Professional Documents
Culture Documents
Direito Comercial (Teórica) - Resumos
Direito Comercial (Teórica) - Resumos
O DC é um ramo do direito privado, vocacionado para as empresas, mas que não se esgota nas
empresas.
1) Fontes Externas:
Cuja importância se tem vindo a acentuar, destacar as convenções internacionais (art.
8º nº 2 CRP) e os regulamentos e diretivas da União Europeia (arts. 288º TFUE e 8º nº
3 CRP).
2) Fontes Internas:
Amplamente entendidas, de modo a abarcarem “atos legislativos” (leis constitucionais;
decretos-leis; decretos legislativos regionais) e regulamentos (do Gov, das RA; das AL,
incluídos os de entidades administrativas independentes – art. 267º nº 3 CRP – como a
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (art. 353º CVM) e o Banco de Portugal,
que os emite enquanto regulador).
A CRP contém algumas regras relativas ao DC: art. 61º (iniciativa económica privada,
cooperativa); art. 81º al. f); 82º; 85º; 86º; 99º; 100º; 293º.
Mas as principais fontes do DC são as leis ordinárias (as leis propriamente ditas da AR e os
decretos-leis do Gov). nesta fonte, destaca-se o Código Comercial, que tem muitas das suas
normas alteradas, revogadas e tem vindo a ser completado com numerosa legislação
extravagante.
E os usos (práticas sociais estabilizadas) e os costumes (práticas sociais estabilizadas seguidas
com a convicção de serem juridicamente obrigatórias), apesar de serem muitíssimo menos
1
significativos do que em outras épocas, são ainda de alguma importância e devem considerar-
se fontes do DC.
Apesar de não constarem do art. 3º CCOM, eles podem manifestar regras jurídicas, quer se
trate de usos invocados pela lei (serão então fonte “mediata” o direito – arts. 1º nº 1 + art. 3º
nº 1 CC), quer os usos solicitados para a intervenção e integração dos negócios jurídico
comerciais.
Têm um relevo muito grande na própria interpretação dos contratos e são um auxílio na
integração de lacunas.
ATOS DE COMÉRCIO
2
NOÇÃO DE ATOS DE COMÉRCIO – art. 2º CCOM
É uma conceção, em si, objetiva, mas também tem uma nota subjetiva “além destes, todos os
contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se
contrário do próprio ato não resultar”.
Aqui temos uma querela doutrinária, com 2 hipóteses apresentadas: a do Prof. Coutinho de
Abreu (CA) e a do Prof. Cassiano Santos (CS).
Para CA, estão abrangidos no art. 230º CCOM todos os atos praticados na exploração da
atividade, ou seja, atos que de alguma forma tenham relevo para a atividade em causa.
Para o CS, atribui uma grande importância ao art. 230º CCOM e ao direito da empresa. É uma
doutrina muito mais abrangente. Sendo que identifica 2 objetivos neste art.:
3
ATOS DE COMÉRCIO IMPLÍCITO
São atos que não estão previstos na lei. Aqui, novamente, temos uma divisão entre o CS
(menos exigente) e o CA.
Para CS, o empresário do art. 230º CCOM tem de cumprir os requisitos do art. 13º CCOM.
Já para CA, que considera um ato de comércio subjetivo, considera que o que não é abrangido
pelo art. 230º CCOM está abrangido pelo art. 2º - 2º Parte CCOM.
Art. 230º nº 5 - não se aplica a edição da sua obra pelo próprio autor, porque não há
intermediação.
Art. 230º nº 1 e 2 + art. 462º nº 2 e 4 – exclui certas circunstâncias de compra e venda
(c/v), que não são consideradas mercantis.
A venda de produtos agrícolas pelo agricultor está excluída do DC.
A venda de animais pelo pastor está excluída do DC.
Encontra-se referido no art. 2º - 1ª Parte do COOM. Está previsto na lei mercantil e não só:
1) Transformação
2) Fornecimento
3) Agência de negócios por conta de outrem
4) Exploração de espetáculos públicos
5) Editar e vender obras
4
6) Construir casas.
É suficiente que o comerciante se proponha a exercer, não necessita que exerça as atividades
em questão.
