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108. 107. 108. 109. 118. 114, 116. 116 120. 124 322, 128. 124 120. 127. 128. 8) Parte especial Ambito de aplicabilidade do regime especi taro de delimitacio. Exlusio das questées processuais. Exclusio das hipsteses de reti sorte. © ca: fundamento no art. 201, 1 © caso especial da preliminar de coisa julgada. Exclusio da ditécio. tegracho © mérito da causa eo tio da alteragio do pedide ou da A extensto dos efeitos do recurco como questio pertinente ao regime especi Conseqiénciat tigo 816. imitagko da aplicabilidade do ar- ‘Observacées de carter metodolégics. a 119, Revelia. Contumacia de litisconsorte ative. Perda de praze Excecées em intido: mater Atividade de instrugio. © 125. Conficeso. Desisténcia do direito © reconheclmento do pe- ido. ‘Transagio. Compromise na pendénela do processo. IREITO BRASILEIRO (VIGENTE) ui 129. Transito em julgado da sentenca, 130 a 182. Interpoticgo de recurso. 183 © 134. Extensso dos efeltos do recurso. 135, Desisténcia do recurso. 106. Incumbe-nos agora, A luz dos principios fixados, expor 0 regime a que devem obedecer, no litisconséreio unt- tario, as relacoes dos co-litigantes entre si e com a parte con- traria, quanto aos varios atos processuais isoladamente con- siderados. Antes, porém, cumpre delimitar com rigor 0 ambi- to da exposicao, isto é,'discriminar 0s atos no tocante aos quais cabe falar de um regime especial reclamado pela uni- tariedade do litisconsércio. © critério de distingao nao pode ser outro sendo o que assente na relevdincia ou irrelevdncia de cada ato segundo a perspectiva indicada pelo fim a que visa a lei. Como reitera- damente se tem posto em relevo, o fim € apenas 0 de asse- gurar a disciplina homogénea da situagao litigiosa em face sie todos os co-autores ou co-réus. Desse vonto-de-vista. nao hh que cogitar de um regime especial com relacfo a quaisquer atos que nao repercutam diretamente no sentido em que 0 Grgao judicial ha de pronunciar-se afinal, no teor da regra juridica concreta que ele vai editar para 6 caso. Sem divida, na regulamentacao de atos a tal respeito irrelevantes poderdo discernir-se, de outros angulos, peculia- ridades dignas de nota; mas o respectivo exame ultrapassa 05 lindes assinados & presente investigacao. Aqui sé nos in- teressam as caracteristicas vinculadas & obrigatoriedade da solugao uniforme. 107. Situam-se fora do territério demareado os proble- mas de ordem puramente processual, como os relativos & competéncia.! As pertinentes questdes podem ser suscita- das por qualquer dos litisconsortes ou resolvidas em face de qualquer deles, sem nenhuma singularidade decorrente da cireunstancia de ser unitério 0 consércio. Se houverem de ocorrer conseqiiéncias para todos, nao terdo elas como razao de ser a unitariedade, mas o simples fato da pluralidade de 10s Cf, quanto ao direlto austriaco, o no 28 supra, e af a nota 26, a8 LIMsconsércto UNTTARIO autores ou de réus, com os efeitos comuns que o ordenamento Ihe atribua no particular. A unitariedade, por si s6, nao exi- giria sequer que a situacdo litigiosa fosse regulada pelo mes- ‘mo juiz; a lei tem outros meios para evitar, se for 0 caso, que 6rgaos diversos se pronunciem contraditoriamente, e esses meios bastariam. Em separado, para cada um dos co-litigantes, hio de discutir-se e apreciar-se os chamados “pressupostos proces- suais” referentes as partes. De offcio ou mediante provoca- cdo controlara o juiz, em relacdo a cada qual, a existéncia de capacidade processual e a regularidade da representagao, de- terminando autonomamente as providéncias acaso cabivei A eventual anulag&o do processo, por motivo ligado a es: matéria, no concernente a algum dos litisconsortes unitérios, nenhuma repercussao tera quanto aos outros: a unitarieda- de tampouco postula a definicao do litigio, para todos os co- -interessados, na mesma sentenca, ou até no mesmo pro- cesso. 35 108. Por igual razo, 0 carater unitario do Utisconsér- cio, em prinefpio, nao constitui dbice a que, no curso do pro- cesso, algum dos co-autores ou co-réus se desligue da instan- cia, desde que a retirada ndo importe definigéo do litigio para aquele que se afasta voluntariamente ou se vé excluido. Pode isso acontecer: @) porque um dos litisconsortes ativos desista do pro- cesso, ou 0 autor desista do processo quanto a um dos litis- consortes passivos;!% 105 # claro que estamos aludindo a0 regime do Iitisconséreto 100 A desisténcia do direito (rectius: do pedido) ¢ a de: cla do recurso suscitam outra série de questdes e serao examinadas a seu tempo: v. infra, ns. 126 e 185, respectivamente DIREITO RASILEIRO (VIGENTE) 119 b) porque um dos Iitisconsortes passivos seja absolvido da instancia, ou o réu seja absolvido da instancia quanto a um dos litisconsortes ativos; ©) porque o autor seja dectarado carecedor da acdo em face de um dos co-réus, ou um dos co-autores seja declarado tal em face do réu. Em todas essas hipéteses,!"" 0 litigio detrard de ser resol- vido no tocante a um dos primitivas litisconsortes. A conse= qiiéncia, porém, nao é incompativel com o fim colimado pela lel, pois nao frustra, por si s6, a indispensdvel fixaco de uma a homogénea para a situacdo litigiosa, Cria-se, decerto, um problema: de impedir a quebra de tal homogeneidade na hipétese de, em processo distinto, vir a tornar-se possivel o julgamento do mérito em relagao ao igante que néo 0 tivera no feito anterior — por exemplo, © que desistira do processo volta a propor a aco, ou se 0 que fora absolvido da instancia se vé de novo demandado pela parte contréria. © exame do problema, incontestavel- tange & desisténcia do proceso (Klagecuriick- sm as notas 26 ¢ 27 20 .° 15; ‘nota 27. Quanto & absolvicao a, Coment., elt., t. TI, pags. 113, 123 (v. tambem t. 111, pag. 245), que'a sua decretasao em favor de ‘um dos litisconsortes ‘unitarios produz efeitos também para 0s outros, e pretende abonar-se com as opi Scuatibr; mas os trechos eltados desses a subjetiva dos efeitos da absolvicao da instancia, embora por, (pags. 411, 432) the escapasse impertinente alusio consérelo (ef. supra, n.° 68, nota 6). Cau Céd. de Proc. Civ., pag. 61, 180 Littsconséacto UNITARIO mente de grande interesse teérico e ndo menor relevan pratica, escapa no entanto ao alcance da presente investiga- cai imita a peculiaridades observaveis no processo 109. Dois casos merecem consideracao & parte. Um € 0 do art. 201, inciso II1, do Cédigo de Processo Civil. De acordo com doutrina muito autorizada,. nao se refere a lei, nesse passo, ao interesse processual, mas & propria pretensdo dedu- Zida em juizo pelo autor; por isso, nao obstante se haja i cluido a hipétese entre as de absolvicao da instancia, trata-se a rigor de um julgamento de mérito. Dai a notavel dade de efeitos, refletida na disposi¢so do art. 203, em con- fronto com as decisées fundadas nos outros incisos do art. 201. Em semelhante perspectiva, sendo unitario o litisconsér- ig, no se admite que, com base no art. 201, TIT, um tinico dos co-réus seja absolvido da instdneia, ou que o réu seja ab: vido da instancia em face de um tinico dos co-autores. ¥ al intuitivo que, se h4 nao s6 um mesmo e tinico fundamento e ‘um mesmo e tinico pedido, mas até um mesmo e tinico resul- tado pratico desejado pela totalidade dos litisconsortes ativos ‘ou em relacao a totalidade dos litisconsortes passivos, ndo pode © juiz conceber o interesse como ilicito ou imoral para uma parte dos co-litigantes, e como licito ou moral para os demais. A conviceao que ele forme a respeito é necessariamente una ¢ incindivel ‘Tem-se aqui, por conseguinte, caso especial de extensdo subjetiva de eficdcia. © requerimento de absolvicao da instan- cia pode ser formulado por um s6 (ou por alguns) dos co-réus, ‘ou em face de um 56 (ou de alguns) dos co-autores. Mas 0 érgio judicial, se se persuadir de que o requerimento é fun- dado, decretara a absolutio ab instantia de todos 0s co-réus, ou em relagao a todos 0s co-autores. 110, A segunda hipotese digna de exame em separado 6 liminar de coisa julgada, que o juiz tenha de enfrentar de oficio ou por provocacao da parte, quer sob a forma de ex- 108 Lisumax, nota 8 & pag. 254 do vol. IIT das 1 vena, ct. (a nota comeca na pag. 252); ALrRevo Bu2ai de petiedd, pags. 123-4, 122. de CH10~ ‘Do agravo DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 1st cecdo (art. 182, n? II), quer mediant Pode 0 érgao judicial, se unitario res iudicata apenas para um dos co- sivos? A deciséo que d4 pela existéncia de coisa julgada é me- ramente terminativa: extingue o proceso sem julgamento de mérito. 9 Se, todavia, a res iudicata se formara sobre anterior sentenga definitiva, 0 juiz, ao declard-la, reconhece que a argiiig&io posterior. ércio, declarar a ‘igantes ativos ou pas- 109 communis opinio na literatura patria a de que a alegabi- da coisa Julgada nao fica preclusa pelo decurso in all 10 para excepelonar, ¢ assim também ade que a0 drgao J tg conliecer ex officio da materia, V. por todos, .sobre ambos tos, Jose Frevenico Manaves, ob. clt,, vol. IT, pags. 150-60, © 'V. a demonstracdo da_tese, com extensas abonacoes dou- a ‘isprudeneials, em J. C. Barsosa MonzIRA, Questdes pre- judiciais ¢ coisa julgada, pags. 72-6. Nao interessa discutir aqui — por irtelevante na perspectiva ora adotada — se a decisio é pura~ mente processual ou pode subsumir-se no conceito de “caréneia de facdo", A resposta depende de considerar-se a existéncia de coisa jgada como “pressuposto processual” (negativo), ou como condigao (negativa) do legitimo exereiclo da aco, Entre plo, no primetro sentido, Lores pa Costa, ob. ci c : Cxiso Neves, Coniributedo “ao estudo da’ coisa julgada civil, pigs 492 e 505; AknUpa AtvEM, ob. cit,, vol, 1, pigs. 476-7; © no campo do processo penal Hizzo Toanacnr, "A relagdo processwal © Institulgoes de Proceso Penal, vol. 1, D&gs. 322, 323; Macuano GUnMARAES, “Precl,, ¢. julg,, efelto pre pag. 16, nota 29 (com referéncia #0 caso — que fexto —- de processos sucessivos com igual objet "Do despacho saneador como sentenca interlocutor! processo civtl, pags. 96, 99; Pzpno Pauto Cxtstorano, verbete Pres- Supostos processuats, in’ Rep, Encici. do Dir. Bras., vol. 39, pag. 126 Osellante Ltzowan: em a nota 1a pig. 67 do yoi. I das Instit, de Cmrovenpa, cit, classifica a colsa julgada como “pressuposto proces- : tao ensalo “O despacho saneador eo julgamento do mérito”, in Estudos sobre 0 processo civil brasileiro, pags. 139-40, Inelul ehtze as “condicoes da acao", a0 lado da. possibiiidade Juridica, do Interesse processual e da legitimacto, a “falta de fatos extintivos Sa acho, como a coisa julgada oe a perémpeao da acao consequente fa. tres absolvigdes da instancia” (sem grifo no original). Impossivel explicar numa simples nota as razées de nossa adesio a segundo entendimento, 1A ressalva é necessdria porque a prell respeito A coisa julgada sobre caréncla de_agdo: um dos co-réu= ‘a existencia de precedente decisio, transita em julead catae no sentido material, v. J. C. Bawzosa Monzins, Quest. prejud. ec. fulg,, cll, pags, 118-20, com abundantes referencias bibliogré— 182 LITIscONSORcIO UNTTARIO situacio controvertiveis. Ora, tal disciplina, ex hypothesi, tem de ser hhomogénea quanto a todos os litisconsortes ativos ou passivos; mas, Se 0 novo processo se extinguisse somente para um ou alguns deles, nada garantiria que afinal, no tocante aos de- mais, se Viesse a consagrar na sentenca regra juridica concre- ta de teor iguat ao da outra. © tinico meio de preexcluir esse intoleravel risco é 0 de © 3s do pronunciamento <1 Aqui, porém, nao é necessario falar em ‘va ‘de eficdcia da argilicao. Toca ao érgio ju- , declarar, se for 0 caso, a existéncia da coisa julgada em face de todos os litisconsortes. Suscitada que seja & questao por algum dos co-réus, 0 juiz, achando procedente a alegacao, acolherd a preliminar em relacéo a quem a tenha formulado’e, também de offcio, decretaré a extingao do pro- cesso inclusive no concernente aos outros litisconsortes passi- vos. Suscitada a questo pelo réu quanto a um dos co-autores, proceder-se-4 de forma andloga, mutatis mutandis. 