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7-2 +k Antonino Ferro NA SALA DE ANALISE T-26 Emogoes, relatos, transformagoes Coleco Desenvolvimento da Pscanalise Direcao: Elias Mallet da Rocha Barrios Tradugao: ‘MERCIA JUSTUM Revisdo Técnica: Marta Petricciani 1998 Imago BIBLIOTECA oA SOCIEDADE BRASILE!IA! NE PEICMIAUSE APENDICE OS QUADRANTES DO SETTING © setting consti as regras do jogo que deves ser respeitadas para que seja possivel jogar o jogo © para que sea aquele Jog Panalise!) e nao um outro. A propésito, mereceria un aprofundare> Ca ey ita de Bion (1968) de “inversfo da perpectiva”, quando 10 oe correspondéncia entre 0 jogo que o analisa pensa que ests Jogando e 0 que o paciente joga mesmo ingonscienttments, Até certo vramto,ereio ser legitimo que o paciente eente ogarum jogo proprio, eye ao analista sinalizar 0 fato e restabelecer as regras dle um JOR {que possa ser compartilhado. Be qualquer forma, para que possa permit operagdes transfor madorat, 0 setting s6 pode ser um continente capaz de elastcidade ¢ Capacidade de absorver (Fiorentini ¢ cols, 1998, 1995; Giutrida, 1995; Quinodoz, 1992; Robutti, 1998; Bonasia, 19%4a) ‘Bion (1965) aponta como a “situagio analitia’” pode somens® aproximarse do desejavel ¢ como é necessirio um maior cestudo do “terreno” onde acontecem as transformacoes. ‘Gostaria de propor as consideragdes relativs 20 setting ana! sando quatro acepgbes prevalentes, as quais se faz referéncia 29 Sieamo! ¢ que gostaria de chamar os quatro quairantes do sein porque se trata justamente de acentuagdes de significado prevalen: perdentro de cada quadrante, mas que formam todas juntas 0 tema no seu todo. 182 NA SALA DE ANAI O SETTING COMO CONJUNTO DE REGRAS FORMAIS one © primeiro quadrante. £ 0 conjunto de regras um processo (Meltzer, 1967). ET a Le sting € fruto de um resultado de experiéncias que foi aang Seal os Doreen et ura¢ao das mesmas etc; tem portanto uma fisiologia 5 retere faa apne Revco meee sapecta foemval do setting, que desejo ressaltar, é como o stan ns aailnspercnp lo imiaia 38 lentificacdes projetivas do paciente no eixo do jane tenderiam a invadit ‘ia vic Ldrongh eralapas {Shen aivadapopiia dos pensar oa sto mecessitios muita sas outros mos de contencio, fora das agile aturalmene das lmiaes formas em relagio a intru dae dos pacientes, bem diferente é o problema da invasi tal Set i eetaaateeeaee oa * hando a sua avidez e a quantidade das identificagoes proje. inerrant emit vio oreo que Ni “ire mitoviv ora qu Ninna excerpt (18 eran efor document pao tenemos dor propos pate dc Fe (05 QUADRANTES DO SETTING 183 0 SETTING COMO “CONDIGAO MENTAL DO ANALISTA® Greio ser necessirio nao criar ilusdes de que este segundo qu dante possa ser considerado como uma invariante. A vida mental 00 artists tem oscilacoes préprias que derivam do jogo das suas fantas matizagdes € das oscilacdes PSD ¢ Q épri mjatividade do analista € uma fungao dessa oscilagio. Al ‘fro que a condicio mental do analista—se ele for, comoé necessiio {que sea, permesvel aos estados emocionais do seu pacente ~ vale Say fuiteao das identificagées projetivas que ele deve acsher ¢ trans fonmar {Di Chiara, 1985; Brenman-Pick, 1985). InGtil rasaltar como ena dtica de campo permite considerar essas varidveiscomo neces Mirins, sem que se culpabilize 0 analista que contribuide qualquer node para estruturar o campo emocional do qual é parte viva (Baranger, Baranger, 1961-62; Bion, 1962; Corrao, 195) (© paciente se coloca como guardiio do setting (mtendico no primeito eno segundo modo) (Preve, 1988), sinalizandocontinuamney Prints as desorlens forrmais quanto as variacoes de conico mental, fe receptvidade, de disponibilidade do analista, cheganioaindicar bs see tepmentos de mi forma ou até mesmo moments em que hi seeraio do fluxo das identtficagies projetivas (Ferro, 1987) “A sitaagio mental do analista, se considerada come uma variével ddo campo