possível. — Ele nunca o faz. Ele nunca pede ajuda. Por isso, eu
simplesmente saí do apartamento e não lhe disse um simples tchau. Sabia
que algo muito ruim tinha acontecido. No caminho do elevador até pegar
um táxi para o aeroporto, soube que minha irmã estava no hospital. —
Diana me encarou perplexa, e aumentou o aperto de sua mão. — Ele não
quis ser claro sobre o que aconteceu e quase pirei, imaginando que poderia
não chegar a tempo ao hospital. Finalmente, cheguei e foi uma das poucas
vezes na vida, que vi meus pais chorando. Os dois estavam abraçados, em
claro desespero. Mal conseguiam explicar o que aconteceu. O médico
apareceu, e felizmente, disse como minha irmã estava. Ela... estava
inconsciente. — engoli em seco, não conseguindo falar sem reviver o
momento em minha mente. — Bailey foi espancada pelo namorado. —
Diana arregalou os olhos, como se não conseguisse acreditar. Nem eu
conseguia. — Meus pais a encontraram desacordada em seu apartamento
na cidade. Robert quase a espancou até a morte. Só não o fez, porque...
— Meu Deus!
Não consegui acertar as contas, não até agora. Isso me consome a dias,
Diana. Ver minha irmã se recuperar aos poucos e ao mesmo tempo, não
poder quebrar a cara daquele desgraçado.
sinceridade era nítida, porém, meu ódio por Robert também deveria estar
transparecendo.
tentando seguir à risca o que me pediu. Ela não quis que Patrice soubesse
de algo. Ela sabe que Pat largaria tudo para vir pra cá, mas praticamente
implorou para ninguém contar. As duas tiveram alguns desentendimentos,
que sequer entendi ao certo, mas... Enfim, respeitei o pedido de Bailey. Por
isso, Pat não pegou o primeiro voo para o Canadá como eu.
— Eu... Sabia que algo tinha acontecido quando acordei sem você
ao meu lado, mas nunca imaginei que... Eu sinto muito mesmo, T. —
falou, e notei lágrimas descendo por seu rosto. — Não sei o que pensar a
— Não, nada com ela. Ela está na casa dos meus pais, e pelo que vi
hoje, as marcas finalmente começaram a sumir. Bailey tenta fingir que está
tudo bem, nos convencer disso, mas é claro que não está. — respirei fundo,
tentando não pensar tanto a respeito. Não ali. — Desta vez, voltei porque
no meio de toda essa turbulência, fui demitido. — Diana não conseguiu
Agora parece saber muito bem de onde venho e quem é minha família.
Nunca usei o sobrenome Michaels pelas portas que se abrem apenas por
dizê-lo. Eu não te contei sobre, mas me formei na Julliard e assim, depois
de trabalhar em dezenas de lugares, me encontrei como professor. Eu amo
o que faço, amo música... Hoje, fiz uma entrevista de emprego, e estou
esperando retorno. Tenho um bom dinheiro no banco, mas nada
comparado com o que deve ter, baby. Eu sei que nunca...
— O que está tentando dizer ou me convencer? — indagou, e notei
a determinação em seu olhar. — Que me importo com o quanto ganha, ou
que vamos comparar nossos salários? Olha bem pra mim, T. Diz que em
algum momento realmente acreditou que me importo se trabalha como
executivo ou como professor?
permissão. Assenti, dando-lhe toda minha atenção. — Não sou boa nisso,
acho que não lembro a última vez que desabafei com alguém, mas... Com
você, sempre pareceu simples. Você me descomplica ao simplesmente me
olhar, T. Nunca acreditei em amor à primeira vista, mas depois de cinco
anos, e ainda sentir essa sintonia com você... meu coração a ponto de sair
pela boca. Acredite, passei a crer em conto de fadas. Por isso, quero
começar o meu. — fiquei pasmo, tentando digerir suas palavras. — Paul,
Klaus e eu sempre fomos melhores amigos, e sempre faço o que posso por
quem amo. Por isso, Paul e eu fingimos um namoro... — foi a minha vez
de arregalar os olhos. — Existia um contrato sobre a união Russel-
Harper...
quisemos no passado.
Still I wear what I wanna, 'cause I'm cool with what's underneath.”[72]
— Eu vou ficar bem. — falei mais uma vez para minha mãe, que
— Sinto que não parece tão certo sobre seu destino. — comentou, e
suspirei, sem conseguir disfarçar. — Ah meu Deus! Existe um cara. Por
favor, me diz que não é armação dessa vez!
— Diana, minha princesa, você sabe muito bem o que sempre lhe
ensinei. Ninguém amo o outro, caso não ame a si. — tocou em meu peito,
sobre meu coração. — Você sempre foi forte, independente e se ama. Sou
muito orgulhosa por isso. Mas vejo que em outras áreas da sua vida... —
— Sorte? — indaguei.
— Filha, acha mesmo que todo mundo consegue amar e ser
amado? — lembrei-me de Spencer no mesmo instante. — Eu acredito que
Suas mãos estavam sobre meus seios, e não podia evitar aprová-lo
por ser feito na medida certa. T não conseguia manter suas mãos
afastadas de mim, assim como eu não conseguia me afastar de seu toque.
Mesmo depois de nos amarmos, não parecia o suficiente. Talvez porque
fosse ele. Talvez ele fosse o cara que minha mãe sempre jurou que
Ele não sabia, mas mesmo depois de nos decidirmos que seria bom
um tempo separados, para entendermos como funcionaria nossas vidas
— Eu também, baby.
que não poderia escolher estar longe, mesmo que fosse o correto para
minha alma naquele momento. De alguma forma, que não sabia explicar,
meus medos e insegurança pareciam voar para longe. Bastava seu toque.
Por isso, eles se tornavam ainda maiores ao pensar sobre. Por apenas
pensar que alguém pudesse ser o dono de minha sanidade mental. Não
poderia. Eu deveria ter controle.
— Lembra da crise de pânico que tive, há cerca de dois anos? —
indaguei e minha mãe assentiu, claramente sem saber onde queria chegar.
— Comecei a ter crises de ansiedade nos últimos meses, mãe. E temi que
chegasse ao pânico. Por isso, estendi o tempo da viagem. Para colocar
minha cabeça no lugar.
— Não a nada mal em ter alguém como porto seguro. Um dia, nós
fomos o seu, Diana. Por que esse tal “T” não pode se tornar parte? —
indagou e fiquei sem respostas. — Acho que tem medo de se entregar.
Sempre teve. Mas com ele é diferente, vejo pela forma que fala sobre. O
começo sempre é mais leve, filha. Ter um relacionamento feliz não condiz
com ser sempre feliz. Eu tenho meus momentos, de simplesmente deitar na
Mas sério, se quer ficar com ele, aproveita... Vai e simplesmente fica.
que era. Não saberia dizer porquê, mas tinha a mania de querer lembrar
onde acabara meu dinheiro.
Meu coração falhou uma batida, ao virar o papel e ver sua letra ali.
Era realmente uma nota fiscal, mas em seu verso, T escrevera. Sorri, sem
Acho que escrever para você se tornou uma de minhas coisas favoritas no
mundo... Até breve, baby. Já sinto sua falta.
quinze horas. Senti meu estômago reclamar, e lembrei que não comera
nada o dia todo, a não ser um iogurte. Precisava me atentar aquilo, a falta
de fome andava me assustando. Parei a frente de sua porta e mexi em
minha bolsa, até encontrar a chave.
daquilo que tanto desejou, em cinco anos? Estar novamente nos braços e
poder tocar o homem que fez parte de meus sonhos, como um fantasma.
Como o único.
lado direito da porta. Fechei-a e encarei o local que em tão pouco tempo
me fez sentir em casa. Naquela carta, a qual guardara por completo em
minha mente, assim como, carregava para onde ia, T afirmou que era o lar
que ele nunca imaginou ter. Ele se tornara o meu.
“É, e só de pensar
Morrendo de amor
De amor.”[73]
mais, num dia em que minha mente estava em qualquer local, menos
conectada a música. Teria que admitir, que estar longe de Diana, trazia-me
ser um homem frio para muitas coisas, mas não conseguia disfarçar o
quanto temia nunca mais vê-la. Os versos de Caetano passando por minha
mente.
vez.
sentir sua pulsação, soltei o ar, e a peguei no colo. Toquei seu rosto e senti
sua leve respiração. Meu coração parecia querer explodir no peito, e pela
primeira vez, não era algo bom. Não sabia ao certo o que fazer, e apenas
saí do apartamento, na intenção de levá-la diretamente para o hospital.
até chegarmos a uma recepção e pedir para que fosse atendida por um
médico chamado Louis. — T! — tentei sair de seu colo novamente, sem
sucesso. — Troian! — falei firmemente e seu olhar glacial encontrou o
meu. Notei o temor por todo seu rosto e comecei a entender o que
acontecia. — Eu posso ficar em pé agora, garoto.
— Baby...
