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Fausto de Quadros José Manuel Sérvulo Correia Rui Chancerelle de Machete José Carlos Vieira de Andrade Maria da Gléria Dias Garcia Mario Aroso de Almeida Ant6nio Polfbio Henriques José Miguel Sardinha com a colaboracio de Tiago Macieirinha COMENTARIOS A REVISAO DO CODIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO ALMEDINA 2016 ‘Comentérios &revisto do Cédigo do Procedimento Administrative sados) regia a capacidade e a legitimidade de intervencao no proce- dimento dos titulares ou defensores de interesses através deste regu- lados, as primeiras cinco secgdes do Capitulo I (Dos drgdos admi- nistrativos) ndo respeitavam propriamente & participaco na dinimica procedimental, mas 20 regime geral, predominantemente extra-proce- ddimental, dos 6rgios da Administracio Pablica, da competéncia e dos respetivos conflitos e da delegaco de poderes e da supléncia (incor- retamente apelidada de substituico). ‘Ao contrério do que sucede em outras leis nacionais de proce- dimento administrativo, o legistador portugués seguiu desde o inicio a orientagio de versar o regime geral dos érgios e do poder piblico de agir no Cédigo. Tal solucao justifica-se dada a complementaridade (em muitos casos, mas nio em todos) dos regimes gerais organiza A6rio ¢ procedimental. Mas jé se afigurava questionavel a epigrafe “Dos sujeitos” ,escolhida para a Parte Il, uma ver. que Srgios e compe- ‘éncia se encontram regulados sob uma perspetiva quase totalmente alheia & da participagao no procedimento. A tinica exceco era cons- titufda pela Secedo VI daquele Capitulo I da anterior Parte Il, dedi- cada is garantias de imparcialidade. Essa, sim, respeita & capacidade de intervengao no procedimento por parte de titulares dos érgos ou agentes da Administragao Publica, Assim sendo, na nova estruturagio do Cédigo, comegou-se por cepigrafar a Parte II “Dos drgdos da Administragdo Piiblica”, deixando clara a natureza extra-procedimental da matéria organizatria ali versada. Em segundo lugar, aquilo que fora 0 Capitulo II da anterior Parte If deu lugar, no atual C6digo, A Secedo II (Dos interessados no procedimento) do Capitulo Il (Da relagao juridica procedimental) do ‘Titulo (Regime Comum) da Parte Tt (Do procedimento administra- tivo). Esta nova Secgiio II, sobre os interessados no procedimento, é formada pelos artigos 67.° ¢ 68.°, que regem a capacidade procedi ‘mental dos particulares e a legitimidade procedimental, matérias estas, que eram tratadas nos artigos 52.° ¢ 53.° do anterior Cédigo, respei- {antes i intervengo no procedimento administrativo & legitimidade. ‘Uma terceira atualizacio estrutural, ainda derivada do peso agora reconhecido ao instituto da relagao juridica procedimental, consistiu 2 [Natureza e regime dos Srgios na transposigdo do regime das garantias de imparcialidade para 0 Capitulo II, sobre relagao jurfdica procedimental, do Titulo I da Parte IIT. Com efeito, o impedimento e a suspeigo nde séo propria- mente aspetos do regime jurfdico dos érgios da Administragio Piiblica, consistindo sobretudo no tratamento da capacidade dos titu- Tares de rgios ¢ agentes da Administracdo ¢ de quaisquer outras entidades no exercicio de poderes piblicos de intervir em certos, procedimentos (incluindo os atos e contratos conclusivos) quando sejam interessados na decisio ou quando ocorra circunstncia pela qual se possa com razoabilidade duvidar seriamente da imparvialidade da conduta ou decisio. sc Cartruco 1 NATUREZA E REGIME DOS ORGAOS ‘Axeico 202 Orgios 6rgi0s da Administragao Pablica os centros institu- cionalizados titulares de poderes e deveres para efeitos da pritica de atos juridicos imputaveis d pessoa coletiva. 2 Os érgios sao, nos termos das normas que os instituem ou preveem a sua instituicio, singulares ou colegiais e perma- nentes ou tempordrios. 3 ~ Os Grgiios colegiais podem adotar o seu regimento no quadro das normas legais ¢ estatutsrias aplicaveis. ORIGEM DO TEXTO! Corresponde ao anterior artigo 13°. Reproduz.sem alteragdes o projeto final da comissio de revis 3 Comentirios 8 revistio do Cédigo do Procedimento Administrativo COMENTARIO. 1—Ao contririo do anterior artigo 13.° (Orgdios da Administragao Plblica),o presente artigo deixa de remeter para o artigo 2.°,embora precise de ser lido em conjunto com este para ocfeito da determinago daquelas estruturas cujo funcionamento como 6rgios € regido pela Parte Il do presente Cédigo, De toda 0 modo, tal remissBa jf nfo seria possivel porque 0 1° 4 do atual artigo 2.° nfo circunscreve a érgios o elenco de estru- turas que, para os efeitos do Cédigo, integram a Administragio Publica. 2—No sistema do Cédigo, os 6rgdios da Administragio Péblica do as estruturas que, possuindo a natureza definida pelo n.° 1 do artigo 20.°, correspondam a alguma das figuras elencadas na alf- nea a) do n.°4 do artigo 2.°, ou pertengam aos tipos de pessoas cole- tivas referidas nas alfneas b), c) ¢ d) do mesmo preceito. Quanto & alinea c), cumpre lembrar que algumas entidades administrativas independentes s40 pessoas coletivas piblicas, a0 paso que outras téma mera natureza de 6rgdos (v. artigo 3.° da LeiQuadro das Enti- dades Reguladoras, aprovada pela Lei n.° 67/2013, de 28 de agosto, € 0 artigo 25.°, n.°1, da Lei n2 46/2007, de 24 de agosto [LADAR)). 3—No n.’ | do artigo 20°, olegislador congrega trés elementos, necessérios para que um dado elemento estrutural mereca a qualifi- cagdo de érgdo: a existéncia de um centro titular de poderes e deveres para efeito da pratica de atos juridicos, a natureza institucionalizada desse centro, ou seja, a sua estruturagao através de normas juridicas ou no respetivo quadro, ¢ a imputabilidade & pessoa coletiva em que se integra dos atos juridicos por ele praticados. Com esta definigao, preenche-se 0 anterior vazio legislativo quanto aos contomos concetuais do érgio. A qualificagao como 6rgo da Administragio Paiblica no se obtem em rigor com a mera subsungo de uma realidade organizat6ria na previséo do n.° 1 do artigo 20.