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1-Consideragdes Iniciais . 2- Crimes Contra o Servico Militar e o Dever Militar 3- Crimes contra a Administragao Militar .... 4 - RESUMO da Aull ...ssscsssessnsssonsesssssenersonscovsssonscessssssvscsssssssecnssssnsssssecssssssnsssensssssssessvees 5 - Questée: 5.1 - Questées Comentadas.... 5.2- Lista de Questées 5.3 - Gabarito .. 6 - Consideragées Finais .... WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 il NSIDERAGOES INICIAIS Olé, amigo concurseiro! Na aula de hoje concluiremos o estudo dos crimes militares. Vamos |é!? Bons estudos! CRIMES CONTRA O SERVICO MILITAR E 0 DEVER MILITAR CAPITULO I - DO DESACATO E DA DESOBEDIENCIA INSUBMISSAO Art, 183. Deixar de apresentar-se 0 convocado incorporacao, dentro do prazo que Ihe fot marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporacao: Pena - impedimento, de trés meses a um ano. CASO ASSIMILADO § 1° Na mesma pena incorre quem, dispensado temporariamente da incorporaco, deixa de se apresentar, decorrido 0 prazo de licenciamento. DIMINUICAO DA PENA § 2° A pena é diminuida de um terco: a) pela ignordncia ou a errada compreensdo dos atos da convocacéo militar, quando escusaveis; ) pela apresentacdo voluntaria dentro do prazo de um ano, contado do ultimo dia marcado para a apresentacao. Os sujeito ativo deste crime € 0 civil convocado para prestar o servigo militar obrigatério, Na maior parte das vezes esse convocado € o brasileiro do sexo masculino de 17 ou 18 anos de idade que se alistou obrigatoriamente. Nao € possivel que o sujeito ativo do crime de insubmissio seja militar, uma vez que a conduta tipica é necessariamente anterior \corporacao do agente nas forgas armadas. A Lei n? 4.375/1964, conhecida como Lei do Servico Militar, determina que “o brasileiro que n3o se apresentar durante a época de selesdo do contingente de sua classe ou que, tendo-o feito, se ausentar sem a ter completado, serd considerado refratario”. Além disso, a mesma lei define a figura do insubmisso, qual seja, “o convocado selecionado e designado para incorpora¢3o ou matricula, que no se apresentar 4 Organizaco Militar que Ihe for WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 designada, dentro do prazo marcado ou que, tendo-o feito, se ausentar antes do ato oficial de incorporacao ou matricula”. A condico de refratdrio, portanto, nao configura crime militar, mas apenas irregularidade administrativa. Esta € a situaco do jovem que nio se alista, ndo comparece para a sele¢o ou dela nao participa até o fim. Uma vez que o cidadao tenha participado da seleco e sido designado para a incorporaco ou matricula em Organizac3o Militar, ele passa & condicao de convocado, e agora sim poder cometer © delito de insubmissao, caso no se apresente para incorpora¢ao. E importante saber que nao é possivel a ocorréncia desse crime no ambito estadual, uma vez que 0 servico militar obrigatério nao engloba as Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, mas apenas as Forgas Armadas. A Constituigio Federal prevé a possibilidade de 0 convocado apresentar a chamada “escusa de consciéncia’. Nesses casos ele deverd prestar servico alternativo, que nao constituird atividade de carater essencialmente militar, nos termos da Lei n° 8.239/1991. Neste tipo ha duas condutas reprimidas. A primeira delas ocorre quando o autor, diante da convocagdo para incorporacdo a uma das Forgas Armadas, deixa de apresentar-se no prazo determinado. Na segunda, ele se apresenta, mas em seguida se ausenta, antes de formalizar sua incorporacao. © caso do §12 € 0 do convocado a quem foi concedido o adiamento do servico militar. Este procedimento também é previsto pela Lei do Servico Militar, mas é tratado pelo CPM com o nome de dispensa temporaria de incorpora¢ao. Na realidade estamos diante do mesmo instituto. No §22 est prevista a diminuigéio de pena para os casos em que 0 convocado nfo tinha pe! compreensio acerca dos atos de convocacao e dos prazos aos quais estava submetido. Também deve ser diminuida a pena nas situagées em que, mesmo com atraso, o convocado se apresenta voluntariamente. Nesta Ultima hipétese, porém, hd um prazo limite de um ano entre a data em que ele deveria ter se apresentado e aquela em que o fez voluntariamente. Lembre-se também das discussées acerca da adequaco deste crime ao conceito de crime propriamente militar, uma vez que a aco penal somente pode ser desencadeada apés a incorporagSo do sujeito ativo. CRIACAO OU SIMULACAO DE INCAPACIDADE FISICA Art. 184. Criar ou simular incapacidade fisica, que inabilite o convocado para o servico militar: Pena - detenc3o, de seis meses a dois anos. Mais uma vez o sujeito ativo poderé ser qualquer pessoa que simule incapacidade para “escapar” do servigo militar. Criar a incapacidade significa geré-la, ou seja, estamos falando de uma possibilidade especial de responsabilizacio penal pela autolesio. A pratica da lesio no préprio agente, em regra, nio WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 configura crime. Esta situago especial, entretanto, esté relacionada & finalidade do sujeito ativo: burlar 0 servigo militar. Também é criminosa a conduta de simular a incapacidade, como é 0 caso daquele que senta-se em cadeira de rodas no intuito de enganar o selecionador. Se a conduta for praticada por militar jd incorporado na intengo de passar 3 inatividade, estaremos diante de crime especifico, previsto no art. 188, IV. SUBSTITUICAO DE CONVOCADO Art. 185. Substituir-se 0 convocado por outrem na apresentagao ou na inspecao de satide. Pena - detenco, de seis meses a dois anos. Pardgrafo nico. Na mesma pena incorre quem substitui o convocado. Este crime, assim como o de insubmissao, somente pode ser cometido pelo convocado, figura que jd detalhamos quando da andlise daquele tipo. © pardgrafo tinico, por outro lado, faz a extenso do tipo, determinando que também incorre no crime aquele que efetivamente substitui o convocado na apresentaco ou inspeco de sauide. Aconsequéncia da substituic3o € irrelevante para que se configure o crime. Nao é necessario que o convocado e seu substituto efetivamente consigam ludibriar a Administraco Militar para que a conduta seja ilicita. Lendo a descrigéo da conduta, podemos imaginar que ela € adotada por aqueles que desejam “escapar” do servico militar obrigatério, mas algumas vezes o convocado incorre neste crime porque tem o desejo de servir e sofre de limitagées fisicas. Ele se faz substituir, portanto, por alguém que goza de satide perfeita para que compareca & inspecao de satide e seja selecionado em seu lugar. FAVORECIMENTO A CONVOCADO Art. 186. Dar asilo 2 convocado, ou tomé-lo a seu servico, ou proporcionar-Ihe ou facilitar-Ihe transporte ou meio que obste ou dificulte a incorporagao, sabendo ou tendo razdo para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capitulo: Pena - detencéo, de trés meses a um ano. ISENCAO DE PENA Pardgrafo tinico. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cénjuge ou irm&o do criminoso, fica isento de pena. © sujeito ativo deste crime poderé ser qualquer pessoa, exceto 0 convocado favorecido pela conduta. Aconduta tipica consiste em dar abrigo ao convocado para que possa “fugir” da incorporaco. Outra modalidade de conduta consiste em facilitar 0 transporte ou propiciar meio que impesa ou atrapalhe a incorporagao. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Sabemos que apenas praticaré a conduta o agente que tem conhecimento da condic3o de convocado daquele a quem presta auxilio. € necessario que o agente saiba que 0 convocado esta praticando conduta ilicita, tentando esquivar-se da incorpora¢ao. ‘A expresso “tendo razéo para saber” esté relacionada aos casos em que 0 sujeito ativo percebeu que havia algo errado no comportamento do convocado, mas nao deu atensio a isso. Ele poderia, portanto, ter tamado conhecimento do comportamento ilicito do abrigado, mas decidiu nao o fazer. A pena nao é aplicavel ao sujeito ativo se este for ascendente (pai, me, av6, avé, etc.), descente (filho, neto, etc), cénjuge ou Irmo do convocado. Segundo Jorge César de Assis, trata-se aqui somente de obstrugdo da punibilidade, pois a conduta continua sendo tipica. Se 0 favorecedor ¢ ascendente, descendente, cénjuge ou irmao do criminoso, fica isento de pena. Ja houve decisées judiciais no passado determinando que incorre no crime em estudo aquele que dé servico (emprego ou outra ocupaco) ao convocado criminoso. CAPITULO II - DA DESERCAO DESERGAO Art. 187. Ausentar-se 0 militar, sem licenca, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detengao, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada. ATENGAO!! Acredito que seja alta a probabilidade de este crime aparecer na sua prova, ok? Neste crime o agente apenas pode ser o militar em atividade. Somente é possivel desertar depois que o militar for incorporado as forcas armadas, Policia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar. A conduta consiste em ausentar-se, que significa afastar-se, furtar-se de estar no local determinado em razio do servigo militar. O tipo nao engloba apenas aquele que esté presente na Organizac3o Militar e dela se ausenta, mas também aquele que, estando em férias, folga ou outro afastamento, furta-se de retornar ao servico no momento determinado. Oafastamento tem que ser injustificado. Este € um elemento normativo do tipo penal. Parece bvio, e € mesmo, mas essa ilicitude contemplada pelo tipo quando adota a expresso “sem licenca”. Durante os primeiros oito dias da auséncia, o militar nio cometerd crime, mas somente infragio disciplinar. A Doutrina chama este periodo de oito dias de periodo de graga, durante os quais 0 militar transgressor é chamado de ausente ou emansor. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 J houve muita discusséo jurisprudencial acerca da necessidade de lavratura do Termo de Deser¢3o antes do momento em que o desertor se apresentou voluntariamente. Hoje a jurisprudéncia dominante, j4 manifestada em varios julgados, é no sentido de que o Termo de Deserco apenas formaliza os fatos, e que, adotada a conduta tipica (auséncia injustificada por mais de 8 dias), estaré configurado o crime. Se 0 desertor apresenta-se voluntariamente no décimo dia de sua auséncia injustificada, por exemplo, no importa se 0 Termo de Deser¢o foi lavrado ou no, o crime ja se consumou. 