Antes que ele pudesse me responder algo ou pudesse falar, uma voz
desconhecida o chamou.
— Troian.
consegui conter um sorriso. Ainda mais, por ter sido chamada de mulher
veremos...
Bufei e notei o semblante admirado que sua mãe nos olhava. Ela
então se aproximou e sentou-se do meu lado esquerdo.
— O prazer é todo meu. Tenho certeza que não será nada demais.
Amava Troian por tantos motivos, que não saberia listá-los por
completo. Mas dentre eles, tinha a plena certeza, que amava um homem
que não se importava com dinheiro e status, mesmo sendo de uma família
influente. Aquilo era mais do que importante para mim, pois cresci no
meio, e sempre condenei aqueles que viviam em função de tais ideais.
Ele era um senhor de idade, que parecia saber o que tinha apenas sob o
olhar avaliativo. Não saberia dizer o que realmente senti quando me
encarou. Ele era aquele tipo de médico com tanta experiência, que podia
jurar, já sabia de tudo antes mesmo dos resultados dos exames.
semanas.
Levei minha mão livre até a barriga plana e tentei imaginar como
seria dali alguns meses. Logo suas mãos cobriram as minhas e ele me
encarou, com lágrimas.
— Eu nem sei o que pensar, a não ser, que sou um puta sortudo,
baby. — gargalhei, e senti lágrimas descerem por meu rosto. — Só quero
que esteja feliz.
fruto de nosso amor crescia. Sorri, inebriado pela luz que ela emanava.
passado. Diana não fazia questão e muito menos deixava de cantar por
aquilo. Entretanto, parecia balancear completamente nossa relação. Ela era
arte, como sempre afirmou. Eu era música, o que me mantinha são. Arte
era música, e vice-versa. Talvez fossemos mais complexos do que
imaginávamos.
— Não acho que seja uma boa ideia lhe dar trabalho. —
comentou e continuei levando-a em meu colo até o quarto. — Sério, posso
me acostumar com isso e nunca mais te deixar em paz quando estivermos
aqui.
— O que é? — desafiei-a.
— Baby...
— Te amar é tão simples. — fiquei paralisado diante de sua
declaração. — Eu te amo, garoto.
estarmos tão certos do que sentíamos. Porém, Diana era como eu. Ao
menos, naquilo. Gostávamos de afirmações, e que estas, fossem
comprovadas com ações. Palavras também entravam na lista.
— Nunca, baby.
como e com o uísque queimando sua garganta. Mas assim como um raio
que caíra em sua vida uma vez, ela caíra novamente. Contra todas as
apostas e azares do mundo. Diana Carter estava mais uma vez a sua frente
e lhe olhava como se fosse a primeira. Nada parecia ter mudado.
Ele sabia bem que queria fugir, o tanto quanto queria ficar e
questionar. O medo maior era ter a resposta que fora apenas mais um em
sua vida. Parecia o óbvio e claro, após ser deixado para trás. Contudo, algo
dentro de si temia tanto o quanto necessitava saber da verdade. Saber que
não fora apenas uma paixão passageira por um cara mais novo que cantava
rock.
Não o era.
mais centradas, ali estava ele. Com seu cabelo longo preso no alto da
cabeça, a barba por fazer, e um sorriso contido, como se aguardando sua
aprovação. Troian Messina sempre lhe pareceu algo tão genuíno e único,
que ela não sabia explicar. Nunca saberia colocar em palavras o quanto
aquele homem lhe significava.
Diana era certa sobre muitas coisas, e uma das principais, era
Troian. Só bastava ele simplesmente aceitar. Finalmente, depois de meses,
claro, ela permaneceu nos braços dele. O quarto era perfeito, assim como a
pessoa que o preparara. Ela não saberia dizer como não desconfiou do que
ele fazia naquele cômodo esquecido do apartamento. Sempre imaginou que
o usava para compor ou algo parecido, ou simplesmente para cantar. Mas
não, ele estava pensando neles.
— Eu pensei que teria que bater com sua cabeça nas minhas malas
espalhadas pelo apartamento. — comentou sorrindo, enquanto sentia um
leve beijo em sua testa. — O que faço com você, T? — indagou,
— Seja você e será o melhor! — tocou seu rosto com as duas mãos
e sentiu um leve chute na barriga, como se sua filha concordasse
claramente com aquilo. — Temos uma garotinha aqui que concorda.
— Eu soube no momento que te vi pela primeira vez. — comentou,
puxando-a para si levemente, e rodando com ela sobre o tapete de cor
— T...
Diana nunca fora tão emotiva. Mas a junção do homem que amava
ser um romântico e estar grávida, levava-a a lágrimas em segundos.
Ela encostou-se contra seu peito e sorriu, pois ele a entendia como
ninguém. Até porque ele era único e certo para ele. Ele era seu amado.
Fim
Sinopse
Codinome – Maria
Nightmare – Halsey
é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta,
será.”
A voz forte irrompeu ao redor, mesmo com o som alto que vinha da
pista de dança. Na área vip não era tão ensurdecedor, entretanto, parecia
ter sido colocado no mudo. A última pessoa que queria ver, e com certeza,
que queria ter que conversar. Apenas levantei meu copo em sua direção, e
neguei-me a olhá-lo. Não me permitiria cair em joguinhos. Não os seus. Eu
mandava, todos obedeciam. Mas aquilo não era com ele. Portanto, era
— Sabe que não pode fingir que não me conhece para sempre.
sentir. Não falaria sobre aquilo, nem mesmo cogitaria tal coisa. Spencer
Donovan era parte do meu passado e tentaria deixá-lo naquele exato local.
Sem a intenção de desenterrá-lo. Ao menos, era o que fielmente acreditava.
Capítulo 1
Anos depois...
Entediante.
vezes estar em uma banheira com uma taça de vinho na mão. Ao menos,
— Porra.
Franzi o cenho, pois ela quase nunca falava palavrão. Lauren era
certinha demais e aquela era a primeira vez que saía para a noite sem os
irmãos mais velhos no encalço. Um dos lados bons de transar com o mais
velho deles, era conseguir liberá-la para aquilo. Uma família possessiva
demais, para uma mulher esperta demais. E ali estávamos.
andei até ela. Escorei-me na barra diante do vidro e procurei o que ela
parecia ter se encantado.
ou tarde iria reencontrá-lo, contudo, não esperava que ele viesse ao meu
encontro. Não poderia ser apenas uma simples coincidência.
que eu queria. Mas ainda não era o momento certo, mesmo que faltasse
bem pouco.
repreensão.
Terceiro, Spencer não tem nada de mocinho. Nem sonhe em tentar uma
noite com ele.
— Ora ora.
— Por que não posso parar e falar com minha prima? Ainda mais,
não vai me apresentar sua linda amiga? Carlisle, não é? — olhou
diretamente para Lauren e tive que bufar.
— Não pense que a deixaria ser levada pelo seu papo, para casar
com ela e ter uma fusão milionária com as empresas de famílias. — seu
rosto endureceu e ele pareceu perceber que não iria me calar sobre nada.
— Uma ligação e Theo Carlisle saberá disso, o que acha?
que iria ao banheiro. Era uma boa noite e Spencer acabava de estragá-la.
Nossa altura era praticamente a mesma ali, mesmo com meus saltos
baixos. Meus um metro e setenta e cinco, estavam a meu favor.
Queria acreditar que aquela era apenas parte de sua encenação, mas
— Você.
— Sabe que isso pode me custar um surto dos seus irmãos, certo?
— indaguei para Lauren e ela abriu um sorriso sem dentes, como se
implorando para que me entendesse ao menos com Theo.
Sorri para ela, mesmo sabendo que não o era. Dei-lhe um beijo no
rosto, e logo me virei para sair. Bati com o corpo de Spencer e tive que
revirar os olhos. Aquela proximidade era o que sempre evitei. O jeito que
aquela velha atração por ele ainda me sondava era insuportável. O melhor
era fingir que não me afetava.
Ele não disse nada, e apenas deu um leve aceno para Lauren, que
parecia a ponto de surtar. Logo vi o tal Jason se aproximar, e o sorriso que
ele lhe entregou era tão brilhante quanto o dela. Algo me dizia que aqueles
dois estavam sendo privados a tempo demais de se verem longe das asas
dos irmãos superprotetores.
já que parecia ter ficado interessado em algo dentro da boate. Senti sua
presença antes mesmo de lhe encarar. Era algo que me acometia desde
muito nova. Sempre soube quando ele estava por perto.
— Por que parece tão certa sobre o que vou dizer? — indagou,
andando a minha frente, e em menos de cinco passos estávamos à frente do
que possivelmente era um carro que alugara. Não me atentaria a tal
detalhes, muito menos me importava.