°, mas com a subsungao de uma realidade que retina esses elementos essenciais no Ambito de alguma das categorias do n.° 4 do artigo 2°, 34 Natureaae regime dos egos Fica assim claro que a Parte II do Cédigo se nao aplica aos ‘rgiios de quaisquer entidades nfo abrangidas no n.° 4 do artigo 2.°, ainda quando exergam poderes piblicos ou desenvolvam condutas reguladas de modo especifico por disposigdes de direito adminis- trativo. 4 — Na redacdo anterior, no constavam classificagdes dos ‘6rgdios. Como nfo poderia deixar de ser, o CSdigo inclufa no entanto ji diversas estatuigdes respeitantes a0 funcionamento dos 6rgos colegiais. Explicita-se agora aquilo que jé advinha implicitamente de tais referéncias, que é a existéncia, também, de Grgios singulares. Se as particularidades do regime dos 6rgaos colegiais justificam a exis- téncia de um capitulo proprio da Parte TI (0 Capitulo I, que tem por epigrafe “Dos érglos colegiais”), os restantes capftulos dessa Parte (Capitulo III “Da competéncia” -, Capitulo IV ~ “Da delegagao de poderes” ~ e Capitulo V-""Dos conflitos de atribuigdes ¢ de compe- ‘€ncia”) aplicam-se tanto a 6rgios colegiais como a 6rgos singulares. 5 — Uma outra classificagao introduzida pelo Cédigo € a que respeita & distingzo entre Grgios permanentes e Grgdos temporstios. ‘Com esta classificagio, o legislador deixa claro que, desde que hhajainstitucionalizagao, ndo sera a forma intermitente ow esporsdica do funcionamento do 6rgao, a variabilidade da sua composigao ou 0 seu objeto tinico que afestardo a aplicabilidade do regime da Parte II. Ho caso dos jris de procedimentos concursais ou de provas acad. micas. 6-023 do artigo 20.° inova ao dispor que os érgdos colegiais possam adotar o seu regimento no quadro das normas legais € esta- tutérias aplicaveis. A figura juridica do regimento € conhecida do Direito Paiblico portugués. No artigo 119°, n.° 1, alinea f), e n° 2, a Constituigo impée, sob pena de ineficdcia juridica, a publicagio no Didrio da Repiiblica dos regimentos da Assembleia da Reptblica, do Conselho de Estado, e das Assembleias Legislativas das regies auténomas. No artigo 175., linea a), confere-se & Assembleia da Repiblica a compe- 35 ‘Comentiios &revistio do Codigo do Procedimento Administrative téncia para elaborar e aprovar o seu Regimento. De outros preceitos cconstitucionais, depreende-se a obrigatoriedade do exercicio de tal ‘competéncia, pois que do Regimento depende o funcionamento do 6rgao em matérias vitais (0 mimero méximo de faltas que a cada deputado € permitido - artigo 160.°,n.° 1, alinea b)—, aidentificagao das comissdes — artigo 178.", n.° 1 -, a escala de prioridades na incluso das matérias na ordem do dia ~ artigo 176, n* Le 3— ou a participagdo de membros do Governo nos trabalhos — artigo 177.2, n™ 12). O artigo 26.°, n° 1, alinea a), do regime juridico das autarquias, locais, aprovado pela Lei n.° 75/2013, de 12 de setembro, da por seu turno competéncia as assembleias municipais para elaborar e aprovar (08 respetivos regimentos Dada a ampla variedade dos érgios colegiais sobre os quais incide 0 n.? 3 do artigo 20.° do Cédigo, nao surpreende a prudéncia do legislador ao prever a adogio de regimento como uma faculdade eno como vinculagio. A competéncia para tal adogao resulta dire- tamente deste preceito, pelo que a ressalva da observancia das normas legais e estatutirias aplicdveis significa apenas que estas no poderio ser contrariadas pelas disposigdes regimentais, Tais disposigdes deverdo funcionar como adjuvantes das regras legais e estatutdrias aplicaveis, designadamente as reypeitantes A competéncia, compo- sigdo e reuniges do érgio. Com todas as adaptagSes necessérias e em espirito de simplificagd0, o Regimento da Assembleia da Republica poder desempenhar um papel paradigmético. sc 56 Disposigées preliminares Cartroxo Il DOS ORGAOS COLEGIAIS Axrico 21° Presidente e secretirio I~ Sempre que a lei nao disponha de forma diferente, cada ‘6rgio colegial da Administrago Péblica tem um presidente e um secretario, a eleger pelos membros que o compaem. 2— Cabe ao presidente do drgio colegial, além de outras fungGes que the sejam atribuidas, abrir e encerrar as reunives, dirigir os trabathos e assegurar o cumprimento das leis ea regu: laridade das deliberagées. 3-0 presidente pode, ainda, suspender ou encerrar antect- padamente as reunives, quando circunstincias excecionais 0 justi- fiquem, mediante decisio fundamentada, a incluir na ata da reunio, podendo a decisio ser revogada em recurso imediata- ‘mente interposto e votado favoravelmente, de forma nfo tumul- ‘tuosa, por maioria de dois tercos dos membros com direito a voto. 4-0 presidente, ou quem o substituir, pode reagir judicial- mente contra deliberagies tomadas pelo 6rgio a que preside quando as considere ilegais, impugnando atos administrativos ou normas regulamentares ou pedindo a declaracao de ilegalidade Por omissio de normas, bem como requerer as providéncias cautelares adequadas. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 14° Reproduz sem alteragdes 0 projeto final da comissio de revisio. COMENTARIO: 1—On- | nao inovatério no que respeita ao contetido. Apenas quanto & terminologia, se substituiu a expressio “6rgdo administra- 37 ‘Comentérios i revisio do Cédigo do Procedimento Administeative tivo” pela de “érgio da Administragdo Pablica”, alinhada com a redagdo do n.” 2 do artigo 2.° 2 ~ Na segunda parte do n.° 3, consigna-se inovatoriamente a possibilidade de reapreciagao, pelo érgio colegial, da decisio de Suspensdo ou encerramento da reunido tomada pelo presidente. Esta uma das manifestagdes de uma orientagio de fundo consistindo na atenuago da inspiragao presidencialista no regime dos érgios cole- giais, pois que a acentuagio da feigao democritica do respetivo funcionamento se mostra mais conforme com aprofundamento da democracia participativa, para 0 qual aponta o artigo 2.° da Consti- tuicao. 3-0 n."4 atualiza a disposigio do n.