0 STM também jé decidiu que o periodo de graga nio se interrompe por telefonema do desertor, mas somente com sua presenca fisica nas dependéncias da Organizaco Millitar em que serve, e nio. em qualquer outra. Jorge César de Assis reforca a matéria e menciona julgados do STM em que aplicou-se o estado de necessidade exculpante aos casos em que o militar afastou-se sem autorizagSo para cuidar de situaco emergencial familiar. No exemplo dado, estévamos diante de Praca do Exército que ausentou-se do servico para cuidar de seu pai enfermo e dos catorze irmios mais novos. Aredago anterior do Cédigo de Processo Penal Militar determinava que o comandante da unidade & qual esta vinculado o ausente deveria determinar, durante 0 prazo de graca, a realizagdo de diligéncias para a localizac&io e retorno do ausente, mesmo sob prisao. Este dispositivo, contudo, foi alterado em 1991, e hoje apenas os regulamentos militares tratam do assunto. Podemos perceber, entretanto, que o legisiador tinha a intengo de indicar o dever dos demais militares de conduzir o colega infrator de volta & legalidade. A mesma regra permanece em boa parte dos regulamentos, sendo esta condugo coercitiva normalmente chamada de recolhimento di ‘ar. € possivel sua execucio mesmo antes de escoar-se o periodo de graca. A desergo é crime permanente, o que significa que a sua consumago se protraino tempo, estando 0 desertor, desde o inicio da consumacio, sujeito a prisio, conforme o art. 452 do CPM. ‘CASOS ASSIMILADOS Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que: I - no se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de transito ou férias; II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada a licenca ou agregacao ou em que é declarado o estado de sitio ou de guerra; III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias; IV - consegue excluséo do servico ativo ou situaga0 de inatividade, criando ou simulando incapacidade. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Célio Lobao chama os casos assimilados de hipoteses de “desercao apés auséncia autorizada”. A principal diferenga esté no fato de que, enquanto a deserco prevista no artigo anterior tinha como termo inicial a falta ao servico, este dispositivo trata de situagdes em que a desergao se inicia com 0 no retorno do militar que estava regularmente afastado. As hipéteses mencionadas no inciso | sdo de férias e periodo de transito. Este € 0 prazo concedido ao militar transferido para que se apresente no novo local em que prestaré seus servigos. No caso dos militares federais, a Lei n® 6,880/1980 (Estatuto dos Militares) fixa o periodo de transito em 30 dias. 44 no inciso Il, o militar legalmente afastado deixa de apresentar-se & autoridade competente dentro do prazo de cito dias, contados daquele em que termina ou € cassada a licenga ou agregacao, oulem que é declarado 0 estado de sitio ou de guerra. © afastamento temporario do militar é chamado de licenca, e pode ser concedido nas hipéteses legalmente previstas. As hipdteses de concesso de licenca esto no Estatuto dos Militares também nas normas que regem cada uma das forgas estaduais. Jd a agregacSo € a situaclo na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierarquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Servico, nela permanecendo sem numero. A agregacio é alcangada por Varios motivos, que variam de acordo com 0 ambito de aplicago. A licenca para tratar de assunto particular por pelo menos seis meses, por exemplo, resulta em agregacio, pelo menos no ambito federal. O Estado de Defesa é uma medida emergencial prevista pela Constituig0, que tem natureza mais branda do que o Estado de Sitio. Ela é decretada pelo Presidente da Republica, que estabelece no proprio Decreto os detalhes acerca das restrigdes de direitos que podem ser aplicadas. Apesar de o inciso II no mencionar expressamente o Estado de Defesa, a boa Doutrina entende que sua decretacao é suficiente para ensejar a cassago de licenca ou agregaco, e por isso seria aplicada a primeira parte do referido inciso. O Estado de Sitio apresenta maior gravidade que o Estado de Defesa, e é capaz de restringir direitos ainda mais sensiveis, Sua decretacio, contudo, depende de autorizacio prévia do Congresso Nacional, que pode se dar diante da ineficdcia do Estado de Defesa, da declaracio de guerra ou resposta a agresséo armada estrangeira. Obviamente, a declaragio de guerra jé € capaz, por si s6, de iniciar a contagem do prazo para desercdo. Declarada a guerra ou decretado o Estado de Sitio, o militar deve apresentar-se imediatamente em sua unidade, sob pena de, a partir do dia seguinte, jd ser iniciada a contagem do prazo de oito dias para a desercio. No inciso Ill, o militar que cumpriu pena deixa de apresentar-se dentro do prazo de oito dias em sua Unidade. No importa aqui se o crime era comum ou militar, mas importa que a prisdo fosse para cumprimento de pena, no cabendo aqui consideracées acerca de priso proviséria, preventiva, prisdo civil ou em flagrante delito. Em regra, essas outras modalidades de pristio provocam a agregagio, remetendo-nos ao inciso Il. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Por fim, o inciso IV no se enquadra materialmente no crime de deser¢3o, mas constitui uma modalidade auténoma de delito, que deveria ter tratamento préprio. Nesta modalidade, o militar cria ou simula incapacidade (fisica ou mental) para passar para a inatividade ou ser excluido do servico ativo. A diferenca aqui € que aquele que passa para a inatividade é o militar de carreira. Caso 0 cidadao esteja cumprindo servico militar obrigatério, a incapacidade superveniente fara com que ele seja excluido do servico. Art. 189. Nos crimes dos arts, 187 e 188, ns. I, II e III: ATENUANTE ESPECIAL I- se 0 agente se apresenta voluntariamente dentro em oito dias apés a consumacao do crime, a pena é diminuida de metade; e de um terco, se de mais de oito dias e até sessenta; AGRAVANTE ESPECIAL II - se a deserc3o ocorre em unidade estacionada em fronteira ou pais estrangeiro, a pena é agravada de um terco. A atenuante se aplica ao desertor que se apresenta de forma voluntaria. Chamo sua atenclo os prazos trazidos pelo inciso |, que so contados a partir da consumago do crime, e no da primeira auséncia identificada, 0 prazo de oito dias aqui mencionado, portanto, apenas se inicia quando se conclui o prazo do artigo anterior, pois apenas ao fim daquele prazo é que efetivamente ha crime. A agravante aplicada para desercdo em rea de fronteira se explica porque este é um local estrategicamente importante e sensivel, e a desercio do militar pode expor a tropa e, em ultima anélise, por em risco a integridade do territério nacional. DESERGAO ESPECIAL Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou forca em que serve: (Redacdo dada pela Lei n2 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenco, até trés meses, se apés a partida ou deslocamento se apresentar, dentro de vinte € quatro horas, @ autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, 4 autoridade policial, para ser comunicada a apresentac3o ao comando militar competente.(Redacéo dada pela Lei n® 9.764, de 18.12.1998) § 1° Se a apresentagao se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e no excedente a cinco dias: Pena - detencéo, de dois a oito meses. § 2° Se superior a cinco dias e nao excedente a oito dias: (Redactio dada pela Lei n° 9.764, de 18.12.1998) Pena - detengio, de trés meses a um ano. § 2°-A. Se superior a oito dias: (Incluido pela Lei n® 9.764, de 18.12.1998) Pena - detenco, de seis meses a dois anos. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 AUMENTO DE PENA § 32A pena é aumentada de um terco, se se tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de metade, se oficial. (Redacio dada pela Lei n? 9.764, de 18.12.1998) Nao pretendo entrar em detalhes sobre este assunto, mas esse dispositive tinha antes redacio bastante confusa. Perceba que os pardgrafos do art. 190 fazem um escalonamento temporal, determinando penas diferentes de acordo com 0 tempo que 0 desertor demora a se apresentar. Na redaco anterior, nao havia pena cominada no caso de o desertor demorar mais do que dez dias para se apresentar. Por vérios anos o assunto foi discutido e rediscutido nos tribunais, mas o dpice da confus3o se deu quando o STF comesou a considerar a conduta atipica nessa situac3o, em atendimento ao principio estrito da legalidade Em 1998, portanto, foi alterada a redacio do dispositivo, e agora a demora a partir de oito dias ja é suficiente para que seja cominada a pena maxima prevista para o crime. Jorge César de Assis aponta uma grave lacuna no texto da norma, pois hd previsdo de pena para o desertor que se apresenta voluntariamente, mas n3o para aquele que é capturado. Os poucos julgados do STF sobre 0 assunto apontam para a atipicidade do fato. £ estranho, ea lei precisa ser alterada urgentemente. A desercao especial, diferentemente da comum, nao impée o periodo de oito dias para que o crime esteja configurado. Basta que o militar deixe de se apresentar para partir com sua forga, e ele ja sera considerado desertor. Na deserco especial nao hd periodo de graca. Basta que o militar deixe de se apresentar para embarcar em navio ou aeronave ou para deslocar-se com sua tropa para que o crime esteja consumado. A Doutrina considera que em alguns casos a nao apresentacSo do militar para deslocamento deve ser considerada apenas infracao disciplinar. Essas situagdes so aquelas em que nao ha perigo envolvido, a exemplo do voo rotineiro de helicéptero realizado diariamente pela Policia Militar para avaliar a situa¢3o do transito da cidade. Deslocamento é o movimento das forcas, seja ele a pé ou com 0 auxilio de viaturas ou carros de combate. Uma unidade é a fraco da tropa que tem autonomia; geralmente trata-se de um batalhdo ou equivalente (regimento de cavalaria, grupamentos de bombeiros, grupo de artilharia, etc.). Segundo vérios doutrinadores, o crime também sé deve ocorrer quando o deslocamento da forca ou unidade tiver certo nivel de importdncia. No parece razoavel, por exemplo, que um militar seja considerado desertor por ter faltado a um treinamento de ordem unida ou a um acampamento. © §3° traz uma circunstncia especial de aumento de pena, aumentando-a em um tergo caso 0 agente criminoso seja sargento, subtenente ou suboficial, e pela metade, se oficial. O prejuizo para WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 a tropa seré maior se estas pessoas no se apresentarem, pois elas exercem fungdes especiais relacionadas a0 comando. CONCERTO PARA DESERCAO Art. 191. Concertarem-se militares para a pratica da desercao: I- se a deserco no chega a consumar-se: Pena - detencao, de trés meses a um ano. MODALIDADE