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Direito do Urbanismo e do Ambiente

1. CONCEITO DE URBANISMO

Tem uma pluralidade de sentidos e surgiu por uma variada ordem de fatores.

Primeiramente, surgiu como um facto social – ao longo dos anos, foi-se notando um
crescimento das populações da cidade, ao contrário das zonas rurais, e, por isso, começou-se a
criar aglomerados populacionais e, consequentemente, a taxa de urbanismo aumentou. Mas,
começou por ser um crescimento desorganizado e caótico, e, neste contexto, surgiu o Direito
de Urbanismo – isto, porque, houve um crescimento da população da cidade.

Face a isto, houve a necessidade de criar uma disciplina que preenchesse a ocupação e
transformação do solo e, daqui nasce o Direito de Urbanismo como facto social.

O direito do Urbanismo não só surge como facto social, mas também coo Técnica Urbanística –
representa a criação, o desenvolvimento e a reforma das cidades. Mas em que sentido? Por
exemplo, através de um correto alinhamento das cidades – o urbanismo fixa as linhas entre
zonas edificadas de zonas NÃO edificadas, criando, assim, fortes limitações à liberdade de
aproveitamento do solo.

O Direito de Urbanismo entendido como técnica é TAMBÉM visto num sentido de Expansão e
Renovação urbana, e, ainda, como Zonamento –fixa determinadas áreas para habitação,
outras zonas comerciais, zonas industriais espaços verdes, etc…

No fundo, tenta harmonizar o ambiente urbano com o ambiente rústico pelo estabelecimento
de espaços verdes dentro da cidade.

Obviamente que o Direito de Urbanismo visa, essencialmente, o regionalismo urbanístico –


estabelece o ordenamento do território urbano e rural, rompendo as fronteiras da própria
cidade.

O Direito de Urbanismo surge como uma Ciência de investigação e estudo do ordenamento


dos aglomerados urbanos.

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2. QUAL É A PRINCIPAL ESSENCIA/OBJETIVO DO DIREITO DE
URBANISMO?

Obviamente que o Direito de Urbanismo vai tentar harmonizar (ou compatibilizar) conflitos de
interesse que possam surgir no uso, na transformação ocupação do solo.

Portanto, o Direito do Urbanismo é um ramo do Direito Público e como tal, é constituído por
um sistema de normas, cujo objetivo é averiguar (ou ponderar) os interesses existentes numa
relação jurídico-urbanística. Visa, também, a superação dos conflitos de interesses existentes
que possam surgir no contexto do uso, ocupação (ou transformação do solo.

Que conflitos são esses?

 Interesses públicos e privados


 Interesses públicos que NÃO SÃO coincidentes
 Interesses privados que sejam, efetivamente, divergentes.

3. QUAL É OBJETO DO DIREITO DO URBANISMO?

As matérias que fazem parte do direito do urbanismo são:

1) Regras que disciplinam o uso, ocupação e a transformação de solo – instrumentos de


gestão territorial (ex.: PDM*).
2) Direito e política dos solos – consiste no regime jurídico do direito de propriedade
privada do solo.
3) Sistemas e instrumentos de execução dos planos – ex.: expropriação; embargo das
obras; etc…
4) Direto administrativo da construção, ou seja, o conjunto de regras técnicas e
jurídicas a que deve obedecer a construção de edifícios por:
i) Razões de dignidade da própria vivencia social
ii) Por razoes de segurança.
5) Contencioso do Urbanismo – pode ter vertente de impugnação de normas, quando
por exemplo achamos que uma norma do PDM é ilegal – faz-se a impugnação do ato
administrativo (ex.: se uma licença é conferida com um determinado vicio, há que
impugnar esse ato administrativo).

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*PDM – Plano Diretor Municipal – é um instrumento fundamental na gestão do território municipal. O PDM
define o quadro estratégico de desenvolvimento territorial ao município, sendo o instrumento de referência
para a elaboração dos demais planos municipais,

4. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO URBANISMO

Não se trata de um ramo de direito autónomo, MAS SIM de um ramo especial dentro do
Direito Administrativo.

Por exemplo, o princípio da participação, os princípios da atividade administrativa são


aplicáveis ao Direito do Urbanismo.