Ele sabia que o faria mesmo se respondesse não, e ouvi sua risada
baixa, ao mesmo tempo que saía com o carro.
proposital, a barba de mesma cor que cobria o rosto que marcara o meu da
última vez que nos encontramos, a pele de um bronzeado que entregava o
fato de ele ainda deveria amar correr de dia, e até mesmo... Talvez fosse o
conjunto completo, com músculos perfeitamente distribuídos, o olhar de
Virei meu olhar para a janela e foquei em qualquer coisa que não
fosse a sua beleza instigante. Spencer não passava de uma casca bonita, e
apenas me prenderia aquela definição superficial. Era hora de usá-lo para
algo a meu favor, já que ele estava ali para fazer o mesmo comigo.
— Eu sou melhor do que você nisso tudo, Spencer. — deu uma leve
batida em meu ombro. — Deixe o jogo para quem sabe jogar.
se nada a abalasse.
gargalhou em seguida.
Ela se virou para sair, e não soube dizer porque, apenas não
permiti. Segurei levemente seu pulso, e seu corpo veio em direção ao meu.
— Não preciso...
— Quer me dizer por que parece tão confiante sobre o que vim
rosto. Pela primeira vez, Ruby parecia séria sobre algo. — Não preciso
entrar nos detalhes sobre, já deve saber todos eles.
notara algo diferente a respeito de nossa família por Ruby. — Vovô foi
cordial comigo, porque depois que ficou doente passou a perceber coisas
além do dinheiro – palavras dele. — fez aspas com as mãos. — Ele me
contou previamente tudo o que precisava saber, assim como, acabei
decidindo o que você vai ter que fazer para ter a minha assinatura.
herdeiro tenha sua parte dos bens deixados. — falou simplesmente, mas
tinha certeza que viria mais.
— Com isso, nada além do que é meu por direito... Mas tenho uma
condição clara para o fazer.
termo que faça nossa família perder o que é deles por direito.
assim.
Neguei com a cabeça e fui até ele, tocando levemente sua barba.
Ele estava com o maxilar cerrado, o que tornava sua expressão ainda mais
assustadora. Contudo, pelo pouco que o conhecia – Spencer era inofensivo
contra pessoas mais espertas que ele. Felizmente, eu o era.
Afastei-me de seu toque e levei minha mão até meu peito, sobre
meu coração.
— Vá embora, Ruby.
complicado. Ele não era mais o mesmo, muito menos eu. Tinha que pensar
daquela forma, e esquecer que um dia, considerei-me apaixonada por ele.
cozinha e peguei uma garrafa de vinho. Servi-me de uma taça e sorri para
o nada. Era uma noite feliz, de forma que não imaginava que terminaria.
Levei a taça a boca e quase virei todo o líquido. Fui em direção a meu
quarto e me livrei do vestido, colocando apenas um camisão enorme
estampado de personagens da Disney. Poderia parecer sem coração, mas
amava perder algumas horas assistindo novamente meus filmes favoritos –
como Mulan.
Era a melhor coisa saber que pude deixar tudo como queria. Minha
mente se virou para o passado, assim que encarei o porta-retratos sobre a
rack. A única e rara foto de meus pais, que sequer chegara a conhecer de
fato. Tinha vagas lembranças e nenhuma era de fato concreta. Eles
faleceram quando completei dois anos, em um acidente de carro. O veneno
que escorria de Dana Donovan a irmã mais velha de minha mãe, e a mãe
descobrir o quanto ela era uma ótima mentirosa. Ao menos, eu sabia com
quem lidava, pois para comigo, ela nunca pareceu querer fingir ser uma
boa pessoa.
— Ótimo. — ele falou, mas sabia que mentia. Seu semblante não
fazia jus as palavras.
— Pouco. — fora a única coisa que saíra de sua boca e soltei o ar,
tentando não desabar.
Meu avô apertou minha mão, e sentir o quente de seu toque, fez-me
perceber que logo não o teria mais. Nunca a morte me doeu, mas ali, antes
mesmo de acontecer, já parecia difícil demais.
— Não fale assim! — falei de imediato, por mais que soubesse que
era a realidade. — Nunca pense assim!
Demorei para perceber o quanto era especial, querida. Mas saiba que
tenho orgulho de quem é e da mulher que se tornou. Candice sentiria o
mesmo, tenho certeza.
poderia ser formado a partir de algo tão simples – uma mulher adulta
dormindo fora de casa. Respondi-lhe apenas para que focasse em se
divertir e não esperei resposta. Ela com certeza, deveria o estar fazendo.
parte de minha vida sem conseguir dormir porque tinha que aguentar todos
os desmandos e mandos de sua família. Por mais que não fosse sua culpa,
Spencer que aguentasse a consequência de apenas uma.
Capítulo 4
diante. O pior de tudo era que tinha que descer do carro e ouvir cada
detalhe de seu plano.
consistia em lhe ouvir e tentar dar a volta naquela ideia absurda sobre
casamento.
— Vou ser direta e peço para que não me interrompa agora, tudo
bem? — assenti e ela levou as mãos ao queixo, deixando os cotovelos
escorados na mesa. — Nosso avô me contou sobre o testamento, e que
todos deveriam assinar para que cada um receba uma parte igual. Segundo
ele, foi a forma que encontrou de fazer a família concordar em algo, ao
menos, uma vez. Ele também mencionou sobre o fato do casamento que
agregaria para o herdeiro da família, que no caso, se refere a você.
Sabemos que poderiam tentar usar qualquer outro Donovan, até mesmo os
primos distantes, mas nosso avô foi bem certeiro em colocar cada detalhe
para que chegasse a você. — apontou-me com o dedo e fiz uma leve
careta. — Claro que não concordaria com o que ele disse, mas jamais iria
contra sua vontade. Ele não pedia minha opinião, apenas contou o que
faria. Juntando o que ele me disse, pensei no óbvio... que sou a noiva
perfeita. O que os Donovan mais prezam do que o próprio dinheiro? —
indagou de repente, e franzi o cenho, sem saber o que responder. —
Vamos lá, Spencer! Não é tão difícil assim.
amizade, casada com o menino perfeito que criaram? Isso soa divertido
para mim!
Foi ali que me toquei do que Ruby realmente queria. Ela ia muito
além do que eu imaginava. Poderia ter me envolvido com pessoas apenas
em nome do que ela chamara de honra e eu, de poder. Contudo, era
completamente diferente. Nunca se baseava apenas em meu próprio
interesse, ainda mais, pessoal. Sempre me deixei levar pelo o que a família
via como objetivo. Aprendi a valorizar dinheiro e poder acima de tudo,
tudo. — foi enfática. — Sei que em uma semana vamos nos encontrar na
sua bela cobertura em Nova Iorque. Prepare-se até lá, porque vai ter que se
fazer do homem mais apaixonado do mundo.
formas que sequer sabia por onde começar. Não era mais apenas um
simples embate por sua assinatura, era simplesmente, aceitar o que Ruby
assinar os papéis que a família tanto queria, e claro, para fazer cada um
deles, principalmente Dana, destilar seu ódio sobre mim com ainda mais
vontade. Dei uma voltinha e encarei a bela cobertura. Não havia sinal de
Spencer e tinha quase certeza de que não dormira no imóvel nos últimos
dias, já que tudo parecia intocado. Talvez ele evitasse o fato de que em
algum momento, eu também moraria ali. Ele era a falha, até mesmo, o
ponto fraco dos Donovan. E assim como pensei era fácil usá-lo. Ele
aceitava tudo em nome da boa família – mal sabia ele o que realmente
representava para todos, ou ao menos, fingia não saber.
outro cara. A sorte e destino pareciam estar ao meu favor, para puro azar
Todos já chegaram.
Odiava usar aquele nome completo, mas era necessário para poder
chegar onde realmente queria. Na realidade, aquele sobrenome já me
ajudara em vários momentos. Com o tempo entendi o quanto as pessoas
poderiam ser influenciáveis por uma simples palavra. Apresentei
documentos para a comprovação. Talvez fizessem cerca de dez anos que
não pisava naquele prédio e sabia que as coisas mudariam a partir dali.
Apenas o barulho dos meus saltos era ouvido no piso, e não pude
evitar andar o mais lentamente possível. Ao fim, teria que dar minha
entrada, e não pude evitar um sorriso assim que abri uma grande porta de
madeira e pude localizar cada um dos principais interessados naquele
trinta minutos, porém, seria bom para mexer com a impaciência de todos.
Assim que finalizei, levei a caneta ao papel. Quando comecei a riscá-lo, a
voz de Dana reverberou por todos os lados.
Sabia que os olhos de todos recaíam sobre mim, e fora ali que dei a
primeira facada em seus egos. Sentei-me sobre o colo de Spencer, e passei
as mãos por seu pescoço, acariciando-o.
— Mas o que...
— Eu também.
Sem lhe dar tempo para fazer ou falar algo, sentindo sua mão em
minha cintura, uni nossos lábios. Um toque sutil que deveria permanecer
apenas daquela forma, mas não consegui controlar. Parecia existir mesmo
algo especial nele, e realmente, tinha concordado com Dana.