° 4 do anterior artigo 14°, em harmonia com a ampliagio do leque de meios processuais no Direito do Contencioso Administrativo. Assim, onde se reconhecia a0 presidente do drgio colegial, na sua qualidade de garante da regu- laridade e legalidade das deliberagdes colegiais, o poder de interpor recurso contencioso ¢ pedir a suspenséo jurisdicional da eficécia das deliberagdes tomadas pelo dred colegial, enuncia-se agora, a titulo principal, a competéncia para a impugnacio dos atos administrativos das normas regulamentares e para deduzir 0 pedido de declaragio de ilegalidade por omissao de normas. No plano da tutela cautelar, a 'mengio feita apenas ao pedido de suspenso jurisdicional de eficdcia 6 substituida pela previsio mais larga do requerimento das providén- cias cautelares adequadas, assim se acompanhando a opgao do legis- lador do proceso administrativo pela admissibilidade das providén- cias cautelares atipicas. Porquanto se trata de reagir contra deliberagées tomadas pelo 6rgio colegial, é de entender que o pedido, pelo presidente ou quem co substituir, de declarago de ilegalidade por omisstio de normas tem ‘por pressuposto uma prévia deliberagao negativa quanto a aprovagio de normas cuja adogao seja devida, nao bastando uma omisséo pura- ‘mente passiva. sc ow Disposigbes preliminares Axrico 22° Supléncia do presidente e do secretirio 1 ~ Salvo disposicdo legal, estatutaria ou regimental em contrério, intervém como suplentes do presidente e do secretiirio de qualquer érgio colegial, quando ocorra a sua auséncia ou impedimento, respetivamente, o vogal mais antigo eo vogal mais moderno. 2 No caso de os vogais possuirem a mesma antiguidade reportada ao momento da assungao do cargo, intervém como suplentes, respetivamente, 0 vogal de mais idade e 0 vogal mais Jovem. 3—Em caso de contfito entre o presidente e o érgio quanto ‘40s pressupostos de intervengio de um seu suplente, prevalece 2 vontade colegial quando nao caiba a outro érgao a competéncia para o dirimir. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde 20 anterior artigo 15. Reproduz sem alteragdes 0 projeto final da comissio de COMENTARIO: 1 — Na epigrafe do presente artigo ¢ nos seus n.° Te n.° 2,0 cemprego do tetmo supléncia, em ver. de substituicao, corresponde 20 aperfeigoamento dogmético que deu origem aos novos artigos 42.° 643", Como destes resulta, em caso de substitui¢do, um érgio, habi litado por lei para tal efeito, exerce, temporéria ou pontualmente, como competéncia propria, a competéncia que normalmente pertence a outro Grego, Pelo contrério, em caso de auséncia, falta ou impedi- mento do titular do drgdo ou agente, o suplente designado na lei, nos estatutos ou no regimento, age no exere‘cio da competéncia do Srgdo ow agente normalmente competente, 9 ‘Comentarios & revisto do Cétigo do Procedimento Administrative ‘Compreende-se assim que, nos termos do n.° 1, a competéncia cexercida pelo suplente do presidente ou do secretério é a competéncia propria destes titulares do érgio colegial. 2—Non. |, especificam-se as trés possfveis fontes formais de hhabilitagdo especial do suplente: a lei, os estatutos ou o regimento. Os estatutos da pessoa coletiva em que, nos termos do artigo 2.°, 1 24, se integra o drgio colegial serao aprovados por ato legisla- tivo, pelo que a previsio da derrogagao por essa via da regra geval contida no n.° 1 do artigo 22.° no traz consigo qualquer novidade. Em contrapartida, parece que a referéncia a uma disposicdo regi- ‘mental em contrério confere & regra do n.° 1 carster supletivo relati- vamente aos preceitos regimentais. 3-0 n° 2 precisa o critério de antiguidade, especificando que esta é aquela que se reporta 20 momento da assungao do cargo. Ante- riormente, o Cédigo deixava a pairar dividas sobre se a antiguidade se contaria como agora se determina on pelo tempo de exercicio efetivo de fungdes. Este outro método de contagem seria fonte de dificuldades de ordem pritica O critério da idade dos vogais continua a aplicar-se, mas apenas para determinar quais os que devam intervir como suplentes quando Varios possuam a mesma antiguidade. 4-23 tem caréter inovatério, preceituando que, em caso de conflito entre 0 érgio e o presidente quanto aos pressupostos de inter- ‘vengio de um suplente deste, prevalece a vontade colegial a menos que caiba a outro érgdo a competéncia para o dirimir, Esta é uma das passagens do Capitulo II da Parte [I em que, em consonancia com o principio da democracia administrativa, se resguarda, em caso de discrepincia, a prevalencia da vontade colegial sobre a vontade do presidente do érgio, Por natureza, 0 Grgio colegial necessita de um presidente que prepare ¢ conduza as reunides. Se bem que, no tocante & garantia de legalidade e regularidade das deliberagdes, o Cédigo estabelega uma reserva de compet@ncia a favor do presidente, quanto ds suas restantes competéncias, a diretriz perfilhada é a de deixar a0 colégio o poder o Disposigées preliminazes de, em caso de dissenso, deliberar a final. De outro modo, pairaria 0 risco de que o resultado dos trabalhos do Grego pudesse ser manipu- lado contra a vontade da maioria através do modo da respetiva prepa- ragio € diregéo (neste sentido, Thomas Gross, Das Kellegialprinzip in der Verwaitungsorganisation, Tibingen, 1999, pags. 284 e 285). sc Arrico 23° Reunides ordingrias 1-Na falta de determinagio legal, estatutdria ou regimental ou de deliberagiio do érgio, cabe ao presidente a fixagio dos dias e horas das reunides ordindrias. 2—Quaisquer alteragées ao dia e hora fixados para as reunides devem ser comunicadas a todos os membros do érgio, de forma a garantir 0 seu conhecimento seguro e oportuno. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 16°. Reproduz sem alteragdes 0 projeto final da comissio de revisio. COMENTARIO. A semelhanga do que, para outros efeitos, sucede agora em diversas passigens do Capitulo If da Parte I, on.” | do presente artigo prevé as vias estatutéria regimental, a par da legal, como instru- ‘mentos adequados para a disciplina normativa do funcionamento do ‘rgio. No fmbito do n.