111. Estranha a problemitica do litisconséreio unitério € ainda a questdo da integracéo do contraditério por tercei mediante determinacao judicial (Cédigo de Proceso Ci art. 91). Ea razao continua a ser fundamentalmente a mes” ma: a indispensabilidade da solugao uniforme do litigio nao gera por si a necessidade de participarem do processo os vé- Tios co-interessados. Sem embargo da autoridade com que ¢ feito, no con- vence 0 asserto de que a intervencao usu iudicis’ tem cabi- mento nas hipéteses de unitariedade." Dizer que “todo li- tisconséreio unitrio é, no Cédigo, litisconséreio de offcio” & formular proposicéo que nao se harmoniza com a realidade. 112 A conelusio n&o surpreendera quem tenha clara na mente a Jembranca da intima correlagao e da equivaléncia funcional entré litisconsorcio unitdrio e extensdo subjetiva da coisa fulgada: v., aci- Ponres pe Munanoa, Coment., clt., t. 1, pags. 99, 114, 115, 117, 123, 126. 0 lanco transerito entre aspas, no perlodo subseqiiente, esti na’ pag. 89. No mesmo sentido, F.. Lauria Tucer, ob. cit, pag. 138 e nota 403, ficas em a nota 91 (pag. 118), as quais se acrescentara: Macuavo Gunuanies, “Precl, c, julg, efeito precl.”, in Estudos, cit, pag. 15. DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 183 Veja-se 0 caso do Ministério Publico e dos co-legitimados segundo a lei civil, na aco de nulidade de casamento contra ‘os cOnjuges: entender-se-4 porventura que, ajuizada a de- manda s6 pelo Ministério Pblico, ou por um inico parente de qualquer dos cénjuges, haja o juiz de mandar integrar o coniraditério pelos outros’ co-legitimados? O absurdo da con- clusio poe a nu a falsidade da premissa. ‘Fugiriamos do roteiro tragado para esta pesquisa se ten tassemos resolver aqui o problema dos verdadeiros. pressi postos de incidéncia do art. 91. Quer cavel exclusivamente nas hipoteses de rio, 48 quer encontre aplicacao sob outras circunstancias, fina colsa, entretanto, € ceria: jamais consistira na unitarle dade do litisconsorcio, por si s6, a razdio de ser da intervenc&o fussu iudicis. & quanto basta dizer, no presente contexto, so- bre a matéria, 112, Do que ficou dito até aqui j4 se pode tirar uma indicagdo segura para o balizamento daquela que constitui, por exceléncia, a ‘rea de manifestagéo da problematica ati- hente ao regime do litisconséreio unitério. £, e nao podia deixar de ser, o campo do meritum causae, 0 terreno em que se inscrevem os comportamentos e questées suscetiveis de in- fluir diretamente no modo por que se vai resolver a lide, no teor da regra juridica concreta a que hé de submeter-se a situagao litigiosa.17 . Pressupoe-se, naturalmente, a subsisténcia, ao longo de de pedido ¢ de causa petendi em relagao a todos os co-litigantes. Fora desse pres- ‘suposto, j néo hé que falar em litisconsorcio unitario."® A 7 Que o préprio Poxtns ne Mana arrola entre os exemplos oniatelo unitario: ¥. Pag. Li? da obra e tomo cit. em a nota Doutrina prevalecente: v,, entre outros, Bartsrs Manznva ment, ele, VOLT, pag. 394; Jost Pamsmerco Makaues, ob. cit, vol. SP" pige! $8801°218: ‘Ancinat, Siteros, ob. elt, vol. 2, pag 20; Gur i ria! Gauacon ‘vz Passes, Do Ttise $01; Chumno Naves, mpulso pro- is, 30.80 Fete exDEeS- "ro, pags. 136 © ‘segs. como se registrou, frisa energicamente © ponto: ¥., supra, n2 18 ¢, te Gt acima, no 74. 194 LITISCONSORCIO UNITARIO alteragdo eventual do pedido ou da causa petendi por um Unico (ou por alguns) dos co-autores, ou em face de um tni- rio 0 consércio nfo obsta a que algum dos co-autores, sozinho, tome a inciativa da alteracdo, nem a que o autor a tome unicamente diante de um dos co-réus; tampouco obsta a que algum dos co-réus, sozinho, consinta na alteracao, quer o autor a tenha pleiteado s6 em face dele, quer em face de to- dos os co-réus.# Consumada a alterac&o, desliga-se do litis- conséreio unitdrio 0 co-autor ou 0 co-réu no tocante ao qual se haja alterado o pedido ou a causa petendi1” Resta enumerar os itens que efetivamente interessam ao nosso estudo. O art. 90 56 alude revelia e perda de prazo; ter-se- de ver em que medida tais comportamentos se rela- cionam com a unitariedade. A problemdtica, contudo, é obviamente mais extensa, e hé de comportar tépicos r tes @ certas alegacoes das partes, a atividade instrut aos chamados “atos dispositivo: influir quer no sentido de eristalizar em termos definitivos a solugdo dada ao litigio pela sentenca, quer no sentido de evi- tar, a0 contrario, essa cristalizacio nomeadamente a terposicaio de recurso. Para este tiltimo t6pico, ha a expressa do art. 816; até aqui, porém, nao se justificou de modo cabal a pertinéncia da matéria A tematica da unita~ riedade. 8 chegado 0 momento de fazé-lo. lade da alteracéo pode e deve ser examinada de outros pontos-de-vista. O que se ressalta no texto € que ela ndo poe em perigo a uniformidade da decisao tal como @ Yel quer preservd-ta: simplesmente torna sem sentido a propria ques- tio da uniformidade, No preceito do art. 91, 2" alinea, fine, do Co- digo tcheco-eslovaco de 1963, a exigéncia do’ consentimento unanime isconsortes para a alteracso do pedido ou se inspira noutra ou seria de lege ferenda injustificavel; de qualquer sorte, des- toa do contexto. 0” Lent, Die notwend. u. die ves. Str. Gen., cit, pig. 67-8. 21 A rigor, em sistema juridico coma o nosso, que adota 0 do Huré convencimenio do juiz (Cédigo de Proceso Ci art, 118), 05 atos probaté io por isso mesmo co Portamentos determinanées, nao devem ser tratados em pé de Igual— dade com 0s outros mencionados no texto. A comodidade da expo- sico ¢ que justifica a nossa opedo de versar em conjunto com a matéria testante a concernente & prova; teremos ocasiio de ver! flear, porém, que a esta nao se aplica, sic ef simpliciter, 0 principio gerai enunelado no item n° 104, supra: v. abalxo, n° 133. 19 Claro esté que a admi DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 185 113. A norma do art. 816 s6 pode ser corretamente in- terpretada A luz da respectiva ratio. Sdo de pouca ajuda, aqui, 08 dados histéricos ¢ de direito comparado: o legislador, no Brasil e alhures, 4 mingua de uma compreenséo mais clara do problema, tem usado quase sempre formulas imprecisas e inadequadas, ora mais amplas, ora mais restritas do que seria razoavel. O eritério decisivo ha de ser o teleoldgico. A que fim se visa, na verdade, quando se estendem aos Ii- tisconsortes B e C os efeitos do recurso interposto por A? Evi- dentemente, visa-se a submeter B e C ao mesmo resultado que vai defiuir do julgamento do recurso de A. Mas esse proposito 86 pode achar explicacao na necessidade, que se sente, de evi- tar a duatidade de regulamentagoes acerca da matéria versada no recurso, Em outras palavras: na conviccso da impossibili- dade de permitir-se que a situacdo litigiosa viesse eventual- mente a teceber, para 4, disciplina diversa da aplicavel a Be a C. Significa isso que nao se concebe sendo como wniforme a sohigao do litigio em face de 4, de B e de C. Ou — o que 60 mestno — que o litisconsércio entre A, B © C é unitarto, 7 O objetivo da lei no pode ser pura e simplesmente o de assegurar a presenca, no procedimento recursal, de todas as pessoas que obrigatoriamente demandam ou sao demandadas em conjunto. 'O recurso de um dos litisconsortes, mesmo 122 J& Barista Martins, Recursos ¢ processos da competéncia origindria dos tribunais, pag. 187, e De PiAcino & Stuva, Comentarios do Cédigo de Proceso Civil, vol. V, pag. 108, tiveram a intuigio, mal elaborada, da coextensio entre as’dreas de’ ineidénela do art. 816 & do art. 9); nao distingulam, porém, a figura neste definida como ‘auténoma em face do litisconsérelo necessario. JoRor Laravirre PINTO Guneanits, verbete Contumdcia, in Rep. Encicl, do Dir. Bras,, vol. 13, pag. $2, assinala que 0 art. 616'se inspira no “mesmo principio” que © art. 90. No sentido do texto, decididamente, Amanat, SANTOS, Ob. was chega perto da verdade na frase “a solucao 56 pode ser uma'para todos". Formulacdo aprox! mada em Piro po Amanat, Cédigo de Processo Civil brasiletro co mentado, vol. V, pag. 19. Versdramos 0 ponto, anterlormente, em ise. e seu dupto regime, eit., n'5, ¢ no verbete Re- in Rep. Encicl, do’ Dir. Bras., vol. 45, pag. 119, nota 43. 188 Lirisconséxcto Unrrinto necessdrios, pode agitar questdes que nada tenham que ver com a situacao juridica dos outros co-autores ou co-réus. Ve-~ jamos um exemplo. X propée acéo redibltéria contra Y e Z, que Ihe venderam a coisa comum. O pedido é julgado pro- cedente; a sentenca, além de redibir o contrato, condena os co-réus — litisconsortes passivos necessdrios — 2b restitulcio do valor recebido e das despesas do contrato, e apenas Y, por- que teria conhecido o vicio, ao ressarcimento de perdas e danos (Codigo Civil, art. 1.103). ¥ recorre sozinho, unica- mente quanto a este capitulo, procurando demonstrar que igncrava 0 defeito e pleiteando a excluséo da ultima verba. Como imaginar que tal recurso aproveite a Z? Qualquer que seja o resultado do julgamento de segunda insténcia, € claro que a situacao juridica de Z permaneceré exatamente igual & que seria sem a impugnacéo.