Imaginei que seria puxada do colo de Spencer ou algum tipo de
grito, mas o silêncio pareceu se formar ao redor. Concentrei-me apenas nos
lábios decididos e na barba que marcava meu rosto inteiro. Beijá-lo era
como o verdadeiro pecado.
Assim que nos afastamos, entendi que a magia acabava. Sua mãe
estava no chão, e sobre ela, alguns dos familiares que tanto repudiava.
Spencer pensou em sair do lugar, mas não permiti que o fizesse, negando
com a cabeça. Aquele era o real pecado – a ira. O que realmente sentia ao
parar para analisar aquele momento.
que esperei muito para poder usar contra ela. Era uma clara declaração de
guerra, e ela sabia que já tinha perdido, contudo, era uma péssima
perdedora.
Assim que Ruby saiu, levantei-me para tentar ajudar minha mãe.
Os olhos claros, diferente dos meus, encararam-me decepcionados, ao
mesmo tempo que parecia pronta para voar no pescoço de alguém.
— O que ela fez com você? — sua pergunta foi cortante, e lhe dei
minha mão, a qual ela negara de imediato. Meu pai permaneceu em
silêncio, ao seu lado, ajudando-a levantar. — Como pode concordar com
isso? — seu grito poderia ser ouvido a metros dali, tinha certeza.
— Chega, Dana!
— Olá, príncipe.
dia?
mas dava toda a imponência e sedução que fazia-lhe jus. A calça seguia o
mesmo tom, e os saltos altos a deixavam praticamente da minha altura. Ela
tinha realmente se preparado para pisar em quem fosse naquele dia.
menos algumas horas longe de tudo. Longe de Ruby. Sabia que ela já
estava em meu apartamento e que ficaria por lá pelo menos as próximas
quatro semanas antes do casamento, e o tempo estipulado pós aquela data.
Nunca dividira meu lugar com alguém, ainda mais, com alguém que mal
conhecia. Tudo seria diferente se Diana tivesse aceitado meu pedido de
casamento – pensei internamente.
— Mas no fundo é um menino perdido. — fora a primeira vez que
não notei o olhar de superioridade em seu rosto, e sua voz não parecia
cínica. — Nos vemos a noite, na cobertura... Até lá, tente ao menos pensar
que isso vai te trazer algo bom.
Sem dizer mais nada, ela deu as costas e saiu, tão certa de si, como
entrara na outra sala. Sem conseguir me conter, joguei o copo direto na
parede e os pedaços de vidro voaram. Prezava por tudo que construíra, por
tudo que batalhara, pela família que tinha... Ruby conseguira controlar
tudo aquilo em poucos dias. Era aquilo que me deixava ainda mais
frustrado – sentir-me preso em seu jogo. Tudo o que já fizera estava ciente
e de acordo, não aquilo.
Já passavam das duas da manhã. Encarei a bela vista, dos vidros
que iam do chão ao teto e pareciam abençoar a bela noite. Bebi mais um
pouco de água e cantei com a música que invadia o ambiente. Era um belo
apartamento – deduzi ao analisá-lo mais a fundo durante a tarde.
Combinava com Spencer, cores simples como preto, cinza e branco, e as
vezes, um tom azul escuro.
da televisão ligada à nossa frente. Ele parecia perigoso, mas não do jeito
que repelia. Da maneira mais perversa de atração e conexão que poderia
sentir. Gostava de me queimar, e ele parecia a própria gasolina implorando
para que acendesse um fósforo.
continuasse.
lo.
Donovan, ele era o único que apenas sentia algo até o momento, ainda
mais, por ser o ponto frágil deles, e assim, ter que usá-lo. Mal sabia eu que
pena não era a única coisa que me remetia a ele. Desejo lascivo percorria
minhas veias naquele exato segundo, e tudo o que conseguia pensar era em
me perder no corpo do homem que me tomara para si há poucos segundos.
estava?
Capítulo 7
Acordei como sempre por volta das sete da manhã. Talvez tivesse
se tornado um hábito com o decorrer dos anos. Gostava de assistir o dia, a
calmaria se tornar uma bagunça aos poucos. O que era difícil de se
diferenciar estando em Nova Iorque. Mesmo assim, sentia um pouco de
falta da cidade. Nunca me encontrara de fato ali, e tinha quase certeza de
que era de minha natureza – não ter um lar. Gostava da ideologia de
pertencer ao mundo, sendo ele o qual desejara ou quisera.
Tomei um pouco de chá, e me sentei novamente à frente das
grandes janelas de vidro. Deixei o copo com cuidado sobre o chão, e me
consciência.
— Bom dia.
qualquer. Já tivera tais momentos com alguns homens, mas nada que me
fizesse sentir tão exposta. Talvez fosse o fato de que Spencer era uma
incógnita. Por mais que conseguisse lê-lo em alguns momentos, ali,
quando se fechava em si, era praticamente impossível. Não saberia dizer se
ele me odiava ou se fingia tal coisa, ou se até mesmo nunca chegou a tal
sentimento. Talvez fosse indiferença após aceitar que teria que viver
aquela mentira comigo.
seguida. Pedir para o universo que me trouxesse sorte seria piada, andava
em uma maré boa ultimamente. Entretanto, agradecer nunca parecia
demais.
— Sei que não quer conversar e parece preferir fingir que não
existo... Mas não esqueça que temos um evento hoje. — falei alto e não
esperei resposta. Levantei-me e peguei a xícara em mãos, indo em direção
do balcão, no qual Spencer permanecia escorado. — Pode fingir que nada
aconteceu ou tentar se fazer de indiferente, faça como quiser. Mas não se
meus braços.
gritava. Nas poucas vezes que nos esbarramos ao decorrer dos anos, Ruby
sempre estava com alguém mesmo que não fosse sério. Por mais que a
desejasse, nunca fora um jogo aberto para ambos. Ali, a realidade mudara.
Deveria ser indiferente e apenas seguir com aquelas semanas até o
casamento formal. Contudo, ficara claro para mim que seria o verdadeiro
inferno dividir um teto com ela. Ainda mais, pela forma como minha pele
gritava pela sua.
Uma visão dela me apareceu, pelo reflexo do espelho. Ruby usava
um vestido longo na cor vermelha, que destacava ainda mais os olhos da
Foco, Spencer!
Apenas me virei e fui até ela, dando-lhe meu braço. Ela sorriu
levemente, presenteando-me com os lábios na mesma cor do vestido,
abrindo um leve sorriso.
— Parece pronto para mim. — sua frase não parecia ter um único
sentido, e não poderia concordar menos. Ela também parecia pronta para
simplesmente se livrar daquele vestido e cairmos um sobre o outro. —
Dessa vez me lembrei... — abriu a pequena bolsa que carregava e me
Não ousei parar ou discutir, sabendo que teria que suprir tais
caprichos. Não poderia voltar atrás da ideia de me casar oficialmente com
ela, ainda mais, porque consistia em ter a empresa em meu nome após
dizermos “sim”. Havia feito uma promessa além do que a própria família
usurparia do dinheiro. Uma promessa que consistia em não desistir do
sonho que Kirian tinha para aquele lugar. No fundo, dentre os tios e tias
que poderiam sonhar com a presidência, sabia que nenhum deles realmente
Aquele lugar era um sonho particular que por muitos anos pude
dividir com meu avô, e sabia que mesmo que pudesse me arrepender
depois, valeria a pena passar por cada estágio do que Ruby exigia. Não
podia cogitar a ideia de ela desistir do casamento, não após tudo ser
anunciado tão fielmente a nossa família. Negar que aquilo era real seria
pior, fora o que compreendi após ver os olhares de repulsa que me foram
lançados após admitir que era apaixonado por ela.
artista é uma conhecida e tem uma sessão especial sobre amor. Quando eu
parar a frente do quadro denominado “o para sempre que desejei” você vai
se ajoelhar a minhas costas, e bom... Invente o que precisar assim que eu
me virar e fingir surpresa.
escola.
desapontar alguém.
Passei a mão levemente pelo belo rosto e tentei não focar no quanto
ele mexia comigo. Era estranho ter ignorado aquele sentimento por uma
vida, e ali, em pouco tempo, vê-lo renascer como se nunca tivesse sido
domado e abandonado. Já fora apaixonada por Spencer Donovan, em um
passado longínquo onde ele jamais me olharia. Sequer me olharia se não
tivesse o emaranhado em minha rede. Não por algo em particular, mas
porque nunca me pareceu de fato interessado. Ali tão perto, tudo parecia
diferente.
Além de tudo, sabia que não era o seu tipo de mulher. Era livre
sabia que seria praticamente impossível que não fosse elogiado. Contudo,
notei um olhar diferente, de uma loira que se encontrava a cerca de cinco
passos de nós. Spencer conversava com um empresário, o qual não me
atentei sobre o nome, e apenas notei o olhar cativo da loira sobre minha
esperava para mim mesma – nem em outras vidas. Brincar de amor não era
algo que desejava. Porém, tinha seus prós. Olhei ao redor levemente,
fingindo surpresa em meu semblante, encontrei o olhar dos pais de Spencer
e alguns tios cravados em nós, assim como, todos que participavam do
evento.