Quando se quer intentar uma ação recorre-se aos tribunais administrativos. Do ponto de vista
científico, NÃO SE PODE considerar um ramo de direito autónomo, porque os princípios da
atividade administrativa são aplicáveis aqui, assim como as formas de atividade administrativa.

O Direito do Urbanismo decorre do Direito Administrativo. A relação jurídica administrativa é


construída por particulares e pela Administração Publica (AP) – há uma relação jurídica
urbanística baseada numa relação jurídica administrativa.

5. DISTINÇÃO DO DIREITO DO URBANISMPO DE OUTRAS FIGURAS:

É necessário, principalmente a distinção entre o Direito do Urbanismo e o Direito do


Ordenamento de Território.

No que respeita a esta distinção, basicamente a nível constitucional, NÃO HÁ qualquer nível de
distinção – refere-se aos 2 e a verdade é que são disciplinas complementares e
interdependentes, e na Lei de Bases da Política dos Solo e do Ordenamento dos Territórios (Lei
n.º 31/2014, de 30 de Maio) NÃO HÁ distinção entre os 2.

A doutrina aponta 4 critérios para a distinção:

1) CRITÉRIO DO AMBITO DE APLICAÇÃO:

O Direito do Urbanismo disciplina o uso, a ocupação e transformação do solo da urbe – da


cidade, significando que o Direito do Urbanismo tem uma aplicação de âmbito local.

E Ordenamento de Território visa o uso, a transformação e a ocupação do solo, mas aqui já


globalmente considerado, ou seja, NÃO É SÓ da cidade.

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Daqui decorrem as conceções do Direito do Urbanismo – este critério relaciona-se
diretamente com as conceções do Direito do Urbanismo, existindo 3:

I. Conceção Restrita – conceção defendida pelo Prof. Freitas do Amaral: é um


conjunto de normas jurídicas que disciplina o uso, a transformação (ou
ocupação do solo da urbe.
II. Conceção Ampla – é defendida pelo Prof. Fernando Alves Correia – o
Direito do Urbanismo é o ramo de direito que disciplina o uso, a ocupação e
transformação do solo no seu todo.
III. Conceção Intermedia – é defendida pela Prof. Ana Paula Oliveira – o Direito
do Urbanismo é constituído por um conjunto de normas que disciplinam a
intervenção da AP e dos particulares com vista ao uso, a transformação e a
ocupação do solo para fins urbanísticos.
2) CRITÉRIO DA CONTEAPOSIÇÃO ENTRE DIREITO E POLÍTICA :

Resulta do art. 2º da Lei n.º 31/2014 – o DU, de acordo com este critério seria direito, e já o OT
seria política.

Considera-se que as finalidades do OT são mais amplas do que o DU.

Os fins a alcançar são diferentes a alcançar, mas um não vive sem o outro, porque as normas
jurídicas TAMBÉM resultam das opções políticas do legislador, sendo o princípio da legalidade
limite e pressuposto da atividade administrativa.

3) CRITÉRIO DOS INSTRUMENTO JURIDICOS URILIZADOS:

O DU utiliza medidas imperativas – serve-se de regulamentos e atos administrativos – medidas


mais unilaterais.

O OT utiliza medidas mais consensuais, nomeadamente contrato – ex.: contratos de concessão.

4) CRITÉRIO DA EFICÁCIA JURÍDICA DAS NORMAS:

O DU tem normas que são aplicadas diretamente e imediatamente aos particulares.

O OT serve-se mais de Diretivas e NÃO tanto de normas imperativas.

Mas isto NÃO PODE SER ASSIM: o PDM tem normas imperativas e normas consensuais. No
fundo, vamos conjugar todos os critérios e todos utilizados em conjunto vai dar ma noção de
Urbanismo e de OT.

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5) NOÇÃO DE DIREITO DO URBANISMO
6) ESSENCIA DO DIREITO DO URBANISMO
7) DISTINÇÃO DO DIREITO DO URBANISMO
8) FIGURAS DO DIREITO DO URBANISMO

9. PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DO URBANIMOS :

Os princípios constitucionais do DU estão previstos na CRP, mais concretamente, no art. 65º da


CRP e nos primeiros arts do CPA.

a) PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO

Encontra-se previsto no art. 65º nº 4 CRP:

Neste artigo, o que está em causa e a cooperação de vários sujeitos na formação dos planos e
execução dos planos.