™ © alcance do art. 816 ndo ultrapassa, por outro lado, © Ambito do litisconséreio unitério. Nao ha extensdo de efei- 123 Como pressupSem, as vezes implicitamente, os eseritores que fazem cotcidir o Amblto de aplicabilidade do art. 816 com 0 ferritorio ocupado pelo litiscons6relo necessdrio: assim, v. g., Can VarHo Santos, COdivo de Processo Civil Brasileiro interpretado, vol. Jonce AMEnicano, ob. clt,, vol. IV, pag. 16, em termos IT, pags. 241-2, onde 0 autor = goneebide como espé idencia do art. 816) HN Gonforme se mostiou om o n.2 88, supra, o ltlsconagrele assivo, nesoe ease, & parclalmente unitdrlo: © jue no poderia, papa, ag, cn, © paraimente tert, © I Sao, pele 8 setehde gue agora se trate no texto, porém, © sobre a qual versa Pare ce, We vi ndo extsle uillariedade. V. ein nosso art. 0 titisc. ¢ Gulros exemplos de impossivel“apro~ iconsortes. necessdrios, do. resrs0. que ‘omtta. Do oxposto resulta equivocaren-s6 também 0s ro- ess ue conquanto nio restrinjum ao hiisconsorelo necessario Stateneto de ofeltos do recurso, todavia supdem que nesse campo se produsa somipre: assim Srasia Paouwmes, Dov recursos ordinarios SSulmataria Civil pags 160-2; Ovmoy 0g AxDsAve, Comentarios do. Co BLE gob tx pace: 148-00. Conde parece exclulr-ae a erertge apenas uno iitisconsekce propriamente faeullativo, por stm= fies atinidade de questoes); talvea, também, Portas pe Musson, CO- Jnend elt. XY, pags. 08, 165, que houtros passos, contudo, se aproxi- ha'dd pediedg atdtestaae no texto, ota Telacionande a oxtenséo com @ Fihurede ihalvidua’ da res (pag: 101), ora,-mais nitdamente, com & DIREITO BRASILEIRO. (VIGENTE) 187 tos quando a situacdo jurfdiea litigiosa sé acidentatmente tenha sido disciplinada de modo homogéneo para a totalida- de dos co-autores, ou dos co-réus, sem que estivesse de ante- mao exclufda a hipétese de regulamentacao heterogénea. Uma. vez que a coexisténcia de decisdes divergentes era pratica- mente concebivel, inexiste razéo para que se precise afastar, com 0 expediente da extensdo de efeitos, a possibilidade dé quebra, apés 0 julgamento na instancia superior, da uni- formidade por acaso verificada. Sobrevira, no méximo, con- tradic&o légica,* mas nunca — e s6 esta importaria — con- tradicéo pratica de julgados. 125 Ao contrario do que parece a CaLmow pr Passos, Do litise. pags. 66-7, para quem a extensio dos efeitos do recurso opera ein todos os casos de unitariedade e mais fe, em relaco ao inieo recorrente, o éreéo ag quem afir- mar alguma’ racio de decidir nepada pelo Orgae a glo, ou vice-versa, fe tal razao for comum aos outros litiseonsortes. V... A ¢ B, vitimas do mesmo acidente, demandam perdas e danos em face do suposto causador C; a decisio de primeizo grau rejeita ambos os. pedidos, considerando insuficlente a prova da relacdo de causalidade, A re- corre sozinho, € 0 tribunal, reputando provada a causalidade, refor- ma a sentenga para condenar C20 pagamento da indenizacao. O recurso de 4 em nada aprovelta a 8, para quem transitou em julgado a deciso da instaneia inferior. O ‘conflito 6 86 ldgico, nos funda- ‘ético, entretanto, nenhuma dificuldade de ¢ ter'de pagar a’ 4 e nfo ter de pagar a-B. Sobre a Irrelevincia dos aspectos puramente logicos para & caracterizaeao da unitariedade do litisconséreio, v. acima, ns. 13 e, principalmente, #4, Indispensivel uniformidade da sentenca (pég. 102) — que nem sem- r de modo cabal porque a extensao pre ocorre no proceso obrigatoriamente Ii por outro lado, ni ‘male dar-se em hipoteses quer de eonséreio necessatlo (nde, porém, forcosamente er se limitam a criticar o art, 816 por nao ter indicado com clareza © pressuposto da. extensio: cumpre ao interprete superar” as Culdades suseltadas pela Imperfeicio da formula e revelar 0 con- tefido mal expresso da regra juridica 188 Litisconséxcio UNrTiRIO 114. O exposto no item anterior sugere um que em regra tem descurado @ doutrina, para a di Gao dos recursos cuja interposi¢ao produz efeitos quanto aos collitigantes omissos. Se tal extensdo de eficdcia é restrita & Area do litisconsércio unitario ¢ s6 se justifica como meio de evitar a quebra de homogeneidade na disciplina da situa 40 litigiosa, nada explicaria que operasse quando 0 objeto io recurso, é portanto o resultado do julgamento na instancia superior, nao interesse diretamente a formulacio da norma jutidica’ conereta a que deve submeter-se aquela situacao. a-se dai que o recurso interposto por um (ou alguns) isconsortes unitarios € eficaz para os restantes: dos @) quando a impugnacdo versa matéria pertinente ao mérito da causa. Exemplo: na agao proposta pelos s6 4, Be C para anular deliberacéo da assembléia social gado improcedente 0 pedido, a apelacdo de A devolve ao 6r- go ad quem o conhecimento em relaco também a Be C; b) quando a impugnacao versa matéria que, estranha ao mérito, se sujeile contudo, excepeionalmente, ao regime especial do litisconsorcio, por sua repercussdo na disciplina Ga situagdo litigiosa, Exemplo: na acio proposta contra A, Be C para anular contrato em que sao figurantes, rejeitan” do 0 juiz excegéo de coisa julgada oferecida por A (ou por ‘Ae B, ou pelos trés) 0 agiavo no auto do processo, que A sozinho interponha, surte efeitos igualmente para Be C.% Fora desses casos, nfo incide 0 art. 816. Destarte, v.9., nenhuma conseqiiéncia — a nao ser de ordem exclusiva mente procedimental — tem para os outros litisconsortes, mesmo unitarios, a interposi¢ao, por um ou por alguns, de agravo de instrumento com base no art. 842, ns. I, II, VI, etc.; ou de agravo de peticio contra a decisdo que absolved © réu da instancia com fundamento no art. 201, n° V; © assim por diante. 115. Antes de passarmos, enfim, a examinar uma por uma as questdes relevantes na perspectiva j4 explicada, vem a ponto algumas observacdes de carater metodolégico. Se- 27 Néo poderia o tribunal, na verdade, prover o recurso para. declarar apenas quanto ao agravante a existéneia da res iudicata Sem por em isco, de imediato, a imprescindivel homogenetdade da regulamentacio: v., supra, n.° 110, DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 189 gundo ficou bem claro a luz das precedentes consideracées, ‘6s problemas que havemos de tentar resolver concernem:"# a) aos comportamentos determinantes adotados por um ou por alguns dos litisconsortes unitarios, ativos ou passi- vos; 2) aos comportamentos determinantes assumidos pela parte contraria em face de um ou de alguns dos litiscon- sortes unitarios; ©) a0 comportamento alternativo representado pela in- terposigao de recurso, dentro dos limites postos no item an- terior. No desenvolvimento da tematica condensada sub a ¢ sub b, consistira essencialmente a nossa tarefa na aplicacao, ‘a cada item, do principio geral enunciado em o n° 104. Nessa éptica, simplifica-se de maneira notavel a solugao das difi- culdades porventura oriundas da divergéncia entre os com- portamentos dos co-autores ou dos co-réus. Nos sistemas furfdicos em que a diretriz fundamental 6 a da indiscrimi- nada extensio subjetiva de eficécia, ou tém de aceitar-se, no rigor da logica, conseqiiéncias praticas de manifesta. in- conveniéncia,* ou’ procura-se impedir que ocorram median- 338 Com a ressalva da nota 121 a0 n° 112, acima, 29 Nao apenas passives, como insinuam os autores eitados na fra parte da nota 22.20 n° 71. Cf. os ns. 95 € segs, onde se jencia ‘que também. no lado ativo se manifesta a problematica da unitariedade. ssim, no direito austriaco (Z. P. 0., § 14, 28 parte) Thungaro de 1011 (& 80, com a excecao da 1 ho teheco-eslovaco de 1963 (art. 91, 2° alinea, com a ressalva da parte), no sistema do Cédigo baiano (art. 9¢ 151" Pense-se, por exemplo, nos vaivéns que pode proyocar, na Austria, a eventual sucesso de manifestacdes contraditorias "por parte dos diversos co-litigantes, cada uma das quai Fevogacko da anterior, sempre pela mesma pessoa formada pelo conjunto dos litiseonsortes: cf, supra, n® 29, Ja preelusao, € claro que a siuacdo ‘do proceso fica fr repetidamente de um extremo a outro, como enlou- a magnética.,. Eo prevalecimento final desta ou da- stacao resultaré de cireunstancia intelramente fortuita, dual a de ter o litigante que a faca chegado depois dos seus consortes, Favorecems ive, manobras escusas: querendo algum sobre- por o seu particular intéresse ao dos co-autores ou co-réus, basta-Ihe fiear a espreita até 0 derradelro instante do prazo e manifestar-se por Ultimo: o seu pronunciamento inutilizara todos os anteriorest 190 LITISCONSéRCIO UNETiRIO te a abertura casufstica de excecdes A regra. A construgdo por nés alvitrada para o direito brasileiro preexclui esse ve- xatério dilema.1? Na subseqliente exposicéio, pois, no seré necessdrio que nos preocupemos a todo instante com a possivel duatidade de comportamentos, considerando simultaneamente o com- portamento determinante adotado por um (ou alguns) dos litisconsortes, ou pela parte contraria sé em face de um (ou alguns) deles, e também o comportamento alternative ado- tado pelos outros, ou em face dos outros. A negacdo de efi- edcia ao comportamento determinante ngo uniforme basta- ré, em regra, pata dar solucdo pratica as questdes que se apresentem. Outro tera de ser o método no tratamento da proble- mitica relativa a c, onde pode até ocorrer divergéncia entre os dois ou mais co-litigantes que manifestem 0 comporta- mento alternativo — v.g., se contra a mesma decisao inter- Poe 0 litisconsorte Cato certo recurso, enquanto o litiscon- sorte Ticio interpoe recurso diferente. Essa e outras dificul- dades serao a seu tempo enfrentadas. 116. Comecemos, entao, pela revelia, o primeiro fato a que a lei se refere no presente contexto. De inicio vale observar que a atencéo especial do legislador patrio de 1939 para a questdo ligada A possibilidade de deixar de defender- -se apenas uma parte dos litisconsortes, em sendo impres- cindivel a solucdo uniforme do litigio, patece até certo ponto ecoar fora de propésito, aqui, uma ordem de preocupacdes 86 inteiramente justificdvel no quadro de sistemas jurfdicos informados, no particular, por prineipios diferentes dos nossos. No direito aleméo, v.g., é muito natural que se haja de tratar com extremo cuidado, no litisconséreio unitario, a contumacia de algum (ou alguns) dos co-litigantes: € que 432 B estranhavel que autores como Arowso Frasca, Instituicées do proceso civil do Brasil, t. IL, pags. 86-7; Gabrist pe Resexpe Frum ob."clt,, vol. I, pag. 202; Loves pa Costa, ob. eit. vol. I, pag. al ANanat/ Santos, ob. clt., vol. I, pég. 19, recorram a0 conceito auistria~ co de “parte unica” —' do qual néo se acha trago no vigente Codigo patrio —, € ainda por cima o relacionem (salvo © ultimo) com o litisconséreio necessdrio — 0 que nao seria exato sequer A luz da Z. P.O. de 1895! DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) at 14, como se anotou no lugar proprio, ela conduz de ordi- nério ao julgamento do mérito a favor da parte adversa. O mesmo no se verifica, sendo em casos particulares, 4 no or- denamento brasileiro. > Por outro lado, gera a revelia, entre nés, conseqiiéncias diversas que nenhuma relacio tém com a eventual homo- geneidade ou heterogeneidade da decisio da causa. Assim, Por exemplo, 0 decurso dos prazos processuais contra o revel, independentemente de intimagao ou notificacdo (Cédigo de Proceso Civil, art. 34, caput, fine), e a obrigatoriedade da intervencao do representante judicial de ausentes, ou, & sua falta, da nomeacao de curador a lide, quando preso’o réu, ‘ou quando citado por edital ou com hora certa (arts. 80, § 1°, b, © 174). Impende, portanto, verificar em que medida, no sistema vigente, deve a revelia ser reconhecida como compor- tamento determinante.