para cuja formacio cla contribu, seré (par um analisa permedvele receptivo) continusmenteperturbada «continents site Frida: pelo menos se houver disponibilidade para se ocuyar dos estados tnais primitivos da mente do paciente e das suas protozmocdes (© SETTING COMO OBJETIVO: RUPTURAS DE SETTING POR PARTE DO PACIENTE E ATIVIDADES MODULADORAS E TRANSFORMADORAS DO ANALISTA ‘Os acontecimentos da sala de anilise nao sao to simples como poderiam parecer de acordo com 0 que foi dito até igor ‘O paciente muitas vezes nao aceita 0 jogo ¢ faz assuas "ruptaras de setting” que por muito tempo foram interpretadas como “ataques 29 ‘ating’ e que seguramente 0 sio. De fato, nio ha nala que cologue stanulista mais ém crise quanto sentir que Sio colocadks em discussé fs suas prOprias certezas, as préprias garantias “consttucionais 184 NASALA DE ANALISE. rmuitas das quais se baseiam justamente n it 10 preciso respeito ao se Bis mode pear no ett, fx coon goo roles vom peer te vista 0 fato de que as rupturas de seting por parte do Pacem tm uma exraordindrariguera comune contain qos aja disponible para considers anim, No fndo, como para aualer outro tipo de acting, podemos aptar dear a perturbacio, interferéncia, o perigo ou 0 aspecto comunicativo, de acordo com (© nosso grau de tolerancia e capacidade de dar significado (ou as vanes suspender 0 significado), como de Tesi aconece para at idemiiarie projetivas. Creio que todo analista deveria ter cla ara si qual € 0 seu grau de tolerdncia as rupturas de st = Titese rma dotrur cron denaliciidade ent Pode ser considerao como dansro (Meltzer, 1992) ou como continents com qualidade de laxiciade robots (Bion, 168 née ge, i guaguer frm «posed aga nog se lerd ser, na minha opiniao, um set deveaspr e ha opiniao, um setting absolutamen- Para quem queira tomar em anal co. sm analise pacientes graves, repito, serd sme ks ag ae ae nap eg ng Rn = ming en cent zuptras de seting tm a ver com o sting formal e com 2 condo meal do anal spe bode st ter pot tm devon P es projetivas do paciente e esse mesmo ay nade eerie bares tel ps calico poproscritrios de analisbildade do qual se deve terconsciencia. O.uso do diva ‘Anna € uma paciente da qual voltarei a falar, por isso agora somente menc inic # awalgue ;ciono que no inicio da anzlise era ntolerante SSE ee eee Routes de pertgo} is alguns sonhios da paciente no momento em que, p6s alguns anos dc analise, consegue deitarse no diva (si0 natural- empesteava toda..; b) Carla, uma amiga, se separava d do e ia viver na Isindia..; ¢) 0 que se fazia nv Algoma fain (0s QUADRANTES DO SETTING 185 tinha um péssimo relacionamento... era assim porque filha dela linha morrido....encontrava em seguida uma amiga com um casaco estilo anos 30. Sonos que focalizavam e permitiam metabolizar 0 que se ative na paciemte apos as mudangas gracas 38 quais assumia unt Hore vpopigao” espacial na sla de andlise, nova posicio que és ie tudo oon posieao mental. O sofrimento das costas do gathho, qve 1° an es gm contato com 0 diva analitico, os sentiments empestead? pelos quais € invadida a0 entrar em contato com 0 propre we pmentoy o tuto ao tomar uma distancia maior, que «faz senties soir aaera distante eftia; 0 inicio de pensamentos de ama possiel Gependéncia naandlise,e aaceitacao de wi assimetria sco lugar para aprender); darse conta da pena pelo fim de uma piers PAT Prfantl da andlise eo pensar na possibilidade de se recrmhecer come lima pessoa adulta que j caminiia para os trinta anos e no como nm arenes cle erés anos que tivera a ilusio de ser © de ser onsiderada: 2 projeeio do huto na feira, triste por perder uma filly pordye S% veeoce ese afasta. Isto somente para mencionar alguns dos percurses possiveis sobre esses sonhos. NNergralmente houve com Anna, durante muito tenpo, um fury Gonamento de idas e vindas em Telngao 20 “frustrantewso do div cioviros sonhos sinalizaram passo a paso movimentts