Nos termos do art. 2º - 1ª parte CCOM – são atos comerciantes aqueles que se encontram
previstos no CCOM.
É uma definição de atos de comércio objetivos por enumeração ou catálogo, por enumeração
implícita, mais precisamente (o preceito não explica os atos, remetendo antes para outras
disposições normativas). Prevê o CCOM, no estado atual, variados atos:
Relativamente à maioria destes atos, o CCOM estabelece disciplina especifica (regras próprias
de cada um deles). Tal não se verifica relativamente a alguns como o aluguer (art. 482º CCOM)
e as operações de banco (art. 363º CCOM).
Não há um regime específico com o CCOM dite para estes atos. Quer isto dizer que são atos de
comércio os atos concretamente caracterizados pelas notas caracterizadoras ou requisitos
previstos no CCOM.
Assim sendo, mesmo os atos comerciais para os quais o Código não estabelece disciplina
especifica, ficando sujeitos às regras especiais comuns dos atos de comércio geral.
Mas será que podemos considerar apenas os atos “especialmente regulados neste Código”? O
CCOM é de 1888 e retrata uma realidade económica anterior, muito mais limitada e diferente.
Tem de ser passiveis, leis anteriores, acompanhando a evolução económica, preverem novos
atos comerciais. Por isso, se entende pacificamente que esta norma deve ser interpretada
extensivamente de modo a abarcar outras leis comerciais (interpretação atualista e extensiva).
5
Mas quando é que uma lei pode, para estes efeitos, ser qualificada de comercial? Há que
atender ao seguinte:
Trata-se de uma lei que substitui normas do CCOM – estamos a referir-nos a leis que vieram
regular de outra forma mateiras que estavam inicialmente previstas no CCOM. Por
conseguinte, não objetivamente comerciais os atos constituintes às letras, livranças e cheques;
as operações de bolsa no CVM; os contratos de transporte de mercadorias do mal, de
fretamento, de transporte de passageiros pelo mar; os contratos de seguro disciplinados pelo
RJCS.
A própria lei qualifica os atos como comerciais: O CC, no cap. Da “locação” contém
“disposições especiais do arrendamento para fins não habitacionais” (arts. 1108º - 1113º CC):
entre esses fins encontra-se o comércio (e a indústria). A locação de estabelecimento
“comercial ou industrial” e o trespasse de estabelecimento comercial ou industrial merecem aí
algumas regras especificas. Todos são materialmente comerciais. Não obstante estarem
previstos no CC.
Na maioria dos casos, as leis não se auto qualificam, explicitamente como comerciais, civis,
etc… Assim, levanta-se a possibilidade de qualificar outros atos que não estão previstos no
CCOM como atos comerciais. Como saber então se estamos perante uma lei mercantil,
prevendo de algum modo, atos (objetivos) de comércio?
Qualificação de atos de comércio de comércio por analogia (= questão que divide a doutrina, já
que o art. 3º CCOM não nos dá resposta). Atualmente, podemos qualificar certos atos como
comerciais, não só direta, mas também analogamente. O recurso à analogia legis NÃO
levantará grandes dúvidas.
Ainda antes de chegar à analogia, alargamos o âmbito das atividades comerciais através de
uma interpretação extensiva das normas: em 1888 NÃO havia transporte aéreo, daí que NÃO
se tenha previsto, nem colocado tal tipo de transporte no Código Comercial, mas atualmente,
não faz sentido excluí-lo: recorremos à analogia legis (com base na lei) para qualificar certos
atos como comerciais.
No caso do art. 230º nº 6 CCPM, a norma faz referência à construção de casas, mas ela pode (e
deve) ser alargada à construção de outras obras: pontes, aquedutos, barragens, vias de
comunicação. No nº 2, também podemos inserir o fornecimento de serviços NÃO APERNAS de
bens (= fornecer géneros é fornecer bens). Atualmente, termos uma terciarização da atividade
económica, na altura não era o caso.
6
O Prof CA entende que parece ser certo que a atividade de muitas empresas atrás apontadas
NÃO se desenvolve dentro do referido condicionalismo, falha aqui a analogia legis.