% Apenas nessa medida — visto que, segundo j& por varias vezes se acentuou, a observancia do regime especial ndo hé de exceder os limites de sua ratio — € que se lhe aplicaré o principio geral oportunamente for- mulado.5? . 117. Em primeiro lugar, como é natural, merecem con- sideracéio aqui os casos em que a revelia, importando reconhe- cimento tacito do pedido, acarreta necessariamente, de meri- 188° Supra, no 11 | 334 So aqueles em que a revelia importa reconhecimento té- cito do pedido: v. nosso verbete Reconhec. do ped., cit, n° 7, . 185) ‘Correta_a. intuledo. de Guiuwtenur Esretrea, ‘ob. clt, ag 368, aludindo a “representacao” dos reveis pelos comparecentes. "6 de Supor mesmo que o principio da lei alema tenha um sentido tod articular a legislacao donde'o haurimos, atenda a uma necessidade fue Ihe € peculiar, sendo, por isso, para nos, nao indispensavel”. 136 “No sentido explicado aciina, n° 95, isto 6: no de compor- tamento a que a lel atribui influencia decisiva no desfeeno do pleito, 137 ‘Supra, 0.2 104, fine. A lux do exposto, relutariamos em subserever sfirmacées demasiado genérleas, encontradigas na dou- trina, como a de que a revelia ndo produz efeitos desde que um unico reu conteste, ou estoutra, equivalente, de que so ha revelta quando todos os réus se abstenham de oferecer defesa: assim, v. 9. PONTES De Mimanba, Coment, cit. t. If, pags. 111, 112, 122, Lorgs oa Costa, ©. cit, vol. 1, pag. 413 (com referencia, ‘a0 ‘itiseonsbrelo. ne Cessdrid, despropositada Invocagéo do conccito de “parte unica” adotado pela Z- P. O. austriaca e pela let baiana) ; Guriaannte. BSTE- Lita, ob. ‘cit, pags. 468-9 (também aludindo ao litisconsorcio neces Sdrio, visto ai como género de que o unitatlo seria espécie); CaLMoN 192 LaTisconséRcio UNTTARIO tis, 158 soluc&o favordvel ao autor. Nesses casos, 0 n&o ofere- cimento de defesa representa, sem divida, comportamento omissivo determinante. Normalmente, 0 fato de permanecer revel um dos litis- consortes passivos, ou alguns deles, levaria 0 érgao judicial a julgar procedente 0 pedido em face do que nao contestou, ou ‘dos que nao contestaram; quanto ao(s) restante(s), a causa seria decidida mediante a livre valoracao dos elementos pro- batérios constantes dos autos, resultando dai, talvez, pronun- ciamento divergente do emitido para o revel ou os revéis Poderiam ocorrer, destarte, a procedéncia do pedido em rela- sao a uma parte dos co-réus e a improcedéncia em relacéo a outra parte. E nada obsta a semelhante eventualidade se co- mum 6 litiseonséreio. Havendo unitariedade, contudo, a solugao tem de ser di- versa. Aplica-se o principio de que o comportamento deter- minante nao produz seus efeitos tipicos senao quando mani- festado pela totalidade dos litisconsortes. Por conseguinte, 138 Nas hipéteses de que se trata, é fora de’ divida que, ainda abstendo-se o réu de contestar, o julz examinaré de oficlo, como Ihe cumpre, a existenela dos chamados pressupostos processuais ¢ das condigses de legitimo exercicio da acdo, e eventualmente anulara jararé 0 autor carecedor de aco. Escreve AurRrvo FRomslogan se wertien ave nao cone Orjule nao julga Drovedente 0 pe x Postado autor que se tem por" accite”. Ao nosso ver, nao ha dife= Fonea apreciavel entre ulgae procedente 0 peaido 6 homologar a proposta do autor: 0 mesmo iaista, slits, redonbeee loge em segu Gigue, “do ponto-dervista da validade eda eficacla, sto Idéntiens a"schtenea que Julga procedente.a acto e-a.que homologa & provosia tos. todos esses requisites. be Passos, Da rev. do dem., cit. pag. 64; R. Lauaia Tucct, ob. ‘pag. 136, # sempre oportund lenibrar, na interpretacao do art. 9 justa adverténcla de Wisczorsx, ob. cit, vol. T, parte T, pag. ai 62 da Z. P."0. alem: Streitgenossenschast “Die besonderen_ Wirkungen der notwendige) sind aup ihren Zweck deschrankt (Os ef sp jor seu fim)” (grifado no or! wiamente, no sentido improp? habituaimente aposta ao dispositive) . DIREITO BRASILEIRO (VICENTE) 193 mesmo quanto a0(s) réu(s) que nao se tenha(m) defendido, essa para o juiz a necessidade de dar ganho de causa ao au- tor. A sentenca definitiva, obrigatoriamente uniforme, aco- Iher4 ou rejeitaré o pedido, de acordo com a conviceso que haja formado, valorando livremente as provas, o érgao judi- cial. Assim, por exemplo, na acio renovatéria de contrato de locacéo, 86 incide o art. 354 se todos os co-locadores, litiscon- sortes passivos, ficam revéls; basta que um conteste para que 14 mo possa o juiz limitar-se a homologar, em face de qual- ‘quer dos co-réus, a proposta do autor. 118. Menos dbvia é a soluco nas hipéteses em que a revelia produz 0 efeito normal de simplificar o procedimento, autorizando 0 juiz a desde logo julgar a causa, sem todavia fazer obrigatéria, no mérito, a vitéria do autor. 3 Ao nosso ntretanto, aqui também s6 quando fiquem revéls todos isconsortes passivos é que se deve proferir de imediato a sentenca. hat Realmente: se assim nio fosse, teria o érgio judicial de cindir o julgamento, decidindo logo 0 litigio, no tocante 20(s) réu(s) que nao oferecesse(m) defesa, uma vez esgotado o prazo da contestacdo, e aguardando, quanto ao(s) outro(s), que a instrucao se completasse segundo o rito adequado, Ora, conquanto a revelia ndo predetermine o contetido da decisiio, € por conseguinte subsista a possibilidade de coincidirem, afi- nal, os pronunciamentos emitidos em face do re revéis) e em face do(s) comparecente(s), torna-se te possivel, por outro: lado, que o juiz, & luz dos elementos caso ministrados pela regular atividade instrutdria, venha a formar convicedo diferente da que Ihe resultara do simples exame da inicial e documentos apresentados pelo autor, e de acordo com a qual sentenciara em relagdo aos revéis. Basta a consideracdo de tal eventualidade para que se deva preexcluir o julgamento antecipado da lide no concer- nente apenas a uma parte dos litisconsortes passivos: cumpre evitar a todo custo o risco de quebra da uniformidade." Alias, 339 Por exemplo: Cédigo de Processo 4 contrario sensu; 316, @ contrario sensu; 383, Paragrafo ‘nico; ‘ete. arts. 303, § 19; 370, ‘contrarto'sensu; 710, forme o estado dos autos” quanto acs omissos: ¥,, supra, 194 Limisconséacto UNrTARIO nenhuma vantagem ofereceria, af, a antecipacdo: nem mes- mo a da economia processual,’jé que, de qualquer maneira, © processo teria de prosseguir em seus tramites normais com 0(s) co-réu(s) atuante(s). 119. Produzem-se regularmente, ao nosso ver, os outros efeitos da revelia, quanto ao litisconsorte passivo que nao apresente defesa.’Nenhum deles poe em riseo a indispensé- vel homogencidade da solugao do litigio; ficam, por isso, fora do Ambito de incidéncia do regime especial. Assim: @) para o revel (ou os revéis) correm os prazos indepen- dentemente de intimagao ou notifieagao (Cédigo de Processo Civil, art. 34, fine) b) se a citacao do revel (ou dos revéis) foi feita por edi- tal ou com hora certa, ou se estiver(em) preso(s), interviré © representante judicial de ausentes ou, onde no o haja, no- mear-lhe(s)-4 0 juiz curador a lide (arts. 80, § 19, b, e 174); ¢) se o revel (ou os Tevéis) néo havia(m) sido citado(s) para 0 proceso de conhecimento, ou a citacao fora nula, po- ‘de(m) embargar a execugao no que lhe(s) diga respeito’ (ar- tigo 1.010, n° 1). Esta Ultima hipotese merece considerac&o especial. Aco- Mhidos que sejam os embargos do revel (ou dos revéis), anula- -se em relago a ele(s) 0 processo de conhecimento, inclusive ‘a sentenca condenatéria que o encerrou. Subsiste a sentenca em face do(s) outro(s),, contra os quais a execucao prossegue normalmente, salvo impossibilidade ligada a alguma causa particular. Isso significa que o litigio teré sido solvido para. uma parte dos litisconsortes e permanecido sem solugao (va~ lida) para outra parte — o que no quebranta o principio da necessaria uniformidade; este reclama, com efeito, que 0 julgamento seja homogéneo para todos os co-interessados que a ele se submetam, mas nao reclama, consoante diversas ve- zes ja se acentuou, que todos os co-interessados efetivamente se submetam ao mesmo julgamento. Problema distinto, que porém nao comporta exame nesta sede, seria o de saber se, em se tratando de sentenga passada em julgado, a auctoritas 11 A consegiténela nio_é incompativel com 0 disposto no ar~ tigo 90 sobre a “representagio” do(s) que perde(m) prazo_pelo(s) Ouitro(s) Htiseonsorte(s). V., a respeito da interpretagdo dessa regra, on? 121, infra. : } | | | DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 195, rei iudicatae subsistiria, apesar dos embargos, quanto a0(s) outro(s) executado(s), € se estenderia ao(s) embargante(s) vitorioso(s), niio obstante a invalidagio, em face deste(s), do processo’e da sentenga. 4? 120. A contumécia de algum dos co-autores nfo susci- ta problema especifico na perspectiva da unitariedade. Em nosso sistema, a0 contrério do que noutros se da," 0 nao- -comparecimento do demandante é insuscetivel de influir no teor da solugao do litigio. Pode dar lugar ao encerramento do processo sem julgamento de mérito (por exemplo: por absolvicéo da instncia, nos termos do art. 201, n° V, do Cédigo de Processo Civil); mas o litisconséreio unitArio ‘ndo € incompativel com a defini¢éo da lide s6 quanto a uma parte dos. litisconsortes. J& se versou em oportunidade anterior a questiio da absolutio ab instantia do réu em relacéo a um (ou a alguns) dos co-litigantes ativos unitérios."# Continua 0 processo com 0(s) restante(s) co-autor(es), em face de quem sera eventualmente proferida, afinal, a sentenca definitiva. Quan- to a saber se se estende Aquele(s) que se vira(m) desligado(s) do feito, por forca da absolvigao da instancia, a autoridade de colsa Juigada de que venha a’revestir-se a decisiio de mérito, € problema que nao comporta exame nesta sede. 121. Logo apés-a meng@o & revelia, alude o art. 90 & ipétese de perder (em) algum prazo qualquer (ou quaisquer) dos litisconsortes unitarios. A luz da ratio da norma, tem-se de entender 0 “prazo” ai referido como prazo euja perda — isto é, cujo transcurso nao aproveitado — represente compor- tamento determinante, repercuta na definic¢ao do litigio.™ 442 A questo, parecida com a que se formulou acima em 0 ne 108, fine, pode agul ser considerada académica, até porque seré extremamente rara a ocorréncia de litisconsdrelo’ passive ‘unitario em processo de agdo condenatéria. 143. V. g,, no alemo © mo austriaco: ef. supra, ns. 17 € 30, res- pectivamenie. 