° 1, o objeto da regulagiio € a fixagdo dos dias ce horas das reunies ordingrias. ‘Como jé sucedia com o anterior artigo 16.°,n.°1, a fixagio pelo presidente em caso de auséncia de determinagao normativa também 6 tem Tugarna falta de deliberagaio do érgio. se 6 CComentiros & revio do Cédigo do Procedimento Adminstativo 1 ~As reunives extraordinérias tém lugar mediante convo- cago do presidente, salvo disposicio especial 2~0 presidente ¢ obrigado a proceder 3 convocago sempre que pelo menos um tergo dos vogais tho solicitem por escrito, indicando 0 assunto que desejam ver tratado. 3—A.convocatéria da reunidio deve ser feita para um dos 15 dias seguintes & apresentagio do pedido, mas sempre com uma antecedéncia minima de 48 horas sobre a data da reunidio extra- ordindria, 4 — Da convocatéria devem constar, de forma expressa € especificada, os assuntos a tratar na reunizo. 5—Seo presidente nfo proceder & convocacio requerida nos termos do n." 2, podem os requerentes efetus-la diretamente, com invocagio dessa circunstincia, expedindo a convocatéria para os enderecos eletrdnicos de todos os membros do érgio, quando aqueles se encontrem registados nos termos estatutarios ou regi- mentais, on publicitando-a mediante publicago num jornal de circulagao nacional ou local ¢ nos locais de estilo usados para a notificacio edital. 6 ~ A convocatéria efetuada de acordo com 0 disposto no ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 17.° Reproduz, sem alteragGes 0 projeto final da comisso de revisio. COMENTARIO: 1-O n° 5 vem prever inovatoriamente a faculdade de convo- ‘cago substitutiva da reuniio extraordindria por aqueles que, inicial- mente, hajam requerido a respetiva convocacao ao presidente do © Disposigées pretiminares rgio colegial, quando este a ela ndo haja procedido nos termos don? 2 ‘A convocagio assim efetuada deve ser fundamentada mediante invocagao da recusa ou conduta omissiva do presidente ¢ da verifi- cagao de pressupostos do dever de convocat por parte daquele. On. 5 também estabelece o modo da notificagio da convoca- {6ria a todos os membros do érgio, quando os enderegos eletrénicos, destes se encontrem registados nos termos estatutérios ou regimentais, ‘ou a maneira como, em alternativa, Ihe seré dada publicidade. Para este Gltimo fim, bastard qualquer uma de ts formalidades: a publi- ‘cago da convocatéria em jomal de circulago nacional, a publicagao em jomal de circulagao local ou a sua afixago nos locais de esti usados para a notificagao edital 2—On2°6 deixa clara a aplicagio 's convocatérias efetuadas de acordo como disposto no n." 5 da antecedéncia minima de 48 horas, estabelecida pelo n® 3 para as convocat6rias de reuniges extraordi- nérias pelo presidente do érgio colegil sc Antico 25° Ordem do dia 1A ordem do dia de cada reunifo é estabelecida pelo presi- dente, ¢, salvo disposigo especial em contrério, deve incluir os assuntos que para esse fim the forem indicados por qualquer ‘vogal, desde que sejam da competéncia do érgio e 0 pedido seja apresentado por escrito com uma antecedéncia minima de cinco dias sobre a data da reunio, 2—Aordem do dia deve ser entregue a todos os membros com a antecedéncia de, pelo menos, 48 horas sobre a data da reuniiio. 3—No caso previsto no n.” 5 do artigo anterior, a competéncia conferida no n.’ 1 ao presidente ¢ devolvida aos vogais que convo- quem a reuniio. 6s ‘Comentirios a revisio do Cédigo do Procedimento Administativo ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 18° Reproduz sem alteragies 0 projeto final da comissio de revisio, COMENTARIO: A tinica disposigao inovatéria do presente artigo € a do n° 3, que, em complemento do preceituado no n.° 5 do artigo 24. deter- ‘mina que a competéncia conferida em regra ao presidente a respeito do estabelecimento da ordem do dia se devolve aos vogais que convo- ‘quem a reunido extraordindria Arrigo 26.° Objeto das deliberagies 1-86 podem ser tomadas deliberagdes cujo objeto se inclua na ordem do dia da reunio. 2—Excetuam-se do disposto no nimero anterior os casos em ‘que, numa reuntio ordinéria, pelo menos dois tercos dos membros do érgio reconhegam a urgéncia de deliberagio imediata sobre assunto nao inclufdo na ordem do dia. ORIGEM DO TEXT. Corresponde ao anterior artigo 19°. Reproduz, sem alteragdes 0 projeto final da comissio de revisio. COMENTARIO: 1-0 contetido do presente artigo nao se afasta do do anterior artigo 19.°, Introduziram-se no entanto melhorias na redagao. O artigo passou a dividir-se em dois mimeros. On.° | enuncia a regra geral de que a tomada de deliberagdes depende da incluso do 6 Disposigbes pretiminares respetivo objeto na ordem do dis da reunido. Esta regra geral cons- tava da primeira parte do anterior artigo 19.°, Ganha-se no entanto rigor téenico ao prever diretamente a incluso do préprio objeto das deliberagdes na ordem do dia 2-Non.°2, abre-se uma excegdo & regra geral, apenas respei- {ante as reuniges ordinérias. Nestas, pode-se, por maioria ndo inferior « dois tereos dos membros do drgdo, reconhecer a urgéncia de deli- bberagdo imediata cujo objeto nao esteja incluido na ordem do dia. ‘A declaragao de urgéncia na tomada de deliberagao sobre objeto nio inclufdo na ordem do dia da reunigo deve ter lugar previamente 4 deliberagao quanto ao fundo. E esse jufzo de urgéncia ters de ser fundamentado com base num imperativo de imediatividade & luz das circunstancias do caso concreto. A exigéncia de fundamentagao asse- ‘gura a observaincia do principio da transparéneia administrativa © & instrumental quanto ao controlo jurisdicional da legalidade adminis- trativa. 3— Seria desrazodvel e, portanto, desconforme com o principio formulado no artigo &.° do Cédigo, uma interpretago do n.° 2 deste artigo 26.