Então, como qualificar essas empresas de prestação de serviços (= designada assim, para as
distinguir das empresas de fornecimento propriamente ditas – implicantes de contratos de
fornecimento), que têm crescido consideravelmente, mas que NÃO SÃO análogas às previstas
no nº 2 OU noutros do art. 230º CCOM, nem a nenhuma outra norma constitucional?
Nós podemos criar um princípio geral que se aplique a um conjunto de casos para os
quais NÃO HÁ um regime específico e NÃO SE POSSA recorrer à analogia iuris. É aqui
que surge a Analogia Juris – recorremos à teologia imanente, ao sistema legal
mercantil, ao seu espírito, que nos leva à seguinte conclusão:
Há 1 princípio geral de DCom segundo o qual as empresas de serviço são, em
regra, comerciais.
1) São atos praticados pelo comerciante (art. 13º CCPOM), ou seja, todos os atos dos
comerciantes.
Qualquer sociedade comercial É, por inerência, a partir do momento em que
esteja constituída e mesmo que esteja inativa (antes de iniciar a atividade),
comerciante – o que significa que os atos serão, em princípio, atos de
comércio.
2) Os atos dos comerciantes NÃO PODEM ser de natureza exclusivamente civil.
7
Não significa que o ato tenha de estar previsto na lei mercantil – pois assim
seria um ato objetivamente comercial.
São atos de natureza exclusivamente civil os que, por sua natureza (ou
essência), NÃO SÃO conexionáveis com o exercício do comércio, não se
concebendo, nem dirigidos a auxiliar, promover (ou levar a cabo) o exercício
do comércio, nem a deste dependem.
3) Um ato de natureza não exclusivamente civil de um comerciante é subjetivamente
comercial “se o contrário do próprio ato não resultar”.
Tem sido feito equivaler ao seguinte: se do próprio ato NÃO RESULTAR, não há
ligação (ou conexão com o comércio.
Assim, se do próprio ato resultar a ligação com o comércio, a ato é comercial
(ex.: um merceeiro compra uma carrinha a um agricultor, declarando destinar-
se o mesmo ao transporte de mercadorias de/para a sua mercearia).
Se do próprio NÃO RESULTA a sua não ligação com o comércio, o ato é
igualmente comercial (ex.: o merceeiro faz a compra sem nada a declarar
acerca do destino da carrinha).
Se do próprio ato resulta a não conexão com o comércio, o ato NÃO É
mercantil (ex.: o merceeiro ao comprar a carrinha, declara que a utilizará como
caravana nas férias).
Atos que devem a sua comercialidade ao facto de estarem a ser praticados em conexão (e na
dependência) de outros atos de comércio (≠ atos regulados pelo CC).
Existem atos consagrados no CC, mas que apresentam um regime especial derivado de uma
conexão com o comércio (já falado nos atos comerciais subjetivos). Exemplos:
8
Quando alguma pessoa se encarregue de praticar um ou mais atos mercantis
por mandato de outrem.
Fiança (art. 101º CCOM).
São atos qualificáveis em si próprios como comerciais, isto é, são aqueles que são qualificados
de mercantis por si mesmos, independentemente da ligação a outros atos ou atividades
comerciais.
São atos a que se contrapõe os substancialmente formais – é o conjunto de atos que nasceram
no âmbito da atividade mercantil, mas que se generalizaram a um conjunto de atividades
económicas que NÃO TÊM caráter mercantil.
Por outras palavras, são os esquemas negociais que, utilizáveis quer para a realização de
operações mercantis, quer para a realização de operações económicas que NÃO SÃO atos de
comércio, nem se inserem na atividade mercantil, estão, contudo, especialmente regulados na
lei mercantil, merecendo, portanto, a qualificação de atos de comércio.
É o exemplo dos negócios cambiários (relativos às letras de câmbio). Isto porque estão
previstos na lei uniforme de letras e livranças, são, em si, atos mercantis, mas a utilização das
letras comerciais pode fazer-se no âmbito civil e, aí são formalmente comerciais, mas
substancialmente NÃO o são.