44 Acima, n? 108, 45 No caso excepeional da preliminar de coisa julgada, cuja solugéo interessa a unitariedade apesar de nao conceralr ao taérito (y. supra, n® 110), ndo ha que cogitar de prazo passivel de perda: cf. a obsérvacdo féita aliem a nota 109. LrTIsconsOncio UNrTén1o Vem & mente, de imediato, 0 prazo da contestacio, nos processos em que 0 ndo oferecimento de defesa acarreta ne- cessariamente a derrota, e 0 prazo de interposi¢o de recur- so sobre matéria que interesse diretamente a disciplina da situagio litigiosa. A perda do primeiro, contudo, ja se refe- rira 0 dispositivo legal ao falar dos litisconsortes revéis; a do segundo gera problema especificamente disciplinado alhures (art. 816). Nao deve o intérprete, por conseguinte — sob pena de imputar A lel escandaloso dispéndio de palavras su- pérfluas —, relacionar com esses dois prazos a clausula do art. 90.1 io procedimento ordinario de primeiro grau, todavia, iste outro cuja perda determine o teor da solugdo que se ao litigio, A regra do art, 90, nessa parte, s6 encontrar aplicacao, pois, nas hipéteses porventura identificaveis em algum procedimento especial. Bla incidiré todas as vezes que a lei atribua ao decurso in albis de prazo diverso do fixado para a contestacio ou para a interposicao de recurso o efeito de influir no contetido do pronunciamento judicial definitivo.* Fiearé pre-excluido esse efeito tipico, assim no caso de ter algum (ou alguns) dos litisconsortes unitdrios perdido o pra- z0, como no de télo perdido a parte adversa em relagao a algum (ou alguns) dos litisconsortes unitarios, se se tratava 346 Pode aplicar-se aos prazos fixados em lei para 0 preparo de recurso @ cldusula ora sob exame: se um ow alguns dos litiscon- sortes recorrentes deixa(m) de observi-lo, normalmente ocorrera quanto a ele(s) a desercao, fazendo passar em i Fecorrida (ef. J. C, Barsosa’Monerea, O juizo de admissit sistema dos recursos civis, pags. 137, 147) tisconsérel desde que outr questéo em 0 no 129, infra, no contexto — em que ela melhor se insere — da problemé referente ao transito em Julgado. Os processualistas alemdes costu- mam apontar 0 prazo recursal como primeiro — e as vezes como nico — exemplo de prazo cuja perda por um ou alguns dos litisconsortes desencadeia o mecanismo da “representacao” prevista no $ 62 da Z.P..0.: assim, 0. g,, Kisex, Elementos, elt., pag. 319; Rosewaese, ob. cit, t. 11, pag. 112; Nncsox, ob. cit., pag. 441; Buomever, ob. cit., pag. expresso correspondente ao nosso art. 816. Aliter, Wixczonex, ob. elt vol. I, parte I, pag. 521, 0 qual no entanto, por sua vez, alude'a praz sem Correspondéneia em nosso ordenamento, sendo destarte inapro- veltavel a sua ligdo. DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 197 de atividade que precisasse ser exercida em face de todos e de cada qual. 47 122. Entre os motivos capazes de levar a rejeicio do pedido, alguns hé que o juiz unicamente pode tomar em con- sideracdo se alegados pelo réu, através de exceedo (em sen- tido material ow substancial):’ por exemplo, a. prescricao. A respectiva argilicéo nao constitui comportamento determi- nante, porque ao drgio judicial tanto 6 dado acolher quanto a defesa; a omissdo em argiiir, porém, influi de modo », se bem que parcial, no teor da sentenca definiti- nao poder ser julgado improcedente pelo fun- damento nao alegado. Preexclui-se, pois, uma das premissas em que poderia assentar, em tese, 0 julgamento de improce- déncia. Isso permite considerar a nao argilicéo da excecdo substancial como comportamento determinante omissivo. No litisconséreio comum, podendo variar a solucdo do li- tigio quanto aos diversos co-litigantes, os efeitos da omissao produzem-se normalmente para o co-réu que deixou de usar a defesa, ou para o co-autor em face de quem a defesa deixou de ser usada. Fica impedido o juiz, v.g., de pronunciar a prescricao no que tange a esse co-réu, ou a esse co-autor, muito embora venha a acolher a excecao relativamente ao(s) restante(s). Disso podem resultar, sem que nenhuma dificul- dade exsurja, a procedéncia no tocante a parte dos co-autores ou co-réus ea improcedéncia no concernente a outra parte. Unitério o litisconséreio, e portanto inadmissivel decisio heterogénea, 0 comportamento determinante (omissivo) ape- nas surtiré efeitos se unanimemente manifestado por todos (ou em face de todos) os co-litigantes. Destarte, se algum (ou alguns) dos co-réus deixa(m) de oferecer a excecao, ou se 0 réu a deixa de oferecer em relagao a algum (ou alguns) dos co-autores, tal omisséo € ineficaz: 0 érgdo judicial podera ¥47_Nos itens atinentes & revelia (supra, ns. 117 a 119) fot eventualldade: nfo se coneeberia, ivo, que o réu contestasse 0 edido (unico) diante de um (ou alguns) dos co-autores e deixasse de defender-se quanto 20(s) outro(s). A divergéncia de comporta- mentos, ali, so atribuivel aos prd jantes unitdrios (pas- dessa questéo ao meritum causae, v. 198 Limiscons6xcro uNrris10 apreciar a questo sem qualquer limitacdo subjetiva, e even- tualmente basear-se na circunstancia s6 por um (ou por al- guns) alegada, ou 6 alegada em face de um (ou de alguns), para julgar improcedente o pedido quanto a todos. 123. Quanto a atividade de instru¢do, cabe assinalar de inicio que, como no litisconséreio comum, também no unité- rio € licito em prinefpio a cada co-autor ou co-réu produzir separadamente, com liberdade de movimentos, as provas que tiver. O problema ndo se poe em termos de prod valoragdo judicial das provas. Mesmo nessa éptica, porém, nao assume ele entre nés relevancia igual & que se lhe atribui © direito brasileiro adota, com efeito, o prinefpio do livre convencimento do juiz (Cédigo de Processo Civil, mostrando-se infenso as provas legais de eficdci Ora, 86 tais provas é que, a rigor, suscitam difi disciplina do litisconséreio unitario, quando apenas em rela- 0 a um (ou a alguns) dos co-litigantes se venham a produ- zir. Ai, sim, nasce 0 perigo de quebra da homogeneidade, sem- pre que a solucdo do litigio esteja dependendo unicamente da ‘admissdo de certo fato como verdadeiro ou nao, de modo que @ prova, ao menos em parte, predetermina o teor do julga- mento no que concerne aquele(s) dos litisconsortes porventu- ra atingido(s) por sua eficdcia vinculativa. Se, ao contrario, se trata de prova livremente aprecidvel pelo juiz, nao se configura o aludido risco. Pode sem duvida acontecet que o érgao judicial tenha de formar conviecio sobre um mesmo fato, relevante para a decisio da causa em face de todos os co-autores ou co-réus.'% Nada importard, entretanto, que o material probatério a ele pertinente haja 149 Diz Catmox pe Passos, D: pig. 62, que no Iitisconséreio de valer para todos, salvo se a diversa apreciacao nao afetar a uni- formidade da sentenea”, e conclui dai que “a prescricao, ainda quando somente alegada ‘por um, opera quanto a todos”. A primeira roposicao 6 verdadeira, ‘mas concerne & atividade do juiz, nao & das partes. A alegacdo da preserieio, que é ato da parte, nao cons~ ‘Uitui todavia, conforme se assinalou ino texto, comportamento deter~ minante. Delerminante é, sim, a omissdo em’ argiiir, e a ela se deve que jamais so de unitariedade (cf. supra, n° 77) — 0 “ponto comum DIREYTO BRASILEINO (VICENTE) 199 sido carreado para 0 processo por iniciativa de um tinico li- tiseonsorte, ou da totalidade deles, ou da parte contréria, ou até do proprio juiz.!5! A este sera Iicito, em qualquer hip6- tese, extrair das pecas constantes dos autos os elementos de que precise para resolver a quaestio facti num sentido ou nou- tro, com referéncia, se for 0 caso, a todos os co-litigantes. , pelo menos, o principio geral. 124, Exame particular merece a confissio, néo s6 por- que As vezes se Ihe atribui em doutrina o efeito de vincular © juiz, mas também, e sobretudo, por causa da existéncla, na ei processual, de norma especificamente reguladora, das suas relaedes com 0 litisconsércio. # 0 que se vé no art. 231 do Cédigo, principio, segundo 0 qual “a confissaio produziré efel- tos em relagdo apenas ao confitente e a seus herdeiros e ndo prejudicara os litisconsortes”’. Costumavam os antigos praxistas* reconhecer & con- fissio judicial o carater de prova plena, capaz de dispensar e infringir qualquer outra, e até de tornar supérflua, se an- terior a litiscontestaedo, a sentenca condenatéria, em cujo lu- gar podia emitir o juiz simples mandado ou preceito de sol- vendo. Tais ensinamentos, porém, buscavam apoio principal- mente em texto do Cédigo Filipino que na realidade nao dis- ciplinava hipotese de admissao de fatos, mas de reconheci- ‘mento do pedido No sistema do Regulamento n® 737, cons- Cf, Anrep Buzam, “Do Onus da proya”, in Rev, de Dir. Proc. Civ., vol. 4, pag. 24: "Portanto, no momento de proferir a sen- {enca, nao ha mais interesse em averiguar qual a parte, de que advelo originartamente a prova, mas sim o seu resultado, isto é, se, dentro Go proceso, 0 material probatorio permite ao julz decidir conscien- ‘closamente” (grifado no original). 152 V.g. Pensa x SousA, 4, 1, pags. 19, nota 426; 161-3 (e nota 44 ko} )Segundas Iimhas sobre 0 proceso cit ars ‘Canvalno, Praze forense, t. IL, pag. pag. 275, 153 Ord. do Livro II, Tit, LXVI, § 92, onde era atéenico 0 uso dg verbo ‘confessar: ef. J. C. Bansosh Monrina, verb. Rec. do ped., eit. ne 9. 1as sobre 0 processo civil, ‘Atmema B Sousa (Lo- . 1, pags. 347-8: Mo- RaMaLHo, Praze brasi- ‘de fato”, que interessa & composiciio das varias lides, conjuntamente deduzidas, exigira do Juiz, ao menos pelo Prisma légico, @ formacso de convencimento uno. Quanto as peculiaridades em matéria de con- Fissdo, & luz do art. 231, v. infra, n° 125, 200 Lirisconséncto unrzinio titufa a confissdo “prova plena relativa” (art. 157), cedendo diante de prova em contrario (art. 142). Deve, pois, ser recebido cum grano salis o asserto de que a forca vinculativa séo refiete “principio de longa tradigéo em nosso Seja_como for, o vigente Cédigo de Processo Civil nao contém dispositive algum que imprima A confissio, de modo explicito ou implicito, a virtude de tolher a liberdade do 6r- géo judicial na formaco do seu convencimento. No fica afastado, quanto a ela, o prinefpio geral do art. 118. Do art. 209 e seu § 1° apenas se tira, ao nosso ver, que o fato confessado — confessar é uma das formas de néo contestar ou nao negar — “seré admitido como veridico, se 0 contrdrio néo resultar do conjunto das provas”, e que, réu, fiea o autor dispensado do onus probandi. Quer ver que, em relagéo ao fato confessado, no ha necessidade de outras provas, mas nao quer dizer que seja impossivel, por meio de outras provas, demonstrar que o fato na verdade nao ocorreu; nem que 0 juiz, apesar delas, fique adstrito a ter o fato como verdadeiro. 5° 4st Identicamente no antigo Cédigo do Rio Grande do Sul: v. arts, 403 ¢ 375. 5 Jonce Laraverrs, verbete Confissdo (processo civil), in Rep. 156 Substanclalmente no sentido do texto, Leeman, nota 2 as Instit,, de Cxtovenna, cit., vol. TH, pags. 99-100; Barista Marries, », cit, vol. IH, t. , pag. 333; Poxres pz Munanpa, Coment., , pags. 373-4. Contra, afirmando @ forca vinculativa da confissio mesmo’ no sistema do Cédigo de 1939, Joncr Laraverre, yerb. cit. em a nota anterior, pags. 38-9; Amanat Sawtos, Da prova judicidria no civel © no comercial, vol. Ti, pags. 224 e segs., espec. 