° que se bastasse com uma fundamentagio da votagio a favor da deliberacdo imediata sobre objeto nao incluido na ordem do dia mediante a invocacdo abstrata da urgéncia, Nao €, por outras pala- vras, dispensdvel a especificagdo das circunstfncias ¢ dos interesses pablicos ou particulares legalmente protegidos que materialize a nocessidade de deliberacdio imediata. Os imperativos da transparéncia eda responsabilidade democritica (accountability) da administracio evidenciam a desrazoabilidade da fundamentagao através do simples emprego de uma “férmula passe-partout” 4A falta de fundamentaco da urgéncia, ou a obscuridade, contradigdo ou insuficiéncia da concretizagao dos respetivos motives, implicaré a invalidade da deliberagdo tomada sobre objeto no inclufdo na ordem do dia (cf. Mario Esteves de Oliveira/Pedro Costa ‘Gongalves/Joiio Pacheco de Amorim, Cédigo do Procedimento Admi- nistrativo, 2." ed., Coimbra, 1997, pag. 163). 6s Comentérios& revisio do Cédigo do Procedimento Administrative ‘Além do mais, as observagdes que antecedem resulta da apli- cago analégica dos artigos 152.°, n° 1, alfnea d), e 153. m2, do Cédigo, sc ‘Arrigo 27." Reunises pablicas 1—As reunies dos érgiios da Administragdo Pablica nao so piiblicas, salvo disposigio legal em contrario. 2— Quando as reunides hajam de ser piblicas, deve ser dada publicidade aos dias, horas e locais da sua realizago, de forma a garantir 0 conhecimento dos interessados com uma antecedéncia de, pelo menos, 48 horas sobre a data da reuniio. 3— Quando a lei o determinar ou o érgio tiver deliberado nesse sentido, podem os assistentes as reunides pablicas intervir para comunicar ou pedir informagies, ou expressar opinives, sobre assuntos relevantes da competéncia daquele. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 20°. Reproduz sem alterag3es © projeto final da comissiio de revisio, COMENTARIO: 1-Os nGmeros 1 € 2 correspondem 2 redagao do anterior artigo 202, n* 1 € 2, On." 3 6, porém, novo € concretiza 0 objeto ¢ 0 contetido da faculdade de intervencdo dos assistentes as reunides piblicas. O anterior siléncio do Cédigo quanto ao papel destes deixava espago ao entendimento da aplicabilidade, na auséncia de lei especial, da maxima — da gitia do xadrez — de que “os mirones so de gesso” (cfr. Mario Esteves de Oliveira/Pedro Costa Goncalves! Joo Pacheco de Amorim, Cédigo do Procedimento Administrativo, 66 Disposigées pretiminares cit, pig. 165). Poderia no entanto objetar-se que uma interpretago conforme & Constituigdo das normas que prevejam o carster pubblico de certas reuniGes conduziria, & luz do principio fundamental da ‘democracia participativa, ao reconhecimento do imperativo de possi- bilitar a interveneo dos assistentes &s reunides puiblicas, ainda que proporcionada com as exigéncias de eficiéncia no funcionamento do Grgio colegial ¢ de respeito pelo estatuto dos respetivos membros (veja-se um raciocfnio idéntico quanto ao reconhecimento da natureza ptiblica das reunides dos drgaos colegiais da Administragio Publica sempre que a lei no disponha noutro sentido, em Thomas Gross, Das Kollegialprinzip in der Verwaltungsorganisation, cit. pigs. 303 308). Entre nds, a legislacio sobre o regime juridico das autarquias locais jé vinha prescrevendo que, para as sessGes ou reunides publica dos respetivos érgios colegiais, se fixasse “um perfodo para inter- vengao € esclarecimento ao piiblico” (atualmente, o artigo 49.°, ne Le 2, da Lei n.° 75/2013, de 12 de setembro). No ambito do regime geral do provedimento administrativo, fica agora a questio resolvida pelo n.° 3 do artigo 27°. 2—A realizacdo de reunides piiblicas pelos érgios cotegiais representa um modo de efetivacdio do principio da responsabilidade democrética (accountability) da Administragao. Este constitui por seu ttmo uma dimenso do principio da democracia participativa, visto que 0 acompanhamento do exercicio do poder administrative pelos cidadios pressupoe a disponibilidade de meios adequados. Se © acesso a informacao administrativa é em si mesmo um fator de vitalidade do ambiente civico, ele s6 adquire pleno significado na medida em que se mostrar instrumento mediato do exercicio de influéncia pelos cidadios sobre o exercicio do poder administrativo. 'Nio basta para tanto a participagdo nos atos eleitorais, requerendo-se a intervengao de cidadios informados num proceso continuo de prestacio de informagies e exposigio de pontos de vista, escrutinio, discussdo, proposta de solugdes e aceitacio ou discordincia das efeti- vamente adotadas. Para tanto, a Administragdo tem de sujeitar-se a um certo grau de acompanhamento pelos cidadios ¢ assumir o dever de “dar contas”, 6 ‘Comentirios& revisso do Cédigo do Procedimento Administrative A responsabilidade democritica da Administrago (accountability), significa, em sintese, enquanto instituto de direito administrativo, a sujeigdo, através da transparéncia, ao escrutfnio dos cidadaos e, a par desta, a colaboracdo ativa com tal escrutinio,fazendo 0 razoavelmente exigivel para o possibilitar (cfr. Sérvulo Correia, “Contencioso Admi- nistrativo e Responsabilidade Democrética da Administragao”, in: Paulo Otero/Fernando Araijo/odo Taborda da Gama (org.), Estudos em Meméria do Prof. Doutor J.L. Saldanha Sanches, 1, Coimbra, pigs. 596 € segs.) Faz assim todo o sentido que, em seguimento & previsio da reali- zagio de reunides piiblicas dos 6rgios da Administragao Pablica, 0 Cédigo dé um novo passo em frente, admitindo, ainda que com cautela, que, em vez. de simples presenga passiva, possa o érgio cole- ‘ial que nos termos da lei realize reunides pibticas deliberar que haja lugar a intervene dos assistentes em tais reunides. 3~O equilibrio da solugao reside na circunstincia de 0 n.°3 nfo cestabelecer diretamente qualquer direito de intervengao dos assi tentes nas reunides pdblicas. Assim como, nos termos do n.° 1, a realizagdo de reunides pablicas depende da sua previsio em regra especial, de acordo com 0 n.° 3, a intervengao dos assistentes nas reunides piblicas s6 terd lugar também por forga de lei que assim determine ou, entdo, quando 0 érgio delibere nesse sentido, Dada a extrema variedade de 6rgios colegiais ¢ das matérias sobre as quais deliberam, compatibiliza-se deste modo a orientacao democratizante ‘com as cautelas requeridas pela natureza do Srgio e a matéria da sua ‘competéncia, Tratando-se da avaliago de qualidades de pessoas, no faria sentido, por exemplo, que fosse piblica a reunido de um jiri de doutoramento ou de agregagao e, supondo que uma radical evolugio de concegdes e priticas académicas conduzisse a prazo a respetiva admissibilidade, seria ainda assim absurdo que pudessem os assis- tentes de algum modo intervir nas deliberagées... 