Por exemplo, A celebra com C (seguradora) um contrato de seguro relativo aos seus
estabelecimentos mercantis. Tanto pelo lado de A, como de C, o contrato é objetivamente
comercial. A (produtora de automóveis) vende 10 automóveis ao seu concessionário B – a
9
venda é um ato de comércio e a compra também é comercial, logo, estabelece aqui um ato de
comércio bilateral.
São atos unilateralmente comerciais, atos cuja comercialidade se verifica SÓ em relação a uma
das partes.
Por exemplo, O stand revende esse automóvel ao consumidor final – é comercial, por parte do
vendedor, e NÃO comercial quanto aquele que adquire; NÃO É comercial por parte de ambos
os sujeitos.
Excetua-se, porém, as disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele (ou àqueles)
por cujo respeito o ato é mercantil e NÃO à outra parte. Isso é especialmente relevante no
regime da solidariedade 8art. 100º CCOM), que SÓ SE APLICA aqueles sujeitos por cujo o ato
seja comercial.
4. ATOS COMERCIAIS
4.1. OS COMERCIANTES
Nos termos do art. 13º nº 1 CCOM, para serem comerciantes, as pessoas têm de preencher 4
requisitos:
10
A atividade qualificada ela lei como comercial e que se traduz em atos.
Estes atos de comércio NÃO PODEM ser quaisquer atos de comércio – têm de
ser atos que, pela sua substância, demonstrem que a atividade praticada por
aquela pessoa é tida pela lei como comercial. Também cabem aqui atos de
comércio acessórios.
3) O CARÁTER PROFISSIONAL DESSA PRÁTICA
As pessoas têm de exercer uma atividade comercial ou praticar atos de
comércio com profissionalidade, isto é, de modo habitual e sistemático – NÃO
É comerciante quem pratica esporadicamente atos mercantis.
NÃO SE exige que a profissão comercial seja a única exercida pelo sujeito, nem
que seja a título principal – é comerciante quem exerça uma profissão não
mercantil a título principal e uma outra a título secundário, mas autónomo,
que seja mercantil.
4) EXERCER EM NOME PROPRIO
As pessoas que exercem profissionalmente uma atividade comercial SÓ SÃO
comerciantes quando a exerçam em nome próprio (= pessoalmente OU
através de representantes).
São, portanto, comerciantes os menores e maiores acompanhados (NÃO os
seus representantes) e os empresários mercantis (NÃO os seus mandatários
Ou representantes), etc…
Quando é que se começa a fazer profissão comercial? Só depois da prática reiterada de atos
mercantis durante algum tempo?
11
4.2. SOCIEDADES COMERCIAIS
Prescreve, ainda, o art. 13º nº 2 CCOM que são comerciantes as sociedades comercias. Nos
termos do art. 1º nº 2 CSCOM, para serem sociedades comerciais têm de preencher 2
requisitos:
1) Têm de ter por objeto a prática de atos de comércio (= atos objetivos de comércio);
2) Têm de adotar um tipo de sociedade comercial previsto de modo tipificado no CSCOM:
i) Sociedade anónima (S.A.)
ii) Sociedade por cotas (Lda.)
As sociedades civis de tipo (ou forma) comercial já não são bem assim, porque lhes falta um
dos requisitos das sociedades comerciais – não têm objeto comercial, não se propõe a exercer
uma atividade mercantil – não são comerciais. Logo, NÃO SÃO comerciantes, na medida em
que o art. 13º nº 2 CCOM qualifica de comerciantes SOMENTE as sociedades que sejam
comerciais.
NÃO SÃO comerciantes os que exerçam atividades não mercantis, sendo estas atividades as
NÃO qualificadas legalmente de comerciais e as NÃO análogas às comerciais.
Sendo certo, ainda que a lei, por vezes, exclui expressamente certos setores de atividades
económica do campo da comercialidade, existem as pessoas excluídas da qualificação em
função do setor de atividade em se inserem:
1) PROFISSIONAIS LIBERAIS:
São pessoas singulares que exercem de modo habitual e autónomo atividades
primordialmente intelectuais, suscetíveis de regulamentação e controlo próprios (= a
cargo, em grande medida, de associações publicas, ex.: ordens; camaras; etc…), bem
como sujeitos coletivos cujo objeto consista numa atividade profissional liberal (por
exemplo, sociedades) também não comerciantes.