280. Ambos, entretanto, com significativas. atenuagées: o primeira abre excecao para os fatos impossiveis e — ainda que em termos algo dubios — para os notoriamente falsos e para os inverossimeis; admi- te 0 segundo que o julz rejeite a confissio “em dadas e especialissimas hipéteses” (ob. © v pig. 238, onde se menciona, @ guisa de ezemplo, a do art. 115 do Codigo de Processo Civil), e noutro paso, com maior clareza, explica que “a vinculagao do juiz A conflssio nao € de tal forma absoluta que o constranja a aceitar como verdadeiro aguilo que naturalmente ‘se depreende dos autos nfo o ser”. A luz do iiltimo trecho, parece reduzir-se em considerével medida a dis- tancla entre a posicao do flustre escritor e a adotada no presente trabalho. DIREITO nRastLEIRO (VICENTE) 201 125. Resta ver como se encaixa nesse quadro o preceito do art. 281. Os “efeitos” da confissao, a que nele se alude, consistem unicamente, se correta a interpretacdo acima pro: posta, em ficar a parte contraria liberada do onus probandi e em admitir-se 0 fato como verdadeiro, desde que isso se har- monize com 0 conjunto das provas. O'art. 231 exelui a pro- dugao desses efeitos em face do(s) litisconsorte(s) que nao haja(m) confessado. Dai resulta que, se um dos co-litigantes confessa e outro contesta 0 fato alegado pelo adversario — © por hipétese decisivo para a solucdo do litigio ~~, 0 orga judicial, mesmo que se convenea da veracidade, nie pode s6 com base nisso, inexistindo outros elementos probatérios que © confirmem, decidir contra o litisconsorte que tenha con- testado. ‘A conseqtiéncia € desconcertante do ponto-de-vista légi- co: em relacao ao confitente, o juiz, embora nao esteja vin- culado & confissio, tampouco esta proibido de, valorando-a livremente, havé-la como bastante para fundamentar sua conclusdo.’’O sistema da lei enseja, assim, a eventualidade de sentenca contraria a um litisconsorte e favordvel ao outro." Ora, enquanto a dificuldade se limita ao plano puramen- te légico, nao repercute no problema da unitariedade.1* Se, porém, ao Angulo pratico, € inconcebivel a decisio heterogé” apenas se concebem, a priori, duas solugoes: ou a) permitir que o juiz se funde na confissdo para sentenciar inclusive quanto ao(s) que nao haja(m) confessado; ou b) proibi-lo de fundar-se na confissao pata sentenciar ainda quanto ao(s) 137 “Se un litisconsorte confessa e Valtro mega” — ensinava Crrovenna, Principii cit., pag. 1.000 —" “iH giudice dovra ‘rilenere rispetto al primo plenamente provato i fatto'e gludicare in confor= ‘mitd della confessione (art. ‘1356, Céd. Cio), mentre rispetto at condo dovra esigere che ii fatto’ sia provaio’e giudicare secondo sito della provi liek & ajustével ao vigente ordenamento bra- 0, com uma Tetificagso: quanto 20 litisconsorte que confessou, pode © julz —embora nao esteja a isso obrigado — considerar pro" ¥ado 0 fato, ao paso que fica impedido de fazé-lo em relacho ao que nio confessou, se inexiste outro elemento de suficiente valor probatério, De qualquer modo, subsiste ao menos a possibilidade — esta, inevitdvel — de uma fissura légica na sentenca, 158 Cf. 0 exposto em 0 n° 84, supra, 202 uamscoxsércio unrrinro que haja(m) confessado — em outras palavras: negar qual- quer eficdcia probatéria & confissio que nao seja de todos os Titisconsortes. A solucdo a é incompativel com o expresso € ‘categérico preceito do art. 231; prevalece, pois, a solugao v.18 ia afina, aliés, com o prinefpio geral, oportunamente enun- ciado, ° que domina 6 regime do litisconsércio unitério. "6 389 Consoante se registrou (v. n? 19 ¢, outrina alemi considerar como prova suf @icial ‘a confissao de um (ou alguns) dos + pra, no 124), 8 eonstrugko, posto que andloga, nao leva a conclusio Wentica; ha’ que levar em'conta, ademais, a norma do art. 231, sem correspondente na lel germnica. 160 Supra, n? 104. Nao seria licito inculear como. simples apli- eagéo do referido principio geral a proposi¢ao enunciada no texto quanto & confissao, que a rigor ndo const famento determindnle. Dai termos sugeri matiea para a inefleacia da confissio felta por uma parte, somente, eonsortes unitarios, sem que tal nos impeca de sublinhar 0 Pe no entre esta tese © aducle principio. Menos feliz se nos Afigura (ef.. a0 proposito, on? 105) tentativa de basear na dis- fingao entre atos favordvels e atos prejudici negacao de efeitos & confissio que nao seja Gade deles: assim, .9.,, AMARA, SaNTos, Dir, Proc. Civ., cit. pags. 16-9. Tampouco se equaciona bem 0 problema quands se dis~ Bute sobre os limites de Incidencia do art, 231 em. termos de contra posigao entre Utiseensorclo mecessdrio e iitisconsércio facuttattva: 6 Beate conforme observa Jorcx Laraverte, verb. Confissio (proc. Gio) 7 olt., pag 99, que o texto legal no autoriza qualquer diferenca de tiatamento; @ verdadeira questdo, todavia, nao é essa, sendo a Ge saber quais as repercussoes partieulares do preceito — ‘aplicavel, Sem divida, a fodos 08 Drocessos lllisconsorelals —, consoante seja comum ou unitério 0 litisconsorclo. A necessariedade ou facultativi- dade nao desempenha aqui nenhum papel. Deseabido aqui qualquer adendo referente & hipétese, que coneebe, de confissao manitestada pela outra parte so em face de um (ou alguns) dos Iitisconsortes unitarios; o mesmo e tinico fato ndo pode ser simultaneamente admitida ¢ contestado. O que falves aconteca € que a parte contraria confesse fato alegado apenas por um (ou alguis) dos co-litigantes; Isso, porém, nada tem que 208 €0 IREYTO BRASILEIRO (VIGENTE) 203 126. A desisténcia do direito ™ e 0 reconhecimento do pedido % sao atos andlogos e simétricos — aquele do autor, este do réu — que determinam de modo necessario, quando validamente praticados, o desfecho do pleito: a favor do réu, no primeiro caso, e do’autor, no segundo. Com a formacao da coisa julgada material, fica barrada a possibilidade de nova, apreciacao da lide, ainda noutro processo. Trata-se, pois, de comportamentos determinados tipicos. Havendo litisconséreio comum, se desiste(m) do direito um (ou alguns) dos co-autores, ou se reconhece(m) 0 pedido um (ou alguns) dos co-réus, produzem-se normalmente em Telagdo a esse(s) 0s efeitos da desisténcia ou do reconheci- (pags. 169-70; grifos do original) Sobre 0 dise figura’ de que agora ‘we tata e a mere desistencia. do z Técursos civis, pag. 95.'No estatuto processus! portugu fir 0s arts. 304 © 305 do Codigo argentino de i968, que. autonoma- mente coniemplam as figuras do desistimtento del proceso e do de- Sistimiento del derecho (comentarios e outras referencias legislativas em RELWUNDIN, Codigo Procesat Civil y Comercial de la Nacion, pa- glnas 539 © segs.) 363A este respeito, de novo remetemos o leitor ao nosso verbete elt. em a nota $5 20 9-19. Do entendimento ali adotado diverge no direito positivo brasileiro, o reconhecimento “s6 vale como con- fissio” ¢ tem efledcla “exclusivamente probatoria, no sentido de dis- pensar a parte contraria do nus da prova sobre 0s fatos confessa— dos” (pag. 199) gio sobre um mesmo fato, decisivo para 0 julga~ '@ todos os covatitores ou co-réus; ef., aclma, 204 Lrriscons6xcio uNrriRIo mento, ao passo que no tocante ao(s) outro(s) 0 julgamento da causa se faz segundo o que, na. convicedo do juiz, resulte do material constante dos autos. Nenhuma dificuldade ex- surge se afinal vence(m) 0(s) litisconsorte(s) ativo(s) que no haja(m) desistido, ou se vence(m) 0(s) litisconsorte(s) (m) reconhecido o pedido do autor. lo unitério, sendo inadmissivel a quebra de, a solugao é diversa. Permanece ineficaz, sem a adesao dos outros, a desisténcia do direito manifestada apenas por um (ou alguns) dos co-litigantes ativos, ou o re- conhecimento do pedido feito apenas por um (ou alguns) dos tido ou reconhecido: todos se submetem a julgamento tinico, 164 Salvo, eventualmente, no que concerne & condenacio custas e honorarios de advogado. Cf. 0 disposto no art. 298, 2° nea, do Cédigo luso (supra, n° 545, onde alias “confissio” ‘esté no lugar de “reconhecimento”. ‘Ao nosso ver, a desisténcia ou o reconhe- cimento do pedido exoneram o litisconsorte ative ou passive, se vi- torlosa afinal a parte contraria, da responsabilidade pelas’ custas relativas aos atos posteriores & manifestacio — os quals, por ele, nao teriam sido necessérios. Deve ser também menor a quota que Ihe caiba no pagamento da verba honordria, 165 A doutrina germfnica nfio exige a simultaneidade das ma nifestagdes: cf. supra, nota 36 ao no 19. A liedo 6 aplicével ao siste- ma patrio; mas a adésdo do(s) outro(s) co-litigante(s), a0 que nos Parece, tem de ser ezpressa, nao bastando a auséncia de manifesta 80 em sentido contrario (aliter, no direlto austriaco, por forga da ai hn 29 ¢, ai, nota 31). Ressalve-se 0 traduzido na’ simples omissao em con- testar, quando a lel faz resultar desta o acolhimento necessario. do edido: ‘se, por exemplo, na acdo renovatéria, um dos dols co-réus Teconhece expressaments o pedido eo outro fica revel, indubltavel= mente se produz o efeito tipieo, que é allds 0 mesmo para ambos os comportamentos. 166 Como oportunamente se registrou (v. acima, n° 36), a ex- clusio dos efeitos tipicos, na hipotese figurada, teve’ expressa con— sagrac&o no art. 80, 2 almea, da lei hiingara de 1011, que so podia ger interpretado no sentido dé subtrair a respectiva producao @ to- talidade dos co-litigantes — inclusive o(s) que houvesse(m) prati— cado 0 ato: ef. 0 que se observou, em a nota 9 ao citado n° 36, sobre © comentario de Espinoxa ao dispositive em foo. V. ainda, acerca da matéria, 0 exposto em on? 45 (e nota 39), quanto ao direlto {ta liano; em 6 n° 52, a propdsito do Cédigo Teheco-eslovaco de 1963; € o'n 89 (e nota 44) com relacdo ao ordenamento frances, DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 205 pela forma regular. Mas 0 fato de haver um (ou haverem alguns) desistido ou reconhecido pode ser levado em conta pelo julz como elemento de conviccao. 1 127. Por meio da transagdo também se chega a fixagdo de uma disciplina para a situacao litigiosa; celebrada na pen- déncia do processo, ela exerce fun¢ao assimildvel, do ponto- -de-vista pratico, & que exerceria a sentenca definitiva, tor- nada supérflua. ‘Composto fica o litigio, por obra no do juiz, mas das partes, 6 & uma forma de autocomposicao que s¢ distingue das duas anteriormente examinadas, entre outros tragos, porque na desisténcia do direito e no reconhecimento do pedido © resultado € inteiramente favorével a uma das partes — ao réu, naquela; ao autor, neste —, enquanto a transacdo envolve “concessdes mituas” (Cédigo arti- go 1.025). Bem se compreende que, se a regulamentag&o da res in iudicium deducta ha de atingir uma pluralidade de litigan- tes, e precisa ser uniforme para todos eles, a transaco sus- ita problema a cuja soltteéo devem aplicar-se os mesmos cri- térios utilizaveis quanto aos atos processuais capazes de pre- determinar 0 contetido da decisio de mérito. & o que justifica a insereao, no presente contexto, de um item a ela relativo, ainda que, em rigorosa dogmatica, no seja exato arrolar a transacdo'— ao menos, a transacao extrajudicial — entre os atos processuais.1 nota 38. Cf. em nossa literatur de Pontes bi Muzanpa, Coment. merece acolhida (no, porem, nota 159 a0 n° 125) in Estudos, cit. “atos processuais em poten cia”. Entre’os alemaes, ha quem nao reconhesa sequer a transacao judicial a natureza de ato processual: Rossnssso, ob. cit., t. IT, a maloria prefere ver nela um ato misto,’simultaneamente pig. 186;, Nrciscm, pag. id; Lent pags. 168, 259. Para 206 LITISCONSORCIO UNrTARIO Quando comum 0 litisconséreio, a cada co-autor ou co- -réu € dado transigir livremente com a parte adversa, e 03 efeitos do ato produzem-se de maneira normal para os ‘tran- satores, sem aleangar os co-litigantes. 