4-023 dispoe sobre o objeto ¢ 0 contetdo das intervengées, dos assistentes. objeto da intervengao teré de quadrar-se na competéncia do (rg. Esta delimitagio nio é intl porque confere 20 presidente 0 6 Disposigses pretiminares poder de retirara palavra ao interveniente que dela usar para expressar s sobre matérias que se nio prendam com deliberagdes tomadas pelo érgao ou que possam vir a s¢-lo. O contetido das intervengdes pode ser de dois tipos. Elas podem, por um lado, inscrever-se no campo da prestagao ¢ do recebimento de informagées pela Administragao. Mas, independentemente disso, pode a intervengio servir para que aquele que a faz exerga o direito fundamental de participagao na vida publica, expressando a sua opiniao sobre assuntos relevantes da competéncia do érgio (CRP, artigo 48.°, n° 1). O principio participativo conhece miltiplas expres- bes ¢ nio apenas aquelas que se traduzem no exercicio de fungdes ‘como titular de 6rgios do Estado em sentido lato (cfr. Gomes Cano- tilho/Vital Moreira, Constituigdo da Reptblica Portuguesa Anotada, 1,4 ed., Coimbra, pags. 664 € 665). 5 Embora essa matéria caiba na competéncia do presidente de dirigit 0s trabalhos do érgdo (artigo 21.%, n.°2), sera preferivel, por razies que vio da certeza e seguranga juridica & igualdade de trata- ‘mento, que, quando esteja determinada a intervengo dos assistentes nas reunies pUblicas,seja o regimento do Srgdo colegial a estabelecer ‘0s respetivos termos, designadamente quanto a inscrigéo e identifi- cagdo dos intervenientes, ordem e duragio méxima das suas inter- vengées. sc Axrico 28° Inobservincia das disposigées sobre convoeacio de reunides A ilegalidade resultante da inobservancia das disposicies contidas nos artigos 23." e 24.° e dos prazos estabelecidos no artigo 25. s6 se considera sanada quando todos os membros do érgiio ‘comparegam a reuniao e nenhum suscite logo de inicio oposicio A sua realizacio. o ‘Comentiios & reviste do Cédigo do Provedimento Administativa ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 21. Reproduz, sem alteragdes 0 projeto final da comissao de revisao. COMENTARIO: De acordo com o anterior artigo 21°, bastava, para que a ilega- lidade na convocagao se considerasse sanada, a comparéncia de todos ‘05 membros do érgdo & reunio ¢ que néo suscitassem oposigao a sua realizagio. O presente artigo 28.° acrescenta que a oposigao & reali- zagio da reunido deve ser suscitada logo de inicio. Assim se evita que a invocagio da ilegalidade seja feita no decurso dos trabalhos como modo de neutralizar uma posicdo maioritéria quanto a algum objeto de deliberacdo. A boa-fé impoe, em observincia do disposto pelo artigo 10.°, n° 2, que, estando presente a totalidade dos membros, a hipotese da realizago imediata da reunio nfo obstante a inobser- vincia de preceitos relativos & convocagio seja considerada em face 4a situagao, ou seja, da oportunidade da tomada imediata de delibe- ago ou delibetagSes em vista dos interesses em jogo e de, perante as circunstncias, os membros se considerarem, ou nao, suficiente- ‘mente preparados para tomar posicdo quanto ao objeto da deliberaco (¥. Mario Esteves de Oliveira/Pedro Costa Gongalves/Joa0 Pacheco de Amorim, Cédigo do Procedimento Administrativo, cit., pig. 167). sc Arico 29° Quorum 1-5 6rgiios colegiais s6 podem, em regra, deliberar quando esteja presente a maioria do mimero legal dos seus membros com direito a voto. 2 = Quando se nao verifique na primeira convocacio 0 quérum previsto no mimero anterior, deve ser convocada nova reunidio com um intervalo minimo de 24 horas. 0 Disposigtes preliminares 3 Sempre que se nfo disponha de forma diferente, os érgiios colegiais reunidos em segunda convocatéria podem deliberar desde que esteja presente um tergo dos seus membros com direito avoto. 4 — Nos érgiios colegiais compostos por érés membros, é de dois o quérum necessério para deliberar, mesmo em segunda convocatéria, ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 22.°. ‘Reproduz.sem alteracGes projeto final da comissio de revisfo. COMENTARIO: 1 —Nos niimeros 2,3 e 4, dispoe-se separadamente sobre aspetos da situagfo gerada pela falta de quérum em reunido a efetuar em primeira convocagio. Anteriormente, tais aspetos eram regulados ‘num 86 preceito, 0 n.° 2 do artigo 22.°, com prejuizo da clareza da estatuigio. No n2 3, estabelece-se, a titulo de regra geral para os érgdos colegiais reunidos sob nova convocatéria por falta de quorum na reuniao anterior, que 0 quérum deliberativo é, em tal situago, cons- titufdo pela presenga de um tergo dos membros com direito a voto. Mas ndo se mantem a reserva, constante do anterior preceito, segundo a qual seria de tr€s 0 ntimero minimo de presengas. Essa matéria € agora regida em termos distintos pelo n.°4. 2—On24 € inovatério e contempla o caso, frequente ns reali- {dade mas até aqui ignorado pelo Codigo, em que seja de ts o nero de membros do Srgao colegial. A natureza colegial do Srgio impée «que, quando assim for, seja de dois o quérum para deliberar. O esta- belecimento desse quérum também para as reunides em primeira convocacao corresponde & regra do n.° 1, que é a da maioria do imero legal dos membros com direito a voto. sc n ‘Comentirios &revisio do Césdigo do Procedimento Administrative Arrigo 30° Proibigao da abstengaio No siléncio da lei, é proihida a abstengio aos membros dos cconstltivos e aos dos 6rgaos deliberativos, quando no exer- cicio de fungoes consultivas. ORIGEM DO TEXTO: Cortesponde ao anterior artigo 23.° Reproduz sem alteragdes o projeto final da comissio de reviséo. COMENTARIO: ‘Mantem-se a proibigio, que j4 constava do anterior artigo 23.