A cooperação, entre as entidades publicas é essencial para que posteriormente NÃO haja
problemas.

Como se distingue o Princípio da Cooperação do Princípio da Participação dos Interessados?

 Quando se fala de Cooperação é entre entidades públicas. Por outro lado, na


Participação dos Interessados falamos entre os particulares interessados.

Remissões a fazer no art. 65º nº 4 CRP

 Art. 8º da Lei de Bases 31/2014 – encontra-se previsto o Princípio da Cooperação entre


entidades Públicas.
 Art. 35º LB 31/2014 – também se encontra previsto o Princípio da Cooperação.
 Art. 22º RJIGT (Regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial) impõe o dever
de cooperação entre as entidades públicas que resulta do Princípio da Cooperação.

*O Programa Nacional da Política do Ordenamento do Território (PNPOT) é um instrumento


a nível nacional.

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 Art. 30 RJIGT – esta disposição leal reporta ao Plano Nacional – objetivos mais
genéricos.
 Art. 35º + 36º RJIGT – é uma manifestação do Princípio da Cooperação – Cooperação
entre os representantes de várias entidades publicas.

NOTA!!! Instrumento de gestão territorial NÃO É SÓ o PDM.

Os Programas Setoriais – art. 39º RJIGT – são instrumentos a nível nacional. Os Programas
Especiais – art. 42º RJIGT – são instrumentos a nível nacional.

Há algum artigo que diga respeito ao Princípio da Cooperação aplicável aos Programas
Setoriais aos Especiais? O art. 48º RJIGT para os Programas Setoriais e o art. 49º RJGT para os
Programas Especiais.

Quanto aos Programas Regionais – art. 45º RJIGT que remete para os arts. 57º e 58º RJIGT –
Princípio da Cooperação.

Quanto aos Programas Intermunicipais – art. 61º RJIGT. Remete-se para o art. 77º RJIGT, que
tem a ver com a manifestação do princípio da cooperação + outras manifestações deste
princípio: arts. 83º, 84º e 86º.

b) PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO:

No art. 65º nº 5 CRP, encontra-se o princípio da participação dos particulares/interessados.

Art. 6º RJIGT é uma norma genérica e como tal, é aplicável a todos os instrumentos.

Este princípio apoia-se na participação dos interessados, onde estes detêm da liberdade de
apresentar queixas, fazer pedidos de esclarecimento, etc…

Exemplos:

 Programa nacional da política do ordenamento do território – art. 37º RJIGT


 Programas setoriais e especiais – art. 50º RJIGT
 Programas regionais – art. 59º RJIGT
 PLANOS – ex.: 88º RJIGT

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c) DEVER DE INFORMAÇÃO:

Relativamente á atividade urbanística, que é desenvolvida pela atividade publica, o dever de


informação tem uma aplicação no âmbito do direito de urbanismo

d) PRINCÍPIO DA JUSTA PONDERAÇÃO E SUPERAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES NO


CONTEXTO DA ELABORAÇÃO DE UM PLANO:

O DU tem como finalidade – ponderar os interesses envolvidos e superar os conflitos de


interesses, se efetivamente estes existirem.

Para tal, há um órgão decisório que pondera os interesses envolvidos e posteriormente faz
uma escolha dentro das escolhas existentes.

Como é que o DU pode tentar reduzir os conflitos de interesses?

 Através do princípio da participação (art. 12º CPA + art. 65º nº 4 e nº 5 CRP + art. 6º
RJIGT), durante a fase de elaboração (permitindo que soa participantes solicitem
informações OU apresentem ideias) é uma forma de prevenir um possível conflito e
pela cooperação das entidades publicas, para que se entenda os interesses d cada
território.

e) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:

O princípio da publicidade encontra-se previsto nos arts. 191º - 193º RJIGT.

