You are on page 1of 3
CIPBrasil. Catalogacio-‘nafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Bion, W. R. (Wilfred Ruprecht), 1897-1979 (© aprender com a experiéncia/Wilfred R. Bion; tradugao Paulo Dias Corréa. — Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991. 146p. (Série Analytica) ‘Tradugio de: Learning from experience. Indice ia ISBN 8531201535, 1. Psicanilise. I. Titulo, IL. Série DD — 616.8917 DU ~ 159.964.2 615.8511 91.0762 W.R. BION O APRENDER COM A EXPERIENCIA — Série Analytica — io de Diregiode JAYME SALOMAO. Tradugiode PAULO DIAS CORREA 6 IMAGO EDITORA — Rito de Janeiro — CAPITULO PRIMEIRO Fungi de personalidade: fatores de funcao, Teoria de fungdes. Funcao-alfa, 1. Rotular pelo nome da pessoa a aco que se the acredita peculiar, falar por exemplo, de silveirismo como de fungao da personalidade de um homem chama- do Silveira € bastante comum na conversagio, Valho-me do costume, para deduzir uma teoria de fungdes que se coaduna a aplicacao mais rigorosa que a da linguagem ha- bitual. Admito, na personalidade, fatores que se combi nam ao produzir entidades estaveis a que chamo funcdes de personalidade. O sentido que atribuo aos termos “fa- tores’’ € “‘fungdes” € 0 uso que Ihes dou logo surgem, mas algum esclarecimento preliminar niio é descabido. 2. Ocnunciado por Ieigo, que “fator a se considerar, na personalidade de X, é sua inveja dos companheiros” significa pouco ou muito; 0 valor depende da avaliacio que fazemos da pessoa que o emite ¢ da importancia que cla atribui as palavras. O vigor do enunciado diminui, se Confiro 20 termo “inveja" a importincia ¢ significado que M. Klein the concede. 3. Suponha agora outro enunciado: “as relagdes de X com os companhciros so tipicas da personalidade em que um fator éa inveja". Expressa observar-se fungio cu- 0s fatores sio a transferéncia ¢ a inveja. Obscrva-se N40 -18- transferéncia ou inveja, mas algo que é funcio de transfe- réncia ¢ inveja. Cumpre, a medida que a psicandlise pros- segue, deduzam-se novos fatores das modificagdes da fungio ¢ diferencicm outras funcées 4, “Pungio" designa atividade mental propria acer- tos fatores que atuam conjugados. “Fator” indica ativida- de mental que atua em conjunto com outras atividades mentais ¢ configuram uma funcio. Da observacio de fun- gGes deduzem-se 0s fatores de que cles em conjunto sio parte. Elcs so teorias ou realidades que as teorias repre- sentam. Talvez parecam trivialidades de intuicio co- mum; nio o sio porque cientificamente se emprega a palavra que designa fator, de maneira mais precisa que na linguagem coloquial. Os fatores nio se deduzem dircta- mente ¢ sim da observagio de fungoes. 5. A teoria de fungGes facilita a unio da realizacio' com o sistema dedutivo” que a representa. Além disso, da flexibilidade 4 teoria analitica, que se aplica a ampla vari dade de situages analiticas, sem prejuizo da integragio ¢ estabilidade da estrutura de que faz parte. Ademais, em vir- tude da teoria de funges, os sistemas dedutivos generili- zados representam por exceléncia observagdes da analise de determinado paciente. Isto importa, de vez que a teoria psicanalitica voltase para as modificagdes que ocorrem na personalidade do paciente. Se 0 analista observa fungdes ¢ delas deduz os fatores que Ihes io correlatos, desfaz-se a lacuna entre a tcoria ¢ observagdes sem arquitetar novas teorias possivelmente desorientadonss. . 6. A fungao que examino, por sua importancia in- trinseca, também ilustra o uso a se fazer da teoria de fun- des. Chamo-a funcioalfa ¢ assim a menciono sem a restri¢do advinda do emprego de expressio de mais sen- tido, por sua penumbra de associagdes. Por outro lado, € mister preservar o significado de tcorias de fatores ¢ em -19- pregi-las com a exatido possivel. Admito estudiosos que, com experiencia critica, e teorias, esclareceramIhes suficientemente o sentide A independéncia que o emprego da expresso fungioalta denotae sua exatidio compacta caplicagio a tudo que a refere a fatores, conferem-he flexibilidade sem the debi. litar a estrutura. Pode parecer que o uso que fago de de: terminada teoria desvirtua a acepgio do autor. Se assim. Penso, declaroo, mas de outro modo é de supor que acredito interpretéla corretamente. 7. Recorro deliberadamente expresso funcio.alfa Por destituida de sentido, Antes de delimitar.a Area de inda- Bacio em que proponho usta, cumpreme ventilar um Problema paralclo a esta investigacio. De vez que o objeti- Yo da expressio sem sentido prover a investigacio psica- nalitica do equivalente A variivel dos matemiticos, a incognita a que se confere valor, depois que seu uso ajudou adeterminito, importa niio se Ihe atribua, precocemente,o Papel de comunicar significagdes, pois os significados pre- maturos talvez constituam precisamente os que competia climinar. © simples fato entanto, de se usar a expressio fun- Gloalfa ‘numa investigacio especial, inevitavelmente conduz 4 scu reinvestimento com significagées que se derivam de investigagdes ja efetuadas no campo. Convém se exerca Portanto, vigilincia Constante para impedir tal descnvolvi- MENLO, OU Prejudica-se, de inicio, o valor do instrumento. A area de investigagio se aproximaa das qu os trabalhos, noc Piluloseguinte citados, abrangem. ue autores ¢ xaminaram ag NOTAS Uso 0 termo “realizagio” no sentido que tem quando se diz que a Geomeu ria cuclidiana de trés dimensées apresenta 4 Ce trutues do espaco ordinirio como uma de suas realizaGes- -2~ Uso a expressiio da mancira Algebraic Projective Ge (O.UP., 1956), Capitulo 1 geometria, 2, Emprego 0 termo "sistema dedutivo” ou “sistema dedutivo cientifico” para cobrir qualquer aproximagio ou aproximacio Projetada dos sistemas logicos descritos na Sclentific Explana- Hon, Braithwaite (C.U.P., 1955), Capitulo Il em diante. 3. Compare-se com: The Logic of Scientific Discovery, KR. Pop- Per (Hutchinson, 1959), pig. 35, nota 2, em que admiravel- ‘mente se elucida a dificuldade. que facilmente se compreende na metry, Semple and Knechone ‘onde se examina 0 conceito de a=

You might also like