— Spencer...
e perceber que sou o cara certo. Mas não sou o cara certo... — os olhos
castanhos estavam cravados nos meus e senti que poderia jogar-me sobre
ele no mesmo instante. — Mas quero ser seu. Ruby... Ru, aceita se casar
comigo?
poderia esperar. Aliás, tudo o que envolvia algo fora de nós, naquele exato
instante poderia.
Assim que depositei um leve beijo sobre suas costas, ainda sobre o
blazer, apenas fora surpreendida por sua selvageria. Minhas mãos que
estavam em seu peito foram parar no alto, presas por uma única mão,
contra a parede ao lado. Os olhos castanhos abraçaram os meus e pareciam
apenas focados em não ceder.
possíveis e ainda permanecia vestido de mais para minha pele que gritava
pela sua. Ele parecia gostar de dominar, mas encontrara alguém a sua
altura naquele momento. Lambi seu queixo assim que se afastou para
buscarmos o ar, e o encarei profundamente. Ele olhava para meu vestido
que me fez morder o dedo colocado ali, como se para provocá-lo mais.
desci levemente o tecido e ele pareceu notar que não usava nada na parte
de cima, e uma minúscula calcinha na parte debaixo, notei sua respiração
ficar ainda mais pesada.
— Você é...
Ele era falante e nunca admirava tal coisa na hora do sexo, mas sua
voz parecia ter sido feita para aquilo. Não me virei e apenas toquei as mãos
contra a parede, incitando-a me tomar. Rapidamente senti suas mãos
esmagarem meus seios e a boca castigar meu pescoço.
querendo perder tal conexão. Praticamente nua em seu colo, mas nem de
longe me sentia intimidada. Spencer trazia consigo um ar austero que me
atraía, ao mesmo tempo que, a delicadeza dos movimentos certos.
ele ficara sobre meu corpo mais uma vez, e lentamente, me tomara. Nossos
olhos se conectaram, e tentei fugir daquilo, sentindo-me tão imersa do que
sequer saberia ressignificar.
coberta pelo corpo masculino, que distribuía beijos por minhas costas,
como se me marcando como sua rainha, sabia que não poderia esquecer
aquele momento. Spencer deveria ser só mais um, mas ainda assim, era um
próprio deus da luxúria para mim. Ou melhor, da própria perdição.
Capítulo 9
nada mais. Contudo, mesmo com tudo que acontecia ao redor, não era
por tanto tempo – verdade. Mas sabia que era tudo o que menos
encontraria com ela. Não a conhecia e mal poderia entender como tinha
aquela admiração por si. Na realidade, o passado fora longínquo entre nós,
e mesmo tendo praticamente a mesma idade, Ruby sempre fora distante.
Nunca entendera se fora o meu foco nos estudos ou as horas que ela
preferia estar a só. Talvez a forma como encarávamos as coisas e
lidávamos com tudo.
Ela tinha sua carga e eu conhecia bem pouco sobre. Na realidade,
poderia saber tudo o que ela fizera nos últimos anos, mas me negava
daquilo. Investigar a vida de pessoas e ler sobre aquilo era algo que nunca
quisera. Era algo que meus pais faziam desde que souberam que eu era o
herdeiro de direito e precisava de uma esposa. Ainda mais, quando
descobriram que para tal, precisavam da assinatura de Ruby. Tudo sobre
That you wear out your welcome and now you see
Contudo, eu não era uma megera sem sentimentos, por mais que
por muito tempo me sentira de tal forma. O que Spencer me trazia era algo
que nunca fugira abertamente, mas sempre quis ter. Por que tinha que ser
justamente para com ele?
— Há quanto tempo está aí? — indaguei, já que parecia ter me
perdido nos pensamentos para não o ver chegando.
Ele deu mais um passo e suas mãos pairaram ao lado de meu corpo,
há pouco mais de um centímetro de poder me tocar, mas ele não fez o
movimento.
combino.
rosto até o momento. Se sério ele era um pecado, sorrindo se tornava ainda
mais irresistível. Nossas bocas se encontraram e não parei mais para
ponderar nada. Que tudo esperasse ou que se explodisse. Não sabia mais o
que de fato estava em jogo, se aquilo poderia ser considerado um. De toda
forma, meu coração entrara em jogo e estava a ponto de perdê-lo. Tão fácil
quanto respirar, era me entregar novamente para Spencer. Aquilo sim,
assustava-me imensamente.
Capítulo 10
e o levei a boca mais uma vez. Os últimos dias tinham se arrastado daquela
forma. Tentava ficar o quanto podia na empresa, completamente atolado de
trabalho para simplesmente não ter que voltar para casa. Voltar para casa
significava voltar para Ruby. Tal pensamento me deixava insone. No caso,
ela começara a me tomar pensamentos, momentos e principalmente, meus
sonhos.
me deixava a ponto de querer ir até ela e beijá-la. De querer agir como algo
que sequer éramos. De algo que deveríamos fingir fora daquele
apartamento. Suspirei fundo e abri os olhos, depositando o copo sobre a
mesa. Levantei-me e caminhei até a grande janela que me dava a vista
perfeita de prédios. Encostei uma mão ali e tentei encontrar a sanidade que
perdera no momento em que a reencontrei em Londres.
Era para ser uma simples assinatura de papéis, que acabou virando
minha vida de cabeça para baixo. Meus pais faziam um interrogatório novo
a cada dia, com certeza, para tentar descobrir algo. Eles desconfiavam
por mais que usasse de sua falsa calma. — Não gosto de pesquisar a vida
porque diabos queria me explicar. Não existia nada real entre nós. Era
apenas um jogo que ela vencera, e não passaria daquilo.
— Pena que eu não ouvi som algum. — Ruby deu alguns passos a
frente e me surpreendi por vê-la vestida em trajes de corrida. — Estava
passando por aqui e bom... Resolvi dar um olá. Podemos dar continuidade
a conversa. — falou e se sentou na cadeira a frente de minha mesa,
claramente não se importando com o que acontecera.
Eu era um imbecil.
Assim que a mulher loira deixou a sala, com a porta a suas costas,
Ruby revirou os olhos e se pôs de pé.
Seu espaço parecia gritar aquilo. Não poderia estar mais errada.
Dei-lhe as costas e saí dali o mais rápido que pude. Minha cabeça
dava voltas e não sabia porque parecia tão certa de que acabara de sentir
meu coração trincar. Não era para sentir nada. Absolutamente. Mas ali
estava eu, adentrando o elevador da empresa da família, sentindo-me uma
adolescente renegada. Ali percebi que ninguém comanda o grande jogo da
vida, e que antes mesmo de perceber, permiti meu coração ser colocado em
xeque.
bônus de encher a cara e esquecer que por algum momento cogitei viver
um romance real de dias contados com aquele homem.
Capítulo 11
There's no regrets
Deixei a garrafa vazia sobre o balcão e saí dali, passando pela sala
de estar. Quase dei um pulo para trás e o grito ficou preso em minha
Assim que parou a cerca de dois passos, queria apenas mentir que
tinha estado com alguém e até mesmo atingi-lo daquela maneira. Mas a
— Não fez nada, a única idiota aqui sou eu. — falei e lhe dei as
costas, não tendo coragem de encará-lo. Não queria uma conversa como
— A única coisa que usei você foi para o que sabe muito bem.
Sobre a empresa. Agora nós? — ri sem vontade, sabendo que sequer
existia tal denominação. — Transar foi algo que simplesmente aconteceu...
Acha o que? Que eu... Que eu ia te seduzir para usar isso contra você?
Ele não me encarou e sabia que sua resposta era positiva. Spencer
realmente pensava aquilo, e não entendia o porquê parecia preocupá-lo.
quando vou te ver para tentar conversar e melhorar as coisas? Você já está
fodendo outra! — falei, as palavras saindo amargas de minha boca. —
Então não banque o bom moço e pare de jogar comigo sobre isso.
Passei pelo mesmo e naquela noite, com certeza iria para o meu
apartamento. Não tinha a mínima vontade de ficar sob o mesmo teto que
ele, não após me expor daquela forma. Aquilo me matava por dentro. Me
matava por estar tão perdida por alguém e sequer saber o que ele sentia. A
não ser o fato de ser tão facilmente deixada de lado.
paralisada. — Ainda estou, Ru. Eu não esperava a intensidade que foi, não
esperava me sentir de forma tão fácil em suas mãos. Pensei que ficou
comigo por outro motivo.
Fora ali que vira, pela primeira vez, toda a fragilidade daquele
homem. Recordando-me imediatamente ao menino pelo qual fora
apaixonada. Spencer parecia ter aprendido a guardar seus reais sentimentos
em algum lugar, mas ali... Ali ele perecia sem armadura.
apaixonei por ninguém, Ru. Nunca senti tudo de uma forma tão
sentia que nada mais importava, e que era ali que deveria estar.