Este princípio significa que, em regra geral, os instrumentos de gestão territorial devem ser
publicados numa publicação oficial – normalmente no DR, mas depende dos instrumentos.

f) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

Segundo o princípio da legalidade – a administração SÓ PODE atuar desde que haja uma lei
prévia, que a habilite para tal – a lei é fundamento limite e pressupostos da atuação ( art. 266º
CRP).

Este princípio, no DU, é configurado pelo facto de o procedimento da elaboração e de


execução dos planos estão todos previstos na lei.

Este princípio manifesta-se:

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 HOMOGENEIDADE DA PLANIFICAÇÃO – no sentido de equiparação das condições de
vida reguladas pelos vários tipos de planos.
 TIPICIDADE DE PLANOS – os instrumentos de gestão territorial estão previstos na lei e,
sobretudo, no RJIGT. Basicamente se não estiverem no RJIGT NÃO existem – todos os
planos e programas TÊM de esta previstos na lei que decorre do princípio da
legalidade.
 DESENVOLVIMENTO DA CIDADE – urbanístico: de acordo com o plano.
 DEFINIÇÕES DAS COMPETENCIAS E DO PROCEDIMENTO DE ELABRAÇÃO – quem são os
órgãos competentes e o procedimento de elaboração de cada um dos instrumentos.
 DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO – o plano TEM DE SER fundamentado, ou seja, TEM de
conter as razões de facto e de direito que conduziram àquela elaboração – tem de ter
fundamentação.

g) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:

Segundo este princípio, as normas dos planos TÊM DE SER adequadas e necessárias ao fim que
pretendem atingir.

O princípio da proporcionalidade tem 3 manifestações:

 Adequação
 Necessidade
 Proporcionalidade no sentido estrito

Por exemplo, imaginemos que é necessário construir uma estrada que irá passar no meio de
terrenos da titularidade de privados – SÓ se vai expropriar o que é estritamente necessário
para prosseguir o interesse publico.

h) PRINCÍPIO DA IGUALDADE:

No princípio da igualdade – art. 13º RJIGT + art. 266º CRP – a igualdade deve ser entendida no
sentido de tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente.

Por vezes, no DU é necessário que se restrinjam determinados direitos em detrimento de


outros – art. 18º CRP.

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Por exemplo: servidões de passagem; expropriação por utilidade publica – art 65º nº 4 CRP;
etc…

i) GARANTIA CONSTITUCIONAL DO DIREITO DE PROPRIEDADE PRIVADA:

Esta garantia tem de ser disciplinada, pois sendo uma garantia constitucional – art. 62º CRP – é
necessário regular a intervenção que a administração publica tem nos solos.

Por exemplo, art. 65º CRP – expropriação: existe uma limitação dessa intervenção.

j) PRINCÍPIO DA JUSTA INDEMNIZAÇÃO:

Este princípio encontra-se previsto o art. 62º nº 2 CRP.

Ora, havendo uma expropriação, o particular vai ficar privado do seu direito de propriedade –
vai haver um direito que vai ser retirado da sua esfera jurídica e, por isso, vai receber uma
justa indemnização.

Para além dos princípios acima mencionados, deve-se ter atenção aos arts. 266º e 267º e os
primeiros arts. do CPA.

Exemplos de entidades administrativas que tenham atribuições e competências no DU:

 Órgãos autárquicos
 GOV, através de alguns ministérios (ex.: ministério do ambiente)
 Inúmeros institutos públicos (institutos de conservação da natureza – IPMA)

10. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL – ESTUDO


DO RJIGT

Quando se fala na questão de planejamento, NÃO SE REFERE SÓ à elaboração dos


instrumentos de gestão territorial, mas TAMBÉM à execução dos mesmos.

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As disposições dos arts. 1º - 29º RJIGT são aplicáveis a TODOS os instrumentos de gestão
territorial.