emocionais Tigados apossiblidade de aceitar uma distincia maior cums PrOghe® deri hela a0 controle de cada postura minha, oucada emocao minha. Vejamos alguns outros exemplos. No inicio da sessio, Anna se deita imediatamente ecomesa a falar (Anna tem vine € ses anos!) da mie que é muito frusrante; decd (anThe eigarros.e chocolate... Depois conta sons: rata um cavalo fque corre a beira de uma ribanceira.. correndo. ai. existe Ut prado verde... mas nao se machucs, no fica muito ranged. Ecguida.. num aquério ha peixinhos vermelhos (nda ais Pt anhas se sontios anteriores) que se aproximam do depuraior de gua do {al saem grandes bolhinhas.. Seguros por algum tmpo na m0. paciente men- Gionado, nesse meio tempo, representava mum sono este alaque € dlesorganizagao do continente; oirmio ~ parte psiitica~atacava ¢ ‘lesrura um recipiente com Agua misturada com aniparastrio que ts camponeses usavam para defender as vinhas), O“parasita” pod Sesim invadir-me e impedir que eu esteja disponfvelpara a paciente, invadida, por sua vez, pelas “procissionais aH : faa en ver que tomo conscienca de tudo iso, € etomada lacao com a paciente;€ este material, estritamentede transferéncia, ‘et material, estritament Se relagai te; € es Cheontrard também organizacio na historia de Mata, na qua sop tord revsado af do segue (no qual te que me, trabalha em residéncias de particulars, poss, emencontrs, ray muitos filhos) e onde se esclareceré também 0 citine pelas proc spas: os irmios nascidos em fila, um depois do outro, yue Ihe roubavam ‘ocontinente materno. : as o-parasita tinha feito esta longa viagem do paciente até mim; oe rire jaa, ares doo, mim 3 nos ly nas também & sua hist6ria e ao seu mundo interna sendo 0 “par a", naturalmente, também uma parte cindida de Marta, Comeca a sessio, se leslocan, ve colocam com wa 7 Pocisionais so lepddpterosnoturnos que, quando se desl tin continua: sto muito vorazes e produzem graves danas 20s oxaues 206 NASALA DE ANALISE Interpretag6es evacuadoras Este tema é bem discutido por Manfredi Turillazzi (1994a), 0 qual ressalta como a interpretagio possa ser uma atuagio. Gostaria aqui de fornecer um breve exemplo clinico, em vez de discutir 0 tema, ja conhecido. Marcella é uma paciente muito atenta; estamos num periodo em que também as suas partes mais sofredoras e primitivas estio entran- do em anilise, as cisoes esto sendo recuperadas, o irmao psicético 0 terapeuta do irmao, verdadeiros duplos da paciente e do analista, vivem jé na sesso. A um sonho, que talvez também toque algo de ‘meu do qual nao quero saber naquele momento, dou uma interpre- tacio superficial, “conhecida” demais, que teria funcionado anos antes, sem captar 0 quanto de vivo e de novo havia, depois procuro remediar. Na sesso seguinte, a paciente me conta com muito sofrimento um episédio ocorrido na escola: a colega que trabalha com ela precisou se auseritar repentinamente porque o menino que estava segurando de repente tinha feito cocd nas calcas. A paciente ficou sozinha ¢, sem que ela percebesse, uma menina muito pequena e perturbada comegoua baguncare a comer no seu prato, fazendo com que ela, por causa da sua aversio, ficasse impossibilitada de comer. No dia seguinte, na escola, bastou ver as duas criancas para sentir aversio de novo, a mesma que experimentara ao vir a sessio. Nao posso interpretar de outro modo, sendo que sentira a interpretacao do sontio como uma incapacidade minha de pensar suficientemente no que me dissera ¢ como um nao saber me conter; é l6gico que eu percebera depois, nas enquanto procurava remediar, como fizera a colega com omenino incontinente ela se encontrarasozinha, eassim, perto demais, néo suficientemente distinta da propria parte mais necessitada e perturbada. . Se olharmos numa ética de campo, naturalmente, existem mu os pontos em comum entre rupturas formais ¢ rupturas substan.

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