12
2) TRABALHADORES AUTÓNOMOS:
Valendo aqui um conceito amplo de agricultura, que compreende a atividade agrícola
em sentido estrito e tradicional (= cultivo de terra para obtenção de colheitas), a
agricultura, a pecuária, e ainda a cultura de plantas e criação de animais sem terra ou
em que esta apresenta caráter acessório – art. 230ºnº 1 – 1ª parte + art. 464º nº 1 e 4
CCOM.
3) TRABALHADORES ARTESANAIS, ARTESÃOS:
Produtores qualificados que, podendo servir-se de máquinas, utilizam
predominantemente o seu trabalho manual e, como instrumento, ferramentas.
O CCOM nos arts. 230º nº 1, 2ª – parte + 464º nº 3, exclui do comércio a atividade
artesanal, industrial transformadora exercida “diretamente” pelos artesãos (ex.:
oleiros; ferreiros; latoeiros; sapateiros; alfaiates; costureiros; cesteiros; etc…).
Por sua vez, as atividades artesanais de outro tipo (= situadas, sobretudo, no domínio
dos serviços), quando exercidas diretamente pelos artesãos (ex.: eletromecânicos;
estucadores; cabeleireiros; esteticistas; etc…), TAMBÉM NÃO SÃO comerciais, já por
não se acharem especialmente reguladas na lei mercantil, mas por serem análogas *as
previstas no art. 230º CCOM.
4) AS SOCIEDADES SEM PERSONALIDADE JURIDICA
Estas sociedades, embora não registadas, PODEM SER objeto de declaração de
insolvência. São pessoas impedidas por lei de serem comerciantes: os arts. 14º - 17º
CCOM.
5. CONTRATOS COMERCIAIS
5.1. O REGIME DA COMPRA E VENDA COMERCIAL
A c/v comercial é um ato objetivamente comercial (art. 463º e ss CCOM). Com o regime
assenta no art. 463º do CCOM, que permite qualificar determinadas vendas como atos
13
objetivos do comércio e, assim, aplica-se o regime desse artigo – que tem algumas
especificidades relativamente ao Dt Civil.
Contudo, uma venda pode ser um ato subjetivamente comercial e não objetivamente
comercial. Uma sociedade comercial, qualquer ato que pratique, enquanto comercial, é um
ato subjetivamente comercial. O relevo é que uma compra e venda comercial PODE NÃO SER
realizada por um comerciante.
Por exemplo, um produtor de máquinas vende uma máquina a C – é uma compra e venda
comercial subjetiva – a diferença não sendo objetivamente comercial não se aplica o art. 463º
CCOM.
Estamos perante a compra e venda não mercantil (art. 464º CCOM) quando:
a) Venda de coisas que se destinem ao consumo próprio (ou da família), mesmo que
depois venham a ser revendidas venda realizadas no âmbito da propriedade agrícola,
por um proprietário.
b) Compras que os artesãos, oficiais, mestres, mecânicos adquiram para transformar
vender nos seus estabelecimentos.
c) Atividades relativas à pecuniária: a própria revenda de animais não é mercantil.
14
Também possível, neste caso, que seja cometido ao terceiro a faculdade de fixar o preço do
contrato.
6. TAXAS DE JURO
6.1. JUROS
Os juros, em si, são obrigações duradouras periódicas e isso é relevante, porque, na sua
constituição, dependem de tempo.
O nosso CC prevê limites para as taxas de juros em termos genéricos. Esses limites estão
previstos no âmbito do art. 1146º CC assim, para os juros remuneratórios NÃO PODEM SER
superiores a 3% ou 5% sobre a taxa de juro geral, consoante exista (ou NÃO) garantia real.
Os juros moratórios NÃO PODEM SER superiores a 7% (ou 9%) sobre a taxa de juro legal,
consoante exista (ou NÃO) garantia real. No caso de haver garantia real a taxa de juro máximo
é SEMPRE mais baixa.
A taxa de juro TEM SEMPRE DE SER registada por escrito. No que diz respeito aos jurus
moratórios legais e aqueles para os quais não se estabeleceu numa taxa, temos um regime
muito específico: a lei estabelece-o para os titulares de empresas comerciais, estamos aqui
com o comerciante em sentido subjetivo – importa que seja titular de uma empresa, mas
importa que seja uma empresa comercial.