A partir do art. 30º RJIGT há secções destinadas a disciplinar cada um dos instrumentos de
gestão territorial;

 Programas de âmbito nacional – art. 30º - 38º RJIGT


 Programas setoriais e especiais – art. 39º e ss. RJIGT
 Programas regionais – art. 52º - 60º RJIGT
 Programas de âmbito intermunicipal – art. 61º - 68º RJIGT
 Planos a nível intermunicipal e municipal – arts. 69º e ss. RJIGT

Quanto ao âmbito de aplicação, temos 4 níveis de aplicação territorial (art. 29º nº 2 RJIGT):

 ÂMBITO NACIONAL:
 PROGRMAS SETORIAIS
 PROGRAMAS ESPECIAIS
 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
 ÂMBITO REGIONAL:
 PROGRAMAS REGIONAIS
 ÂMBITO INTERMUNICIPAL:
 PROGRAMAS INTERMUNICIPAIS
 PLANO DIRETOR INTERMUNICIPAL
 PLANOS DE URBANIZAÇÃO INTERMUNICIPAIS
 PLANOS DE PORMENOR INTERMUNICIPAIS
 ÂMBITO MUNICIPAL:
 PLANO DIRETOR MUNICPAL
 PLANOS DE URBANIZAÇÃO
 PLANOS DE PORMENOR

Qual é a diferença entre um Plano e um Programa? Os programas vinculam entidades publicas


e tem objetivos/opções mais genéricas, às quais devem obedecer os planos. Já os planos, são
mais concretos e para além disso, vinculam as entidades publicas direta e indiretamente, e
imediatamente os particulares – art. 3º RJIGT.

Quanto à eficácia jurídica:

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 AUTOPLANIFICAÇÃO – apenas vincula a entidade que o elaborou.
 HETEROPLANIFICAÇÃO – o instrumento vincula, para além da entidade publica que o
elaborou, outras entidades publicas.
 PLANIFICAÇÃO PLURISUBJETIVA – ocorre quando o plano vincula entidades publicas e,
direta e imediatamente, particulares.

11. PLANOS NACIONAIS DA POLÍTICA DE


ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO – VINCULAÇÃO:
autoplanificação e heteroplanificação:

É o mais abrangente e o que mais se aproxima da política do ordenamento do território.

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É o quadro de referência que tem de ser considerado nos outros instrumento de gestão
territorial – é através deste instrumento que há uma cooperação entre os Estados Membros,
para a organização do território da União Europeia – art. 30º RJIGT.

Este plano tem âmbito nacional, porque se aplica a TODO O TERRITÓRIO NACIONAL – art. 2º
RJIGT.

Apesar de ter âmbito de aplicação nacional, PODE, eventualmente, criar diretrizes a


determinado tipo de áreas OU de temáticas, com incidência territorial – visando assegurar a
igualdade de regime e a coerência na sua observância pelos demais programas e panos
territoriais – art. 32º nº 2 RJIGT.

Os objetivos do Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território estão no art. 31º


RJIGT – assemelha-se ao Ordenamento do Território.

O conteúdo material encontra-se no art. 33º RJIGT e é constituído por:

 Um relatório
 Por um programa de ação (cujos objetivos se encontram no art. 33º nº 3 RJIGT).

No art. 34º RJIGT – a iniciativa pertence ao Conselho de Ministros, pelo que a elaboração
compete ao GOV, sob coordenação do Ministro do Ordenamento do Território.

A elaboração é acompanhada por uma Comissão Consulta – princípio da cooperação –


composta por representantes das Regiões Autónomas, das Autarquias Locais e dos interesses
municipais, económicos, sociais e culturais relevantes.

Posteriormente, serão emitidos pareceres da Comissão Consultiva e da Comissão Nacional do


Território – art. 35º RJIGT – pareceres estes, obrigatórios e NÃO vinculativos – art. 91º CPA.

No art. 37º RJIGT – encontra-se previsto o princípio da participação dos interessados, onde há
um período de discussão publica que consiste na recolha de observações e sugestões sobre as
orientações da proposta de programa. Esta proposta terá de ser aprovada pela AR – art. 38º
RJIGT – e posteriormente publicada – princípio da publicidade (art. 191º e ss. RJIGT).

12. PROGRAMAS ESPECIAIS

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“salvaguarda e tutela de valores naturais” – estamos perante um programa especial.

13. PROGRA
MAS

SETORIAIS

Estes programas têm uma tipologia mais aberta, porque aqui cabem diversos instrumentos
relacionados com a gestão territorial. Tal como o PNPOT, este programa tem um âmbito de
aplicação nacional.