1% Em se tratando, po- rém, de litisconséreio unitario, a transagao acaso celebrada entre 6 autor e um (ou alguns) dos litisconsortes passivos, 50 entre o réu ¢ um (ou alguns) dos litisconsortes ativos, 36 se torna eficaz se os restantes aderem; do contrério, nao surte efeitos nem mesmo para 0(s) que dela haja(m) participado.!"* 128. N4o € comportamento determinante a celebracio de compromisso na pendéncia do proceso. Ao contrario do ocorre na transagéo, néo chegam neste as partes a regular diretamente, por si's6s, a situac&o litigiosa: acordam em deferir a outrem (arbitros) tal incumbéncia, Mas uma razio particular conduz aqui a solucéo andloga. sibilidade da acdo, por ilegitimidade superveniente, assiva’ a legitimacdo tocava, com efeita, a todos os particlpantes obrigato- ios, em conjunto (¢f. supra, no 2), ¢ deixa de existir se qualquer deles falta. Quanto ao regime aplidavel nos easos de unitariedade, coincide a solucao do texto com do pedido, cumpre ressalvar a eficacia da um (ou alguns) dos ltiseonsortes unital eventual condenacao em custas (ef, 0 art. uso) e honordrios de advogado. a primeira dessas duas posicGes inclina-se, no Brasil, Poxres pe Mi Ranps, Trat, de Dir, Priv. pag. 187 (A transagdo judi- 'e so é processual_o efelto de feitura da transacao pendente ido a processualiza”) . a lide, homologada pelo juiz DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) 207 Com efeito: se algum (ou alguns) dos litisconsortes cele- bra(m) compromisso com 0 adversatio, cessa, em relacéo a ele(s), a instancia, 17 para que se submetam os compromi- tentes ao juizo arbitral, enquanto o(s) litigante(s) estra- nho(s) ao ‘ato continua(m) sujeito(s) 4 cognicao e deciséo do juiz ordinario, de que serid impossivel — este 0 ponto capital — privd-los contra a sua vontade. Ora, nada garante, a no teor, 0 pronunciamento dos arbitros e 0 do 6rgao jurisdicional. Rende-se destarte ensejo ao advento de uma regulamentacdo heterogénea para o litigio. No litisconsércio unitério, todavia, semelhante eventuali- dade 6 inconcebivel. Conchui-se que, nele, 0 jufzo arbitral 56 se poderd instituir abrangendo a totalidade dos co-autores ou co-réus. Isso significa que a eficacia do compromisso, na pen- éncia do proceso, se condiciona & participacéo de todos 129. Para assegurar a consecucao do fim a que se or- dena 0 regime especial, nao basta que 0 litigio receba solucéo sa, € no concernente a0(s) ‘utr permanecesse aberta a reexame, ‘A primeira conclusio que se tira 6 a de que somente em em julgado a decisdo de mérito ou outra que excepcionalmen- te, por sua repercussdo na disciplina da situacao litigiosa, 172 A enumeracdo do art. 208 do Cédigo de Proceso Ci sativa: v. J. © Barnosa Monztna, verb. Re= 1, on aborinebes doutrindrias ema noka 26, 473” GuitMerme EsTettva, ob. cit., pag. 446, formulava a exigéncia com relacio ao Itisconsorelo hecessario e ao impropriamente faculta~ traria aqui aplicaedo analégica o reparo felto supra (nota 171 a0 n.° 127) a propésito da transagao. 208 LIIscoxsORcto UNIZARIO haja de sujeitar-se ao regime especial." Vale dizer que néo produz efeitos para nenhum, se e enquanto nao os produz para todos, qualquer dos fatos em principio idéneos a fazer passar em julgado a sentenga. Nao sobrevém, pois, o transito em julgado: @) com o decurso in albis do prazo que teria para recor- rer algum dos litisconsortes unitérios vencidos e intimados da deciséo em datas diferentes, sem que decorra(m) én albis ‘0(s) prazo(s) de que disponha(m) 0(s) outro(s) }) com a aquiescéncia & deciséo, ou com a rentincia ao recurso, que manifeste um s6 (ou tima parte) dos litiscon- sortes unitarios vencidos, ou que o adversario vencido mani- feste em relagdo a um s6 (ou a uma parte) dos litisconsortes unitarios. ¢) com 0 esgotamento do prazo fixado em lei para o preparo, desde que algum dos litisconsortes unitarios recor- rentes haja preparado tempestivamente 0 seu recurso — 0 que basta para excluir, quanto a todos, o efeito da desergao. 174 V., a respeito, os ns. 110 ¢ 114, b, supra, 175 Ci. Powtes pz Mraxpa, Coment t. I, pag. 113, onde jados” esté, obviamente, por “intlmados”; Gatmox ‘be Passos, DO itise. no Céd. de Proc. Cid, cit., Dag. 66, ‘Para o sistema tedesco, que coincide com o nosso, ‘tem’ particular interesse a ‘minuciosa € Aguda exposicao de Lent, "Die notwend. u. die bes. Str. Genw elt, pgs. 76 e segs. Prevalece a regra enunciada no texto, naturalmente, se algum dos co-litigantes unitarios fol revel e, por i880, haveria 6 prazo, nas circunstanelas ordindrias, de corre temenite de intimagao (Céaigo de Proceso Ci interpretaeao, a esse respelto, ¥. J.C. Bato: admissibilidade..° a Geral enunciado em o'n° 104 supra. Ct ya prepesito Go direlto trae EEsrem materia de aquiesoéncin, o Tegisto feito ern. oN 99, ea eno de Moreau, 0D. eit, Page. TdT, com referencias Bi as supiementarés no texiole era a notan ase 86, Sobre a te- Ftincia ao Feourto, v., nt dowtrina alema, Lm, Die noiwend. 1. ai bes. Str. Gen, cit pigs. 88-0.-A semeliatica Ga’ transagao ¢ do\ com: remisso a,’mola 164 ao n° 190 e neta 11 ao ns 121, respect ¥amente),'s ‘aquleicénelae a renunela’ a0 recurso. produzémn efeitos para ols) que as manifesta m), quanto hs eventusis condenagoes uces= Eorias (ef.'a sugestao de lege /erenda de Cuanactst, ob, eit. pag. 219). DIREITO BRASILEIRO (VICENTE) 209 Passa em julgado a sentenga, porém, se no tocante a cada um dos co-autores ou co-réus se verifica’um fato idéneo, con- quanto diverso dos outros, a pro rida sentenca desfavorvel aos €C, deixa A esgotar-se 0 prazo recursal, aquiesce B a decisdo € renuncia C ao recurso." O transito em julgado ocorre para todos no momento em que se verifica o tltimo desses fatos. 130. A interposicao tempestiva, por qualquer dos co-li- tigantes unitarios, de recurso contra’a sentenca definitiva ou contra outra deciséo capaz de repercutir necessariamente na disciplina da situacao litigiosa, € eficaz para todos os litis- consortes,"® inclusive para aqueles em relacdo aos quais haja ocorrido fato normalmente idéneo a tornar-lhes inadmissivel a impugnacéo (escoamento inaproveitado do prazo recursal, aquiescéneia A decisdo, rentineia ao recurso). Se nao coinci- dem os prazos dos diversos co-litigantes, porque as intima- Ges nao se fizeram na mesma data, a tempestiva interposi- ¢40 do recurso por um produz efeitos desde logo para 0(s) que jé tenha(m) deixado esgotar-se im albis o(s) seu(s) pro- prio(s) prazo(s), e passa a produzi-los para o(s) restante(s), ‘a partir do termo final do(s) prazo( tura néo aproveitado(s); nesse interim, subsiste pata 0(s) que ainda disponha(m) de prazo a possibilidade de, por sua vez, recorrer (em). % tempestiva a interposicao, naturalmente, e produz os efeitos de que se trata, se 0 recurso vem dentro’de prazo que se suspendera ou interrompera, ou que por qualquer motivo nao fluira antes para o recorrente, ou Ihe fora restitufdo. Se © recorrente disp6e de prazo maior que 0 comum (Cédigo de 17 “Em sentido conforme, para o direito tedesco, RoseNsena, ob. cit,, t. 11, pag. 113. A vista do exposto, antes que a ineficdcia, seria a rigor 0 caso de aludir-se eficdcia condicionat do esgotamento in aibis do prazo, da aquiescéncia, da renuncia ao recurso: cada um desses Tatos permanece sujelto & condicdo suspensiva da superve- nigncla dos outros. parcial, objetiva ou subjetivamente (y. n° 88, acima), a extensdo dos efeitos da interposiedo $6 se produz, é claro, até onde’subsista aquela. 179 Lunn, Die notwend. u. die bes. Str. Gen, cit., pags. 85-6. -Lu-ze nm ry 210 LIMIscoNsORcIO UNrTARIO , arts. 29, 32), a interposi¢éo dentro do prazo especial é eficaz para 0(s) litisconsorte(s) unitario(s) que, dele nfo dispondo, néo haja(m) recorrido no prazo comum: 131. Pode acontecer que algum (ou alguns) dos litis- consortes unitarios interponha(m) determinado recurso e ou- tro (ou outros) recurso diverso. Se o recurso inadequado é suscetivel de aproveitamento (Cédigo de Processo Civil, ar- tigo 810), resolve-se o problema pela sua conversao no ‘ade- quado —' com o que se homogenizam os recursos e se abre caminho para o julgamento conjunto. Suponha-se, entretanto, que ambos hajam sido recebidos separadamente e um deles chegue antes do outro a julgamen- to perante o érgao ad quem. Nesse caso, uma de duas: ou a) © primeiro recurso & considerado admi: ow convertido no admissivel, ¢ apreciado no mérito, ou b) delé ndo conhece, por inadmissivel, 0 érgdo ad quem. Em a, transita em julgado a Gecisio recursal, submetem-se-Ihe aos efeitos todos 05 co-li- tigantes, inclusive.o(s) que interpusera(m) 0 outro recurso, ficando este prejudicado. Em b, normalmente, a decisio de nao-conhecimento significaria que a sentenca recorrida tran- sitara em julgado desde a ocorréncia do fato gerador da inad- missibilidade;}#° aqui, porém, a interposicao de outro recurso, ex hypothesi admissivel, por algum (ou alguns) dos restan- tes litisconsortes, assim ‘como impediu o transito em julgado para 0(s) que ndo tenha(m) recorrido, também o impediu para o(s) que tenha(m) recorrido inadmissivelmente. Uns e outros ficardo sujeitos, com aquele(s) cujo recurso seja admi- tido e julgado de meritis, aos efeitos da decisdo que em tal recurso se profira. Os mesmos prinefpios, devidamente ajus- tados as peculiaridades de cada caso, permitem resolver ou- tras situacées, mais complexas, que podem configurar-se a partir da duplicidade de impugnagies."