COMPLEXA II - se consumada a desercao: Pena - reclusdo, de dois a quatro anos. Mais uma vez estamos diante de um crime plurissubjetivo, ou de concurso de pessoas necessario. Isso significa que nao é possivel haver crime com um sé autor. Sdo necessarios pelo menos dois agentes. Neste crime os militares combinam, acertam a deser¢o coletiva. A pena cominada se divide em duas possibilidades, a depender de a desergio se consumar ou nao. Perceba que se o militar for capturado no periodo de graca (oito dias), a deserco ainda no se consumou, e, portanto, a pena aplicavel sera a mais branda. Caso a deserc3o se consume, haverd dois crimes: 0 concerto para deser¢3o e a desercio propriamente dita, devendo os criminosos responderem em concurso material pelos dois crimes. Se dois militares entram em acordo e um deles é capturado no periodo de graca, este apenas responderd pelo crime de concerto, enquanto 0 outro responderd por este e pelo de desersio. DESERGAO POR EVASAO OU FUGA Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto de detencao ou de prisdo, ou fugir em seguida & pratica de crime para evitar priséo, permanecendo ausente por mais de oito dias: Pena - detencio, de seis meses a dois anos. O sujeito ativo deste crime é o militar que est sob poder de escolta, em cumprimento de deteng3o disciplinar ou de prisio, ou ter praticado algum delito de cuja responsabilidade pretender esquivar- se pela fuga e posterior desercio. A conduta tipica consiste em fugir de estabelecimento prisional militar ou do poder de escolta militar. Também incorre nesta modalidade de deser¢o o militar que pratica crime e foge para evitar a unico. A expresso recinto de detencao est relacionada ao local em que o militar cumpre medidas disciplinares. O legislador foi impreciso em raz3o da época, pois nao era possivel prever, em 1969, todas as possibilidades de prisdo que seriam consignadas nos regulamentos militares, ndo € mesmo? WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Recinto de prisdo, por outro lado, € 0 local em que o militar cumpre pena pelo cometimento crime ou ainda onde cumpre ordem de prisio ci FAVORECIMENTO A DESERTOR Art. 193. Dar asilo 2 desertor, ou tomé-lo a seu servico, ou proporcionar-Ihe ou facilitar-lhe transporte ou meio de ocultagae, sabendo ou tendo razo para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capitulo: Pena - detenco, de quatro meses a um ano. ISENCAO DE PENA Pardgrafo Unico. Se 0 favorecedor é ascendente, descendente, cénjuge ou irmao do criminoso, fica isento de pena. sujeito ativo deste crime pode ser qualquer pessoa, desde que dé abrigo ao desertor ou tome-o como seu servical, dando-Ihe emprego. Em tese, aquele que emprega o desertor dificulta sua captura e promove incentivo para que permaneca na clandestinidade. Aquele que proporciona ou facilita o transporte do desertor, bem como aquele que o esconde, também incorrem no crime em estudo. Em todas as possibilidades vistas, contudo, o agente precisava ter conhecimento da condicao criminosa do desertor. Obviamente no hd dolo se aquele que da abrigo 20 criminoso, por exemplo, no souber que ele esta se furtando ao servico militar. Quanto expresso “tendo razo para saber” e a isen¢o de pena para ascendente, descendente, cénjuge e irmao do desertor, recorro aos comentarios feitos quando tratamos do crime previsto no art. 186 do CPM. OMISSAO DE OFICIAL Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre os seus comandados: Pena - detencao, de seis meses a um ano. O sujeito ativo deste crime, além de ser militar, também ocupa a posicao de oficial. 0 desertor deve estar sob comando do oficial, ao tempo em que o oficial, sabendo que h4 um desertor entre seus comandados, no adota nenhuma providéncia. Caso o militar que tenha conhecimento da deser¢o nao seja oficial, ou, sendo oficial, nao tenha grupo sob seu comando, niio incorreré no crime em estudo. E possivel também que o oficial nao tenha conhecimento incontestavel da deser¢o, mas ainda assim responda pelo crime, caso tivesse condicdes de saber. Nessas situagdes, podemos dizer que a pessoa nfo tomou conhecimento do fato por falta de diligéncia sua, pois as evidéncias eram suficientemente claras. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Hoje € muito dificil que um desertor va buscar abrigo nas fileiras de outra tropa, mas devemos lembrar que 0 CPM foi escrito numa época em que nao havia os céleres e eficientes meios de comunicago dos quais desfrutamos hoje. Nos tempos atuais, quando um militar se torna desertor, seu nome é divulgado entre todas as unidades da forca & qual pertence. CAPITULO IIl- DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS CRIMES EM SERVICO ABANDONO DE POSTO Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, 0 posto ou lugar de servico que Ihe tenha sido designado, ou 0 servico que Ihe cumpria, antes de termind-lo: Pena - detengao, de trés meses a um ano. Neste crime o sujeito ativo precisa ser militar da ativa que esteja de servico em posto (fixo ou mével), em lugar delimitado ou em execugo de tarefa especifica. A conduta consiste em abandonar, deixar o posto no qual esteja prestando servico, o local em que © presta ou © proprio servigo. Obviamente para que a conduta seja tipica é necessdrio que o abandono se dé sem autorizao ou ordem superior. Posto é 0 local (fixo ou nao) onde se cumpre a missio. Pode haver postos de vigilancia, controle, seguranca, guarda, ou qualquer outra tarefa prépria das forgas militares. Lugar de servigo é um localidade em regra maior que 0 posto, o que impede que o militar execute a tarefa sozinho. Ainda assim, porém, ele guarda responsabilidade especifica em relaco ao local, a exemplo do Oficial de Dia, que tem fungdes de guarda e vigilancia relacionadas & responsabilidade quanto ao comando da equipe que cobre a unidade. O Oficial de Dia pode ser encontrado em qualquer lugar do quartel, mas nunca fora dele durante o servico. © crime em estudo € também cometido pelo policial militar que tem designag3o especifica de patrulha em area geogréfica delimitada e dela se afasta Caso a atividade desempenhada pelo militar nao tenha uma delimitaco espacial, ou esta no seja to importante para o desempenho da fungo, ele ainda pode incorrer na conduta de abandono de servigo, caso se ausente antes de concluir as tarefas a ele atribuidas. Para abandonar o servigo, & necessdrio que o militar primeiramente o assuma. Aquele que no cumpre ordem direta de assumir 0 servico e deixa a unidade no comete o crime de abandono de posto, mas poderia ser enquadrado, por exemplo, no delito de recusa de obediéncia (art. 163 do CPM). Para que a conduta esteja completada, nao é necessdrio que haja nenhuma contagem temporal desde 0 abandono do posto. No importa se 0 sujeito ativo o abandonou por uma hora ou um dia, ocrime estaré consumado do mesmo jeito. Hé ainda uma questo, muito debatida pela Doutrina, acerca do tratamento que deve ser dado ao militar que abandona seu posto, ausentando-se do servigo por periodo superior a oito dias. A maior WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 parte dos autores prescreve que o crime de desercao deve absorver o de abandono de posto, por ser conduta mais grave. DESCUMPRIMENTO DE MISSAO Art, 196. Deixar 0 militar de desempenhar a missao que Ihe foi confiada: Pena - detencdo, de seis meses a dois anos, se o fato no constitui crime mais grave. § 1° Se é oficial 0 agente, a pena é aumentada de um terco. § 2° Se o agente exercia funcao de comando, a pena é aumentada de metade. MODALIDADE CULPOSA § 3° Se a abstencao é culposa: Pena - detengio, de trés meses a um ano. Aqui temos como sujeito ativo apenas o militar da ativa, jé que apenas a ele pode ser confiada miss3o de natureza militar. Trata-se de delito omissivo, pois o agente deixa de cumprir a missdo que Ihe foi atribuida. A miss3o consiste em atividade especifica e definida. Neste caso estamos diante de uma missio de cardter militar, apesar de parte da Doutrina considere que 0 fato de o sujeito ser militar e estar cumprindo a misso em servigo ja é 0 suficiente para estabelecer esta caracteristica de forma inequivoca. O crime em estudo traz também circunstancias especiais de aumento de pena. € punido com maior rigor 0 oficial ou o militar que esteja em funcao de comando. Ao menos em tese essas pessoas desempenham missdes de maior complexidade e responsabilidade. © préprio preceito secundério da pena cominada determina que este crime é subsidiério, pois 0 descumprimento da missao, por sua prépria natureza, pode constituir crime mais grave. Caso isso ocorra, a persecug3o do agente deve ser feita com base na conduta mais grave. RETENGAO INDEVIDA Art. 197. Deixar 0 oficial de restituir, por ocasiéo da passagem de funcéo, ou quando Ihe é exigido, objeto, plano, carta, cifra, cédigo ou documento que Ihe haja sido confiado: Pena - suspensao do exercicio do posto, de trés a seis meses, se 0 fato nao constitui crime mais grave. Pardgrafo tinico. Se 0 objeto, plano, carta, cifra, cédigo, ou documento envolve ou constitul segredo relativo 4 seguranca nacional: Pena - detenco, de trés meses a um ano, se o fato nao constitui crime mais grave. Aqui o sujeito ativo deve ser militar oficial. 0 crime n8o pode ser cometido por civis e nem por pracas. A conduta consiste em “deixar de restituir”, que significa n3o devolver, ou seja, 0 oficial deixa de passar Aquele que o substitui qualquer material inerente & atividade que est sendo transmitida. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Objeto é, por exceléncia, coisa mével, de alguma forma relacionada ao exercicio da fungo. Plano é qualquer registro grafico que define ou evidencia uma estratégia militar. Carta, na acep¢ao militar, é uma espécie de mapa, a reproducao de uma drea geografica. Cifras so sinais e caracteres de um cédigo criado para nao ser compreendido por todos, e o cédigo é a legenda capaz de descriptografar essa informago. Por ultimo, documento é a pega escrita que manifesta um fato ou o pensamento de alguém. paragrafo Unico prevé a forma qualificada do delito: deve haver penas maiores quando o objeto, plano, cifra, cédigo ou documento envolvem ou constituem segredo relativo & seguranca nacional. OMISSAO DE EFICIENCIA DA FORCA Art. 198. Deixar 0 comandante de manter a forca sob seu comando em estado de eficiéncia: Pena - suspenso do exercicio do posto, de trés meses a um ano. Ossujeito ativo aqui precisa, além de militar, ser comandante de um efetivo caracterizado como fora militar. De acordo com o principio secundsrio, explicitado na cominacSo da pena, é necessdrio também que © comandante seja oficial, pois apenas oficiais ocupam posto (pracas ocupam graduaco). A conduta consiste na omissio do comandante quanto & tomada de providéncias no sentido de manter seus subordinados treinados para a aco necesséria ao desempenho das funcdes daquele efetivo. Também € possivel que a omisso esteja relacionada as condigdes materiais para o desempenho das fungdes por parte da tropa. OMISSAO DE PROVIDENCIAS PARA EVITAR DANOS Art, 199. Deixar 0 comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para evitar perda, destrui¢éo ou inutilizacéo de instalagées militares, navio, aeronave ou engenho de guerra motomecanizado em perigo: Pena - reclusdo, de dois a oito anos. MODALIDADE CULPOSA Pardgrafo tinico. Se a abstencéo é culposa: Pena - detencdo, de trés meses a um ano. sujeito ativo é o militar investido na fungao de comandante de navio, aeronave, engenho de guerra motomecanizado ou instalaco militar. Perceba que aqui ndo é necessério que o comandante seja oficial, sendo possivel 0 cometimento do crime por parte de praca investido em funcdo de comando. Neste delito 0 comandante deixa de empenhar-se, ou seja, mostra-se indiferente ou no se dedica integralmente a salvar os materiais ou instalages que esto sob seu comando. Esses bens ou instalagdes podem estar sujeitos aos perigos préprios dos conflitos militares, ou ainda a perigos decorrentes de fenémenos naturais, como maremotos, terremotos, enchentes, etc. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 OMISSAO DE PROVIDENCIAS PARA SALVAR COMANDADOS Art. 200. Deixar 0 comandante, em ocasiéo de incéndio, naufragio, encalhe, coliso, ou outro perigo semelhante, de tomar todas as providéncias adequadas para salvar os seus comandados e minorar as consequéncias do sinistro, ndo sendo o Ultimo a sair de bordo ou a deixar a aeronave ‘ou 0 quartel ou sede militar sob seu comando: Pena - reclusSo, de dois a seis anos. MODALIDADE CULPOSA Pardgrafo tinico. Se a abstencio é culposa: Pena - detencéo, de seis meses a dois anos. Aqui o sujeito ativo também é o militar em funcao de comando de navio, aeronave ou instalac3o militar, independentemente de ser oficial ou praca. Este crime difere do anterior quanto ao objeto a ser protegido. No art. 199 0 dever de protesiio do comandante recaia sobre coisas, enquanto aqui este dever esta relacionado a protecao das pessoas em sua tropa. Um dos principais deveres do comandante é emprenhar-se com todas as suas forgas para assegurar 0 bem estar da sua tropa, especialmente diante de situagées de perigo. E interessante que vocé saiba também que, nestas situagdes, n3o é permitido ao comandante nem invocar o estado de necessidade, pois ele tem o dever expresso de encarar 0 perigo, nos termos da excecdo trazida pelo art, 43 do CPM. Veja bem, este tipo penal nao estabelece uma obrigaciio de suicidio a0 comandante. Ele deve empenhar-se 20 maximo para salvar os membros da tropa que possam ser salvos, mas eventualmente pode nao ser possivel fazé-lo. O fato de um ou varios comandados nao poderem ser salvos no obriga o comandante a permanecer no navio, aeronave ou quartel até a morte, OMISSAO DE SOCORRO Art. 201. Deixar 0 comandante de socorrer, sem just causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou ndufragos que hajam pedido socorro: Pena - suspensao do exercicio do posto, de um a trés anos ou reforma. Aqui 0 sujeito ativo mais uma vez € 0 comandante, mas o preceito secundario nos indica que deve ele ser oficial, pois apenas oficiais ocupam posto. Neste crime o comandante toma conhecimento de que um navio ou aeronave esta em perigo, ou que hd ndufragos, e nao presta o devido socorro. Estamos diante, portanto, de um crime omissivo. Obviamente nao estamos falando do comandante do navio ou aeronave em perigo, mas de outro comandante, que teria condi¢ées de operar o resgate, mas nao 0 faz. O tipo penal faz ressalva ao determinar que a omiss3o deve ocorrer “sem justa causa”. Uma justificativa possivel seria a iminéncia de prejudicar irremediavelmente a tripulagdo da propria aeronave ou navio que efetuasse o resgate. O comandante nao deve ordenar o resgate, por exemplo, sabendo que ele nao é possivel sem que sua tripulago seja sacrificada WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 EMBRIAGUEZ EM SERVICO Art. 202. Embriagar-se 0 militar, quando em servico, ou apresentar-se embriagado para prests- lo: Pena - detenco, de seis meses a dois anos. A conduta esta relacionada a embriaguez do militar. Incorre neste crime o militar que se embriaga em servigo ou que jé se apresenta nesta condi¢o. ‘Aqui estamos tratando da embriaguez voluntaria. Obviamente no hd conduta tipica se o militar foi embriagado contra sua vontade, por caso fortuito ou forga maior. A constatagio do estado de embriaguez deve ser realizada, em regra, por peritos médicos. Esse exame pode ser clinico ou laboratorial. Na modalidade clinica o exame é feito por meio da observacao de certos aspectos, como a aparéncia, atitude, orientaco no tempo e espaco, meméria, coordenagao motora, dilataco das pupilas, sensibilidade, etc. J4a modalidade laboratorial é o exame de dosagem, por meio do qual é medido 0 teor da droga no organismo do militar acusado de embriaguez. Hd muita discussao sobre a constitucionalidade da coleta de material para o exame laboratorial de forma coercitiva, mas isso ndo é importante para a sua prova, ok? © ‘A embriaguez & um estado fisico e mental que traz alto risco par a consecuso dos objetivos das instituiges militares. € irrelevante o tipo de droga utilizada pelo embriagado, sendo possivel 0 crime de embriaguez por meio do uso de qualquer substancia entorpecente. Como ja vimos, somente haverd crime se o militar apresentar-se embriagado para o servico. Imagine, por exemplo, um policial militar que se embebeda em casa, veste seu uniforme, e, de arma em punho, sai andando na rua, mas devido a seu estado deploravel, nado consegue chegar ao quartel. Neste caso, ndo ha crime de embriaguez em servico, pois o militar ndo chegou a apresentar-se. DORMIR EM SERVIGO Art. 203. Dormir o militar, quando em servico, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situacdo equivalente, ou, nao sendo oficial, em servico de sentinela, vigia, plantéo 4s maquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer servico de natureza semelhante: Pena - detenco, de trés meses a um ano. A conduta do crime em estudo consiste em entregar-se ao sono, desligar-se do que se passa 8 sua volta, perder a nocdo do ambiente que o envolve, mesmo que por pouco tempo. Note que 0 sono em qualquer servico nao € 0 suficiente para configurar o crime. E necessario que ‘o militar que dorme esteja exercendo fungées especificas, que ja foram tratadas por nés, e que esto relacionadas a tarefas de vigilancia. Aquele que exerce atividade administrativa, por exemplo, no pode incorrer neste crime. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 CAPITULO IV — DO EXERCICIO DE COMERCIO EXERCICIO DE COMERCIO POR OFICIAL Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administracao ou geréncia de sociedade comercial, ou dela ser sdcio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade anénima, ‘ou por cotas de responsabilidade limitada: Pena - suspensao do exercicio do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma. A conduta pode ser praticada de trés formas diferentes: a primeira delas € 0 exercicio direto do comércio, apesar de a Lei Penal Militar nao ter trazido um conceito de ato de comércio. O STF entende que deve ser buscado 0 conceito préprio do ramo especifico do Direito que trata do assunto, a saber, o Direito Empresarial. Nesse sentido, o comércio pode ser encarado como a compra e venda ou intermediagao de mercadorias para a obtenco de lucro. Também pratica o crime o oficial que toma parte na administragao ou geréncia de sociedade comercial ou assume a condigSo de sécio, Neste ponto os teéricos do Direito Penal Militar se debrugam sobre os conceitos do Direito Societério, mas eu nao acredito que a banca examinadora desca a esses detalhes. Para vocé, basta saber que Sociedade Comercial, hoje chamada de Sociedade Empreséria, é toda aquela voltada para o exercicio de atividade econémica organizada para a produgo ou a circulacao de bens ou servigos. Hé doutrinadores que dizem que este tipo penal foi derrogado pelo Cédigo Civil de 2002. Eu acho essa interpretaco exagerada, mas nem Célio Lobéo e nem Jorge César de Assis so conclusivos sobre o assunto. Atencdo para a excecdo! 0 oficial pode ser acionista ou cotista de Sociedade Anénima ou por cotas de responsabilidade limitada. Isso significa que o oficial pode adquirir aces ou cotas, desde que n3o tome parte na administracao da empresa. 3 - CRIMES CONTRA A ADMINISTRACAO MILITAR CAPITULO | - DO DESACATO E DA OBEDIENCIA DESACATO A SUPERIOR Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-the 2 autoridade: Pena - reclusdo, até quatro anos, se o fato no constitui crime mais grave. AGRAVAGAO DE PENA Pardgrafo Unico. A pena é agravada, se 0 superior é oficial general ou comandante da unidade a que pertence o agente. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 O sujeito ativo deste crime 0 inferior hierdrquico. O niicleo da conduta é desacatar, que significa faltar com respeito, desmerecer, afrontar. A Doutrina entende que é necessdrio que o superior esteja presente para que haja o crime em estudo. N3o & necessério, entretanto, que o desrespeito ocorra face a face, bastando que seja percebido. E possivel, por exemplo, que o desacato seja cometido por meio de videoconferéncia A diferenciaco entre este crime e 0 de desrespeito a superior, previsto no art. 160, estd apenas na gravidade da conduta. 0 desrespeito é uma falta de consideraao mais branda, enquanto o desacato é mais severo, e por essa razio 0 desrespelito é subsididrio, sendo absorvido quando ocorrer desacato. No paragrafo Unico ha causa especial de aumento de pena, quando o superior desacatado for oficial general ou comandante da unidade. € interessante lembrar que nas policias militares, por forca do Decreto-Lei n* 667/1969, 0 posto maximo do oficialato € o de coronel, no sendo possivel haver oficiais generais. Lembro a vocé que neste tipo de crime, o desconhecimento da condi¢So de superior ocupada pelo ofendido descaracteriza o crime. DESACATO A MILITAR Art. 299. Desacatar militar no exercicio de funcao de natureza militar ou em razéo dela: Pena - detenco, de seis meses a dois anos, se o fato nao constitui outro crime. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, militar ou civil. O sujeito passivo, por outro lado, € o militar em exercicio de funcdo de natureza militar, ou que seja ofendido em razo dela. J4 se considerou desacato a militar, por exemplo, a conduta de um “major reformado da Policia Militar que, em entrevero com guarni¢So da Policia Militar, exercendo funcao de natureza militar, ofende, desrespeita, injuria e vilipendia os militares, sem raz4o, com palavras chulas e de baixo calao, deprimindo-lhes a autoridade”. Os comentarios feitos quanto aos detalhes da conduta no crime anterior também valem para este. DESACATO A ASSEMELHADO OU FUNCIONARIO Art. 300. Desacatar assemelhado ou funciondrio civil no exercicio de funcao ou em razéo dela, em lugar sujeito 4 administracao militar: Pena ~ detencao, de seis meses a dois anos, se o fato nao constitui outro crime. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, militar ou civil. A vitima pode ser apenas o funcionario civil, pois a figura do assemelhado nao existe mais. Mais uma vez 0 nticleo da conduta é 0 desacato, sobre o qual ja discorremos em detalhes nos crimes anteriores. Uma especificidade deste tipo € 0 lugar como elementar. Apenas ocorreré o crime se 0 ato desrespeitoso ocorrer em lugar sujeito & administraco milita WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Perceba que isso no significa que no haverd crime se o fato ocorrer fora de local sob a administracao militar. 0 fato pode ainda ser capitulado como crime comum de desacato, ou crime contra a honra. DESOBEDIENCIA Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar: Pena - detenco, até seis meses. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, civil ou militar. Pratica 0 crime em estudo aquele que nao atende a ordem de autoridade militar, pouco importando se 0 fez por ago contraria 4 ordem ou simplesmente por omissao. Essa desobediénciandoinclui ouso de violénca ou ameaga direcionada & autoridade militar. Se fosse este 0 caso, 0 tipo penal seria o do art. 177 (Resisténcia). Também 6 necessério que 2 ordem seja legal e atenda aos requisitos de validade do ato administrativo. Aquele que no acata, por exemplo, ordem de parada para fiscalizacdo de transito, comete o crime em estudo. INGRESSO CLANDESTINO Art, 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito 4 administrac&o militar, por onde seja defeso ou nao haja passagem regular, ou iludindo a vigilancia da sentinela ou de vigia: Pena - detencao, de seis meses a dois anos, se o fato nao constitui crime mais grave. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, militar ou civil, que entra em local sujeito & administrag3o militar as escondidas. Caso o faga de forma evidente, com afronta, por exemplo, a ordem emanada, estara configurado outro crime, a exemplo da oposi¢ao 4 ordem de sentinela (art. 164), ou desobediéncia (art. 301), © local do crime pode ser navio, aeronave ou hangar, desde que sujeitos & administracao militar. ar. Além destes locais, 0 crime pode ocorrer em qualquer outro estabelecimento mil Como podemos verificar pela expressio “se o fato no constitui crime mais grave” constante no preceito secundério, o crime € subsidiario. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 CAPITULO II - DO PECULADO A partir deste capitulo entramos na parte do CPM que traz diversos crimes de forma idéntica ao que ‘© faz 0 Cédigo Penal comum. Nao pretendo entrar em muitos detalhes acerca desses crimes, até porque apenas o peculato e a corrupcio passiva jd foram cobrados em provas anteriores, e ainda assim com questées muito simples. Acredito que, se cairem questBes acerca desses tipos penais, elas devem seguir apenas a letra da lel. Nos comentarios darei uma atencio especial ao peculato e aos crimes de corrupco, ok? PECULATO Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mével, publico ou particular, de que tem a posse ou detencdo, em razdo do cargo ou comissao, ou desvia-lo em proveito préprio ou alheio: Pena - reclusdo, de trés a quinze anos. § 1° A pena aumenta-se de um terco, se 0 objeto da apropriacao ou desvio é de valor superior a vinte vezes 0 salario minimo. PECULATO-FURTO §2° Aplica-se a mesma pena a quem, embora nao tendo a posse ou detencao do dinheiro, valor ‘ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraido, em proveito préprio ou alheio, valendo-se da facilidade que Ihe proporciona a qualidade de militar ou de funcionério. PECULATO CULPOSO § 3° Se 0 funciondrio ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie 0 dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detencao, de trés meses a um ano. EXTINGAO OU MINORACAO DA PENA § 4° No caso do paragrafo anterior, a reparaco do dano, se precede a sentenca irrecorrivel, extingue a punibilidade; se Ihe é posterior, reduz de metade a pena imposta © Direito Penal comum, este crime é préprio, somente podendo ser praticado por funciondrio piiblico. Para definir esta figura, devemos nos socorrer do art. 327 do Cédigo Penal, uma vez que o CPM nada trata acerca desse assunto. Perceba que esse funcionério piblico, no entanto, nao precisa ser militar, sendo possivel a pratica do crime por funcionario publico civil atuando na Administraco Militar. Ficamos ento diante de uma situa¢3o um pouco estranha: o crime é proprio, mas também é impropriamente militar. © termo “peculato” deriva do latim “pecus”, que, por sua ver, significa gado. Na realidade o termo se referia & riqueza da época, antes de a moeda assumir esta funco. iar nosso estudo pelo peculato préprio, previsto no caput do art. 303, A conduta ilicita é -se”, significando que o autor do delito jd tem em seu poder, em razao do cargo, a posse do objeto material, assumindo em seguida a posi¢ao de dono. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 0 objeto do crime é um bem mével, sendo possivel que o crime ocorra com a apropriaggo de dinheiro ou de qualquer outro objeto pertencente & Administraco Publica. O importante aqui é que este bem tenha sido confiado ao funcionario puiblico, em razo da fung3o exercida. Este crime ocorre quando um policial militar, por exemplo, decidir se apropriar de arma apreendida no exercicio da fungao. Na segunda forma do peculato préprio, temos 0 desvio. Neste caso o agente nao toma o bem para si, mas dé a ele destinaco diferente da devida, pouco importando se o faz em beneficio préprio ou de terceiro. Este € 0 caso do militar que trabalha na seco de pagamentos e faz lancamento de valores na conta corrente de outra pessoa que nao o real favorecido. 0 §1° do art. 3° traz uma causa especial de aumento de pena: se o bem apropriado ou desviado for de valor superior a vinte salarios minimos, a pena é aumentada em um tergo. Perceba que, pela forma como foi escrito 0 §1°, podemos conclui_que essa majorante apenas se aplica ao peculato préprio. Com relago ao peculato impréprio, previsto no §2°, trata-se de hipstese de peculato-furto, ou seja, © agente no tem a posse do bem, mas o subtrai ou facilita sua subtrag3o por outrem. Este ato, obviamente, precisa estar acompanhado da vontade do agente de tirar proveito do bem. N3o hd crime, portanto, quando um funcionério publico toma a posse de bem apenas para utiliza-lo momentaneamente e devolvé-lo em seguida. §3° tipifica 0 peculato culposo, que ocorre quando o funciondrio pubblico contribui, de forma culposa, para que outra pessoa desvie ou subtraia bem mével, ou dele se aproprie. Geralmente essa culpa se da na modalidade negligéncia, em que o agente nao observa seu dever objetivo de cuidado. Para que o funcionério puiblico seja responsabilizado pelo peculato culposo nao € necessario que descubra a autoria do furto ou desvio do bem, pois uma conduta independe da outra. © §4” prevé uma causa de extingao da puni aplicdveis apenas ao peculato culposo. idade e outra causa especial de diminuigdo de pena, Se 0 autor do peculato culposo reparar o dano antes do transito em julgado da sentenga condenatéria, sua punibilidade estard extinta, Caso 0 faca apés 0 transito em julgado, ter sua pena diminuida pela metade. Obviamente estes dois institutos apenas alcangam o autor do peculato culposo, e no o do crime principal: furto ou desvio de bem piblico. PECULATO MEDIANTE APROVEITAMENTO DO ERRO DE OUTREM Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercicio do cargo ou comissao, recebeu por erro de outrem: WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Pena - reclusio, de dois a sete anos. Este crime também é chamado de peculato-estelionato. Mais uma vez estamos diante de um crime préprio, mas impropriamente militar, sendo necessario apenas que o autor seja funciondrio publico. Neste crime o autor deve receber o dinheiro ou bem em razdo do cargo exercido, e em funcio de erro cometido por outra pessoa. Esse erro pode decorrer de falha na identificagao do destinatario do bem, ou da prépria coisa mével a ser entregue. Este erro no precisa ser espontdneo, podendo ser provocado pelo préprio agente. Dai a identificagao desta modalidade de peculato com o crime de estelionato. CAPITULO III - DA CONCUSSA _, EXCESSO DE EXACAO E DESVIO concusséo Art. 305, Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funcéo ou antes de assumi-la, mas em razao dela, vantagem indevida: Pena - reclusao, de dois a oito anos. EXCESSO DE EXACAO Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando devido, empregar na cobranca meio vexatério ou gravoso, que a lei néo autoriza: Pena - detencao, de seis meses a dois anos. DESVIO Art. 307. Desviar, em proveito préprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente, em razao do cargo ou fungo, para recolher aos cofres publicos: Pena - reclusao, de dois a doze anos. A redago do art. 306 é um pouco diferente da redacao dada ao crime pelo CP, mas isto tem uma explicago bastante simples. O Cédigo Tributério Nacional sofreu uma atualizagéo em 1990, por meio da Lei n* 8.137. Esta lei alterou os tipos tributérios, modernizando a legislacio e deixando-a de acordo com a Constituigio de 1988, mas deixou de fora 0 CPM. O niicleo do tipo, entretanto, continua sendo o mesmo. O crime de excesso de exagio ocorre quando o funcionério publico exige tributo que sabe indevido, ou, quando devido, utiliza meio vexatério ou gravoso. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 CAPITULO IV - DA CORRUPCAO ‘CORRUPCAO PASSIVA Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funcao, ou antes de assumi-la, mas em razao dela vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusao, de dois a oito anos. AUMENTO DE PENA § 1° A pena é aumentada de um terco, se, em consequéncia da vantagem ou promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de oficio ou 0 pratica infringindo dever funcional. DIMINUICAO DE PENA § 2° Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de oficio com infracéo de dever funcional, cedendo a pedido ou influéncia de outrem: Pena - detencdo, de trés meses a um ano. Este crime tem uma semelhanca muito grande com a concussao, diferenciando-se basicamente apenas pelos verbos nucleares. Na concusséo, o autor “exige” a vantage, enquanto na corrupco passiva as condutas nucleares sfio “receber” vantagem indevida e “aceitar” sua promessa. Diferentemente da corrupg3o passiva prevista no Cédigo Penal Comum, o CPM nio tipifica a conduta “solicitar”, o que ndo torna exatamente o crime diferente, ndo € mesmo? Apenas ha duvida quanto a qual crime é cometido pelo militar que “solicita” vantagem indevida em raz3o da funcio. A solugo dada pela Doutrina é a de que um militar, fardado e armado, que solicita vantagem, na verdade a esta exigindo, e portanto cometeria o crime de concussao. Caso o militar n&o esteja aparamentado e nfo ofereca ameaca direta, apenas solicitando a vantagem, incorrerd no crime de corrup¢ao passiva comum, previsto pelo Cédigo Penal. Este caso seria o do bombeiro militar que solicita vantagem para aprovar uma construcao e expedir 0 Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Segundo a Doutrina, o crime em estudo tem carater bilateral. Somente haverd corrupgao passiva se houver um corruptor, que, por sua vez, praticaré o crime de corrup¢ao ativa CORRUPGAO ATIVA Art, 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a pratica, omiss30 ou retardamento de ato funcional: Pena - reclusao, até olto anos. AUMENTO DE PENA Paragrafo unico. A pena é aumentada de um terco, se, em razéo da vantagem, dadiva ou promessa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado com infracéo de dever funcional. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, seja militar ou civil. Diferentemente do crime de corrupsao passiva, a corrupsao ativa nao ser necessariamente um crime bilateral, pois é possivel que o agente ofereca vantagem indevida eo funcionario piiblico nao a aceite. Aqui também hé uma diferenca de redagdo entre o CPM e 0 CP. O crime militar traz como nuicleos da conduta os verbos “dar”, “oferecer” e “prometer”. O crime previsto no CP apenas traz os verbos “oferecer” e “prometer”. PARTICIPACAO ILECITA Art, 310. Particivar, de modo ostensivo ou simulado, diretamente ou por interposta pessoa, em contrato, fornecimento, ou concessao de qualquer servico concernente 4 administracao militar, sobre que deva informar ou exercer fiscalizacao em razéo do oficic Pena - reclusao, de dois a quatro anos. Pardgrafo tinico. Na mesma pena incorre quem adquire para si, direta ou indiretamente, ou por ato simulado, no todo ou em parte, bens ou efeitos em cuja administraco, depésito, guarda, fiscalizacao ou exame, deve intervir em razao de seu emprego ou funcao, ou entra em especulacao de lucro ou interesse, relativamente a esses bens ou efeitos. Este crime apenas existe no CPM. O sujeito ativo deve ser militar, pois, apesar de o tipo nao ser expresso neste sentido, apenas os militares tem deveres relativos & informaco e fiscalizaco de atividades no Ambito militar. © autor do crime, em virtude das fungdes que desempenha, deve informar, prestar contas, esclarecer ou, ainda, fiscalizar a realiza¢3o de contratos, fornecimentos ou concessio de qualquer servico concernente & administraco. Entretanto, apesar de seu dever, ele participa do processo de contratagdo ou fornecimento. CAPITULO V - DA FALSIDADE Estes crimes nunca apareceram em provas anteriores. De todo modo, é interessante dar uma lida. FALSIDADE DE DOCUMENTO Art, 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento piiblico ou particular, ou alterar documento verdadeiro, desde que o fato atente contra a administracdo ou 0 servico militar: Pena - sendo documento public, recluséo, de dois a sels anos; sendo documento particular, reclusao, até cinco anos. AGRAVACAO DA PENA § 1° A pena é agravada se 0 agente é oficial ou exerce funcao em reparticéo militar. DOCUMENTO POR EQUIPARAGAO § 2° Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o disco fonografico ou a fita ou fio de aparelho eletromagnético a que se incorpore declaracao destinada 4 prova de fato juridicamente relevante. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 FALSIDADE IDEOLOGICA Art. 312. Omitir, em documento publico ou particular, declaracdo que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracio falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigacdo ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, desde que 0 fato atente contra a administrac3o ou o servico militar: Pena - reclusio, até cinco anos, se o documento é puiblico; reclusao, até trés anos, se o documento é particular. CHEQUE SEM FUNDOS Art. 313. Emitir cheque sem suficiente proviso de fundos em poder do sacado, se a emiss5o é feita de militar em favor de militar, ou se o fato atenta contra a administracéo militar: Pena - reclusio, até cinco anos. CIRCUNSTANCIA IRRELEVANTE §1° Salvo 0 caso do art. 245, é irrelevante ter sido 0 cheque emitido para servir como titulo ou garantia de divida. ATENUAGAO DE PENA §2° Ao crime previsto no artigo aplica-se 0 disposto nos §§ 1° e 2° do art. 240. CERTIDAO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO Art. 314. Atestar ou certificar falsamente, em razo de funcao, ou profissao, fato ou circunstancia que habilite alguém a obter cargo, pésto ou funcao, ou isenco de énus ou de servico, ou qualquer outra vantagem, desde que 0 fato atente contra a administragao ou servico militar: Pena - detencdo, até dois anos. AGRAVACAO DE PENA Pardgrafo Unico. A pena é agravada se o crime é praticado com o fim de lucro ou em prejuizo de terceiro, USO DE DOCUMENTO FALSO Art, 345. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados por outrem, a que se referem os artigos anteriores: Pena - a cominada & falsificacao ou a alteracao. SUPRESSAO DE DOCUMENTO Art, 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em beneficio préprio ou de outrem, ou em prejuizo alheio, documento verdadeiro, de que nao podia dispor, desde que 0 fato atente contra a administracdo ou 0 servico militar: Pena - recluséo, de dois a seis anos, se 0 documento é publico; reclusdo, até cinco anos, se 0 documento é particular. USO DE DOCUMENTO PESSOAL ALHEIO Art. 317. Usar, como préprio, documento de identidade alheia, ou de qualquer licenga ou privilégio em favor de outrem, ou ceder a outrem documento préprio da mesma natureza, para que dele se utilize, desde que o fato atente contra a administragao ou o servico militar: Pena - detenio, até seis meses, se o fato no constitui elemento de crime mais grave. FALSA IDENTIDADE Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a administracao militar, falsa identidade, para obter vantagem em proveito préprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detencio, de trés meses a um ano, se o fato nao constitui crime mais grave. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Neste capitulo quero chamar sua aten¢do para o crime de cheque sem fundos, por meio do qual é tipificada a conduta de um militar quando emite cheque sem fundos em favor de outro militar. Também é crime a emiss3o de cheque sem fundos em outras situagdes quando 0 fato atenta, de alguma forma, contra a administrago militar. Hd no CP o crime de fraude no pagamento por meio de cheque, que ocorre quando qualquer pessoa ‘emite cheque sem suficiente proviso de fundos em favor do sacado. O crime de uso de documento pessoal alheio é previsto apenas no CPM. O autor, neste caso, utiliza documento verdadeiro, mas pertencente a outra pessoa, como se fosse seu. Tanto quem utiliza 0 documento quanto quem cede seu documento para ser utilizado por outro incorrem no crime. CAPITULO VI — DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL PREVARICACAO Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de oficio, ou praticé-lo contra expressa disposicao de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detencio, de seis meses a dois anos. VIOLACAO DO DEVER FUNCIONAL COM O FIM DE LUCRO Art. 320. Violar, em qualquer negécio de que tenha sido incumbido pela administracao militar, seu dever funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem: Pena - reclusao, de dois a ito anos. EXTRAVIO, SONEGACAO OU INUTILIZACAO DE LIVRO OU DOCUMENTO Art. 324. Extraviar livro oficial, ou qualquer documento, de que tem a guarda em razéo do cargo, sonegé-lo ou inutiliza-lo, total ou parcialmente: Pena - reclusao, de dois a seis anos, se o fato ndo constitui crime mais grave. CONDESCENDENCIA CRIMINOSA Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que comete infracao no exercicio do cargo, ou, quando Ihe falte competéncia, ndo levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - se 0 fato foi praticado por indulgéncia, detengdo até seis meses; se por negligéncia, detencao até trés meses. O crime de violagao de dever funcional com o fim de lucro nao existe, pelo menos nao com este nome, no Cédigo Penal. Este crime pode ser praticado por qualquer pessoa, e a conduta tipificada “violar”, ou seja, macular, ferir, desobedecer preceito legal decorrente do cargo ou funcgSo que ocupa. Também é elementar do tipo a finalidade de obter vantagem, seja ela econémica ou de outra natureza. N3o é necessario, porém, que essa vantagem seja efetivamente alcancada. Quanto ao crime de condescendéncia criminosa, hd crime correspondente no Cédigo Penal comum, apenas com uma ligeira diferenca na descri¢o do tipo. © texto do art, 320 do CP comega com ““Deixar o funcionério, por indulgéncia, de responsabilizar...”. 0 restante do dispositivo € idéntico a0 art. 322 do CPM. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 (NAO INCLUSAO DE NOME EM LISTA Art. 323. Deixar, no exercicio de funcéo, de incluir, por negligéncia, qualquer nome em relacSo ou lista para o efeito de alistamento ou de convocacao militar: Pena - detencio, até seis meses. INOBSERVANCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUGAO Art. 324. Deixar, no exercicio de funcao, de observar lei, regulamento ou instruc&o, dando causa direta a pratica de ato prejudicial 4 administrac3o militar: Pena - se o fato foi praticado por tolerancia, detencio até seis meses; se por negligéncia, suspensio do exercicio do posto, graduacdo, cargo ou funcao, de trés meses a um ano. VIOLACAO OU DIVULGACAO INDEVIDA DE CORRESPONDENCIA OU COMUNICACAO Art. 325, Devassar indevidamente o contetido de correspondéncia dirigida & administraggo militar, ou por esta expedida: Pena - detencio, de dois a seis meses, se 0 fato nao constitui crime mais grave. Pardgrafo tinico. Na mesma pena incorre quem, ainda que no seja funciondrio, mas desde que © fato atente contra a administracao militar: I - indevidamente se se apossa de correspondéncia, embora nao fechada, e no todo ou em parte 2 sonega ou destrdi; II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou abusivamente utiliza comunicacao de interesse militar; III - impede a comunicagao referida no numero anterior. O crime de nao incluso de nome em lista é cometido por quem se omite no dever de incluir nome em lista, no processo de alistamento ou convocacao militar. A lista sé pode estar relacionada a esses dois processos. Caso contrério, nao haveré tipicidade. O alistamento se refere a seleg3o do brasileiro, que deve apresentar-se, no ano em que completar dezoito anos de idade, independentemente de editais, avisos ou notificagées. JA a convocacao é 0 chamamento anual daqueles que irdo prestar o servico militar inicial nas Forgas Armadas. Na opinigo de varios doutrinadores, o tipo penal de inobservancia de lei, regulamento ou instrug3o & inconstitucional, pois ofende o principio da legalidade em raz da falta de taxatividade. Esses doutrinadores entendem que 0 tipo penal € muito “aberto”, e a ConstituicSo adota o principio da legalidade no Direito Penal justamente para evitar este tipo de construgao. © crime de violago ou divulgac3o indevida de correspondéncia ou comunicagie pode ser cometido por qualquer pessoa, civil ou militar. 0 niicleo da conduta é “devassar”, ou seja, violar, tomar conhecimento do conteiido de correspondéncia recebida ou enviada pela administrag3o militar. Nao é necessdrio que o autor leia o contetido, mas apenas que tome conhecimento do que se trata. Obviamente sé pratica o crime aquele que no tem autorizaco para tal. Equipara-se ainda a conduta tipica aquela adotada por quem se apossa de correspondéncia oficial e, em seguida, a sonega (nao devolve) ou destréi (rasga, queima, etc.) ou transmite a outrem o contetido da correspondéncia, bem como aquele que usa, além dos limites razoaveis, forma de WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 comunicago militar. O mesmo se passa com quem impede ou perturba a ponto de no se efetivar qualquer comunicacao de interesse militar. VIOLACAO DE SIGILO FUNCIONAL Art. 326. Revelar fato de que tem ciéncia em razdo do cargo ou funcao e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelac3o, em prejuizo da administracao militar: Pena - detencdo, de seis meses a dois anos, se o fato ndo constitui crime mais grave. VIOLACAO DE SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRENCIA Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorréncia de interesse da administracdo militar ou proporcionar a terceiro 0 ensejo de devassa-lo: Pena - detencdo, de trés meses a um ano. OBSTACULO A HASTA PUBLICA, CONCORRENCIA OU TOMADA DE PRECOS Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a realizacao de hasta publica, concorréncia ou tomada de precos, de interesse da administracao militar: Pena - detencio, de seis meses a dois anos. O crime de obstéculo & hasta piiblica, concorréncia ou tomada de precos pode ser cometido por qualquer pessoa, seja civil ou militar. E necessario ainda que seja funcionario publico, nos termos que jé estudamos na aula de hoje. Este crime tem um correlato no CP, que se chama impedimento, perturbacao ou fraude de concorréncia (art. 355). Ha ainda um aparente conflito entre este o art. 328 do CPM € o art. 93 da Lei n2 8.666/1993 (Lei de Licitagdes e Contratos Administrativos). Jorge César de Assis resolve a questo afirmando que o dispositive do CPM é aplicdvel, pois é lei especial em relacdo a Lei n? 8.666/1993. EXERCICIO FUNCIONAL ILEGAL Art, 329, Entrar no exercicio de posto ou funcdo militar, ou de cargo ou funcéo em reparticao militar, antes de satisfeitas as exigéncias legais, ou continuar o exercicio, sem autorizacao, depois de saber que foi exonerado, ou afastado, legal e definitivamente, qualquer que seja 0 ato determinante do afastamento: Pena - detenco, até quatro meses, se o fato no constitui crime mais grave. ABANDONO DE CARGO Art. 330. Abandonar cargo puiblico, em reparticao ou estabelecimento militar: Pena - detenco, até dois meses. FORMAS QUALIFICADAS §1° Se do fato resulta prejuizo 4 administragao militar: Pena - detencdo, de trés meses a um ano. §2° Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detencéo, de um a trés anos. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 APLICACAO ILEGAL DE VERBA OU DINHEIRO Art, 331. Dar as verbas ou a0 dinheiro publico aplicacao diversa da estabelecida em lei: Pena - detencéo, até seis meses. © tipo de exercicio funcional ilegal é muito parecido com os de assungao e conservacao ilegal de comando, diferindo somente no fato de que estes se restringem ao comando ou direco, o que jd Ihes confere cardter militar, enquanto aquele abrange toda e qualquer func3o militar, e até civil, em repartigao militar, e por esta razo podemos dizer que ele € residual aos anteriores. © abandono de cargo, chamado no CP de abandono de funsao (art. 323), tem redac%o muito parecida, mas 0 CP traz expressa uma exce¢o quando estabelece que o abandono de cargo é crime, “fora dos casos permitidos em lei”. Em que pese a omissSo do CPM neste sentido, é dbvio que hd casos em que € permitido que o militar se afaste do exercicio do cargo, e nessas situacdes nao havera crime. O restante do tipo, incluindo as duas agravantes, é idéntico ao do CP. E interessante perceber que ha agravante quando o abandono ocorre em local compreendido em faixa de fronteira. Num primeiro momento poderiamos pensar que essa situa¢o é mais séria apenas para o militar, responsdvel direto pela defesa das fronteiras do pais. Entretanto, ha érgios e entidades publicas que prestam servicgos muito importantes nestas areas, a exemplo da Receita Federal do Brasil e da Policia Federal. O crime de aplicagao ilegal de verba ou dinheiro é previsto apenas no CPM. O autor pode ser militar ou civil, mas precisa ser funcionario ptiblico. Para que este crime esteja configurado, é necessario identificar qual norma legal foi desobedecida pelo agente. Geralmente estaremos tratando da Lei n? 8.666/1993 (Lei de Licitagées e Contratos Administrativos), ou ainda as normas tipicas da Administrac3o Financeira Orcamentaria, que também so leis: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orcamentarias e Lei Orgamentéria Anual. ABUSO DE CONFIANCA OU BOA FE Art, 332. Abusar da confianca ou boa-fé de militar, assemelhado ou funcionario, em servico ou em razéo deste, apresentando-Ihe ou remetendo-Ihe, para aprovacso, recebimento, anuéncia ou aposi¢éo de visto, relacdo, nota, empenho de despesa, ordem ou folha de pagamento, comunicagao, offcio ou qualquer outro documento, que sabe, ou deve saber, serem inexatos ou irregulares, desde que o fato atente contra a administracao ou o servico militar: Pena - detencéo, de seis meses a dois anos, se o fato ndo constitui crime mais grave. FORMA QUALIFICADA §1° A pena é agravada, se do fato decorre prejuizo material ou processo penal militar para a pessoa de cuja confianca ou boa-fé se abusou. MODALIDE CULPOSA §2° Se a apresentacao ou remessa decorre de culpa: Pena - detencdo, até seis meses, WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 VIOLENCIA ARBITRARIA Art, 333, Praticar violéncia, em reparticao ou estabelecimento militar, no exercicio de fun¢ao ou a pretexto de exercé-la: Pena - detencao, de seis meses a dois anos, além da correspondente 4 violéncia. PATROCINIO INDEBITO Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administracéo militar, valendo-se da qualidade de funcionério ou de militar: Pena - detencio, até trés meses. Pardgrafo nico. Se o interesse é ilegitimo: Pena - detencio, de trés meses a um ano. © delito de abuso de confianga ou boa fé pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de ser civil ou militar. © nucleo da conduta é “abusar”, enganar, faltar com a confianga que a vitima (militar ou funcionério) depositou no autor. Esse abuso se verifica no fato de que 0 autor envia ao ofendido documento inexato ou irregular. Par que o ocorra o crime & necessdrio que o autor conhega a inexatido ou irregularidade do documento, e que esta atente contra a administragao. Trata-se de um delito sub: © tipo penal de violéncia arbitréria pode ter como sujeito ativo um funcionério piiblico, mas este nao precisa ser militar. Este crime é o mesmo previsto no art. 322 do CP, exceto pela previs3o de que deve ocorrer em reparticao ou estabelecimento militar. Jé 0 crime de patrocinio indébito € 0 mesmo tipo penal chamado pelo CP de advocacia administrativa, previsto em seu art. 321. CAPITULO VII - DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRACAO MILITAR USURPACAO DE FUNCAO Art. 335. Usurpar o exercicio de fungao em reparticao ou estabelecimento militar: Pena - detencao, de trés meses a dois anos. TRAFICO DE INFLUENCIA Art. 336. Obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em militar ou assemelhado ou funcionério de reparti¢ao militar, no exercicio de fun¢ao: Pena - reclusao, até cinco anos. AUMENTO DE PENA Pardgrafo tinico. A pena é agravada, se 0 agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao militar ou assemelhado, ou ao funcionério. SUBTRACAO OU INUTILIZACAO DE LIVRO, PROCESSO OU DOCUMENTO Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, proceso ou qualquer documento, desde que o fato atente contra a administragao ou o servico militar: Pena - reclusio, de dois a cinco anos, se o fato ndo constitui crime mais grave. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 O crime de tréfico de influéncia tem uma pequena diferenca em relago ao que é tipificado pelo CP (art. 332). Enquanto o CP fala em “solicitar, exigir, cobrar ou obter...”, 0 CPM apenas tipificou a conduta de “obter”. J4 0 crime de subtraco ou inutilizagao de livro, proceso ou documento tem diferencas sensiveis em relacio ao tipo penal de subtracao ou inutilizacao de livro ou documento (CP, art. 337). Para ilustrar as diferencas, vou reproduzir aqui o teor do crime comum. SUBTRAGAO OU INUTILIZACAO DE LIVRO OU DOCUMENTO Cédigo Penal, art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado 4 custédia de funcionério, em razao de oficio, ou de particular em servico publico: Pena - reclusao, de dois a cinco anos, se o fato nao constitui crime mais grave Perceba que o crime militar é mais amplo, incluindo n&o apenas o livro, processo ou documento confiado & custédia do funcionério, mas qualquer livro, processo ou documento, desde que 0 fato atente contra a administraco ou o servigo militar. INUTILIZACAO DE EDITAL OU DE SINAL OFICIAL Art. 338, Rasgar, ou de qualquer forma inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem da autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinacao legal ou ordem de autoridade militar, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detencio, até um ano. IMPEDIMENTO, PERTURBACAO OU FRAUDE DE CONCORRENCIA Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em prejuizo da Fazenda Nacional, concorréncia, hasta publica ou tomada de precos ou outro qualquer proceso administrativo para aquisiczo ou venda de coisas ou mercadorias de uso das forcas armadas, seja elevando arbitrariamente os precos, auferindo lucro excedente a um quinto do valor da transacao, seja alterando substancia, qualidade ‘ou quantidade da coisa ou mercadoria fornecida, seja impedindo a livre concorréncia de outros fornecedores, ou por qualquer modo tornande mais onerosa a transaca Pena - detencao, de um a trés anos. § 1° Na mesma pena incorre o intermediario na transagao. § 2° E aumentada a pena de um terco, se o crime ocorre em periodo de grave crise econémica. 0 delito de impedimento, perturbacio ou fraude de concorrancia tem correspondente no CP, mas com redagio diferente. Hd entendimento doutrindrio no sentido de que o crime comum foi revogado tacitamente pela Lei n? 8.666/1993 (arts. 93 a 95). Quanto ao Direito Penal Militar, Jorge César de Assis defende que o art. 339 do CPM é lei especial, e por isso continua sendo aplicavel. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 US TeV lo oy- WANG) Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula, Nossa sugestdo é a de que esse resumo seja estudado sempre previamente ao inicio da aula seguinte, como forma de “refrescar” a memérla, Além disso, segundo a organizaco de estudos de vocés, a cada ciclo de estudos é fundamental retomar esses resumos. Nao € possivel que 0 sujeito ativo do crime de insubmissao seja militar, uma vez que a conduta tipica € necessariamente anterior & incorporacao do agente nas forcas armadas. Se 0 favorecedor é ascendente, descendente, cénjuge ou irmao do criminoso, fica isento de pena. Na desergo especial ndo ha periodo de graca. Basta que o militar deixe de se apresentar para embarcar em navio ou aeronave ou para deslocar-se com sua tropa para que o crime esteja consumado. Se o autor do peculato culposo reparar o dano antes do transito em julgado da sentenca condenatéria, sua punibilidade estard extinta. Caso o faca apés o transito em julgado, terd sua pena diminuida pela metade. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 5 - QUESTOES 5.1 - QUESTOES COMENTADAS 1. DPU-Defensor Publico - 2007 - Cespe. No peculato culposo, a reparaco do dano, antes da sentenga irrecorrivel, acarreta a extingdo da punibilidade do agente, tanto no CP como no CPM. Comentérios A exting&o da punibilidade neste caso esta prevista tanto no art. 303, §42, quanto no art. 123, VI. Lembre-se, porém, de que esta hipétese apenas € aplicavel ao de peculato culposo. GABARITO: CERTO 2. DPU- Defensor Publico - 2007 - Cespe. O crime militar de corrupso passiva nio tipifica a conduta de solicitar para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funco, ou antes de assumi-la, mas em raz3o dela, vantagem indevida, nem a conduta de aceitar promessa de tal vantagem Comentérios O art. 308 do CPM nio tipifica a conduta de “solicitar”, mas a conduta de “aceitar promessa” estd prevista no tipo penal militar. GABARITO: ERRADO 3. STM—Analista Judiciario - 2011 - Cespe. As causas extintivas de punibilidade, previstas na parte geral do CPM, incluem a reabilitacio, 0 ressarcimento do dano no peculato culposo e o perdao judicial. Comentérios Esta questo no é exatamente sobre o crime de peculato, mas serve para que eu possa enfatizar a importancia de conhecer o contetido dos pardgrafos do art. 303 do CPM. A assertiva estd errada porque o art. 123 do CPM nao menciona o perdao judicial GABARITO: ERRADO 4. (inédita) E considerad iro, do sexo masculino que, tendo sido convocado para prestar servico militar, ndo comparece ao local designado para a incorporagao. Aquele que comparece e ausenta-se antes do ato oficial pratica a forma qualificada do crime de insubmisséo. insubmisso o brasil WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 Comentarios Tanto o que ndo comparece ao local designado quanto aquele que comparece e ausenta-se antes do ato oficial de incorporac3o incorrem no crime de insubmissdo. Este crime nao tem forma qualificada, mas apenas um caso assimilado, previsto no §12 do art. 183. CASO ASSIMILADO § 1° Na mesma pena incorre quem, dispensado temporariamente da incorporacao, deixa de se apresentar, decorrido 0 prazo de licenciamento. Adicionalmente, chamo sua atencio para duas hipéteses de diminuicio de pena, aplicaveis quando © insubmisso no tinha perfeita compreensdo acerca dos atos de incorporago, ou quando o criminoso se apresenta voluntariamente. GABARITO: ERRADO 5. (inédita). © jovem do sexo masculino que, no ano em que completa dezoito anos de idade, deixa de apresentar-se para seleco do contingente das forcas armadas, no comete crime militar, mas apenas irregularidade administrativa. Comentérios Este jovem é chamado de refratério. Também comete ilicito administrativo aquele que se apresenta mas no completa o proceso de selecao. GABARITO: CERTO 6. (inédita Aquele que simula incapacidade fisica para ser dispensado fraudulentamente do servico militar obrigatério comete crime capitulado no Cédigo Penal Militar. Todavia, se o agente sofre lesio real, ainda que por ele provocada, nao haverd crime, uma vez que o Direito Penal ndo pune a autolesio. Comentérios Nesta hipétese estamos diante do crime de criago ou simulagdo de incapacidade fisica, Perceba que a criacio da incapacidade também faz parte do tipo, sendo possivel neste caso, a titulo de excego, a punigo da autolesio. GABARITO: ERRADO ‘A pessoa que concede abrigo ou emprega insubmisso comete crime o crime militar de favorecimento a convocado. Todavia, se esta pessoa for ascendente, descendente, cénjuge ou irmao do criminoso, ficard isento de punicio. Comentérios Este € 0 teor do art. 186 do CPM. Chamo sua aten¢do para o fato de que a assertiva menciona o insubmisso, mas na realidade o tipo menciona todos os crimes previstos no Capitulo I: WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 * Insubmisséo; * Criagdo ou simulagao de incapacidade fisica; e * Substituigio de convocado. GABARITO: CERTO 8 (inédita). A desercao é crime permanente, crime praticado pelo militar que se afasta sem licenga do local em que desempenha suas atividades. Este crime, entretanto, apenas se consuma com a decorréncia de pelo menos cito dias contados da primeira auséncia, sendo este prazo conhecido como periodo de graca. Comentarios Por meio desta assertiva podemos relembrar varios aspectos do crime de desergdo: é um crime permanente, a conduta tipificada é o afastamento sem licenga do militar do servico por pelo menos cito dias, sendo este interim conhecido como periodo de graca. GABARITO: CERTO 9. (inédital ‘Ao militar que é transferido é normalmente concedido periodo de transito, ao fim do qual deve apresentar-se na unidade militar de destino. Se o militar ndo se apresenta na data determinada, estaré configurado o crime de desergao. Comentéi s Preste bastante atencdo aos detalhes. E verdade que pode haver desercdo nesta situacao. Entretanto, neste caso também haverd periodo de graca. Apenas haverd deserg3o apds a decorréncia do prazo de cito dias contados da data em que o militar deveria ter se apresentado na unidade de destino. O periodo de graca apenas nio existe no caso da desercio especial (art. 190). Gostaria também que vocé relembrasse as demais hipéteses de casos assimilados a deser¢ao. CASOS ASSIMILADOS Art, 188, Na mesma pena incorre o militar que: I- no se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo 0 prazo de transito ou férias; II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele em que termina ou é cassada a licenca ou agregacao ou em que é declarado o estado de sitio ou de guerra; III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias; IV - consegue excluséo do servico ative ou situag3o de inatividade, criando ou simulando incapacidade. GABARITO: ERRADO WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296 10. (i ). Jurandir € policial militar designado para realizar patrulha em determinado bairro. Caso Jurandir se ausente sem autorizacao antes de concluir o servigo, terd cometido o crime de abandono de posto. Comentérios Este é um dos exemplos citados pela Doutrina quando trata do crime de abandono de posto. Chamo sua atengo para o fato de que neste crime no é necessério que haja um local fisico determinado em que © militar esteja desempenhando suas fungdes. Neste caso a conduta se enquadra na hipétese de abandono de servico, também prevista no art. 195 do CPM. GABARITO: CERTO 11. (inédita). O militar que se apresenta embriagado para o servico comete o crime capitulado no art. 202 do CPM, independentemente do tipo de droga utilizada, e ainda que sua embriaguez seja decorrente de caso fortuito ou for¢a maior. Comentarios A embriaguez pode resultar da utilizacao de varias drogas diferentes. Para a configuracao do delito, irrelevante o tipo de entorpecente utilizado. Entretanto, se a embriaguez resultar de caso fortuito ou forga maior, estaremos diante da chamada “embriaguez involuntéria”, que € excludente de culpabilidade. GABARITO: ERRADO 12. (inédita © oficial que adquire aces de sociedade empresarial comete crime, pois o exercicio de comércio por oficial é vedado. Comentarios O exercicio de comércio por oficial é, em regra, proibido. 0 mesmo se aplica ao oficial que toma parte na administraco ou geréncia de sociedade comercial ou dela participa. Hé, entretanto uma excegio: a aquisi¢o de cotas ou aces de sociedade anénima ou cotas de responsabilidade limitada. GABARITO: ERRADO 13. (inédita). Pedro, tenente da Policia Militar, profere palavras desrespeitosas, questionando a autoridade do Tenente-Coronel Marcio, comandante de sua unidade militar. Neste caso havera crime de desacato a superior, ainda que Marcio nao esteja presente na ocasiao. WWW.RATEIOS.ORG WhatsApp (41) 99111-5296

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