 ÂMBITO NACIONAL – art. 40º RJIGT


 ELABORAÇÃO – art. 46º RJIGT
 PARTICIPAÇÃO – art. 50º RJIGT
 APROVAÇÃO – art. 51º RJIGT

14. O RELACIOMAMENTO QUE PODE EXISTRE ENTRE OS


IGT’s:

Se estiverem em vigor dois IGT’s para a mesma área e que tenham regras que não são
compatíveis, é necessário sabermos qual é que prevalece.

Aplicamos o IGT hierarquicamente superior?

Há uma forma no +procedimento de elaboração que contribui para a minorar esta situação: se
houver intervenção das várias entidades publicas, através do princípio da cooperação irá haver
uma menor probabilidade de existir incompatibilidades entre IGT’s.

Se houver sobreposição territorial entre os IGT’s, temos que estabelecer regras – uma das
formas de prevenir esta situação é através da fase de cooperação no procedimento de
elaboração de um dos IGT’s.

No art. 44º da LB 31/2014 remeter os arts. 26º - art. 29º RJIGT.

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a) ANÁLISE DO ART. 26º RJIGT:

No nº 1 – em primeiro lugar, do ponto de vista hierárquico, tem que haver um esforço de


compatibilização de cada um dos IGT’s.

Nº 2+ 3 + 4 – há uma superioridade hierárquica do PNPOT dos demais IGT’s – programa


setorial e programa especial. Existe TAMBÉM uma superioridade hierárquica dos programas
setoriais e dos programas especiais, em relação aos programas regionais.

Remeter para o art. 60º nº 2 RJIGT – pode eventualmente haver incompatibilidade, entre os
programas regionais e os programas hierarquicamente superiores – nestas situações, as
incompatibilidades DEVEM SER mencionadas.

b) ANÁLISE DO ART. 27º RJIGT:

Nº 1 – os programas regionais são hierarquicamente superiores aos programas e planos


intermunicipais e municipais.

Nº 3 – os planos territoriais têm de atender às orientações dos programas intermunicipais. Há


uma superioridade dos programas intermunicipais em relação aos planos municipais e
intermunicipais de ordenamento do território.

Nº 4 – e se estivermos perante planos intermunicipais e planos municipais? Os planos


intermunicipais são hierarquicamente superiores aos planos municipais.

Nº 5 – a existência de um PDM é hierarquicamente superior ao plano de urbanização e ao


plano de pormenor – a mesma coisa se aplica ao plano direto intermunicipal.

Nº 6 – imaginemos que está em vigor um PDM e, entretanto, entra em vigor um programas


setoriais que tem normas incompatíveis com o PDM? Em princípio, em regra, é obrigatória a
alteração ou atualização dos planos no âmbito intermunicipal e municipal – remeter para o art.
28º nº 1 RJIGT.

c) ANÁLISE DO ART. 28º RJIGT:

Nº 5 – abre a possibilidade de os planos conduzirem à alteração dos programas. É a prova de


como NÃO SE PODE aplicar o princípio da autonomia rígida. Apesar de já estar em vigor um
programa, um plano pode, eventualmente, determinar a alteração das normas desse
programa.

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EXCEÇÃO ao nº 5 do art. 28º RJIGT – remeter para o art. 27º nº 5 + art. 90º nº 2 RJIGT – as
normas do PDM que já estavam em vigor, prevalecem sobre as normas incompatíveis que já
estavam em vigor – isto através da ratificação.

Esta sobreposição de IGT’s NÃO PODE SER resolvida com um critério de hierárquica rígida e,
por isso, TEM DE HAVER alguma flexibilidade. Ora, inicialmente, surgiram 2 critérios:

I. CRTÉRIO CRONOLÓGICO – um IGT posterior prevalece ao anterior.


II. CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE – o mais específico prevalece sobre o mais genérico.
III. CRITÉRIO DA HIERARQUICA – a LB de 1999 tratava que era uma hierárquica rígida.

Contudo, estes critérios NÃO PODEM SER aplicados.