* Sendo admissiveis ambos os recursos, com igual objeto interposicéo simulténea, a melhor solucao, ao nosso ver, é de sobrestar-se 0 processamento de um deles, até o 180 V. ao propésite J. C. Bannosa Moreira, O juizo de admiss|- ‘A ressalva estaria correta, em nosso entender, se aludisse ao litisconséreio unitdrio. DIREITO BRASILEIRO (VIGENTE) aut » Por exemplo, se parte dos litiscon- sortes unitarios interpée revista, e outra parte recurso extra- ordindrio: aplica-se 0 art. 808, '§ 29, fine, do Codigo de Pro- cesso Civil, como se aplicaria se cé’¢ 14 coincidissem os re- correntes. Provida que seja a revista, e passado em julgado © acérdao, os efeitos do julgamento ‘estendem-se ao(s) que haja(m) recorrido extraotdinariamente, prejudicado o recur- so extraordinario. Se nao se conhecer da revista, ou se Ihe negar provimento, segulré 0 recurso extraordinario, com eventual julgamento eficaz para todos os litisconsortés, in- clusive 0(8) que tinha(m) interposto a revista. Passam-se as coisas, por esse prisma, como se tanto a revista quanto o re- curso extraordinario houvessem sido interpostos pela totali- dade (los co-litigantes, nde agora considerar a hipétese de terem isconsortes na instancia inferior. Pretendendo evitar a quebra da homogeneidade na solugio do litigio, tra- tam alguns ordenamentos de fazer obrigatéria a participagao de todos os co-litigantes vitoriosos no procedimento recursal. A solugdo geralmente adotada, com ceria variedade de fér- las, 6 a de criar, para o adversdrio que deseje impugnar a decisao, 0 énus de’ interpor o recurso, sob pena de torné-lo inadmissivel, perante a totalidade dos vencedores. No sistema patrio, ao contrério do que sucede alhures, a peticéo de recurso nunca se endereca diretamente & outra parte: @ interposicao ocorre sempre perante o orgio judicial, € 86 posteriormente, mediante despacho deste, € que se da ciéneia dela ao recorrido. Mais ainda: com ressalva da ape- Jaco," nao exige a lei que o recorrente individualize ex- pressis verbis a pessoa (ou as pessoas) em face de quem esté recorrendo. Mesmo no tocante & apelacdo, nao se reputa 162 Cf. 0 exposto acima a propésite do direlto italiano — quer sob o velho Cédigo de 1865 (n2 47), quer sob o regime em vigor (nu~ mero 48) —, do portugués (n° 55} e do francés (n° $9). ‘Também ; Lent, Die notwend, w. die bes, Str. Gert 383 Por forga da remisséo que se depara no art, 821, n.° I, a0 inelso IT do art. 158: i ig. 496, que todavia parece generalizar a exigéncla, ao nosso ver indevidamente. 22 LITisconséxcio UNrrin1o essencial 0 requisito, de sorte que a eventual omissio nfo prejudica o recu Essas peculiaridades do nosso ordenamento séo relevan- tes para o deslinde da questao ora sob exame. Se 0 adversa- rio dos co-autores ou dos co-réus nao precisa individualiza- -los, ao impugnar a deciséo que 0 desfavoreceu, seria ilégico arvorar em requisito de admissibilidade do recurso, no caso * de litisconséreio unitario, a indicacéo de todos eles como re- corridos. Em tal hipétese — e, na verdade, em qualquer tipo de processo litisconsoreial —,' presume-se’ que 0 recorrente pleiteie a reforma da sentenga com relacéo a totalidade dos co-litigantes vitoriosos. Pode acontecer, porém — objetar-se-4 — que o préprio recorrente exclua, até de modo explicito, algum ou alguns dos adversarios. Se ‘entre estes houver litisconséreio comum, nenhuma dificuldade exsurge, porque o risco de quebra da uniformidade é irrelevante: nada obsta a que, em grau de recurso, se decida quanto ao litisconsorte A de maneira di- versa daquela por que se decidiu, quanto ao litisconsorte B, na instncia inferior. Sendo unitdrio 0 consércio, entretanto, ‘urge impedir a produgao de semelhante resultado, através de um destes dois expedientes: @) considerar inadmissivel 0 re- curso ou b) negar eficdcia & exclusdo, atribuindo a interposi- cao, a despeito dela, efeitos perante 0(s) litisconsorte(s) ex- cluido(s), de sorte que nem para este(s) sobrevenha o transito em julgado."® Optamos pela solucéo b, que corresponde & aplicagao, no particular, do principio geral oportunamente 18 V. a respelto J. C. pe Ouiverma & ob. clt., pags. 104 ficagao teria pois o recorrente de mencionar todos os ainda que pretendesse obter a reforma da sentenga apenas quanto a um ou alguns deles. 185 Com absoluta razio, no ponto, sublinhava Lexr, Die not- wend. u. die bes. Str. Gen., clt., pag. 90, a incontornével “Entweder hat die Einlegung keine Wirkung oder sie hat genossen gegentiber Wirkung (ou a interposicao nao ter efledela, ou tem eficdela diante de todos os litisconsortes)” (grifado ho original) .O que nao nos parece convincente 6 a argumentacso invocada a favor da primeira solucao. DIREITO BRASILEIRO (VICENTE) ag emunciado, e se harmoniza com as posigées acima adotadas a respeito da aquiescéncia A decisdo e da remtincia ao recurso, por parte do sucumbente, em face de um s6 (ou de alguns) dos vencedores unitariamente coligados.1"" 133. A interposigfio do recurso por um (ou alguns) dos litisconsortes unitarios, ou pela parte contréria ém face de um (ou alguns) deles,’nas condiges acima expostas, 6 bas- tante para. que se produzam, em relacdo a todos, os efeltos lei atribua ao recurso interposto. Para a totalidade dos igantes ndo apenas se obsta ao transito em julgado da decisdo, mas também se devolve & instancia superior, se for © caso, 0 conhecimento da matéria litigiosa, nos limites da impugnacdo oferecida; e ainda, quando suspensivo 0 recurso, permanece ineficaz (¢ portanto inexeqiitvel), si et in quan- ium, a sentenga. Ser proviséria a execucdo acaso instaura- da, ‘na pendéncia de recurso nao suspensivo, contra qual- quer deles, ou por qualquer deles contra a outra parte. Dever considerar-se todos os litisconsortes como partes no procedimento recursal.'™ Inclusive o(s) que porventura haja(m) aquiescido & decisio ou renunciado ao recurso, bem como aquele(s) em face de quem o adversério haja aquiescido ou renunciado ao recurso. Por isso, se recorrente € a outra parte, pfecisam todos ser intimados, ou a todos precisa abrir-se ‘vista, e todos serdo admitidos’a impugnar 186 Supra, n.° 104. Comportamento determinante ¢, aqui, a ex- clusdo, que acarretaria, para o(s) exeluido(s) , o transito em Sulgado, cristalizando assim definitivamente, com referencia a eles, a solugao igi. Nao bastarla, no entanto, considerar Ineficaz © compor- famento determinante: € preciso reconhecer eficdcia geral ao com- portamento alternative Unterposieso do recurso), para que todos os Htisconsortes se submetam, em conjunto, ao julgamento da instancia “ia com 0 que se explicou, em on? ide Teeurso por umsd (ou por algui TT, pig. 112; Lawn, Die notwend. u. weit., pags. 78 e'segs.; Wuiczonmx, ob. cit., vol. T, parte I, pag. 525. Mas’ os que nfo recorreram, se répelido o recurso, go responderao pela parcela da condenacao em custas e honoratios Telativa ao procedimento recursal. ‘Ao contrario do que pareeia a JORGE AMERICANO, ob. clt., vol. TV, pig. 16, para quem — a julgar pelo ultimo periodo ai lan= ado —'o art, 816 nao se aplicaria ao litisconsorte que expressamente fnanifestasse 2 vontade de nfio recorrer. 214 LITIScONSOncIO UNTTARIO ou oferecer contra-razées, salvo — 6 claro — quando a lei no abra ao recorrido semelhante possibilidade.® Cabendo novo recurso contra a decisio proferida em segunda instan- cia, em sentido desfavordvel aos litisconsortes, qualquer de- les’seré legitimado a interpd-lo como parte. 134. A extensio subjetiva dos efeitos do recurso 6 de- clardvel: 2) pelo érgao perante o qual se dé a interposigao, e ao qual cabe, se for o caso, mandar intimar todos os litiscon- sortes vencedores, ou a todos abrir vista, sendo recorrente o adversario; b) pelo érgio ad quem, no julgamento do recurso inter- Posto por um (ou alguns)’ dos co-litigantes, ou pela parte contréria sé em face de um (ou alguns) deles; ¢) eventualmente, pelo érgio a que se requerer a exe- cugio: v.9., se 0 adversario dos litisconsortes quiser pro- mové-la contra algum que no tenha recorrido da sentenca. Nao precisa ser explicita a declaracio. Quandd, por exemplo, 0 érgao perante o qual a parte conttaria interpés 0 recurso manda intimar todos os co-litigantes, implicitamente afirmou a extensio subjetiva de eficécia; vice-versa, quando 86 mianda intimar aquele(s) em relagio a quem se recorreu, implicitamente negou a extenséo. © controle da extensao pelo érgao perante o qual se in- terpoe 0 recurso néo é preclusivo para o érgao ad quem. Se a este parece, v.g., que o recurso da outra parte produziu efeitos para todos os litisconsortes, e verifica que algum nao foi intimado da interposicdo, deve converter o julgamento em diligéncia (Cédigo de Processo Civil, art. 877, paragrafo Yinico) e mandar que se proceda a intimagao, admitindo o litisconsorte preterido a oferecer contra-razoes. Quer no 6r- gdo de interposicao, quer no érgao julgador do recurso, 0 controle € ex officio. 92 1g Assia nos embargos de declaragio: Cédigo de Processo Civil, 181" Jamals como terceiro prejudicado; no inelde, pois, o arti- 0 815, § 12, do Cédigo de Processo Civil soi "Neste periodo e nos anteriores, procura-se responder as per- guntas que — gem tentativa de solueao — formulou Jonar AMteRicnxo, 2; cit, Wal. TV, pid. 17, © que JA ‘antes enfrentaram, em parle, Scanta Facunoas, ‘ob. cit., pags. 182-3, J. C, bs Oztveina’n Cxvz, ob. DIREITO BRASILEIRO (WIGENTE) 215 Ainda que 0 érgio ad quem, julgando 0 recurso, se omi- ta sobre 0 ponto, os efeitos do seu pronunciamento, nos ter- mos j4 expostos, alcancam a totalidade dos cc-litigantes unitarios. Portanto, desde que @ deciséo em grau de recurso se torne exeqitivel, qualquer dos litisconsortes ex hypothesi vencedores, haja ou nao interposto recurso proprio, pode promover a execuedo; analogamente, vencidos os litisconsor- tes, & execucdo ficam todos sujeitos. Ao juizo da execucao também cabe controlar de oficio a exeqlibilidade da sentenca — 0 que nao exclui a hipétese de suscitar-se a questo por via de embargos. 1° 135. Dispde o art. 818 do estatuto processual civil que “o recorrente poderé, a qualquer tempo, sem anuéncia do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso interpos- to”. A desisténcia do recurso, todavia, € comportamento de- terminante: homologada, faz transitar em julgado a deciséo que se impugnara, consolidando de maneita definitiva a so- lugao do litigio nela contida. Se se quiser aplicar, pois, sem qualquer restri¢do ou ressalva, a norma do art. 818, ter-se-& de admitir, sempre, a possibilidade de regulamentacao hete- rogénea para a situacdo litigiosa, no caso de litisconséreio: em relacdo ao(s) desistente(s), prevalecer4 a disciplina fixa- da no pronunciamento da instancia inferior, e quanto ao(s) outro(s) a estabelecida pelo érgéo ad quem — que poderd coincidir ou néo com aquela. 793 Como sugere Sessa Faoupes, ob. e lug. eit. em a nota anterior, Se, pig. 7, 6 Guus ersuta, ob, oll, ples, 00-0, Silenciam fs dois primetros autores quanto. a postibilidade de controle da ex GEnsso dibjetiva pelo proprio Grguo perante o qual se inlerpGo 0 f= Gunso: O teresitg 0. Fesonhecls’ tal’ competénela. a0 SrgaoJulgador esses em Jogo, tazio que esta no fundo do aproveltamento em ques- {Tips Deum anaiot sera a conveniénein publica ‘a manutengao da coisa Julgada que nig recorrente. deixou, sem protesto, contra si formar he (pag. 600), Inexata a premisca: tendo a interposicao produzido efeitos para todos os litistonsortes, para nenhum se formou, ainda, Scolsa julgada (ef. supra, ns. 128 © 198). Mesmo de lege ferenda, Tessalla 0 desacerto da opiniac.

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