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| 91.0762 CIP Brasil. Catalogacio-nafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Bion, W. R. (Wilfred Ruprecht), 1897-1979 © aprender com a experiéncia/Wilfred R. Bion: tradugio Paulo Dias Corréa. — Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991 146p. (Série Analytica) ‘Traducio de: Learning from experience. Indice ISBN 8531201535, 1. Psicanilise. I. Titulo, Il. Série DD — 616.8917 CDU ~ 159.964.2 615.8511 4 W.R. BION * O APRENDER COM A EXPERIENCIA — Série Analytica — Diregiode _ JAYME SALOMAO ‘Tradugio de PAULO DIAS CORREA 6 IMAGO EDITORA. — Rio de Janeiro — CAPITULO QUINTO A funcao-alfa ndo se consolida 1. Examinamos agora a cisio incvitavel que se associa A re- lagio perturbada com o scio € substitutos. Do scio o bebé recebe Icite ¢ demais confortos humanos; também amor, compreensio ¢ consolo. Suponha o bloqucio a sua iniciati- va por temor a agressio sua ou de outrem, Se a emogio é muito intensa, inibe-he o impulso para accitaro sustento. Nobebé ounamie, ouemambos,oamormaisaumenta que diminui o bloqucio, em parte porque é inscparavel da inveja' do objeto que assim ama, em parte por sentir que desperta inveja ¢ citime num terceiro objeto exclui- do. A parte que 0 amor desempenha escapa a observa- ao, pois a inveja, a rivalidade ¢ 0 Gdio a encobrem, embora nao exista édio sem presenga de amor. A violén- cia da emogio impcle ao reforgo do bloqueio porque cla nao se diferencia da destrutividade, da culpa c depressio Subseqiientes. O pavor morte, por inanigdo, compele 40 reinicio da suc¢ao. Desenvolve-se a cisio entre a satis facdo material e psiquica. 2. Tao temidos o medo, o odio ¢ a inveja que surgem medidas para destruir a percepcio dos scntimentos, em- bora indistinguivel isto de exterminara vida? Se presente ee Para que emogdcs o subvertam, o sentido de idade forca o bebé a retomar o amamentarse, situa- -30— bh ts” gio que the estimula amor ¢ gratidio, ¢ a intolerancia pelt inveja ¢ Odio conduzem a cisio diversa da cfetivada para obstar a depressio, Difere da cisio em que, por im- pulsos sidicos, 0 bebé se sente compclido a nio reco- nhecer que cxiste 0 objeto vivo de que depende para os beneficios que, mais tarde na vida, sc chamam comodi- is. A inveja obriga-o a negar amor, com- io, experiéncia ¢ sensatez que o scio Ihe propicia € impede se desenvolva ¢ consolide a aco da fungio-alfa. Isto faz scio c bebé apenas concretos, sem representagio men- tal equivalente, culpabilidade ¢ medo seqiiente de suicidio € homicidio passado, atual ¢ iminente. O anseio por amor, compreensio ¢ desenvolvimento mental nao satisfcitos, deflete-se agora cm Ansia por comodidades materiais. Inten- sificados os desejos pelas comodidades materiais, 0 anelo Por amor continua insatisfcito, transformando-se em vora- cidade arrogante ¢ desregrada 3. A cisio, reforcada pela fome ¢ pavor a morte por inanigao de um lado e, de outro, pelo amor e medo 3 inve- ja cao 6dio homicidas juntos, produz um estado mental m que 0 paciente vorazmente se precipita sobre toda forma de comodidade material; é insaciavel e implacavel a.um tempo, na busca de saciedade. Em tal estado advin- do do impulso a livrar-se das complicagdes emocionais de perceber vida ¢ relacionamento com objetos vivos, 0 paciente scm poder de representagio mental equivalen- te, afigura-se incapaz de gratidio ou solicitude por sic os outros. Esse estado implica inexistir interesse pela verda- de. De vez que, sente, Ihe falta algo, semelhantes disposi- tivos no o livram das agruras, empenha em salvar-se sob forma de busca por objeto perdido que culmina em su- ii is comodidades materiais; a quan- bordinagio crescente tidade € motivagio dominante, nio a qualidade. Sente-se rodeado de objetos bizarros,’ de modo que, mesmo as co- ie y do aparctho, a fungio-all itiga tal pendria. Vorazmente ¢ apavorado, um pés ou- tro contata o elemento-beta, incapaz, a0 que parece, de alcangar atividade outra que no conviver sempre com clementos-beta, com a coneretude. Observar isto na ana- lise € sentir paciente que nao abandona sua busca de li- nha de ago que, imagina-se, por certo nao deixa de reconhecer como desesperante. As interpretagdcs, se 0 analista no Ihc acompanha a auséncia de repre- sentagdes mentais, parecem-Ihe mis, sem excecio, em- bora as requcira mais ¢ mais. Ele nio sente entanto recebé-as pois isto pressupéc capacidade de ter repre- sentagio mental do analista, relacio equivalente a infantil como scio, provedor de solicitude material ¢ amor. $6 al- canga todavia, apenas 0 correlato conereto do tipo de re- lacionamento cujo vinculo é 0 dos objetos inanimados; as interpretacées analiticas sio-Ihe ainda flatos (prodro- mos da abstragio a alcangar), nitidas contribuigdes do que apesar de nao serem vio chegar a ser. A circunstan- cia que o paciente nao tem, no contato consigo, capaci- dade para a abstracio, explica sua propensioa confundir ‘© contato com o inanimado diante da percepgao que, de fato, esta vivo.‘ Conquanto nfo sinta existam no ambien- te caracteristicas que alcance, no que toca as interpreta- ges do analista ¢ em sua auséncia de possibilidade para aprender com a experiéncia, por fim, pelo alcance do analista, atinge parte do sentido do que Ihe est sendo in- terpretado, NOTAS 1, Uso © termo “inveja” para referir geralmente os fendmenos descritos em pormenor por Melanie Klein, em Envy and Gra- =32- titude, traduride, para 0 portugucs sab 0 titulo Fontes do In- consciente € publicado por Zahar kditores, 1464, Rio. 2. Ver capitulo quarto, parigrafo 4, pag. 29. 3. W. R. Bion, ‘The Differentiation of Psychotic from nompsy- chotic Personalities”, Int. J. of Psycho-anatysts. 4. Ver capitulo sexto, parigrafo 2, pag. 35. —33-

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