Sorri para ela e a puxei para perto. Ela colocou um cotovelo sobre
meu peito e me encarou. Nunca a sentira tão leve e parecendo tão
despreocupada como ali. Talvez porque eu me sentia daquela forma.
— Gostou tanto que jogou na minha cara que não temos que ser
fiéis. — apontou e assenti.
— O que não faz dele menos do que horrível. — sorri, e ela fez o
mesmo. — É como te chamar de Spen... ou pior, Pen... — ela franziu o
cenho, e acabou gargalhando baixinho. — Seu nome não ajuda muito.
lábios com os dedos, antes que pudesse retrucar. — Não fuja do assunto
Hannah.
faz sentido?
Porque esperava que ela fosse como todos os outros, ainda mais por ser tão
ambiciosa. Ela quebrava mais um paradigma ali.
se casarem.
Sabia que ela tivera algo mais duradouro do que o habitual com
Paul Russell, um dos melhores amigos de infância de Diana.
— Paul foi o mais perto que cheguei de namoro, mas nunca me fez
sentir algo diferente. — deu de ombros, e pareceu pensar a respeito. — Na
verdade, sempre joguei com ele e não me orgulho disso. Fico feliz que ele
encontrou alguém que o ame de verdade e que tenha deixado o que
tivemos para trás. Nunca fui a pessoa certa para ele.
— O que foi?
O mais estranho era que aquela era apenas a sua cama há alguns
dias, mas ali estava eu, com a velha camiseta dele, em meio aos lençóis
negros, encarando-o, após passarmos mais uma noite juntos. Poderia ter
me perdido entre elas. Talvez completassem dois dias desde que acabamos
simplesmente parando de lutar contra a química que sentíamos. Aqueles
dias pareciam como duas décadas em alguns momentos, e se tornavam
finanças, Spencer. — sua boca praticamente caiu e tive que sorrir de lado.
— Sabe muito pouco sobre mim...
em não mostrar tudo. O pouco do todo que conhecia parecia bem mais
bonito, e não pelo físico.
Ele desfez a ligação e seu olhar voltou ao meu. Veio até mim
rapidamente e me deu um leve beijo.
um olho e notei a forma como tentou sorrir, mas pareceu sem vida. —
Tenha um bom dia.
— Obrigado, Ruby.
— Senhor Donovan?
começava a me consumir, por não saber de fato como lidar. O que mais me
apavorava era que por mais sincera que ela parecesse e a sentisse daquela
maneira, poderia não sentir nem de perto o que eu carregava no peito.
Aquela intensidade me matava, mas poderia apenas incomodá-la a ponto
de me querer. O meu maior medo era ter a certeza de que Ruby era livre
demais para querer ficar apenas comigo, e que um dia, apenas a veria
partir.
importava – o presente.
ainda de olhos fechados, e ouvi sua risada baixa, declarando que ela estava
próxima.
para o que realmente me angustiava. Era ela, por inteira. Mas ali estava,
sobre meu corpo. Entendia que enquanto ela se propusesse a estar apenas
assim comigo, seria capaz de lidar. O fato maior era – viver a única coisa
que realmente existia – o presente. Nele, Ruby era minha para adorar, e
aquilo me bastava. De um jeito ou de outro.
Aquela versão sem jeito e sem máscara alguma era a qual ela me
presenteava, em momentos que sequer imaginei viver. O mundo poderia se
contentar com apenas a versão fatal ou polida da mulher sobre meu colo.
Mesmo que nos conhecêssemos por uma vida, no pouco tempo em que
realmente comecei a fazê-lo, percebi que recebia mais do que realmente
esperava. Sentia e via, mesmo que fosse uma invenção interior, a versão
completa de Ruby. E toda ela, me encantava.
— Nós dois, lado a lado, por vários dias da semana... Será que isso
vai dar certo? — perguntou, mordendo levemente meu lábio inferior. Ela
sabia exatamente onde me tocar para que esquecesse tudo. — Acho que
tenho alguns fetiches dentro da gaveta, que precisam ser vividos.
Ela não esperou mais e sua boca encontrou a minha. Pensei que o
beijo seguiria seu caminho pelo desespero, mas de repente, apenas senti as
mãos entrarem levemente por meus cabelos, assim como fiz com ela, e
nossas línguas se encontraram docemente, como se provando de um sabor
que nunca permitiriam que fosse perdido.
“Help me
It isn't in my blood.”[96]
aquele assunto fosse além do que poderia abrir para ele. Por mais que não
me importasse com a maioria dos Donovan, eu me importava com
Encarei a carteira de cor cinza sobre o aparador e sabia que não era
Eu não a odiava, mas dizer que existia algum sentimento bom por
ela seria uma completa mentira. Ela era minha tia, ou até mesmo, deveria
ter sido algo parecido. Contudo, ser afetuosa nunca foi seu forte, ao menos,
não para comigo.
herdar metade da empresa juntos. Ele é um bom homem e com certeza vai
repartir para todos vocês.
Sua expressão mudou e nosso embate fora marcado. — Vovô me deu essa
oportunidade e não vou abrir mão... Essa empresa me pertence, assim
como a mansão que ele deixara para mim. O que te incomoda não é o fato
de que vou me casar com seu filho, mas sim, porque vou tirar boa parte das
ações de vocês! — acusei-a e ela sequer piscou. — Continua podre, Dana!
Tão podre que ainda mente para o próprio filho sobre a origem.
disso. Mas eu jamais serei a pessoa a contar o seu segredinho, ainda mais
agora que descobri que Joe é o pai dele...
um fundo de verdade.
— Não será por mim que ele descobrirá a verdade, e duvido que
por você... Me dói saber que ele teve que conviver com essa vida
mentirosa, tudo porque com certeza ele é o herdeiro perfeito que tanto
queria para a empresa.
— Eu sou, Dana. — falei com pesar. — Sou porque fui clara com
ele que o usaria, e ele sabia sobre cada passo... Eu entendo que me colocou
para fora para que ninguém soubesse sobre o que eu descobri sem querer
no passado. Você chamava seu próprio filho de bastardo, pelas costas de
todos. — doeu dizer aquilo e minha mente girou. Eu realmente me
importava com Spencer.
— Chega!
aquilo com o próprio filho. Suspirei fundo e não pude olhar para Spencer.
Temia por encontrar a mágoa nele, sobre o que sequer me pertencia como
verdade. Temia por me sentir exposta demais diante daquele assunto.
Temia porque não queria vê-lo sofrer se tivesse ouvido toda aquela
conversa.
Não ousei olhá-lo e segui em direção a porta pela qual ele entrara.
Não fora impedida e não esperava tal atitude. Mas assim que adentrei o
elevador, encontrei em meu reflexo tudo aquilo que evitei por alguns dias
– medo. Eu não tinha medo de nada, mas de repente, vi-me com algo me
rondando, como se para me provar que era de fato humana. Tinha medo de
perder aquilo que ele me fazia sentir. Tinha medo de não saber lidar com
aquela imensidão de sentimentos. Tinha medo pelo um prazo de validade e
me matava por dentro.
Era aquilo.
Eu tinha medo de perder Spencer, mesmo nunca o tendo de fato.
própria mãe era como ser acertado por adagas. Sabia que era chamado de
bastardo quando mais novo, mas por pessoas em particular, que Dana
jurou serem contrárias ao fato de eu ser o herdeiro legítimo de Kirian
Donovan. Eu acreditava fielmente nela, até porque não existia algo para
duvidar. Ela era minha mãe e nunca pareceu mentir. Não até ouvir a
mesma não ir contra nada do que Ruby a acusara.
— O que ouvi é verdade? — indaguei, limpando a garganta em
seguida.
— Ela deve ter deixado em um lugar para que não se lembrasse e...
Deus, Spencer! Ela tem jogado com todos nós. Quando descobri que ela
vai herdar metade da empresa com esse casamento...
— Como sabe disso? Foi por isso que veio? — indaguei, sem
querer acreditar.
claramente incomodada.
— Se tem tanta certeza, por que o medo de que Joe apareça a sua
frente? — rebati e ela suspirou profundamente, e percebi que não iria
ceder. — Conte-me a verdade!
sem saber como iniciar uma conversa como aquela. Poderia ser tudo uma
grande coincidência ou confusão, porém, se o fosse, minha mãe não fugiria
daquela maneira.
adentrando o apartamento.
Ele fora minha primeira paixão, quando ainda era adolescente. Até
o momento em que nunca tive a coragem de confessar e acabei sendo
expulsa da casa que odiava. No agora, também não o fizera, e sabia que
não o faria. Eu queria amor, mas eu tinha medo. Medo porque o amor que
sentia parecia querer se entregar para alguém que não me enxergaria além.
Por mais que ele fosse sincero, ele tinha suas convicções. Ficar
comigo, de verdade, com toda certeza não seria uma delas.
até aquele momento. Talvez fosse o fato de que nunca me senti tão
sentimental quanto ali.