°, de abstengo aos membros dos 6rgdos consultivos, a menos que regra especial disponha de outro modo. Mas estende-se expressamente tal proibigio aos membros dos 6rgios deliberativos quando no exercicio de fungdes consultivas. Aquilo que justifica a proibigo de abstengao é a natureza consul- tiva da fungio exercida através de certa votagao e nfo a circunstiincia de 0 drgio também possuir competéncias decisérias. Apesar da proximidade entre o parecer vinculativo e o ato deci- s6rio, o legislador considerou que deveria prevalecer também em selagdo Aquele o entendimento de que, ao participar no exercicio de uma Fungo consultiva, o titular do drgdio colegial é chamado & pres- tagio de um auxflio de ordem técnica (seja ela técnica juridica ou coutra) 3 formago de uma decisao de outro Grgdio, ao qual Se nfo pode furtar por forca do dever de colocar os seus conhecimentos e expe- riGncia ao servigo da qualidade da atividade administrativa. sc n Disposigbes preliminares ‘Amigo 31° Formas de votacio 1 ~As deliberagies so antecedidas de discussiiv das respe- tivas propostas sempre que qualquer membro do érgiio colegial nisso mostre interesse e, salvo disposi¢do legal em contrario, so tomadas por votacio nominal, devendo votar primeiramente os vogais e, por fim, 0 presidente. 2~ As deliberagdes que envolvam um juizo de valor sobre comportamentos ou qualidades de pessoas siio tomadas por escru- tinio secreto, devendo o presidente, em caso de diivida fundada, determinar que seja essa a forma para a votagio. 3 - Quando exigida, a fundamentagio das deliberagées tomadas por escrutinio secreto ¢ feita pelo presidente do érgio colegial apés a votagio, tendo presente a discuss que a tiver estar presentes no momento da discussie nem da votagiio os membros do érgio que se encontrem ou se consi- derem impedidos. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 24. Reproduz sem alteragdes o projeto final da comissio de revisto, COMENTARIO: 1-Non? 1, acrescenta-se ao teor do n.* | do anterior artigo 24.° a determinagio de que as deliberacdes sejam antecedidas da discussio das respetivas propostas sempre que qualquer membro do 6rgio cole- gial nisso mostre interesse. Esta salvaguarda da possibilidade de discussdo prévia corres- onde & razao de ser da colegialidade como método organizat6rio. O ‘Cédigo estabelece uma estrutura bésica de procedimento intra-admi- nistrativo de formagio, adogdo ¢ registo das deliberagdes dos érgios ccolegiais. Tal procedimento visa, em primeiro lugar, a igual faculdade B ‘Comentarios & revisio do Cdigo do Procedimento Administrative de patticipagdo plena dos membros do colégio. E, como nao poderia deixar de se, procura-se simultaneamente reunir, no que toca & for- ‘magio da deciso administrativa, as melhores condigdes para a sua qualidade. Tal procedimento tem como momentos basilares a convo- catéria da reunido, a respetiva abertura, a discussdo, a votacdo © a aprovacio da ata. No regime de cada um deles, refletem-se as mencio- nadas finalidades. (poder que assiste a cada um dos suportes do Grado de requerer que a deliberagéo seja antecedida de discuss constitu desde logo um requisito da plenitude da sua participacio na formagio do ato, visto que assim Ihe assistiré a possibilidade de influenciar a votagio dos restantes: membros através das razdes expostas. ‘Aantecedéncia de uma discussao assegurard também, em muitos casos, o melhor conhecimento, na altura da votagdo, dos pressupostos de facto € de direito © reduziré o risco de défice de ponderagao ou avaliagao quando a alguma destas haja lugar. Por fim, a discussio contribui para a transparéncia da conduta colegial da Administragdo pois que, como comprova a solugao perf Thada no n.°3, a fundamentago da deliberagdo nao poderd deixar de refletir em alguma medida a argumentagdo desenvolvida no debate que a antecedeu, 2—Uma primeira inovagdo trazida pelo n.°2 consiste em precisar melhor aquilo que, no n.°2 do anterior artigo 24. se referia como “a apreciagdo de comportamentos ou das qualidades de qualquer pessoa”, O novo n.° 2 especifica que 6 a formulactio de um juizo de valor sob comportamentos ou qualidades de pessoas que impoe a Adcliberagao por escrutinio secreto. A apreciagdo pode resumir-se em alguns casos ao tratamento de informagao respeitante a dados obje- tivos e, portanto, a um raciocinio puramente subsuntivo de corres- pondéncia com uma previsio normativa de textura fechada. Pelo contrério, 0 jufzo de valor envolve o exercicio de uma margem de livre avaliagao. 3~On.°2 introduz uma segunda inovagdo, ao estatuir que, em caso de difvida jundada (e nio, portanto, qualquer dvida suscitada no decurso dos trabalhos, mas ume diivida razoavelmente motivada ™ Disposigdespretiminares por circunstncias do case conereto), compete ao presidente deter- minar que a votagio se faa por escrutfnio secreto. A solugao do 1n.° 2 do anterior artigo 24.*, consistindo em deixar ao érgdo colegial 2 deliberagdo sobre a forma de votagao, tinha o inconveniente de permitir entrever, por parte daqueles que votassem pelo carter secreto da deliberacdo, uma pré-compreensio desconforme com uma avaliagio téo favordvel como aquela que 0 interessado poderia pretender ou esperar (cfr. Mario Esteves de Oliveira/Pedro Costa Gongalves/Joa0 Pacheco de Amorim, Cédigo do Procedimento Admi- nistrativo,cit., pég. 176). sc Arrigo 32° Maioria exigivel nas deliberagbes 1 ~ As deliberagées sio tomadas por maioria absoluta de yotos dos membros presentes & reuniio, salvo nos casos em que, or disposigio legal ou estatutéria, se exija maioria qualificada ‘ou seja suficiente maioria relativa. 2 — Quando seja exigivel maforia absoluta e esta niio se forme, nem se verifique empate, procede-se imediatamente a nova votagiio ¢, se aquela situago se mantiver, adia-se a deliberacao para a reunido seguinte,na qual a maioria relativa ¢ suficiente. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 25.°. Reproduz sem alteragies 0 projeto final da comissao de revisio, COMENTARIO: No n.