O que se aplica no nosso OJ são os seguintes princípios:

 PRINCÍPIO DA HIERARQUICA:

Este princípio tem 3 dimensões:

I. Compatibilidade – admite diferenças entre os IGT’s em comparação, SÓ NÃO


ADMITE que haja uma contradição entre as suas normas.
II. Conformidade – é o mais rigoroso, porque exclui qualquer diferença entre os IGT’s
III. Flexibilidade – o nosso OJ aceita a hierárquica com flexibilidade, pois é possível
que um plano inferior tenha disposições desconformes com um plano superior –
daí a flexibilidade (art. 28º nº 5 RJIGT).

 PRINCÍPIO DA CONTRACORRENTE – REMETER ART. 22º Nº 2 RJGT

Consiste na obrigação de um plano hierarquicamente superior e mais amplo, tomar em


consideração as disposições de um plano inferior, e, portanto, de uma área mais restrita.

 PRINCÍPIO DA ARTICULAÇÃO – REMETER ART. 26º Nº 1 RJIGT

Tem que haver uma compatibilidade recíproca entre os planos que não estejam ligados por
uma hierarquia.

d) ANÁLISE DO ART. 29º RJIGT

Este estabelece as consequências que irão advir ao município da NÃO atualização no +prazo
estabelecido:

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 A suspensão das normas do plano que deveriam ter sido alteradas e não foram;
 Deixa de poder haver lugar à prática de quaisquer atos/operações que impliquem a
ocupação, uso e transformação do solo;
 Ficam suspensas as candidaturas do município a apoios financeiros, comunitários e
nacionais.

Porém, esta norma é considerada inconstitucional, porque aqui permite-se que o GOV se ingira
na esfera de intervenções d município – pelo que APENAS poderia exercer uma tutela de
legalidade; na realidade, PODE APENAS controlar se os municípios cumprem a lei ou não – e
aqui encontra-se prevista uma tutela sancionatória que NÃO É legalmente admissível.

15. DINÂMICA DOS IGT’s:

Nos termos do art. 115º RJIGT – os programas e planos podem ser sujeitos a: alteração;
correção; revisão; suspensão; e revogação.

16. ALTERAÇÃO DOS IGT’s:

Existem 3 modalidades em relação à alteração dos IGT’s:

I. ALTERAÇÃO PROPRIAMENTE DITA – arts. 116º a 120º RJIGT

Aqui deve-se ter em consideração a aplicação de normas diferentes, consoante o IGT que
estamos a trabalhar.

No art. 116º RJIGT – o programa nacional de política de ordenamento do território, os


programas setoriais, especiais e regionais, são alterados SEMPRE que a evolução das
perspetivas de desenvolvimento económico e social o determine. No fundo, cabe à AP
justificar o desenvolvimento económico e social.

No art. 117º RJIT – os programas intermunicipais são alterados SEMPRE QUE a evolução das
perspetivas de desenvolvimento económico e social assim o determine e SEMPRE QUE entrem
em vigor novos programas nacionais ou regionais, que com eles não sejam compatíveis.

No art. 118º RJIGT – os planos intermunicipais e municipais SÃO alterados em função da


evolução das condições ambientais, económicas, sociais e culturais que lhes estão subjacentes

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OU sempre que essa alteração seja necessária, em resultado da entrada em vigor de novas leis
(ou regulamentos).

No art. 119º RJIGT – se estiver em vigor um PDM e depois entre em vigor um programa
especial que tenha normas incompatíveis com o PDM? R.: Tem de haver uma atualização as
normas do PDM. E qual é o procedimento que devemos de seguir? R.: nos termos do art. 11º
RJIGT, é o mesmo para a elaboração, tirando a fase de acompanhamento que é facultativa (art.
119º nº 2 RJIGT).

II. ALTERAÇÃO POR ADPTAÇÃO – art. 121º RJIGT

Esta alteração decorre:

 Da entrada em vigor de leis (ou regulamentos)


 Da entrada em vigor de outros programas e planos territoriais com que devam ser
compatíveis (ou conformes).

A alteração por adaptação dos programas e dos planos territoriais NÃO PODE ENVOLVER uma
decisão autonoma de planeamento e limitar-se a transpor o conteúdo do ato legislativo (ou
regulamento, do programas ou plano territorial) que determinou a alteração.

A alteraçãp

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