Ele era perverso, assim como todo o complexo de seu rosto. Talvez fora
justamente por aquilo que eu tinha me encantado. Ele era diferente do que
conhecia, por mais parecido que pudesse tentar ser. Enxergava o brilho
além do azul de seus olhos e do sorriso cafajeste no rosto. Enxergava o
Mesmo que minha mente, coração e alma já acusassem que era ele.
Ele que não queria de fato deixar ir. Que poderia ter amado desde sempre
sem sequer perceber.
Sentia-me covarde por tentar entender meus sentimentos antes de
admiti-los. Mas ali estava eu, abrindo a porta do apartamento de Spencer
mais uma vez. Respirei fundo, sentindo minha cabeça doer pela ressaca.
Poderia ser uma ressaca mais moral do que qualquer outra coisa. Não tinha
bebido o suficiente para estar mal daquela maneira. Contudo, ainda me
sentia assim por voltar ali e com medo de não saber o que dizer. Era difícil
admitir a alguém que ela me aterrorizava. Nunca precisei fazer tal coisa.
— Oi. — sua voz soou mais rouca que o natural, e ele limpou a
assentiu levemente.
Não sabia da totalidade, mas com certeza, tinha meus motivos para
desconfiar sobre a paternidade de Spencer. Se Dana sempre se sentiu tão
ameaçada por eu ouvir uma simples conversa aos dezoito anos, deveria
estar mesmo com medo de que alguém descobrisse ou me levasse a sério.
levemente.
e ela muito menos de mim. Foi apenas o sopro que faltava para me mandar
para fora.
— Sequer sabia que não tinha saído de casa por sua vontade. —
comentou e assenti, já esperando tal coisa. — Joe me contou muito além
do que você sabe. Ele é meu pai, como já desconfiava...
redor ou alguém para confiar. Nunca. Você teve e ainda tem. — ele me
encarou, parecendo surpreso. — Eu sou indiferente a eles, mas você não.
Não quero te ver sofrendo por isso.
leve beijo. — Não preciso fingir ou mentir nada para você. — falei com
carinho e sorri em sua direção. — Preciso de um tempo disso. — assumi, e
seu olhar mudou completamente.
— Ruby...
vez. — Não quero confundir nada ou me iludir sobre algo. Não quero te
machucar também. — admiti.
Pela primeira vez na vida, enxergava alguém como meu lar. Sem
duvidar por um segundo sobre o que ele falava ou como o fazia. Spencer
se tornava um lar para mim, alguém para quem voltar. Só precisava ter a
Leading us home.”[98]
Não tinha ideia de como pedir um tempo para pensar sobre como
me sentia poderia resultar em dias insones. Passei metade deles tentando
de vídeo de Lauren Carlisle. Contudo, fazia um bom tempo que não nos
falávamos. Aquele deveria ser o motivo da ligação repentina, ou até
mesmo, o fato de que ela tinha sido convidada para o meu casamento. O
casamento que seria realizado dali uma semana. Suspirei fundo, pensando
sobre aquilo e se realmente necessitava de toda a pompa que fora armada.
— Ei, Ruby!
— Oi, Lauren. — sorri para ela. — Como vão as coisas por aí?
— Basicamente, Theo quis matar Jason, assim como Hugh e Yarley
o ameaçaram de morte. — riu baixinho e notei o rubor em suas
No fim, sabia que não era para ela que me explicava, mas sim, para
mim mesma. Na realidade, não era o casamento que me atormentara, mas
sim, o fato de estar apaixonada por Spencer. Era aquilo. Eu estava
irrevogavelmente perdida por ele. Porém, não sabia como seguiríamos a
partir dali.
— Sei que não é de falar muito sobre si, Ruby. — a voz de Lauren
preencheu o ambiente, tirando-me de meus devaneios. — Mas sei que todo
mundo tem medo do amor. Do amor verdadeiro, sabe? — naquele
momento, ela ganhou minha total atenção. Como se fosse capaz de ler
minha mente no exato segundo. — Sou praticamente dez anos mais nova
— Você não vai. Bom, espero que não por querer. Mas se nunca
tentar estar com quem ama, nunca vai saber se dará certo. Mesmo que
seja evitado, as pessoas se machucam em algum momento. O que muda, é
a forma como consertam e nunca mais repente o erro. Pelo menos, foi o
que aprendi vendo a vida acontecer ao meu redor.
voz, depois de sete dias na mais completa fossa. — Te conto tudo depois.
chegara. Era a primeira vez que nos falávamos após aqueles dias. Não
sabia o que acontecia ao seu redor e como tudo se sucedera sobre sua
família. Também não queria interferir, já que poderia acabar discutindo
ainda mais com Dana, ou pior, perder a noção sobre qualquer coisa.
Contando os minutos.
Entre a atração e o poder, nada era tão relevante quanto o amor que
ele me fazia sentir. Sem pensar duas vezes, corri em sua direção, sem
ponderar o quão adolescente e inconsequente pareceria. Não precisava usar
uma máscara ou fingir ser outra pessoa. Não precisava me moldar para ser
dele. Porque eu já era, sem ter qualquer consciência daquilo. Como minha
mãe escrevera um dia para o homem que amava, era a forma como me
sentia naquele momento: eu o amava antes mesmo de saber definir tal
sentimento.
testas se encontraram e sorri para o homem que parecia ter sido destinado
como meu. Não duvidada ou esperava o amor, mas ele realmente existia.
Soube pela forma como meu corpo se sentiu em casa com seu toque.
Mesmo com medo, entendi que não fugiria mais. Que fosse eterno
enquanto durasse. Que se Spencer não fosse o cara certo, com toda certeza,
desejava aquilo como verdade.
seus braços. Assim como, em todas as outras vezes. A diferença era que
nem mesmo a câmera poderia capturar o que sentia. O que sentíamos. Ou
poderia?
suas mãos nas alças do vestido e elas sendo levantadas, fazendo-me curvar
em sua direção. Era aquele momento que menos esperava. O momento em
que me encontraria tão vulnerável a ponto de não pensar em nada além do
que querê-lo. Eu o queria, profunda e inconfundivelmente.
nossa volta. Toquei levemente seu belo rosto e tentei memorizar cada
pequeno detalhe. Nunca pensei que realizaria o sonho daquela adolescente
sonhadora, que vivia presa em romances e que queria ser notada por ele.
Queria poder dizer a Ruby do passado, que ele tinha se tornado ainda mais
do que ela esperava. E que dentre de toda a bagunça que a vida se
transformara, ele a amava também.
— Eu tenho medo, mas ele não é maior do que eu sinto. —
confessei e encostei-me contra seu peito. — Quero realmente tentar,
Spencer.
lhe ensinou a amar, assim como, ele aprendera com ela. Ambos
aprenderam como é ser amado e aceitaram o fato do quanto aquilo era
bom.
do outro.
não precisava de muito. Lauren valia por mil pessoas em sua vida, e depois
de aceitar tal conexão com a mais jovem, soube como era ter seus
pequenos momentos presa a uma conversa que muda de direção a cada
dois segundos.
com nada além. Aquilo a fazia especial. Porque Lauren Carlisle não era
sua amiga por ser uma Carlisle, mas sim, por simplesmente escolher ser.
— Ok, ok! — ela bateu palmas, e Ruby girou com o vestido negro
de seda que lhe moldara. — Acha mesmo que Spencer não desconfia de
nada? — indagou, ainda curiosa, e Ruby assentiu de imediato.
— Ele está tão maluco com o trabalho, que sequer percebeu que
cortei o cabelo... — comentou sem muito drama, e sorriu novamente. —
Aliás, seu recente pedido de noivado foi a melhor coisa que me aconteceu.
Assim posso ser vista pelos Donovan malucos que colocam detetives atrás
de mim, e não desconfiarão de nada.
encontrou por ali, assim, seguiu em direção ao quarto, enquanto tirava seu
terno e gravata. Assim que pisou no quarto, teve a visão do paraíso. Sua
mulher deitada em meio aos lençóis. Ruby estava totalmente vestida, e
com certeza, tinha se arrumado. Ele ainda não entendia o porquê das malas
— Grávida?
enquanto Spencer se sentava com ela sobre seu colo na cama. — Eu não...
— Ru... — ele tocou levemente seu rosto e sorriu para ela. — Não
precisa ter medo disso.
— Mas como você sabe e eu não sei? — sua voz saiu em um fiapo,
e não soube definir o medo que tomou conta de seu corpo, assim como,
toda a euforia. Ruby sentia o turbilhão de emoções se aflorando e não tinha
como controlar. O que ela ainda não sabia, era que Spencer tinha notado
aquelas mudanças há certo tempo.
— Eu... — ela tentou argumentar algo, até mesmo, que com toda
certeza iria menstruar. Mas foi quando teve plena noção de que estava
atrasada há semanas, e sequer percebera. Sua mente estava tão ocupada
pensando em como se casar com Spencer em um lugar apenas deles, e que
tudo fosse uma surpresa incrível, que sequer percebeu o que acontecia
consigo. — Eu... Isso está tão fora do que planejei.