A taxa é fixada por uma portaria conjunta, semestralmente, entre o Ministro das Finanças e o
Ministro da Justiça. Acontece é que, por força da transposição da Diretiva 2011/7 Uni.E.
relativa aos atrasos no pagamento nas transações comerciais, esta norma foi alterada.
15
Os juros moratórios legais e os estabelecidos sem determinação de taxa ou quantitativo
NUNCA PODE SER inferior ao valor da taxa de juro aplicada pelo BCE, que se calcula do
seguinte modo:
Na Diretiva, há esta forma de cálculo de taxa, mas com um limite mínimo. A taxa NÃO
DECORRE do aviso, dá-se publicidade a esta taxa. Neste momento, é de 7%. Naqueles casos em
que estamos face a transações realizadas entre empresas, o valor a considerar NÃO é 7%, mas
de 8%.
Se o devedor for ele próprio uma empresa, sobe um ponto percentual. O DL 62/2013 de 10 de
Maio transpõe a DIRETIVA, relativa aos atrasos nas transações comerciais. Ela tem um regime
que se aplica às transações entre empresas e depois o negócio tem de ser um negócio entre
empresas ou entre empresas e entidades públicas onerosas.
A questão é que: a empresa, para este efeito, é aquele sujeito que, não sendo uma entidade
publica, desenvolva uma atividade económica OU profissional autónoma, podendo ser uma
pessoa singular. OU SEJA, aqui a empresa NÃO É uma empresa comercial – abrange todas
atividades económicas, abrange os profissionais liberais. Isto relativamente às especificidades
da taxa de juros moratórios quanto às transações entre empresas e entre empresas e
entidades publicas.
Temos um conjunto de regras especiais para o vencimento dos juros moratórios. Temos
obrigações puras. Se o sujeito NÃO EXGIR o cumprimento, o que sucede é que enquanto não o
fizer, o outro NÃO ESTÁ em mora. Para estes casos, a lei leva à constituição de juros de mora,
mesmo que o credor não tenha interpelado a outra parte, tem a ver com o envio das
mercadorias e com o envio da fatura:
16
Temos um conjunto de regras especificas em que NÃO TENHAM sido fixadas prazos de
pagamento e NÃO TENHA sido verificado o vencimento. Aqui a lei estabelece um critério para
ficar juros de mora.
7. CONTRATO DE AGÊNCIA
O DL foi feito por base de uma proposta do Prof. Pinto Monteiro. Foi criada uma diretiva para
proteção do agente, que ficava desprotegido quando o contrato representava. A DIRETIVA
regula aspetos, como cessão do contrato, os direitos do agente e os deveres de ambas as
partes.
17
A agência é uma relação estável – é uma relação que se prolonga no tempo
(NÃO se esgota no tempo): pode ser uma relação a termo OU tempo
indeterminado.
Pode ser atribuída certa zona ou ciclo de clientes – esta característica é
facultativa, mas e for atribuída TEM DE se respeitar. O principal PODE exigir a
exclusividade do agente para exercer atividade que lhe seja concorrente e NÃO
TEM de ser uma clausula escrita.
Tem como característica a retribuição – é um negócio oneroso, que por regra é
uma percentagem (%), que incide sobre o volume de negócios.
Contratos que conferem o direito à comissão (art. 16º nº 1 e 2 DL
178/86).
Perante a cessão do contrato (art. 16º nº 3 DL 178/86) – o agente SÓ
TEM direito à comissão após termo do contrato, se for provado terem
sido negociados pelo agente. A lei NÃO COLOCA prazos, mas a
jurisprudência coloca em média 2/3 meses.
Se no início do contrato, existir uma comissão devido ao agente
anterior, o agente NÃO TERÁ direito à comissão (art. 17º DL 178/86).
Quando se adquire direito à comissão (art. 18º + 19º + 20º DL 178/86) –
é quando o principal tenha cumprido o contrato e quando o terceiro
tenha pagado.
18
7.3. CESSÃO DO CONTRATO DE AGÊNCIA
19
20