° 1, passou a prever-se que as regras excecionais sobre ‘maioria qualificada ou maioria relativa possam constar no apenas de disposicio legal, mas também de disposigo estatutéria. sc ‘Comentiros a revisio do Cédigo do Procedimento Administrative Axmigo 33.° Empate na votagio 1 -Em caso de empate na votacao, o presidente tem voto de qualidade, ou, sendo caso disso, de desempate, salvo se a votacio se tiver efetuado por escrutinio secreto. 2 — Hayendo empate em votacie por escrutinio secreto, Procede-se imediatamente a nova votaco e, se o empate se mantiver, adia-se a deliberacdo para a reuntio seguinte. 3~Se, na primeira votacdo da reunido seguinte, se mantiver © empate, procede-se a votagao nominal, na qual a maioria rela- tiva é suficiente, ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 26.. Reprodiuz sem alteragdes o projeto final da comissio de reviséo. COMENTARIO: 1-Non- 1, distingue-se agora entre o voto de qualidade do presi- dente, que € a regra geral, e, “sendo caso disso”, o voto de desempate, Justifica-se que, em principio, © voro do presidente valha, em case de empate, como voto de qualidade porque a regra geral é, nos termos do artigo 31.°,n.” 1, ade que o presidente também toma parte nas votagées. O voto do presidente terd a fungio de voto de desempate quando, por forga de regra especial, o presidente aio vote em principio. Em tais situagdes, cumpre-Ihe ainda assim votar como modo de resolver 0s empates, 2-0 n.°3 inova ao acrescentar que ser suficiente a maioria relativa na votago nominal que se seguira novo empate na primeira votagiio efetuada na reunido seguinte Aquela em que tiver ocorrido cempate em duas votagdes sucessivas por escrutinio secreto. E uma solugio paralela & perfilhada na parte final do n.° 2 do artigo 32.°, sc 16 Disposigbes pretiminares Awrico 42 Ata da reunio 1 De cada reuniio € lavrada ata, que contém um resumo de tudo o que nela tenha ocorrido e seja relevante para o conhe- cimento e a apreciacio da legalidade das deliberagées tomadas, designadamente a data e 0 local da reunido, a ordem do dia, os ‘membros presentes, 0s assuntos apreciados, as deliberagdes toma- das, a forma ¢ 0 resultado das respetivas votagdes e as decisies do presidente. 2-As atas sio lavradas pelo secretério e submetidas & apro- vagio dos membros no final da respetiva reunidio ou no inicio da reuniio seguinte, sendo assinadas, apés « aprovacio, pelo presi- dente e pelo secretério. 3 - Nao participam na aprovagio da ata os membros que no tenham estado presentes na reunio a que ela respeita. 4—Nos casos em que 0 érgiio assim o delibere, a ata 6 apro- vada, logo na reunido a que diga respeito, em minuta sintética, devendo ser depois transcrita com mafor coneretizagio e nova- ‘mente submetida a aprovacao. = O conjunto das atas é autuado e paginado de modo a a sucessiva inelusiio das novas atas ¢ a impedir 0 seu facili extravio. 6—As deliberagées dos érgiios colegiais s6 se tornam eficazes depois de aprovadas as respetivas atas ou depois de assinadas as minutas ¢ a efiedcia das deliberagées constantes da minuta cessa se a ata da mesma reunio nao as reproduzir. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 27. Reproduz.sem alteragGes 0 projeto final da comissio de revisio, COMENTARIO: 1— No ne 1, amtes de se enlencarem a titulo exemplificativo Pontos que devem ser especificamente relatados na ata, estabelece-se n ‘Comentirios i revisdo do Céigo do Procedimento Administativo um critério geral da relevancia para tal efeito: é relevante tudo aquilo que permita 0 conhecimento e a apreciagio da legalidade das delibe- rages tomadas. 2—Appar dos t6picos de mencao obrigatéria na ata que jé cons- tavam don. I do anterior artigo 27.°,0 n.°1 do atual artigo 34° inclui mais dots: @ ordem do dia e as decisdes do presidente. Trata-se de momentos do procedimento intraorgnico em que a inobservancia das regras aplicdveis pode causar a ilegalidade da deliberacao. 3~ Ao preceituar que nao participam na aprovagdo da ata os ‘membros que no tenham estado presentes na reunifio a que ela respeita, 0 2.° 3 afasta quaisquer dlividas que pudessem resultar do anterior siléncio do Codigo. 4-0n.°4 precisa agora que a aprovagdo da ata em minuta, logo na reunio a que a mesma respeite, em virtude de 0 Srgio assim haver deliberado, se faz.em minuta sintética. Deixa-se assim claro 0 carter resumido de uma ata aprovada em tais condigées. E complementa-se, determinando que deva ela ser depois transcrita com maior concreti- zagio e novamente submetida a aprovagéo. 5-0 n°5 inova ao exigir que 0 conjunto das atas do érgio colegia! seja autuado e paginado, Com isto — como o preceito acres- centa para deixar claras as finalidades de tais operagées ~ pretende-se impedir o extravio de atas sem obviar & incluséo das novas atas, 6-On.°6 acrescenta ao correspondente n.°4 do anterior artigo 27. que a eficécia das deliberagdes constantes de uma minuta cessa ‘quando a ata novamente submetida a aprovagao as ndo reproduzir. Passa-se assim pata a letra da lei aquilo que jé constitufa o objeto de entendimento doutrinério (cfr. Mario Esteves de Oliveira/Pedro Costa Gongalves{Io%o Pacheco de Amorim, Cédigo do Procedimento Admi- nistrativo, Cit. pag. 188). sc 8 Disporigées preliminares ‘Arrigo 35.° Registo na ata do voto de vencido 1 = Os membros do érgio colegial podem fazer constar da ata o seu voto de veneido, enunciando as razdes que o justifi- quem. 2— Aqueles que ficarem vencidos na deliberacio tomada € fizerem registo da respetiva declaracao de voto na ata ficam isentos da responsabilidade que daquela eventualmente resulte. 3~—Quando se trate de pareceres a dar a outros érgios admi- nistrativos, as deliberagées sio sempre acompanhadas das decla- rages de voto apresentadas. ORIGEM DO TEXTO: Corresponde ao anterior artigo 28.°. Reproduz. sem alteragdes projeto final da comissio de revisio, COMENTARIO: Introduziu-se uma pequena alteragdo na redagao do n.° 1, passando a distinguir-se com maior clareza a faculdade de fazer constar da ata 0 voto de vencido a par do dever de enunciar, em tal caso, as razdes que o justifiquem, sc 0

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