Ela se levantou de repente, e não percebeu a força que aquelas
palavras tomaram. Para ela, era como uma surpresa em meio a surpresa
que faria a Spencer, não que estragasse algo. Levou as mãos a barriga e
ficou presa naquele momento, sabendo que as probabilidades eram
altíssimas. Lembrando-se do que sua mãe escrevera no diário, de como
fora descobrir que esperava Ruby. Naquele momento, mesmo sem nenhum
animada quanto ele. Pobre homem, ele mal sabia dos porquês de sua
esposa.
e as lágrimas desceram mais ainda. — Paris, nós dois, uma varanda linda,
Fora ali que Spencer notou que ela não estava triste por estar
grávida, mas sim, porque sentia tanta coisa ao mesmo tempo que não sabia
como lidar. Ele também não sabia, mas era bem diferente. Ser pai era algo
que sempre quis e pretendeu, e ainda mais, com o amor de sua vida, era um
sonho se tornando realidade. Sorriu, sem conseguir se conter, e puxou-a
para seus braços, dando-lhe o que podia e que geralmente era o melhor
lugar de seu mundo: seu colo.
testas. — Eu...
gargalhada ir embora. — Eu te amo tanto que nem sei o que dizer agora.
— Só a gente.
Fim
Recadinho
Com amor,
Contatos da autora
Wattpad: @AlinePadua
Instagram: @alineapadua
[2] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[3] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[4] “Tiro toda a minha maquiagem porque eu amo o que está por baixo/Esfrego
todas as suas palavras, não dou a mínima, eu superei/(Agito todo esse peso, sim, você
sabe que eu amo tudo isso)/Finalmente me amo nua, mais sexy quando estou
confiante/Você diz que eu não sou bonita/Bem, eu digo que sou linda, é o meu
comitê/Dizem que somos muito provocativas/Ainda olha para mim, olha para mim, olha
para mim, sim/Venho para as minhas garotas, você cega/Daily Mail classificando, de
manhã à noite/Eu não te devo nada/Nah, eu não dou mais a mínima, não, não mais/(Ah,
ooh)/Se você tem peitos pequenos, ame-os, ame-os, ame-os, ame-os, ame-os/Se você
tem uma bunda grande, pegue, pegue, pegue, pegue, pegue (ah, ooh)/Se você não tem
nada, querida, balance/É a sua vida, vá pegar, se você quiser/No espelho tipo: É isso
aí!/Amando minha figura tipo: É isso aí!/Quando eu estou magra ou mais gordinha, eu
fico tipo: É isso aí!/Juro que vou matá-los tipo ah.” Trecho da canção Strip pertencente à
girl group pop britânico Little Mix feat. Sharaya J.
[5] É uma palavra em inglês cuja tradução literal para português é "coração doce"
e pode significar amado/a, amor. Sweetheart pode ser um substantivo ou adjetivo e
consiste em um elogio ou uma forma carinhosa de tratar alguém. Fonte: Significados
[6] Passagem do livro The Notebook (1996) escrito por Nicholas Sparks.
[7] “Me diga uma coisa, garota/Você está feliz neste mundo moderno?/Ou você
precisa de mais?/Existe algo mais que você está procurando?/Estou caindo/Em todos os
bons momentos/Eu me vejo almejando uma mudança/E nos momentos ruins, eu tenho
medo de mim mesmo.” Trecho da canção Shallow interpretada por Bradley Cooper feat.
Lady Gaga.
[8]
“Eu estou à beira do precipício, assista enquanto mergulho/Eu nunca vou tocar
o chão/Caio através da água/Onde eles não podem nos machucar/Estamos longe da
superfície agora.” Trecho da canção Shallow interpretada por Bradley Cooper feat. Lady
Gaga.
[10] Passagem do livro The Best of Me (2011) escrito por Nicholas Sparks.
[11] Passagem do livro Safe Haven (2010) escrito por Nicholas Sparks.
[12] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[13] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[14] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[15] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[16] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[17] Passagem do livro The Notebook (1996) escrito por Nicholas Sparks.
[18] Passagem do livro The Notebook (1996) escrito por Nicholas Sparks.
[19] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[20] Dua Lipa é uma cantora, compositora e modelo inglesa de origem albanesa.
Fonte: Wikipedia.
[21] Trecho da canção New Rules pertencente a cantora inglesa Dua Lipa.
[24] Versão de 2015, remix para o filme Cinquenta Tons de Cinza. Crazy in Love
é uma canção da cantora americana Beyoncé. Fonte: Wikipedia.
[25] Passagem do livro The Notebook (1996) escrito por Nicholas Sparks.
[26] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
[27] “Eu sempre digo o que eu penso/Eu nasci sem um zíper na minha boca/Às
vezes, eu nem quero dizer aquilo/É que demora um pouco pra eu me entender/Eu gosto
do meu café com duas colheres de açúcar/Saltos altos e joias brilhando/Quando bebo, eu
fico louca, ei, ei, ei/Insegura, mas estou trabalhando nisso/Há muitas coisas das quais eu
poderia me livrar/Não estou prestes a desistir/Eu cometi alguns erros, dos quais eu me
arrependo toda noite/Eu parti alguns corações, que eu levo na manga//Minha mãe
sempre diz: Garota, você é problema, e/E agora eu me pergunto, você se apaixonaria por
uma mulher como eu?/E toda vez que nos tocamos, garoto, você faz eu me sentir
fraca/Eu posso ver que você é tímido e te acho tão fofo/Passando todas as noites
debaixo das cobertas e/Ainda me pergunto, você se apaixonaria por uma mulher como
eu?” Trecho da canção Woman Like Me pertencente à girl group pop britânico Little
[29] Trecho da canção intitulada Índios parte do álbum Dois da banda brasileira
Legião Urbana.
[31] Passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas Sparks.
Happier – Ed Sheeran
[35] Frase pertentence ao filme de drama e fantasia com direção de Lee Toland
Krieger, .A Incrível História de Adaline.
[40]
Trecho da canção intitulada Dona de Mim pertencente ao álbum de mesmo
nome da artista brasileira Iza.
Não se engane.”
Veneno – Anitta
[42] Adaptação da passagem do livro Dear John (2007) escrito por Nicholas
Sparks.
Diminua o ritmo
[47] Trecho da canção intitulada Apaga a Luz da artista brasileira Glória Groove.
[48] Passagem do livro The Wedding (2003) escrito por Nicholas Sparks.
[50] Trecho da canção intitulada Apaga a Luz da artista brasileira Glória Groove.
Estamos quebrados
Estamos quebrados.”
[52] “Eu não quero te tocar, eu não quero ser/Apenas outro antigo amor que você
não quer ver/Eu não quero sentir sua falta (não quero sentir sua falta)/Como as outras
garotas sentem/Eu não quero te machucar, eu só quero estar/Bebendo em uma praia com
você o tempo todo comigo/Eu sei o que todos dizem (eu sei o que todos dizem)/Mas não
estou tentando te enganar”. Trecho da canção End Game pertencente à artista
americana Taylor Swift feat. Ed Sheeran & Future.
Está passando
[65] “Soube que ele era um assassino desde primeira vez em que o vi
[67] Julia Carin Cavazos, mais conhecida por seu nome artístico Julia Michaels, é
uma cantora e compositora norte-americana.
Mais novo do que meus ex-namorados, mas age como um homem feito, então
Você sabe que eu fico depressiva, está impressionado com minha honestidade?
Mas eu vou vestir o que eu quero vestir,porque eu tô de boa com o que tem por
baixo.”
Perfect To Me – Anne-Marie
[73] Trecho da canção intitulada Coisa Linda do cantor brasileiro Tiago Iorc,
2002 – Anne-Marie
E eu disse, eu já te disse
[80] Trecho da canção Pode Se Achegar dos cantores brasileiros Tiago Iorc e
Agne Nunes.
[82] “Eu vou acabar com você, me deixe ser sua motivação
Motivation – Normani
Nightmare – Halsey
[88] “Às vezes eu tenho um sorriso no meu rosto/Às vezes acho que tenho que
fingir/Porque honestidade é tão fora de lugar/E todo mundo tem medo de ficar nu//Não
sei quanto mais posso aguentar/Sim, eu estou quebrado em tantos pedaços/Seria fácil
apenas jogá-los fora/Mas eu não quero desistir de sentir.” Kintsugi – Gabrielle Aplin
[92] “Talvez algum dia eu seja exatamente como você é/Pise nas pessoas como
você faz/Fuja de todas as pessoas que eu achava que conhecia/Lembro-me lá atrás, de
quem você era/Você costumava ser calmo/Costumava ser forte, costumava ser
generoso/Você deveria saber/Que abusou de sua estadia e agora vê/Quão quieto é estar
completamente sozinho.” A Place For My Head – Linkin Park
Não há arrependimentos
[95] “Meu amor era tão cruel quanto as cidades em que vivi
[97] “Lutar com um amor verdadeiro é como lutar boxe sem luvas